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U N O PA R C Á LC U LO D IFEREN C IA L E IN TEG RA L Cálculo Diferencial e Integral Mariele Vilela Bernardes Prado Renata Karoline Fernandes Keila Tatiana Boni Cálculo Diferencial e Integral Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Prado, Mariele Vilela Bernardes ISBN 978-85-8482-158-7 1. Cálculo diferencial. 2. Cálculo integral. I. Fernandes, Renata Karoline. II. Boni, Keila Tatiana. III. Título CDD 515 Prado, Renata Karoline Fernandes, Keila Tatiana Boni. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 212 p. P896c Cálculo diferencial e integral / Mariele Vilela Bernardes © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 -100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 2 | Cálculo de derivadas Seção 1 - A derivada de uma função e regras de derivação para a multiplicação e divisão 1.1 | O Cálculo de Derivadas de funções 1.2 | Técnicas de derivação Seção 2 - A regra da cadeia e derivada de ordem superior 2.1 | A regra da Cadeia e sua aplicação 2.2 | Derivada de ordem superior 2.3 | Concavidade do gráfico Unidade 1 | Funções, limite, continuidade e definição de derivada Seção 1 - Revisando funções 1.1 | Domínio e Imagem de uma função 1.2 | Gráficos de funções 1.3 | Operações com funções 1.4 | Função composta 1.5 | Função Elementares 1.6 | Função crescente e decrescente 1.7 | Função injetora, sobrejetora e bijetora 1.8 | Função inversa Seção 2 - Limite de uma função 2.1 | Propriedades de limites 2.2 | Teorema do Confronto 2.3 | Indeterminação 2.4 | Limites Laterais 2.5 | Limites e infinitos 2.6 | Assíntotas 2.7 | Limites fundamentais 2.8 | Definição formal de limite Seção 3 - Funções contínuas 3.1 | Definição de continuidade 3.2 | Propriedades das funções contínuas 3.3 | Continuidade por intervalos 3.4 | Continuidade de funções inversas 3.5 | Valor intermediário Seção 4 - A derivada 4.1 | Taxa de variação 4.2 | Função derivada Sumário 7 11 13 15 17 18 19 22 23 24 27 29 30 31 33 36 38 40 41 45 45 47 48 48 49 53 53 55 63 67 67 72 79 79 82 87 Seção 3 - Derivadas implícitas e otimização de funções 3.1 | Aplicação de derivadas 3.2 | A Derivada e taxas relacionadas 89 89 95 Unidade 3 | Derivadas parciais, séries e sequências Seção 1 - Derivadas parciais 1.1 | O Cálculo de Derivadas Parciais Seção 2 - Derivadas parciais de ordem superior 2.1 | O cálculo de derivadas parciais de ordem superior Seção 3 - Séries e sequências 3.1 | Cálculo e interpretações de séries e sequências 111 115 115 127 127 139 139 Unidade 4 | Equações diferenciais, integrais e integrais múltiplas Seção 1 - Integrais, técnicas de integração e integrais definidas 1.1 | Introdução à integração 1.2 | Técnicas de integração 1.2.1 | Técnica da substituição 1.2.2 | Técnica da integração por partes 1.3 | A integral definida 1.3.1 | O Teorema Fundamental do Cálculo (TFC – Parte I) 1.3.2 | O Teorema Fundamental do Cálculo (TFC – parte II) 1.3.3 | Teorema do Valor Médio para Integrais Seção 2 - Integrais múltiplas 2.1 | A integral dupla 2.2 | A integral tripla 2.3 | Mudança de coordenadas: de cartesianas para polares Seção 3 - Integral de linha e integral de superfície 3.1 | A integral de linha 3.1.1 | Teorema de Green Seção 4 - Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira e de Segunda Ordem 4.1 | Equações diferenciais ordinárias de 1ª ordem 4.1.1 | Soluções de uma Equação Diferencial Ordinária 4.1.2 | Problema de Valor Inicial (PVI) 4.1.3 | Métodos para obtenção de soluções de EDOs de Primeira Ordem 4.1.3.1 | Equações diferenciais de variáveis separáveis 4.1.3.2 | Equações diferenciais com coeficientes homogêneos 4.1.3.3 | Equações diferenciais exatas 4.1.3.4 | Equações diferenciais lineares 4.2 | Equações diferenciais ordinárias de 2ª ordem 4.2.1 | Teorema de Existência e Unicidade de Soluções 4.2.2 | EDOs Lineares Homogêneas de ordem 2 com coeficientes constantes 161 165 165 167 167 168 170 172 172 174 177 177 182 184 187 187 191 195 195 197 198 199 199 200 201 202 203 204 205 Apresentação Este livro foi elaborado com a intenção de auxiliar os estudantes no processo de aprendizagem da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral do curso de Licenciatura em Matemática. Os conceitos aqui abordados objetivam estudar o comportamento de funções utilizando conceitos de limite, continuidade, derivas e integrais. Este material está dividido em quatro unidades. No início da unidade 1, será realizada uma revisão envolvendo a teoria de funções. Esta revisão é necessária, visto que os conceitos que serão abordados no decorrer deste livro tratarão diretamente sobre o assunto. No desdobrar da unidade, serão apresentados os conceitos de limite e continuidade para avaliação do comportamento de funções. Ao final da primeira unidade, será apresentada a definição de derivas a partir da ideia de taxa de variação. Na unidade 2, serão apresentados os diferentes métodos de derivação de funções, em que não será mais necessária a utilização da definição de derivada apresentada na unidade 1. Ainda na unidade 2, serão trabalhados os conceitos de derivadas de ordem superior, derivadas implícitas e otimização de funções. A unidade 3 fecha os estudos de derivadas abordando derivadas parciais, em que a derivação é feita em relação a cada uma das variáveis de uma função com mais de duas variáveis. Em seguida, iniciaremos os estudos das séries e sequências, abordando a ideia de sequências infinitas e o estudo de sua convergência. O foco da unidade 4 serão as equações diferenciais e o cálculo de integrais. Serão apresentadas as equações diferenciais de primeira e segunda ordem e as técnicas de integração. Serão abordadas, também, aplicações de integrais. Cabe ressaltar que a utilização dos links e materiais disponíveis nos "Para Saber Mais" deste livro são essenciais para que o aprendizado aconteça de forma completa. Bons estudos! Unidade 1 FUNÇÕES, LIMITE, CONTINUIDADE E DEFINIÇÃO DE DERIVADA Nesta seção, revisaremos os principais conceitos envolvendo funções, as principais definições, gráficos, propriedades e as funções mais utilizadas. Estes conceitos serão fundamentais nos estudos e aplicação do Cálculo. Nesta seção será apresentado, inicialmente, o conceito intuitivo de limite. A partir desta ideia intuitiva trabalharemos as propriedades, os teoremas e as indeterminações envolvendo limites. Serão abordados, ainda, os conceitos de limites laterais, limites envolvendo infinitos, limites fundamentais e assíntotas. Ao final da seção, será apresentada a definição formal de limite. Na seção 3 será apresentada a definição de continuidade, bem como as propriedades das funções contínuas, continuidade por intervalos e continuidade de funções inversas. Será abordado de forma intuitiva o Teorema de Valor Intermediário e suas consequências. Seção 1 | Revisando funções Seção 2 | Limite de uma função Seção 3 | Funções contínuas Objetivos de aprendizagem: Os assuntos abordados nesta primeira unidade têm por objetivo, além de apresentar os conceitos básicos do cálculo, preparar o aluno para a aplicação de derivadase integrais. Mariele Vilela Bernardes Prado Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 8 Nesta seção, será apresentada a definição de derivada a partir dos conceitos de taxa de variação e retas secantes e tangentes. Seção 4 | A derivada Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 9 Introdução à unidade O Cálculo Diferencial e Integral tem como objetivo estudar o comportamento de funções, fazendo uso de conceitos como limite, continuidade, derivada, integral e séries. Tais conceitos são resultados de estudos feitos de forma independente pelos matemáticos Isaac Newton (1642-1727) e Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716). Newton e Leibniz generalizaram as regras para problemas que antes eram abordados apenas para casos particulares de funções. Nesta primeira unidade, serão abordados os conceitos de limite e continuidade e a definição de derivadas. Antes, porém, é necessário que façamos uma revisão dos conceitos de funções, tema abordado na disciplina de Introdução ao Cálculo. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 10 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 11 Seção 1 Revisando funções A função é descrita por leis científicas e princípios de engenharia como uma quantidade que depende de outra. O termo “função” foi apresentado por Leibniz para indicar a dependência de uma quantidade em relação à outra de acordo com a definição a seguir: As funções podem ser representadas por equações, por tabelas, por gráficos ou até mesmo por meio de palavras. No século XVIII, o matemático Leohnard Euler passou a denotar as funções pelas letras do alfabeto, conforme a seguinte definição: Muitas vezes, a saída de uma função também é denotada por uma letra - normalmente o γ - e escreve-se γ = ƒ ( χ ) . Tal equação expressa γ como uma função de χ . A variável χ é denominada variável independente e a variável γ é denominada variável dependente. Vejamos um exemplo: A equação γ = 2χ2 - 3χ + 4 está na fórmula γ = ƒ ( χ ) em que a função ƒ é dada pela fórmula ƒ ( χ ) = 2χ2 - 3χ + 4 . Para cada entrada χ, a saída correspondente γ é obtida substituindo χ nessa fórmula. Assim, assumindo χ = 2 teríamos ƒ (2) = 2(2)2 - 3(2) + 4 = 8 - 6 + 4 = 6. ƒ associa γ = 6 a χ = 2. Se uma variável y depende de uma variável x de tal modo que cada valor de x determina exatamente um valor de y, então dizemos que y é uma função de x. Uma função ƒ é uma regra que associa uma única saída a cada entrada. Se a entrada for denotada por χ , então a saída será denotada por ƒ ( χ ) . Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 12 Na disciplina de Introdução ao Cálculo, você aprendeu que uma função também pode ser apresentada como uma relação entre dois conjuntos, de modo que, para cada valor do primeiro conjunto teríamos um valor do segundo conjunto. Mas, o que é mesmo uma relação? Dados dois conjuntos A e B, denominamos relação binária de A em B a todo subconjunto R de A ×B, isto é, R é uma relação binária de A em B ⇔ R ⊂ A × B ou ainda x R y ⇔ R ⊂ A × B, sendo A×B o produto cartesiano entre os conjuntos A e B. Produto cartesiano de A por B é o conjunto dos pares ordenados cujos primeiros elementos pertencem a A e os segundos elementos pertencem a B, isto é: A×B={(x,y)|x∈A,y∈B}. Vejamos um exemplo: Dados os conjuntos A={1,2} e B={2,4,5}, o produto cartesiano A×B={(x,y)|x∈A e y∈B} é dado por A×B= {(1,2),(1,4),(1,5),(2,2),(2,4),(2,5)}. Atente para o fato de que o número de elementos de um produto cartesiano é dado pela multiplicação do número de elementos de cada um dos conjuntos envolvidos. No exemplo acima teríamos o conjunto A com 2 elementos e o conjunto B com 3 elementos. Logo, o número de elementos do conjunto formado pelo produto cartesiano A×B é 2 . 3 = 6 elementos. Considere, agora, a relação definida por R={(x,y)∈A×B| γ=2χ}, ou seja, deve-se considerar apenas os pares ordenados em que γ=2x. χ = 1 ⇒ γ = 2 . 1 = 2 χ = 2 ⇒ γ = 2 . 1 = 4 Logo, R={(1,2),(2,4)}. Qualquer relação pode ser considerada como uma função? Lembre-se: Uma relação de A em B é uma função se, e somente se: • Todo elemento χ pertencente a A tem um correspondente γ pertencente a B definido pela relação. • A cada χ pertencente a A não podem corresponder dois ou mais elementos de B por meio da relação. Simbolicamente, definimos uma função como ƒ: A → B . Se ƒ é uma função definida pela relação de A em B, dizemos que ƒ é uma função definida em A com valores em B. Se tanto A quanto B forem subconjuntos dos reais (R), dizemos que ƒ é uma função real de variável real. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 13 1.1 Domínio e Imagem de uma função Em certos momentos, é necessário impor restrições aos possíveis valores de entrada de uma função. É o caso da função ƒ(χ)=x2 que representa a área de um quadrado de lado χ. Embora a equação γ=x2 apresente um único valor de γ para cada número real de χ, o fato de que os comprimentos devem ser números positivos limita γ tal que χ ≥ 0. Em outros casos, a própria fórmula matemática de uma função impõe alguma restrição para os seus valores de entrada. Por exemplo, se γ=√χ devemos ter χ ≥0, uma vez que para χ<0 teríamos um número imaginário, e conforme definimos anteriormente, estamos trabalhando com funções reais de variáveis reais. O mesmo acorre para γ=1 ⁄ χ, em que x deve ser diferente de 0, pois divisão por zero não está definida. Tais restrições são apresentadas ao estabelecermos o domínio de uma função ( Dƒ ). Ou seja, o domínio natural de uma função são todos os números reais para os quais a função apresente valores reais. Ou ainda, o domínio de uma função é o conjunto cujos elementos são todos os possíveis valores de χ para os quais existe um único γ em correspondência. A partir de agora, sempre que falarmos de funções e não definirmos seus conjuntos de entrada e saída, vamos assumir que estamos trabalhando com funções reais de variáveis reais. Para conhecer mais sobre a história das funções acesse: Disponível em: <http://www.unifal-mg.edu.br/matematica/?q=hist_funcao>. No estudo de relações, há um caso particular denominado aplicação, cuja definição é apresentada abaixo: Sejam A e B conjuntos quaisquer, todo elemento x ∈ A apresenta um correspondente γ ∈ B, sendo γ único para cada χ, definido conforme a relação. Mas esta é a definição que você conhece de funções, não é verdade? Qual seria a diferença então? As funções são um caso particular de aplicação em que o contradomínio de uma aplicação é um conjunto numérico. Perceba que até este momento estamos trabalhando apenas com conjuntos numéricos e por isso utilizamos o conceito de funções. Em estudos futuros, vocês trabalharão com conjuntos não numéricos e o conceito aplicação poderá ser empregado. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 14 Exemplo: Apresente o domínio natural das funções: a. ƒ ( χ ) = χ4 b. ƒ ( χ ) = √χ - 5 Exemplo: I. Qual a imagem de ƒ ( χ ) = 5 + √χ - 1 ? Resposta: a. A função ƒ tem valores reais para todo χ real. Logo, seu domínio é o intervalo ( - ∞, ∞ ), ou simplesmente o próprio conjunto dos reais (R). b. A função ƒ apresenta valores reais exceto quando a expressão dentro do radial for negativa. Logo, χ - 5 deve ser maior que zero, ou seja, χ - 5 ≥ 0 ⇔ χ ≥ 5. Se considerarmos que o domínio de ƒ( χ )=γ é o conjunto formado por todas as entradas possíveis, isto é, os possíveis valores para χ, podemos considerar que a imagem desta função (Imƒ) é o conjunto formado por todos os valores de saída a partir dos valores assumidos para x. Isto é, a imagem é dada apenas pelos valores de saída que apresenta relação com algum valor de entrada. Resposta: O domínio de ƒ é o intervalo [1,∞), pois para χ - 1 ≥ 0 (radicando deve ser maior ou igual a zero) temos χ ≥ 1. Quais os possíveis valores de saída quando x assume valores dentro de seu domínio? Observe que para cada valor que χ assume em seu domínioos valores de γ serão sempre maiores que 5. Sendo assim, a imagem de ƒ é o intervalo [5,∞), ou ainda, Imƒ = {γ ∈ R | γ ≥ 5}. χ = 1 → γ = 5 χ = 3 ⁄ 2 → γ ≅ 5,71 χ = 2 → γ = 6 χ = 5 → γ = 7 χ = 65 → γ = 13 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 15 II. Qual a imagem de ƒ ( χ ) = ? χ - 1 χ + 1 Observe que, para que o denominador seja diferente de zero, devemos ter χ - 1 ≠ 0 ⇒ χ ≠ 1 . Logo, o domínio natural de ƒ é dado por Dƒ = {χ ∈ R | χ ≠ 1}. Observe, porém, que para γ=1 não teríamos um valor possível para χ , uma vez que a divisão por zero não é definida. Logo, Imƒ = {γ ∈ R | γ ≠ 1}. Foi definido acima que a imagem de uma função é o conjunto formado apenas pelos valores de saída que apresenta relação com algum valor de entrada. Assim, podemos esperar que alguns valores de saída de uma função podem não se relacionar com os valores de entrada. O conjunto formado por todos os elementos do conjunto de saída, independentemente se este valor se relaciona ou não com algum elemento do conjunto de entrada, é chamado de contradomínio de ƒ. Agora, sendo quais os possíveis valores que y pode assumir? χ - 1 χ + 1 γ = Para encontrarmos estes valores, façamos: ⇒ γ (χ-1) = χ + 1 ⇒ γχ - γ = χ + 1 ⇒ γχ - χ = 1 + γ χ - 1 χ + 1 γ = Observe que χ = 1, = 1 ⇒ γ + 1 = γ - 1 ⇔ 1 = - 1, o que é um absurdo. Logo, a restrição denominada por Dƒ não implica restrição para a Imƒ. γ - 1 γ + 1 Para complementar o estudo inicial das funções, você pode acessar: <http://ellalves.net.br/textos/conteudo/43/funcao_dominio_e_imagem>. 1.2 Gráficos de funções Sendo ƒ uma função real de variável real, temos que o gráfico de ƒ no plano cartesiano χγ é dado pelo gráfico da equação γ=ƒ(χ). Ou ainda, o gráfico de ƒ é o conjunto dos pontos dados pelos pares ordenados (χ,γ) em que χ∈Dƒ e γ∈Imƒ. Por exemplo, o gráfico da função f(x)=x^2 é uma parábola construída considerando os pares ordenados (x,y). Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 16 x -2 -1 0 1 2 y 4 1 0 1 4 Fonte: Adaptado da ferramenta online Function Graphs (2015). Fonte: O autor (2015). Figura 1.1 | Gráfico de f(x)=x2 Figura 1.2 | Projeção de y=f(x) sobre os eixos coordenados O domínio e a imagem de uma função podem ser encontrados projetando o gráfico γ=ƒ(χ) sobre os eixos coordenados. Observe na figura 1.2 que a projeção de γ=ƒ(χ) sobre o eixo χ é o conjunto dos possíveis valores de χ, isto é, o domínio de ƒ. Já a projeção de γ=ƒ(χ) sobre o eixo γ é o conjunto dos valores de γ que se relacionam com os valores do Dƒ. Nas definições dadas no início da unidade aprendemos que, para que uma função exista, é preciso que exista um único valor da variável dependente para cada valor da variável independente, ou seja, para cada χ pertencente ao conjunto de entrada existe um único γ pertencente ao conjunto de saída. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 17 Fonte: O autor (2015). Figura 1.3 | Esboços de gráficos Fundamentado nesta observação, podemos utilizar uma forma prática para verificarmos se uma curva no plano χγ é ou não uma função, tal método é também conhecido como “Teste da reta vertical”. Imagine retas verticais, paralelas ao eixo γ, passando pelos elementos do domínio. Caso todas as retas que você imaginou tocarem a curva em apenas um ponto, esta será uma função. É o caso do gráfico (a), da figura 1.3. Já no gráfico (b) as retas verticais tocam a curva em dois pontos, logo, não existe uma função representada por esta curva. Você consegue explicar por que o uso do “Teste da reta vertical” é válido? Para conhecer os gráficos das principais funções acesse: Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/matematica/graficos-das- principais-funcoes-reconheca-as-curvas-mais-comuns.htm>. 