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REPRODUÇÃO 
ANIMAL
 
1. Sexualidade Animal ......................................................................................... 3 
1.1. Embriologia ................................................................................................................. 3 
1.2. Determinação, diferenciação e manifestação do sexo ................................................. 3 
1.3. Inter-relação hipotálamo-hipófise-gônadas ................................................................. 4 
2. Anatomia Funcional do Macho......................................................................... 6 
2.1. Bolsa Escrotal .............................................................................................................. 6 
2.2. Testículos..................................................................................................................... 6 
2.2.1. Espermatogênese .................................................................................................. 7 
2.3. Cordão espermático ..................................................................................................... 8 
2.4. Controle da temperatura testicular............................................................................... 9 
2.5. Epidídimo .................................................................................................................. 10 
2.6. Ductos deferentes ...................................................................................................... 11 
2.7. Ampolas..................................................................................................................... 11 
2.8. Glândulas acessórias.................................................................................................. 11 
2.8.1. Vesículas seminais.............................................................................................. 11 
2.8.2. Próstata ............................................................................................................... 11 
2.8.3. Glândulas bulbouretrais...................................................................................... 12 
2.9. Uretra ......................................................................................................................... 12 
2.10. Pênis ........................................................................................................................ 12 
2.10.1. Processo de ejaculação ..................................................................................... 12 
3. Anatomia Funcional da Fêmea.......................................................................... 13 
3.1. Ovários ...................................................................................................................... 13 
3.1.1. Estruturas ovarianas: .......................................................................................... 13 
3.2. Ovidutos: ................................................................................................................... 16 
3.3. Útero: ......................................................................................................................... 16 
3.4. Cérvix ........................................................................................................................ 17 
3.5. Vagina........................................................................................................................ 17 
3.6. Genitália externa........................................................................................................ 18 
4. Endocrinologia Reprodutiva .............................................................................. 18 
4.1. Procedência dos hormônios reprodutivos.................................................................. 19 
4.2. Classificação dos hormônio:...................................................................................... 19 
4.3. Mecanismo de ação dos hormônios........................................................................... 20 
4.4. Hormônios do Hipotálamo e Hipófise....................................................................... 20 
4.4.1. Hipotálamo ......................................................................................................... 21 
4.4.2. Hipófise .............................................................................................................. 21 
5. Ciclo Estral ........................................................................................................ 22 
6. Fertilização, Gestação e Parto .......................................................................... 23 
6.1. Fertilização ................................................................................................................ 23 
6.1.1. Capacitação do espermatozóide ......................................................................... 23 
6.1.2. Reação do acrossomo ......................................................................................... 24 
6.1.3. Fusão dos gametas .............................................................................................. 24 
6.2 Gestação ..................................................................................................................... 25 
6.2.1. Fixação e estabelecimento da gestação .............................................................. 25 
6.3. Duração da gestação .................................................................................................. 27 
6.3.1. Fatores maternos................................................................................................. 27 
6.3.2. Fatores fetais....................................................................................................... 27 
6.3.3. Fatores genéticos ................................................................................................ 28 
6.3.4. Fatores ambientais .............................................................................................. 28 
6.4. Membranas fetais (Placenta) ..................................................................................... 29 
6.5. Parto........................................................................................................................... 31 
6.5.1. Estágios do parto ................................................................................................ 31 
1. Sexualidade Animal 
1.1. Embriologia 
 
O sistema reprodutivo fetal consiste de duas gônadas não diferenciadas 
sexualmente, dois pares de ductos (mesonéfricos e paramesonéfricos), um seio 
urogenital, um tubérculo genital e pregas vestibulares. 
Os ductos mesonéfricos (de Wolff) e paramesonéfricos (de Müller) estão 
presentes no embrião sexualmente indiferenciado. Na fêmea, os ductos de Müller 
originam a porção tubular do sistema genital, como os ovidutos, cornos uterinos, 
corpo do útero, cérvix e parte da vagina (porção cranial), sendo que os ductos de 
Wollf atrofiam-se. No macho o oposto acontece, ou seja, os ductos de Wollf se 
desenvolvem (dando origem aos ductos deferentes, epidídimo e vesícula seminal) 
e os ductos de Müller atrofiam. 
O sexo do feto depende dos genes herdados, da gonadogênese (formação 
dos ovários e testículos) e da formação e maturação dos órgãos reprodutivos 
acessórios. Em bovinos, aos quarenta dias de gestação a crista genital já está 
sexualmente determinada no embrião, sendo assim já é possível determinar o 
sexo do mesmo. 
1.2. Determinação, diferenciação e manifestação do sexo 
 
 O sexo pode ser cromossômico (genético), gonadal, fenotípico (somático) e 
psíquico. O desenvolvimento do sexo começa com o estabelecimento do sexo 
cromossômico no momento da fertilização, seguido da diferenciação gonadal e 
terminando com a formação do sexo fenotípico, ou seja, a genitálha interna e 
externa. 
 Cada uma das etapas dependeda anterior, sendo que em condições 
normais, o sexo cromossômico corresponde ao sexo fenotípico. 
 
a) Sexo cromossômico: Nos mamíferos, a fêmea é homogamética, ou 
seja, todos os ovócitos têm o mesmo conteúdo cromossômico. Um 
ovócito tem a metade dos autossomos da espécie (n) além do 
cromossomo sexual X (n+X). Já o macho é heterogamético, onde 50% 
dos espermatozóides tem conteúdo cromossômico n+X e a outra 
metade n+Y. Assim na fertilização o zigoto pode resultar 2n + XX e será 
fêmea ou 2n + XY e será macho. Portanto, o sexo cromossômico está 
ligado à presença dos cromossomos sexuais do óvulo e do 
espermatozóide, sendo este último definindo a presença ou ausência de 
Y e conseqüentemente a determinação de macho ou fêmea. 
b) Sexo gonadal: Está determinado pelo sexo cromossômico quando os 
genes se expressam no embrião indiferenciado. O gene de deteminação 
testicular (TDG) é um gene presente no cromossomo Y que codifica 
proteínas na membrana das células da gônada indiferenciada. Sua ação 
leva à diferenciação da gônada, expressada pela migração do epitélio 
germinativo para a medula, no caso dos testículos, ou para a periferia no 
caso dos ovários. A gônada indiferenciada apresenta três tipos de 
células: (a) células germinativas, as quais darão origem aos ovócitos e 
espermatozóides, (b) as células de suporte, que darão origem às células 
de Sertoli nos testículos e às células da granulosa nos ovários, e (c) as 
células que darão origem ao estroma ovariano ou interstício testicular, 
precursor das células de Leyding. 
c) Sexo fenotípico: É referido a evidência dos órgãos genitais, ou seja, a 
genitalha interna e externa, além das características sexuais 
secundárias (definidos pelos esteróides sexuais). Duas substâncias dos 
testículos seriam necessárias para o desenvolvimento do trato genital 
masculino: o hormônio anti-muleriano (MIH), que causa a inibição do 
desenvolvimento dos ductos de Müller, e os andrógenos que causam a 
virilização dos ductos de Wollf, o seio urogenital e o tubérculo urogenital. 
O MIH é produzido pelas células de Sertoli do testículo fetal. Essa 
diferenciação sexual acontece entre a 8ª e 11ª semana de gestação nos 
mamíferos. 
 
