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NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS Antonio Gilberto Bertechini UFLA - Universidade Federal de Lavras 2004 Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da Biblioteca Central da UFLA Bertechini, Antônio Gilberto Nutrição de Monogástricos / Antônio Gilberto Bertechini . – Lavras :Editora UFLA/FAEPE, 2004. 450p. : il. Bibliografia. 1. Animal doméstico. 2. Nutrição animal. 3. Suíno. 4. Ave. 5. Alimentação - Metabolismo. 6. Suplementação alimentar. I. Universidade Federal de Lavras. II. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. III. Título. CDD-636.085 -636.4085 -636.5085 TEXTO REVISADO PELO AUTOR II NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS Este livro não tem a finalidade de esgotar todo o assunto pertinente a nutrição de aves e suínos, no entanto, apresenta vários capítulos básicos de nutrição, elucidando os processos de metabolismo dos nutrientes de maneira simples, permitindo uma abordagem geral da nutrição dos animais não ruminantes. Após a apresentação deste segmento básico, os últimos capítulos tratam da aplicação prática da nutrição de aves e suínos, com indicações de recomendações médias de nutrientes para a elaboração de programas de alimentação mais adequados às poedeiras comerciais, frangos de corte e suínos modernos. Apesar deste conteúdo conter dados importantes para a nutrição de aves e suínos, ainda faltam informações sobre o interrelacionamento de nutrientes, bem como os valores de biodisponibilidade da maioria dos nutrientes dos alimentos, para alicerçar as formulações e fornecer maior segurança aos nutricionistas no momento de definir os valores nutricionais das dietas. Por outro lado, a nutrição é uma ciência dinâmica e, com a somatória dos esforços nesta área, como vem acontecendo, permitirá sem dúvida, suporte para confecção de dietas cada vez mais equilibradas, contribuindo para redução da contaminação ambiente e resultando sempre em melhoria da produtividade dos suínos e das aves . O Autor INDICE 1 1 EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO A ciência da nutrição integra conhecimentos bioquímicos e fisiológicos relacionando o organismo animal com o suprimento alimentar de suas células. O objetivo final da nutrição animal é de transformar recursos alimentares de menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano, de melhor valor biológico. Para alcançar este objetivo foi necessário o desenvolvimento dos conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo animal. Um dos primeiros estudos de nutrição datam de 1747, quando o físico Inglês Lind, descobriu a cura do escorbuto. No entanto, muitas observações de caráter nutricional já estavam sendo discutidas antes do século XVII, onde houve grandes descobertas, sendo chamada "a idade de ouro da ciência". Em 1760, Antoine Laurent Lavoisier introduziu o termômetro e a balança nos estudos de nutrição e através dos seus experimentos utilizando a calorimetria animal, verificou que parte do calor animal era originário da combustão de substâncias no organismo, concluindo em suas experiências que a respiração e a combustão eram processos semelhantes. Estes ensaios levaram Lavoisier a concluir que a “vida era uma função química”. René Reamur (1683-1757), naturalista Francês fez uma das primeiras observações referentes a digestão, fornecendo alimentos para aves e retirando-os do intestino após curtos períodos de tempo, verificando assim, as mudanças na composição do alimento durante esse processo. Outros experimentos interessantes foram desenvolvidos por Lázzaro Spallanzani (1729-1799) onde o mesmo engolia saquinhos feitos de pano contendo carne e pão e, após algum tempo, extraía-os através de cordões amarrados. Verificou com este estudo que haviam mudanças na composição do alimento. Ainda neste século vários aspectos de fisiologia e bioquímica do processo digestivo foram explicadas através de muitas investigações, principalmente com o uso de fístulas. Uma das primeiras publicações sobre digestão foi de William Beaumont (1785-1853) em 1833 onde este Francês, reportou observações em seu paciente Alexis St. Martin, que teve o seu estômago perfurado por uma bala, quando caçava e lhe era colocado uma fístula no seu estômago. Introduzia vários tipos de alimento no estômago, verificando as diferenças nas suas digestões. Beaumont descreveu também o suco gástrico e identificou o HCl, notou os movimentos do estômago e verificou o efeito da emoção sobre a secreção e motilidade gástrica. Estes trabalhos, sugeriram o uso de fístulas em animais para os estudos de digestão posteriormente realizados. A partir deste período, vários fisiologistas, principalmente, franceses desenvolveram grandes conhecimentos na área da nutrição. Ainda no século XVII já se concluía que o organismo animal necessitava de vários nutrientes e que o valor dos alimentos não estava num único componente químico e sim em três compostos: as proteínas, os lipídeos e os carboidratos. Em 1883, Johan Kjeldahl, químico Dinamarquês, descobriu um método rápido para se determinar o valor nitrogenado dos alimentos. A partir desta data houve grande evolução nos estudos de nutrição protéica. Ainda no princípio do século XX, houve grande atenção dos pesquisadores em estudar as proteínas. Os resultados experimentais eram muito variáveis e se descobriu em 1909 por Karl Thomas, Alemanha, que as proteínas tinham valores nutricionais diferentes. Verificou que a percentagem do nitrogênio absorvido, que ficava retido no 2 organismo era variável de uma fonte de proteína para outra. Já no final do século se conhecia 12 aminoácidos nas proteínas e com a descoberta de Thomas, concluia-se que havia variação na composição de aminoácidos das proteínas, e que isto, afetava o seu valor biológico. Em 1938, Willian C. Rose demonstrou que os ratos necessitavam de certos aminoácidos na dieta para máximo desempenho e a partir daí, dividiu-os em essenciais e não essenciais. Outros conhecimentos foram necessários para o desenvolvimento da nutrição como o caso das gorduras, vitaminas e minerais. Em 1814, Michel Eugene Chevreul, químico Francês, descobriu que as gorduras eram compostas de glicerol e ácidos graxos. Estudos posteriores mostraram a essencialidade dos ácidos graxos no organismo e na dieta animal. Em 1912, Casimir Funk verificou que uma substância contida no farelo de arroz curava a beriberi, usando o termo "vitamina" pela primeira vez. As primeiras observações com minerais iniciara-se por volta de 1600 onde Wilissi Aldrovandi, verificou que pintinhos alimentados com casca de ovos cresciam mais rápido e mais saudáveis em comparação aos que não recebiam este ingrediente. Em 1930 houve a descoberta de vários minerais como cálcio, fósforo, enxofre e ferro. A descoberta de novos elementos acompanhou a evolução dos equipamentos físicos e químicos a partir de 1935. No entanto, a importância dos minerais foi mais pronunciada nos anos recentes, a partir do século XIX onde o melhoramento genético acelerou a velocidade de crescimento e a produção dos animais confinados e com mudanças dos hábitos alimentares, aumentou assim as necessidades dietéticas dos minerais. Ainda merece citação a grande contribuição de várias ciências na evolução da nutrição. A física, através do raio X, espectrofotômetros, radioisótopos, cromatógrafos; a bioquímica nos estudos de enzimologia e metabolismo dos nutrientes; a fisiologia, através do estudo do funcionamento orgânico dos órgãos e suas secreções; a microbiologia, através dos estudos de exigências nutricionais e síntese de vitaminas; a genética atravésdo melhoramento dos animais para maior produção, entre outras. 1.1 EVOLUÇÃO DA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS NO BRASIL O primeiro trabalho registrado na literatura sobre nutrição animal no Brasil data de 1940, onde o eminente Professor José Fancisco Braga, da Universidade Federal de Viçosa (Revista Ceres, 3:222-230), registrou um estudo sobre o uso de soja e milho na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação, concluindo que a soja poderia substituir a tancage como fonte de proteínas e que o milho apresentava-se pobre neste nutriente. Iniciou-se então uma série de estudos para adequação das dietas de aves e suínos, com base nos poucos conhecimentos de nutrição no Brasil naquele período. A utilização de dietas balanceadas eficientes no Brasil iniciou-se a partir da entrada das grandes indústrias de rações nas décadas de 60 e 70. Até então, havia o predomínio do uso de rações com altos teores de farelo de trigo, produzidas pelos moinhos de trigo. As indústrias de rações balanceadas trouxeram novos conceitos de nutrição e tiveram papel importante na evolução da nutrição animal no Brasil. Várias fases mostram a evolução na qualidade das rações no Brasil. 