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Apeˆndice A Distribuic¸o˜es e a “Func¸a˜o” Delta de Dirac A Delta de Dirac e´ um artif´ıcio matema´tico utilizado em diversas a´reas da f´ısica. Por exemplo, no ca´lculo da Func¸a˜o de Green, em problemas de contorno na˜o homogeˆneos, na determinac¸a˜o do espectro cont´ınuo de autovalores em mecaˆnica quaˆntica, na determinac¸a˜o das flutuac¸o˜es te´rmicas de part´ıculas puntuais em mecaˆnica estat´ıstica e outras aplicac¸o˜es importantes. Este roteiro tem por objetivo definir a Delta de Dirac como tipo particular de uma distribuic¸a˜o e apre- sentar algumas de suas propriedades. A.1 Definic¸a˜o de Distribuic¸o˜es Denotando por ϕ(x1, x2, . . . , xn) uma func¸a˜o de n varia´veis cont´ınuas x1, x2, . . . , xn, cujos valores na˜o nulos esta˜o todos contidos dentro do domı´nio da func¸a˜o ϕ e que possui derivadas de todas as ordens em relac¸a˜o a estas varia´veis. Definic¸a˜o. Uma distribuic¸a˜o T [ϕ] e´ um funcional linear e cont´ınuo da func¸a˜o ϕ. Por linearidade, entende-se que para qualquer combinac¸a˜o linear λ1ϕ1 + λ2ϕ2, onde λ1, λ2 ∈ C : T [λ1ϕ1 + λ2ϕ2] = λ1T [ϕ1] + λ2T [ϕ2] . Por continuidade, entende-se que para qualquer sequ¨eˆncia ϕ1, ϕ2, . . . , ϕj , . . . de func¸o˜es tais que lim j→∞ ϕj = ϕ, tem-se lim j→∞ T [ϕj ] = T [ϕ] . A.1.1 Definic¸a˜o operacional de distribuic¸a˜o A uma func¸a˜o localmente integra´vel f qualquer, isto e´, qualquer func¸a˜o cuja integral1 sobre qualquer intervalo finito contido no domı´nio exista, corresponde uma distribuic¸a˜o fˆ , tambe´m denominada funcional definida pelo produto escalar fˆ [ϕ] = ˆ f(x)ϕ(x)dx = 〈ϕ∗, f〉 . A.1.1.1 Exemplos A func¸a˜o 1/x na˜o define uma distribuic¸a˜o porque na˜o e´ integra´vel no ponto x = 0. Contudo, pode-se definir a distribuic¸a˜o PP 1 x [ϕ] ≡ PP ˆ ϕ(x) x dx, 1Integral na definic¸a˜o de Integral de Lebesgue. Uma integral de Lebesgue reduz-se a uma integral de Riemann (integral usual) sempre que a u´ltima puder ser definida. Contudo, a integral de Lebesgue existe mesmo em casos onde a integral de Riemann na˜o pode ser definida. 55 56 A.1. Definic¸a˜o de Distribuic¸o˜es onde PP denote a parte principal de Cauchy da integral, isto e´, PP ˆ ∞ −∞ = lim �→0 (ˆ −� −∞ + ˆ ∞ � ) . A “func¸a˜o de Dirac” δ(x) define a distribuic¸a˜o δ [ϕ] = ϕ(0), assim como a “func¸a˜o” δ(x− x0) define a distribuic¸a˜o δx0 [ϕ] = ϕ(x0). A.1.2 Propriedades de distribuic¸o˜es A.1.2.1 Combinac¸a˜o linear de distribuic¸o˜es Seja T = λ1T1 + λ2T2, onde λ1, λ2 ∈ C, tem-se T [ϕ] = λ1T1 [ϕ] + λ2T2 [ϕ] . A.1.2.2 Produto de duas distribuic¸o˜es Sendo fˆ uma distriuic¸a˜o associada com uma func¸a˜o localmente integra´vel f e T uma distribuic¸a˜o arbi- tra´ria, a distribuic¸a˜o P = fˆT e´ bem definida se T e´ linear, e´ um funcional cont´ınuo da func¸a˜o fϕ e tem-se, por definic¸a˜o, P [ϕ] = T [fϕ] . O produto de duas