1.3 Operações com funções Assim como os números são passíveis de operações, permitindo que sejam somados, multiplicados e divididos para se obter novos números, existem operações possíveis de serem realizadas entre duas ou mais funções, afim de se encontrar uma nova função. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 18 (ƒ + g)(χ) = ƒ(χ) + g(χ) (ƒ - g)(χ) = ƒ(χ) - g(χ) (ƒ . g)(χ) = ƒ(χ) . g(χ) (ƒ / g)(χ) = ƒ(χ) / g(χ), para g(χ) ≠ 0 ƒ + g = ƒ(χ) + g(χ) = χ2 + χ - 2 ƒ - g = ƒ(χ) - g(χ) = χ2 - (χ - 2) = χ2 - χ + 2 ƒ . g = ƒ(χ) . g(χ) = (χ2) . (χ - 2) = χ3 - 2χ2 ƒ / g = ƒ(χ) / g(χ) = χ2 / (χ - 2), para χ ≠ 2 Sendo ƒ(χ) e g(χ) duas funções, definimos: O domínio de ƒ + g, ƒ - g e ƒ . g é definido como sendo a intersecção dos domínios de ƒ e g. Já para a função ƒ/g , o domínio é definido como a intersecção dos domínios de ƒ e g, eliminando os pontos em que g(χ)=0. Exemplo: Sejam, ƒ(χ)= χ2 e g(χ)=χ - 2, apresente ƒ + g, ƒ - g, ƒ . g e ƒ/g. Exemplo: Sejam, ƒ(χ)= χ2 - 2 e g(χ)=χ + 3, apresente ƒ o g e g o ƒ. Resposta: 1.4 Função composta Veremos agora outra operação possível de ser realizada entre funções que não apresenta analogia com nenhuma operação entre números. Sejam as funções ƒ e g, define-se função composta de ƒ em g, denotada por ƒ o g (lê-se ƒ composta g) por: (ƒ o g)(χ) = ƒ(g(χ)) Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 19 Resposta: 1.5 Função Elementares ƒ o g = ƒ(g(χ)) = [g(χ)]2 - 2 [g(χ)] = (χ + 3)2 - 2 (χ + 3) = χ2 + 6χ + 9 - 2χ - 6 = χ2 + 4χ + 3 g o ƒ = g(ƒ(χ)) = [ƒ(χ)] + 3 (χ2 - 2) + 3 = χ2 -2χ + 3 Podemos ter [ƒ o g](χ) = [g o ƒ](χ) ? Para saber mais sobre funções compostas acesse: Disponível em: <http://www.im.ufrj.br/dmm/projeto/projetoc/precalculo/sala/ conteudo/capitulos/cap71s2.html>. Vamos relembrar agora os as funções mais conhecidas e utilizadas na prática. Uma função polinomial de grau n, ƒ: R → R é definida por: Sendo a i ∈R, i = 0,1,...,n e a n ≠ 0, n∈N. As funções polinomiais apresentam alguns casos particulares. Esses casos são classificados quanto ao grau da função ou aos seus coeficientes. A função ƒ(χ) = aχ + b (primeiro grau) recebe o nome de função afim. Quando uma função afim apresenta um coeficiente linear nulo ( ) recebe o nome de função linear. ƒ(χ) = a0 + a1χ + a2χ 2 + ... + a n χn Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 20 A função linear em que a = 1 é classificada por função identidade. A função do tipo ƒ(χ) = b é chamada de função constante. Fonte: O autor (2015). Figura 1.4 | Esboços de gráficos de funções polinomiais de primeiro grau As funções de segundo e terceiro grau recebem o nome de função quadrática e função cúbica respectivamente. As funções de segundo grau estarão presentes em diversos estudos e aplicações. Por isso, é importante lembrarmos algumas características destas funções. Sendo ƒ(χ) = aχ2 + bχ + c, e a ≠ 0 temos que: O gráfico de uma função quadrática é uma parábola com eixo de simetria paralelo ao eixo γ. Para a>0, a parábola apresenta concavidade voltada para cima e para a<0, concavidade voltada para baixo. As raízes, ou zeros da função, são definidos pela intersecção da parábola com o eixo χ. O vértice da parábola apresenta coordenadas , sendo ∆ = b2 - 4ac. -b 2a( (-∆4a Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 21 Fonte: O autor (2015). Figura 1.5 | Esboços de gráficos de funções quadrática e cúbica Uma função é dita racional, se ela é o cociente entre duas funções polinomiais, isto é: ƒ(χ) = p(χ) q(χ) Sendo p(χ) e q(χ) polinômios e q(χ) ≠ 0. Sejam a > 0 e a ≠ 1 , a função exponencial de base a de ƒ : i → i definida por ƒ(χ) = aχ. Sobre as funções exponenciais é importante lembrar que: Im (ƒ) = R + * ƒ é crescente para a > 1 e decrescente para 0 < a < 1. Sejam a > 0 e a ≠ 1, a função logarítmica de base a denotada por log a χ de ƒ : i + → i é definida como ƒ(χ) = log a χ . Existem também as funções trigonométricas. As mais comuns são seno, cosseno e tangente. Estas funções serão definidas e seus gráficos apresentados nafigura 1.6, para isso assumimos ƒ: R → R. Para saber mais sobre funções quadráticas, assista ao vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W7NbQuiNnsc>. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 22 Fonte: O autor (2015). Figura 1.6 | Funções trigonométricas Para saber mais sobre algumas funções elementares, acesse os links: Disponível em: <http://www.matematicadidatica.com.br/FuncaoExponencial.aspx>. <http://www.matematicadidatica.com.br/FuncaoLogaritmica.aspx>. <http://ecalculo.if.usp.br/funcoes/trigonometricas/funcoes_trig_circ_ trig/funcoes_trigon.htm>. Muitas vezes, as funções podem assumir comportamentos diferentes em intervalos do domínio, ou seja, uma mesma função pode ser classificada em crescente e decrescente, dependendo do intervalo considerado. Para saber mais sobre crescimento e decrescimento de funções acesse: Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/derivadas/estudo_var_fun/ cresc_decresc/cresc_decresc.htm>. 1.6 Função crescente e decrescente Dizemos que uma função ƒ é crescente em um intervalo [a, b] se à medida que se aumenta o valor de χ, dentro do intervalo, as imagens correspondentes também aumentam. Em outras palavras, ƒ é crescente em [a, b] se para quaisquer valores χ 1 e χ 2 ∈[a, b], com χ 1 < χ 2 , tivermos ƒ(χ 1 ) < ƒ(χ 2 ). Da mesma forma, podemos dizer que ƒ é decrescente em um intervalo [a, b], se à medida que se aumenta o valor de χ , dentro do intervalo, as imagens correspondentes vão diminuindo. Isto é, ƒ é decrescente em [a, b] se para quaisquer valores χ 1 e χ 2 ∈[a, b], com χ 1 < χ 2 , tivermos ƒ(χ 1 ) > ƒ(χ 2 ). Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 23 1.7 Função injetora, sobrejetora e bijetora Seja ƒ : A → B uma função, dizemos que: ƒ é injetora, se para todo χ 1 , χ 2 ∈ A , se ƒ(χ 1 ) = ƒ(χ 2 ) ⇒ χ 1 = χ 2 . ƒ é sobrejetora se Im(ƒ) = B ou, em outra palavras, . ƒ é bijetora se, e somente se, ƒ é injetora e sobrejetora. Através do gráfico da função podemos reconhecer se ƒ é ou não uma função bijetora. Para isso, devemos traçar retas paralelas ao eixo χ pelos pontos que pertencem ao contradomínio da função. Se cada uma dessas retas interceptar o gráfico em um único ponto, a função é bijetora. Para entender de uma forma mais fácil as três definições anteriores, assista ao vídeo do link: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vTJCbbHFMxU> - O gráfico de uma função par é simétrico com relação ao eixo das ordenadas, isto é, toda reta paralela ao eixo corta o gráfico simetricamente. - O gráfico de uma função ímpar é simétrico com relação à origem. - Uma função que não é par nem ímpar é chamada de função sem paridade. A função é par se para todo , . Vejamos alguns exemplos: é uma função par, pois . é uma função par, pois . A função é ímpar se para todo , . Vejamos alguns exemplos: é uma função ímpar pois, é uma função ímpar pois, Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 24 1.8 Função inversa A inversa de , denotada por , é a função que satisfaz, sendo i a função identidade. Para evidenciarmos a definição dada acima, vamos considerar os conjuntos A = {1, 2, 3, 4}, B = {1, 3, 5, 7} e a função ƒ : A → B definida por ƒ(χ) = 2χ + 3. A função inversa de ƒ é ƒ-1(χ) = χ .1 2 3 2 Verificamos assim que ƒoƒ-1= ƒ-1oƒ = i satisfeito, então ƒ-1 (χ) = . 1 2 χ - 3 2 É importante perceber que apenas funções bijetoras admitem inversa. Reflita o porquê de a afirmação acima ser verdade. A função inversa pode ser encontrada aplicando uma regra simples. Dada a função bijetora ƒ: A→B definida pela sentença γ = ƒ(χ), para obtermos a sentença aberta que define ƒ-1 devemos seguir os seguintes passos: i. Na sentença γ = ƒ(χ), trocamos as variáveis, isto é, colocamos χ no lugar do γ e γ no lugar do χ. ii. Transformamos algebricamente a expressão χ = ƒ(γ), expressando γ em função de χ. χ - 7 4 Exemplo: Qual a função inversa da função ƒ bijetora em i definida por ƒ(χ) = 4χ + 7? A função dada é γ = ƒ(χ) = 4χ + 7 i. γ = 4χ + 7 → χ = 4γ + 7 ii. χ = 4γ + 7 ⇒ 4γ + 7 = χ ⇒ 4γ = χ - 7 ⇒ γ = . Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 25 Logo, a inversa de ƒ, isto é, ƒ-1 é dada por γ = . χ - 7 4 2. Seja ƒ(χ) = χ2 e g(χ) = χ -3. A composta ƒog é: a. χ2 - 3 b. χ2 - 6χ + 9 c. χ2 - 6χ - 3 d. χ2 + 6χ + 9 e. χ2 - 6χ + 3 1. Considere a afirmação: ‘A função ƒ(χ)=√(χ2-1) é injetora e par’. Tal afirmação está: a. Correta. b. Incorreta, pois ƒ(χ) é injetora, mas não é par. c. Incorreta, pois ƒ(χ) é par, mas não é injetora. d. Incorreta, pois não é possível analisar ƒ(χ). e. Incorreta, pois ƒ(χ) não é par e não é injetora. a. ƒ-1 = b. ƒ-1 = c. ƒ-1 = e. ƒ-1 = d. ƒ-1 = χ + 2 3 χ - 2 3 2 - χ 3 χ 3 - (2 + χ) 3 3. Seja ƒ(χ): R → R definida por ƒ(χ) = 3χ - 2 . A sua inversa ƒ-1 é: Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 26 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 27 Seção 2 Limite de uma função Uma das noções básicas no cálculo é o conceito de limite. A ideia de limite será abordada inicialmente de forma intuitiva. Em seguida, será trabalhada sua definição formal e seu cálculo. O conceito de limite nos permite estudar o comportamento de uma função na vizinhança de um ponto fora de seu domínio. Isto é, podemos identificar como uma função se comporta próximo a um ponto, mesmo que este ponto não esteja em seu domínio. Para entendermos melhor a ideia de limite, vamos analisar a função: Vamos estudar ƒ (χ) quando χ assume valores bem próximos de 2. Para χ < 2 teremos: Se χ ≠ 2, podemos dividir o numerador e o denominador por χ - 2 e assim obtermos ƒ (χ) = χ + 1. definida para χ ∈ R / χ ≠ 2. A função não está definida para χ = 2 . Como será o comportamento de ƒ (χ) quando χ assume valores bem próximos de 2? χ 1,00 1,50 1,75 1,90 1,99 1,999 ƒ (χ) 2,00 2,50 2,75 2,90 2,99 2,999 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 28 Para χ > 2 teremos: χ 3,00 2,50 2,25 2,10 2,01 2,001 ƒ (χ) 4,00 3,50 3,25 3,10 3,01 3,001 Os limites para χ < 2 e χ > 2 são chamados de limites laterais. O tema será abordado de forma mais completa ainda neste material. Você já deve ter percebido que, conforme o valor de χ se aproxima de 2, ƒ (χ) fica cada vez mais próxima de 3. Ou ainda, podemos tornar ƒ (χ) tão próximo de 3 quanto desejarmos, basta tomarmos χ suficientemente próximo de 2, conforme observado na figura 1.7. A partir desta observação podemos definir, de forma informal: seja ƒ uma função definida em um intervalo que contenha o ponto a, exceto eventualmente no próprio a, dizemos que: Fonte: O autor (2015). Figura 1.7 | Esboço do gráfico de ƒ (χ)=χ+1 para χ≠2 O limite descreve o comportamento da função em pontos extremamente próximos de , mas jamais no próprio . Para saber mais sobre os conceitos de limite, assista ao vídeo: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iUxAIFuX7f4&list=PLB938B2 80064A4AB4>. 