Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Métodos de restauração da paz social � A vida social é normalmente harmônica; � Todavia, antes, o homem vivia em estado de anarquia; � Segundo Thomas Hobbes, a convivência humana harmônica foi conquistada pela elaboração de um contrato social; � Os filósofos: uns seguem (John Locke e Jean Jacques Rousseau) outros discutem David Hume e Adam Smith) esta afirmação de Thomas Hobbes; � Cada um renuncia a uma parte de suas atividades defensivas e ofensivas, na medida em que os demais procedem de maneira semelhante; � Com isso deixa-se o estado anárquico original e aparecem os primeiros limites da liberdade; � Por fim surge a necessidade de coerção para assegurar o cumprimento dos direito e obrigações. � Influenciado por KANT e ROSSEAU, aparece a teoria de JOHN RAWLS, que sustenta que há uma situação de igualdade e liberdade para todos os homens e, sob tais condições, é possível realizar um acordo coletivo; � Na versão contratual de RAWLS não há um projeto de sociedade nem uma forma específica de governo, devendo haver um ordenamento de regras coercitivas públicas, dirigidas a pessoas racionais, com o propósito de regular sua conduta e prover o marco de trabalho para cooperação social. � Todas essas teorias demonstram que OS HOMENS LUTAM ENTRE SI; � Cada pensador ou filósofo constrói um problema ou enuncia um problema, mas a inquietude unânime refere-se ao dilema posto a princípio: COMO CHEGAR À CONVIVÊNCIA; � O fato histórico que reforma o suposto teórico é que: sem acordo de vontades a convivência é impossível. � ACORDO TÁCITO ANTERIOR: ◦ Em geral, as pessoas atendem à regulação espontânea, cumprindo as obrigações que assumem e provocam; � ACORDO FORMAL – COMPOSIÇÃO, ARBITRAGEM OU JURISDIÇÃO: ◦ Todavia, a sociedade não convive sem direito, sendo tarefa da ordem jurídica de promover e harmonizar as relações sociais, mediante normas de controle � O contrato social e mesmo a existência da norma jurídica não são suficientes para a pacificação social: cumprimento espontâneo não é verificado; � O conflito resulta da percepção da divergência de interesses, é um fator pessoal, psicológico e social, que deságua no direito; � Verificam-se, então, duas situações distintas ocorrentes nas relações sociais: ◦ Uma harmônica – regra geral, pois as pessoas em geral procuram portar-se com sensatez e bom-senso; ◦ Outra de conflito – é a exceção e ocorre quando o almejado equilíbrio social não é atingindo; � CONFLITOS LATENTES: tensões básicas ainda não desenvolvidas por completo; � CONFLITOS EMERGENTES: são disputas em que as partes reconhecem que há uma discrepância e a maioria dos problemas é evidente, mas não se estabeleceu ainda a busca de uma solução; � CONFLITOS MANIFESTOS: são aqueles em que as partes se comprometem a uma disputa dinâmica e podem ter começado a negociar ou já foi estabelecido o impasse � (Definições de Christopher Moore) � A doutrina no direito processual destaca a definição de CARNELUTTI que adotou o CONFLITO DE INTERESSES para referir-se ao posicionamento antagônico de duas ou mais pessoas em face de um mesmo bem da vida; � O simples CONFLITO DE INTERESSES não tem relevância jurídica, pois é possível que aquele que possui interesse se conforme com a sua insatisfação, podendo, ainda, tomar uma atitude qualquer para obter o bem da vida objeto do conflito, exercendo a PRETENSÃO; � Se há resistência de quem poderia satisfazer a pretensão surge outro fenômeno: ◦ Conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida, ou seja: LIDE. � São usados como sinônimos; � CONFLITO é uma concepção mais ampla, ou seja, qualquer conflito de interesses, apesar de ainda não teme sido manifestadas a pretensão e a resistência; � LITÍGIO é mais restrito, é o conflito manifesto; � O conflito é inerente à condição humana, consequentemente é uma CARACTERÍSTICA DA SOCIEDADE; � Resolvendo um conflito surgem outros que tomam a atenção; � Os conflitos não são apenas fenômenos individuais, mas também metaindividuais e sociais � “A história de toda sociedade até nossos dias é história de luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e oficial, em suma, opressores e oprimidos sempre estiveram e constante oposição; empenhados numa luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou aniquilamento das duas classes em confronto” � (Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto do partido comunista, 1847). � A sociedade moderna se apresenta com uma CULTURA DE CONFLITOS, levando a uma enorme e interminável quantidade de conflitos, como, igualmente, o hábito predominante de atribuir ao Estado a responsabilidade de proporcionar uma solução; � Mas