3 A primeira fase correspondeu ao período de predomínio de moinhos de trigo (decada de 50), onde os subprodutos desta indústria, o farelo e o farelinho de trigo, participavam em mais de 50% das rações, influindo de forma negativa na eficiência alimentar e no desempenho dos animais, além dos problemas de excesso de fibra com este tipo de dieta. A segunda fase data entre as décadas de 60 e 70, onde houve a entrada das grandes indústrias de rações no Brasil, trazendo novos conceitos de nutrição e alimentação animal. A partir deste período, o termo ração balanceada se fixava e a idéia de equilíbrio de nutrientes também foi introduzida nesta época. Pode-se considerar que esta foi uma fase de grande evolução na produção de aves e suínos, no Brasil. A terceira fase desta evolução correspondeu a expansão da produção de milho e soja proporcionando maior estabilidade às rações balanceadas. A partir deste período as rações a base de milho e farelo de soja tornaram-se cada vez mais eficientes e uniformes. O valor nutricional destes dois alimentos ficou bem conhecido o que permitiu a suplementação de suas deficiências, para assim, conseguir o desempenho máximo desejável de aves e suínos nas condições tropicais . Uma outra fase poderia ser considerada ainda, que foi o uso da programação linear no cálculo das rações de mínimo custo. O uso do computador facilitou o cálculo de rações equilibradas com bastante eficiência e rapidez. Este fato permitiu que houvesse pequenas mudanças nas fórmulas das rações, em função da matéria disponível e os seus preços. Pode-se considerar que faltam muitas informações sobre a composição e biodisponibilidade dos nutrientes nos diversos alimentos. Atualmente, existe esta preocupação, além da determinação das novas exigências nutricionais dada a evolução genética que experimenta as aves e os suínos no Brasil e no mundo. Não poderia deixar de citar ainda, a grande evolução acadêmica experimentada nas décadas de 70 e 80 que contribuiu de forma primária para que se chegasse a resultados de desempenho de aves e suínos no Brasil comparáveis a países altamente desenvolvidos nestes setores. Atualmente existe também a preocupação em minimizar os custos de produção destes animais. O desempenho somente, não significa eficiência de produção. Assim, a associação da economia e da nutrição ganha espaço e prevalece nos sistemas de produção modernos de aves e suínos. 1.2 CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DOS ANIMAIS MONOGÁSTRICOS Os animais monogástricos, mais adequadamente chamados de não ruminantes são caracterizados por várias particularidades nutricionais, listadas a seguir : reduzida capacidade de armazenamento de alimentos, e, como consequência, devem ter acesso contínuo a alimentação; taxa de passagem dos alimentos no trato digestório é relativamente rápida, e, desta forma, os nutrientes devem estar prontamente disponíveis, para seu aproveitamento; baixa capacidade de digerir materiais fibrosos devido a reduzida microflora existente no trato digestório, sendo que as dietas devem ser concentradas; pequena capacidade de síntese gastrintestinal e, como consequência, todos os nutrientes exigidos para máximo desempenho devem estar presentes na 4 dieta; digestão básica dos alimentos faz-se por intermédio de enzimas digestivas produzidas pelo animal; aproveitam mais eficientemente os alimentos concentrados do que os animais ruminantes. As aves não mastigam o alimento na boca, como os suínos, no entanto, possuem um divertículo chamado de inglúvio ou papo que umidifica e amolece o alimento além de um estômago mecânico (moela) que tritura o alimento. A saliva dos suínos contém amílase salivar (ptialina) que inicia o desdobramento do amido dietético. O estômago de aves e suínos se assemelha na capacidade relativa de armazenamento de alimento e na digestão gástrica das proteínas. Neste compartimento a digestão de carboidratos é quase nula devido ao pH ácido. Alguma fermentação de carboidratos pode ocorrer pela atuação de Lactobacillus, mas representa muito pouco em termos da digestão deste nutriente. As aves diferem dos suínos após a digestão gástrica. O bolo alimentar nas aves passa por uma digestão mecânica, através do estômago muscular ou moela, antes de seguir a digestão intestinal. A moela é composta de potentes músculos que desintegram as partículas do alimento, preparando o bolo alimentar para a digestão intestinal. A digestão no intestino delgado de aves e suínos é semelhante. É, neste compartimento que ocorre a digestão final dos carboidratos, lipídeos e proteínas e também é a seção de maior absorção dos nutrientes. O intestino grosso, compreendido pelo, ceco, cólon e reto tem como função primária a excreção dos resíduos alimentares não aproveitados no intestino delgado. No entanto, é neste compartimento que ocorre uma grande absorção de água e eletrólitos e também a fermentação dos resíduos não aproveitados no intestino delgado. Esta fermentação é realizada por uma microflora complexa de microorganismos anaeróbicos que produzem vitaminas, ácidos graxos voláteis e aminoácidos. Suínos adultos têm capacidade de digerir até 30% da fibra da ração no ceco ou cólon. Já as aves adultas são capazes de digerir até 25 % da fibra da ração, principalmente no ceco. Os suínos aproveitam melhor os produtos da fermentação do ceco e cólon como os ácidos graxos voláteis, no entanto, faltam informações sobre a absorção de vitaminas, por esses animais e pelas aves, nestes compartimentos. De qualquer forma, o intestino grosso tem função básica de recuperação de água e eletrólitos em ambas espécies. 5 2 CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES São chamados de nutrientes ou metabólitos primários, todos os compostos presentes nos alimentos ou de forma livre que são utilizados para nutrição das células do organismo animal e podem ser classificados de acordo com o esquema a seguir: A) COMPOSTOS ORGÂNICOS - aqueles que contém necessariamente carbonos e hidrogênio e as vezes oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo ou outros elementos. 1. Carboidratos 1.1 Solúveis (Extrativo Não Nitrogenado) 1.1.1 Monossacarídeos Aldoses Cetoses Trioses (C3H6O3) Gliceraldeído Dihidroxiacetona Tetroses (C4H8O4) Eritrose Eritrulose Pentoses (C5H10O5) Xilose Xilulose Ribose Ribulose Arabinose - Hexoses (C6H12O6) Glicose Frutose Galactose Sorbose Manose - Heptoses (C7H14O7) - Sedoheptulose 1.1.2 Dissacarídeos Sacarose (-d-glicose 1-5 -d-frutose)Lactose (-d-galactose 1-4 -d-glicose) Maltose (-d-glicose 1-4 -d-glicose) Celobiose (-d-glicose 1-4 -d-glicose) 1.1.3 Trissacarídeos Rafinose (frutose-glicose-galactose) 1.1.4 Polissacarídeos Amido Glicogênio 6 PNAs (arabinoxilanos, galactomananos, galactoglucomananos e galactoglucanos) 1.2 Insolúveis FDN - Fibra detergente neutro (celulose + hemi-celulose + lignina) FDA - Fibra detergente ácido (celulose + lignina) 2 Lipídeos (Extrato Etéreo) 2.1 Simples a) Ácidos graxos b) Gorduras neutras (mono, di e triacilglicerol) c) Ceras (ésteres de ácidos graxos com alcoóis de cadeia longa) 2.2 Compostos a) Fosfolipídeos Ácidos fosfatídicos, lecitina e cefalinas. Plasmalogens Esfingomielinas b) Glicolipídeos Mucina c) Lipoproteínas Lipoproteínas transportadoras 3 Nitrogenados 3.1 Proteínas (Aminoácidos) 3.1.1 Aminoácidos monoamino e monocarboxílicos alifáticos 3.1.2 Aminoácidos ácidos 3.1.3 Aminoácidos básicos 3.1.4 Aminoácidos aromáticos 3.1.5 Iminoácidos 3.1.6 Aminoácidos formados por translação 3.2 Aminas, amidas, uréia, ácido úrico, etc. 4. Vitaminas 4.1 Lipossolúveis: vitaminas A, D, E e K 4.2 Hidrossolúveis 4.2.1 Complexo B: B1, B2, B6, B12, Biotina, colina, inositol, niacina, ácido pantotênico e ácido paramino-benzóico 4.2.2 Vitamina C: ácido ascórbico 7 B) COMPOSTOS INORGÂNICOS 1 Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e enxofre. 2 Microminerais: cobre, cobalto, iodo, ferro, zinco, manganês, selênio, cromo, molibdênio, boro e flúor. 3 Água (HOH). 2.1 CARBOIDRATOS Os carboidratos são os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a fonte primária de energia para os organismos vivos. Considerando o aspecto nutricional, o principal carboidrato é a glicose. Por outro lado, na natureza, esta molécula se encontra polimerizada (Figura 2.1) e, dependendo do tipo de ligação entre as moléculas de glicose, vai caracterizar a solubilidade do polissacarídeo. Enquanto o amido e o glicogênio apresentam ligações -1,4 e -1,6, a celulose, principal carboidrato estrutural das plantas possue ligação glicosídica 1,4 (Figura 2.1). Aves e Suínos não produzem -glicosidases em seus tratros digestórios, e, portanto, não aproveitam a celulose. No entanto, as bactérias que habitam o intestino grosso desses animais, podem aproveitar a celulose através da celulase microbiana e, o produto desta fermentação, poderá ser aproveitado pelo hospedeiro, no caso de ácidos graxos voláteis e algumas vitaminas hidrossolúveis. O amido é armazenado nos grãos cereais na forma hidratada (C6H10 O5 xH2O)n e, quando ocorre o tratamento térmico, se transforma em forma amorfa, sendo que a fração mais solúvel (amilose) é dissolvida e a amilopectina continua com a sua estrutura. Durante a secagem do milho em secadores, se o processo acontecer de forma rápida com temperaturas altas, poderá resultar uma forma de amido resistente, com menor digestibilidade, devido a modificação da estrutura química, dificultando a ação da amilase. FIGURA 2.1: Estrutura dos polissacarídeos, amido, glicogênio celulose7 8 2.1.1 CLASSIFICAÇÃO Os