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Polemica SUCESSAO TRABALHISTA [Cesar Pires]

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A POLÊMICA DA SUCESSÃO TRABALHISTA EM FACE DA 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
César Augusto Pires∗ 
 
Resumo: Trata-se de artigo que tem por objetivo apresentar as principais polêmicas da 
sucessão trabalhista em face da recuperação judicial. Além disso, propõe uma visão atualizada 
da doutrina e jurisprudência em relação à inocorrência da sucessão trabalhista do adquirente de 
empresas alienadas judicialmente e que se encontravam no benefício da recuperação judicial. 
 
Palavras-chave: Recuperação Judicial. Sucessão Trabalhista. Empresas Alienadas 
Judicialmente. 
 
Abstract: This article has the main objective to present the most polemic labor succession 
facing the judicial recovering. Besides that, proposes an updated jurisprudence doctrine vision, 
relating to labor incurrence succession from the former alienated judicial companies found 
themselves in judicial recovering. 
 
Key words: Judicial Recovering. Labor Succession. Alienated Judicial Companies. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo trata de um assunto mais que atual na área do direito 
trabalhista, trazendo diversas polêmicas e discussões doutrinárias, bem como o 
posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca do respectivo tema ao julgar uma 
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) proposta pelo Partido Democrático 
Trabalhista (PDT), ao iniciar, serão apresentadas algumas considerações preliminares 
para contextualizar a proposta, justificativas deste artigo, objetivo e um levantamento 
sobre o estado atual em que se encontram as discussões doutrinárias sobre a temática 
apresentada. 
 Primeiramente será abordados brevemente o benefício da recuperação judicial e 
a sua finalidade. 
 Para alguns doutrinadores o benefício da recuperação judicial tem como escopo 
uma função social já que visa assegurar as atividades da empresa bem como o 
 
∗ César Augusto Pires é Advogado militante na área Trabalhista na cidade de São José dos Campos. Bacharel pela UNIP/SP. 
Especialista em Direito Processual Civil e Direito Civil pela UNIP/SP. Especialista em Direito Público pelo Curso Êxito e UNISAL/SP, 
Pós Graduando em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo Curso Êxito e UNISAL/SP. E-mail: 
advcesarpires@yahoo.com.br 
 
 2 
emprego dos trabalhadores. Entende-se que é uma forma do empresário ou a 
sociedade empresária se organizar novamente e que nem todas as empresas são 
merecedoras do benefício da recuperação. 
Também foi abordado a respeito dos requisitos da sucessão trabalhista, e se a 
empresa sucessora responde pelas dívidas trabalhistas assumidas e não adimplidas 
pela empresa sucedida. 
É importante ressaltar que as maiorias da doutrina e da jurisprudência 
sustentaram que a sucessão de empregadores não é impedimento para a não 
continuidade do contrato de trabalho. 
Na parte final do presente estudo a respeito da polêmica da sucessão trabalhista 
em face da recuperação judicial será exposto o posicionamento do Supremo Tribunal 
Federal e da atual doutrina a cerca da arrematação ocorrida dentro da ação de 
recuperação judicial. 
 Por fim, o objetivo deste trabalho é trazer para o meio acadêmico, um tema novo 
e atual com o intuito de provocar uma discussão sadia na área do direito trabalhista no 
que tange a polêmica da recuperação judicial em face da sucessão trabalhista, 
pretende-se contribuir com profissionais e estudiosos da área, bem como abrir novos 
caminhos para estudos sobre o tema. 
 No desenvolvimento deste artigo foi utilizado o recurso metodológico 
caracterizado como pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. 
 Para a realização deste estudo foram consultados: livros e sites de internet 
especializados no assunto pesquisado. 
 