os conflitos não são um mal em si mesmos e são considerados como aspectos inevitáveis e recorrentes da vida. Tem funções individuais e sociais importantes, proporcionando aos homens o estímulo para promover as mudanças sociais e o desenvolvimento individual. � Surgir o conflito; � Ter almejada a solução; � Vem os meios com duas alternativas, basicamente: ◦ Autocomposição; ◦ Jurisdição: meio ordinário a esse fim destinado, podendo ainda nesta fase chegar a uma composição; � Advém os “meios de solução de conflitos” que prefiro chamar de “meios de restauração de paz” � Muitos conflitos jamais encontram a solução, o que se constitui em um problema crônico da sociedade. � É a chamada LITIGIOSIDADE CONTIDA, seja, porque não é compensatório valer-se do processo judicial (custoso, moroso, caro e complicado), e porque outros meios eficazes não se apresentaram para suprir tal deficiência. � Possíveis solução para um conflito: ◦ AUTOTUTELA: uma das partes impõe o sacrifício do interesse da outra, caracterizando o uso da força, perspicácia ou esperteza, prevalecendo a violência. Nas sociedades organizadas a autotutela é proibida, com exceção apenas para situações consideradas de urgência ou de proporcionalidade entre os valores em jogo: � Dir. Penal: Legítima defesa; � Dir Civil: retenção por benfeitorias, desforço imediato, penhor legal; � Dir do Trabalho: greve, lockout, rescisão indireta, punição dos empregados ◦ AUTOCOMPOSIÇÃO: se dá quando o envolvido, em atividade de disponibilidade, consente no sacrifício de seu próprio interesse, unilateral ou bilateralmente, total ou parcialmente, podendo a autocomposição chegar a três resultados: renúncia, submissão e transação; ◦ PROCESSO ou TUTELA JURISDICIONAL: incluindo o processo arbitral ou o processo judicial � O Estado tem falhado muito em sua missão pacificadora; � O processo é excessivamente formal e caro, com diversas garantias constitucionais e exigências que atrasam a efetividade da tutela; � A sociedade e o Poder Estatal abrem os olhos para os meios alternativos de pacificação; � O que importa e interessa é PACIFICAR; � Ruptura com o formalismo processual: ◦ Desformalização; ◦ Celeridade; ◦ Delegalização; ◦ Métodos mais acessíveis; ◦ Gratuidade ou menor custo; ◦ Diminuir o fator de angústia e infelicidade pessoal; � Conciliação: é o método de solução de conflitos objetivos e circunstanciais. A meta é alcançar um acordo razoável entre as partes; � Mediação: trabalha o conflito, surgindo o acordo como mera consequência � OBSERVAÇÃO: são métodos diferentes, mas o resultado acaba sendo o mesmo � Arbitragem: meio alternativo de solução de conflito que só admite em matéria civil, na medida da disponibilidade dos interesses substanciais em conflito, regido pela Lei de Arbitragem (9.307 de 23- 09-1996) que ganhou nova forma e vigor. � “Mais vale um mau acordo do que uma boa demanda”◦ Esse refrão popular deve ser revigorado no sentido de que o acordo é sempre benéfico às partes, não apenas e simplesmente para evitar o processo, mas para prevenir situações de tensão e ruptura, em que a coexistência é um relevante elemento valorativo da Justiça conciliatória; ◦ As partes podem se compor extrajudicialmente ou nos autos (endoprocessual), a Lei impõe ao Juiz o dever de tentar conciliar as partes; a mera indagação se há acordo não constitui tentativa de conciliação, resultando frustrante para as partes. � Não é Juiz, porque não julga, nem tem o poder outorgado pela sociedade para decidir; � Não é um negociador, que toma parte na negociação, com interesse direto nos resultados; � Não é um árbitro, porquanto não elabora laudo ou prolata decisão. � Ser receptivo e acolhedor � Saber ouvir, sem interromper as partes (escuta ativa) � Ter serenidade � Ser didático e claro � Angariar respeito � Facilitar a formulação do acordo � Guardar confidencialidade e a privacidade das partes envolvidas � Apresentação prévia do conciliador é de suma importância, devendo dizer quem ele é e qual a sua função específica; � Deve enfatizar às partes os princípios norteadores de uma conciliação, bem como as vantagens da autocomposição para ambas as partes. Perguntas secas e incisivas, tais como: � “Tem acordo ou não?” Respostas vagas e imprecisas, como se não tivesse preocupado com a solução consensual do conflito, tais como: � “Não sei, não é minha função.” Qualquer conduta, frase ou gesto que implique favoritismos de quaisquer índoles. O uso de termos técnicos, como sugerindo a ocorrência de revelia e etc. �Da neutralidade e imparcialidade de intervenção do conciliador; �Da consciência relativa ao processo; �Da confidencialidade; �Do empoderamento; �Da