carboidratos presentes nos alimentos são muitos, no entanto, os polímeros de glicose são de maior importância nutricional (Tabela 2.1). TABELA 2.1: Carboidratos presentes nos alimentos Tipo Nome Fonte MONOSSACARÍDEOS Trioses (C3H6O3) Dihidroxiacetona Gliceraldeído Produtos de fermentação e da glicólise. Pentoses (C5H10O6) Arabinose Xilose Ribose Hidrólises e arabanos Hidrólises de xilanos Ácidos nucléicos Hexoses (C6H12O6) Glicose Manose Galactose Frutose Hidrólise de amino, glicogênio, e maltose. Suco de frutas Leite (hidrólise de lactose) e galactosídeos. Hidrólise de sacarose DISSACARÍDEOS (C12H22012) Sacarose Maltose Trealose Lactose Acúcares Açucar de cana, beterraba, etc Amido Cogumelo Leite TRISSACARÍDEOS (C18H32O18) Rafinose Gossipose Suco de beterraba Semente de algodão POLISSACARÍDEOS – grupos compostos de cadeias longas de sacarídeos. Nesta classificação encontram-se o amido, glicogênio, celulose, dextrose, pectinas, galactosídeos, entre outras. Patrick e Schaible (1980), Harper et al (1982). A celulose é o polímero de glicose mais abundante na natureza, porém, os carboidratos solúveis são mais digestíveis por suínos e aves e representam a principal fonte de energia das rações desses animais. Já a hemi-celulose é um carboidrato estrutural que possui boa solubilidade, porém, não existe enzimas endógenos para o seu aproveitamento, podendo assim, alterar a viscosidade intestinal. A viscosidade intestinal é um fator que influencia tanto na digestão como absorção de nutrientes, de maneira geral. Além da hemi-celulose, outros carboidratos solúveis também são encontrados nos grãos cereais e são chamados de PNAs (polissacarídeos não amiláceos solúveis). São formados basicamente de arabinoxilanos e galactosídeos e estão contidos nos grãos em concentrações diversas. Na Tabela 4.3 , está apresentada a composição de alguns ingredientes de rações em PNAs. 9 TABELA 4.3 Conteúdo de PNAs em alguns ingredientes de rações. Ingredientes Tipo de PNA % Milho PNAs totais 8,0 Arabinoxilanos 4,2 β- glucanos 0,1 Milho, glúten PNAs totais 42,0 Sorgo PNAs totais 5,6 Arabinoxilanos 2,8 β – glucanos 1,0 Trigo PNA totais 11,0 Arabinoxilanos 6,0 β - glucanos 0,5 Cevada PNA totais 16,5 β – glucanos 7,6 Arabinoxilanos 3,3 Arroz Arabinoxilanos 8,9 β – glucanos 1,2 Farelo de soja PNA totais 27,0 Galactosídeos 20,0 Polímeros complexos 7,0 Trigo, farelo PNA totais 44,0 Farelo de girassol PNA totais 35,0 Annison (1993); Shutte (1991); Carré (1992); Huisman et al. (1998) e Acamovic (2001). Monossacarídeos Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem importância nutricional para as células, porém, sem importância diética, pois, de maneira geral, não aparecem desta forma na natureza. Os monossacarídeos são importantes intermediários no metabolismo de carboidratos para as células do animal e geradores de energia para a manutenção da homeostase energética orgânica. Como principais monossacarídeos cita-se as trioses, pentoses e hexoses. Apresentam normalmente fórmulas comuns (CnH2nOn), porém, com arranjo estrutural da molécula que dão particularidades nas suas ligações (Figura 2.2 ) 10 Figura 2.2 Estrutura química dos monossacarídeos nutricionalmente importantes. Dissacarídeos Os dissacarídeos possuem importância dietética, pois, são encontrados na natureza e concorrem como fonte de energia para os animais. São comumente chamados de açúcares e também classificados como oligossacarídeos sendo os mais comuns: sacarose, lactose, maltose e celobiose (Figura 2.3). A sacarose é o mais abundante e formado por glicose e frutose. Já a lactose, é encontrada somente no leite, sendo composta de glicose e galactose. Estes dissacarídeos são importantes para o metabolismo da célula animal somente após a sua digestão (hidrólise). A presença de sacarose na corrente sanguínea, por exemplo, não será metabolizada, ocorrendo rápida excreção da molécula intacta, como se fosse uma substância estranhaao organismo. Figura 2.3 Estutura química dos dissacarídeos. 11 Polissacarídeos Os polissacarídeos são polímeros complexos de monossacarídeos e representam a principal fonte de energia para os animais monogástricos. O principal polissacarídeo dietético é o amido presente em grandes quantidades nos grãos cereais, formado por um polímero de glicose em ligações -glicosídicas, possuindo dois constituintes principais, que são a amilose (15-30%) e a amilopectina (70-85%). O amido de milho comum por exemplo, apresenta 28% em amilose e 72 % de aminopectina . Estas duas cadeias são compostas por 24 a 30 moléculas de glicose, sendo a primeira, composta por uma cadeia glicosídica reta e a segunda, ramificada (Figura 2.1). O glicogênio, carboidrato de reserva no animal está distribuído principalmente nos músculos e fígado e este é responsável pela manutenção da glicemia, especialmente no metabolismo do jejum. O seu nível orgânico é próximo de 1%. A estrutura do glicogênio é semelhante à da amilopectina, com maior número de cadeias ramificadas sendo que o polímero apresenta de 6.000 a 30.000 unidades de glicose, dependendo do estado metabólico do animal. O peso molecular do glicogênio do músculo é estimado em 106 enquanto no fígado este valor é de 5 x 106. Este tamanho é variável, todavia, pela adição ou remoção de unidades de glicose. Um outro polímero de glicose importante é a celulose. Constitui a base da estrutura da parede celular das plantas. O seu aproveitamento em aves e suínos é limitado à fermentação microbiana do intestino grosso destas espécies, já que, não produzem celulases nos seus tratos digestórios. Tem importância no processo físico da digestão, influenciando na formação e condução do bôlo alimentar. A hemi-celulose está presente também junto com a celulose, formando a estrutura da parede celular. Difere da celulose, devido a sua boa solubilidade tanto em pH alcalino como ácido. No processo de determinação da Fibra Bruta (FB) da análise proximal, ocorre sua solubilização durante as digestões ácida e alcalina realizadas. Uma boa fração de hemi-celulose das plantas pode ser solubilizada durante a digestão, por outro lado, não se sabe se ocorre hidrólise de suas cadeias polissacarídicas e o seu aproveitamento por aves e suínos se uso de enzimas exógenas. Devido essa característica de solubilização da hemi-celulose, é que Van Soest (1967), pesquisador Francês, desenvolveu um método de fracionamento dos constituintes da parede celular de acordo com a solubilidade dos compostos em meios com pH variável (Figura 2.4), que chamou FDN (Fibra em Detergente Neutro) e FDA (Fibra em Detergente Ácido). A hemi-celulose é insolúvel em pH neutro, sendo que a celulose, é solúvel apenas em pH muito baixo (ácido) e a lignina em pH alcalino. Assim, a FDA contém celulose e lignina, sendo extraída a hemi-celulose. Para as aves e os suínos, estas frações não possuem importância dietética, já que, as rações destes animais não apresentam mais do que 4% de fibra total. Por outro lado a FDA dos alimentos concentrados parece exercer influência na estrutura da proteína, influenciando na digestão dos aminoácidos. Exemplo desse fato é a maior digestibilidade de aminoácidos do milho de alta qualidade proteica, quando comparado ao milho comum, devido principalmente ao menor teor de FDA. A lignina não pode ser considerada um polissacarídeo sendo as 12 Figura 2.4 – Solubilidade dos componentes da parede celular de acordo com o pH da solução (Van Soest, 1967) . vezes classificada juntamente com a fração dos carboidratos estruturais . Na verdade a lignina é formada por um polímero de unidades de fenilpropano oxigenado. Esta fração tem maior solubilidade em pH alcalino, sendo oxidada totalmente em solução de permanganato de potássio . Utilizando desta característica, Van Soest (1967) pode fazer o fracionamento final dos constituintes da parede celular vegetal. 2.2 LIPÍDEOS Os lipídeos pertencem a um grupo de substâncias que são extraídas por solventes orgânicos (éter, clorofórmio, hexana e benzeno) e comumente chamados de extrato etéreo. Esta fração engloba várias substâncias apolares como pigmentos vegetais, tocoferóis, alguns compostos flavonóides, entre outros. A maioria das plantas possuem a reserva energética formada de carboidratos, com exceção das oleaginosas. Por outro lado, a reserva energética básica dos animais é formada de gorduras. Além de reserva energética orgânica, os lipídeos desempenham outras funções como por exemplo estrutural (membrana das células) e hormônios. Os lipídeos são divididos basicamente em três grupos: a) Lipídeos simples São formados por ésteres de ácidos graxos com álcool. Neste grupo estão as gorduras e óleos (ácidos graxos + glicerol) e ceras (ácidos graxos + álcoois de cadeia longa). b) Lipídeos compostos São formados por ésteres de ácidos graxos contendo outros grupos de substâncias além do álcool e o ácido graxo. Entre os lipídeos compostos mais importantes estão os fosfolipídeos lecitina , cefalina e esfingomielina, cerebrosídeos (glicolipídeos) e lipoproteínas (lipoproteínas transportadoras). c) Lipídeos derivados São substâncias que por hidrólise, derivam dos citados e compreendem os ácidos graxos livres e condensados. 