Buscar

info 581 stj1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
Julgado não comentado por ter menor relevância para concursos públicos: REsp 1.304.529-SC. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Indenização por danos morais a anistiado político. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
 Jornada de trabalho diferenciada para servidores da União que trabalhem com substâncias radioativas. 
 
PROCESSO ADMINISTRATIVO 
 Prazo para o TCU exigir comprovação de regular aplicação de verbas federais por meio de tomada de contas 
especial. 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 Inaplicabilidade das sanções por ato de improbidade administrativa abaixo do mínimo legal. 
 
DIREITO CIVIL 
FIANÇA 
 Termo inicial do prazo para herdeiro pleitear anulação de fiança. 
 
REGIME DE BENS 
 Comunhão parcial e inexistência de meação de valores do FGTS depositados antes do casamento. 
 
PATERNIDADE 
 Reconhecimento de paternidade socioafetiva post mortem. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
PROTEÇÃO CONTRATUAL 
 Necessidade de filiação à entidade aberta de previdência para contratar empréstimo. 
 
PLANO DE SAÚDE 
 Equiparação de companheiro a cônjuge para fins de cobertura de cláusula de remissão de plano de saúde. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
DUPLICATA 
 Emissão de duplicata com base em mais de uma nota fiscal. 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
COMPETÊNCIA 
 Súmula 570-STJ. 
 
AÇÃO ANULATÓRIA 
 Ação anulatória proposta por particular com o objetivo de anular acordo 
 firmado com a Fazenda Pública e homologado judicialmente 
 
DIREITO PENAL 
CÓDIGO DE TRÂNSITO 
 O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se enquadra na causa de aumento do inciso I do § 1º do art. 
302 do CTB. 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
 Porte de arma de fogo por vigia após o horário de expediente. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
SIGILO BANCÁRIO 
 Entrega espontânea de documentos por ex-companheira de investigado e sigilo bancário. 
 
EXECUÇÃO PENAL 
 Execução provisória de pena em ação penal originária. 
 Competência para expedição de guia de recolhimento de réu em execução provisória de pena. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
PIS/COFINS 
 Inclusão do ISSQN no conceito de receita ou faturamento para fins de incidência de PIS/COFINS. 
 
DIREITO ADUANEIRO 
 Súmula 569-STJ. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
APOSENTADORIA RURAL 
 Extinção de processo por ausência de início de prova material de atividade rural e possibilidade de ajuizamento de 
nova demanda. 
 
DIREITO DO TRABALHO 
FGTS 
 Súmula 571-STJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Indenização por danos morais a anistiado político 
 
O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei 
nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização 
por danos morais pelo mesmo episódio político. Inexiste vedação para a acumulação da 
reparação econômica com indenização por danos morais, porquanto se tratam de verbas 
indenizatórias com fundamentos e finalidades diversas: aquela visa à recomposição 
patrimonial (danos emergentes e lucros cessantes), ao passo que esta tem por escopo a tutela 
da integridade moral, expressão dos direitos da personalidade. 
Nas hipóteses de condenação imposta à Fazenda Pública, como regra geral, a atualização 
monetária e a compensação da mora devem observar os critérios previstos no art. 1º-F da 
Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.485.260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi vítima de intensa perseguição política praticada pelo governo federal durante a época da ditadura 
militar instalada no Brasil em 1964. 
O art. 8º do ADCT concede anistia política a pessoas que foram prejudicadas por perseguições decorrentes 
de motivação política no período de 18/09/1946 até a data de promulgação da CF/88. 
Há previsão também de que o anistiado receba uma reparação de natureza econômica, a ser paga pela 
União, em alguns casos nos quais fique demonstrado que ele sofreu prejuízos em sua atividade laboral. 
A Lei nº 10.559/2002 regulamentou o art. 8º do ADCT e a concessão dessa reparação econômica para os 
anistiados. Veja: 
Art. 1º O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos: 
I - declaração da condição de anistiado político; 
II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal, 
permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade, nas condições 
estabelecidas no caput e nos §§ 1º e 5º do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 
(...) 
Art. 3º A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1º desta Lei, nas condições estabelecidas no 
caput do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, correrá à conta do Tesouro Nacional. 
(...) 
Art. 4º A reparação econômica em prestação única consistirá no pagamento de trinta salários mínimos por 
ano de punição e será devida aos anistiados políticos que não puderem comprovar vínculos com a 
atividade laboral. 
(...) 
Art. 5º A reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada, nos termos do art. 8º do 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será assegurada aos anistiados políticos que comprovarem 
vínculos com a atividade laboral, à exceção dos que optarem por receber em prestação única. 
(...) 
Art. 6º O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual ao da remuneração que o 
anistiado político receberia se na ativa estivesse, (...) 
 
João requereu e recebeu, administrativamente, a reparação econômica prevista na Lei nº 10.559/2002 (Lei 
de Anistia). 
Ocorre que depois disso, já em 2014, ele ajuizou ação de compensação por danos morais contra a União 
pedindo indenização extrapatrimonial pelos sofrimentos que passou neste período. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
A pretensão em tela está prescrita? 
NÃO. 
 
As ações de indenização por danos morais decorrentes de perseguição, tortura e prisão, por motivos 
políticos, durante o regime militar, são imprescritíveis. Para esses casos, não se aplica o prazo 
prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info 523). 
 
O STJ concluiu que tais demandas são imprescritíveis porque se referem a um período (regime militar) em 
que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, tendo havido, sem dúvida, 
incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mormente do direito à dignidade da pessoa 
humana (AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 09/08/2011). 
 
É possível que o anistiado político pleiteie judicialmente indenização por danos morais mesmo já tendo 
recebido administrativamente a reparação econômica da Lei nº 10.559/2002? 
SIM. 
 
O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei nº 
10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por danos 
morais pelo mesmo episódio político. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.485.260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
A Lei nº 10.559/2002, em seu art. 16, prevê o seguinte: 
Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei não excluem os conferidos por outras normas legais ouconstitucionais, vedada a acumulação de quaisquer pagamentos ou benefícios ou indenização com o 
mesmo fundamento, facultando-se a opção mais favorável. 
 
Esse dispositivo pode dar a impressão de que seria proibida a acumulação da reparação econômica com a 
indenização por danos morais. Contudo, não foi esta a interpretação dada pelo STJ. 
 
Segundo entendeu o Tribunal, o art. 16 é um comando dirigido, antes e unicamente, à Administração 
Pública, e não à jurisdição. Em outras palavras, esse dispositivo proíbe que o Poder Público pague, 
administrativamente, a reparação econômica cumulada com outros pagamentos, benefícios ou 
indenização. 
 
Além disso, a reparação econômica prevista na Lei nº 10.559/2002 não tem por objetivo indenizar danos 
morais. 
 
O art. 8º do ADCT determina que seja paga reparação econômica para aquelas pessoas que sofreram 
prejuízos na sua esfera profissional e, por consequência, patrimonial. A Lei nº 10.559/2002, ao 
regulamentar o art. 8º do ADCT, restringiu-se a estipular os direitos profissionais do anistiado político e 
suas repercussões econômicas. Analisando os arts. 4º e 5º da Lei fica ainda mais claro que essa reparação 
econômica tem natureza patrimonial e se destina a compensar o anistiado pelo fato de ele não mais ter 
podido exercer suas atividades laborais. 
 
Desse modo, o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei nº 10.559/2002 não exclui, por si 
só, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma e distinta, a reparação dos danos 
morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição política geradora da anterior reparação 
administrativa (art. 5º, V e X, da CF/88), pois distintos se revelam os fundamentos que amparam cada uma 
dessas situações. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
Suponha que o TRF, em sede de apelação, condenou a União ao pagamento da indenização por danos 
morais fixando o termo inicial dos juros de mora e da correção monetária como sendo a data do evento 
danoso e determinando a aplicação do índice conhecido como INPC (Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor, do IBGE). Agiu corretamente o Tribunal neste ponto? 
NÃO. 
 
