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www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 02 Josiane Minardi 1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser por intermédio de LEI! Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegura- das ao contribuinte, é vedado à União, aos Esta- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o esta- beleça Além dos tributos só poderem ser instituídos, extinto ou majorados, reduzidos por lei, temos outras maté- rias, de acordo com o art. 97 do CTN que também só podem ser tratadas por meio de lei, e como o CTN menciona apenas lei, temos que poderá ser por meio de lei ordinária. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (…) III - a definição do fato gerador da obrigação tri- butária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extin- ção de créditos tributários, ou de dispensa ou re- dução de penalidades. A mera atualização do valor monetário da respec- tiva base de cálculo NÃO constitui majoração de tri- buto, nos termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser realizada por meio de simples Decreto. Todos os tributos estão sujeitos ao Princípio da Le- galidade, ou seja, só podem ser instituídos ou majo- rados por intermédio de lei. Conquanto, a Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas alteradas, desde que observados os limi- tes e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da Fazenda. São eles: Imposto sobre a Importação (II) Imposto sobre a Exportação (IE) Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) O art. 153, § 1º da CF ao estabelecer que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, possibilitou, inclusive, que esses tributos te- nham suas alíquotas majoradas, por decreto, por exemplo, desde que observados os limites e condi- ções estabelecidos em lei, é claro. O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquo- tas da Contribuição de intervenção no domínio eco- nômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, no caso, o decreto presidencial. O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas do ICMS incidência monofásica, nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei comple- mentar federal. No caso do ICMS combustível os convênios interes- taduais, celebrados no âmbito do CONFAZ (Conse- lho de Política Fazendária) é que definirão as suas alíquotas. PRINCÍPIO DA ISONOMIA É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equiva- lente, proibida qualquer distinção em razão de ocu- pação profissional ou função por eles exercida, inde- pendentemente da denominação jurídica dos rendi- mentos, títulos ou direitos (art. 150, II da CF). Pelo princípio da isonomia deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Enquanto o art. 5º da CF determina a igualdade de modo genérico, o art. 150, II da CF, explora-a de modo específico, no campo do direito tributário. A concessão de isenção, dispensa legal do dever de pagar tributo, ou tratamento diferenciado para algu- mas atividades, não viola o princípio da isonomia, quando se busca tratar desigualmente contribuintes em situações desiguais. A Lei Complementar nº 123/2006, por exemplo, traz tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte, pelo fato dessas apre- sentarem capacidade contributiva distinta das de- mais empresas. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 02 Josiane Minardi 2 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos ge- radores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF). O princípio da Irretroatividade também reflete a segu- rança jurídica, nos termos do art. 5º, XXXVI da CF, o qual determina que “a lei não prejudicará o direito ad- quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. O Código Tributário Nacional prevê três exceções ao princípio da irretroatividade, artigos 106, I e II e art. 144, § 1º. Primeira Possibilidade: (art. 106, I, do CTN) - Quando se tratar de lei expressamente interpretativa e desde que não comine penalidade. Uma lei interpretativa apenas esclarece o sentido de uma outra anterior, sem inovar a ordem jurídica e por essa razão somente retroagirá se a interpretação que der à lei anterior coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário e havendo qualquer agrava- ção na situação do contribuinte, será considerada ofensiva ao princípio da irretroatividade das leis. Segunda Possibilidade: (art. 106, II, “a” e “b”e “c” do CTN) - A lei tributária poderá retroagir tratando-se de ato NÃO definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Terceira Possibilidade: (art. 144, § 1º do CTN) - Em se tratando de lançamento tributário, lei que instituir novos critérios de apuração ou fiscalização. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE O tributo que for instituído ou majorado nesse exercí- cio financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). a) Temos tributos que não precisam aguardar o pró- ximo exercício (NÃO RESPEITA o Princípio da An- terioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o Prin- cípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser co- brado: IMEDIATAMENTE!!!! Sãoeles: - Imposto extraordinário guerra (IEG) - empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, - Imposto sobre importação (II), - Imposto sobre exportação (IE) - Imposto sobre operações financeiras (IOF) b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam aguar- dar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: - IPI - casos de redução e restabelecimento das Alíquo- tas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. - Contribuição Social (195,§ 6º da CF) c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (RESPEITAM o Princípio da Ante- rioridade do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesi- mal), são: -IR - alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não respeitam 90 dias significa dizer Importante: o art. 150,III, “b” e “c” que se refere aos princípios da anterioridade do exercício e nonagesi- mal, só se aplicam no caso de instituição ou majo- ração de tributo. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 02 Josiane Minardi 3 EXERCÍCIOS 1) (MP/RR – CESPE/2012). Com relação ao princípio da legalidade, assinale a opção correta: A) Para atender a situação de calamidade pública decorrente de enchentes, o Poder Executivo estadual poderá receber delegação legislativa para, mediante resolução, conceder crédito presumido de ICMS às empresas afetadas. B) As alíquotas do imposto de exportação podem ser alteradas pelo Poder Executivo federal por decreto, desde que obedecidos os limites e condições estabelecidos por lei. C) A remissão poderá ser concedida pela autoridade administrativa por despacho fundamentado, consideradas a equidade da imposição tributária e as condições de penúria do sujeito passivo, independentemente de lei. D) Lei delegada poderá estabelecer que o Poder Executivo possa outorgar isenção tributária por meio de decreto, não podendo fazê-lo quando tal exija a edição de lei complementar. E) Cabe ao Poder Legislativo municipal editar lei outorgando ao Poder Executivo competência para dispor, mediante decreto, sobre redução de base de cálculo do imposto sobre serviço, em face de benefícios concedidos por outro ente federado. 