2.2.1 Triglicerídeos Do ponto de vista nutricional, os triglicerídeos (Figura 2.5) são os lipídeos mais importantes, pois, representam a maneira mais fácil de elevar o conteúdo de energia das rações. As gorduras ou óleos são compostos basicamente de triglicerídeos sendo que suas características físicas dependem das insaturações dos ácidos graxos 13 esterificados. As gorduras animais normalmente possuem altas quantidades de ácidos graxos saturados, sendo sólidos à temperatura ambiente. Por outro lado, a alta concentração de ácidos graxos insaturados nos triglicerídeos dos óleos vegetais, caracteriza a sua forma líquida à temperatura ambiente. Os ácidos graxos podem apresentar uma ou mais insaturações. Como ácidos, monoenóicos tem-se os ácidos oleico (série 9) e palmitoleico, encontrados nas gorduras. Os principais ácidos polienóicos são linoleico (série 6) e linolênico (série 3), encontrados nos óleos vegetais, e aracdônico, presente em pequenas quantidades no óleo de amendoim e gordura animal. Outros ácidos graxos polinsaturados são encontrados na gema do ovo, gordura de peixes de regiões frias e algas também dessas regiões. Estes ácidos são da série 3 (eicosapentaenóico-EPA e docosahexaenóico-DHA). FIGURA 2.5 Estrutura dos triglicerídeos 2.2.2 Fosfolipídeos Os fosfolipídeos são lipídeos compostos que incluem ácido fosfatídico, fosfatidilglicerol, fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidile-tanolaminas, fosfatidilinositol, fosfatidilserina, lisofosfolipídeos, esfin-gomielina. Apesar do grande número de fosfolipídeos, eles aparecem em pequenas concentrações nos tecidos desempenhando funções metabólicas importantes no organismo. A lecitina por exemplo, desempenha papel fundamental na membrana das células, controlando a sua permeabilidade, graças a sua dupla solubilidade sendo parte da molécula lipossolúvel e parte hidrossolúvel. Além desta função, integra a maior fração lipídica das principais lipoproteínas transportadoras (Lipoproteínas de densidade muito baixa - VLDL, de baixa densidade - LDL e de alta densidade - HDL ). As lipoproteínas desempenham papel importante no metabolismo dos lipídeos. Têm função básica de transportar energia (triglicerídeos) e matéria-prima para as células. O colesterol presente nas lipoproteínas, fornece a forma estrutural imprescindível para formar as paredes dascélulas (membranas) além de ser precursor de vários hormônios sexuais, da vitamina D entre outros compostos importantes. Os triglicerídeos são substâncias insolúveis em água, portanto também no sangue. Por outro lado, as lipoproteínas por serem ao mesmo tempo hidrossolúvel (estrutura externa) e lipossolúvel (estrutura interna), conseguem tranportar os lipídeos em sua fase interna, sem haver segregação no meio hidrossolúvel que é o sangue. 2.2.3 Esteróis Os compostos esteroidais possuem um núcleo comum chamado ciclopentano- peridro-fenantreno (Figura 2.3). O mais comum esterol encontrado no animal é o 14 colesterol, que pode estar na forma livre ou esterificado com ácidos graxos. Apesar de apresentar algumas características físicas dos lipídeos, o colesterol na verdade e‟ um álcool. Tem origem endógena, sintetizado a partir do acetato no fígado ou exógena, dos alimentos de origem animal. Alimentos como gema de ovos, gordura láctea e carnes possuem teores de colesterol variado. Um ovo de 59g por exemplo, possue somente 213 mg de colesterol. Nas plantas é encontrado o ergosterol, que é precursor da vitamina D2. O colesterol orgânico, ao nível de pele no animal, pode ser transformado em vitamina D3 pela ação dos raios UV. FIGURA 2.6 Estrutura do colesterol Do ponto de vista dietético para aves e suinos, este composto não têm importância, pois é biossintetisado no fígado, por outro lado, a nível orgânico exerce papel fundamental no metabolismo de diversos compostos e hormônios. 2.3 NITROGENADOS 2.3.1 Proteínas As proteínas representam a maior fração dos compostos nitrogenados no organismo animal, chegando a 20% do peso dos tecidos. São compostos de alto peso molecular formados por unidades básicas (aminoácidos) ligadas por ligação peptídica. Normalmente as proteínas dos alimentos vegetais possuem em torno de 16% de nitrogênio. Baseado nesta concentração, foi desenvolvido o método de determinação da proteína nos alimentos, através da avaliação do conteúdo de N total da amostra, sendo multiplicado por 6,25 (100/16) segundo o Método de Kjeldahl. Apesar de existir várias classificações para as proteínas, nutricionalmente podem ser classificadas de acordo com sua composição. As proteínas simples, são solúveis em água e álcool e fornecem por hidrólise somente aminoácidos. As conjugadas, fornecem por hidrólises, aminoácidos e outras substâncias, chamadas de grupo prostético. Estes compostos podem ser minerais como ferro, fósforo, lipídeos ou glicose. Proteínas desnaturadas, são classificadas como derivadas. 2.3.2 Aminoácidos Os aminoácidos ocorrem nas proteínas orgânicas na forma L--aminoácido. Todos eles apresentam pelo menos um grupo amino na posição e um grupo carboxíla e podem ser classificados como aminoácidos, monoamino e monocarboxílicos alifáticos, ácidos e suas amidas, básicos, aromáticos, iminoácidos e 15 aminoácidos formados por translação (Tabela 2.1). TABELA 2.1: Classificação do -aminoácidos Nome Abrevi ação Fórmula Estrutural Peso Molecular Monocarboxílico e Monoamino alifáticos Glicina Alamina GLI ALA 75 89 Valina VAL 117 Leucina LEU 131 Isoleucina ILE 131 Serina SER 105 Treonina TRE 119 Ácido Aspático ASP 133 ÁCIDOS E SUAS AMIDAS Ácido Glutâmico GLU 147 Asparagina ASN 132 Glutamina GLN 146 BÁSICOS Lisina LIS 146 Arginina ARG 174 16 Histidina HIS 155 Cisteína CIS 121 Metionina MET 149 Fenilalanina FEN 165 Tirosina TIR 181 Triptofano TRI 204 IMINOÁCIDOS Prolina PRO 115 AMINOÁCIDOS FORMADOS POR TRANSLAÇÃO Cisteina CIS-S-S-CIS 240 OH-Lisina OH-LIS 162 OH-Prolina OH-PRO 131 2.4 VITAMINAS O termo vitamina significa aminas vitais geralmente descritas como compostos orgânicos presentes em pequenas concentrações nos alimentos, distintos dos carboidratos, proteínas, lipídeos e água, essenciais para o metabolismo normal dos animais e, consequentemente, necessários para a saúde normal e funções fisiológicas tais como , mantença, crescimento e reprodução. Causam sintomas de deficiência específicos caso encontram-se ausentes ou em quantidades insuficientes para o metabolismo orgânico normal. Tradicionalmente as vitaminas estão divididas de acordo com a sua solubilidade em lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são armazenadas no 17 organismo e são descritas como vitaminas do crescimento. Já as hidrossolúveis, exceto colina, participam de coenzimas e são eliminadas após as reações metabólicas e, por isso, são chamadas de vitaminas de mantença (Figura 8.1). GLOSSÁRIO DAS VITAMINAS Vitaminas Designação Alternativa Lipossolúveis Vitamina A Retinol/al Ácido retinóico Vitamina D Ergocalciferol (D2) Colecalciferol (D3) Vitamina E Alfa-tocoferol Vitamina K Menadiona (K3) Hidrossolúveis Vitamina B1 Tiamina Aneurina Polineuramina Vitamina F Vitamina B2 Riboflavina Vitamina B6 Piridoxina Piridoxal Piridoxamina Adernina Vitamina B12 Cianocobalamina Fator extrinsico Niacina Ácido nicotínico Nicotinamida Ácido Pantotênico Vitamina B3 Biotina Vitamina H Bios 2 Folacina Coenzima R Ácido fólico Tetrahidrofolato (THF) “Colina” Gossipina Bilineurina Vidina Vitamina C Ácido ascórbico Ácido Hexurônico 2.5 MINERAIS Os minerais são considerados elementos essenciais para uma boa nutrição animal. São classificados academicamente em macrominerais e microminerais ou elementos traços. Esta classificação está relacionada com as concentrações dos elementos nos tecidos (Tabela 2.2), que de certa forma, indicam as suas necessidades orgânicas. 18 TABELA 2.2: Concentração dos minerais essenciais no organismo animal. Classificação Elemento Concentração 1: Macrominerais Cálcio (Ca) 75 Fósforo (P) 135 Potássio (K) 526 Sódio (Na) 625 Enxofre (S) 627 Cloro (Cl) 909 Magnésio (Mg) 2.409 Microminerais Ferro(Fe) 25.000 Zinco (Zn) 33.000 Cobre (Cu) 527.000 Iodo (I) 2.500.000 Manganês (Mn) 4.400.000 Cobalto (Co) 46.500.000 Selênio (se) 100.000.000 Fonte: Georgievski (1982). De maneira geral, os minerais participam de funções variadas no organismo. Os macroelementos Ca e P constituem a base da formação esquelética, enquanto que Na, Cl e K, estão distribuídos em maiores concentrações nos tecidos moles, controlando o equilíbrio ácido-básico orgânico. Os microelementos participam principalmente como agentes catalíticos em todas as reações do metabolismo. 2.6 ÁGUA A água pode ser considerado um dos mais críticos entre os nutrientes. A privação da água para o animal é mais grave do que a falta de carboidratos, proteínas, ou outros nutrientes. Representa um constituinte essencial para a estrutura das células, além de ser meio para as reações químicas do metabolismo. O mais numeroso átomo do organismo é o H enquanto que a água representa o maior número de moléculas orgânicas. A água não é simplesmenteum meio na qual as reações podem ocorrer, pois, participa da maioria das reações. sendo incorporada em outra molécula(a) ou formada após reações (b). 