Na condenação imposta à Fazenda Pública a título de danos morais decorrentes de perseguição política 
durante a ditadura militar instalada no Brasil após 1964, para fins de atualização monetária e 
compensação da mora, haverá a incidência dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados 
à caderneta de poupança a partir da data do arbitramento da indenização. Isso porque, na espécie, a 
atualização monetária e a compensação da mora deverão observar os parâmetros estipulados no art. 
1º-F da Lei nº 9.494/97. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.485.260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Portanto, os juros moratórios e a correção monetária não terão como termo inicial a data do evento 
danoso e o índice de correção não poderá ser o INPC (como muitos decidem). 
 
Como regra geral nas condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública, a atualização monetária e a 
compensação da mora deverão observar os parâmetros estipulados no art. 1ºF da Lei nº 9.494/97: 
Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins 
de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única 
vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de 
poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960/2009) 
 
A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento (Súmula 
362 do STJ). 
 
 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Jornada de trabalho diferenciada para servidores da União que trabalhem com substâncias radioativas 
 
Apenas concursos federais! 
Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da União, civis e militares, e 
os empregados de entidades paraestatais de natureza autárquica que operam, de forma 
habitual, diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, 
têm o direito à redução da duração máxima da jornada de trabalho de 40 para 24 horas 
semanais prevista no art. 1º da Lei nº 1.234/50. 
Vale ressaltar que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, pois esta mesma 
excepciona as hipóteses estabelecidas em leis especiais. 
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João é servidor público federal concursado e trabalha no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e 
Nucleares), uma autarquia responsável por realizar pesquisas científicas e tecnológicas na área da 
atividade nuclear. 
O referido servidor exerce suas atividades na "gerência de radioproteção", sendo responsável pelo setor 
de "rejeitos radioativos", tem como atividades diárias monitorar, por meio de aparelhos móveis, os níveis 
de radiação nas áreas restritas, isto é, onde trabalham os funcionários do IPEN, o fechamento de sacos 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
contendo rejeitos radioativos, a monitoração desses rejeitos e, ainda, a descontaminação de pessoas ou 
coisas, quando verificada tal ocorrência. 
João trabalha 8h por dia, em uma jornada de 40h semanais. 
Determinado dia, um advogado amigo de João comentou que ele, por ser servidor público federal que 
trabalha com atividade radioativa deveria ter uma jornada semanal de, no máximo, 24 horas. 
 
A informação dada pelo amigo de João é correta? 
SIM. Existe uma Lei federal que garante este direito. Trata-se da Lei nº 1.234/50, que, apesar de antiga, 
continua em vigor. Confira o que ela prevê: 
Art. 1º Todos os servidores da União, civis e militares, e os empregados de entidades paraestatais de 
natureza autárquica, que operam diretamente com Raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de 
irradiação, terão direito a: 
a) regime máximo de vinte e quatro horas semanais de trabalho; 
b) férias de vinte dias consecutivos, por semestre de atividade profissional, não acumuláveis; 
c) gratificação adicional de 40% (quarenta por cento) do vencimento. 
 
A União defende que esse art. 1º somente se aplica para servidores que trabalham na área da saúde, o 
que não é o caso de João. Este argumento é aceito pela jurisprudência? 
NÃO. A alegação de que a jornada reduzida deve ser restrita a uma determinada categoria profissional não 
é aceita pela jurisprudência. O objetivo da lei é o de proteger a saúde dos servidores que operam 
diretamente com Raios X e substâncias radioativas, de forma habitual e permanente, independentemente 
da qualificação profissional. 
 
Essa Lei nº 1.234/50 foi revogada pela Lei nº 8.112/90? 
NÃO. O art. 19 da Lei nº 8.112/90 prevê que "os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão 
das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de 
quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, 
respectivamente." 
Contudo, o § 2º do mesmo art. 19 afirma que essa regra acima explicada não se aplica para servidores 
públicos federais que são regidos por legislação específica. Confira: "O disposto neste artigo não se aplica a 
duração de trabalho estabelecida em leis especiais". 
Os servidores federais que trabalham com Raios X e substâncias radioativas estão regidos pela Lei nº 
1.234/50, razão pela qual estão abrangidos pela ressalva feita pelo § 2º do art. 19 da Lei nº 8.112/90. 
Conclui-se, portanto, que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, pois esta mesma 
excepciona as hipóteses estabelecidas em leis especiais (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1117692/RJ, Rel. 
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/09/2015).Resumindo: 
Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da União, civis e militares, e os 
empregados de entidades paraestatais de natureza autárquica que operam, de forma habitual, 
diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, têm o direito à 
redução da duração máxima da jornada de trabalho de 40 para 24 horas semanais prevista no art. 1º da 
Lei nº 1.234/50. 
Vale ressaltar que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, pois esta mesma excepciona 
as hipóteses estabelecidas em leis especiais. 
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
PROCESSO ADMINISTRATIVO 
Prazo para o TCU exigir comprovação de regular aplicação de verbas federais 
por meio de tomada de contas especial 
 
É de cinco anos o prazo para o TCU, por meio de tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92), 
exigir do ex-gestor público municipal a comprovação da regular aplicação de verbas federais 
repassadas ao respectivo Município. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.480.350-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Em 2000, o Município "XX" celebrou convênio com o Ministério da Saúde por meio do qual recebeu 
determinada verba federal com o objetivo de aplicar a quantia na saúde local. 
Em 2012, o Tribunal de Contas da União instaurou procedimento de tomada de contas especial para 
fiscalizar o convênio e, ao final, concluiu que João, prefeito do Município à época, responsável pelo pacto, 
não comprovou que destinou corretamente as verbas federais, razão pela qual aplicou multa ao 
administrador, além de determinar que ele faça o ressarcimento da verba pública. 
O administrador ingressou com ação judicial a fim de anular o acórdão do TCU alegando que já havia 
passado o prazo para que o Tribunal realizasse a tomada de contas. 
 
A tese do administrador público foi aceita pelo STJ? O TCU possui um prazo máximo para instaurar 
tomada de contas especial contra o administrador público exigindo dele comprovação da regular 
aplicação das verbas federais repassadas? 
SIM. 
 
É de cinco anos o prazo para o TCU, por meio de tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92), exigir do 
ex-gestor público municipal a comprovação da regular aplicação de verbas federais repassadas ao 
respectivo Município. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.480.350-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Quando o TCU instaura procedimento para fiscalizar a correta aplicação de recursos de um convênio, o 
ônus de provar o adequado e regular emprego das verbas públicas é do imputado, ou seja, do 
administrador público responsável pela utilização dos valores repassados pela União. 
 
Assim, caso o administrador não consiga provar a adequada aplicação dos recursos públicos, isso gera uma 
presunção de que houve prejuízo ao erário e, consequentemente, o TCU aplica multa ao gestor falho ou 
faltoso, além de determinar a imputação do débito (ressarcimento dos valores). 
 
Justamente por isso, deve-se entender que o TCU possui um prazo para instaurar a referida fiscalização 
(tomada de contas). Isso porque como o ônus da regularidade é do ex-gestor público, não é razoável que 
ele permaneça obrigado a provar que aplicou adequadamente verbas públicas mesmo após longos anos. 
Caso isso fosse exigido dele, haveria flagrante vulneração dos princípios da segurança jurídica e da ampla 
defesa, bases do ordenamento jurídico, afinal, é notória a instabilidade jurídica e a dificuldade, ou mesmo 
impossibilidade, de produção de provas após o decurso de muito tempo. 
 
Quando o § 5º do art. 37 da CF/88 fala que as ações de ressarcimento por prejuízo ao erário são 
imprescritíveis, ele está se referindo apenas a ações judiciais, ou seja, propostas perante o Poder 
Judiciário. Isso porque nas ações judiciais, o autor é quem tem o ônus de provar o alegado prejuízo e a 
responsabilidade do causador. Logo, a situação torna-se menos gravosa ao ex-administrador público. 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Assim, a exceção constitucional à regra da prescritibilidade pressupõe o exercício da jurisdição e a efetiva 
prova do prejuízo ao erário e da responsabilidade do seu causador, ônus de quem pleiteia. Caso contrário, 
admitir-se-ia Estado de Exceção, em que qualquer ex-gestor público demandado pelo TCU, em tomada de 
contas especial, estaria obrigado a provar, a qualquer tempo, mesmo que decorridas décadas, a adequada 
aplicação de verbas federais repassadas, independentemente da comprovação de efetivo prejuízo ao 
erário. 
 