Observação: O desenvolvimento do trato urogenital masculino é induzido por 
secreções do próprio testículo fetal, enquanto que o desenvolvimento do trato 
urogenital feminino pode ocorrer em ausência de gônadas e não requer secreções 
dos ovários fetais. 
1.3. Inter-relação hipotálamo-hipófise-gônadas 
 
 A relação entre os três órgãos é responsável pela influência e comunicação 
do ambiente e o sistema reprodutivo. O eixo hipotálamo-hipófise é a unidade 
funcional de integração dos sistemas nervoso central e endócrino, regulando 
importantes funções metabólicas, como o crescimento, lactação, equilíbrio hídrico 
e a reprodução. O hipotálamo é uma parte especializada do sistema nervoso 
central (SNC) situado na base do cérebro. A hipófise ou pituitária está localizada 
logo abaixo do hipotálamo e é dividida em duas porções: adeno-hipófise ou 
hipófise anterior e neuro-hipófise ou hipófise posterior. 
 Os hormônios secretados pelas células nervosas do hipotálamo são 
conhecidos como transdutores neuro-endócrinos, pois transformam impulsos 
nervosos em sinais hormonais. Em respostas ao SNC, o hipotálamo produz 
hormônios regulatórios que passam para a hipófise anterior. Alguns hormônios 
hipotalâmicos estimulam e outros inibem a hipófise anterior. Depois de estimulada, 
a hipófise anterior secreta hormônios que vão via sangüínea para outros órgãos, 
como as gônadas (testículos e ovários). As gônadas, por sua vez, ao serem 
estimuladas pelos hormônios hipofisiários, secretam hormônios que vão pelo 
sangue até seus respectivos órgãos-alvos finais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Anatomia Funcional do Macho 
 
Órgãos reprodutivos do macho: 
- Bolsa escrotal; 
- Testículos; 
- Epidídimo; 
- Ductos deferentes; 
- Cordão espermático; 
- Ampolas; 
- Glândulas acessórias; 
 - Vesículas seminais; 
 - Próstata; 
 - Glândulas bulbouretrais; 
- Uretra; 
- Pênis; 
 
2.1. Bolsa Escrotal 
 
 A posição da bolsa escrotal (escroto) e a orientação do eixo dos testículos 
diferem de acordo com as espécies. 
 O escroto auxilia o processo de termorregulação, resfriando os testículos 
através do grande número de glândulas sudoríparas. 
 Camadas da bolsa escrotal: 
• Túnica dartos: auxilia no controle da temperatura testicular 
• Túnica testicular: constituída de tecido fibroso 
• Túnica parietal e vaginal visceral: apresentam entre elas um fluído para a 
lubrificação testicular 
• Túnica albugínea: capa branca de tecido conjuntivo 
 
2.2. Testículos 
 
O testículo inicialmente é intra-abdominal e o seu pólo caudal está 
conectado ao gubernáculo (espessamento mesenquimal) que conecta-se a uma 
expansão existente entre os músculos oblíquos interno e externo onde se abrirá o 
futuro canal inguinal e atinge a bolsa escrotal. Em seguida o gubernáculo 
degenera e o testículo ganha mobilidade na bolsa. A passagem do testículo 
através do canal inguinal ocorre entre 100 e 110 dias nos suínos e nos bovinos e 
eqüinos desce no ultimo mês de gestação. 
A localização fora da cavidade abdominal tem a finalidade de proporcionar 
temperatura abaixo da temperatura corporal animal (por volta de 3 a 5 graus), 
estabelecendo assim um ambiente adequado para o processo de 
espermatogênese (produção de espermatozóides). 
Os testículos apresentam duas funções básicas de fundamental importância 
nos machos: gametogênese e esteroidogênese. 
� Função gametogênica: produção dos gametas masculinos 
(espermatozóides); 
� Função esteroidogênica: produção de hormônios esteróides (testosterona). 
O tamanho testicular varia ao longo do ano em animais de estação reprodutiva 
sazonal (carneiro, garanhão). 
Nos testículos existem dois tipos de células responsáveis pelas funções 
testiculares, as células de Leyding e as células de Sertoli. As células intersticiais 
(Leyding), situam-se entre os túbulos seminíferos e secretam hormônios 
masculinos (testosterona) nas veias testiculares. As células espermatogênicas dos 
túbulos dividem-se e diferenciam-se para formar os espermatozóides. As células 
de Sertoli são responsáveis por dar sustentação aos túbulos seminíferos, 
formando barreiras de isolamento que protegem as células germinativas em 
diferenciação da circulação geral. Com isso são atribuídas duas funções diferentes 
às células de Leyding e Sertoli: 
� Células de Leyding � responsáveis pela produção de testosterona; 
� Células de Sertoli � responsáveis pela produção de espermatozóides; 
 
 
Figura 1: Testículo 
 
 
 
2.2.1. Espermatogênese 
 
Período de formação dos espermatozóides. 
 Inicia-se no epitélio dos túbulos seminíferos → é composto pelas células 
germinativas (espermatogônias) e pelas células de sertoli (células de 
sustentação). As células germinativas em desenvolvimento ocupam espaços 
intracelulares entre as células de Sertoli adjacentes e movem-se da membrana 
basal em direção à luz durante o processo espermatogênico. As células 
germinativas começam seu processo de desenvolvimento como espermatogônia 
(1), dividindo-se em espermatócitos (2) que se dividem em espermátidas redondas 
(4) e finalmente em espermátidas alongadas (4). 
OBS.: Células de Sertoli – dispersam-se entre as espermatogônias e sua função é 
nutrir e controlar o desenvolvimento das espermatogônias. 
• Células de Leydig (células intersticiais) → localizam-se entre os 
túbulos seminíferos. Sua função é a síntese de testosterona. 
• Nos túbulos seminíferos as espermatogônias começam a sofrer 
divisão mitótica (produção de um grande número de células 
germinativas). 
Fimda divisão mitótica → espermatócitos primários → 1ª divisão meiótica (centro 
de túbulo) → espermatócitos secundários → 2ª divisão meiótica → espermátides 
(espermiogênese) → espermatozóides. 
 Hormônios da Espermatogênese: 
Hipotálamo → Hipófise 
 GnRH FSH → formação dos spz nos túbulos seminíferos 
(testículos). 
LH ou ICSH → células de Leydig – induz a produção de testosterona, 
mantém a espermatogênese, desenvolvimento e função das glândulas sexuais 
secundárias e manutenção do libido. 
 
2.3. Cordão espermático 
 
 O cordão espermático é um canal de ligação entre os testículos e o corpo 
animal, bem como com o meio externo. É constituído por: 
 - Ductos deferentes: responsáveis pelo transporte dos espermatozóides; 
 - Vasos sangüíneos: responsáveis pela irrigação dos testículos, bem como 
de grande importância no processo de termorregulação; 
 - Nervos; 
 - Tecido conjuntivo; 
OBS.: É no cordão espermático que é realizado o procedimento cirúrgico 
denominado de vazectomia, através da ligadura dos ductos deferentes, 
bloqueando assim a travessia dos espermatozóides. 
 
2.4. Controle da temperatura testicular 
 
 Para um funcionamento eficiente, com grande produção de 
espermatozóides viáveis, os testículos dos mamíferos precisam ser mantidos em 
temperatura abaixo do que a corporal, nas diferentes espécies. A própria 
localização externa à cavidade abdominal dos testículos, auxilia no processo de 
manutenção da temperatura mais baixa. A pele escrotal apresenta grandes 
quantidades de glândulas sudoríparas, as quais são capazes de retirar calor da 
superfície escrotal, resfriando assim os testículos. A pele ainda apresenta um 
componente muscular (músculo dartos) o qual permite alterar a espessura e a 
área de superfície do escroto, variando assim a área para trocas de calor com o 
ambiente de acordo com a temperatura. Outro músculo envolvido no processo de 
regulação da temperatura testicular é o músculo cremaster. Esse tem a função de 
aproximar ou afastar os testículos da cavidade abdominal. Logo, em dias de calor 
o cremaster apresenta-se relaxado e conseqüentemente afasta os testículos do 
abdômen, em dias frios o cremaster se contrai, tracionando os testículos próximo 
à cavidade abdominal para impedir uma maior dissipação do calor. Um eficiente 
sistema de arrefecimento testicular é o plexo pampiniforme. Neste mecanismo 
contracorrente, o sangue arterial que está entrando no testículo é resfriado pelo 
sangue venoso que está saindo do testículo (Figura 2). Nos carneiro essa 
diferença de temperatura pode chegar a 4ºC de resfriamento do sangue que 
chega ao testículo. 
 