validação; � Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: � V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; � Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. � § 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária. � § 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. � § 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. � § 4º A audiência não será realizada: � I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; � II - quando não se admitir a autocomposição. � § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. � § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. � § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei. � § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. � § 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. � § 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. � § 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. � § 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte. � Profissional de futuro: técnicas de conciliação e mediação; � Escritório de conciliação; � Mas já consta no Código de Ética e Disciplina da OAB, art. 2º, inciso VI: ◦ Estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; � Nos últimos anos, por iniciativa de centros de mediação e de profissionais independentes houve um avanço na mediação; � Os Tribunais incentivaram a conciliação judicial, mediante iniciativas nacionais e locais; � O CNJ criou uma política de institucionalização de meios adequados de solução de conflitos pela mediação e conciliação judiciais, por intermédio da Resolução 125-2010 Rede Integrada de Tratamento de Conflitos – órgãos do Poder Judiciário, Entidades Públicas e Privadas parceiras, Universidades e Instituições de Ensino. CNJ – órgão de planejamento estratégico, de auxílio, de incentivo e especialmente de uniformização do programa para sua implantação e funcionamento, fixando suas diretrizes. Comitê Gestor de Conciliação – realizará o controle da implantação do projeto, centralizando no Departamento de Pesquisas Judiciárias – DPJ os dados estatísticos das atividades dos Tribunais. Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos – órgão para implantação e gerenciamento do programa no respectivo Tribunal. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania – unidades destacadas da atual estrutura do Poder Judiciários responsáveis pela administração dos procedimentos de conciliação e mediação. Método de solução de conflitos subjetivos, onde haja vínculos pessoais ou jurídicos. Há necessidade de se investigar os elementos subjetivos que levaram ao estado de divergência. Possui como vantagens a economia de tempo, a confidencialidade, a flexibilidade do procedimento e a perspectiva de se evitar novos conflitos. a) Autonomia da vontade das partes b) Imparcialidade c) Independência d) Credibilidade e) Competência f) Confidencialidade g) Diligência h) Acolhimento das emoções dos mediados a) Modelo de Harvard – método utilizado para negociação cooperativa. Foco na solução. b) Método transformativo – transformação das pessoas no sentido de conscientização e respeito da posição do outro. c) Modelo circular-narrativo – provoca-se nas partes a análise do conflito, identificando as diferentes versões para o mesmo aspecto. a) Mediação familiar b) Mediação empresarial ou corporativa c) Mediação escolar d) Mediação comunitária e) Mediação trabalhista f) Mediação ambiental A arbitragem pode ser definida como uma forma de solução de controvérsias, onde o poder decisório é conferido a um particular, de forma individual ou colegiada, escolhido pelas partes, independente do poder estatal. Ressalta-se, por oportuno, que a decisão proferida terá o mesmo valor e eficácia que uma decisão jurídica. GRECIA Conflitos entre as cidades gregas ROMA 1ª Fase – Justiça privada 2ª Fase – Legis Actiones – Arbitramento facultativo 3ª Fase – Sistema processual formulário – Arbitramento obrigatório 4ª Fase – Cognitio extraordinária, constituindo uma forma de “heterocomposição”, mediante atuação da justiça pública. A arbitragem recebeu regulamentação do Direito canônico, sendo positivada no Codex Iuris Canonici. Existem três razões primordiais para a ampla utilização do juízo arbitral na idade média: a) reiterada prática arbitral no seio da Igreja; b) as arbitragens intermunicipais, como forma de escaparà jurisdição Sacro-Império Romano Germânico; e c) estrutura social estanque e hierarquizada. Com o desenvolvimento do Estado Moderno, houve uma centralização do Poder Jurisdicional nas mãos do Estado e uma reorganização dos sistema jurídicos com ênfase na justiça estatal. Entretanto, com a falta de agilidade e eficácia do Poder Judiciário reabre espaço para