distribuic¸o˜es nem sempre existe. Se f possui derivadas de todas as ordens, fˆT existe para todas distribuic¸o˜es T . Se f e´ cont´ınua no ponto x0,( fˆ δx0 ) [ϕ] = f(x0)ϕ(x0). (A.1) Se f e g sa˜o func¸o˜es quadraticamente integra´veis,2 o produto fˆ gˆ esta´ bem definido. Por outro lado, [δ(x)] 2 na˜o tem sentido, assim como ( 1/ √|x|)2. Como um caso especial da equac¸a˜o (A.1), tem-se xδ(x) = 0. Por conseguinte, se xT = 0, T e´ um mu´ltiplo de δ(x) : T = cδ(x), onde c e´ uma constante. Portanto, se f(x) e g(x) esta˜o relacionadas pela relac¸a˜o xf(x) = g(x), tem-se, necessariamente, f(x) = PP g(x) x + cδ(x) onde c e´ uma constante a ser determinada. A.1.2.3 Se´ries e integrais de distribuic¸o˜es Se um conjunto de distribuic¸o˜es T1, T2, . . . , Tj , . . . e´ tal que quando j → ∞, Tj [ϕ] possui um limite para qualquer ϕ, este limite e´ tambe´m uma distribuic¸a˜o: T = lim j→∞ Tj . 2Isto e´, se ´ |f |2 dx e ´ |g|2 dx existirem. Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 Cap´ıtulo A. Distribuic¸o˜es e a “Func¸a˜o” Delta de Dirac 57 Definic¸a˜o equivalente: Se a se´rie ∑ i Ti [ϕ] for definida para qualquer ϕ, seu resultado define uma distribuic¸a˜o; neste caso, diz-se que a se´rie de distribuic¸o˜es {Ti} e´ realiza´vel: T [ϕ] = ∑ i Ti [ϕ] . Se T (λ) e´ uma distribuic¸a˜o que depende de um paraˆmetro λ ∈ C, o qual pode variar continuamente em um domı´nio Λ e se a integral I [ϕ] = ˆ Λ T (λ) [ϕ] dλ converge para qualquer ϕ, o objeto I = ´ Λ T (λ)dλ define uma distribuic¸a˜o. Uma definic¸a˜o ana´loga vale para integrais mu´ltiplas. Em particular, se f(x, λ) e´ uma func¸a˜o localmente integra´vel de x e λ, a distribuic¸a˜o fˆ(λ) e´ integra´vel em λ e sua integral e´ a distribuic¸a˜o gˆ associada com a func¸a˜o: gˆ [1] = ˆ Λ fˆ(λ) [1] dλ = ˆ Λ f(x, λ)dλ. Se a func¸a˜o a(k) permanece menor que uma poteˆncia positiva de |k| quando |k| → ∞ : |a(k)| ≤ A |k|α (Ae αconstantes positivas), a integral ˆ ∞ −∞ eikxa(k)dk e´ uma distribuic¸a˜o. Em particular, ˆ ∞ −∞ eikxdk = 2piδ(x). A.1.2.4 Derivadas de distribuic¸o˜es Por definic¸a˜o, a derivada parcial ∂T/∂xi da distribuic¸a˜o T e´: ∂T ∂xi [ϕ] = −T [ ∂ϕ ∂xi ] . Em particular, se uma func¸a˜o localmente integra´vel e´ diferencia´vel, a derivada da distribuic¸a˜o correspon- dente e´ a distribuic¸a˜o correspondente a sua derivada. Isto pode ser visto via integrac¸a˜o por partes: fˆ ′ [ϕ] = ˆ f ′(x)ϕ(x)dx = − ˆ f(x)ϕ′(x)dx = −fˆ [ϕ′] . Todas as propriedade das derivadas de func¸o˜es aplicam-se a distribuic¸o˜es. Por exemplo, a derivada do produto P = fˆT e´: P ′ = fˆ ′T + fˆT ′. Ale´m disso, certas propriedades que pertencem a uma classe restrita de func¸o˜es aplicam-se a todas as distribuic¸o˜es sem restric¸o˜es. Sa˜o as seguintes: 1. As distribuic¸o˜es sa˜o diferencia´veis em todas as ordens. 