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RESUMO INTERSEÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E NEUROCIÊNCIAS

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RESUMO INTERSEÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E NEUROCIÊNCIAS
CAPÍTULO 3: PSICANÁLISE E NEUROCIÊNCIAS: CONDIÇÕES, EXPERIMENTAÇÕES E CLÍNICA
	Em 1879, reconhece-se a origem da psicologia enquanto ciência experimental, na cidade de Leipzig, por Wilhelm Wundt. Edward Titchener fundou o estruturalismo em 1898, definindo a psicologia como a ciência que busca compreender os elementos que compõem a
 consciência. Em oposição, William James criou o funcionalismo em 1890, com o objetivo de investigar a função ou o propósito da consciência. Em 1910, W. Köhler, K. Kofka e M. Wertheimer, interessaram-se em descrever as leis gerais sobre a organização da percepção através da teoria da Gestalt. Em 1913 Watson liderou a escola behaviorista, que afirmava que a impossibilidade de investigação de fenômenos ocorridos na consciência, resultando na definição do comportamento como o principal objeto de estudo da psicologia. 
	Já na segunda metade do século XX, houve o surgimento de diferentes movimentos cognitivistas que privilegiaram o estudo de funções mentais envolvendo o processamento de informação, tais como percepção, memória, pensamento, linguagem e consciência. Além disso, também teve origem a área das neurociências que acabou por fazer ponte entre as diferentes áreas da psicologia experimental e da neurobiologia. Muito recentemente, teve início um movimento que busca integrar o conhecimento produzido pelas diferentes áreas da neurociência com aquele específico à psicanálise.
	Fundador da psicanálise, Freud partia do princípio de que o cérebro é o órgão responsável por toda e qualquer atividade psicológica, no entanto, a psicanálise deu origem a uma tradição que se desenvolveu de modo relativamente independente das ciências naturais. 
CONDIÇÕES PARA O DIÁLOGO: ASPECTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS
	A psicanálise é filha da neurologia, a parte da medicina preocupada com os transtornos do funcionamento do cérebro. Freud graduou-se em medicina e passou a trabalhar com o sistema nervoso dos seres humanos, embrenhando-se nas discussões em torno da localização cerebral dos processos psíquicos envolvidos na linguagem. Seu foco eram crianças, mas também passou a atender pacientes com transtornos funcionais (neurose obsessivo-compulsiva, neurose de angústia – atual síndrome do pânico e histeria). A concepção freudiana da psicologia se aproxima do movimento da psicofísica, representado nas figuras de Helmboltz, Fechner, Weber e Wundt. Voltando-se mais para a atividade clínica e não tão experimental, fez com que a psicanálise evoluísse de forma diferente em relação aos outros sistemas psicológicos que privilegiavam o rigor metodológico da pesquisa experimental. 
	Como neurologista, Freud fazia uso do método anatomoclínico (síndromes clínicas correlacionadas com a anatomia cerebral) em sua pesquisa e em sua clínica. Consideradas, na época, doenças neurológicas, as neuroses acentuavam a diferença entre as escolas francesa e alemã, pois não apresentavam lesões demonstráveis no sistema nervoso que respondessem pela sintomatologia clínica observada. A partir do que aprendera com Charcot (da escola francesa), Freud não considerava as neuroses transtornos não-físicos, mas sim não localizáveis anatomicamente. Ele considerava que a anatomia patológica jamais revelaria as bases das síndromes clínicas das neuroses, pois elas repousavam inteiramente em modificações fisiológicas do sistema nervoso e, portanto, deveriam ser consideradas distúrbios funcionais.
	Segundo Hugjlings Jackson , o aparato mental estaria subdividido em níveis funcionais, ou seja apresentaria uma hierarquia de funções estabelecidas a partir da evolução da espécie humana (níveis superiores referem-se ao funcionamento voluntário e os níveis inferiores dizem respeito ao funcionamento automático) , além disso, também cunhou o conceito de dissolução (regressão – em condições patológicas, as funções superiores regridem para níveis hierarquicamente inferiores). 
METAPSICOLOGIA
	A psicanálise pode ser definida como um método de investigação dos processos psíquicos, um corpo de conhecimento o resultante desta investigação é uma forma de tratamento das afecções mentais – metapsicologia. Esta possui a perspectiva econômica (relativa aos aspectos quantitativo das forças - pulsões), a perspectiva dinâmica (referente aos conflitos e Às composições das pulsões entre si) e perspectiva tópica (relativa à descrição dos sistemas ou das instâncias mentias que compõem o aparelho psíquico). De acordo com a metáfora do iceberg de Freud, apenas uma pequena parte dos processos psíquicos é consciente, a maior parte é inconsciente e só atinge a consciência através do que a psicanálise chama de “formações inconscientes” (sonhos, lapsos, atos falhos, sintomas...). 
	O primeiro modelo/tópica desenhado por Freud é conhecido como “esquema pente”, composto por dois sistemas mnêmicos: sistema pré-consciente/consciente (conteúdos mentais armazenados na memória de longo prazo e que podem ser evocadas a qualquer momento – espécie de regulador entre o ics e o cs) e o sistema inconsciente (ocupa a maior área do aparelho psíquico, é onde estão localizados os conteúdos representacionais relativos às nossas motivações e desejos inconfessáveis, expressões diretas das pulsões, cujo principal objetivo é a satisfação imediata das pulsões; determinados conteúdos mentais oriundos do ics podem tornar-se conscientes uma vez transcritos, ou seja, adequados à forma do raciocínio e do pensamento lógico). Os conteúdos inconscientes só atingem a consciência através da mediação do pcs, que, por mecanismos de defesa (censura, recalque etc), permite que apenas determinados elementos se tornem conscientes.