20 3 METABOLISMO DA ÁGUA A água constitui um nutriente indispensável à vida animal. Todas as células orgânicas necessitam de um aporte de água para exercer as suas funções. O animal pode perder praticamente toda gordura corporal, metade das suas proteínas orgânicas e aproximadamente 40% do seu peso e manter-se vivo, no entanto, se perder apenas 10% de água ocorrerá transtornos que levam a sua morte. Do ponto de vista econômico, a água representa o nutriente de mais baixo custo, no entanto, fisiologicamente é essencial no metabolismo orgânico. A bioquímica nutricional da água é complexa e de difícil entendimento. Não é uma simples molécula HOH. Uma grande parte das moléculas de água estão interligadas por pontes de hidrogênio formando complexas macromoléculas. A facilidade e rapidez com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH H+ + OH-) é que caracteriza a sua participação nas reações do metabolismo. 3.1 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPÓREA A água está distribuída no corpo animal de forma heterogênea, de maneira a manter o equilíbrio dinâmico entre os compartimentos do organismo (Figura 3.1). A água intracelular representa mais de 45 % do peso vivo enquanto que o conteúdo extra-celular aproximadamente 20%. O funcionamento normal do organismo se faz às custas de perdas ininterruptas de água que devem ser repostas constantemente através da água de bebida, principalmente. O conteúdo aquoso corpóreo é relativamente constante, portanto, a entrada de água (ingestão) somada a água metabólica devem se equilibrar a saída de água. Na Tabela 3.1 estão apresentados os dados de balanço de água de frangos de corte, de acordo com Leeson et al (1976). Verifica-se que as aves mantêm praticamente constante a entrada e a saída de água no corpo. Na fase de crescimento, ocorre balanço positivo devido à deposição nos tecidos. Nota-se também que as aves jovens têm maior proporção de água corporal do que as adultas. A utilização da água metabólica é aumentada com a idade das aves. As excretas de frangos de corte contém de 60 a 70% umidade, enquanto as das poedeiras apresentam ao redor de 80% de água. Este maior valor para as poedeiras pode estar relacionado com a maior necessidade de perda de calor orgânico. As aves não possuem glândulas sudoríparas e gastam em torno de 575 calorias de energia na forma de calor para vaporizar 1 grama de água via respiração, já que, a perda de água pela pele é restrita. Em frangos de corte, esta perda de calor pode chegar a mais de 50% do total em temperaturas ambiente variando de a 26 a 35ºC. 21 FIGURA 3.1: Distribuição dos líquidos do corpo em % do peso corporal Howard (1975) estudando o balanço de água de poedeiras comerciais durante a formação do ovo, verificou que estas aves consomem o dobro de água do que as que não estão em postura. O aumento da ingestão de água ocorreu 12 horas antes da oviposição, sendo que este alto consumo está associado ao ovo e também ao estresse metabólico durante sua formação. Verificou também que nas horas que antecedem a postura, as aves reduzem a ingestão de água, cessando o consumo duas horas antes e, logo após a oviposição, a ave atinge o pico de ingestão de água. TABELA 3.1: Metabolismo diário de água de frangos de corte Idade (sem) Temp. (ºC) Umidade relativa % Entrada (g) Saída (g) Bebida Ração Metabo- lica Cresci mento Excre- tas respi- ração 1 31 70 11,4 1,5 3,1 4,6 4,1 7,3 2 25 70 11,8 2,4 5,0 6,7 6,3 6,2 3 25 70 21,4 3,6 7,4 10,2 9,6 12,6 4 23 70 48,8 4,8 9,3 15,0 12,8 35,1 5 22 70 72,3 6,1 12,7 17,1 16,1 58,0 6 20 75 90,2 7,4 17,7 15,9 19,4 80,0 7 20 79 109,3 8,3 22,4 12,8 21,8 105,3 8 20 67 114,7 9,0 21,3 20,4 23,9 100,8 Adaptado de Leeson et al (1976). O conteúdo da água do corpo dos animais decresce com o avançar da idade e aumento do teor de gordura orgânica. Poedeiras leves, apresentam uma redução do teor de água orgânica da 2ª para a 32ª semana de vida de 13,7%, porém, sem 22 alteração na percentagem de água no plasma sanguíneo (Tabela 3.2). TABELA 3.2: Conteúdo de água corporal no plasma de aves Leghorn branca de acordo com a idade. Idade (semanas) % Plasma % Água Corporal 1 95,5 85,2 2 96,3 68,7 3 96,1 67,1 4 95,8 68,9 6 95,8 59,2 8 95,5 65,9 16 95,1 48,7 32 94,6 55,0 Patrick e Schaible (1980). Interação negativa também é observada entre os conteúdos de água e gordura corporal reflexo da variação do nível de energia metabolizável (EM) da ração em frangos de corte (Figura .2). Nos suínos, o aumento de peso vivo leva também a uma redução do teor de água corporal, e, concomitantemente, aumento do conteúdo lipídico da carcaça (Tabela 3.3). Normalmente as aves consomem água além de suas necessidades. Poedeiras da raça Legohrn brancas, por exemplo, podem ser restringidas 10 a 20% do consumo de água sem afetar o desempenho. No entanto, se a restrição exceder 20%, ocorrerá prejuízos no desempenho destas (Patrick e Schaible, 1980). FIGURA 3.2: Interação Gordura x Água Corpórea em função da variação do nível energético de frangos de corte (Bertechini et al., 1991). 23 TABELA 3.3: Variação nos conteúdos de água e gordura corporal de acordo com o peso vivo de suínos tipo carne. Peso Vivo Percentagem da Carcaça Kg Água Gordura 15 70,4 9,5 20 69,9 10,1 40 65,7 14,1 60 61,8 18,5 80 58,0 23,2 100 54,2 27,9 120 50,4 32,7 A.R.C. (1982) 3.2 PRINCIPAIS FUNÇÕES DA AGUA Digestão: processo hidrolítico; Absorção dos nutrientes do trato digestivo; Translocação de todos compostos químicos no organismo; Excreção de todos os resíduos do metabolismo orgânico; Secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas; Termorregulação corporal: a água possui alto calor específico (=1) e com isto facilita o armazenamento de grandes quantidades de calor com um aumento limitado da sua temperatura, o que mantém constante a temperatura do corpo; Manutenção da pressão osmótica intra-intercelular. A pressão osmótica dos líquidos orgânicos é mantida de forma mais menos constante através da ingestão ou eliminação de água ou eletrólitos; Equilíbrio ácido-básico: a homeostasis orgânica (manutenção do equilíbrio ácido-básico) está sujeita constantemente a estados de acidoses ou alcaloses. O processo oxidativo que ocorre no metabolismo orgânico resulta na produção de resíduos como CO2, ácido láctico, SO2 entre outros, que acidifica os líquidos extracelulares, e, através de mecanismos especiais (reações aquosas), ocorre a eliminação resíduos de forma a manter a homeostase orgânica; Facilita as reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo intermediário, onde a maioria delas são simples subtração e adição de água; A água também desempenha uma série de funções especiais no organismo, quais sejam: a) Fluído cebroespinhal: protege o sistema nervoso, amortecendo choques. b) Fluído sinovial: lubrificando as juntas. c) Fluído auricular: transportando os sons. d) Fluído intraocular: importante no processo da visão. e) Fluído amniótico: protegendo o feto. 24 3.3 FONTES DE ÁGUA Basicamente existem três fontes de água para os animais. 3.3.1 Água de Bebida É a principal fonte de água para os animais, devendo ser limpa e livre de contaminações. Na Tabela 3.4 estão os níveis máximos de partículas e pH da água para consumo de aves e suínos. Existem certas características que afetam a qualidade da água, tornando-a imprópria ao consumo deaves e suínos, quais sejam: Minerais traços: a presença de elementos tóxicos como flúor, selênio, ferro e molibdênio em excesso são extremamente tóxicos. Nitrogênio: a presença de N na água indica decomposição matéria orgânica, contaminação fecal ou nitratos. Os animais tem pequena tolerância a presença de nitratos solúveis na água. Coloração: uma boa água de bebida deve ser incolor e ao mesmo tempo, inodora e sem gosto. pH: o pH da água pode ser medido em sua alcalinidade ou acidez. Valores ideais de pH da água variam de 7 a 7,6. No entanto, níveis de pH acima de 7,6 indica alcalinidade e deverá neste caso ser pesquisado níveis de cálcio e magnésio. Dureza: a presença de excessos de sais de cálcio e magnésio tornam a água imprópria para o consumo. Bactérias: a presença de bactérias na água indica matéria orgânica e/ou contaminação fecal, havendo a necessidade de tratamento (cloretação). TABELA 3.4: Níveis máximos de sólidos e pH da água para consumo. Itens Níveis Máximos Sólidos Totais 1000 ppm Ferro solúvel ou coloidal 50 ppm pH 7,6 Nitratos 50 ppm Sulfatos 250 ppm Cloreto Sódio 500 ppm Bactérias E.coli Ausência Arsênico 0,2 Cromo 1,0 Cobalto 1,0 Cobre 0,5 Flúor 2,0 Mercúrio 0,01 Vanádio 0,1 Zinco 25,0 Boletim FAO 25 3.3.2 Água Metabólica Refere-se a água formada durante o processo de oxidação dos H2 contidos nas proteínas, carboidratos e gorduras a nível de metabolismo orgânico. As gorduras produzem maior quantidade de água metabólica que os carboidratos e proteínas (Tabela 3.5). No entanto, os carboidratos produzem maiores quantidades de água metabólica por kcal de energia metabolizável (EM) produzida. Neste caso, em condições de privação de água, seria indicado a ingestão de carboidratos. TABELA 3.5: Produção de água metabólica de carboidratos,, proteínas gorduras. Nutriente H20 Metabólica/100g Valor Calórico H20 Metabólica/ 100 Kcal de EM Caboidratos 60 400 15,0 Proteínas 42 400 10,5 Gorduras 100 900 11,1 Demonstração da produção de água metabólica 1)Oxidação da glicose: C6H12O6 + 602 -------> 6CO2 + 6H2O + Energia Pesos moleculares: glicose = 180 6H2O = 108 Água Metábólica , % = 108 x 100 = 60% 180 2) Oxidação do tripalmitilglicerol: C51H97O6 + 72,502 51 CO2 + 49H2O + Energia Pesos Moleculares: tripalmitiglicerol = 805 49 H2O = 882 Água Metábólica , % = 882 x 100 = 100%(+) 805 3) Oxidação das proteínas: Processo complexo, porém em média: 100 gramas de proteína = 42 g de H2O + Energia 3.3.3 Água Coloidal Representa a água presa nos alimentos. Os alimentos suculentos possuem alto teor de água que contribui para o atendimento necessidades diárias dos animais. No entanto, os 10 ou 12% de umidade contida normalmente nos ingredientes de rações (milho, farelo de soja, etc) está na forma presa aos nutrientes, não contribuindo para as necessidades imediatas do animal. 