 
Figura 2: Controle da temperatura testicular 
RESUMO TERMORREGULAÇÃO TESTICULAR: 
 
• Localização do testículo (externa à cavidade abdominal); 
• Túnica dartos (reduz ou aumenta a área de superfície do escroto); 
• Glândulas sudoríparas em grande número (trocas de calor); 
• Plexo pampiniforme; 
• Músculo cremaster; 
 
2.5. Epidídimo 
 
 O epidídimo é dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda. Os dois 
primeiros segmentos estão relacionados com a maturação espermática e o 
terceiro basicamente com o armazenamento. 
Funções do epidídimo: 
 - Fazer o amadurecimento e a armazenagem dos espermatozóides; 
 O transporte de espermatozóides ao longo do epidídimo ocorre por volta de 
9 a 13 dias. A maturação dos espermatozóides ocorre durante a passagem destes 
pelo epidídimo. O ambiente da cauda epididimária fornece aos espermatozóides 
fatores que acentuam a habilidade de fertilização. Os espermatozóides desta 
região apresentam maior fertilidade do que os encontrados no corpo do epidídimo. 
 O armazenamento de espermatozóides no epidídimo conserva a 
capacidade de fertilização durante várias semanas, a cauda do epidídimo se 
apresenta como o local de maior quantidade de espermatozóides armazenados 
(75% do total de espermatozóides epididimários). A habilidade especial da cauda 
do epidídimo em armazenar espermatozóides depende da manutenção da 
temperatura escrotal baixa e da ação do hormônio sexual masculino 
(testosterona). 
 A temperatura ideal para a espermatogênese e para o armazenamento do 
espermatozóide, parece estar relacionada ao tempo de sobrevivência deste no 
trato reprodutivo feminino, bem como pela conformação e apresentação da bolsa 
escrotal: 
 Bovinos e ovinos � bolsa escrotal pendulosa; tempo médio de 
sobrevivência dos espermatozóides no trato reprodutivo da fêmea em torno de 
trinta horas. 
 Eqüinos � bolsa escrotal próxima à cavidade abdominal, apresentando um 
tempo de sobrevivência dos espermatozóides no trato reprodutivo feminino de até 
3 dias. 
 Suínos � Bolsa escrotal muito próxima à cavidade abdominal, com um 
tempo de sobrevivência dos espermatozóides de trinta a quarenta horas no trato 
reprodutivo da fêmea. 
 A sobrevivência dos espermatozóides depende de aspectos ligados à 
fêmea e ao macho. Dentre eles pode-se citar: 
� Concentração e motilidade espermática; 
� Diferenças na anatomia e fisiologia do trato reprodutivo feminino; 
� Estágio endócrino da fêmea no momento da cópula; 
� Diluição do sêmen pelas secreções do trato feminino. 
 
2.6. Ductos deferentes 
 
 Os ductos deferentes são parte do cordão espermático que se estende do 
epidídimo (cauda) até a uretra (porção pelviana), desempenhando papel 
importante no processo de ejaculação. São responsáveis pelo armazenamento e 
transporte de espermatozóides. 
 
2.7. Ampolas 
 
 As ampolas dos ductos deferentes apresentam ramificações das glândulas 
tubulares (epitélio glandular), sendo assim secretam componentes do plasma 
seminal. São formadas pelo aumento de diâmetro dos canais deferentes. 
OBS.: Um dos métodos usuais para a coleta de sêmen em touros é a massagem 
(via palpação retal) das ampolas dos ductos deferentes. É um método de fácil 
aplicação, porém exigem grande prática e treinamento do médico veterinário. 
 
2.8. Glândulas acessórias 
 
 As glândulas acessórias contribuem para a formação do líquido seminal 
através da liberação de líquidos específicos na uretra que vão fornecer nutrientes 
e proteção aos espermatozóides ejaculados. Além de fornecer veículo líquido para 
o transporte dos espermatozóides, a função das glândulas acessórias é pouco 
conhecida, embora muito se saiba sobre os agentes químicos específicos com os 
quais elas contribuem para o ejaculado. Frutos e ácido cítrico são importantes 
componentes das secreções da vesícula seminal dos ruminantes domésticos. São 
três glândulas acessórias: vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. 
 
 2.8.1. Vesículas seminais 
 
 São em número de duas e posicionam-se lateralmente às porções terminais 
de cada ducto deferente. Em ruminantes, são glândulas lobuladas compactas. No 
cachaço são grandes e menos compactas. No garanhão são grandes sacos 
glandulares piriformes. Secretam um gel com função bacteriostática. 
 
 2.8.2. Próstata 
 
 A próstata secreta um fino fluído alcalino, que tem função de controlar o pH. 
O líquido prostático é responsável também pela limpeza da uretra antes da 
passagem do sêmen. A próstata se localiza externamente ao músculo uretral, 
envolvendo-o. Em ruminantes é de tamanho pequeno, em suínos é muito grande. 
 
 2.8.3. Glândulas bulbouretrais 
 
Situam-se dorsalmente à uretra, próxima a sua porção pélvica. Produzem 
um líquido viscoso claro, de pH alcalino, que permite limpar a uretra. Contribuem 
na formação da substância gelatinosa do sêmen. São muito desenvolvidas nos 
suínos e pequenas nos ovinos. 
 
2.9. Uretra 
 
 É dividida em duas porções distintas: a uretra pélvica e pelviana. Apresenta 
duas funções básicas, no momento de micção (expelindo a urina) e no momento 
da ejaculação (via de transporte para os espermatozóides). 
2.10. Pênis 
 
 Os pênis dos animais domésticos apresentam-seem diferentes 
conformações, basicamente estabelecidas para um melhor encaixe (ligação), 
durante a cópula, com o aparelho reprodutivo das fêmeas. É dividido em três 
porções: raiz, corpo e glande. No pênis dos mamíferos três corpos cavernosos são 
agregados ao redor da uretra peniana. Em ruminantes e suínos, o músculo retrator 
do pênis controla o comprimento efetivo do pênis e sua ação na flexura sigmóide. 
No garanhão, os corpos cavernosos contém espaços cavernosos grandes, 
durante a ereção o considerável tamanho é resultante do acúmulo de sangue 
nesses espaços. No touro, carneiro e cachaço, os espaços cavernosos do corpo 
cavernoso do pênis são pequenos. O pênis desempenha dupla função: eliminação 
da urina e ejaculação. 
 
 2.10.1. Processo de ejaculação 
 
 O processo de ejaculação é dividido em três partes diferentes: ereção, 
emissão e ejaculação. A ereção é realizada através da estimulação sexual que 
produz a dilatação das artérias que suprem os corpos cavernosos do pênis. 
Emissão consiste na movimentação do fluido espermático ao longo do ducto 
deferente para a uretra pélvica, onde ele é misturado com secreções das 
glândulas acessórias. A ejaculação é a passagem do sêmen resultante ao longo 
da uretra peniana. A excitação sexual e a ejaculação são acompanhadas por 
contrações da cauda do epidídimo e do ducto deferente, as quais aumentam a 
taxa de fluxo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Anatomia Funcional da Fêmea 
 
 O aparelho genital feminino é formado por ovários, ovidutos, o útero, a 
vagina e a genitálha externa. 
 