A Lei nº 8.443/92 (Lei Orgânica do TCU) não estabelece prazo para que o Tribunal de Contas realize a 
tomada de contas especial. Diante disso, é necessário se valer da analogia como recurso de integração 
legislativa, conforme permissivo do art. 4º da LINDB, para o fim de aferir o prazo para o agir da 
Administração. 
 
Utilizando, portanto, este raciocínio, deve-se adotar o prazo de 5 anos, aplicando-se, por analogia, o 
mesmo prazo previsto em diversos dispositivos, como o art. 1º do Decreto nº 20.910/1932, arts. 173 e 174 
do CTN, art. 142 da Lei nº 8.112/90, art. 54 da Lei nº 9.784/1999, art. 23 da Lei nº 8.429/92, art. 13, § 1º, 
da Lei nº 9.847/99, art. 1º da Lei nº 6.838/80, e, em especial, do art. 1º da Lei nº 9.873/99. 
 
Percebe-se, da análise desses dispositivos, que o prazo máximo de cinco anos é uma constante para as 
hipóteses de decadência ou prescrição nas relações com o Poder Público, seja por meio de regra geral, 
quando está no polo passivo da relação, seja por meio de inúmeras regras específicas, quando está no 
polo ativo da relação jurídica. 
 
Dessa forma, a tomada de contas especial está sujeita ao prazo decadencial de 5 anos, limite temporal 
para que qualquer irregularidade nas contas gere presunção de prejuízo ao erário e importe na imputação 
do débito e multa ao responsável. Expirado esse prazo, ressalva-se a via judicial para eventual ação de 
ressarcimento, esta imprescritível, oportunidade em que deverá ser provado o efetivo prejuízo ao erário e 
a responsabilidade do acionado. 
 
 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
Inaplicabilidade das sanções por ato de improbidade administrativa abaixo do mínimo legal 
 
No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de 
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios não podem ser fixadas abaixo de 3 anos, considerando que este é o mínimo previsto 
no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. 
Não existe autorização na lei para estipular sanções abaixo desse patamar. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
O Ministério Público ajuizou ação de improbidade administrativa contra João com fundamento no art. 11, 
VI, da Lei nº 8.429/92. 
O juiz julgou a ação procedente e condenou João, aplicando-lhe as seguintes sanções: 
a) Ressarcimento integral do dano; 
b) Suspensão de direitos políticos por 3 anos; 
c) Pagamento de multa civil correspondente a 2 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente; e 
d) Proibição de contratar com o Poder Publico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, 
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo 
prazo de 3 anos. 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
 
As punições foram impostas com base no art. 12da Lei de Improbidade. Confira: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, 
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas 
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
(...) 
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão 
dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da 
remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios 
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. 
 
O condenado interpôs apelação contra a sentença e o Tribunal de Justiça deu parcial provimento ao 
recurso apenas para o fim de reduzir as sanções impostas nas letras "b" e "d". O TJ fixou o seguinte: 
a) (...) 
b) Suspensão de direitos políticos por 2 anos; 
c) (...) 
d) Proibição de contratar com o Poder Publico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, 
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo 
prazo de 2 anos. 
 
Agiu corretamente o Tribunal? 
NÃO. 
 
No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de proibição de 
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser 
fixadas abaixo de 3 anos, considerando que este é o mínimo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
O art. 12 prevê as sanções que são aplicáveis para os casos de improbidade administrativa. 
Para cada ato de improbidade praticado, o legislador fixou um conjunto de penalidades. 
 Se praticou o art. 9º, incide nas punições do inciso I do art. 12. 
 Se cometeu o art. 10, responde pelo inciso II. 
 Se incorreu no art. 11, deverá receber as sanções do inciso III. 
 
No caso do inciso III, a lei prevê a "suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos" e a proibição de 
contratar "pelo prazo de três anos". Logo, não é possível que o julgador estipule prazos menores que os 
fixados na lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
DIREITO CIVIL 
 
FIANÇA 
Termo inicial do prazo para herdeiro pleitear anulação de fiança 
 
O prazo decadencial para herdeiro do cônjuge prejudicado pleitear a anulação da fiança 
firmada sem a devida outorga conjugal é de dois anos, contado a partir do falecimento do 
consorte que não concordou com a referida garantia. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.273.639-SP, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2016 (Info 581). 
 
O que é fiança? 
Fiança é um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de “fiadora”) assume o compromisso 
junto ao credor de que irá satisfazer a obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (art. 818 
do Código Civil). 
Logo, João, ao assinar o contrato na condição de fiador, forneceu ao banco uma garantia pessoal (uma 
caução fidejussória): “se a empresa JJ não pagar o que deve, pode cobrar a dívida de mim”. 
 
Outorga uxória 
Se a pessoa for casada, em regra, ela somente poderá ser fiadora se o cônjuge concordar. 
Essa concordância, que é chamada de “outorga uxória/marital”, não é necessária se a pessoa for casada 
sob o regime da separação absoluta. 
Tal regra encontra-se prevista no art. 1.647, III, do CC: 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, 
exceto no regime da separação absoluta: 
(...) 
III — prestar fiança ou aval; 
 
Se o cônjuge negar essa autorização sem motivo justo, a pessoa poderá pedir ao juiz que supra a outorga, ou 
seja, o magistrado poderá autorizar que a fiança seja prestada mesmo sem o consentimento (art. 1.648). 
 
Sobre o tema, existe um enunciado do STJ: 
Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da 
garantia. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
João e Maria são casados sob o regime da comunhão parcial de bens. 
Determinado dia, João assinou contrato aceitando ser fiador de Pedro (seu irmão) em uma locação por 
prazo indeterminado. 
Vale ressaltar que João chegou a comentar com Maria sobre o contrato, mas ela se recusou a assinar a 
autorização prevista no art. 1.647, III, do CC, já que não gostava nada do cunhado. Diante disso, João não 
contou para o locador que era casado e assinou sozinho o contrato como fiador. 
3 anos depois deste fato, Maria morreu. 
As desgraças não pararam na vida de João e ele recebeu em casa a citação de uma execução movida pelo 
locador do imóvel contra ele. Isso porque Pedro, seu irmão, deixou de pagar os alugueis e o proprietário 
está cobrando a dívida do fiador. 
Na execução, o juiz determinou a penhora da casa em que mora João. 
Desesperado, ele procura um advogado para fazer a sua defesa. 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
O advogado prepara embargos à execução, onde alega que a casa de João é bem de família e que, por 
isso, não pode ser penhorada. Esse argumento será aceito pelo magistrado? 
NÃO. A impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes do 
contrato de locação. Veja o que diz a Lei nº 8.009/90: 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, 
trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: 
(...) 
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
 
O STF decidiu que o art. 3º, VII, da Lei n. 8.009/90 é constitucional, não violando o direito à moradia (art. 
6º da CF/88) nem qualquer outro dispositivo da CF/88 (STF. 1ª Turma. RE 495105 AgR, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 05/11/2013). 
 
O STJ possui um enunciado sobre o tema: 
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. 
 
O executado alega também que a fiança concedida não é válida. Isso porque não houve autorização do 
cônjuge do fiador (no caso, Maria). Essa alegação feita pelo fiador pode ser acolhida pelo juiz? 
NÃO. O fiador não tem legitimidade para arguir essa nulidade. Veja o que diz o Código Civil: 
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem 
suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus 
herdeiros. 
 
Confira o entendimento jurisprudencial sobre o tema: 
(...) A jurisprudência do STJ é no sentido de que a nulidade da fiança só pode ser demandada pelo cônjuge 
que não a subscreveu ou por seus respectivos herdeiros. (...) 
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1232895/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/08/2015. 
 
Assim, João não poderá alegar a invalidade da fiança outorgada, considerando que se isso fosse aceito 
haveria a ocorrência do chamado venire contra factum proprium (proibição de comportamento 
contraditório), sendo uma forma de abuso de direito. 
 
