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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO FACULDADE DE MEDICINA DISCIPLINA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Mini currículo: • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF em 1998. •Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Universitário da UFJF em 2000. •Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia - TEGO pela FEBRASGO desde 2000. •Especialização em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pela EURP em 2005. •Título de especialista em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia - THUSGO pelo CBR/ FEBRASGO desde 2005. •Mestrado em Ginecologia e Obstetrícia pela FMRP-USP desde 2007. •Doutorado em Ginecologia e Obstetrícia pela FMRP-USP desde 2012. •Docente da Faculdade de Tecnologia em Saúde FATESA/ EURP desde 2005. •Médica Ultrassonografista do HC FMRP USP. •Currículo lattes: 1333915912532711 Daniela de Abreu Barra UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO FACULDADE DE MEDICINA DISCIPLINA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Mecanismo de Parto e Partograma Prof. Dra. Daniela de Abreu Barra Definição Movimentos que o feto executa, impulsionado por contratilidade uterina e prensa abdominal através do canal de parto (trajetos duro e mole) Trabalho de parto e nascimento bem-sucedidos: – coordenação de cinco fatores (“cinco P”): Passageiro Passagem Forças Posição e função placentárias Psicológico Mecanismo de Parto • A mecânica do parto possui quatro os elementos básicos: – objeto: o feto – força motora: as contrações uterinas e a prensa abdominal – trajeto: a bacia – mecanismo: o conjunto de movimentos passivos desempenhado pelo feto para que possa nascer • Os movimentos próprios do mecanismo de parto concorrem para que haja adaptação aos pontos mais estreitos do canal e as suas diferenças de formas, mediante redução e acomodação dos diâmetros fetais aos pélvicos. A finalidade é colocar os menores diâmetros do feto em concordância com os menores diâmetros da pelve. Mecanismo de Parto • Usualmente apresentação de expulsão fetal é cefálica, podendo ser pélvica (pés ou nádegas) e transversa – 95% cefálica – 4% pélvica – 1% transversa Mecanismo de Parto Fases: -Período premonitório -Fase de dilatação -Fase de expulsão -Dequitadura - 4º Período ou período de Greenberg Tempos: -Insinuação ou encaixe (flexão) -Descida ou progressão (rotação interna) -Desprendimento (deflexão) -Restituição ou rotação externa (desprendimento dos ombros) Mecanismo de Parto Período premonitório: -descida do fundo uterino -secreções das glândulas cervicais aumentam (eliminação de muco) - pode ocorrer algum sangramento vaginal associado -porção vaginal do colo diminui -metrossístoles intermitentes do útero -amolecimento e apagamento do colo Mecanismo de Parto Dilatação: -contrações uterinas dolorosas, mais intensas e com menor intervalo -modificam a cérvice até dilatação completa -pode ocorrer ruptura da bolsa-das-águas Mecanismo de Parto Expulsão: -começa com a dilatação completa e termina após a saída completa do feto -as metrossístoles, a força de contração do diafragma e a parede abdominal se associam e comprimem o útero de cima para baixo e de frente para trás expulsando o feto -intervalo das contrações diminui, intensidade aumenta (5 contrações a cada 10 minutos) -feto passa a distender a vagina e provoca contrações voluntárias da prensa abdominal ao pressionar as paredes vaginais, o reto e a bexiga Mecanismo de Parto Dequitadura ou secundamento: • desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas • 5 a 30 minutos após o período expulsivo • contrações uterinas diminuem o volume útero e aumentam espessura muscular (placenta se descola – sem elasticidade) • Infiltração sangue entre placenta e decídua remanescente = hematoma retroplacentário • As membranas permanecem até a placenta se desprender Mecanismo de Parto Dequitadura: – Central ou de Baudelocque – Schultze (75%): • placenta invertida sobre si • superficie fetal sai primeiro • sangramento somente após a expulsão – Marginal ou de Ducan (25%): • placenta desce lateralmente • se apresenta na saída vaginal com a superficie materna • acompanhada de discreto mas contínuo sangramento Mecanismo de Parto 4º Período ou período de Greenberg: • primeira hora após dequitadura • fundamental nos processos hemostáticos • Maior possibilidade hemorragias • Os mecanismos que coibem o sangramento do pós-parto são: – Miotamponamento: contração musculatura uterina, tamponando a saída dos vasos sanguíneos que irrigavam a placenta - hipotonia uterina – Trombotamponamento: depende da formação de pequenos coágulos (trombos) que obliteram vasos uteroplacentários Mecanismo de Parto Principais tempos do mecanismo de parto na apresentação cefálica fletida: • Insinuação ou encaixe (flexão) • Descida ou progressão (rotação interna) • Desprendimento (deflexão) • Restituição ou rotação externa (desprendimento dos ombros) • São movimentos sincrônicos e complementares, muitas vezes divididos apenas de forma didática Mecanismo de Parto Insinuação: • passagem da maior circunferência da apresentação pelos limites do estreito superior da bacia Flexão/ deflexão : • movimento complementar/ acessório, que permite a redução dos diâmetros da apresentação (flexão na apresentação cefálica fletida e deflexão na apresentação cefálica defletida de face) • Diz-se que a apresentação cefálica fletida está insinuada quando o ponto de maior declive da apresentação (o vértex) atinge o nível das espinhas ciáticas - plano 0 de DeLee Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Planos de DeLee: - Espinhas ciáticas (percebidas