2. NOÇÕES SOBRE A RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
Souza (2009, p. 143) enfatiza que a legislação revogada (Decreto – Lei n. 
7.661/1945) previa o benefício da concordata, muito parecida com a atual recuperação 
de empresa. Para tal concessão era necessário “que o comerciante fosse honesto e de 
boa – fé, pois determinava requisitos básicos”. 
Acertadamente os doutrinadores Bertoldi e Ribeiro (2003, p. 338) comentavam que 
na legislação anterior, quaisquer dados apresentados e mostrados no pedido da 
 3 
concordata não condissessem com a realidade ou sendo que o devedor não fosse 
honesto e de boa – fé poderia ser usada como fundamentação dos embargos. 
A legislação revogada previa a concordata como beneficio legal, destinada ao 
empresário regular e de boa – fé, por fim possibilitando a recuperação da empresa. 
A Atual Lei n. 11.101/05, na qual trata das Falências e de Recuperação de 
Empresas, tem por escopo assegurar a atividade da empresa e por conseqüente a 
criação de novos empregos e a manutenção dos já existentes, a nova lei pretende 
trazer uma nova visão sobre a recuperação judicial, não tão somente se preocupando 
com os credores. 
Segundo Bezerra Filho (2007, p. 135), a entrada em vigor da nova lei de 
recuperação judicial tem “uma nova visão, que leva em conta não mais o direito dos 
credores, de forma primordial, como ocorria na lei anterior”. 
Souza (2009) ressalta que a reabilitação do devedor mesmo exigindo 
determinados sacrifícios devido à consecução da finalidade da recuperação judicial traz 
benefícios a todos os credores. 
Bezerra Filho (2007, p. 135), enfatiza que a nova lei de recuperação judicial visa “a 
manutenção da empresa como unidade produtiva, criadora de empregos e produtora de 
bens e serviços, enfim, como atividade de profundo interesse social, cuja manutenção 
deve ser procurada sempre que possível”. 
 Para Souza (2009), o encerramento das atividades de uma empresa pode trazer 
graves conseqüências para com a sociedade é necessário salvaguardar a recuperação 
dos devedores em situação econômica debilitadas. Entretanto prudências devem ser 
tomadas no que tange à recuperação judicial, não perdendo a noção da viabilidade da 
empresas viáveis e devedores com conduta ilibada. 
 De acordo com o doutrinador Coelho (2009, p. 114) a recuperação judicial visa o 
“saneamento da crise econômico – financeira e patrimonial preservação da atividade 
econômica e dos seus postos de trabalho, bem como o atendimento aos interesses dos 
credores”. Esse também foi o posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal 
numa recente ação julgada de inconstitucionalidade a respeito de alguns dispositivos da 
nova Lei de Recuperação e Falência. 
 Grande parte da doutrina comenta que nem todas as empresas em dificuldades 
 4 
merecem os benefícios da recuperação judicial, muitas se amparam na questão do 
mercado empresarial, a problemática é de que se outras empresas não tiveram 
interesses na captação da mesma para uma reorganização estrutural e investimentos 
ou mesmo alternativas, solução não haverá para tal empresa e, portanto não fazendo 
jus ao benefício da recuperação judicial. 
No mesmo sentido Coelho (2009, p. 117), afirma que “em princípio, se não há 
solução de mercado para a crise de determinada empresa, é porque ela não comporta 
recuperação”. 
 Nos argumentos de Souza (2009, p. 144), acertadamente diz “se ninguém quer a 
empresa, a falência é a solução do mercado, e não há por que se buscar a força à sua 
recuperação”. Determinadas empresas prejudicam as demais, portanto, não devem 
fazerparte do mercado. 
A recuperação somente deve ser utilizada nas empresas, cuja dificuldade 
econômica tenha um caráter transitório, pois se estiver em situação insolúvel deverá ser 
decretada a falência. 
A maioria da doutrina afirma que certas empresas realmente têm que ser 
encerradas, isso para o bem da própria economia e dos recursos financeiros, Coelho 
(2009, p. 115 e 116) é categórico ao afirmar que “algumas empresas, porque são 
tecnologicamente atrasadas, descapitalizadas ou possuem organização administração 
precária, devem mesmo ser encerradas”. 
A recuperação judicial segundo Saad (2009) é aplicável somente ao empresário 
e à sociedade empresária, conforme dispositivo previsto no artigo 1º da Lei n. 
11.101/2005. 
 É importante ressaltar, que o doutrinador Saad (2009) em sua opinião a respeito 
do artigo 2º da Lei 11.101/2005 esclarece que esse dispositivo se encontra fadada de 
inconstitucionalidade, no que tange a garantia fundamental inscrita no artigo 5º, inciso 
XXXV, da Constituição Federal, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito, BRASIL (1988, p. 8)”. 
 Discorre o doutrinador Coelho (2009), que a lei prevê, no artigo 2º, a exclusão 
completa e absoluta da falência e da recuperação judicial algumas sociedades 
empresárias, embora esses empresários produzam bens ou serviços organizadamente 
 5 
por empresas, estão excluídos da nova Lei de Falências e de Recuperação de 
Empresas. 
 
Artigo 2º. Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de 
economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa 
de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade 
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, 
sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas 
às anteriores. (Coelho, 2009, p. 25). 
 
 A nova Lei em regra teve como objetivo a ser alcançando, o princípio da 
conservação da empresa e não focando tão somente os credores como a legislação 
anterior. 
Souza (2009) enfatiza que o princípio da conservação da empresa, não deve ser 
confundindo com a conservação da pessoa física ou da pessoa jurídica, na verdade tal 
princípio é uma afirmação da conservação da atividade empresarial. 
É de grande valia ressaltar que a conservação da função social da empresa gera 
benefícios e maiores resultados para todos, tendo em vista a continuidade da atividade 
da empresa e a manutenção dos empregos, advinda da aplicação do princípio da 
conservação da empresa. 
Nos ensinamentos de Coelho (2009, p. 144), comenta que “a recuperação judicial 
se divide em três fases bem distintas”, sendo a primeira a fase postulatória, determina 
como deve vir instruída a petição inicial com o requerimento do benefício; a segunda, a 
deliberativa, após a verificação de crédito, se discute a aprovação do plano da empresa 
ou não, tendo início com o despacho que manda processar a recuperação judicial; e a 
terceira, a executiva, na qual trata da fiscalização do plano aprovado, implicando a 
novação das dívidas anteriores ao pedido de recuperação, obrigando o devedor e todos 
credores, sem prejuízos de suas garantias. 
Souza (2009, p. 218) comenta que na “alienação de bem objeto de garantia real, a 
supressão da garantia ou sua substância somente será admitida mediante a aprovação 
expressa do credor titular da respectiva garantia”. 
No mesmo sentido Bezerra Filho (2007) entende que as garantias reais anteriores 
existentes sobre os bens permanecem intocadas, e somente poderão ser substituídos 
ou liberados com expressa anuência do titular da garantia conforme dispõe o §1º do 
 6 
artigo 50. 
Saad (2009, p. 540) alerta que essa tese defendida por esses doutrinadores 
“poderá ser refutada com a alegação de que a penhora judicial não tem a natureza de 
direito real de garantia, conforme as regras contidas no art. 1.419, do Código Civil, onde 
são previstos os seguintes direitos reais de garantia: penhor, anticrese e a hipoteca”. 
Prevê o artigo 61 se concedida à recuperação judicial ao devedor, este 
permanecerá no prazo de até 2 anos depois da concessão do benefício, para que se 
cumpram todas as obrigações previstas no plano, o juiz por sentença encerra a 
recuperação judicial conforme artigo 63. A não satisfação e o descumprimento das 
obrigações dentro de 2 (dois) anos será convalidada em falência, dispositivo 61, § 1º. 
Bezerra Filho (2007, p. 179), entende que as obrigações de todos os credores nas 
quais tinham como previsão vencimentos previstas para um período superior aos dois 
anos estipulados “terão título executivo judicial pelo valor constante da recuperação e, 
em conseqüência, poderão executar a dívida ou, se quiserem, ajuizar requerimento de 
falência, com fundamento no início I do art. 94, como prevê o art. 62”. 
Segundo Coelho (2009, p. 172): 
 