2. Derivac¸a˜o e´ uma operac¸a˜o linear e cont´ınua no espac¸o das distribuic¸o˜es. Se lim j→∞ Tj = T, lim j→∞ T ′j = T ′. Em consequ¨eˆncia, se a se´rie existe, ela e´ diferencia´vel termo a termo sob o s´ımbolo de soma ∑ . Da mesma forma, se T (λ) e´ integra´vel sob o paraˆmetro λ, ∂T (λ)/∂xi tambe´m e´ integra´vel e ∂I ∂xi = ˆ Λ ∂ ∂xi T (λ) [ϕ] dλ. Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 58 A.2. Propriedades da “Func¸a˜o” δ A.2 Propriedades da “Func¸a˜o” δ A Delta de Dirac e´ um exemplo de distribuic¸a˜o definida sob o s´ımbolo de integrac¸a˜o, isto e´, ela somente tem sentido matema´tico quando aparece em uma integral. Na f´ısica, costuma-se usar a notac¸a˜o δ(x − x0), no lugar da notac¸a˜o mais correta δx0 [ϕ]. Esta notac¸a˜o, contudo, e´ bastante conveniente no uso pra´tico. Tambe´m neste contexto, a δ(x− x0) e´ tratada como uma func¸a˜o governada por regras peculiares; contudo, estas regras esta˜o justificadas pela teoria das distribuic¸o˜es. A.2.1 Definic¸a˜o da δ Sendo f(x) uma func¸a˜o definida no domı´nio Ω e x0 ∈ R, ˆ Ω f(x)δ(x− x0)dx ≡ δx0 [f(x)] = { f(x0), x0 ∈ Ω 0, x0 6∈ Ω. (A.2a) Formalmente, escreve-se enta˜o δ(x− x0) = { 0, x 6= x0 +∞, x = x0, onde ˆ ∞ −∞ δ(x− x0) dx = 1. (A.2b) Neste caso, a δ pode ser pensada como a generalizac¸a˜o da delta de Kronecker δnm = { 0, m 6= n 1, m = n para o caso cont´ınuo. A.2.2 Representac¸o˜es da δ(x− x0) como o limite do kernel de um operador integral A δ(x − x0) pode ser considerada como o limite de uma func¸a˜o que possui um ma´ximo estreito e alto em torno de x0, e cuja integral sobre todo o espac¸o permanece constante e igual a 1. Assim, existem as seguintes representac¸o˜es: δ(x− x0) = 1 pi lim L→∞ sen L(x− x0) x− x0 (A.3a) = 1 pi lim χ→∞ 1− cosχ(x− x0) χ(x− x0)2 (A.3b) = 1 pi lim �→+0 � (x− x0)2 + �2 (A.3c) = lim η→0 H(x− x0 + η)−H(x− x0) η(A.3d) = lim �→0 (2pi�) −1/2 e−(x−x0) 2/4� (A.3e) onde H(x) e´ a func¸a˜o de Heaviside ou tambe´m denominada func¸a˜o degrau: H(x) = { 1, x > 0 0, x < 0. A δ(x− x0) pode ser interpretada como a derivada da func¸a˜o H(x) : δ(x− x0) = dH(x) dx . A figura A.1 mostra outras representac¸o˜es da δ(x− x0) juntamente com gra´ficos ilustrando a tendeˆncia das respectivas func¸o˜es a` medida que o paraˆmetro �→ 0. Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 Cap´ıtulo A. Distribuic¸o˜es e a “Func¸a˜o” Delta de Dirac 59 Figura A.1: Outras representac¸o˜es da δ(x− x0) junto com gra´ficos ilustrando a tendeˆncia das func¸o˜es para �→ 0. A.2.3 Principais propriedades As principais propriedades da δ sa˜o: δ(x) = δ(−x) (A.4a) δ(ax) = 1 |a|δ(x), (a = cte. 6= 0) (A.4b) δ ( x2 − a2)= 1|a| [δ(x− a) + δ(x+ a)] , (a = cte. 6= 0) (A.4c) δ [g(x)] = ∑ n δ(x− xn) |g′(xn)| , { g(xn) = 0, g′(x) 6= 0 } (A.4d) xδ(x) = 0 (A.4e) f(x)δ(x− a) = f(a)δ(x− a) (A.4f)ˆ δ(x− y)δ(y − a)dy = δ(x− a) (A.4g) δ(x) = 1 2pi ˆ ∞ −∞ eikxdk. (A.4h) Uma outra propriedade importante, que com frequ¨eˆncia