3 1 1 2 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 29 2.1 Propriedades de limites Teorema 3: Se e , então: Ainda explorando a ideia intuitiva de limite, vamos agora apresentar suas propriedades a as regras básicas para seu cálculo. A apresentação será feita por meio de teoremas. Teorema 1: Se existe, ele é único. Teorema 2: Se a, b e c são números reais e ƒ(χ) = bχ + c. Então a. . b.. c. . d. desde que . e. desde que quando n for par. f. e . h. , desde que L 1 > 0. g. Você pode ver a demonstração de algumas das propriedades apresentadas acima acessando: Disponível em <http://www.uff.br/ webmat/Calc1_LivroOnLine/Cap05_Calc1.html#PropriedadesLimite>. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 30 Utilizando as propriedades apresentadas acima, temos: Qual é o limite de quando χ tende a 2? 2.2 Teorema do Confronto Seja a um número real e ƒ,g e h funções que satisfazem ƒ(χ) ≤ h(χ) ≤ g(χ), para todo χ∈R, exceto eventualmente para χ=a. Se lim ƒ(χ) = lim g(χ) = L. lim h(χ) = L.Então χ → a χ → a χ → a O Teorema do Confronto é também conhecido como Teorema do Sanduíche. Reflita o porquê do termo sanduíche ser aplicado neste contexto. Mais informações sobre o Teorema do Confronto, bem como sua demonstração, você encontra acessando o site: Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/ ferramentas/limites/calculo_lim/teoremas/teo_confronto.htm>. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 31 2.3 Indeterminação Agora, e . Exemplo: Calcule . Resposta: Podemos afirmar que . Multiplicando a desigualdade por χ4, temos: Pelo Teorema do Confronto, temos que A propriedade d do teorema 3 nos diz que o desde que L 2 ≠ 0. Tal restrição é clara, uma vez que a divisão por zero não está definida. Como calcular, então, o ? Sendo , não podemos aplicar a propriedade. Caso você não percebesse, a princípio, que o denominador tende a zero, e aplicasse a propriedade, você encontraria a expressão , pois também é igual a 0. Temos aqui um caso de indeterminação. Para casos como este, deve-se, quando possível, reescrever a expressão estudada de outra forma equivalente. Para χ ≠ 2, temos que Logo 0 0 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 32 Outros casos de indeterminação são , 0.∞ e ∞ - ∞ (e suas variações). Para conhecer alguns exemplos de indeterminações, acesse: Disponível em: <http://www.uff.br/webmat/Calc1_LivroOnLine/cap07_TiposIndeterm.html>. ∞ ∞ Exemplo: I. Calcule II. Calcule Como Fatorando os polinômios do numerador e do denominador, podemos escrever: Logo, O limite apresenta mais uma vez uma indeterminação do tipo . Neste caso, não se trata de um quociente de polinômios e para reescrever a expressão pode-se usar o artifício de multiplicar o numerador e o denominador por . temos uma indeterminação do tipo . e 0 0 0 0 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 33 III. Calcule O exemplo III apresenta outro tipo de indeterminação do tipo . Aqui, uma solução possível para encontrarmos uma expressão equivalente que permita o cálculo do limite é utilizar o artifício da mudança de variável. Assumindo , reescreveremos toda a expressão em função de u. Se então, , logo χ = 9 - u3. Se χ → 1, então . Logo u → 2. Assim, A expressão pode ser reescrita na forma . Logo, 0 0 No início dos estudos de limites foi mencionada a existência dos limites laterais. Vimos que o estudo do comportamento de uma função nos valores próximos a a, isto é, uma função definida em um intervalo que contenha o ponto a, exceto eventualmente no próprio a, deve ser feita para valores menores que a e maiores que a. Para χ < a, é calculado o limite lateral à esquerda, e para χ > a calculamos o limite lateral à direita. Esses limites são definidos da seguinte forma: Seja ƒ uma função definida em um intervalo aberto ]a,b[ . O limite de ƒ(χ) , quando χ se aproxima de a pela direita é L 1 e escrevemos . 2.4 Limites Laterais Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 34 Seja ƒ uma função definida em um intervalo aberto ]c,a[. O limite de ƒ(χ), quando χ se aproxima de a pela esquerda é L 2 e escrevemos . Exemplo: Observe os limites das funções apresentadas na figura 1.8. Os limites laterais de ƒ(χ) quando χ tende a a são lim ƒ(χ) = 2 e lim ƒ(χ) = 6 . Logo, podemos afirmar que lim ƒ(χ) não existe, pois seus limites laterais são diferentes. Já na função g(χ), os limites laterais são lim g(χ) = 5 e lim g(χ) = 5 . Sendo os limites laterais iguais, podemos afirmar que lim g(χ) existe e é igual a 5. Mesmo que o valor de g em χ=b seja diferente do limite de g(χ) quando χ→b. Condição de existência para lim ƒ(χ) é que os limites laterais existam e sejam iguais. Isto é: χ → a χ → a χ → a χ → a lim ƒ(χ) = L se, e somente se, lim ƒ(χ) + lim ƒ(χ) = L. Para o caso de termos lim ƒ(χ) ≠ lim ƒ(χ), dizemos que lim ƒ(χ) não existe. χ → a+ χ → b+ χ → b- χ → a- χ → a χ → a χ → a Fonte: O autor (2015). Figura 1.8 | Esboços de ƒ(χ) e g(χ) Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 35 II. Seja ƒ(χ)=χ2 - 4, temos que lim ƒ(χ) = 0 e lim ƒ(χ) = 0. Logo, lim ƒ(χ) existe e é também igual a 0. III. Seja vamos determinar lim g(χ) e lim g(χ). O primeiro passo é reescrevermos g(χ) eliminando o valor absoluto. Como χ2 - 4 = (χ - 2)(χ + 2), podemos escrever: Agora fica fácil calcularmos os limites laterais, basta utilizarmos a ideia apresentada no início da seção. Como, lim g(χ) = lim g(χ) temos que lim g(χ) não existe. Logo, χ → 2+ χ → 2+ χ → 2- χ → 2- χ → a logo χ → 2+ χ → 2- χ → 2 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 36 Em alguns casos, a função pode assumir valores cada vez maiores, ou cada vez menores. Observe a função ƒ(χ) = definida para R*. Como é o comportamento de ƒ(χ) próximo a 0? Para χ < 0 teremos: A partir da tabela acima e do gráfico de ƒ(χ) apresentado na figura 1.9 é fácil perceber que, conforme χ se aproxima de 0 pela direita, os valores de ƒ(χ) crescem infinitamente e de forma positiva. Quando χ se aproxima de 0 pela esquerda, ƒ(χ) assume valores negativos e decrescem infinitamente. Para χ > 0 teremos: 2.5 Limites e infinitos χ 1 χ -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 ƒ (χ) -1 -10 -100 -1.000 -10.000 χ 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 ƒ (χ) 10.000 1.000 100 10 1 Fonte: O autor (2015). Figura 1.9 | Gráfico de ƒ(χ) = χ 1 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 37 Quando lim ƒ(χ) = + ∞ e lim ƒ(χ) = + ∞ , podemos afirmar que lim ƒ(χ) existe, e ainda lim ƒ(χ) = + ∞. De forma análoga, temos que lim ƒ(χ) = + ∞ se lim ƒ(χ) = lim ƒ(χ) = + ∞. Outra caso que envolve valores infinitos é quando χ assume valores cada vez maiores, ou menores. Nestes casos, teremos limite no infinito. Para definir esses limites, usamos a seguinte notação: lim ƒ(χ) = L se os valores de ƒ(χ) forem se aproximando cada vez mais de L à medida que χ cresce indefinidamente. Da mesma forma podemos dizer que: lim ƒ(χ) = L se os valores de ƒ(χ) forem se aproximando cada vez mais de L à medida que χ decresce indefinidamente. Além das propriedades para o cálculo de limites já apresentadas, que são válidas para limites no infinito, devemos saber também que: χ → a+ χ → a+ χ → a- χ → a- χ → a χ → a χ → + ∞ χ → - ∞ χ → a As demonstrações das propriedades acima podem ser conferidas acessando o link: Disponível em: <http://www.uff.br/webmat/Calc1_LivroOnLine/Cap07_Calc1. html#Observacao_7-1>. Exemplo: Calcule . Funções, limite, continuidade e definição de derivadaU1 38 Observe que o limite apresenta uma indeterminação do tipo . Afim de resolvermos o problema, vamos dividir o numerador e o denominador da função por χ3. Observe que tal argumento só é válido pois χ ≠ 0. ∞ ∞ Como , temos Vamos voltar ao exemplo do tópico anterior, a função ƒ(χ) = definida para R* , com o gráfico apresentado na figura 1.9. Observe que ƒ(χ) aproxima-se da reta χ = 0 cada vez mais, chegando a confundir-se com ela. Do mesmo modo, ƒ(χ) aproxima-se da reta γ = 0 cada vez mais. Retas que apresentam características como as descritas acima são chamadas de assíntotas e são definidas da seguinte maneira: 2.6 Assíntotas 1 χ • Uma reta χ = a é uma assíntota vertical ao gráfico de ƒ(χ) caso lim ƒ(χ) = + ∞ ou lim ƒ(χ) = + ∞ χ → a+ χ → a- - - • Uma reta γ = a é uma assíntota horizontal ao gráfico da função ƒ(χ) caso lim ƒ(χ) = b. χ → + ∞- • lim ƒ(χ) e lim ƒ(χ), sendo a um ponto de descontinuidade de ƒ. Caso esses limites sejam +∞, temos que a reta χ = a é uma assíntota vertical. - - • Calcular os lim ƒ(χ) e lim ƒ(χ), e se o valor encontrado for um número real a, temos que a reta γ = a é uma assíntota horizontal. χ → + ∞ χ → - ∞ Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 39 Verificar a existência de assíntotas e identificá-las facilita a construção do gráfico de uma função, tornando mais fácil o seu estudo. Exemplo: O esboço do gráfico de ƒ(χ) pode ser verificado na figura 1.10. Vamos verificar a existência de assíntotas verticais: Temos que χ=-3 é um ponto crítico de , pois para χ=-3, teríamos o valor zero no denominador. Vamos, então, calcular . , temos que γ=1 é uma assíntota horizontal. , temos que γ=1 é uma assíntota horizontal. Seja a função vamos encontrar, caso exista, suas assíntotas. Vamos verificar a existência de assíntotas horizontais: Para facilitar o cálculo dos limites, vamos reescrever ƒ(χ) Logo, e χ=-3 é assíntota vertical. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 40 Fonte: O autor (2015). Figura 1.10 | Gráfico de ƒ(χ) e suas assíntotas Para saber mais sobre as assíntotas, acesse os links: Disponível em: <http://checkmath.wordpress.com/2013/06/20/retas-assintotas/>. <https://www.youtube.com/watch?v=-FfodxO713c>. Limites de funções também podem ser calculados a partir de limites já conhecidos, chamados de limites fundamentais. São três os limites fundamentais que iremos trabalhar: 1. 2. 3. 2.7 Limites fundamentais Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 41 Agora que você já entendeu o conceito de limite de forma intuitiva, será apresentada a definição formal. Para apresentar tal definição, vamos mais uma vez usar um exemplo: Seja, Seja u=5χ, então χ=u / 5 e se χ→0 , u→0. Substituindo na função inicial, temos Exemplos: I. Calcule . II. Calcule . III. Calcule . Calculamos, então, o limite. Colocando 35χ em evidência, tem-se . Para obtermos um expoente igual ao denominador, podemos ainda multiplicar a expressão por , obtendo . A expressão pode ser escrita na forma . O artifício é utilizado a fim de se obter o expoente χ igual ao denominador 2χ. Feito isso, temos que: 2.8 Definição formal de limite -3 -3 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 42 Usando a ideia de limite que aprendemos anteriormente, podemos concluir que lim ƒ(χ) = 5. Isso significa que ƒ(χ) pode estar o mais próxima de 5 quanto se queira, desde que, para isso, χ seja o mais próximo de 2. Em outras palavras, podemos tornar a distância entre ƒ(χ) e 5 tão pequena quanto desejarmos, desde que a distância entre χ e 2 seja suficientemente pequena, mas diferente de 0. Você deve recordar que a distância entre ƒ(χ) e 5 e entre χ e 2 é dada por |ƒ(χ) = -5| e |χ-2| respectivamente. Vamos reescrever, então, o que foi dito anteriormente: Podemos tornar |ƒ(χ) = -5| tão pequeno quanto desejarmos, desde que tomemos |χ-2| suficientemente pequeno, mas diferente de 0. Supondo que desejamos que |ƒ(χ) = -5| < . Quais valores de |χ-2| devemos ter? Se |ƒ(χ) = -5| < e sendo ƒ(χ) = 2χ + 1 para χ ≠ 2, Portanto, devemos tomar χ, tal que |χ-2| < e χ ≠ 2. Para quantificar o quão pequenas devem ser essas diferenças, faremos uso das letras ε (epsilon) e δ (delta). Assim, dado um número positivo ε, supostamente pequeno, é possível tornar |ƒ(χ) = -5| < ε desde que se tome |χ-2| < δ e χ ≠ 2 . O que pode ser escrito da seguinte forma: Para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que |ƒ(χ) = -5| < δ sempre que 0 < |χ-2| < δ. Usando os conceitos apresentados acima, podemos definir o limite da seguinte forma: seja ƒ uma função definida em um intervalo que contenha o ponto a, exceto, eventualmente, no próprio a, dizemos que o limite de ƒ, quando χ tende a a, é L se para todo ε > 0 existe um δ > 0 tal que |ƒ(χ) - L| < ε, sempre que 0 < |χ-a| < δ. χ → 2 1 100 1 200 1 100 Mais informações sobre a definição formal de limites você encontra em: Disponível em: <http://manthanos.blogspot.com.br/2011/06/sobre- definicao-formal-de-limite.html>. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 43 Exemplos: Mostre que utilizando a definição formal de limites. É preciso mostrar que, dado ε > 0, pode-se encontrar um δ > 0 tal que se . Deve-se encontrar um valor de que δ garanta a afirmação acima e, em seguida, provar que tal afirmação é válida para δ indicado. |2χ - 4| < ε se 0 < |χ - 2| < δ Pode-se reescrever a afirmação acima de forma que torne mais fácil encontrar o δ apropriado. 2|2χ - 4| < ε se 0 < |χ - 2| < δ |χ - 2| < se 0 < |χ - 2| < δ Portanto, quando 0 < |χ - 2| , então |ƒ(χ) -1| < ε. Basta tomar δ = , qualquer que seja ε > 0. Logo, . ε 2 ε 2 ε 2 1. Calcule lim χ → - ∞ 4χ2 + 11 3χ2 + χ - 7 lima. χ → 0 (2 + χ)2 - 4 χ a. O limite da função ƒ(χ) = quando χ tende a ∞ é: 5χ2 - 4χ + 3 3χ - 2 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 44 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 45 Seção 3 Funções contínuas Podemos apresentar a ideia de continuidade como processos que ocorrem de maneira ininterrupta, sem mudanças repentinas. Imagine que você deixe cair uma moeda de uma altura de 2m. A moeda não pode, ao seguir sua trajetória, estar a 1,5m do chão e, em seguida, aparecer a 0,5m, não é mesmo? A trajetória da moeda deve percorrer todos os valores entre 0 e 2m. Funções que representam processos como esse são chamadas de funções contínuas. Nesta seção, vamos definir a noção de continuidade e estudar algumas de suas propriedades. Sejam ƒ(χ) uma função real e χ = a um ponto no interior de seu domínio. Dizemos que ƒ é contínua em χ = a se as seguintes condições forem satisfeitas: i. ƒ (a) existe. ii. lim ƒ(χ) existe. iii. lim ƒ(χ) = im ƒ(a) . Caso uma ou mais dessas condições não sejam satisfeitas, dizemos que ƒ apresenta uma descontinuidade em χ = a, ou é descontínua em χ = a. Agora que apresentamos a condição de continuidade para um ponto da função podemos concluir que: ƒ é uma função contínua quando ƒ é contínua em todos os pontos de seu domínio. Exemplos: I. A função ƒ(χ) = é contínua em χ=2? Devemos verificar as condições necessárias apresentadas na definição de função contínua. • ƒ(2) existe? 3.1 Definição de continuidade χ → a χ → a χ2 - 4 χ - 2 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 46 Como os limites laterais são iguais, podemos afirmar que lim ƒ(χ) existe e é igual a 4. • lim ƒ(χ) = ƒ(2) ? Se ƒ(χ) = χ + 2, então ƒ(2) = 2 + 2 = 4. Logo, ƒ(2) existe e é igual a 4. • lim ƒ(χ)existe? χ → 2 χ → 2 χ → 2 χ → 2 A partir das duas primeiras condições, chegamos que lim ƒ(χ) = ƒ(2) = 4. Sendo todas as condições de continuidade satisfeitas, conclui-se que é uma função contínua. II. A função g(χ) = é contínua? Observando o esboço do gráfico de g(χ) apresentado na figura 1.11 (a), vimos que existe uma quebra no gráfico no ponto χ - 3 e que g(χ) não está definida neste ponto. Assim, a condição (i) não é satisfeita. Logo, g apresenta uma descontinuidade no ponto χ - 3, isto é, g(χ) é uma função descontínua. 1 χ - 3 III. A função é contínua? O esboço do gráfico de h(χ) é apresentado na figura 1.11 (b). O gráfico de h(χ) apresenta uma quebra em χ = 3, porém, pela definição, h(χ) está definida para χ = 3 e h(3)=0. Assim, a condição (i) está satisfeita. Vamos agora verificar a existência do lim h(χ). χ → 3 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 47 Como os limites laterais são diferentes, temos que lim h(χ) não existe e a condição (ii) não é satisfeita. Logo, h(χ) é descontínua em χ=3. A continuidade pode ser verificada graficamente. Quando o gráfico de uma função não apresenta interrupções, isto é, quando podemos desenhá-lo sem tirar o lápis do papel, assumimos que a curva apresentada no gráfico é uma função contínua. A partir das propriedades de limites apresentadas na seção 2, podemos concluir que soma, subtração, multiplicação e divisão de funções contínuas em χ = a é também contínua em χ = a. É o que nos apresentada o teorema a seguir. Teorema 4: Se as funções e forem contínuas em , então: 1. ƒ + g é contínua em χ = a. 2. ƒ - g é contínua em χ = a. 3. ƒ . g é contínua em χ = a. 4. ƒ / g é contínua em χ = a se g(a) ≠ 0 e tem uma descontinuidade em a se g(a) = 0. Outras propriedades importantes são: I. Toda função polinomial é contínua em todos os reais. II. Toda função racional é contínua em seu domínio. III. As funções trigonométricas sen(χ) e cos(χ) e a função exponencial ex são contínuas para todo χ real. χ → 3 Fonte: O autor (2015). Figura 1.11 | Esboço de gráficos 3.2 Propriedades das funções contínuas Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 48 Assim como nas operações entre funções, a composição de duas funções contínuas é também contínua. Teorema 5: Se lim g(χ) = L e ƒ é contínua em L, então lim ƒ(g(χ)) = ƒ (L), ou seja, Exemplo: Vamos estudar a função h(χ) = √9 - χ2. Seria h(χ) contínua? Podemos escrever h(χ) como uma função composta h = ƒog, sendo ƒ(χ) = √χ e g(χ) = 9 - χ2. Como ƒ e g são funções contínuas em seu domínio, pelo teorema 5 podemos afirmar que h é também continua em seu domínio. lim ƒ(g(χ)) = ƒ (lim g(χ)). χ → a χ → a χ → a+ χ → a χ → a Dizemos que uma função ƒ é contínua em um intervalo aberto ]a,b[ se ƒ for contínua em todos os pontos deste intervalo. Dizemos que uma função ƒ é contínua em um intervalo fechado [a,b] se ƒ for contínua no intervalo aberto ]a,b[ e ainda satisfazer as condições de continuidade lim ƒ(χ) = ƒ(a) e lim ƒ(χ) = ƒ(b). Sendo ƒ uma função injetora, o gráfico de ƒ-1 é uma reflexão do gráfico de ƒ em relação à reta χ=γ. Conhecendo esta informação, podemos concluir que, se o gráfico de ƒ não apresenta rupturas, o gráfico de ƒ-1 também não apresentará. A partir desta conclusão, e sendo a imagem de f igual ao domínio de ƒ-1, tem-se o seguinte resultado: se f é uma função bijetora, contínua em cada ponto de seu domínio, então ƒ-1 é contínua em cada ponto de seu domínio. 