3.1. Ovários 
 
O ovário é um órgão par, de localização intra-abdominal, que desempenha 
funções exócrinas (liberação dos ovócitos) e endócrinas (esteroidogênese). A 
unidade estrutural e funcional dos ovários que garante essas funções é o folículo 
ovariano. 
Os dois ovários não funcionam de forma igual. Em ovelhas e cabras 55 a 
60% das ovulações ocorrem no lado direito, em vacas este valor alcança 60 a 
65%. Na égua e na porca, o ovário esquerdo apresenta maior atividade, 
produzindo 55 a 60% dos ovócitos. 
A forma do ovário varia de acordo com a espécie e fase do ciclo estral da 
fêmea. Em espécies multíparas (número grande de ovulações por ciclo estral), 
como a porca, existem vários folículos e corpos lúteos na superfície dos ovários, 
dando a estes a aparência de um cacho de uvas. Nas espécies uníparas (apenas 
uma ou duas ovulações por ciclo), como a vaca, a égua e a ovelha, o ovário é de 
formato ovóide. O ovário da vaca, em relação ao seu peso, é relativamente 
pequeno (15 a 20g) quando comparado a outras espécies como da égua (70 a 
80g). 
Funções dos ovários: 
Gametogênica � liberação de um ou mais ovócitos (de acordo com a 
espécie) no fenômeno denominado de ovulação. 
Esteroidogênica � produção de hormônio esteróide (estradiol), que vai 
ser responsável pela manifestação de cio e aceitação do macho. 
3.1.1. Estruturas ovarianas: 
 
a) Folículos: 
 
Os folículos apresentam em seu interior as células germinativas ou 
ovócitos. Em cada ciclo estral, vários folículos crescem e se desenvolvem, sendo 
que somente um (em espécies uníparas) ou alguns (em espécies multíparas) são 
ovulados. Os folículos apresentam função de produzir estrógenos (função 
esteroidogênica) e o corpo lúteo é responsável pela produção de progesterona. 
Os folículos crescem e desenvolvem-se durante o ciclo estral até atingir um 
grau o qual pode ocorrer a ovulação. Durante esse processo são classificados de 
acordo com seu desenvolvimento e funcionalidade (Rajakoski, 1960): 
Folículos primordiais: são os folículos menos diferenciados que aparecem 
nos ovários. São os folículos de reserva das fêmeas (estado de repouso), as quais 
já nascem com todos que serão utilizados durante a vida reprodutiva. 
Folículos primários: são semelhantes aos folículos primordiais, 
apresentando apenas uma camada de células foliculares, porém são maiores, 
mais diferenciados que os primordiais, onde as células da granulosa começam a 
avolumar e se multiplicar. Neste estágio os folículos iniciam seu desenvolvimento 
e, uma vez iniciado, não podem voltar ao estado de repouso e estão 
comprometidos a crescer, resultando em atresia (degeneração) ou ovulação. 
Folículos secundários: começam a crescer e apresentam receptores para 
as gonadotrofinas (LH e FSH). As células foliculares apresentam atividade 
mitótica, apresentando mais de uma camada de células foliculares, porém não 
apresentam antro. A zona pelúcida começa a se tornar evidente. 
Folículos terciários: as células da granulosa começam a secretar líquido 
folicular que se acumula formando o antro. Para continuar o seu crescimento e 
desenvolvimento, o folículo nesse estágio necessita de quantidades significantes 
de FSH, ou senão entram em atresia. Durante essa fase os folículos dobram de 
tamanho em pouco tempo (4 dias nas vacas). 
Folículos ovulatórios ou de Graff: nesta fase ambas funções dos ovários, 
gametogênica e esteroidogênica, estão presentes. O ovócito situa-se deslocado 
no centro do folículo, sobre uma projeção de células da granulosa para o interior 
do antro que se denomina cúmulos ooforus. A principal característica dessa 
classe de folículos é a expressão de receptores de LH (o qual é responsável pela 
ovulação) na camada da granulosa e altas concentrações de estradiol no fluído 
folicular (responsável pela manifestação do cio). 
 
 
 
 Figura 3: Crescimento e desenvolvimento folicular 
 
 
a.1) Ovogênese: 
 
O número de ovócitos que a fêmea nasce depende do FSH embrionário. A 
ovogênese ou transformação das ovogônias em ovócitos, é completada antes do 
nascimento ou pouco depois em todos os mamíferos domésticos. 
O processo de ovogênese é diferente da espermatogênese no sentido de 
que no primeiro um ovócito primário dá origem a um óvulo e dois corpos polares, 
enquanto no segundo um espermatócito primário dá origem a 4 espermatozóides. 
O número de folículos diminui depois do nascimento permanecendo os 
ovócitos no estado de prófase I da primeira meiose por longo tempo (anos). O 
numero médio de ovócitos de uma vaca no nascimento é de 150.000. Este 
número diminui para 60.000 quando esta começa a ovular (puberdade). No 
decorrer da vida o número de folículos vai se reduzindo ao ponto que em uma 
vaca de 15 anos apenas 1.000 ainda restam nos ovários. 
 
Tabela : Estágios de desenvolvimento na ovogênese 
Fase Características Período 
Mitose Migração de células germinativas à área genital (2n) 
Ovogônia (multiplicação, 2n) 
5-35 dias do embrião 
45-110 dias do embrião 
Primeira 
meiose 
Ovócito primário (4n): 
• Prófase I: folículo primário 
• Metáfase I: folículo com antro 
• Anáfase I: folículo ovulatório 
• Telófase I 
 
Nascimento a adulto 
Puberdade: estro 
Segunda 
meiose 
Ovócito secundário (2n): 
• Prófase II: extrusão do 1° corpo polar (2n) 
• Anáfase II 
• Telófase II: óvulo (n) 
Extrusão do 2° corpo polar (n) 
União de prónucleos (2n) 
 
Ovulação 
 
Fertilização 
 
Embrião 
 
 
b) Corpo lúteo: 
 
O corpo lúteo (CL) é uma glândula temporária situada no ovário. É 
resultante do processo de ovulação do folículo, ou seja, após a ovulação o folículo 
passa por transformações bioquímicas e estruturais as quais conferem a esta 
estrutura que antes secretava predominantemente estrógenos para uma estrutura 
que secreta progesterona. 
 A função do CL é secretar o hormônio progesterona com a finalidade de 
fazer a manutenção da gestação (se houve a fertilização). 
 
3.2. Ovidutos: 
 
 O oviduto ou trompas é o local onde ocorre a fertilização dos gametas. Tem 
íntima relação com os ovários, o que confere a função de captar o gameta 
feminino após a ovulação através das fímbrias do infundíbulo, receber os 
espermatozóides na ampola (onde ocorrea fertilização) e controlar a descida do 
zigoto ao útero através da forte camada muscular do ístmo. É dividido portanto, 
em três partes: Infundíbulo, ampola e ístmo. 
 A mucosa do epitélio dos ovidutos é repleta de células ciliadas, cujo os 
movimentos são controlados hormonalmente, sendo a maior atividade após a 
ovulação. Os cílios se movimenta em direção ao útero junto com as contrações do 
oviduto, mantendo assim o óvulo em permanente rotação, efeito necessário para a 
aproximação de óvulo e espermatozóide, bem como proporcionar a descida do 
zigoto até o útero. 
 