26 3.4 FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE AGUA 3.4.1 Temperatura e Umidade Relativa Ambiente O aumento da temperatura ambiente leva a um incremento no consumo de água. As perdas de calor corporal pelos suínos é um processo dificultoso, já que, na evaporação cutânea e na respiração são pequenas. Em clima quente há a necessidade de auxiliar a perda de calor destes animais através de ambientes adequados e água fresca. No caso das aves, aproximadamente 50% da dissipação do calor corporal é feito através da respiração. A água de bebida representa para aves uma importante maneira de consumo de calor corporal. Frangos de corte e poedeiras comerciais dobram o consumo de água quando a temperatura ambiente passa de 20 para 32ºC (Tabela 3.6). Normalmente o aumento do calor ambiente leva a um incremento na transpiração ou respiração que eleva as necessidades de água. Por outro lado, em condições de temperaturas baixas, ocorre o catabolismo das proteínas orgânicas que aumenta as exigências de água, também. A umidade relativa é que determina a zona de tempertura de conforto dos animais. A associação de altas temperaturas e umidade relativa ambiente, dificultam as trocas de calor animal-ambiente, e, resulta em estresse calórico, levando a alto consumo de água. Por outro lado, a baixa umidade relativa do ar leva a maior transpiração e maior consumo de água para reposição das perdas. TABELA 3.6 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a temperatura ambiente. AVES TEMPERATURA, ºC 20 32 POEDEIRAS Sem produção 150 250 50% produção 180 340 90% produção 200 400 MATRIZES PESADAS 4 semanas 75 140 12 semanas 140 250 18 semanas 180 360 50% produção 200 380 80% produção 230 400 FRANGOS DE CORTE 1 semana 24 50 3 semanas 100 210 6 semanas 280 460 PERUS 1 semana 24 50 4 semanas 110 220 12 semanas 350 650 18 semanas 500 1000 Adaptado de Leeson & Summers (2001) 27 3.4.2 Função Fisiológica A necessidade de água depende da função fisiológica. Porcas em lactação exigem mais água do que as gestantes e estas mais do que os animais em crescimento (Tabela 3.7). As aves também apresentam diferenças de consumo de água em função da finalidade fisiológica (Tabela 3.6) TABELA 3.7: Consumo de água por Suínos (ambiente termoneutro) Categoria Litros/Animal/Dia Leitões desmamados 0,149 + (3,053 x consumo ração) Crescimento/terminação 2 a 3 x consumo ração Gestação 6,5 a 10 Lactação 20 Adaptado do N.R.C. (1998). 3.4.3 Espécie Animal As aves exigem menor quantidade de água do que os mamíferos em percentagem do peso vivo. Este fato é devido ao tipo de excreção de nitrogênio urinário. As aves excretam ácido úrico que necessita menor quantidade de água para eliminação do que a uréia nos mamíferos. 3.4.4 Idade do Animal O consumo de água aumenta com a idade (Tabela 3.8), porém, decresce em relação ao peso vivo. Este aumento de consumo de água está correlacionado com o aumento do consumo de ração. TABELA 3.8 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a idade. Idade Semanas Frangos de Corte Poedeiras comerciais Perus 1 32 29 55 2 68 43 103 3 104 57 148 4 143 71 209 5 178 86 285 6 214 100 358 7 250 107 435 8 286 114 514 9 - 122 612 10 - 129 696 12 - 145 777 15 - 158 812 10 - 171 832 35 - 228 1000 Adaptado do NRC (1994) 28 3.5 NECESSIDADE DE ÁGUA As aves de uma maneira geral consomem mais água do que as suas necessidades. A restrição de 10 a 20% de água para poedeiras por exemplo, não afeta a produção, no entanto, acima de 20% ocorre prejuízo no desempenho a partir de 36 horas de restrição (Patrick e Schaible, 1980). Os consumos de água por aves estão apresentados na Tabela 3.6 que evidencia a grande diferença na ingestão de água em função do estádio de desenvolvimento e função fisiológica. As necessidades de água pelos suínos é bastante variada em função da idade, tipo e quantidade de ração ingerida e estado fisiológico. Os leitões e porcas em lactação possuem exigências de água mais elevadas. Os primeiros, devido a manutenção do alto teor de água corporal (70-80%) e as segundas, pela alta perda água através do leite produzido. A medida que o suíno cresce, requer proporcionalmente menor quantidade de água devido a consumir menor quantidade de alimento por unidade de peso corporal associada a redução do conteúdo hídrico corporal. De maneira geral, os suínos consomem quantidades constantes de água em relação ao consumo de ração diária. Segundo o N.R.C (1998), os suínos consomem de 1,9 a 2,5 kg água porkg de ração seca; os leitões de 5 a 8 semanas 20 kg de água por 100 kg de peso vivo e os suínos em terminação, 7 kg de água por 100 kg de peso por dia. 3.6 RESTRIÇÃO DE ÁGUA As aves e suínos com acesso livre ao bebedouro, apresentam consumo de ração de acordo com as suas necessidades nutricionais, principalmente energia. Por outro lado, a restrição de água, pode ser utilizada com objetivos específicos. No caso de frangos de corte, por exemplo, a restrição de água é um dos métodos utilizados para regular a taxa de crescimento visando reduzir a mortalidade por síndrome ascítica e a gordura abdominal na carcaça da ave. Na Tabela 3.9, estão adaptados dados de Kellrup et al. (1971) onde mostram o grau de redução na ingestão de ração de acordo com a intensidade da restrição de água. As poedeiras comerciais quando privadas de água por período longo (24 h), resulta em queda na postura, podendo chegar a zero. No entanto, a restrição de água por períodos curtos não afeta a produção. Nos casos de altas temperaturas, como ocorre no verão, a restrição de água por 1-3 h pode reduzir os efeitos do superconsumo de água, que prejudica na absorção de nutrientes ( e.g. cálcio) e a qualidade da casca, além de aumentar a umidade das excretas. 29 TABELA 3.9 Efeito da restrição de água no consumo de ração por frangos de corte. Semanas de idade Restrição de água 0 10 20 30 40 50 % 2 100 84 84 75 73 70 4 100 98 94 90 85 80 6 100 88 82 78 73 71 Média 100 90 87 81 77 74 Dados adaptados de Kellerup et al. (1971). Em matrizes pesadas, a restrição de água associada a programas de alimentação, são utilizados no controle de peso dessas aves. 31 4 METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS Os carboidratos são definidos como polihidroxialdeídos ou cetonas e representam a principal fonte de energia para as rações de aves e suínos. O produto final da digestão dos carboidratos são açúcares simples que são metabolizados organicamente produzindo água, CO2 e energia, ou participando da construção de outras substâncias. Quantitativamente três polissacarídeos são de importância nutricional para monogástricos, que são o amido, a celulose e o glicogênio. São polímeros de glicose, geralmente classificados como homopolissacarídeos, desde que compostos somente por glicose. O amido é o principal polissacarídeo digerível das plantas, presentes em grandes quantidades nos grãos cereais. É, composto por unidades de glicose polimerizadas através de ligações glicosídicas alfa-1,4 e alfa-1,6. A sua digestibilidade é superior a 95%. A celulose é um polímero de glicose com ligações do tipo β-1,4. A digestibilidade da celulose para aves e suínos é limitada, no entanto, exerce função importante no controle da taxa de passagem do bolo alimentar nos vários compartimentos do trato digestório. A presença de celulose na moela da ave, melhora o aproveitamento do amido pela redução da velocidade de passagem neste compartimento e intestino delgado. Enquanto dietas contendo amido puro, detecta-se resíduos da ração após 2 horas no intestino grosso das aves, a presença da celulose retarda este tempo para 3 horas melhorando a digestão e absorção dos açúcares solúveis. Apesar da digestão da celulose ser limitada para suínos e aves, estes animais, quando adultos conseguem uma taxa relativamente boa de fermentação no intestino grosso, possibilitando alguma digestão da fração fibrosa da ração, com a produção de ácidos graxos voláteis. Em suínos, estes ácidos produzidos no intestino grosso podem representar uma fonte de energia a mais para o animal. O glicogênio foi descoberto primeiramente por Claude Bernard em 1956, quando estudou a relação entre o glicogênio hepático e o conteúdo de glicose no sangue. É a forma de reserva de carboidratos no organismo, sendo pequena (1-1,5%) e distribuída no fígado e músculos. Serve para utilização imediata, em casos de recuperação dos níveis de glicose sanguínea ou gasto energético muscular. Os carboidratos nutricionalmente importantes são sintetizados pelas plantas através da fotossíntese a partir da água solo e CO2 do ar segundo a reação a seguir. 