Foi, então, que Lucas, filho de João, que está estudando para concurso público, teve uma ideia: ele, 
enquanto filho de Maria, poderia ingressar com ação objetivando anular o contrato de fiança por falta 
de consentimento. A ideia de Lucas é boa? Esta ação tem chance de êxito? 
SIM. O herdeiro do cônjuge prejudicado pode pleitear a anulação da fiança concedida sem a devida 
outorga conjugal. Essa possibilidade está prevista expressamente no art. 1.650 do CC acima transcrito.Dessa forma, Lucas, sendo herdeiro de Maria (esposa que não concedeu a outorga), possui legitimidade 
para buscar a anulação da fiança. 
 
Qual é o prazo para a propositura dessa ação? 
2 anos. 
 
Neste caso, já se passaram 3 anos da assinatura da fiança... 
Não interessa. O prazo de 2 anos não é contado da assinatura do contrato, mas sim do fim da sociedade 
conjugal, conforme preconiza o art. 1.649 do CC: 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o 
ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a 
sociedade conjugal. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Em nosso exemplo, a sociedade conjugal terminou com a morte de Maria. Logo, a partir desta data é que 
se conta o prazo de 2 anos para ajuizamento da ação anulatória. 
 
Em suma: 
O prazo decadencial para herdeiro do cônjuge prejudicado pleitear a anulação da fiança firmada sem a 
devida outorga conjugal é de dois anos, contado a partir do falecimento do consorte que não concordou 
com a referida garantia. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.273.639-SP, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2016 (Info 581). 
 
 
 
REGIME DE BENS 
Comunhão parcial e inexistência de meação de valores do FGTS depositados antes do casamento 
 
Importante!!! 
Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão parcial de bens, não 
deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados em conta 
vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do casamento e que tenham sido 
utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da relação conjugal. 
Ao contrário, deve ser reconhecido o direito à meação dos valores do FGTS auferidos 
DURANTE a constância do casamento, ainda que o saque daqueles valores não seja realizado 
imediatamente à separação do casal. 
Os proventos do trabalho recebidos, por um ou outro cônjuge, na vigência do casamento, 
compõem o patrimônio comum do casal, a ser partilhado na separação, tendo em vista a 
formação de sociedade de fato, configurada pelo esforço comum dos cônjuges, 
independentemente de ser financeira a contribuição de um dos consortes e do outro não. 
A incomunicabilidade prevista no inciso VI do art. 1.659 do CC somente ocorre quando os 
valores são percebidos em momento anterior ou posterior ao casamento. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 9/3/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Eduardo e Mônica casaram-se, em 2013, sob o regime da comunhão parcial de bens. 
Um mês depois do casamento decidiram comprar um apartamento que custava R$ 200 mil. 
Para tanto, Eduardo utilizou o dinheiro do seu FGTS e pagou R$ 30 mil à construtora. 
Mônica também se valeu de seu FGTS e pagou R$ 70 mil. 
Os R$ 100 mil restantes foram doados pelo pai de Mônica, que transferiu para a conta da construtora. 
Ocorre que o casamento não deu certo e, em 2014, o casal decidiu se divorciar. 
Surgiu, então, uma disputa entre os dois para saber como iriam dividir o apartamento. 
O advogado de Eduardo sustentava que eles deveriam vendê-lo por R$ 200 mil e dividir o dinheiro 
igualmente, metade para cada um, considerando que se trata de regime da comunhão parcial de bens. 
A advogada de Mônica, por sua, vez, concordava em vender, mas afirmava que Eduardo teria direito de 
receber de volta apenas 15% do valor da casa (R$ 30 mil), quantia com o qual ele contribuiu para a 
aquisição. Os demais 85% (R$ 170 mil pertenceriam à esposa já que R$ 100 mil foi doado pelo pai dela e 
R$ 70 mil veio do seu FGTS). 
Vamos entender com calma este interessante e complicado caso. 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Como funciona o regime da comunhão parcial? 
O regime da comunhão parcial é tratado pelos arts. 1.658 a 1.666 do CC. 
Nessa espécie de regime, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, 
com exceção dos casos previstos no Código Civil. 
Dito de outro modo, os bens adquiridos durante a união passam a ser de ambos os cônjuges, salvo em 
algumas situações que o Código Civil determina a incomunicabilidade. Veja o que diz a Lei: 
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na 
constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. 
 
O art. 1.660 lista bens que, se adquiridos durante o casamento, pertencem ao casal: 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
I — os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos 
cônjuges; 
II — os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; 
III — os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; 
IV — as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V — os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do 
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
 
O art. 1.659, por sua vez, elenca aquilo que é excluído da comunhão: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I — os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por 
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II — os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos 
bens particulares; 
III — as obrigações anteriores ao casamento; 
IV — as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
V — os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI — os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII — as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
 
Se alguém faz doação em favor de um casal casado sob o regime da comunhão parcial de bens, a coisa 
ou o valor doado deve entrar na meação? Em outras palavras, esse bem doado deverá ser dividido 
igualmente entre os cônjuges caso eles decidam se divorciar? 
SIM. Isso está previsto expressamente no inciso III do art. 1.660, acima visto: 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
III — os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; 
 
No caso concreto, Eduardo alegou que, como o pai de Mônica não especificou para quem estava doando 
o dinheiro, presume-se que foi um presente para o casal. Essa tese foi aceita pelo STJ? Os R$ 100 mil 
doados pelo pai de Mônica devem se comunicar? No momento do divórcio, tanto Eduardo como Mônica 
terão direito à metade desse valor cada um? 
NÃO. No caso concreto, o valor doado pelo pai de Mônica não se comunica e não deve ser partilhado no 
momento do divórcio. Isso porque não existe qualquer prova de que essa doação tenha sido feita em favor 
em ambos os cônjuges. 
Ressalte-se que a doação foi feita sem nenhuma formalidade nem indicação de quem seria o beneficiário. 
Diante disso, presume-se que o pai tenha querido beneficiar apenas a filha, sua herdeira. Para que se 
considerasse que a doação foi para o casal, isso deveria ter sido dito de forma expressa. Veja precedente 
do STJ parecido com o caso concreto: 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Se o bem for doado para um dos cônjuges, em um casamento regido pela comunhão parcial dos bens, a 
regra é que esse bem pertence apenas ao cônjuge que recebeu a doação. Em outras palavras, esse bem 
doado não se comunica, não passa a integrar os bens do casal. 
Em um regime de comunhão parcial, o bem doado somente se comunica se, no ato de doação, ficar 
expressa a afirmação de que a doação é para o casal. 
Logo, em caso de silêncio no ato de doação, deve-se interpretar que esseato de liberalidade ocorreu em 
favor apenas do donatário (um dos cônjuges). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1318599/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2013 (Info 523). 
 
Dessa forma, os R$ 100 mil doados pelo pai de Mônica deverão ficar com ela no momento do divórcio, já que 
não se comunicaram por não ter sido uma doação em favor de ambos os cônjuges (art. 1.660, III, do CC). 
 
Parte do imóvel adquirida com recursos do FGTS 
Eduardo argumentou também que o valor do FGTS, a partir do momento que foi utilizado para a aquisição 
do imóvel, passou a integrar o patrimônio comum do casal. Dessa forma, sustentou que, por isso, 
deveriam ser somadas as quantias de FGTS disponibilizadas por cada um dos cônjuges (30 dele e 70 dela) e 
divididas em partes iguais (50% para cada um). 
Mônica refutou a alegação, afirmando que esse saldo de FGTS utilizado para a compra foi constituído 
antes do casamento, ou seja, refere-se a períodos trabalhados pelos dois antes de se casarem. Em outras 
palavras, antes de se casarem, cada um deles trabalhou e os respectivos empregadores depositaram as 
quantias no FGTS. Por mais que eles tenham utilizado só depois do matrimônio, são relacionados a 
período pretérito. 
 
Qual das duas teses foi acolhida pelo STJ? 
A de Mônica. 
 
Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão parcial de bens, não deve ser 
reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados em conta vinculada ao FGTS em 
datas anteriores à constância do casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo 
casal durante a vigência da relação conjugal. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 9/3/2016 (Info 581). 
 
O que é FGTS? Qual é a sua natureza jurídica? 
FGTS é a sigla para Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 
O FGTS foi criado pela Lei n.º 5.107/66 com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa. 
Atualmente, o FGTS é regido pela Lei n.º 8.036/90. 
O FGTS nada mais é do que uma conta bancária aberta em nome do trabalhador e vinculada a ele no 
momento em que celebra seu primeiro contrato de trabalho. 
Nessa conta bancária, o empregador deposita todos os meses o valor equivalente a 8% do salário pago ao 
empregado, acrescido de juros e atualização monetária (conhecidos pela sigla “JAM”). 
Assim, vai sendo formado um fundo de reserva financeira para o trabalhador, ou seja, uma espécie de 
“poupança”, que é utilizada pelo obreiro quando fica desempregado sem justa causa ou quando precisa 
para alguma finalidade relevante, assim considerada pela lei. 
Se o empregado for demitido sem justa causa, o empregador é obrigado a depositar, na conta vinculada 
do trabalhador, uma indenização compensatória de 40% do montante de todos os depósitos realizados na 
conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos 
respectivos juros (art. 18, § 1º da Lei nº 8.036/90). 
O trabalhador que possui conta do FGTS vinculada a seu nome é chamado de trabalhador participante do 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 
O FGTS possui natureza jurídica de direito social do trabalhador, sendo considerado, portanto, fruto civil 
do trabalho (STJ. 3ª Turma. REsp 848.660/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 13/05/2011). 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
 
Por que interessa saber que o FGTS tem natureza jurídica de "direito trabalhista" (fruto civil do trabalho)? 
Porque o inciso VI do art. 1.659 do CC prevê que ficam excluídos da comunhão os valores auferidos com o 
trabalho pessoal de cada cônjuge. Veja: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
VI — os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
 
Obs: a palavra "proventos" está empregada neste inciso com o significado de vantagem financeira, ganho, 
proveito, lucro etc. 
Dessa forma, sendo o FGTS uma vantagem financeira decorrente do trabalho pessoal de cada cônjuge, ele 
se enquadra neste inciso VI do art. 1.659 do CC. 
 
Os proventos (ganhos) decorrentes do trabalho pessoal do cônjuge estão sempre fora da comunhão? 
Este inciso é interpretado de forma literal e absoluta? 
NÃO. O STJ mitiga a redação literal desse inciso. 
Apesar da determinação expressa do Código Civil no sentido da incomunicabilidade, o STJ entende que 
não se deve excluir da comunhão os proventos do trabalho recebidos na constância do casamento, sob 
pena de se desvirtuar a própria natureza do regime. A comunhão parcial de bens funda-se na noção de 
que devem formar o patrimônio comum os bens adquiridos onerosamente na vigência do casamento. Os 
salários e demais ganhos decorrentes do trabalho constituem-se em bens adquiridos onerosamente 
durante o casamento. Pela lógica, devem se comunicar. 
 
Essa é também a opinião da doutrina: 
"(...) Não há como excluir da universalidade dos bens comuns os proventos do trabalho pessoal de cada 
cônjuge (CC, art. 1.659, VI). Ora, se os ganhos do trabalho não se comunicam, nem se dividem pensões e 
rendimentos outros de igual natureza, praticamente tudo é incomunicável, pois a maioria das pessoas vive 
de seu trabalho. O fruto da atividade laborativa dos cônjuges não pode ser considerado incomunicável, e 
isso em qualquer dos regimes de bens, sob pena de aniquilar-se o regime patrimonial, tanto no casamento 
como na união estável, porquanto nesta também vigora o regime da comunhão parcial (CC, art. 1.725). (...) 
De regra, é do esforço pessoal de cada um que advêm os créditos, as sobras e economias para a aquisição 
dos bens conjugais. (...) (DIAS, Maria Berenice. Regime de bens e algumas absurdas incomunicabilidades. 
Disponível em: www.mariaberenice.com.br) 
 
Assim, o entendimento atual do STJ é o de que: 
Os proventos do trabalho recebidos, por um ou outro cônjuge, na vigência do casamento, compõem o 
patrimônio comum do casal, a ser partilhado na separação, tendo em vista a formação de sociedade de 
fato, configurada pelo esforço comum dos cônjuges, independentemente de ser financeira a 
contribuição de um dos consortes e do outro não. 
A incomunicabilidade prevista no inciso VI do art. 1.659 do CC somente ocorre quando os valores são 
percebidos em momento anterior ou posterior ao casamento. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 9/3/2016 (Info 581). 
 
Resumindo o entendimento do STJ quanto ao inciso VI do art. 1.659: 
 Se os proventos do trabalho foram adquiridos ANTES ou DEPOIS do casamento: não se comunicam. Os 
valores pertencerão ao patrimônio particular de quem tem o direito a seu recebimento. 
 Se os proventos do trabalho foram adquiridos DURANTE o casamento: comunicam-se. 
 
No caso concreto, contudo, o FGTS de Eduardo e Mônica não se comunicaram porque eles eram 
referentes a períodos de trabalho laborados antes do casamento. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
 
PATERNIDADE 
Reconhecimento de paternidade socioafetiva post mortem 
 
Importante!!! 
É possível o reconhecimento da paternidade socioafetiva post mortem, ou seja, mesmo após a 
morte do suposto pai socioafetivo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.500.999-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João conheceu Maria e, depois de algum tempo de namoro, decidiram se casar. 
Vale ressaltar que Maria, quando se casou com João, já era mãe de Pedro, fruto de um relacionamento 
anterior que teve. 
Mesmo sendo filho biológico e registral de outro homem, João tratava Pedro como se ele fosse seu filho. 
Aliás, perante a sociedade, o trabalho, os amigos, a escola etc., João sempre apresentava Pedro como seu 
filho, sem qualquer distinção. 
Depois dealgum tempo, João e Maria tiveram um filho em comum: Ricardo. 
Mesmo após o nascimento de Ricardo, João continuava tratando Pedro com o mesmo amor de pai. 
Passaram-se 30 anos nesta situação e, infelizmente, Maria veio a falecer. 
Muito triste com a morte de sua esposa, João também morreu cerca de 3 meses depois. 
Aí é que os problemas começaram. 
João era muito rico e possuía vários bens em seu nome. Ricardo, seu filho biológico e registral, afirmou 
que Pedro não tinha direito a nada e pretendeu ficar com a herança inteira para si. 
 
O que Pedro poderá fazer neste caso para resguardar seus direitos? 
Pedro poderá ajuizar uma ação declaratória pedindo que se reconheça que havia entre ele e João uma 
relação de paternidade socioafetiva, ou seja, que o falecido era seu pai socioafetivo. 
 
Segundo decidiu o STJ: 
É possível o reconhecimento da paternidade socioafetiva post mortem, ou seja, mesmo após a morte do 
suposto pai socioafetivo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.500.999-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/4/2016 (Info 581). 
 
Essa ação deverá ser proposta contra Ricardo, o único herdeiro de João e que será afetado juridicamente 
caso o pedido seja julgado procedente. 
Na ação, deverão ser juntadas fotos, bilhetes, vídeos de celular, posts do Facebook e quaisquer outros 
documentos que provem a relação de afeto como pai e filho. Poderão também ser arroladas testemunhas. 
 
A paternidade socioafetiva é protegida pelo ordenamento jurídico? 
SIM. A socioafetividade é contemplada pelo art. 1.593 do Código Civil, que prevê: 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. 
 
