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Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE MEDICINA MONITORIA DA DISCIPLINA MEDICINA DE URGÊNCIA: TRAUMA CLÍNICO E CIRÚRGICO ROTEIRO DE ATIVIDADE PRÁTICA ACESSO VENOSO CENTRAL Introdução: A técnica para a obtenção de um acesso venoso central é essencial no tratamento de muitos pacientes hospitalizados. Tráta-se de procedimento que pode ser executado por qualquer médico independente de sua especialidade. Diferentemente dos acessos venosos periféricos, são procedimentos que exigem maior perícia (treinamento) por serem de maior complexidade e potencialmente gerarem complicações mais graves. As punções mais comumente realizadas: Jugular interna, Subclávia e Femoral. As dissecções são factíveis, entretanto são procedimentos do âmbito da cirurgia vascular e não serão aqui exploradas. Indicações: Impossibilidade de punção de veias periféricas; Monitorização hemodinâmica; Introdução de cateter de marcapasso cardíaco ou Swan Ganz; Administração de soluções hipertônicas ou irritantes (Nutrição Parenteral Total - NPT); Suporte para infusão rápida de fluidos durante ressuscitação; Hemodiálise. Contra-indicações: Coagulopatias (Relativa – avaliar risco-benefício do procedimento e outras possibilidades para o acesso); Evitar puncionar em locais com infecção ou Lesões de pele; Presença de Trombose reconhecida no trajeto do vaso limita o procedimento neste local. Não devem ser tidas como primeira escolha nos politraumatizados pelos riscos de dano adicional a estes. Vantagens Maior vida útil que os cateteres periféricos; Possibilidade de monitorização hemodinâmica invasiva; Possibilidade de administração de solução de alta osmolaridade (NPT); Possibilidade de administração de drogas em lumens distintos. Desvantagens Envolvem potencialmente maiores riscos inerentes à introdução da agulha às cegas; Complicações em decorrência da permanência do cateter potencialmente mais graves (trombose/septicemia). Complicações: Punção arterial; Pneumotórax; Hemotórax; Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 2 Infecção; Embolia gasosa; Edema pulmonar de reexpansão; Arritmias cardíacas. Tipos de cateteres: A escolha deve ser baseada na indicação de acesso, avaliando as medidas e velocidades de infusão possíveis com cada tipo. Em relação à técnica de introdução, encontram-se dois tipos de cateteres: 1. Cateter introduzido através de agulha(Intracath): Após punção, o cateter é passado por dentro da agulha, que em seguida é retirada ficando fora do paciente, entretanto a agulha fica permanentemente junto ao cateter. Visando evitar guilhotinamento do cateter pela agulha procede-se adaptação de protetor que mantem alinhamento entre ambos. Obs.: Catéter de menor custo, entretanto agulhas mais calibrosas com potencialmente maior dano (laceração) no caso de acidentes. 2. Cateter através da técnica de Seldinger: Após punção, o fio-guia metálico flexível é introduzido através da agulha, esta é retirada em seguida, procede-se dilatação do trajeto com o dilatador, retira-se o dilatador e introduz-se o cateter sobre o fio-guia, por fim o fio-guia é então retirado. Obs.: Catéter de maior custo, entretanto agulhas mais delicadas com potencialmente menor dano (laceração) no caso de acidentes. Assepsia: Como em todos os procedimentos, devemos fazer a limpeza e antissepsia das mãos e após, paramentação completa (gorro, óculos de proteção, avental de manga longa estéril, máscara e luvas estéreis). Fazer a antissepsia ampla do local da punção, utilize em seguida campos amplos estéreis fenestrados. Essas medidas básicas reduzem os riscos de infecção da corrente sanguínea que estão entre as infecções hospitalares mais comuns e na maioria das vezes associadas à presença de um dispositivo intravascular. Locais de Punção: É importante a avaliação do local de punção de acordo com as características dos pacientes e com a experiência do profissional que realizará a punção. Pode ser em três vias de acesso venoso profundo: v. jugular interna, v. subclávia e v. femoral. Quando disponível, o procedimento deve ser realizado com auxílio de Ultrassonografia para a visualização direta do vaso puncionado, reduzindo as potenciais complicações do procedimento. Uma alternativa é a realização da punção guiada pelo emprego do intensificador de imagem, que permite o correto posicionamento da extremidade do cateter na “desembocadura” da cava, no átrio direito. 1. Veia Jugular Interna: Emerge da base do crânio e corre lateralmente a artéria carótida, isso é importante para evitarmos essa artéria no momento da punção. A jugular corre em posição medial ao músculo esternocleidomastóideo na sua parte superior e em seguida posterior ao Figura 1 - Anatomia V. Jugular int. e V. Subclávia Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 3 triângulo formado por esse músculo, juntando-se a v. subclávia bem acima da terminação medial da clavícula. Posicione-se na cabeceira do leito, coloque o paciente na posição dorsal, com a cabeça virada para o lado contralateral à punção. Realize o procedimento padrão de anti-sepsia, coloque o campo estéril fenestrado. Localize através da palpação o triângulo formado pelas cabeças esternal e clavicular do músculo esternocleidomastoideo. O ponto de punção é no ápice desse triângulo. Faça a anestesia nesse local. Conecte a agulha de punção a uma seringa contendo +/- 2ml de soro fisiológico, palpe o pulso carotídeo, introduza a agulha no ápice em direção ao mamilo ipsilateral, em ângulo de 45º a 60º, aspirando a seringa até observar o refluxo de sangue. Localizada a veia, proceda uma das técnicas de introdução do cateter. 