No prazo de 2 anos seguintes à concessão da recuperação judicial, se o 
devedor não cumpre alguma das obrigações previstas no plano 
aprovado, o credor só pode requerer a convolação desse processo em 
falência. Após esse prazo, porém, abre – se ao credor a possibilidade de 
pleitear a execução específica das obrigações contempladas no plano. 
 
No caso previsto, discorre Bezerra Filho (2007) que tanto no requerimento de 
falência quanto à execução serão distribuídos livremente e que nesse caso desaparece 
a prevenção, a partir da prolação da sentença na forma do artigo 63. 
 
3. REQUISITOS DA SUCESSÃO TRABALHISTA 
 
Antes de adentrar ao tema é importante ressaltar que a sucessão de direitos para 
Cavalcante e Jorge Neto (2009, p. 151) “pressupõe uma modificação subjetiva, a 
mudança do sujeito de direito, seja ativo ou passivo. Em sentido amplo, a sucessão 
representa a substituição de uma pessoa por outra na mesma relação jurídica”. 
Segundo Barros (2009, p. 3909) o conceito de sucessão dentro do Direito do 
 7 
Trabalho difere daqueles encontrados em outros ramos do Direito. “A sucessão, no 
Direito do trabalho, traduz uma substituição de empregadores, com uma imposição de 
créditos e débitos”. 
A sucessão trabalhista para Cavalcante e Jorge Neto (2009, p. 163) “é a mudança 
de propriedade pela alienação, como também quando se tem a absorção de uma 
empresa por outra (fusão, cisão e incorporação)”. 
Nos comentários de Souza (2009) enfatiza que ao tratarmos de sucessão de 
responsabilidade no Direito do Trabalho em face de sucessão de empregadores, há a 
necessidade de definir o que é empregador no que tange a legislação trabalhista e as 
suas consequências. 
Para Barros (2009, p. 373) “empregador é a pessoa física, jurídica ou o ente que 
contrata, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços do empregado, assumindo 
os riscos do empreendimento econômico”. 
O artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho traz o conceito de empregador: 
 
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, 
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e 
dirige a prestação pessoal de serviço. 
 § 1º - Equipara-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação 
de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as 
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que 
admitirem trabalhadores como empregados. 
 § 2º - Sempre que umaou mais empresas, tendo, embora, cada uma 
delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle 
ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de 
qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de 
emprego, solidariamente responsáveis à empresa principal e cada uma 
das subordinadas. (SAAD, 2009, P.39). 
 
Souza (2009) enfatiza ao dizer que a consideração de empregador é da empresa 
que é objeto de Direito e não sujeito, não atribuindo os detentores do Direito e 
Obrigações às pessoas físicas ou jurídicas. 
No mesmo sentido SAAD (2009, p. 39 e 40) ao comentar que “a empresa é objeto 
e não sujeito de direito, não pode, evidentemente, ser o empregador, o qual tem de ser 
sempre uma pessoa física ou jurídica”. 
Souza (2009, p. 322) em seus comentários enfatiza: 
 
 8 
Mesmo não aceitando tecnicamente ser a empresa sujeito de direito, 
constatamos que a previsão da CLT conduz a proteção do trabalhador 
em face das alterações interempresariais, conforme previsão do art. 448 
da CLT. Na legislação nacional, desde 1935 (Lei n. 62 de 5 de junho), 
adotamos o princípio da continuidade ou permanência do 
estabelecimento, a despeito das alterações jurídicas por que passe. 
 
A sucessão pode ser dar através de fusão, incorporação, fusão, cisão. Modificação 
da titularidade etc. Cavalcante e Jorge Neto (2009, p. 152), comenta que a sucessão 
pode ser “voluntária (intenção das partes) e involuntária ou coativa (imposta pela ordem 
jurídica)”. 
Barros (2009, p. 391) tece sabiamente que o “empregado pode reivindicar seus 
direitos do sucessor, pois, ao celebrar o ajuste, não se vinculou à pessoa física do 
titular da empresa, mas a esta última, que é o organismo duradouro”. 
No mesmo sentido temos a Orientação Jurisprudencial n. 261 da SDI-1 do TST: 
 
261 - BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA (inserida em 27.09.2002) 
As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os 
empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de 
responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os 
ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando 
típica sucessão trabalhista. (SAAD, 2009, P. 1447). 
 
