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Brasileiros têm de entender que estudar não é chato; chato é ser burro Notícias UOL Opinião

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01/10/2015 Brasileiros têm de entender que estudar não é chato; chato é ser burro ­ Notícias ­ UOL Opinião
http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/09/30/brasileiros­tem­de­entender­que­estudar­nao­e­chato­chato­e­ser­burro.htm 1/4
Brasileiros têm de entender que
estudar não é chato; chato é ser
burro
Pedro Bandeira
Especial para o UOL
30/09/2015 06h00
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A história da educação no Brasil é um acúmulo de omissões e até mesmo de ações
propositais que resultaram numa situação de extrema desigualdade social, com um
analfabetismo ou um analfabetismo funcional endêmicos, um vergonhoso estado
geral de ignorância e de desprezo pelo conhecimento.
Para quem analisar nossa história, fica claro que a proibição do voto aos
analfabetos sempre foi intencional, pois o governante somente tinha de prestar
satisfações a uma minoria privilegiada, da qual esse mesmo governante provinha.
Como a maioria era analfabeta, e não tinha voz nem voto, o governante só poderia
ser alijado do poder pela ínfima minoria para quem governava, e podia desprezar
solenemente as necessidades da imensa maioria dos brasileiros, aumentando
assim, ano a ano, século a século, o abismo social que nos define.
A exclusão brasileira foi criada propositalmente pela reserva do acesso à educação
somente a uma parcela dos brasileiros, porque só há uma riqueza a distribuir, e
essa riqueza é o acesso a uma educação de qualidade.
Felizmente, depois de três séculos de domínio e de espoliação colonial, mais quase
outros dois séculos de manutenção do mesmo estado de exclusão, primeiro
imperial, depois de republiquetas e/ou de ditaduras em que a reserva da educação
para poucos continuava a ser usada com fator de "proteção" da elite, o Brasil vem
tentando construir um estado democrático há cerca de trinta anos.
Pela primeira vez em nossa história, o voto foi estendido a todos os brasileiros, e o
direito à escolarização tornou-se universal, com a oferta de vagas no ensino
fundamental a todas as nossas crianças. Agora, em pleno século 21, consolidar
essa democracia afinal conquistada é um trabalho hercúleo, uma obrigação de
todos os brasileiros. Sabemos que, mais que nunca, o passaporte para um futuro
feliz e realizado é o acesso a uma educação de qualidade.
Agora, finalmente, conseguimos oferecer vagas na escola pública para cada
criança, mas essa cultura do atraso faz com que os despossuídos encarem a
frequência escolar não como um direito libertador, mas como uma obrigação.
Tantos séculos de atraso acabaram por fazer com que a maioria de nós, os
despossuídos da história, sequer tenhamos ganas de reivindicar nosso direito à
educação.
Muitas famílias enviam seus filhos à escola de má vontade, alguns somente para
cumprir as exigências das bolsas-família, e as próprias crianças festejam quando
algum professor falta à aula e elas podem ficar brincando à vontade no recreio.
Séculos de exclusão não criaram um anseio por este direito por parte dos próprios
excluídos!
A maioria dos pais dessas crianças está disposta a fazer sacrifícios para comprar
um tênis de grife para seu filho, mas protesta quando tem de gastar qualquer
quantia para comprar-lhe um livrinho sequer. Isso significa que a família brasileira
01/10/2015 Brasileiros têm de entender que estudar não é chato; chato é ser burro ­ Notícias ­ UOL Opinião
http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/09/30/brasileiros­tem­de­entender­que­estudar­nao­e­chato­chato­e­ser­burro.htm 2/4
acha mais importante investir no pé do que na cabeça do seu próprio filho...
Como reverter esse quadro? Como incutir na consciência das famílias que a
felicidade e a riqueza só podem ser conquistadas pelo conhecimento, pelo acesso à
ciência, à tecnologia? Como poderemos obrigar o brasileiro a ser feliz?
Acredito que obrigar é impossível. Enquanto tentarmos enfiar o conhecimento goela
abaixo de nossas crianças como um purgante, utilizando as punições, as
suspensões e as reprovações como instrumentos de persuasão, só teremos
fracassos pela frente.
Nossa escola tem de ser fascinante, atraente, cheirosa, utilizando como fator de
atração a literatura infantil e juvenil hoje produzida por centenas de ótimos autores,
para que os sonhos e a alegria desses livros possam fazer com que os alunos
anseiem por estar na escola, não comemorem os feriados. Não basta que
tenhamos criado vagas para todo mundo. É preciso que a porta da sala de aula seja
o pórtico da felicidade.
Os brasileiros têm de compreender que estudar não é chato; chato é ser burro!
Leia Mais
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(http://click.uol.com.br/?rf=opiniao_geramodulo-
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PEDRO BANDEIRA
73 anos, é escritor de livros infantojuvenis e pesquisador e conferencista sobre literatura,
educação e psicologia do desenvolvimento ()
01 DE OUTUBRO
29 DE SETEMBRO
28 DE SETEMBRO
06h00 Brasil é o paraíso da impunidade para
réus do colarinho branco
(http://click.uol.com.br/?
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reus-do-colarinho-branco.htm)
06h00 Em crise, saúde tem que ser mais
receptiva com setor privado
(http://click.uol.com.br/?
rf=opiniao_noticias_&u=http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/09/29/em-crise-saude-tem-que-ser-mais-
receptiva-com-setor-privado.htm)
06h00 ONU faz 70 anos aparentando ter muito mais idade
(http://click.uol.com.br/?rf=opiniao_noticias_&u=http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/09/28/onu-faz-70-anos-
aparentando-ter-muito-mais-idade.htm)

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