3.3. Útero: 
 
 Nas espécies domésticas o útero é composto por dois cornos, um corpo e a 
cérvix (colo uterino). A disposição, forma e proporção de cada parte varia de 
acordo com cada espécie. O útero é bicornal na porca e bipartido (septo 
separando os cornos) na vaca, ovelha e égua. 
 A parede interna do útero possui uma mucosa interna (endométrio), uma 
camada de músculo liso (miométrio) e externamente uma camada de serosa, 
semelhante ao peritôneo (mesométrio). 
 O útero tem como função primária dar sustentação e proteção para o 
crescimento e desenvolvimento do embrião e posteriormente do feto. Para isso 
modificações morfo-bioquímicas ocorrem no endométrio para preparar o útero 
para receber o embrião (blastocisto). 
 O endométrio é uma estrutura glandular e conectiva, a qual cresce e 
aumenta a secreção por ação da progesterona para auxiliar no processo de 
fixação embrionária. 
 Em algumas espécies como a vaca e a ovelha o útero apresenta duas 
áreas histologicamente distintas: carúnculas e área intercaruncular. As carúnculas 
são pontos de fixação da placenta para as trocas materno-fetais e são em numero 
fixo, de 80 a 120 nos ruminantes. 
 O miométrio apresenta duas camadas musculares lisas, uma no sentido 
longitudinal e outra circular. Sendo assim, o miométrio tem grande capacidade de 
contração, verificada no cio (por ação dos estrógenos) e no momento do parto 
(expulsão do feto e envoltórios fetais). 
 Outra função do útero é a secreção hormonal. O endométrio uterino secreta 
o hormônio PGF2α, com a finalidade de fazer a lise do CL e dar início de um novo 
ciclo estral. 
 
3.4. Cérvix 
 
 A cérvix ou colo uterino é uma porção do útero que se projeta caudalmente 
na vagina. Possui uma espessa parede com uma luz muito estreita. Nos 
ruminantes apresenta saliências fixas (anéis) em número de 3 a 4. Na porca os 
anéis de dispões no formato de saca-rolha, adaptando-se à morfologia do pênis do 
macho. Na égua a cérvix tem constituição muscular. 
 A função da cérvix é de proteger o útero e o ambiente uterino durante a 
gestação de agentes contaminantes (infecciosos). Possui um epitélio luminal 
contendo células secretoras de muco. A secreção de muco cervical é estimulada 
pelos estrógenos e inibida pela progesterona. As mudanças do muco cervical 
durante o cio tem como função permitir e favorecer a penetração dos 
espermatozóides. Funções da cérvix: 
� Transporte espermático mediante o muco cervical para o interior do útero; 
� Participação na seleção dos espermatozóides; 
� Proteção do útero contra infecções. 
 
3.5. Vagina 
 
 As funções da vagina podem ser resumidas em: 
� Órgão copulatório; 
� Proteção dos espermatozóides durante o trânsito até a cérvix; 
� Proteção contra infecções através de seu meio bioquímico e microbiológico 
residente, na fase luteal as células apresentam maior número de anti-
corpos (defesa); 
� Parte do canal do parto. 
 
3.6. Genitália externa 
 
 Constituída por vestíbulo, lábios vulvares e clitóris. Existem algumas 
glândulas presentes no vestíbulo (glândulas de Bartolin) responsáveis pela 
liberação de uma secreção viscosa durante o cio. Os lábios apresentam 
constituição a pele (tecido elástico com deposição de gordura). O clitóris é uma 
estrutura equivalente ao pênis (mesma origem embriolágica), aparece na 
comissura ventral do vestíbulo, estando mais desenvolvida na égua e na porca do 
que nos ruminantes. Em bovinos é utilizada uma técnica de massagem clitoriana 
após a inseminação artificial para evitar o refluxo de sêmen e aumentar as 
chances de concepção. 
 
 
Figura 4: Aparelho genital feminino (vaca) 
 
 
4. Endocrinologia Reprodutiva 
 
 Nos animais domésticos a comunicação entre órgãos e sistemas é 
realizada basicamente de duas formas: via sistema nervoso (através de 
neurotransmissores como noradrenalina e serotonina) e via sistema endócrino (via 
hormônios). Ambos sistemas atuam de forma integrada, podendo o sistema 
nervoso controlar alguma liberação hormonal, bem como o sistema endócrino 
controlar a ação do sistema nervoso. 
 A endocrinologia é parte das ciências médicas que estuda a secreção, 
função e metabolismo das glândulas internas, bem como dos hormônios liberados 
por elas. Hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas 
endócrinas e transportadas nos líquidos corporais até outras células do organismo 
onde exercem suas funções fisiológicas. Possuem três características: 
� Regulam reações metabólicas; 
� Ativos mesmo em ínfimas quantidades; 
� Secreção é desuniforme. 
Os hormônios são produzidos nos órgãos de origem (glândulas endócrinas) 
e executam suas funções nas “células alvo” do órgão o qual é destinada a função 
final, ou seja, um determinado hormônio é liberado em um órgão X para atuar 
sobre as células alvo de um órgão Y, fazendo assim com que este execute uma 
determinada função (secreção de substâncias, de um outro hormônio). 
 
4.1. Procedência dos hormônios reprodutivos 
 
 Basicamente os hormônios reprodutivos podem ser produzidos e liberados 
para a corrente sanguínea pelos seguintes órgãos: 
� Hipotálamo; 
� Hipófise; 
� Gônadas (testículos e ovários); 
� Placenta; 
� Glândula adrenal 
 
 
 
 Figura 5: Eixo hipotalâmico-hipofisiário-gonadal 
 
4.2. Classificação dos hormônio: 
 
 Os hormônios podem ser classificados quimicamente em quatro 
grupamentos diferentes: peptídicos (protéicos), esteróides, aminas e 
ecosanóides. Os diferentes tipos de hormônios apresentam características 
distintas quanto a sua forma de síntese, armazenagem, meia-vida (duração na 
corrente sangüínea com atividade), forma de transporte no sangue e 
mecanismo de ação. 
 
a) Hormônios peptídicos (protéicos): podem apresentar em sua 
costituição química variações de 3 a 300 aminoácidos. São o grupo de 
hormônios mais numeroso que existe. Os principais órgãos de produção 
destes hormônios são o hipotálamo, a hipófise, placenta e ainda não 
vinculados diretamente à função reprodutiva, o pâncreas, a glândula 
paratireóide e o trato gastrointestinal. 
b) Hormônios esteróides: são compostos derivados do colesterol, com 
pequenas variações em suas moléculas e organização bioquímica, as 
quais determinam ações biológicas diferentes entre si. São produzidos 
pelas gônadas, placenta e córtex adrenal. Neste grupo são incluídos os 
estrógenos, os andrógenos, a progesterona e os corticoesteróides. 
c) Hormônios do grupamento das aminas: incluem as catecolaminas e 
iodotironinas. Ambos não exercem influência direta sobre a reprodução 
nos animais domésticos. 
d) Hormônios eicosanóides: são compostos derivados do ácido 
aracdônico e produzidos quase que em todos os tecidos do organismo. 
Incluem neste grupamento as prostaglandinas, leucotrienos e 
tromboxanos. Para a reprodução demosntram importância as 
prostaglandinas. 
 
 
4.3. Mecanismo de ação dos hormônios 
 
 Todos os hormônios atuam em receptores específicos, os quais estão 
presentes exclusivamente nas células alvo, ou seja, nas células onde irão 
desempenhar função. 
 Existem dois mecanismos básicos de ação hormonal, os quais estão em 
função do tipo de hormônio: 
a) Hormônios peptídicos e catecolaminas: estes hormônios não têm a 
capacidade de penetrarnas células, portanto o sítio de ligação está na 
membrana plasmática da célula alvo. 
b) Hormônios esteróides: tem a capacidade de atravessar as membranas 
plasmáticas e seus receptores estão localizados no núcleo da célula 
alvo. 
 