Segundo Souza (2009, p. 325) o contrato de trabalho sofre alterações com o 
decorrer do tempo, não sendo as mesmas condições do trabalho no início da prestação 
de serviços. O autor faz uma ressalva “a alteração do contrato não pode ser por 
iniciativa de uma das partes, salvo quando benéfica à parte trabalhadora”. 
Comenta Cavalcante e Jorge Neto (2009, p. 158 e 159), que “o contrato de 
trabalho é intuito personae quanto ao empregado, o que já não ocorre com o 
empregador”. A doutrina moderna reconhece que é desprovida de personalidade 
jurídica, e detentores de direitos e obrigações bem como a herança, a massa falida, o 
condomínio etc. 
A mudança da titularidade da empresa, não afetará os contratos de trabalho dos 
respectivos trabalhadores conforme o dispositivo 448 da CLT. 
Segundo Souza (2009, p. 327) “mesmo existindo a transferência de um 
estabelecimento, há a sucessão das obrigações do empregador com relação aos 
trabalhadores para que continuem trabalhando no estabelecimento vendido”. 
 9 
Na verdade, grande parte da doutrina e da jurisprudência sustenta que a sucessão 
de empregadores não é impedimento para a não continuidade do contrato de trabalho. 
 
A novação subjetiva quanto ao empregador não é motivo legal para a 
cessação do contrato de trabalho. O contrato de trabalho, como relação 
jurídica, nasce da prestação de serviços. Como é de trato sucessivo, 
passa por transformações e se extingue; todavia, no seu curso, a 
novação subjetiva no pólo – empregador, não é fator legal a impedir o 
seu prosseguimento. (Cavalcante e Jorge Netto, 2009, p. 160). 
 
EMENTA: SUCESSÃO DE EMPREGADORES. CARACTERIZAÇÃO. 
ARTS. 2º, § 2º, 10 E 448 DA CLT. O legislador trabalhista, pelos arts. 2º, 
§ 2º, 10 e 448 da CLT, pretenderam proteger o empregado, tanto 
quando ocorre a sucessão de empregadores (mudança na propriedade) 
como quando há modificação na estrutura jurídica da empresa. No 
primeiro caso, há a típica sucessão de empregadores, ou seja, uma 
nova pessoa jurídica assume o papel de empregador. No conceito 
trabalhista, há sucessão quando uma pessoa adquire de outra empresa, 
estabelecimento ou seção no seu conjunto, ou seja, na sua unidade 
orgânica, mesmo quando não exista vínculo jurídico de qualquer espécie 
entre o sucessor e o sucedido. O princípio da continuidade do contrato 
de trabalho faz com que o sucessor se sub-rogue nos direitos e 
obrigações do sucedido, passando a responder pelos encargos 
trabalhistas dos empregados deste, que fica isento de qualquer 
responsabilidade, salvo nos casos de fraude ou simulação. Ao operar o 
trespasse do empregador, a empresa sucedida transfere para a 
sucessora seu patrimônio, nele incluído o fundo de comércio, bem assim 
os direitos e obrigações até então contraídas. Então, além da cessão de 
direitos, ocorre à assunção da dívida (cessão do débito) por parte do 
sucessor. (PROCESSO TRT/15ª REGIÃO Nº 00449-2002-070-15-00-7 
RO 25.280/2002-RO-6). 
 
Almeida (2008, p. 4) esclarece que a sucessão trabalhista tem como escopo à 
proteção do empregado, “fundando-se, essencialmente, no princípio da intangibilidade 
dos contratos de trabalho, no princípio da continuidade da relação de emprego e no 
princípio da despersonalização da figura do empregador”. 
Segundo Saraiva (2009, p. 613), configurada a sucessão trabalhista (artigos 10 e 
448 da CLT), a doutrina e jurisprudência firmaram entendimento que “a empresa 
sucessora responde pelas dívidas trabalhistas assumidas e não adimplidas pela 
empresa sucedida, assumindo o sucessor o pólo passivo da execução trabalhista”. 
Cavalcante e Jorge Neto (2009, p. 164) mencionam que nas relações jurídico – 
trabalhistas estão amparados por dois princípios: “o da continuidade das relações e o 
da despersonalização do empregador”. Essa responsabilidade do sucessor visa facilitar 
 10 
e beneficiar o empregado, já que o mesmo terá que respeitar a integralidade do 
contrato de trabalho do empregado. 
 
EMENTA: RECURSO DE REVISTA. SUCESSÃO. CONCESSÃO DE 
SERVIÇO PÚBLICO. NÃO SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE. 
RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. ORIENTAÇÃO 
JURISPRUDENCIAL Nº 225 DA SBDI-1. NÃO CONHECIMENTO. 1. O 
acórdão regional foi proferido em sintonia com a atual jurisprudência 
desta Corte Superior, no sentido de que ocorreu a transferência da 
concessão do serviço público de transporte ferroviário da Rede 
Ferroviária Federal S/A - RFFSA para a ALL - América Latina Logística 
do Brasil S/A, com o consequente arrendamento da malha ferroviária 
que veio a serem explorados por essa última e a continuidade de alguns 
contratos de trabalho, fatos jurídicos que, reunidos, caracterizam uma 
sucessão trabalhista especial. 2. Assim, fica a sucessora responsável 
pelos débitos trabalhistas da sucedida relativos aos contratos de 
trabalho que não sofreram solução de continuidade, pois, como o 
contrato é uno, foi absorvido pela nova concessionária, que, neste 
momento, assume o papel de nova empregadora. Inteligência da 
Orientação Jurisprudencial nº 225 da SBDI-1. 3. Recurso de revista não 
conhecido. (PROCESSO Nº TST-RR-78450/2003-900-04-00.0). 
 