Ao falar em "outra origem", o legislador permite que a paternidade seja reconhecida com base em outras 
fontes que não apenas a relação de sangue. Logo, permite a paternidade com fundamento no afeto. 
Assim, a paternidade socioafetiva é uma forma de parentesco civil. Nesse sentido, confira o Enunciado nº 
256 da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: 
Enunciado 256-CJF: A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de 
parentesco civil. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
Quais são os requisitos para que se reconheça a filiação socioafetiva? 
Para que seja reconhecida a filiação socioafetiva, é necessário que fiquem demonstradas duas 
circunstâncias bem definidas: 
a) vontade clara e inequívoca do apontado pai ou mãe socioafetivo de ser reconhecido(a), voluntária e 
juridicamente, como tal (demonstração de carinho, afeto, amor); e 
b) configuração da denominada “posse de estado de filho”, compreendida pela doutrina como a presença 
(não concomitante) de tractatus (tratamento, de parte à parte, como pai/mãe e filho); nomen (a pessoa 
traz consigo o nome do apontado pai/mãe); e fama (reconhecimento pela família e pela comunidade de 
relação de filiação), que naturalmente deve apresentar-se de forma sólida e duradoura. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.328.380-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/10/2014 (Info 552). 
 
Existe algum dispositivo legal que pode ser invocado ao caso? 
Pode ser aplicado, por analogia, o raciocínio previsto no art. 42, § 6º do ECA: 
Art. 42 (...) 
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a 
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. 
 
Vale ressaltar que o STJ adota uma interpretação ampliativa desse dispositivo e afirma que em situações 
nas quais ficar amplamente demonstrada a inequívoca vontade de adotar, é possível o deferimento da 
adoção póstuma mesmo que o adotante não tenha dado início ao processo formal para tanto (STJ. 3ª 
Turma. REsp 1.326.728/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/8/2013). 
 
Dessa forma, ainda que o pai, em vida, não tenha formalizado o processo de adoção do filho, isso pode ser 
reconhecido se ficar provado que havia entre eles uma ligação de paternidade socioafetiva. 
 
Existe uma relação direta entre a possibilidade de adoção post mortem com a filiação socioafetiva, 
conforme já reconheceu o STJ: 
(...) Para as adoções post mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em 
adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva: o tratamento do menor como se filho 
fosse e o conhecimento público dessa condição. (...) (STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.415/RS, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 19/06/2012). 
 
Tal entendimento consagra a ideia de que o parentesco civil não advém exclusivamente da origem 
consanguínea, podendo florescer da socioafetividade, o que não é vedado pela legislação pátria, e, 
portanto, plenamente possível no ordenamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
PROTEÇÃO CONTRATUAL 
Necessidade de filiação à entidade aberta de previdência para contratar empréstimo 
 
É possível impor ao consumidor sua prévia filiação à entidade aberta de previdência 
complementar como condição para contratar com ela empréstimo financeiro. 
STJ. 4ª Turma. REsp 861.830-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa "XX" é uma entidade de previdência complementar aberta. 
João soube que a empresa "XX" realizava empréstimos com juros atrativos. 
Diante disso, procurou a entidade e pediu informações sobre o mútuo. 
O funcionário da entidade explicou que a entidade somente concederia empréstimo a João caso ele se 
filiasse a um dos planos da entidade de previdência. 
João achou aquilo um absurdo e avisou que iria "denunciar" a empresa ao PROCON, considerando que isso 
seria uma forma de venda casada, o que é proibido pelo art. 39, I, do Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, 
bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; 
 
O CDC é aplicável para as entidades de previdência complementar? 
Depende: 
 Para as abertas: SIM. 
 Para as fechadas: NÃO. 
 
Súmula 563-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência 
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. 
 
No exemplo acima dado, a prévia necessidade de filiação para concessão de empréstimo caracteriza 
"venda casada"? Esta prática é abusiva? 
NÃO. 
 
É possível impor ao consumidor sua prévia filiação à entidade aberta de previdência complementar 
como condição para contratar com ela empréstimo financeiro. 
STJ. 4ª Turma. REsp 861.830-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
As entidades abertas são empresas privadas constituídas sob a forma de sociedade anônima, que 
oferecem planos de previdência privada que podem ser contratados por qualquer pessoa física ou jurídica. 
 
As entidades abertas de previdência complementar não têm como finalidade institucional a operação 
como instituição bancária. Assim, a concessão de empréstimos não é a sua atividade primordial. 
 
Segundo o parágrafo único do art. 71 da LC 109/2001, as entidades de previdência privada abertas podem 
realizar operações financeiras apenas com seus patrocinadores, participantes e assistidos. 
 
Dessa forma, a entidade de previdência, ao exigir que o consumidor, antes de realizar o empréstimo, 
fizesse um plano de previdência complementar, não praticou qualquer ato ilícito, considerando que tais 
entidades somente podem realizar este tipo de operação com seus patrocinadores, filiados e assistidos. 
Logo, sem essa prévia filiação, a entidade estaria impedida de conceder oempréstimo. 
 
Assim, não existiu a chamada "venda casada" de que trata o art. 39, I, do CDC. O que houve foi a exigência 
de uma providência que é imposta por lei. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
 
PLANO DE SAÚDE 
Cláusula de remissão de plano de saúde 
 
O companheiro faz jus à cobertura de cláusula de remissão por morte de titular de plano de 
saúde na hipótese em que a referida disposição contratual faça referência a cônjuge, sendo 
omissa quanto a companheiro. 
Após o transcurso do período previsto na cláusula de remissão, o dependente já inscrito pode 
assumir, nos mesmos moldes e custos avençados, a titularidade do plano, voltando a pagar as 
mensalidades. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.457.254-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/4/2016 (Info 581). 
 
Remissão por morte do titular nos contratos de plano de saúde 
Remissão é uma cláusula prevista em alguns planos de saúde segundo a qual se o titular do plano falecer, 
os seus dependentes continuarão tendo direito aos serviços de saúde oferecidos pelo plano por um 
determinado período (que varia entre 1 a 5 anos), sem pagar mensalidades durante este tempo. 
O objetivo desta cláusula é o de proteger o núcleo familiar do titular falecido, que dele dependia 
economicamente, assegurando, para isso, por certo período, a assistência médica e hospitalar a fim de 
evitar o desamparo abrupto. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
João era titular do plano Bradesco Saúde S/A. 
No contrato assinado havia uma cláusula de remissão prevendo: 
"Cláusula 14. Em caso de falecimento do Segurado titular, o cônjuge e os filhos participantes como 
dependentes da apólice ficam isentos do pagamento de mensalidades pelo período de até 1 ano. 
14.1 Para os efeitos desta Cláusula, consideram-se dependentes, exclusivamente, o cônjuge, os filhos 
solteiros de até 24 anos e os filhos inválidos de qualquer idade." 
João vivia em união estável com Maria há muitos anos. Ele faleceu e Maria tentou obter os serviços de 
saúde, mas o plano negou atendimento afirmando que a cláusula de remissão somente protege o cônjuge 
(vínculo de casamento), não abrangendo companheiros (união estável). 
Irresignada, Maria buscou auxílio junto ao Poder Judiciário e propôs ação contra o plano. 
 
O pleito de Maria encontrou amparo no STJ? Ela terá direito à cláusula de remissão mesmo sendo 
companheira e o contrato prevendo o benefício apenas para cônjuges? 
SIM. 
 
O companheiro faz jus à cobertura de cláusula de remissão por morte de titular de plano de saúde na 
hipótese em que a referida disposição contratual faça referência a cônjuge, sendo omissa quanto a 
companheiro. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.457.254-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/4/2016 (Info 581). 
 
Embora a cláusula de remissão de plano de saúde se refira expressamente ao cônjuge como dependente, 
sendo omissa quanto à figura do companheiro, não deve haver distinção sobre esse direito, diante da 
semelhança de papéis e do reconhecimento da união estável como entidade familiar promovido pela 
própria CF/88 (art. 226, § 3º, da CF/88). 
Desse modo, havendo a equiparação de companheiro e de cônjuge para fins de qualificação como 
dependente em plano de saúde, deve ser estendido ao companheiro o direito à cobertura adicional de 
remissão por morte. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Após o término do período de remissão, o dependente poderá continuar com o plano? 
SIM. 
 
Após o transcurso do período previsto na cláusula de remissão, o dependente já inscrito pode assumir, 
nos mesmos moldes e custos avençados, a titularidade do plano, voltando a pagar as mensalidades. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.457.254-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/4/2016 (Info 581). 
 