2) (TJ/PA– Juiz Substituto – CESPE/2012) (Adaptada). A respeito dos impostos da União, assinale a opção correta: A) O aumento do IPI pode entrar em vigor no dia da sua publicação, caso seja determinado em medida provisória. B) Medida provisória que determine a majoração do IPI só poderá produzir efeitos no exercício financeiro seguinte se for convertida em lei até o último dia do exercício em que seja editada. C) O comprador que goza de imunidade tributária, ao adquirir veículo automotor importado, estende sua imunidade ao produtor. D) Está de acordo com a CF norma infraconstitucional que atribua a órgão integrante do Poder Executivo da União a faculdade de estabelecer as alíquotas do imposto de exportação. 3) (TC/AL – Procurador – FCC/2008). O Chefe do Poder Executivo poderá, através de: A) Decreto, dentro dos limites legais, majorar a alíquota da CIDE combustível. B) Medida provisória, instituir empréstimo compulsório das despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública. C) Medida provisória, instituir imposto residual, com fato gerador e base de cálculo distintos dos impostos já discriminados na Magna Carta. D) Decreto, dentro dos limites legais, majorar a alíquota do imposto sobre operações de crédito, câmbio, seguro e valores mobiliários. E) Decreto, instituir contribuição social para seguridade social, dentro da competência constitucional residual. 4) (TC/BA – Procurador – FCC/2011). Comparada com a norma de Direito Penal, verifica-se que a norma tributária é mais rígida. No Direito Penal, o nullum crimen nulla poena sini lege exige que o delito seja típico, decorra de uma previsão legal precisa, mas se permite ao juiz, ao sentenciar, a dosimetria da pena, com relativa liberdade, assim como diminuir ou afrouxar a pena a posteriori. No Direito Tributário, além de se exigir seja o fato gerador tipificado, o dever de pagar o tributo também deve sê-lo em todos os seus elementos, pois aqui são importantes tanto a previsão do tributo quanto o seu pagamento, baseado em fórmulas de quantificação da prestação devida, e que a sociedade exige devam ser rígidas e intratáveis (Sacha Calmon Navarro Coêlho. Curso de direito tributário brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 220). O texto acima está se referindo ao princípio explícito da: A) Legalidade. B) Irretroatividade da lei tributária. C) Anterioridade da lei tributária. D) Segurança jurídica. E) Igualdade. 5) (Município de Quitandinha/PR – Advogado – RCV Concursos/2012). A Lei n. 5.172/66, Código Tributário Nacional, no artigo 97, determina que a instituição de tributos será estabelecida por: A) medida provisória; B) lei; C) emenda constitucional; D) ato administrativo; E) resolução do Congresso Nacional. 6) (Prefeitura Municipal de Iguatu/CE – Fiscal de Tributos – Pró-Município/2013). Caso ocorra tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, ou qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercidas, independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos e direitos, estar-se-á quebrando um princípio www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 02 Josiane Minardi 4 constitucional tributário da: A) Legalidade Tributária. B) Anterioridade Tributária. C) Irretroatividade Tributária. D) Isonomia Tributária. E) Entidade Tributária. 7) (Juiz Tribunal Regional Federal da 2ª Região – CESPE/2013). Assinale a opção correta acerca do Sistema Tributário Nacional: A) Compete aos estados a instituição de imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física. B) O produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, pertence à União, mesmo que recaia sobre rendimentos pagos pelos estados. C) Os municípios e o DF poderão instituir taxa, na forma das respectivas leis, para custeio do serviço de iluminação pública. D) O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção monetária. E) O aumento da alíquota do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza deve obedecer aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal. 8) (FGV – Exame de Ordem 2010.2). De acordo com o Código Tributário Nacional, aplica-se retro- ativamente a lei tributária na hipótese de: A) Analogia, quando esta favorecer o contribuinte. B) Extinção do tributo, ainda não definitivamente constituído. C) Graduação quanto à natureza de tributo aplicável, desde que não seja hipótese de crime. D) Ato não definitivamente julgado, quando a lei nova lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. 9) (FGV – V Exame de Ordem). No exercício de 1995, um contribuinte deixou de recolher determi- nado tributo. Na ocasião, a lei impunha a multa moratória de 30% do valor do débito. Em 1997, houve alteração legislativa, que reduziu a multa moratória para 20%. O contribuinte recebeu, em 1998, notificação para pagamento do débito, acrescido da multa moratória de 30%. A exigência está: A) Correta, pois aplica-se a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador. B) Errada, pois aplica-se retroativamente a lei que defina penalidade menos severa ao contribuinte. C) Correta, pois o princípio da irretroatividade veda a aplicação retroagente da lei tributária. D) Errada, pois a aplicação retroativa da lei é regra geral no direito tributário. 10) (Vunesp) É vedado aos Estados e Municípios A) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocor- ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado e no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au- mentou e, ainda, nunca antes de decorridos 90 (no- venta) dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. B) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocor- ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado e no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au- mentou e, ainda, nunca antes de decorridos 30 (trinta) dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ouaumentou. C) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocor- ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado, bem como antes de decor- ridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação. D) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocor- ridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado, bem como antes de decor- ridos 30 (trinta) dias da data de sua publicação. www.cers.com.br COMEÇANDO DO ZERO 2016 Direito Tributário – Aula 02 Josiane Minardi 5 GABARITO 1) B 2) D 3) D 4) A 5) B 6) D 7) D 8) D 9) B 10) a
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