	O segundo modelo/tópica apresentaria três regiões diferenciadas ou três instâncias: id (instância presente desde o nascimento, representa a espontaneidade pulsional impessoal e abre-se para o corpo, fonte de pulsões que exercem uma pressão constante, exigindo sua satisfação através de objetos variáveis ao infinito), ego (parte do id se diferencia em um ego mediante contato com o mundo externo; sede das atividades perceptivas e intelectuais, vela pela preservação do sujeito e por sua adaptação ao meio; medição das relações entre o aparato psíquico e o ambiente) e superego (resulta da interiorização dos interditos sociais e parentais).
EXPERIMENTAÇÕES
	Nas últimas décadas do século XX surgiram várias informações acerca do cérebro, como o surgimento de novas técnicas de neuroimagem, abordagens computacionais permitindo a simulação com o funcionamento das funções cognitivas e a disponibilidade de dados neurobiológicos relativos a questões importantes à psicanálise. Ela tende a admitir que os seres humanos são particulares e o cérebro humano aparece como o mais complexo do planeta, porém somos como qualquer outro organismo, produto da seleção natural, evoluído a partir do cérebro mais simples. A teoria da seleção natural proposta por Charles Darwin pode ser um elo entre as neurociências e a psicanálise. 
Na década de 80, os tratamentos medicamentosos ganharam terreno e a biologização irrestrita do entendimento das afecções psíquicas não cansou de anunciar a morte iminente da teoria construída por Freud. No começo do século XXI, neurocientistas pretenderam dar à teoria freudiana do funcionamento mental, o lugar de modelo de interpretação dos dados que eles extraem da observação clínica. Esse grupo defende a possibilidade e necessidade de composição de grupos interdisciplinares nesses campos. Busca-se desenvolver novos parâmetros intelectuais dentro dos quais a teoria do funcionamento cerebral e sua relação com a atividade mental preconizada por Freud pode ser enriquecida pelas neurociência, bem como lhe servir de referência teórica e histórica. 
NEUROCIÊNCIAS: sistemas responsáveis pela atividade mnemônica 
explícito ou declarativo (depende da atividade consciente): semântica (conhecimentos gerais acerca do mundo – áreas do neocórtex) ou episódica (memória de eventos particulares e específicos àpessoa – lobo temporal medial, hipocampo; estruturas diencefálicas)
Implícito ou não declarativo (não depende, mas pode se expressar por meio do comportamento): memória de procedimento/de natureza motora (gânglios da base e suas projeções para a substância negra, cerebelo e córtex pré-motor) e memória emocional (pode acionar uma série de reações autonômicas e comportamentais na ausência de qualquer atividade consciente)
Freud apresentou o recalque como o mecanismo básico da organização psíquica. Esse mecanismo de defesa refere-se à capacidade de o psiquismo tornar inconscientes (recalcar) as representações ou ideias incompatíveis com o ego, mas é relevante observar que o afeto que as acompanha permanece evidente no sujeito. Em linhas gerais, o recalcado deixa de fazer parte do ego e fica restrito ao id. Para a psicanálise, esse é um processo natural de desenvolvimento do aparelho psíquico. Ele é um fenômeno importante em processos psicopatológicos (pessoas que vivenciaram um evento traumático podem apresentar um transtorno dissociativo em que a memória explícita do evento é banida e sua memória emocional permanece ativa – o mecanismo de recalque atuaria na representação do evento traumático, mas não no afeto ao qual está ligado). 
Pessoas que passaram pelo evento traumático e eram incapazes de recordá-lo, apresentavam um aumento da atividade do córtex pré-frontal dorsolateral, assim como uma redução na atividade do hipocampo do hemisfério direito. Estruturas neurais responsáveis pela formação de memórias explícitas não são funcionais durante os 2 primeiros anos de vida – amnésia infantil, segundo Freud. Não lembrar conscientemente da maior parte de nossas memórias de infância não quer dizer que elas não tenham sido armazenadas e que não possam alterar nosso comportamento. Evidências demonstram que as experiências dos primeiros anos de vida, especialmente as afetivas, têm papel fundamental na construção das redes neuronais. Na infância, a plasticidade neuronal é muito intensa, pois há uma grande proliferação de novas sinapses, principalmente no córtex orbitofrontal. Aquelas que receberem estímulos ambientais mais frequentes serão fortalecidas e tornase-ão duradouras, mas aquelas pouco estimuladas serão eliminadas. As primeiras relações afetivas do sujeito são inscritas na arquitetura neuronal, determinando um padrão habitual de relacionamento que será reproduzido no convívio com as mais diversas pessoas do decorrer de sua vida – em psicanálise, este padrão recebe o nome de “compulsão à repetição”. Para os cientistas cognitivistas, esse padrão, repetido de forma automática e sem elaboração consciente, seria codificado como uma memória implícita (memória emocional). 
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