4.4. Hormônios do Hipotálamo e Hipófise 
 
 O eixo hipotálamo-hipofisiário é a unidade funcional de integração entre os 
sistemas nervoso central e endócrino (Figura 5), regulando assim importantes 
funções metabólicas como a reprodução, crescimento, lactação e equilíbrio 
hídrico. 
 O hipotálamo é uma parte do sistema nervoso central (SNC) que se 
encontra situado na base do cérebro, enquanto que a hipófise está situada logo 
abaixo do hipotálamo. 
4.4.1. Hipotálamo 
 
 Os hormônios secretados pelas células nervosas do hipotálamo são 
conhecidos como trasndutores neuro-endócrinos, pois transformam impulsos 
nervosos em sinais hormonais. Em resposta às mensagens do SNC, o hipotálamo 
produz hormônios regulatórios que passam para a hipófise anterior (seu órgão-
alvo priário). Em outras palavras, a função do hipotálamo pode ser comparada 
ação de um radar, o qual percebe os sinais do meio ambiente através dos 
sentidos do corpo (visão, olfato) e traduz para o organismo, o qual reagirá em 
resposta à sua sinalização com a liberação ou não de hormônios pela hipófise. 
 
a) GnRH (Hormônio Liberador das Gonadotrofinas): é um hormônio 
peptídico o qual é responsável pela liberação de hormônios da hipófise 
(gonadotrofinas). A secreção do GnRH é modulada pelos níveis dos 
hormônios secretados na hipófise (LH e FSH) e nos órgãos alvo 
secundários (gônadas) sendo os hormônios estradiol, progesterona e 
testosterona. 
 
4.4.2. Hipófise 
 
 A hipófise ou pituitária é uma estrutura complexa por grupos celulares 
diferentes que produzem e secretam distintos tipos de hormônios. A hipófise pode 
ser dividida em duas porções: 
 
a) Adeno-hipófise ou hipófise anterior: 
b) Neuro-hipófise ou hipófise posterior: 
 
Os hormônios secretados pela hipófise (adeno-hipófise) envolvidos com a 
reprodução são conhecidos como gonadotrofinas e são o LH e FSH: 
 
a) LH (Hormônio Luteinizante): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Ciclo Estral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Fertilização, Gestação e Parto 
 
6.1. Fertilização 
 
 A fertilização nos mamíferos representa o início de uma nova vida. Para 
que este evento ocorra é necessário que tanto o espermatozóide quanto o ovócito 
estejam maduros e se encontrem ao mesmo tempo. A fertilização, na maioria das 
espécies, ocorre no oviduto. 
 
6.1.1. Capacitação do espermatozóide 
 
 A capacitação do espermatozóide é um fenômeno que envolve 
modificações bioquímicas e morfológicas do espermatozóide, afim de proporcionar 
condições a este de fecundar um ovócito. 
 Nos mamíferos, os espermatozóides recém produzidos pelo testículo não 
apresentam ainda capacidade fertilizante. Eles adquirem esta capacidade 
passando pelo processo de maturação espermática ocorrida no epidídimo, onde o 
espermatozóide adquire habilidade de se locomover, bem como passa por 
mudanças químicas em sua membrana as quais permitam que o mesmo tenham 
habilidade de aderir à zona pelúcida do ovócito. 
 Os espermatozóides maturos no epidídimo, contudo, não têm ainda a 
capacidade fertilizante totalmente estabelecida. Eles devem permanecer um 
tempo no trato genital feminino para ganhar essa capacidade. Ali sofrem uma 
série de mudanças no processo conhecido como capacitação. Os 
espermatozóides requerem de um tempo entre a inseminação (artificial ou não) e 
a fertilização, tempo que pode varias de 1 a várias horas. 
 A capacitação sensibiliza a membrana espermática, expondo sítios 
receptores que permitem ao espermatozóide interagir especificamente com 
receptores do ovócito ou com substâncias que rodeiam o mesmo. 
 
6.1.2. Reação do acrossomo 
 
 O acrossomo é uma estrutura em forma de capuz, rodeada de membranas 
que cobre a parte superior da cabeça do espermatozóide. É considerado como 
uma estrutura análoga (semelhante) aos lisossomos ou aos grânulos zimogêneos 
do pâncreas, contendo enzimas hidrolíticas. 
 Os ovócitos de muitos animais são rodeados de cobertura glicoprotéica, 
que deve ser atravessada pelos espermatozóides para chegar até a membrana 
plasmática do ovócito (vitelo). Além da zona pelúcida, cobertura glicoprotéica que 
reveste os ovócitos dos mamíferos, existe ainda o cumulus oophorus e a corona 
radiata, compostos por células e por uma matriz, cuja o componente principal é o 
ácido hialurônico. O espermatozóide deve dissolver toda esta cobertura 
produzindo um “buraco”, através do qual ele nada até o seu objetivo (Figura 6). A 
dissolução dessa cobertura é realizada através de enzimas proteolíticas e pela 
interação hidrofóbica intermolecular (dissolução estequiométrica). 
 
 
 Figura 6. Penetração do espermatozóide no ovócito 
 
6.1.3. Fusão dos gametas 
 
 A vida fértil de espermatozóides e ovócitos comanda a sincronização entre 
a inseminação (artificial ou natural) e ovulação para se atingir um alto índice de 
concepção. As fêmeas ovulam em diversos momentos após o início do cio. A 
longevidade dos espermatozóides no trato genital feminino parece estar 
relacionada à duração do cio (Tabela 2). 
 
Tabela 2.Longevidade dos gametas em diferentes espécies domésticas 
Longevidade dos gametas 
(horas) Bovinos Eqüinos Ovinos Suínos 
Espermatozóides 30-48 72-120 30-48 34-72 
Ovócitos 20-24 6-8 16-24 8-10 
 
Os espermatozóides devem estar capacitados para penetrar no cumulus. 
Os espermatozóides não capacitados podem ficar aderidos ao cumulus, porém 
são incapazes de penetrar. Por outro lado, os espermatozóides capacitados 
devem apresentar o acrossomo intacto no momento de penetrar o cumulus, pois 
se a reação do acrossomo acontecer antes, eles ficam grudados na superfície do 
cumulus e não conseguem avançar (Figura 6). 
 Existem duas hipóteses para explicar a passagem dos espermatozóides 
pela zona pelúcida: 
a) Hipótese mecânica: o espermatozóide atravessa a zona batendo 
vigorosamente a cauda, movimento essencial para a penetração, 
ajudado por movimentos laterais e antero-posteriores da cabeça. 
b) Hipótese enzimática: cada passo da penetração é mediado por enzimas 
liberadas do acrossômo (hialuronidase e outras enzimas). 
 