Sobre o tema, a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS editou a Súmula Normativa nº 13/2010 
prevendo: "O término da remissão não extingue o contrato de plano familiar, sendo assegurado aos 
dependentes já inscritos o direito à manutenção das mesmas condições contratuais, com a assunção das 
obrigações decorrentes, para os contratos firmados a qualquer tempo." 
 
Essa orientação foi construída especialmente nos princípios constitucionais da igualdade, da dignidade da 
pessoa humana, da liberdade, da proteção da segurança jurídica e da proteção à entidade familiar, 
conjugados com o previsto no art. 3º, § 1º, da Resolução Normativa nº 195/2009 da ANS, com o fim de 
evitar o desamparo dos dependentes inscritos do titular falecido quanto à assistência médica e hospitalar. 
Assim, deve ser assegurado a dependente o direito de assumir a posição de titular de plano de saúde - 
saindo da condição de dependente inscrito - desde que arque com as obrigações decorrentes e sejam 
mantidas as mesmas condições contratuais, em virtude da ausência de extinção da avença, não sendo 
empecilho, para tanto, o gozo do período de remissão. 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
DUPLICATA 
Emissão de duplicata com base em mais de uma nota fiscal 
 
Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais parciais. 
Em outras palavras, uma única duplicata poderá abranger mais de uma nota fiscal. 
Não há proibição legal para que se somem vendas parceladas procedidas no curso de um 
determinado período (ex: um mês), e do montante se formule uma fatura única ao seu final. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.356.541-MG, Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
Conceito de duplicata 
Duplicata é... 
- um título de crédito 
- que consiste em uma ordem de pagamento emitida pelo próprio credor 
- por conta de mercadorias que ele vendeu ou de serviços que prestou 
- e que estão representados em uma fatura 
- devendo ser paga pelo comprador das mercadorias ou pelo tomador dos serviços. 
 
Título de crédito genuinamente brasileiro 
A duplicata foi criada pelo direito brasileiro. 
Atualmente, a duplicata é regulada pela Lei nº 5.474/68. 
Vale ressaltar, no entanto, que, além da Lei nº 5.474/68, aplicam-se, à duplicata e à triplicata, no que 
couber, os dispositivos da legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio (Lei 
Uniforme de Genebra). 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
Feitos estes esclarecimentos, imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa "AA" comprou da loja "BB" três produtos. 
A loja extraiu uma fatura dos produtos e emitiu uma duplicata mercantil dando uma ordem à empresa 
compradora para que ela pague o preço das mercadorias. 
A loja poderia ter emitido uma única nota fiscal dos três produtos. Isso, inclusive, é o mais comum de 
acontecer. No entanto, por inexperiência do gerente, que era novato, foram emitidas três notas fiscais, 
uma para cada produto. 
Vale ressaltar novamente que, apesar de terem sido emitidas três notas fiscais, foi extraída uma única 
fatura e uma só duplicata. 
A empresa "AA" acabou não pagando a duplicata e, em seguida, ajuizou ação ordinária contra a loja 
buscando a declaração de inexigibilidade e de nulidade da duplicata alegando que a soma das notas fiscais 
em uma única fatura e a emissão da duplicata correspondente foi um procedimento irregular. Em suma, o 
argumento da empresa é o de que a emissão de duplicata deve se referir a apenas uma nota fiscal. 
 
A tese da empresa foi acolhida pelo STJ? Houve irregularidade no fato de a duplicata se referir a mais de 
uma nota fiscal? 
NÃO. 
 
Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais parciais. 
Em outras palavras, uma única duplicata poderá abranger mais de uma nota fiscal. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.356.541-MG, Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/4/2016 (Info 581). 
 
O que é umanota fiscal? 
Nota fiscal é um "Documento fiscal a ser obrigatoriamente emitido por comerciantes e industriais, sempre 
que promoverem a saída de mercadorias ou a transmissão de sua propriedade." (LOPES DE SÁ, Antônio; 
LOPES DE SÁ, Ana Maria. Dicionário de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1994). 
A nota fiscal prova que houve a realização de um negócio jurídico sujeito à fiscalização tributária. Faz 
prova da entrada e saída de mercadorias de estabelecimentos empresariais, acompanhando a sua entrega 
aos destinatários. 
 
O que é a fatura? 
A fatura é um documento emitido pelo vendedor ou prestador de serviços no qual são discriminadas as 
mercadorias que foram vendidas ou os serviços prestados. Na fatura constam a descrição e os preços dos 
produtos vendidos ou do serviço prestado. 
Todas as vezes que for celebrado um contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no 
Brasil, com prazo não inferior a 30 dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o 
vendedor é obrigado a extrair uma fatura para apresentar ao comprador (art. 1º, da Lei nº 5.474/68). 
No caso de prestação de serviços (qualquer prazo) ou de compra e venda inferior a 30 dias, a emissão de 
fatura é facultativa. 
 
Duplicata e fatura são documentos diferentes 
A fatura não é título de crédito. O título é a duplicata, que é emitida a partir de uma fatura. A fatura 
apenas prova a existência do contrato. 
 
Fatura pode abranger mais de uma nota 
A duplicata só poder espelhar uma fatura, ou seja, para cada fatura, uma duplicata. 
No entanto, a fatura pode corresponder à soma de diversas notas parciais. 
A nota parcial é o documento representativo de uma venda parcial ou de venda realizada dentro do lapso 
de um mês, que poderá ser agrupada a outras vendas efetivadas nesse período pelo mesmo comprador. 
Não há proibição legal para que se somem vendas parceladas procedidas no curso de um determinado 
período (ex: um mês), e do montante se formule uma fatura única ao seu final. 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
COMPETÊNCIA 
Demanda em que se pede a obtenção de diploma de curso de ensino à distância negado por 
problemas de credenciamento da instituição de ensino superior junto ao MEC 
 
Súmula 570-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento de demanda em que se 
discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino 
superior no Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a 
distância aos estudantes. 
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 27/04/2016, DJe 02/05/2016. 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João cursava uma faculdade, na modalidade à distância, tendo concluído integralmente o curso e colado 
grau. Apesar disso, ele não consegue obter o diploma devidamente registrado, em virtude do fato de a 
instituição de ensino não estar credenciada pelo Ministério da Educação, órgão da União. 
João quer ajuizar uma ação para conseguir a entrega do diploma de conclusão do curso devidamente 
registrado e para receber indenização por danos morais em virtude dos transtornos que sofreu. 
 
Contra quem e em qual juízo deverá ser proposta esta demanda? 
Contra a instituição de ensino superior e contra a União, em litisconsórcio passivo, sendo demanda de 
competência da Justiça Federal. 
 
Credenciamento de cursos de ensino à distância é incumbência da União 
Conforme o art. 9º, IX e o art. 80, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.394/96, cabe à União credenciar e fiscalizar as 
instituições de ensino que oferecem programas de educação à distância: 
Art. 9º A União incumbir-se-á de: 
(...) 
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições 
de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. 
 
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, 
em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. 
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições 
especificamente credenciadas pela União. 
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a 
cursos de educação a distância. 
(...) 
 
Assim, se for proposta ação na qual se discuta a dificuldade do aluno de obter o diploma do curso à 
distância que realizou por causa da ausência/obstáculo de credenciamento da instituição particular junto 
ao MEC, haverá nítido interesse da União, que deverá compor a lide no polo passivo da demanda, já que é 
ela quem credencia as instituições. 
 