e´ utilizada no tratamento de func¸o˜es complexas e´ a fo´rmula de Plemelj: lim �→+0 1 x− x0 ± i� = PP 1 x− x0 ∓ ipiδ(x− x0). (A.4i) Todas as igualdades apresentadas acima indicam que um lado da equac¸a˜o pode ser substitu´ıdo pelo outro lado quando a δ for multiplicada por uma func¸a˜o regular e o produto integrado sobre a varia´vel x. Um exemplo de aplicac¸a˜o da propriedade (A.4d) e´ apresentada abaixo: δ(x2 + x− 2)⇒ g(x) = x2 + x− 2 = (x− 1)(x+ 2)⇒ g′(x) = 2x+ 1 ⇒ xn = {1,−2}, g′(1) = 3 e g′(−2) = −3. Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 60 A.2. Propriedades da “Func¸a˜o” δ ⇒ δ(x2 + x− 2) = 1 3 [δ(x− 1) + δ(x+ 2)] . A.2.4 Derivadas da δ(x) A “func¸a˜o” δ(x) e´ diferenciavel em todas as ordens. A sua m-e´sima derivada δ(m)(x) e´ definida pela propriedade ˆ ∞ −∞ δ(m)(x− x0)f(x) ≡ δ(m)x0 [f(x)] = { (−1)mf (m)(x0), x0 ∈ Ω 0, x0 6∈ Ω. definic¸a˜o esta va´lida para qualquer func¸a˜o f(x) diferencia´vel m vezes no ponto x = x0 ∈ Ω. A δ(m)(x− x0) pode ser considerada como o limite da derivada de ordem m de qualquer das func¸o˜es dadas em (A.3a-d). As propriedades das derivadas da δ sa˜o as seguintes: δ(m)(x) = (−1)mδ(m)(−x) (A.5a)ˆ δ(m)(x− y)δ(n)(y − a)dy = δ(m+n)(x− a) (A.5b) xm+1δ(m)(x) = 0. (A.5c) Em particular a derivada primeira tem as propriedades: ˆ ∞ −∞ δ′(x− a)f(x)dx=−f ′(a) δ′(x) =−δ′(−x)ˆ δ′(x− y)δ(y − a)dy = δ′(x− a) xδ′(x) =−δ(x) x2δ′(x) = 0 δ′(x) = i 2pi ˆ ∞ −∞ keikxdk. Como exemplo, a propriedade (A.5a) pode ser obtida integrando-se por partes m vezes o funcional ˆ ∞ −∞ δ(m)(x)f(x)dx = − ˆ ∞ −∞ δ(m−1)(x)f ′(x)dx = · · · = (−1)m ˆ ∞ −∞ δ(x)f (m)(x)dx. A.2.5 Deltas de Dirac em mais de uma dimensa˜o Quando o problema envolve duas ou mais dimenso˜es, a delta de Dirac e´ dada pelo produto de deltas, cada uma delas unidimensional. Representa-se enta˜o a delta de Dirac multidimensional da seguinte forma: δ (r −R) = δ (x1 −X1) δ (x2 −X2) δ (x3 −X3) , (A.6) sendo {x1, x2, x3} o conjunto de coordenadas ortogonais adotado. Desta forma, a extensa˜o das definic¸o˜es (A.2a,b) para 3 dimenso˜es fica sendo: ˆ V δ (r −R) d3r= { 1, R ∈ V 0, R 6∈ V (A.7a) ˆ V F (r) δ (r −R) d3r= { F (R) , R ∈ V 0, R 6∈ V, (A.7b) sendo V um subespac¸o vetorial de R3. Coordenadas Curvil´ıneas Ortogonais Quando se esta´ trabalhando em um sistema de coordenadas curvil´ıneas ortogonais qualquer, a forma simples dada por (A.6) em geral esta´ incorreta, ou seja, sendo (q1, q2, q3) o conjunto de treˆs coordenadas curvil´ıneas ortogonais, as quais se relacionam com o sistema cartesiano por qi = qi (x1, x2, x3)⇐⇒ xi = xi (q1,q2, q3) , (i = 1, 2, 3) , Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 Cap´ıtulo A. Distribuic¸o˜es e a “Func¸a˜o” Delta de Dirac 61 na˜o esta´ correto, em geral, escrever δ (r − r′) = δ (q1 − q′1) δ (q2 − q′2) δ (q3 − q′3) , pois esta expressa˜o na˜o respeita a propriedade (A.7a). Por