Para a penetração do espermatozóide no ovócito, o mais provável que 
ocorra são os métodos mecânicos e enzimáticos conjuntamente. 
 Após passar pela zona pelúcida, o espermatozóide deve cruzar o espaço 
peri-vitaelino, ficar grudado no vitelo e gradualmente incorporar-se a ele (Figura 6). 
A membrana espermática se torna parte da membrana plasmática do ovócito 
durante a fertilização, estabelecendo uma fusão. 
 Após a fusão com o espermatozóide, o ovócito até então quiescente (em 
repouso), inicia uma série de eventos bioquímicos e morfológicos que levam a 
formação de um novo ser. O núcleo do ovócito, que estava na metáfase da 
segunda meiose antes da fertilização, reassume a meiose após a fusão. O 
pronúcleo masculino e o pronúcleo feminino ficam próximos um do outro, 
desintegram-se seus envelopes nucleares e misturam seus cromossomos, evento 
que pode ser considerado como o fim da fertilização e o início da fase de 
desenvolvimento embrionário. O intervalo entre a fusão o início da primeira 
clivagem (divisão) pode ser de até 12 horas nos mamíferos. 
 As propriedades da zona pelúcida mudam drasticamente após a fertilização 
para evitar a penetração de mais espermatozóides ou polispermia. Esta mudança 
se conhece como reação da zona.6.2 Gestação 
 
6.2.1. Fixação e estabelecimento da gestação 
 
 Após a fertilização, o embrião permanece um período dentro do oviduto 
(ampola/istmo) antes de entrar no útero. O útero deve estar em condições de 
receber o embrião, para tanto deve estar sendo influenciado pelo hormônio 
progesterona. Depois da fertilização, o embrião alcança o útero em um período 
variável de espécie para espécie. A média dos mamíferos é de 3 a 4 dias pós-
fertilização. Nas éguas o óvulo só é transportado ao útero se fertilizado, o que 
sugere que o embrião promove seu próprio transporte ao útero. Na tabela 3 é 
apresentado o desenvolvimento embrionário: 
 
Tabela 3. Desenvolvimento embrionário durante o início da gestação em algumas 
espécies domésticas: 
Desenvolvimento 
embrionário (dias) Bovinos Eqüinos Ovinos Suínos 
Duas células 1 1 1 0,6-0,8 
Quatro células 1,5 1,5 
 
1,3 1 
Oito células 3 3 1,5 2,5 
Blastocisto 7-8 6 6-7 5-6 
Blast. eclosão 9-11 8 7-8 6 
 
 Ao contrário do que ocorre em roedores e primatas, a implantação em 
espécies domésticas é superficial e não-invasiva. Envolve fases de justaposição e 
adesão de células epiteliais uterinas com o trofoblasto (embrião). O processo de 
aderência do concepto (embrião) em espécies de ruminantes envolve as áreas 
caruncular e intercaruncular do endométrio. 
O ambiente uterino fornece os nutrientes e meio físico-químico adequados 
para o desenvolvimento do embrião desde sua chegada no útero até sua 
implantação. As mudanças que ocorrem nas secreções uterinas são hormônio-
dependentes e constituem a base da sincronia entre embrião e o útero. 
Quando o embrião chega ao útero, por volta do dia seis depois da 
fertilização, a sua sobrevivência depende da prolongação da atividade do corpo 
lúteo. Em todos os animais domésticos a progesterona é essencial para o 
estabelecimento e manutenção da gestação. 
O sinal de reconhecimento da gestação não parece ser uma interação 
célula-célula, pois no momento de reconhecimento da gestação em bovinos é por 
volta do dia 16 de gestação, e este antecede o fenômeno de implantação, o qual 
se dá por volta do dia 18-22 de gestação. O mais provável é que ocorra um sinal 
embrionário de natureza química (interferon ζ na vaca), que pode ser luteotrófico 
(mantém a atividade do corpo lúteo) e/ou anti-luteolítico. Os estrógenos são 
luteotróficos na porca e são produzidos pelo blastocisto (embrião) antes da 
implantação, no momento de reconhecimento da gestação. 
Reconhecimento da gestação: 
a) Ovelha: um produto anti-luteolítico, de baixo peso molecular, 
caracterizado como uma proteína de natureza ácida, é produzido pelo concepto da 
ovelha entre os dias 12 e 21 de gestação e foi, inicialmente, chamado de proteína 
trofoblástica ovina-1 (oTP-1). Essa proteína é semelhante a uma classe de 
proteínas denominadas de interférons e é, agora, classificada como um tipo único 
de interféron, chamado de interféron-tau ovino (oIFN-ζ). 
b) Vaca: o reconhecimento da gestação nas vacas se dá entre os dias 16 e 
19. O concepto bovino produz proteínas ácidas de baixo peso molecular, entre 
elas, a proteína trofoblástica bovina-1 (bTP-1), aqual é classificada como um 
interféron e é denominada de interféron-tau bovino (bIFN- ζ). 
c) Porca: a produção de estrógeno pelo concepto em desenvolvimento é o 
sinal para o reconhecimento materno da gestação nos suínos. Períodos de 
produção de estrógeno entre os dias 11 e 12 e entre os dias 14 e 30 de gestação 
permitem a manutenção do corpo lúteo. Os conceptos devem estar presentes em 
ambos os cornos para que a gestação se estabeleça e pelo menos dois deles 
devem estar presentes em cada corno para que uma área suficiente do 
endométrio seja coberta e a liberação de PGF2α seja bloqueada. 
d) Égua: ainda permanece inconclusivo qual produto secretado pelo 
concepto é responsável pelo bloqueio da liberação de PGF2α na égua prenhe. 
Entre os dias 8 e 20 de gestação, o concepto eqüino produz e secreta estrógeno, 
incluindo estrogênio e estrona. É provável que proteínas secretadas pelo concepto 
forneçam o sinal para o reconhecimento materno da gestação na égua, ao inibir 
direta e indiretamente a produção de PGF2α endometrial. 
 
6.3. Duração da gestação 
 
 Em relação ao número de fetos, as fêmeas domésticas podem ser 
classificadas em: 
 a) Uníparas: normalmente liberam um óvulo e desenvolvem apenas um 
feto. São exemplos a vaca e a égua. Embora as ovelhas e cabras sejam 
classificadas como animais uníparos, a alta incidência de gestações gemelares 
nessas espécies (45-70%) sugere usar o termo bíparo. 
 b) Multíparas: as quais se caracterizam por geralmente liberar de 3 a 20 
óvulos e desenvolvem um número de fetos que varia de acordo com a espécie, 
idade e raça. São exemplos a porca, a cadela e a gata. 
 As fêmeas que nunca ficaram gestantes são conhecidas como nulíparas, as 
quais já tiverem mais de dois partos de pluríparas e as que estão gestantes pela 
primeira vez de primíparas. 
 O período de gestação é o intervalo entre o serviço fértil (concepção) e o 
parto. Pode ser modificado por fatores maternos, fetais, genéticos e ambientais. 
6.3.1. Fatores maternos 
 
 A idade da mãe pode influenciar a duração da gestação conforme a 
espécie. O período de gestação se prolonga cerca de 2 dias em ovelhas com mais 
de 8 anos de idade. Novilhas jovens apresentam períodos de gestação 
ligeiramente mais curtos do que vacas mais velhas. 
 
6.3.2. Fatores fetais 
 
 O sexo do feto influencia a duração da gestação, terneiros e potros machos 
têm períodos de gestação cerca de 2 dias mais longos do que fêmeas. A gestação 
dura menos quando há mais fetos. Em bovinos, gêmeos nascem de 3 a 6 dias 
mais cedo do que fetos únicos. 
 
6.3.3. Fatores genéticos 
 
 Nos bovinos, a raça do feto determina a duração da gestação, fato 
observado quando ocorre transferência de embriões de raças com período de 
gestação mais curto ou mais longo do que o período de gestação da doadora. 
Vacas de raças zebuínas apresentam um período de gestação maior do que 
vacas de raças européias. 
 
6.3.4. Fatores ambientais 
 
 A estação do ano pode influenciar o período de gestação, particularmente 
em eqüinos. Potrancas concebidas no final do verão e outono têm período de 
gestação mais curto do que aquelas concebidas na primavera. A subnutrição 
diminui o tempo de gestação e fatores estressantes podem causar parto 
prematuro. 
 
 A gestação pode ser dividida em duas fases distintas em toas as espécies 
domésticas: 
 a) Período embrionário: durante este período ocorre a diferenciação 
celular. Se estende desde a fertilização até o término do processo de implantação 
(dia 45 na vaca, 34 na ovelha, 60 na égua). 
 b) Período fetal: dura desde o final do período embrionário até o parto. As 
mudanças deste período são de crescimento do feto, onde este obedece uma 
curva de tipo geométrico, sendo o maior incremento no terço final da gestação. 
 