No STJ, este tema já havia sido pacificado por meio de recurso especial repetitivo: STJ. 1ª Seção. REsp 
1344771/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/04/2013. 
Existe também precedente do STF no mesmo sentido: STF. 2ª Turma. ARE 750186 AgR, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 24/06/2014. 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
 
E se João propusesse a ação pedindo unicamente a indenização por danos morais? 
Neste caso, a ação teria que ser proposta somente contra a instituição de ensino, e a competência seria da 
Justiça Estadual. Nesse sentido: 
(...) No caso em análise, não há interesse jurídico da União a ensejar o deslocamento do feito para a Justiça 
Federal, uma vez que a autora não pleiteou a emissão do diploma, somente a reparação dos supostos 
danos morais e materiais sofridos em decorrência da conduta da parte ré. (...) 
(STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1553120/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17/11/2015) 
 
Quadro-resumo (REsp 1344771/PR): 
De quem é a competência para julgar ações propostas contra instituição PRIVADA de ensino superior? 
AÇÃO COMPETÊNCIA 
Se a ação proposta for mandado de segurança Justiça Federal 
Ação (diferente do MS) discutindo questões privadas relacionadas ao contrato de 
prestação de serviços firmado entre a instituição de ensino e o aluno (exs: 
inadimplemento de mensalidade, cobrança de taxas etc.). 
Justiça Estadual 
Ação (diferente do MS) discutindo registro de diploma perante o órgão público 
competente ou o credenciamento da entidade perante o Ministério da Educação 
(obs: neste caso, a União deverá figurar na lide). 
Justiça Federal 
 
 
 
 
AÇÃO ANULATÓRIA 
Ação anulatória proposta por particular com o objetivo de anular acordo 
firmado com a Fazenda Pública e homologado judicialmente 
 
No caso em que particular e Fazenda Pública firmaram, sem a participação judicial, acordo que 
tenha sido meramente homologado por decisão judicial - a qual, por sua vez, apenas extinguiu 
a relação jurídica processual existente entre as partes, sem produzir efeitos sobre a relação de 
direito material existente entre elas -, o prazo decadencial para anular o ajuste por meio de 
ação ajuizada pelo particular é de 5 anos, contados da data da celebração da transação, e não 
da decisão homologatória. 
STJ. 2ª Turma. REsp 866.197-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/2/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa "XX" ajuizou ação contra o Estado do Rio Grande do Sul pedindo que fosse declarado que ela 
não era devedora de ICMS em relação a determinada operação. 
Durante a tramitação da ação, a empresa e o Estado fizeram um acordo extrajudicial. 
As partes apresentaram uma petição ao juízo pedindo a homologação da transação e a extinção do 
processo, o que foi feito mediante decisão judicial. 
Vale ressaltar que a referida decisão judicial não examinou se a empresa era ou não devedora do ICMS 
(relação de direito material), limitando-se a homologar a transação e por fim à relação processual existente. 
A decisão judicial homologatóriatransitou em julgado. 
Após quatro anos e um mês da homologação do acordo, a empresa ajuizou ação com o objetivo de anular 
o ajuste celebrado. 
 
A empresa deverá propor uma ação rescisória neste caso? 
NÃO. Se a sentença é meramente homologatória – tal como ocorreu, no caso –, não cabe ação rescisória. 
Deve-se propor ação anulatória, prevista no art. 966, § 4º do CPC 2015: 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Art. 966 (...) § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do 
processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, 
estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. 
 
Nesse sentido: 
(...) A sentença judicial que, sem adentrar o mérito do acordo entabulado entre as partes, limita-se a aferir 
a regularidade formal da avença e a homologá-la, caracteriza-se como ato meramente homologatório e, 
nessas condições, deve ser desconstituída por meio da ação anulatória prevista no art. 486 do CPC (1973), 
sendo descabida a Ação Rescisória para tal fim. (...) 
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1440037/RN, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 09/09/2014 
 
Neste caso concreto, o prazo para a ação anulatória será de 4 anos, nos termos do art. 178 do CC ("Art. 
178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:")? 
NÃO. No exemplo acima mencionado, o prazo é de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32. 
Em se tratando de ação anulatória proposta contra a Fazenda Pública, o prazo decadencial é regido pelo 
Decreto 20.910/32. Isso porque este prazo do Decreto mencionado é aplicável em relação a todo e 
qualquer direito ou ação exercitável contra a Fazenda Pública (federal, estadual ou municipal), seja qual 
for a sua natureza. Logo, não é aplicável o prazo previsto no art. 178 do CC (quatro anos), utilizado apenas 
quando a Fazenda Pública não ocupa o polo passivo da ação anulatória. 
 
Qual é o termo inicial desse prazo de 5 anos? Conta-se da data em que foi firmado o acordo ou do dia 
em que este foi homologado judicialmente? 
O prazo da ação anulatória deve ser contado da data em que foi celebrado o acordo. 
 
Por que este prazo não é contado da data em que o acordo foi homologado? 
Porque o que está sendo questionado não é a homologação judicial, mas sim o acordo. 
A ação anulatória não é proposta contra a sentença em si, que, no caso, apenas homologou o ato de 
vontade das partes, sem qualquer conteúdo decisório do Juiz. Em verdade, a ação é contra o que foi 
objeto da manifestação de vontade das partes, ou seja, contra a própria transação. 
O que se objetiva rescindir, ou melhor, anular, não é a sentença homologatória, que não faz coisa julgada 
material, mas a transação celebrada pelos litigantes, ou seja, o acordo feito pelas partes quanto à relação 
jurídico-material. 
 
Em suma: 
No caso em que particular e Fazenda Pública firmaram, sem a participação judicial, acordo que tenha 
sido meramente homologado por decisão judicial - a qual, por sua vez, apenas extinguiu a relação 
jurídica processual existente entre as partes, sem produzir efeitos sobre a relação de direito material 
existente entre elas -, o prazo decadencial para anular o ajuste por meio de ação ajuizada pelo particular 
é de 5 anos, contados da data da celebração da transação, e não da decisão homologatória. 
STJ. 2ª Turma. REsp 866.197-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/2/2016 (Info 581). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
DIREITO PENAL 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO 
O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se enquadra 
na causa de aumento do inciso I do § 1º do art. 302 do CTB 
 
Importante!!! 
O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH 
vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do § 
1º do art. 302 do CTB. 
O inciso I do § 1º do art. 302 pune o condutor que "não possuir Permissão para Dirigir ou 
Carteira de Habilitação". O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se amolda a essa 
previsão não se podendo aplicá-lo por analogia in malam partem. 
STJ. 6ª Turma. HC 226.128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, conduzindo imprudentemente veículo automotor, atropelou e matou um pedestre. 
Ao chegar no local, a polícia constatou que a Carteira Nacional de Habilitação de João estava vencida. 
Diante disso, o Ministério Público denunciou o motorista pela prática de homicídio culposo na direção de 
veículo automotor com a incidência da causa de aumento prevista no inciso I do § 1º do art. 302: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 
O réu se defendeu afirmando que a causa de aumento não se aplica ao caso porque ele possuía (e possui) 
Carteira de Habilitação. Ela simplesmente estava vencida no momento do acidente. O fato de estar 
vencida não pode ser equiparada à inexistência de CNH. 
 
A defesa do réu foi acolhida pelo STJ? 
SIM. 
 
O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH vencida não 
justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do § 1º do art. 302 do CTB. 
STJ. 6ª Turma. HC 226.128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
Dirigir sem possuir CNH é uma conduta diferente de dirigir com CNH vencida. Isso fica muito claro ao se 
analisar o art. 162 do CTB, onde são previstas as infrações administrativas de trânsito. Confira: 
Art. 162. Dirigir veículo: 
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir: 
Infração - gravíssima; 
Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo; 
(...) 
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias: 
(...) 
 
 
Informativo 581-STJ (14/04 a 28/04/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 26 
Essas situações, embora igualmente configurem infração de trânsito, foram tratadas separadamente, de 
forma diversa. 
Em relação ao crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, o inciso I do § 1º do art. 302 
do CTB determina que a pena será aumentada de 1/3 (um terço) à metade se o agente "não possuir 
Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação". Ora, se o legislador quisesse punir de forma mais 
gravosa o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor cuja CNH estivesse vencida, teria 
feito expressa alusão a esta hipótese. 
No Direito Penal não se admite a analogia in malam partem, de modo que não se pode inserir no rol das 
circunstâncias que agravam a pena (art. 302, § 1º) uma conduta que não foi prevista expressamente. 
 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Porte de arma de fogo por vigia após o horário de expediente 
 
O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das 
atribuições de vigia não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a 
culpabilidade do crime de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº 
10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma 
de fogo, após o término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.456.633-RS, Rel. Min. Reynaldo

Outros materiais