3.3 Continuidade por intervalos 3.4 Continuidade de funções inversas χ → b- Veja alguns exemplos de como identificar uma função contínua. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PTwiNgefl7U>. Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 49 Observe a figura 1.12, que apresenta o gráfico de uma função ƒ contínua no intervalo [a,b]. O gráfico nos mostra que, estando k entre ƒ(a) e ƒ(b), para qualquer reta horizontal γ=k que traçarmos, esta reta cruzará a função ƒ pelo menos uma vez no intervalo entre a e b. Essa ideia é apresentada no teorema 6, também conhecido como Teorema do Valor Intermediário. Teorema 6: Seja ƒ contínua em [a,b] e k um número qualquer entre ƒ(a) e ƒ(b), então existe pelo menos um número χ no intervalo [a,b], tal que ƒ(χ) = k. Embora o teorema 6 apresente um enunciado intuitivo e bastante simples, sua demonstração requer conhecimentos que não serão abordados neste livro. A demonstração do teorema pode ser encontrada em livros de cálculo avançado. Uma das consequências do Teorema do Valor Intermediário é que ele é útil para identificarmos intervalos em que a raiz de uma função pertença. Teorema 7: Se ƒ é contínua em [a,b], e se ƒ(a) e ƒ(b) forem diferentes de zero com sinais opostos, então existe, no mínimo, uma solução para a equação ƒ(χ) = 0 no intervalo (a,b). Vamos aplicar o teorema 7 na função polinomial p(χ) = χ2 + 3χ + 4 no intervalo [2,5]. Para χ = 2 temos p(2) = 6 e para χ = 5 temos p(5) = -6. Você já sabe que funções polinomiais são contínuas, e pelo teorema 7 podemos afirmar que p(χ) = χ2 + 3χ + 4 assume pelo menos um valor c entre [2,5] tal que ƒ(c)=0. Vamos encontrar as raízes de p(χ) e comprovar que pelo menos uma delas pertence ao intervalo [2,5]. 3.5 Valor intermediário Fonte: O autor (2015). Figura 1.12 | Gráfico de uma função contínua Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 50 Utilizando , temos que: Como 4 ∈ [2,5], temos que pelo menos uma das raízes de p(χ) está no intervalo analisado. Veja outro exemplo em que podemos aplicar o teorema 7: A função χ - cos2 χ = 0 possui pelo menos uma raiz no intervalo Como ƒ(χ) = χ - cos2 χ é contínua no intervalo dado; Pelo teorema 7 podemos afirmar que existe um k ∈ tal que ƒ(k) = 0. Para mais informações sobre o Teorema do Valor Intermediário e seus resultados, acesse: Disponível em: <http://www.uff.br/webmat/Calc1_LivroOnLine/Cap06_Calc1. html#VI-2_TVI>. Nos links abaixo você encontra um material completo sobre limites e continuidade. Disponível em: <http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/72/limites. pdf>. <http://portal.virtual.ufpb.br/biblioteca-virtual/files/pub_1291086101. pdf>. Funções, limite, continuidade e defi nição de derivada U1 51 1. A função ƒ(χ) = é contínua para quais valores? 2. Determine os valores para os quais g(χ) seja contínua: χ3 + 1 χ2 - 9 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 52 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 53 Seção 4 A derivada A derivada estuda a taxa segundo qual varia uma quantidade em relação a outra, conhecida como taxa de variação. A taxa de variação é utilizada em diversas áreas. Receita, custo e lucro marginais, são exemplos de taxas de variação estudados pelos economistas. A taxa de crescimento de bactéria na medicina laboratorial. A velocidade de queda de um determinado corpo que você calculou na aula de física no ensino médio também é um exemplo de taxa de variação. Seja a função contínua γ = ƒ(χ) definida no intervalo I∈R, com χ 1 e χ 2 pertencentes a I. Geometricamente, a taxa de variação média de γ em relação à χ no intervalo [χ 1 ,χ 2 ] é a inclinação da reta secante pelo pontos p(χ 1 ,ƒ(χ 1 )) e q(χ 2 ,ƒ(χ 2 )) e a taxa de variação instantânea de γ em relação à χ em χ 1 é a inclinação da reta tangente no ponto p(χ 1 ,ƒ(χ 1 )), conforme figura 1.13. 4.1 Taxa de variação Antes de continuarmos os estudos a respeito das derivadas, faça a leitura do texto disponível no link a seguir. Você aprenderá mais sobre a origem do conceito de derivada. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/historia/derivadas.php>. Fonte: O autor (2015). Figura 1.13 | Retas secante e tangente à curva de ƒ(χ) Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 54 Vamos denotar a diferença entre as abscissas de Q e P por h, ou seja, h=χ 2 - χ 1 . A inclinaçãoda reta secante PQ é dada por desde que a reta PQ não seja vertical. Exemplos: Encontre a inclinação da reta tangente ao gráfico de γ=χ2-2χ+3 no ponto (χ1, γ2). Sendo h=γ 1 -χ 1 e ƒ(χ 1 )=χ 1 2 - 2χ 1 + 3, temos que Vamos considerar o ponto P fixo e o ponto Q movendo-se em direção a P, isto é, Q tende a P. Se Q tende a P, h tende a 0. Quando P=Q, a secante gira em torno do ponto P. Observe que este movimento no leva a infinitas retas, sendo uma delas a reta tangente a ƒ em P. Vamos, então, assumir que a inclinação da reta tangente à ƒ em P, dada por m(χ 1 ), seja o limite de m sec quando h tende a zero, se este limite existir. Assim, . Quando m(χ 1 ) tende a ±∞ temos a reta χ=χ 1 . Como h=χ 2 - χ 1 , podemos escrever χ 2 =h+χ 1 . A inclinação de PQ pode ser escrita Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 55 Vamos agora encontrar uma equação para a reta tangente a curva dada no exemplo I no ponto (3,2). Como a inclinação da reta tangente em qualquer ponto (χ 1 , γ 1 ) é dada por m(χ 1 )=2χ 1 - 2, a inclinação da reta tangente no ponto (3,2) é m(3)=4. Conhecendo a inclinação da reta no ponto (3,2), e sabendo que uma possível equação da reta tangente a ƒ(χ) no ponto (χ 1 , γ 1 ) é dada por (γ - γ 1 )=m(χ 1 ).(χ - χ 1 ), temos que Acabamos de aprender que se existe, ele pode ser interpretado como a inclinação da reta tangente à curva γ=ƒ(χ) no ponto χ=χ 1 , ou ainda, como a taxa de variação instantânea de γ em relação a χ 1 , em χ 1 =χ 1 . Aprendemos também que a taxa de variação pode ser empregada em diversas áreas e para diferentes usos. Devido à sua importância, este limite possui uma notação especial: 4.2 Função derivada Se ƒ'(χ) existir, esta é denominada derivada de ƒ em relação χ, sendo o domínio de ƒ' composto por todos χ pertencentes ao domínio de ƒ para os quais existe o limite. O termo derivada decorre do fato de ƒ' derivar da função ƒ por meio de um limite. Exemplo: Utilizando a definição de derivada, encontre ƒ' da função ƒ(χ) = 5√χ para χ = 9. Que nos leva à indeterminação . Podemos escrever 0 0 Funções, limite, continuidade e definição de derivada U1 56 Vamos encontrar agora a ƒ' da função ƒ(χ)=5√χ para qualquer χ > 0. Procedendo de forma análoga, chegamos que Para os casos em que não existe para algum ponto pertencente ao domínio de ƒ, temos que a derivada não está definida. Assim, dizemos que uma função ƒ é diferenciável (ou derivável) em χ, se existe Se ƒ é diferenciável em cada ponto do intervalo aberto (χ, γ), então dizemos que ƒ é diferenciável em (χ, γ). A derivada pode também ser representada pela notação de Leibniz . dγ dχ Para saber mais sobre taxa de variação e os conceitos iniciais de derivada, acesse: Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/derivadas/rz_de_varinst/tx_var_inst.htm>. <https://www.youtube.com/watch?v=mQSVKCmeAQE>. Funções, limite, continuidade e defi nição de derivada U1 57 1. Calculando obtemos: a. 4 b. 1/2 c. 0 d. 1 Calculando obtemos: 2. O : a. √5 d. √5 c. 4√5 b. √5 10 3 3 O : 3. O é: b. 7 c. 7 d. +∞ a. Não existe. 5 5 O é: Funções, limite, continuidade e defi nição de derivada U1 58 5. Utilizando a definição de derivada, podemos afirmar que ƒ' de ƒ(χ) = 2χ + 1 é: a. 4 b. 2χ c. 2 d. χ + 1 4. Estudando a função abaixo, podemos afirmar que: a. ƒ(χ) é continua nos pontos χ = 0 e χ = 1 b. ƒ(χ) não é continua nos pontos χ = 0 e χ = 1 c. ƒ(χ) é continua apenas no ponto χ = 0 d. ƒ(χ) é continua apenas no ponto χ = 1 Nesta unidade você aprendeu: • Que o conhecimento sobre funções é fundamental para os estudos envolvendo derivadas e integrais e que, por isso, foi necessária uma revisão sobre o assunto. • O conceito intuitivo de limites e como calcular limites utilizando propriedades e limites fundamentais. • Que artifícios algébricos podem ajudar a resolver problemas de indeterminação no cálculo de limites. Funções, limite, continuidade e defi nição de derivada U1 59 • Calcular limites quando x tende a infi nito e reconhecer limites que tendem a infi nito. • Reconhecer funções contínuas e as características para que um intervalo seja contínuo. • Limite e continuidade são fundamentais para a compreensão dos conceitos de derivada e integral que serão abordados nas próximas unidades. • A relação entre taxas de variação, retas tangentes e derivadas. • Calcular a derivada de uma função a partir da defi nição. Nesta unidade você iniciou os estudos do Cálculo Diferencial e Integral. Todo o conteúdo trabalhado até aqui são fundamentais para a compreensão dos conceitos de derivada e integral que serão abordados nas próximas unidades. É importante que você faça uso dos materiais sugeridos nos Saiba mais e Aprofundando o conhecimento para que sua aprendizagem seja completa e que não restem dúvidas sobre o conteúdo. A bibliografi a também apresenta um bom material para pesquisas e grande número de exercícios, o que é fundamental para a fi xação do conteúdo aqui abordado. 