Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO JUIZ SUPERVISOR DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU – PARANÁ DORIVAL MENDES JUNIOR, brasileiro, casado, dentista, portador da Carteira de Identidade RG nº XXXXXX SSP/PR e inscrito no CPF/MF sob nº XXXXXXX, residente e domiciliado na Rua Sertãozinho, 2540, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu – PR, por intermédio de seu procurador, ao final subscrito, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, conforme razões adiante expostas, ajuizar: RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM PERDAS E DANOS Em face de TRT MADEIRAS – MADEIRAS BRUTAS E BENEFICIADAS, pessoa jurídica de direito privado, representada por ALEX TAVARES, com sede na Rua Emiliano Fonseca, 22, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu/PR. I – DOS FATOS: 1. Em data de 08 de outubro de 2009, o Autor formalizou junto à Ré, por intermédio de um pré-contrato celebrado por um escrito particular e um recibo (cópias anexas), a edificação de um pergolado em sua residência, mediante o pedido de entrega de 12 (doze) peças de madeira itaúba, 15X15, no valor correspondente à importância de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), ocasião em que a Ré comprometeu-se à realização do serviço no prazo de 30 (trinta) dias. 2. No mesmo ato, foi efetuado o pagamento da quantia de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), a título de sinal, por meio do cheque nº XXXX, do Banco Bradesco S/A, devidamente descontado em data de 09 de novembro de 2009 (docs. anexos), sendo que o valor restante haveria de ser pago apenas após a efetivação do serviço. 3. Ocorre, porém, que até o presente momento, não houve o cumprimento pela parte Ré do contratado, nada obstante o Autor tenha cumprido com o seu dever, qual seja, o de efetuar o pagamento inicial do negócio pactuado. 4. Destaque-se, também, que o Autor procurou a resolução do incidente de forma amigável, buscando junto ao representante legal da Ré a devolução da importância paga, o qual chegou a se comprometer verbalmente a efetuar o depósito da quantia, porém, novamente, não cumpriu com o acordado. 5. Ato contínuo, o Autor não mais conseguiu manter contato com a Ré, já que esta, por intermédio do seu representante legal, esquiva- se de qualquer forma de composição. 6. Assim, não resta outra alternativa ao Autor senão o ajuizamento do presente para desfazimento do negócio jurídico e ressarcimento do prejuízo sofrido. II – DO DIREITO: 1. Inicialmente, há que destacar quanto à existência da evidente relação de consumo entre as partes, já que Autor e Réu relacionam- se nas conceituações de consumidor e fornecedor, devidamente enunciadas nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor: “Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.” 2. Ademais, o direito do Autor encontra-se consubstanciado no artigo 48 da Lei nº 8.078/90: “Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.” 3. Logo, o simples pedido de entrega do pergolado, juntamente com o recibo firmado pelo representante legal da Ré, são suficientes para configurar a relação contratual entre as partes, já que a Ré vinculou-se ao que foi pactuado com o Autor, posto ter se disposto à edificação de um pergolado na residência do mesmo. 4. Desta forma, segundo a legislação consumerista, não é indispensável à existência de um contrato escrito para que se tenha a assunção da responsabilidade, isto porque o fornecedor responde por seus deveres desde a fase negocial até após a conclusão da negociação. 5. No entanto, o que se verifica é a inexecução do contrato pela parte Ré, na medida em que, mesmo após o pagamento inicial do avençado, não houve o cumprimento do pactuado, ou seja, a edificação do pergolado na residência do Autor. 6. Sendo assim, apenas o Autor cumpriu com os seus deveres contratuais, permanecendo a Ré absolutamente inerte em relação às suas obrigações. 7. Neste contexto, há que se rescindir o contrato havido entre as partes, dado o inadimplemento da obrigação pela parte Ré. 8. Contudo, uma vez rescindido o contrato, verifica- se que o Autor efetuou o pagamento inicial da importância de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), cujo valor atualizado perfaz a quantia de R$ 1.580,81 (um mil, quinhentos e oitenta reais e oitenta e um centavos), conforme demonstrativo do cálculo em anexo, e que deve ser ressarcido ao mesmo, sob pena de se configurar o enriquecimento ilícito da Ré. 9. Portanto, necessário o retorno do status quo ante, ou seja, a restauração do patrimônio do Autor ao estado em que se encontrava. III – DO DANO MORAL: 1. A expressão dano moral tecnicamente qualifica o prejuízo extrapatrimonial, possuindo um sentido mais amplo e genérico, pois representa a lesão aos valores morais e bens não patrimoniais, reconhecidos pela sociedade, tutelados pelo Estado e protegidos pelo ordenamento jurídico. 