outro lado, a expressa˜o δ (r − r′) = δ (q1 − q ′ 1) h1 δ (q2 − q′2) h2 δ (q3 − q′3) h3 , (A.8) sendo hi o fator de escala da coordenada i, dado por hi = √√√√ 3∑ j=1 ( ∂xj ∂qi )2 , ira´ respeitar as propriedades (A.7a,b). O produto h1h2h3 e´ tambe´m denominado o Jacobiano da transfor- mac¸a˜o de coordenadas. Portanto, (A.8) e´ a forma correta para a delta de Dirac em coordenadas curvil´ıneas ortogonais. Exemplos Coordenadas esfe´ricas. Nas coordenadas esfe´ricas, q1 = r, q2 = θ e q3 = ϕ. Os fatores de escala sa˜o h1 = r 2, h2 = sen θ e h3 = 1. Portanto, δ (r − r′) = 1 r2sen θ δ (r − r′) δ (θ − θ′) δ (ϕ− ϕ′) . Assim, sendo r′ um ponto contido em V, (A.7a) sera´ respeitada, pois ˆ V δ (r − r′) d3r = ˆ V 1 r2sen θ δ (r − r′) δ (θ − θ′) δ (ϕ− ϕ′) r2sen θdrdθdϕ = 1. Uma outra forma utilizada com frequ¨eˆncia e´ δ (r − r′) = 1 r2 δ (r − r′) δ (cos θ − cos θ′) δ (ϕ− ϕ′) . Coordenadas cil´ındricas. Nas coordenadas cil´ındricas, q1 = ρ, q2 = ϕ e q3 = z. Por isso, h1 = h3 = 1 e h2 = ρ. Assim, δ (r − r′) = 1 ρ δ (ρ− ρ′) δ (ϕ− ϕ′) δ (z − z′) . Pontos degenerados A expressa˜o (A.8) assume que r′ na˜o e´ um ponto degenerado, isto e´, na˜o e´ caracterizado por mais de um conjunto de valores de coordenadas. Em algumas situac¸o˜es, o “ponto” degenerado pode ser uma curva ou uma superf´ıcie em 3D. Exemplos de pontos degenerados sa˜o: a origem num sistema plano-polar (caracterizado por r = 0 e qualquer valor de 0 6 θ 6 2pi), a origem em um sistema curvil´ıneo em 3D (r = 0, 0 6 θ 6 pi, 0 6 ϕ 6 2pi em coordenadas esfe´ricas), o eixo z em coordenadas cil´ındricas (ρ = 0, 0 6 ϕ 6 2pi). Suponha, enta˜o, que a coordenada q1 assume todos os valores no intervalo q11 < q1 < q12. Neste caso, a representac¸a˜o correta de δ (r − r′) na˜o e´ (A.8), uma vez que a coordenada q1 na˜o mais possui um u´nico valor para q′1 (sua multiplicidade e´ coberta pela variac¸a˜o de q1). Neste caso, a propriedade (A.7a) e´ novamente respeitada se δ (r − r′) = δ (q2 − q ′ 2) δ (q3 − q′3)(´ q12 q11 h1dq1 ) h2h3 , pois (A.7a) fica ˆ V δ (r − r′) d3r = ˆ q12 q11 h1dq1 ¨ h2h3dq2dq3 δ (q2 − q′2) δ (q3 − q′3)(´ q12 q11 h1dq1 ) h2h3 = 1. Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011 62 A.2. Propriedades da “Func¸a˜o” δ Por exemplo, considerando um problema em coordenadas esfe´ricas que possua simetria azimutal, enta˜o a coordenada ϕ deve ser eliminada, pois sera´ multiplamente definida. Neste caso, δ (r − r′) = 1 r2sen θ ´ 2pi 0 dϕ δ (r − r′) δ (θ − θ′) = 1 2pir2sen θ δ (r − r′) δ (θ − θ′) . Da mesma maneira, se os pontos multiplamente definidos estiverem sobre a superf´ıcie q1 × q2, estando a coordenada q2 no intervalo q21 < q2 < q22, enta˜o δ (r − r′) = δ (q3 − q ′ 3)(´ q12 q11 ´ q22 q21 h1h2dq1dq2 ) h3 . Autor: Rudi Gaelzer – IFM/UFPel Inı´cio: Maio de 2006 Impresso: 9 de marc¸o de 2011
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