EMENTA: SUCESSÃO DE EMPREGADORES. CARACTERIZAÇÃO.ARTS. 2º, § 2º, 10 E 448 DA CLT. O legislador trabalhista, pelos arts. 2º, 
§ 2º, 10 e 448 da CLT, pretendeu proteger o empregado, tanto quando 
ocorre a sucessão de empregadores (mudança na propriedade) como 
quando há modificação na estrutura jurídica da empresa. No primeiro 
caso, há a típica sucessão de empregadores, ou seja, uma nova pessoa 
jurídica assume o papel de empregador. No conceito trabalhista, há 
sucessão quando uma pessoa adquire de outra empresa, 
estabelecimento ou seção no seu conjunto, ou seja, na sua unidade 
orgânica, mesmo quando não exista vínculo jurídico de qualquer espécie 
entre o sucessor e o sucedido. O princípio da continuidade do contrato 
de trabalho faz com que o sucessor se sub-rogue nos direitos e 
obrigações do sucedido, passando a responder pelos encargos 
trabalhistas dos empregados deste. Ao operar o trespasse do 
empregador, a empresa sucedida transfere para a sucessora seu 
patrimônio, nele incluído o fundo de comércio, bem assim os direitos e 
obrigações até então contraídas. Então, além da cessão de direitos, 
ocorre a assunção da dívida (cessão do débito) por parte do sucessor. 
(PROCESSO TRT/15ª REGIÃO Nº 00519-2004-009-15-00-5). 
 
 É importante ressaltar que para Souza (2009, p. 328) ao aceitar os argumentos 
“de que a sucessão da responsabilidade é independente da continuidade da prestação 
de serviços, ou seja, haja a solução de continuidade entre o devedor e o novo 
adquirente, teremos uma obrigação que se equivale a propter rem”. A obrigação 
 11 
acompanha os bens transferidos. 
 Basicamente os requisitos essenciais para caracterizar a sucessão trabalhista 
conforme enfatiza Cavalcante e Jorge Neto (2009) é a unidade econômica – jurídica 
que significa a mudança ou transferência da titularidade da empresa, e por último que 
não haja solução de continuidade na prestação de serviços. 
 Finalizando, Saraiva (2009, p. 613) é categórico ao dizer que “honrando a dívida, 
a empresa sucessora poderá mover ação regressiva, na Justiça Comum, em face da 
empresa sucedida, com fundamento no art. 567, III, do Código de Processo Civil”. 
 
4. DOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NA SUCESSÃO TRABALHISTA 
 
Barros (2009, p. 397) entende que a expropriação forçada difere do contrato de 
compra e venda, por “consequência, o arrematante não se transforma em sucessor. 
Nesse sentido são os art. 60, parágrafo único, e 141, II, da Lei n. 11.101, de 9 de 
fevereiro de 2005”. 
Para os doutrinadores Cavalcanti e Jorge Neto (2009, p. 194) comentam se for 
feita uma análise “pela interpretação literal, diante da alienação judicial de filiais ou de 
unidades produtivas isoladas do devedor, desde que tenha ocorrido aprovação no plano 
de recuperação judicial, pode – se dizer que não há a sucessão trabalhista”. 
O temor do arrematante é sub – rogar no ônus que pesam sobre o bem, Bezerra 
Filho (2007, p. 180) comenta que “aquele que arremata um parque industrial teme 
responder pelas obrigações trabalhistas; todos temem responder pelas obrigações 
tributárias”. 
Coelho (2009, p. 170) enfatiza que a alienação judicial de unidades produtivas 
isoladas ou filiais do estabelecimento empresarial não acarreta a sucessão. “Isto é, o 
arrematante não pode ser cobrado pelas dívidas do alienante requerente da 
recuperação judicial”. 
 É interessante ressaltar, que diversas teses aplicadas a respeito do artigo 60, 
parágrafo único da LRF, fundamentam – se no princípio da proporcionalidade, Souza 
(2009, p. 358) esclarece que tal dispositivo da LRF “representa uma restrição a um 
direito fundamental, que são os direitos dos trabalhadores, previsto no art. 7º da 
 12 
Constituição Federal”. 
 O mesmo autor (2009, p. 359) conclui que essa restrição baseada no princípio da 
proporcionalidade “se mostra lícita, pois poderá trazer benefícios a todos os envolvidos, 
como o pagamento de maior número dos credores, geração de impostos e conservação 
da unidade produtiva (empregos inclusive)”. 
 Preceitua Saad (2009, p. 539) ao “afirmar que a arrematação ocorrida dentro da 
ação de recuperação judicial não provocará o surgimento da responsabilidade do 
arrematante pelos créditos anteriores dos trabalhadores”. O conceituado autor resolve a 
problemática aplicando a hermenêutica sob o critério da especialidade. 
 Souza (2009, p. 360) conclui que prevalece o entendimento previsto no artigo 60, 
parágrafo único da LRF, a inexistência da sucessão de empregado no que tange o 
credor trabalhista. No caso da recuperação judicial o devedor continuará a existir, e com 
as suas devidas responsabilidades de arcar com os direitos dos empregados, não 
admitindo somente que os mesmo exijam do arrematante os créditos anteriores à 
alienação judicial. “Não existindo a sucessão, não se pode exigir a manutenção dos 
demais ajustes entre empregado e o antigo empregador em relação ao arrematante”. 
 Segundo Saad (2009, p. 539) no que tange a recuperação judicial, “a regra 
específica no parágrafo único do art. 60 da Lei de Falência, afasta a aplicabilidade das 
regras contidas nos arts. 10, 448 e 449, todos da CLT”. 
 Aparentemente, Coelho (2009, p. 170) diz que “trata – se de medida contrária 
aos interesses dos credores, mas, de verdade, não é”. A verdade é que ninguém terá 
interesse de adquirir uma unidade ou filial posta à venda, se tiver de arcar com todos os 
ônus advindos com a sucessão. A recuperação nesses casos estaria prejudicada, e 
perderiam todos os credores. 
 Silva (2008, p. 161) argumenta que no parágrafo único do artigo 60 “o objeto da 
alienação estará livre de qualquer sombra ônus e não haverá sucessão do arrematante 
nas obrigações do devedor [...]”. 
 Segundo Souza (2009, p. 349) “alguns julgados trabalhistas têm invocado as 
previsões contidas no Código Civil e na CLT (art. 2º, §2º) para justificar a sucessão da 
responsabilidade no caso de recuperação judicial, principalmente no caso Varig S/A”. 
No caso a aplicação da norma mais favorável. 
 13 
EMENTA: EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUCESSÃO 
TRABALHISTA. Hipótese em que a primeira reclamada (VEM 
MANUTENÇÃO E ENGENHARIA S.A.) era departamento da segunda 
reclamada - S.A. (VIAÇÃO AÉREA RIO-GRANDENSE - (EM 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL) e foi constituída mediante integralização de 
ativos dessa empresa. Responsabilidade solidária da primeira 
reclamada pela formação de grupo econômico, bem como em virtude da 
cisão parcial da segunda reclamada, com sucessão da primeira 
demandada na atividade do respectivo departamento. Situação em que 
a não-formalização da transferência do contrato de trabalho do autor 
para a primeira ré na forma do Protocolo de Entendimentos, também 
não afasta a responsabilidade solidária dessa empresa ante o conceito 
moderno de sucessão trabalhista que é desvinculado da continuidade da 
prestação de trabalho pelo empregado. (PROCESSO TRT/4ª REGIÃO, 
Ac. n. 00905-2007-003-04-001 (RO), Rel. Des. José Felipe Ledur, j. 
4.9.2008). 
 
 O Tribunal Regional da 5ª Região decidiu pela sucessão trabalhista, 
independentemente da forma de arrematação de ativo da empresa em recuperação 
judicial. 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA QUANTO À APLICAÇÃO DA LEI DE RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. ALCANCE RESTRITO ÀS MATÉRIAS RELATIVAS AO 
INSTITUTO PROPRIAMENTE DITA. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA 
JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DECIDIRSOBRE A SUCESSÃO 
EMPRESARIAL POR EMPRESA ADQUIRENTE DA UNIDADE 
PRODUTIVA. É exclusiva a competência da Justiça do Trabalho para 
decidir matéria alusiva à relação de trabalho, em face da regra prevista 
no art. 114, I, da Constituição Federal. Ao apreciar pedido de 
reconhecimento de ocorrência de sucessão empresarial, a partir da 
aquisição da Unidade Produtiva da empresa submetida ao processo de 
recuperação judicial, não há descumprimento de decisão proferida pelo 
Superior Tribunal de Justiça, relativamente a conflito de competência 
entre Juízes do Trabalho e da Vara Empresarial, porquanto se trata de 
definição dos efeitos da aplicação da regra prevista nos arts. 10 e 448, 
da CLT, na linha do entendimento sedimentado na OJ nº 261, do TST, 
que, embora dirigido aos casos de liquidação extrajudicial dos bancos, 
pode ser analogicamente aplicado à hipótese. 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DESCARACTERIZAÇÃO DA SUCESSÃO 
EMPRESARIAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO ART. 60, DA LEI Nº 
11.101/05. TRATAMENTO LEGAL DIFERENCIADO DAS HIPÓTESES 
DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E FALÊNCIA. A comparação entre a 
redação do art. 60, parágrafo único, e art. 141, II, ambos da Lei nº 
11.101/05 e a rejeição da Emenda nº 12, de Plenário, no projeto de lei 
respectivo, permitem extrair a ilação de que a alienação da empresa no 
processo de recuperação judicial não afasta a caracterização da 
sucessão empresarial e, por conseguinte, não torna o adquirente livre do 
ônus quanto aos débitos de natureza trabalhista. 
 14 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CARACTERIZAÇÃO DA SUCESSÃO 
EMPRESARIAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO 
RETROCESSO SOCIAL. Ainda que fosse possível concluir-se pela 
ausência de responsabilidade do adquirente da empresa no processo de 
recuperação judicial, quanto aos débitos de natureza trabalhista, 
desprezando-se a diferenciação existente entre os arts. 60, parágrafo 
único, e 141, II, da Lei nº 11.101/05, quanto aos efeitos gerados na 
recuperação judicial e na falência, a aplicação do princípio da vedação 
de retrocesso social impede a incidência da regra excludente, também 
havendo violação ao princípio da máxima efetividade dos direitos 
sociais, ambos decorrentes da exegese constitucional. (PROCESSO 
TRT/5ª REGIÃO, RO n. 00825-2006-003-05-00-0, Rel. Des. Cláudio 
Brandão). 
 