6 CO2 + 12H2O C6H12O6 + CO2 + 6H2O Dióxido de carbono Água Clorofila Carboidrato Oxigênio Água Enquanto a forma de energia armazenada no organismo é a gordura, nos vegetais, os carboidratos representam a maior reserva (Tabela 4.1). Na maioria dos vegetais, a exceção das sementes oleaginosas, o carboidrato é em geral o principal componente. Na análise proximal dos alimentos, a fração carboidrato é representado por açúcares solúveis (extrativo não nitrogenado) e fibra bruta (teoricamente composta 32 por celulose, hemicelulose e lignina) que representa os carboidratos estruturais. TABELA 4.1: Conteúdo de carboidratos de alguns ingredientes de origem vegetal e animal (%). Fontes ENN1 AMIDO1 FDN2 FDA2 Milho1 72,08 62,30 11,40 3,42 Soja Integral 24,00 9,80 13,70 8,10 Farelo de Soja 45% 31,50 13,50 14,12 7,79 Feno de Alfafa 34,00 45,00 35,00 Farinha de Carne Ossos 1,60 Farinha de Peixe 7,37 Amido de Milho 87,87 87,87 1 Tabelas AEC (1987), 2. Rostagno et al. (2000). 4.1 DESTINOS METABÓLICOS DOS CARBOIDRATOS DA DIETA Os carboidratos, ao serem ingeridos por aves ou suínos na forma de amido ou qualquer outro açúcar solúvel, são umedecidos pela saliva onde a água embebe as partículas que facilita a digestão . Nos suínos, já na boca, começa a haver uma pequena hidrólise do amido pela ação de alfa-amilase, com produção de sacarídeos de menor cadeia como as dextroses e maltoses. No estômago ocorre a paralização da digestão devido ao pH ácido, sendo continuada no intestino delgado, pela ação de sacaridases específicas, com a produção final de monossacarídeos, que são absorvidos. Apesar de haver absorção dos vários tipos de monossacarídeos, a nível de parede intestinal ocorre a interconversão para glicose. Alguma frutose poderá circular no sangue e mesmo no fígado pode ocorrer esta transformação. A maior fração de todo carboidrato absorvido por aves e suínos é metabolizado na forma de lipídeos, que representa a reserva energética animal. No caso das aves de postura, esta gordura formada será utilizada para a produção do ovo. No entanto, em suínos em engorda e frangos de corte, ocorre a sua deposição nos adipócitos destes animais. Durante a fase de crescimento destes animais, os carboidratos dietéticos possuem função maior a de oxidarem para fornecer energia aos processos metabólicos (anabolismo). Após a fase de crescimento, grande parte dos carboidratos dietéticos irão integrar o metabolismo dos lipídeos através da lipogênese. 4.3.1 Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles Após absorção, a nível principalmente de jejuno, o carboidrato dietético pode seguir uma série de rotas do metabolismo (Figura 4.1). 1) Glicólisis: é o processo de oxidação da glicose a piruvato e lactato, também chamada de via glicolítica ou de Embden – Meyerhof Parnas. Esta rota representa a maneira mais rápida de fornecimento de energia para o organismo. Produz duas ligações de alta energia para o metabolismo orgânico. As enzimas envolvidas na utilização da glicose e/ou frutose, são 33 ativadas sobre as condições de necessidade de energia na célula ou a redução da glicemia. A secreção de insulina, na qual é responsável pelo nível glicêmico, controla a atividade destas enzimas. Em suínos, os níveis de insulina são relativamente altos (hiperinsulinênicos) em relação a outros animais . O início da glicólisis começa com a fosforilação das hexoses através da hexoquinase muscular e/ou glicoquinase do fígado. Adiferença de atuação destas duas enzimas é que a primeira trabalha em baixas concentrações de glicose e a segunda em altas . 2) Glicogenólisis: representa a quebra do glicogênio muscular e hepático, com liberação de unidades de glicose, em resposta à necessidade de recuperação dos níveis séricos de glicose. O hormônio glucagon, produzido no pâncreas (células α das Ilhotas de Langerhans), tem função de ativação do sistema enzimático, para que ocorra a quebra do glicogênio. Esta rota ocorre somente quando o animal está em jejum ou em condições de estresse. 3) Glicogênese: haverá glicogênese para recuperar os pequenos depósitos de glicogênio no músculo e fígado, a partir da glicose 6-P, tendo a glicogênio sintetase como importante enzima no processo. 4) Gliconeogenese - é a formação de glicose ou mesmo glicogênio, a partir de compostos que não carboidratos. Os aminoácidos por exemplo, podem participar desta biossíntese, através de suas entradas via ciclo de Krebs. Esta condição poderá ocorrer quando o animal estiver em estado de jejum prolongado ou receber excesso de proteína na dieta. 5) Ciclo da Pentose Fosfatada: é uma rota alternativa da via glicolítica, mais rápida e tem a finalidade básica, de produzir NADPH + H+ para a biossíntese dos ácidos graxos, durante a lipogênese. Este ciclo ocorre principalmente para o metabolismo das células sanguíneas. As células vermelhas do sangue possuem mitocôndria e, consequentemente cadeia respiratória. Esta volta metabólica evita a formação de ATP, já que, a célula estaria suprida de energia, evitando com isto, a utilização de NADH + H+ abaixo do gliceroldeido 3-P da glicólisis. Existe um mecanismo tal que ativa a glicose - 6-P desidrogenase (importante enzima do ciclo), quando há necessidade de depositar gorduras no organismo por conta da ingestão de carboidratos (glicose). 6) Ciclo de Krebs: este ciclo atua na rota final da oxidação dos carboidratos e produzirá a maior quantidade de ligações de alta energia (ATP), via cadeia respiratória acoplada. Durante a oxidação do acetato a CO2 e H2O, são gerados 36 ATP líquidos. 7) Lipogênese : biossíntese de ácidos graxos a partir de intermediários do ciclo de Krebs. O citrato e o isocitrato são intermediários do mitocôndria que conseguem passar pela parede desta organela celular e após clivagem neste compartimento, integra o processo de elongamento e dessaturação da cadeia do ácido graxo, sendo no final, esterificado ao glicerol, formando os triglicerídeos. 34 FIGURA 4.1: Destinos Metabólicos dos Carboidratos Dietéticos 4.4 UTILIZAÇÃO DE CARBOIDRATOS POR SUÍNOS Os leitões recém nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos devido a insuficiente atividade enzimática das enzimas. Somente a lactose é bem aproveitada no início da vida extra uterina do leitão devido a presença da lactase, enzima que desdobra a lactose em glicose e galactose. A atividade de outras carboidrases (maltase, sacarase e amilase) vão sendo desenvolvidas com a idade do leitão sendo que a partir de 21 dias, ocorre o aproveitamento eficiente de maltose, sacarose e amido dietéticos (Figura 4.2). Por outro lado, com o avanço da idade ocorre a redução da atividade lactásica. Pesquisas relatam a adaptação do trato digestório no que se refere ao desenvolvimento de atividade enzimática. O fornecimento de rações na fase pré-inicial (fase de amamentação) tem por finalidade ativar o sistema enzimático do leitão evitando em parte, os problemas de diarréia causados durante a fase pós-desmama destes animais. Por outro lado, pesquisas recentes discordam desta prática por ativar o sistema imunológico dos leitões com a presença de proteína vegetal nesta dieta. 35 FIGURA 4.2: Atividade das enzimas em leitões A digestibilidade dos carboidratos da dieta depende da presença de carboidrases no sistema digestório dos animais monogástricos. Enquanto os carboidratos solúveis dos grãos cereais representados pelo extrativo não nitrogenado, da análise proximal, apresentam alta digestibilidade (60-90%) , os insolúveis (fração fibra) apresentam digestibilidades baixas (Tabela 4.4). TABELA 4.4: Digestibilidade da fração fibra bruta e extrativo não nitrogenado de diversos alimentos para suínos e aves. Alimento % FB % ENN Espécie Digestibilidade (%) FB ENN Milho 3,5 72 suínos aves 30 13 93 90 Trigo 2,5 69 suínos aves 45 9 79 89 Cevada 5,5 70 suínos aves 15 11 86 82 Aveia 11,3 60 suínos aves 11 7 79 69 Alfafa 33 35 suínos aves 21 1 66 34 36 4.5 UTILIZAÇÃO DA FIBRA BRUTA POR SUÍNOS E AVES Os animais monogástricos se caracterizam pela pequena capacidade de digerir alimentos fibrosos, no entanto, em certos estágios fisiológicos, esta pequena digestão pode atender as necessidades de manutenção destes animais. Fêmeas suínas no estágio de gestação, por exemplo, devem receber uma alimentação mais fibrosa do que os animais em engorda. Algumas pesquisas evidenciam a necessidade de um nível entre 5 e 7% de fibra bruta na ração de fêmeas em gestação, evitando que engordem em demasia e prejudicando a reprodução destes animais. Os níveis de fibra bruta que poderiam ser utilizados pelos suínos dependem de uma série de fatores como: Tipo e níveis de fibra da ração; Níveis dos outros nutrientes na ração; e Idade e/ou peso dos animais. Rações à base de milho e farelo de soja proporcionam nível de fibra bruta em torno de 3%. Os suínos, a partir de 30 kg de peso vivo, possuem intestino grosso desenvolvido com boa capacidade de digestão da fibra da ração. A utilização de compostos ionóforos (anticoccidianos) em dietas com altos teores de FB para suínos, tem melhorado a digestibilidade desta fração, resultando em maior produção de ácidos graxos voláteis no intestino grosso que podem contribuir para o atendimento de parte das necessidades de energia para a manutenção desses animais. Bertechini et al. (1992) estudaram a inclusão de salinomicina (37,5 ppm) em dietas com a alta fibra para suínos em crescimento (Tabela 4.5) e verificaram melhoria significativa na digestibilidade da FB (45,5 x 63,7%) para ração com altos conteúdos de FB (7,8%). TABELA 4.5 Efeito da salinomicina na digestibilidade da fibra em suinos na fase de crescimento. Nitrientes Nível de FB na ração (%) 2,8 2,8 7,8 7,8 Salinomicina - + - + FB 55,72 57,61 45,50 b 63,75 a MS 87,89 89,21 73,00 78,16 PB 88,38 87,71 75,60 78,90 a , b (P<0,05) Bertechini et al. (1992) 5 METABOLISMO DOS LIPÍDEOS Os lipídeos formam um grupo de substâncias heterogêneas, solúveis em solventes apolares (éter, clorofórmio, acetona, hexana,) com pequena ou nenhuma solubilidade em água. Compreendem as gorduras, óleos, ceras e compostos relacionados. As gorduras/óleos são importantes do ponto de vista nutricional e são encontrados de forma abundante na natureza. 