a arbitragem. No Brasil, o instituto da arbitragem esteve previsto desde a Constituição do Império de 1824 até a atual Constituição Federal de 1988. Além disso, há previsão do procedimento arbitral nos Códigos Civis de 1916 e 2002, além da moderna e atual lei de arbitragem (Lei nº 9.307/96). A arbitragem pode ser utilizada em contratos que versem sobre direitos patrimoniais disponíveis, pois é fruto da autonomia da vontade das partes. Ex.: direito de vizinhança, os seguros privados, a propriedade intelectual, os contratos em geral, o direito locatício, o direito de posse, marcas e patentes, direitos condominiais, direitos do consumidor, etc. A arbitragem pode ser utilizada em relação às partes transacionáveis de direitos indisponíveis, propiciando aos litigantes uma solução mais rápida e eficaz diante da morosidade do Poder Judiciário. Ex.: direito ambiental e direito do trabalho. Destacam-se quatro teorias que tentam explicar tal fenômeno. São elas: a teoria privatista ou contratual, a teoria jurisdicionalista ou publicista, a teoria intermediária ou contratual-publicista (mista), e, por fim, a teoria autônoma. CARACTERÍSTICAS - São elas: a celeridade, julgamento em única instância, confidencialidade, informalidade, julgamento com maior conhecimento da matéria e economia. PRINCÍPIOS DA ARBITRAGEM - São eles: a autonomia da vontade, o devido processo legal, imparcialidade do árbitro, livre convencimento do árbitro e o Kompetenz-kompetenz. ESPÉCIES - A arbitragem pode se desenvolver através de duas espécies distintas: arbitragem institucional e a arbitragem avulsa ou ad hoc. � A decisão do Juiz Arbitral tem a mesma eficácia da sentença Judicial. � Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: � VII - a sentença arbitral; � Os árbitros são cidadãos capazes, de reputação ilibada, preparados e treinados especialmente para exercer esta função, (advogados, economistas, administradores, engenheiros, arquitetos, corretores, empresários, contadores, etc.) ; � O artigo 18 da Lei 9307/96, prevê que “o Árbitro é Juiz de fato e de direito, sua Sentença não fica sujeita a recurso na Justiça Comum”. � Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. � § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. � § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. � § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. � Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. � § 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. � § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. � § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. � Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. � § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. � § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. � § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. � § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. � Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. � § 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal. � § 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. � § 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. � § 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. � § 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. � § 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo. � Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. � § 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal. � § 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação. � § 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. � Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetrosestabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça. � § 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal. � § 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento. � Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição. � Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador. � Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribuições. � Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. � Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que: � I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º; � II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. � § 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo. � § 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo. � Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: � I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; � II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; � III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. � Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. � Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação.
Compartilhar