 É importante ressaltar que em recente julgado, mais precisamente no dia 27 de 
maio de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a Ação de 
Inconstitucionalidade (ADIn) proposta pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) 
contra parte da Nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas que regula a 
recuperação judicial, a extrajudicial e a falência de empresa, contestando a limitação 
dos créditos trabalhistas bem como a sucessão trabalhista. 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 
60, PARÁGRAFO ÚNICO, 83, I E IV, c, E 141, II, DA LEI 11.101/2005. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA 
AOS ARTIGOS 1º, III E IV, 6º, 7º, I, E 170, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL de 1988. ADI JULGADA IMPROCEDENTE. I - Inexiste 
reserva constitucional de lei complementar para a execução dos créditos 
trabalhistas decorrente de falência ou recuperação judicial. II - Não há, 
também, inconstitucionalidade quanto à ausência de sucessão de 
créditos trabalhistas. III - Igualmente não existe ofensa à Constituição no 
tocante ao limite de conversão de créditos trabalhistas em 
quirografários. IV - Diploma legal que objetiva prestigiar a função social 
da empresa e assegurar, tanto quanto possível, a preservação dos 
postos de trabalho. V - Ação direta julgada improcedente. (SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
3.934 – 2 DISTRITO FEDERAL, EMENTÁRIO Nº 2381 – 2). 
 
Conforme julgada a ação direta de inconstitucionalidade (ADIn) foi decidido pelos 
legisladores que optaram por estabelecer que os adquirentes de empresas alienadas 
judicialmente não assumiriam os débitos, por sucessão, isentando o arrematante de 
qualquer ônus decorrentes da sucessão trabalhista. 
Do ponto de vista teleológico, salta à vista que o referido diploma legal 
buscou, antes de tudo, garantir a sobrevivência das empresas em 
dificuldades – não raras vezes derivadas das vicissitudes por que passa 
 15 
a economia globalizada -, autorizando a alienação de seus ativos, tendo 
em conta, sobretudo, a função social que tais complexos patrimoniais 
exercem, a teor do disposto no art. 170, III, da Lei Maior. (SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
3.934 – 2 DISTRITO FEDERAL, EMENTÁRIO Nº 2381 – 2). 
 
 É importante ressaltar que o princípio da conservação da empresa serviu de 
base no julgamento da respectiva ADIn. 
A finalidade de preservar a função social da empresa no que tange a manutenção 
da atividade empresarial e a preservação dos empregos vem prevista no artigo 47 da 
atual Lei n. 11.101/05 na qual trata da Recuperação Judicial de Empresas tem como. 
 
Artigo 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação 
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir 
a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos 
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da 
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. (Saad, 
2009, p. 532). 
 
Souza (2009) enfatiza que o princípio da conservação da empresa, na verdade é 
uma afirmação da conservação da atividade empresarial, sendo essa é uma função 
social visando a manter a atividade empresarial e a manutenção dos empregos, para 
um benefício de ter melhores resultados para todos, advém da aplicação do princípio da 
conservação da empresa. 
 
Cumpre ressaltar, por oportuno, que a ausência de sucessão das 
obrigações trabalhistas pelo adquirente de ativos das empresas em 
recuperação judicial não constitui uma inovação do legislador pátrio, De 
fato, em muitos países, dentre os quais destaco a França (Code de 
Commerce, arts. L631-1, L631-13 e L642-1) e a espanha (Ley 22/2003, 
art. 148), existem normas que enfrentam a problemática de modo 
bastante semelhante ao nosso. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 
AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.934 – 2 DISTRITO 
FEDERAL, EMENTÁRIO Nº 2381 – 2). 
 
 
 Ressalta – se que foi sustentada no julgamento da ADIn, que a lei falimentar 
italiana, tem um dispositivo bastante similar à regra contestada. Tratando – se do 
dispositivo previsto no art. 105 do Decreto 267/1942 com a redação que lhe emprestou 
o Decreto Legislativo 5/2006. 
 
 16 
Salva diversa convenzione, è esclusa la responsabilità dell ´acquirente 
per si debiti relativi all ésercizio delle aziende cedute (Salvo disposição 
em contrário, não há responsabilidade do adquirente pelo débito relativo 
ao exercício do estabelecimento empresarial adquirido). Por essas 
razões, entendo que os arts. 60, parágrafo único, e 141, II, do texto legal 
em comento mostram – se constitucionalmente hígidos nos aspectos em 
que estabelecem a inocorrência de sucessão dos créditos trabalhistas, 
particularmente porque o legislador ordinário, ao concebe – los, optou 
por das concreção a determinados valores constitucionais, a saber, a 
livre iniciativa e a função social da propriedade – de cujas manifestações 
a empresa é uma das mais conspícuas – em detrimento de outros, com 
igual densidade axiológica, eis que os reputou mais adequados da 
matéria. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃODIREITA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE 3.934 – 2 DISTRITO FEDERAL, 
EMENTÁRIO Nº 2381 – 2). 
 