2. Segundo o que ensina Aguiar Dias: "O dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão abstratamente considerada." 3. Maria Cristina da Silva Carmignani (Revista do Advogado nº 49, editada pela Associação dos Advogados de São Paulo), ensina que: "(...) a concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a responsabilidade de indenização do agente opera-se por força do simples fato das violação(danun in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a necessidade da reparação, não havendo que se cogitar de prova do dano moral, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de causalidade e culpa)". 4. Já o artigo 5º, inciso V, da Constituição Federal garante a indenização por dano moral, senão vejamos: “Art. 5º. ... V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.” 5. Aludido tema é ainda referendado pelo artigo 186 do Código Civil que, ao conceituar ato ilícito, prevê que todo aquele que causar dano patrimonial ou moral a outrem fica obrigado a repará-lo: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” 6. No mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo 6°, incisos VI e VII, prescreve como direitos básicos do consumidor, em matéria de dano e sua reparação: “VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados". 7. Sendo assim, todo o evento ocorrido envolvendo a espera pelo serviço contratadocom a Ré e as frustradas tentativas em resolver a desgastante situação, afetaram sobremaneira o Autor que se sentiu ludibriado, sempre à espera que o conflito logo se resolvesse com a efetiva realização do serviço, mesmo porque o que se pretendia era a utilização do pergolado já para o início do verão, o que não aconteceu. 8. Ademais, há que se destacar sobre a evidente falta de lisura da Ré que, além de não prestar o serviço ao qual se comprometeu, apoderou-se do valor inicialmente pago pelo Autor. 9. Então, é certo que a expectativa criada na edificação do pergolado contratado, aliada a não devolução do que foi pago a título de sinal, causaram profundo sentimento de revolta e impotência no Autor, que foi enganado de forma vil pela Ré. 10. Aliás, imperioso registrar que a Ré abusou da boa-fé do Autor, posto haver se comprometido a devolver-lhe a importância paga, fazendo-o acreditar que o conflito fosse resolvido amigavelmente, porém não o fez, demonstrando o seu total desprezo pelo direito do Autor em reaver o que pagou, zombando de forma infame com o mesmo. 11. Acrescente-se mais, o fato de que o dever de indenizar surge também sob o enfoque de outra análise, levando-se em conta que a situação em baila trata da quebra de um contrato de consumo firmado entre as partes. 12. No que tange à proteção e defesa do consumidor, a reparação dos danos se baliza na responsabilização do ofensor com vistas à satisfação pessoal ou econômica do consumidor, consistindo como objetivo maior o de servir de desestímulo a práticas lesivas nas relações de consumo, a exemplo da que ocorreu in casu. 13. Com efeito, na questão em foco, houve quebra contratual da relação de consumo por parte da Ré, por negligência na prestação do serviço contratado, resultando no inadimplemento total da obrigação. 14. Por tais motivos, deverá o Autor ser indenizado pelos danos morais que lhe foram ocasionados pela Ré, no valor correspondente a R$ 4.000,00 (quatro mil reais) ou, em caso de entendimento diverso de Vossa Excelência, que seja arbitrado o valor da indenização, em importância compatível com o dano sofrido pelo Autor. IV – DO PEDIDO: Ante o exposto, requer a Vossa Excelência seja julgado procedente o pedido para o fim de: 1. Rescindir o contrato existente entre as partes, condenando-se a Ré ao pagamento da importância de R$1.580,81 (um mil, quinhentos e oitenta reais e oitenta e um centavos), acrescidas das atualizações necessárias, referente à quantia inicial paga pelo Autor para o cumprimento da obrigação. 2. Condenar a Ré a indenizar o Autor, a título de danos morais, na importância de R$ 4.000 (quatro mil reais) ou, em caso de entendimento diverso, que seja arbitrado o valor da indenização em montante compatível com o dano moral sofrido. V – DO REQUERIMENTO FINAL: Requer-se ainda a citação da Ré para, querendo, no prazo legal, oferecer defesa aos termos do presente. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, pela juntada de documentos, depoimento pessoal do Representante Legal da Ré, sob pena de confissão e inquirição das testemunhas ao final arroladas. Dá-se à causa o valor de R$ 5.580,81 (cinco mil, quinhentos e oitenta reais e oitenta e um centavos). Nestes termos Pede deferimento Foz do Iguaçu, 26 de fevereiro de 2010. ____________________________ Advogado – OAB/PR ROL DE TESTEMUNHAS: MARGARETE PENTEADO, residente e domiciliada na Rua Miranda, 703, Jardim Social, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu – PR. JUSSARA BRÁS DO NASCIMENTO, residente e domiciliada na Rua das Amoreiras, 419, Jardim Bela Vista, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu – PR.
Compartilhar