5.1 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS Os lipídeos desempenham uma série de funções orgânicas. A maior fração do carboidrato absorvido no intestino delgado de aves e suínos é metabolizado como gordura e armazenado como tal; portanto, funções estrutural e reserva energética são básicas. Como fonte de energia, as gorduras produzem 2,25 vezes mais calorias do que os carboidratos. Enquanto 1 grama de óleo vegetal produz 9 kcal de energia no metabolismo, 1 grama de carboidrato produz somente 4,0 kcal. A gordura que recobre o corpo animal tem como função proteção e o isolamento. São precursores de vitaminas lipossolúveis e ácido graxo essencial. Participam na secreção de bile e síntese de prostaglandinas, hormônios deimportância vital na reprodução. Em condições de privação de água, as gorduras queimadas no organismo liberam maiores quantidades de água metabólica do que o seu peso oxidado. Nas rações, os lipídeos melhoram a palatabilidade, reduzem a poeira e a perda de nutrientes, auxilia na manutenção de equipamentos, facilitam a peletização, além de ser o método prático de se elevar o conteúdo energético e melhorar a conversão da dieta. Certas funções específicas são somente exercidas por estes nutrientes, daí a consagração do termo Ação Dinâmica Específica das Gorduras (também chamado de Valor-Extra- Calórico), que tem um significado mais amplo. Esta ação seria o resultado de um conjunto de fatores como o fornecimento vita minas lipossolúveis, ácidos graxos essenciais e energia de baixo incremento calórico, favorecimento da absorção e aproveitamento de vitaminas e ácidos graxos, melhoria na digestibilidade dos aminoácidos e dos carboidratos da dieta, entre outras. Mateos e Sell (1980) estudaram os efeitos da adição de gordura sobre os valores de EM de açúcares de dietas de poedeiras. Encontraram aumentos do valor de energia da sacarose de 6,5% quando elevou a adição de gordura de zero para 6%. No caso do amido o aumento foi de 5,4%. Em trabalho realizado por Furman (1992), foi verificado uma melhoria na digestibilidade dos aminoácidos com perús e frangos de corte entre 5 e 6 % com a adição de gorduras às rações. Segundo Sklan et al.(1996) existe catabolismo de ácidos graxos a nível de mucosa epitelial sendo que esta geração de energia, contribui no processo de absorção, resultando em melhoria da digestibilidade da maioria dos nutrientes. 5.2 DESTINOS METABÓLICOS DOS LIPÍDEOS DA DIETA Os lipídeos dietéticos (triglicerídeos, principalmente) são digeridos e absorvidos basicamente no intestino delgado e podem seguir vários destinos metabólicos (Figura 5.1). Neste segmento do trato digestório, ocorre a emulsificação e hidrólise dos 38 triglicerídeos, que formam micelas com ácidos e sais biliares e são absorvidas através do microvilo intestinal. Ao nível da mucosa intestinal ocorre reesterificação dos ácidos graxos à molécula de glicerol, formando a partir daí, os quilomicrons, que são transportados na corrente sanguínea. Nas aves, a absorção se faz através do mesentério e suínos pelos vasos linfáticos. Ambas as circulações caem no fígado onde ocorre o metabolismo maior dos lipídeos. O fígado distribui os lipídeos para as células gerais (oxidação), para a síntese de gorduras modificadas, envia os ácidos graxos para a formação de lipídeos de reserva (suínos o toucinho, poedeiras a gema do ovo, os frangos de corte, a gordura da carcaça e abdominal). Existe diferença no local básico de lipogênese entre aves e suinos. Nos suínos, ocorre praticamente no tecido adiposo, no entanto, nas aves, a lipogênese se processa basicamente no fígado (98%). A presença de glicerolquinose (enzima de esterificação dos ácidos graxos ao glicerol) no tecido adiposo dos suínos, favorece a mudança rápida do perfil de ácidos graxos no triglicerídeo dos adipócitos, em função do tipo de gordura ingerida. Esta caracteristica dos suínos permite que se modifique rapidamente a textura da gordura depositada através da manipulação da composição da dieta. O uso de óleos na fase pré-abate, resulta em deposição proporcional à ingestão de ácidos graxos insaturados, na gordura da carcaça, alterando esta textura. FIGURA 5.1: Destinos metabólicos dos lipídeos da dieta 39 5.3 ÁCIDOS GRAXOS Os ácidos graxos são produtos da hidrólise dos triglicerídeos. De maneira geral estão presentes nas gorduras animal e vegetal em número par de carbonos devido a biossíntese a partir de unidades de dois carbonos (Tabela 5.1). São classificados em saturados e insaturados. O ponto de fusão dos ácidos graxos se eleva a partir de oito carbonos na molécula enquanto os insaturados são líquidos à temperatura ambiente. A composição de ácidos graxos ligados à molécula de glicerol determina a qualidade física da gordura. Os óleos vegetais por exemplo (Tabela 5.2), são basicamente compostos de ácidos graxos insaturados e de qualidade líquida. No entanto, os altos teores de ácidos graxos saturados nas gorduras de origem animal (Tabela 5.3) determinam a sua característica física sólida à temperatura ambiente . O índice de iôdo, desta tabela, indica a identidade de cada fonte, sendo um ítem de avalilação da qualidade da gordura. TABELA 5.1: Ácidos graxos encontrados nos lipídeos e seus pontos fusão. Ácidos Graxos Fórmula Ponto de Fusão ºC Saturados: Butírico C4H8O2 Liquido Hexanoico C6H12O2 Líquido Octanoico C8H16O2 16 Decanoico C10H20O2 31 Láurico C12H24O2 44 Merístico C14H28O2 54 Palmítico C16H32O2 63 Esteárico C18H38O2 70 Aráquico C20H40O2 75 Lignocérico C24H48O2 84 Insaturados Palmitoleico C16H30O2 Líquido Oléico C18H34O2 Líquido Linoleico C18H32O2 Líquido Linolênico – (-3) C18H30O2 Líquido Araquidônico C20H32O2 Líquido Clupanodônico C20H34O2 Líquido Eicosapentaenóico – EPA (-3) C20H30O2 Líquido Docosahexaenóico- DHA (-3) C22H32O2 Líquido Conn e Stumpf (1975). TABELA 5.2: Composição (%) aproximada dos óleos vegetais. 40 Fontes Índice de Iodo SATURADOS INSATURADOS 14:0 16:0 18:0 0 18:1 18:2 (w6) 18:3 (w3) 20: 4 Girassol 136 - 5,5 5,0 20,5 69,0 - - Soja 132 0,2 12,0 4,3 23,0 53,0 8,0 - Milho 128 - 9,5 4,5 35,5 49,0 0,5 - Algodão 110 1,4 23,0 1,0 24,0 49,6 - - Canola 1,0 5,0 2,0 59,0 22,0 10,0 - Linhaça 22,2 20,5 33,5 1,0 Coco 8 76,0 10,0 4,0 7,0 3,0 - - Maynard & Loosli (1982); Emken (1997) TABELA 5.3: Composição (%) aproximada das gorduras animais. Fontes Índice de Iodo SATURADOS INSATURADOS 14:0 16:0 18:00 18:1 18:2 (w6) 18:3 (w3) 20:4 Aves Suínos 80 62 1,4 1,4 21,4 28,2 5,9 12,8 39,5 48,0 23,5 11,0 1,0 0,6 0,5 - Manteiga 1,5 29,0 11,0 30,8 5,0 0,2 - Sebo Bovino 40 3,5 28,4 18,1 44,0 3,0 1,0 - Ovo gema 0,3 22,8 8,00 35,5 11,7 0,3 1,5 Emken (1997, Rosa (1999) e Egg Nutrition Centre (2002) 5.4 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) Os ácidos graxos linoléico e aracdônico são considerados essenciais ao organismo animal. No entanto, a nível hepático, ocorre a síntese do ácido aracdônico a partir do linoléico, com a presença da vitamina B6. Desta forma, pode-se considerar que somente o ácido linoléico (C18:2) é dieteticamente essencial. 41 TABELA 5.3: Valores de absorbabilidade de ácidos graxos e triglicerídeos determinados com aves. Taxa de Absorção Idade das Aves 3-4 semanas acima de 8 semanas Ácidos Graxos Láurico (12:0) 65 - Mirístico (14:0) 25 29 Palmítico (16:0) 2 12 Esteárico (18:0) 0 4 Oléico (18:1) 88 94 Linoléico (18:2) 91 95 Triglicerídeos Óleo de Soja 96 96 Óleo de Milho 84 95 Gordura Suína 92 93 Óleo de peixe 88 Gordura Bovina 70 76 Óleo de Restaurante 87 96 Adaptado de Leeson e Summers (2001). O ácido graxo aracdônico é tido como fisiologicamente essencial. Em caso de deficiência dietética de linoléico, ocorre reações a nível metabólico (elongamento e dessaturação) no sentido de produzir aracdônico, porém, há a formação de um ácido graxo com vinte carbonos e três duplas ligações (eicosatrienóico) que não exerce as funções
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