 Sustentado nos motivos expostos a presente ADIn em seu julgamento não 
obteve êxito, sendo julgada improcedente e sendo considerados constitucionais os 
dispositivos atacados, inclusive no qual trata da inocorrência da sucessão trabalhista do 
adquirente de empresas alienadas judicialmente e que se encontravam no benefício da 
recuperação judicial. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente artigo teve como proposta trazer um conhecimento sobre a polêmica 
da sucessão trabalhista em face da recuperação judicial, trazendo atuais conceitos e 
posicionamentos doutrinários, bem como o julgamento da ADIn pelo Supremo Tribunal 
Federal. Aspectos esses importantes para reflexão e entendimento da posição atual no 
que tange essa polêmica. 
 É de suma importância ressaltar que a pesquisa bibliográfica proporcionou um 
maior conhecimento sobre o tema, tornando – se a discussão mais rica, e trazendo 
diversos posicionamentos atuais bem como diferentes perspectivas de análise sobre o 
tema em questão. A pesquisa documental realizada por meio da internet procurando 
saber decisões dos tribunais sobre o respectivo tema, evidência a complexidade e a 
polêmica do assunto. 
 17 
 O objetivo principal do trabalho teve como proposta a reflexão sobre a posição 
atual do Direito, no que tange o novo cenário dos efeitos da sucessão trabalhista em 
face da recuperação judicial. 
 A nova LRF que em muito repercute na legislação trabalhista acaba que por 
instigar o profissional a contribuir ainda mais com o assunto, trazendo novos 
posicionamentos doutrinários e estudos de suma importância. 
 Para adentrar no tema principal do trabalho foi necessário fazer uma breve 
abordagem sobre a recuperação judicial da empresa com objetivo de entender a 
temática sobre a aplicabilidade ou não dos efeitos da sucessão trabalhista em face da 
recuperação judicial. 
 Segundo a maioria dos doutrinadores, nem todas as empresas são dignas do 
benefício da recuperação judicial, na verdade, usa-se uma visão empresarial no que 
tange o mercado empresarial, a problemática é de que se outras empresas não tiveram 
interesses na captação da mesma para uma reorganização estrutural e investimentos 
ou mesmo alternativas, solução não haverá para tal empresa e, portanto não fazendo 
jus ao benefício da recuperação judicial. 
Esclarece perfeitamente o doutrinador Coelho (2009, p. 117), ao afirmar que “em 
princípio, se não há solução de mercado para a crise de determinada empresa, é 
porque ela não comporta recuperação”. 
Foi de grande importância abordar mesmo que de forma breve os requisitos 
essenciais para caracterização da sucessão judicial bem como a importância da 
continuidade da prestação de serviço e as obrigações na mudança ou transferência da 
titularidade da empresa. 
Cavalcante e Jorge Neto (2009) abordam de forma inteligente os requisitos 
essenciais para a caracterização da sucessão judicial, sendo a unidade econômica – 
jurídica que significa a mudança ou transferência da titularidade da empresa, e por 
último que não haja solução de continuidade na prestação de serviços. 
A polêmica do presente artigo se caracteriza no que tange a sucessão trabalhista 
ou sua inocorrência em face da recuperação judicial, a doutrina em sua maioria e 
também sendo o posicionamento do Supremo Tribunal Federal concluíram pela 
inocorrência da sucessão trabalhista do adquirente de empresas alienadas 
 18 
judicialmente e que se encontravam no benefício da recuperação judicial. 
Muitas das teses contra a da sucessão trabalhista apoiaram-se muito no princípio 
da proporcionalidade com fundamento no argumento de que incorrendo sucessão 
poderá trazer benefícios a todos os envolvidos, primeiro com a conservação da unidade 
produtiva, segundo com a manutenção dos empregos e por fim o pagamento de maior 
número dos credores e por conseqüente gerando impostos. 
 Percebe – se que Saad (2009) acertadamente enfatiza ao afirmar que a regra 
específica no parágrafo único do art. 60 da Lei de Falência afasta a aplicabilidade das 
regras contidas nos arts. 10, 448 e 449, todos da CLT no que tange a recuperação 
judicial. 
Os credores trabalhistas terão mais chances em ver seus créditos satisfeitos se 
adquirentes de empresas alienadas judicialmente não assumirem os débitos, por 
sucessão, isentando o arrematante de qualquer ônus decorrentes da sucessão 
trabalhista. 
De grande inteligência o posicionamento do Supremo Tribunal Federal ao 
enfatizar que o referido diploma legal buscou, antes de tudo, garantir a sobrevivência 
das empresas em dificuldades geradas pela economia globalizada, autorizando a 
alienação de seus ativos, sem a ocorrência da sucessão trabalhista, tendo em conta, 
sobretudo, a função social da empresa. 
 A partir das teses, doutrinas e jurisprudência apontadas sobre a polêmica da 
recuperação judicial em face da sucessão trabalhista, caberá ao intérprete militante na 
área empresarial focada no Direito do Trabalho utilizar a que melhor se adequar com a 
realidade. 
 É de suma importância ressaltar que o presente artigo, ainda é pouco explorado 
sendo de cunho exploratório, e não conclusivo, esperou – se oferecer mais 
conhecimento e contribuir para a discussão do tema. Assim, ele pode e deve ser 
complementado com outros estudos e pesquisas, preenchendo possíveis lacunas 
deixadas. Fica aqui, portanto, uma sugestão de aprofundamento aos que se 
interessarem pela temática abordada neste trabalho. 
 
 
 19 
6. REFERÊNCIAS 
 
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2009. 
 
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	1. INTRODUÇÃO

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