durante o exame de toque vaginal) correspondem ao plano 0 de DeLee - os planos acima deste ponto são considerados negativos: de -1 a -5 - os planos abaixo deste ponto são considerados positivos: de +1 a +5 (sendo mais 5 quando a cabeça fetal está coroando na vulva) Planos de Hodge: - Espinhas ciáticas correspondem ao plano III de Hodge - acima são os planos II e I - abaixo plano IV Mecanismo de Parto Insinuação: • Assinclitismo: inclinação lateral da apresentação – Anterior ou obliqüidade de Nägele (sutura sagital está mais próxima do sacro que do pube, sendo que o parietal anterior entrou primeiro no canal do parto – Posterior ou obliqüidade de Litzman (sutura sagital está mais próxima do pube que do sacro) – Se for transitório, o assinclitismo é considerado como acomodação da apresentação – Se for definitivo, demonstra distocia Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Descida: • é a continuação da insinuação • cabeça penetra e enche a escavação Rotação interna: • movimento acessório • feto roda para colocar occipital sob sínfise púbica, mesmo se insinuado em variedades de posição posteriores Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Descida: • Se insinuação em occípito-ilíaca esquerda anterior, a cabeça sofrerá rotação de 45 graus desprendendo-se em occípito-púbica • Se occípito-ilíaca direita posterior, a cabeça sofrerá rotação de 135 graus desprendendo-se em occípito-púbica • independente da variedade de posição da insinuação o desprendimento preferencialmenteé occípito-púbico • Simultaneamente com a rotação interna da cabeça e sua progressão no canal do parto, ocorre a penetração das espáduas através do estreito superior da bacia Mecanismo de Parto Descida: • A descida e o desprendimento dependem de 4 forças: – Pressão pelo líquido amniótico – Pressão exercida pela contração útero sobre o feto – Força de contração do diafragma materno e dos músculos abdominais (importante na expulsão) – Extensão e alinhamento do corpo do feto Mecanismo de Parto Desprendimento: - É o desprender do polo de apresentação fetal Deflexão/ extensão -movimento acessório na apresentação cefálica fletida -movimentos inversos aos da insinuação Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Rotação externa ou restituição -A cabeça exteriorizada se volta ao occipital para o mesmo lado onde insinuou - movimento simultâneo com rotação interna das espáduas Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Desprendimento: • Pode ocorrer também a continuação do movimento turbinal até o completo desprendimento do corpo, com rotação externa da cabeça para o lado oposto em que se encontrava quando da insinuação. Esse movimento posiciona os ombros alinhados com o diâmetro ântero- posterior da pelve materna • O desprendimento das espáduas ocorre com a anterior saindo em primeiro lugar. Para o desprendimento da posterior, o tronco sofre movimento de flexão lateral. O resto do corpo do feto geralmente não oferece dificuldades para se liberar Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Mecanismo de Parto Diâmetros: Mecanismo de Parto Partograma É representação gráfica do trabalho de parto, que permite acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias Partograma Partograma Phillpott & Castle (1972): -Partos por parteiras e necessidade de orientá-Ias no encaminhamento dos partos disfuncionais -construíram uma linha de alerta = parto de risco (hospital) -intervalo de 4 horas = linha de ação, paralela alerta (tempo transporte aos centros médicos) -Atualmente registro é hospitalar: - linha alerta = melhor observação clínica - linha de ação = intervenção médica melhorar evolução e corrigir possíveis distócias Partograma -Método simples -Montagem do partograma; -papel quadriculado -abscissa (eixo X) – tempo em horas -ordenadas (eixo Y) -à esquerda - dilatação em centímetros -à direita - descida da apresentação (plano 0 De Lee ou III de Hodge) Partograma Partograma Para partograma – padronização: -Cada quadrado: -Abscissa: 1h -Ordenada: 1cm dilatação e descida apresentação -Registro inicia-se fase ativa trabalho de parto (2 a 3 contrações eficientes 10 min e dilatação 3 cm) -dúvida aguardar 1 hora: se dilatação 1cm/hora = fase ativa -Toques vaginais: a cada duas horas (verificar dilatação, altura apresentação, variedade de posição, bolsa das águas, líquido amniótico) Partograma -Representação: -dilatação cervical – triângulo -apresentação e variedade de posição - circunferência -Registrar: padrão contrações, bcf, infusão de líquidos e drogas, analgesia - a dilatação inicial é marcada e na hora imediatamente seguinte marcada linha de alerta e quatro horas após, em paralelo, linha de ação Partograma Partograma -OMS tornou obrigatório o partograma nas maternidades desde 1994 - facilita acompanhamento trabalho de parto por principiantes e a passagem de plantão - utilização racional de ocitócicos e analgesia - intervir na elevada incidência de cesáreas sem indicação obstétrica - diagnóstico precoce distócias e intervenções Partograma Partograma retrato de corpo inteiro da evolução do parto, avaliando dilatação cervical, descida da apresentação, posição fetal, variedade de posição, freqüência cardíaca fetal, contrações uterinas, infusão de líquido e analgesia. O exame completo de todas essas variáveis permite conhecer sua evolução e os fatores responsáveis por sua evolução normal ou anormal. Identificada a distócia e reconhecida etiologia, a orientação terapêutica será lógica e eficaz. Sem dúvida, a utilização do partograma melhora a qualidade da assistência clínica ao parto, devendo ser incluído na rotina das maternidades. Obrigada pela atenção! danielabarrajf@yahoo.com.br