 Duração da gestação em algumas espécies domésticas: 
Espécie Duração de gestação (dias) 
Bovino europeu 280-285 
Bovino indiano (zebuíno) 292 
Ovelha/Cabra 145-150 
Porca 115 
Égua 335-340 
Gata 56-63 
Cadela 60-66 
Coelha 30 
Rata 22 
Hamster 16 
 
6.4. Membranas fetais (Placenta) 
 
 Uma característica única no desenvolvimento inicial dos mamíferos é a 
passagem de nutrientes do organismo materno através da placenta. A placenta é 
a justaposição ou fusão de membranas fetais com o endométrio (útero), que 
permite trocas fisiológicas entre mãe e feto e difere em muitos aspectos dos outros 
órgãos, sendo resultante de várias interações entre mãe e feto e estando ligada ao 
embrião pelo cordão umbilical. 
 A placenta realiza muitas funções que substituem o trato gastrintestinal, 
pulmões, rins, fígado e as glândulas endócrinas do feto. Além disso, ela separa o 
organismo materno dofetal assegurando o desenvolvimento do feto isoladamente. 
 Embora os sangues do feto e da mãe não se misturem, as circulações 
passam muito próximas uma da outra e acontece a troca de oxigênio e nutrientes. 
A passagem de substâncias pode ser através de difusão passiva, transporte ativo, 
fagocitose e pinocitose. 
 
Tabela XY. Membranas fetais dos animais domésticos 
Membrana Funções 
Saco vitelino Vestigial 
Âmnio Envolve o feto numa cavidade repleta de líquido 
Alantóide Drena os dejetos fetais Funde-se com o córion: placenta cório-alantóide 
Cório 
Envolve o embrião e outras membranas fetais 
Associado a delimitação interna do útero para formar a 
placenta 
Cordão umbilical Envolve os vasos alantóides e atua como ligação vascular 
entre a mãe e o feto 
 
 Existem vários tipos de placentação, definidos pelo número de camadas 
que separam os sangues da mãe e do feto. Deste modo são classificadas da 
seguinte maneira: 
a) Placentação epitélio-corial difusa: espécies que possuem 6 camadas 
separando a circulação materno-fetal. Exemplo: porca e égua; 
b) Placentação epitélio-corial cotiledonária: possuem 5 camadas 
separando a circulação materno-fetal. Exemplo: ovelha, cabra e vaca; 
c) Placentação endotélio-corial: possuem 4 camadas separando a 
circulação materno-fetal. Exemplo: cadela e gata; 
d) Placentação hemo-corial: possuem 3 camadas separando a circulação 
materno-fetal. Exemplos: primatas (humanos). 
 
Observação: A placentação epitélio-corial cotiledonária é caracterizada pelos 
placentomas, locais de maior área de contato entre o feto e a mãe, onde os 
cotilédones fetais se fusionam (unem) às carúnculas, as quais são projeções 
especiais da mucosa uterina. Os placentomas são as unidades feto-placentárias 
funcionais. O número de placentomas é fixo em cada espécie, sendo 90-100 na 
ovelha e de 70-120 na vaca. 
 
 
 Figura 7. Placenta nos animais domésticos 
 
 No momento do parto em relação a perda de tecido materno a placentação 
pode ser classificada em: 
a) Deciduada: apresenta perda de tecido, o qual pode ser moderada (cadela e 
gata) ou extensa (primatas); 
b) Adeciduada: quando não há perda de tecido (porca, ovelha, égua, vaca); 
 
Relação placentação x colostro: 
O tipo de placentação epitélio-corial não permite a passagem de 
imunoglobulinas (anti-corpos) da mãe para o feto. O recém nascido, das 
espécies com este tipo de placentação, nasce sem proteção imunológica (sem 
imunidade). Sendo assim, essas espécies fazem a passagem das 
imunoglobulinas para o recém nascido via colostro, sendo a ingestão desse de 
essencial importância para a proteção imunológica nas primeiras horas de 
vida. 
 
A duração da vida reprodutiva das diferentes espécies pode ser observada 
na tabela XXXX. 
 
Duração da vida reprodutiva (anos) em animais domésticos. 
Espécie Vida reprodutiva 
Vaca leiteira 8-10 
Vaca de corte 10-12 
Touro 10-14 
Égua 18-22 
Ovelha/Cabra 6-10 
Porca 6-8 
Cadela/Gata 8-12 
 
6.5. Parto 
 
 No parto ocorrem eventos fisiológicos que levam à expulsão do feto e da 
placenta, após terem atingido seu completo desenvolvimento. Antes de começar o 
parto, os fetos tomam a posição característica de cada espécie dentro do útero, de 
forma a ter a menor dificuldade possível para a sua saída. 
 O início do parto é regulado por uma complexa interação entre fatores 
endócrinos (hormônios), mecânicos e neurais. Entre os mecanismos mais 
importantes que desencadeiam o parto são considerados os seguintes: 
a) Amadurecimento fetal: está relacionado ao amadurecimento do eixo 
hipotalâmico-hipofisiário-adrenal do feto. A concentração de cortisol fatal 
aumenta enormemente nas duas últimas semanas antes do parto, fato que 
coincide com a queda súbita de progesterona plasmática materna. 
b) Fatores mecânicos: principalmente gerados pelo crescimento fetal no final 
da gestação, gerando assim, a distensão do útero, a qual provoca a 
liberação de PGF2α (causa luteólise e logo a queda na progesterona) e 
também aumenta a irritabilidade do endométrio, favorecendo assim as 
contrações uterinas. 
c) Mecanismos endócrinos materno-fetais: afetam o complexo luteotrófico 
(LH, prolactina e lactogênio placentário), o qual é responsável pela 
manutenção da gestação mediante estímulo sobre o corpo lúteo para a 
produção permanente de progesterona. Aparentemente os corticóides de 
origem fetal apresentariam efeito inibitório sobre a biossíntese de lactogênio 
placentário, diminuindo a secreção de progesterona. 
 
É o feto através da liberação de cortisol que dá início ao processo do parto 
como um todo. O sucesso do parto depende de dois processos mecânicos: a 
habilidade do útero em contrair e a capacidade da cérvix de dilatar suficientemente 
para permitir a passagem do feto. 
 
6.5.1. Estágios do parto 
 
 O parto pode ser dividido em três fases distintas: 
 
a) Dilatação da cérvix: começam as contrações uterinas pela ação da 
ocitocina, bem como ocorre a dilatação da cérvix. A bolsa alantóide aparece 
na vulva e depois se rompe, logo ocorre a saída e ruptura da bolsa 
amniótica para lubrificação do canal genital. A freqüência das contrações 
uterinas fica em torno de 15 minutos. 
b) Expulsão do feto: quando aumentam a freqüência e a intensidade das 
contrações uterinas pelo aumento da liberação da ocitocina. Os músculos 
abdominais ajudam nas contrações 
c) Expulsão das membranas fetais (placenta): O possível mecanismo da 
expulsão placentária envolve isquemia do endométrio e posterior 
deslocamento das vilosidades coriônicas. As contrações uterinas também 
ajudam na expulsão da placenta. 
 
Duração média dos três estágios de trabalho de parto em animais domésticos 
(horas) 
Animal Dilatação da cérvix Expulsão dos fetos Expulsão das 
membranas fetais 
Égua 1-4 0,2-0,5 1 
Vaca 2-6 0,5-1,0 6-12 
Ovelha/Cabra 2-6 0,5-2,0 0,5-8,0 
Porca 2-12 2,5-3,0 1-4

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