1. Calculando , obtemos: 2. O é: Calculando , obtemos: O é: Funções, limite, continuidade e defi nição de derivada U1 60 3. O é? 4. Estudando a função, podemos afirmar que: 5. Utilizando a definição de derivada, podemos afirmar que ƒ´de ƒ(χ) = 2χ + 1 é: O é? a. ƒ(χ) é continua nos pontos χ = 0 e χ = 1 b. ƒ(χ) não é continua nos pontos χ = 0 e χ = 1 c. ƒ(χ) é continua apenas no ponto χ = 0 d. ƒ(χ) é continua apenas no ponto χ = 1 U1 61Funções, limite, continuidade e definição de derivada Referências FUNCTION GRAPHS. Ferramenta gráfica. Disponível em: <http://rechneronline.de/ function-graphs/>. Acesso em: 31 mar. 2015. SUGESTÃO DE LEITURA ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. DOMINGUES, H. H.; IEZZI, G. Álgebra Moderna. 4. ed. São Paulo: Atual, 2003. ERCOLE, G.; PINTO, M. M. F. Introdução ao Cálculo Diferencial. Belo Horizonte: UFMG, 2009. GIMENEZ, C. S. C.; STARK, R. Cálculo 1. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2011. IEZZI, G.; MURAKAMI, C. Fundamentos de Matemática Elementar: conjuntos e funções. 8. ed. São Paulo: Atual Editora 2004. IEZZI, G.; MURAKAMI, C. Fundamentos de Matemática Elementar: limites, derivadas e noções de integral. 8. ed. São Paulo: Atual Editora 2004. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1994. MORETTIN, P.; BUSSAB, W.; HAZZAR, S. Cálculo: Funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva, 2003. Unidade 2 CÁLCULO DE DERIVADAS Nesta seção, vamos aprender a respeito das derivadas de funções por meio da utilização de técnicas quando as funções envolvem operações de soma, subtração, multiplicação e divisão. No final da unidade 1, aprendermos o que é uma derivada e como derivar funções por meio da definição, mas tendo em mente que o cálculo de algumas derivadas pela definição pode ser muito trabalhoso, aprenderemos regras que facilitarão nosso trabalho. A derivada tem diferentes interpretações, mas uma das mais Seção 1 | A derivada de uma função e regras de derivação para a multiplicação e divisão Objetivos de aprendizagem: Essa unidade tem como objetivo auxiliar no processo de aprendizagem de conteúdos e conceitos de grande importância, que é o cálculo de derivadas. A derivada faz parte do que conhecemos como cálculo moderno e, mesmo não sendo um conteúdo que não consta no currículo do Ensino Fundamental e Ensino Médio, é imprescindível que você,como futuro(a) professor(a), saiba como realizar derivadas de funções, suas aplicações e técnicas. Ao final dessa unidade, espera-se que você seja capaz de realizar derivadas de funções, utilizar a regra do produto, do quociente e da cadeia, conheça e saiba utilizar aplicações para esse conceito. Saiba realizar derivadas em funções com duas variáveis, derivadas implícitas, bem como calcular e interpretar o gradiente de uma função. Estes conceitos serão aplicados em várias disciplinas ao longo do curso e da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, sendo assim, desejo a você bons estudos, dedicação e esforço. Renata Karoline Fernandes Cálculo de derivadas U2 64 Na seção anterior, aprendemos técnicas para derivar funções sem a necessidade de aplicar a definição de derivadas, mas até o momento nossas técnicas se limitam para funções simples, ou então aquelas que envolvem operações de soma, subtração, multiplicação e divisão. Nesta seção, nos aprofundaremos e conheceremos uma técnica muito importante, a regra da cadeia, que é utilizada para derivar funções compostas. Nesta seção, aprenderemos a respeito de derivação implícita, ou seja, a derivada de funções que não conseguimos expressar de forma explicita a variável dependente em função da variável independente. Será nessa seção também que aprenderemos a respeito de uma aplicação muito importante para as derivadas, a otimização de funções. Seção 2 | A regra da cadeia e derivada de ordem superior Seção 3 | Derivadas implícitas e otimização de funções importantes é a derivada como coeficiente angular de uma reta tangente a uma determinada curva, e será nessa unidade que aprenderemos mais a respeito dessa aplicação. Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 65 Introdução à unidade Todos os principais conceitos do cálculo moderno são: limites, derivadas e integrais. Nesta unidade, nossa atenção se volta para o cálculo de derivadas de funções. A derivada de funções tem sua definição oriunda do estudo dos limites, por esse motivo aprendemos limites e depois derivadas, porém historicamente isso não aconteceu. O desenvolvimento desses conceitos se deu ao contrário, ou seja, primeiro desenvolveu-se o cálculo de derivadas e, posteriormente, o estudo dos limites. Um dos principais fatores que motivou o estudo das derivadas foi a intenção de determinar o coeficiente angular de uma reta tangente a uma curva, pois por meio desse coeficiente angular podemos realizar diferentes estudos, por exemplo, o ponto de máximo e de mínimo de uma função. Aprenderemos a respeito das técnicas de derivação, bem como algumas de suas aplicações. Bons estudos! Cálculo de derivadas U2 66 Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 67 Seção 1 Nessa seção estudaremos conceitos relativos à derivada de funções. Aprendemos, na unidade anterior, a calcular a derivada de uma função por meio de sua definição, agora veremos como aplicar algumas técnicas para obter suas resoluções. Além das técnicas, aprenderemos também algumas aplicações para elas e a importância de compreender tais conceitos. 1.1 O Cálculo de Derivadas de funções A derivada teve uma grande importância para o desenvolvimento da Matemática, tendo ela alguns aspectos principais, entre eles, o geométrico, algébrico e computacional. Além de sua importância para a própria Matemática, esse conteúdo tem aplicações na física, química, engenharia, tecnologia, ciências econômicas e várias outras. A interpretação geométrica da derivada foi o principal impulso para seu desenvolvimento, pois está relacionada ao coeficiente angular de uma curva em um ponto e, também, com taxa de variação de uma função. Nós estudamos a derivada como coeficiente angular da reta tangente que passa por um ponto de uma curva na unidade anterior desse material impresso, mas sempre é bom relembrar. Para conhecer mais a respeito da história da derivada desde sua descoberta, acesse o seguinte link: Disponível em: <http://www.joinville. udesc.br/portal/professores/eliane/materiais/historia_calculo.pdf>. A derivada de uma função e regras de derivação para a multiplicação e divisão Cálculo de derivadas U2 68 Vamos relembrar o que é o coeficiente angular de uma curva estudando os links a seguir. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=oLEsg0BPdik>. <http://www.vestibular1.com.br/revisoes/matematica/aulas_ matematica/aula46.pdf>. Para aprender mais a respeito da derivada de uma função em um ponto específico, estude os links abaixo. Disponível em: <http://www.mat.ufmg.br/protem/Teste/Calc/der/RetaTan.html>. <https://www.youtube.com/watch?v=AzqYhgmDWsE>. <https://www.youtube.com/watch?v=2xqYJKVcb4Y>. <https://www.youtube.com/watch?v=WcFfGlH02uI&index=11&list=PL9 18074FE0AD0458B>. Como vimos nos materiais anteriores, o coeficiente angular de uma curva está relacionado com a inclinação dela. Em uma função na qual o gráfico é uma reta (função linear, constante e afim), o coeficiente angular é o mesmo em todos os pontos (a inclinação é sempre a mesma), mas em funções com inclinações diferentes, para cada ponto temos um coeficiente angular também diferente. Com o estudo dos links anteriores, aprendemos a calcular o coeficiente angular de uma reta de modo algébrico e, agora, retomaremos a definição de coeficiente angular da reta tangente a uma curva em um ponto, como sendo uma derivada da função em um ponto específico, no próximo Para saber mais. Você percebeu que a derivada nada mais é do que o limite de uma função quando a distância entre estes dois pontos dessa função tende a zero? Ao calcular este limite, obtemos a derivada da função em um ponto e, ainda, o coeficiente angular da reta tangente que toca a função que queremos em apenas um ponto. Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 69 No segundo link sugerido anteriormente e no final da unidade 1 desse material impresso, você aprendeu a realizar o cálculo de uma derivada pela definição. Todas as funções para as quais existe derivada em determinado ponto podem ser calculadas pela definição, ou seja, aplicando o seguinte limite: Vale lembrar que o cálculo desse limite será uma derivada, desde que ele exista; se não existir em um determinado ponto, significa que não existe derivada nesse ponto, mas pode existir em outros pontos da mesma função. Esse limite foi desenvolvido a partir de variações, de modo similar ao que utilizamos para calcular o coeficiente angular de uma reta. Vamos ver a figura 2.1 para compreender melhor. Nós calculamos o coeficiente angular de uma reta como sendo a variação na variável dependente dividido pela variação na variável independente, no caso: Em que m representa o coeficiente angular e h a variação entre um ponto e outro. Como queremos calcular o coeficiente angular de uma reta tangente, sabemos que essa reta não pode tocar em dois pontos, deste modo é preciso que a distância entre os dois pontos que utilizamos para calcular a variação seja desprezível, ou seja, se aproxime muito de zero. Para isso, após realizar a possível operação no denominador, aplicamos o limite com a distância h entre os pontos tendendo a zero, assim, obtemos: Fonte: O autor (2015). Figura 2.1 | Interpretação geométrica da Derivada Cálculo de derivadas U2 70 Anteriormente, foi dito que para toda função que existe derivada no ponto podemos calcular essa derivada por meio da definição. Sabendo que a definição de derivada vem de um limite, reflita a respeito de quando uma função não tem derivada em um ponto. Vejamos um exemplo para aprofundar nosso conhecimento a respeito do cálculo de derivadas por meio da definição. EXEMPLO: Determine o coeficiente angular da curva y= em qualquer ponto x = a, a ≠0. Qual é o coeficiente angular no ponto x = -1? Em que ponto o coeficiente angular é igual a ? Calculando esse limite: REPOSTA: Para responder os itens a e b é preciso determinar o coeficiente angular, e para isso utilizamos. Substituindo f(x 0 +h) e f(x 0 ) na função y= , no ponto a e realizando as simplificações, obtemos: -1 4 1 x 1 x Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 71 Então, o coeficiente angular da curva y = no ponto a, com a≠0, vale . Agora podemos responder aos itens do exemplo, para isso temos que substituir no coeficiente angular (que chamaremos de m) o valor -1. Assim: -1 a2 1 x Deste modo, o coeficiente angular no ponto x = -1 nessa curva vale -1. Agora, substituímos m por para saber o valor de x em que o coeficiente angular tem o valor esperado: Sendo assim, a=2 ou a= -2. A curva tem coeficiente angular nos pontos (2, ) e (2, ). -1 4 -1 4-1 2 1 2 Fonte: Thomas (2012, p.118) Para saber mais a respeito do cálculo de derivadas por meio da definição, estude: Disponível em: <http://wwwp.fc.unesp.br/~arbalbo/arquivos/ derivadas.pdf> (até a página 64). <http://eaulas.usp.br/portal/video?idItem=2674>. Nós já aprendemos que todas as funções que têm derivada em um ponto podem ser calculadas por meio da definição, mas mesmo existindo a definição de derivada, calcular algumas funções por meio dela pode ser muito trabalhoso e, por vezes, complicado. Com a intenção de facilitar nosso trabalho e porque matemáticos perceberam regularidades de acordo com as funções e com suas derivadas, desenvolveram-se técnicas de derivação, ou seja, modos de resolver derivadas sem utilizar a definição. Vamos aprender a respeito delas. Cálculo de derivadas U2 72 1.2 Técnicas de derivação No quadro a seguir, vamos aprender as técnicas, suas interpretações e exemplos que com certeza nos ajudarão com as derivadas. Quadro 2.1 | Técnicas de derivação Função e sua derivada Interpretação Derivada de uma função constante Se f tem o valor constante f(x) = c, então A derivada de uma função constante é sempre zero. Exemplos: Regra da potência para inteiros positivos Se n for um número inteiro positivo, então Essa regra é conhecida como a “regra do tombo”, pois o expoente inteiro positivo desce multiplicando a constante e a variável e subtrai uma unidade do valor do expoente. Exemplos: Regra da potenciação Se n for um número inteiro real, então Para todo x em que as potências xn e nxn-1 forem definidas. A interpretação dessa regra é a mesma que a da anterior, porém, de modo geral, com o expoente sendo um número real. Exemplos: Regra da multiplicação da derivada por uma constante Se v for uma função derivável de x, e c for uma constante, então: A derivada de uma função que é multiplicada por uma constante é a derivada da função vezes a constante. (Perceba que já utilizamos essa regra em alguns exemplos) Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 73 Nós acabamos de conhecer algumas das regras de derivação que podemos sempre aplicar e que facilitam na hora de resolver atividades e problemas, pois não precisamos utilizar a definição. Quando a função envolve uma soma ou subtração de parcelas, nós derivamos a primeira parcela, somamos ou subtraímos a segunda parcela, e assim por diante. Vejamos exemplos do cálculo de algumas derivadas. EXEMPLO: Calcule a derivada da função f(x) = x³ + 5x² - 6x +12. Para resolver essa derivada, devemos utilizar as técnicas aprendidas anteriormente e, como envolvem as operações de soma e subtração, devemos derivar cada uma das parcelas, assim: EXEMPLO: Calcule a derivada da função Para resolver a derivada dessa função, é necessário organizar as parcelas, ou seja, escrever a fração como um expoente fracionário e mudar o sinal da variável que está no denominador para que ela fique no numerador, assim: Exemplos: Fonte: Do autor (2015). As técnicas que estamos aprendendo vieram da definição de derivadas. Como seria possível provar que essas técnicas são realmente válidas? Reflita a respeito. Cálculo de derivadas U2 74 Agora que já organizamos a função, podemos utilizar as técnicas de derivação para derivá-la. Vamos treinar a aplicação dessas técnicas nas nossas atividades de aprendizagem. Não podemos esquecer que existem diferentes notações para representar derivadas, algumas delas são: 1. Utilize as técnicas de derivação, calcule a derivada da função f(x)= √x+12x-π e assinale a alternativa correta. 1. Utilize as técnicas de derivação, calcule a derivada da função t(x)= +5x2-ex e assinale a alternativa correta. a. f'(x) = + 12 - 1 b. f'(x) = + 12 d. f'(x) = + 12 c. f'(x) = + 12 - 1 e. f'(x) = a. t'(x) = + 10x - ex b. t'(x) = + 10x - ex 1√x 2 1 2√x x 2 1 2√x 1 2√x -2 x4 8 x5 8 x3 Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 75 Que tal conhecer mais algumas regras que serão de grande ajuda no nosso estudo? Nos links a seguir, veremos como é possível calcular uma derivada sem a necessidade de utilizar sua definição. Ao estudar os links sugeridos, você teve contato com regras importantes para a derivação, entre elas, a regra da soma e subtração de funções, mas nesses links você c. t'(x) = + 10x d. t'(x) = + 10x e. t'(x) = + 10x - ex 8 x5 8 x3 6 x5 Técnicas de derivação Para aprender mais a respeito das técnicas de derivação, veja mais exemplos acessando os seguintes links: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DuGtJNuMh08>. <http://wwwp.fc.unesp.br/~arbalbo/arquivos/derivadas.pdf>. (A partir da página 64) <http://www.pucrs.br/famat/silveira/calculoa/m2/3tecnicas.htm>. <https://www.youtube.com/watch?v=WZnpYljB368&index=12&list=P L918074FE0AD0458B>. <http:// l todi .est . ips .pt/anal ise1/documentos/DERIVADAS/ FolhasRegrasDeriv.pdf>. <http://www.matematiques.com.br/conteudo.php?id=553>. <http://www.uff.br/webmat/Calc1_LivroOnLine/Cap10_Calc1.html>. <https://www.youtube.com/watch?v=P4nYv6p8DQc&index=13&list= PL918074FE0AD0458B>. Cálculo de derivadas U2 76 aprendeu também sobre a regra derivada da multiplicação de funções e a regra da derivada de divisão de funções. Além disso, aprendemos algo muito importante também, que só existe derivada em um ponto dado da função se nesse ponto ela for contínua. Acabamos de associar o que aprendemos na unidade anterior com o que estamos aprendendo nessa unidade. Vamos aprofundar mais nosso conhecimento. Para entender melhor as regras, podemos ler a regra da derivada do produto como: copia a primeira função e deriva a segunda, mais copia a segunda função e copia a primeira. Aplicando essa regra, já resolvemos a derivada. Podemos também ler a regra da derivada do quociente como: copia o denominador e deriva o numerador, menos, copia o numerador deriva o denominador e o resultado, divide pelo denominador ao quadrado. Vejamos alguns exemplos. EXEMPLO: Se h(x)=(2x-3)(3x-1), então a derivada dessa função é: Para calcular a derivada dessa função, precisamos utilizar a regra do produto, pois temos o termo (2x-3) vezes o termo (3x-1), assim: Se for derivar uma função que tenha a soma ou subtração de parcelas, você deriva cada uma das parcelas separadamente, ou seja, a derivada da soma e/ou subtração de funções é a soma e/ou subtração da derivada das funções. A derivada da multiplicação de funções NÃO é a multiplicação da derivada das funções. Sempre para derivar multiplicação de funções você precisa utilizar a seguinte fórmula: Essa é a regra da derivada do produto. A derivada da divisão de duas funções, NÃO é a divisão das derivadas. Para derivar uma divisão, você sempre deve utilizar a fórmula: Essa é a regra da derivada do quociente (divisão). d dx dv dx du dx(uv) = u + v du dx dv dxv -u v2 d dx u v = Cálculo de derivadas Cálculo de derivadas U2 77 Substituindo na abscissa de valor 1, temos: g' (1)=2.1.ln(1)+1=1 Lembre-se de que quando copiamos o x² e derivamos ln(x), obtemos como resposta x² dividido por x, por isso obtivemos como resposta a variável x. EXEMPLO: Derive a função Vamos praticar a aplicação dessas
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