2. Veia Subclávia: A v. subclávia começa como uma continuação da v. axilar, na borda lateral da primeira costela e cruza sobre a costela. A veia continua atrás do terço medial da clavícula e mais adiante une-se a v. jugular interna para formar a v. braquiocefálica. Posicione-se na lateral do paciente, coloque o paciente na posição dorsal, vire a cabeça para o lado contralateral a punção. Realize o procedimento padrão de anti-sepsia. Localize o ponto de punção na junção do terço médio com o terço medial da clavícula, palpe a fúrcula esternal. Coloque o campo estéril fenestrado. Anestesie o local. Segure a agulha e a seringa paralelos ao plano frontal, posicione o bisel da agulha em posição caudal para que no momento da introdução do cateter e do fio-guia por dentro da mesma isso ocorra em direção a v. braquiocefálica. Introduza a agulha medialmente e em direção a fúrcula esternal por baixo da clavícula, aspirando a agulha até ocorrer o refluxo de sangue. Localizada a veia, proceda uma das técnicas de introdução do cateter. 3. Veia Femoral: A v. femoral se encontra medialmente a artéria femoral e a punção deve ser feita abaixo do ligamento inguinal. Se traçarmos uma linha imaginária entra a espinha ilíaca anterior superior e a sínfise púbica, a artéria femoral corre diretamente através do ponto médio, medialmente a esse ponto está a veia. Se o procedimento é eletivo, realize a tricotomia do local da punção, faça o procedimento padrão de anti-sepsia, coloque campo estéril. Palpe a artéria femoral e localize o ligamento inguinal. No ponto situado a 1cm do pulso femoral e a 3cm abaixo do ligamento inguinal faz-se a anestesia local. Introduza a agulha em direção cranial,em ângulo de 45º no plano frontal, aspirando a agulha até ocorrer o refluxo de sangue. Localizada a veia, proceda uma das técnicas de introdução do cateter. Primeira etapa da aula (Reconhecimento dos tipos de catéteres) Apresentação dos dispositivos empregados na obtenção do acesso venoso central com preferência aos que fazem parte da rotina local (Intracath/cateter com fio guia). Segunda etapa da aula (Reconhecimento dos locais/sítios de punção) Figura 2 - Acesso Central V. Jugular Interna Figura 3 - Acesso Central V. Subclávia Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 4 1. Um aluno (paciente) deita-se na maca sem camisa; 2. Outro aluno (assistente) analisa a anatomia de superfície da região cervical e tórax identificando-se os sítios de inserção da agulha nos diferentes tipos de punção. Terceira etapa da aula (Execução da punção): Modelo de simulação “tipo manequim”: 1. Aqui o objetivo é identificar os sítios de punção baseando-se na anatomia de superfície, além de efetuar a punção propriamente dita. O procedimento é executado tal qual em ser humano seguindo o “passo a passo” adiante, conforme o catéter empregado (Intracath ou cateter com fio guia). Modelo de simulação “tipo reservatório”: 1. Aqui o objetivo é executar a técnica de Seldinger passo a passo conforme descrita abaixo. Intracath (Passo a passo) 1. Monitoração do paciente; 2. Trendelenburg; 3. Análise da anatomia de superfície; 4. Selecionar um local apropriado para a punção; 5. Limpar o local escolhido com solução antisséptica; 6. Aposição de campo “estéril”; 7. Puncionar a veia mantendo pressão negativa sobre o êmbolo, ao ser atingida a luz da veia identifica-se a presença de “sangue” na seringa; 8. A seringa é desconectada e a abertura da agulha é ocluída com o dedo evitando-se embolia gasosa; 9. Introduz-se o cateter através da agulha de forma suave e sem resistência até obter posicionamento adequado do catéter; 10. Retíra-se a agulha da pele do paciente (note que não pode ser removida e fica permanentemente sobre o catéter); 11. Retíra-se o mandril do cateter; 12. Coleta de amostras de sangue; 13. Conectar o cateter ao equipo de infusão; 14. Efetuar o teste do refluxo; 15. Adapta-se dispositivo de proteção que alinha o cateter à agulha e evita guilhotinamento do cateter pelo bisel da agulha; 16. .Com o auxílio do mandril estime a posição da ponta do cateter que deve ficar na junção da v. cava superior, aproximadamente segundo espaço intercostal (equivale ao manúbrio do externo). 17. Fixação do cateter à pele; 18. Curativo. Obs.: Jamais tracionar o cateter mantendo-se fixa a agulha, isto poderá provocar guilhotinamento do cateter e embolia por fragamento do mesmo; É obrigatória a ausculta pulmonar e a realização de radiografia do tórax para a verificação da posição adequada do cateter e excluir possíveis complicações mecânicas. Seldinger (Passo a passo): Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 5 1. Monitoração do paciente; 2. Trendelenburg; 3. Análise da anatomia de superfície; 4. Selecionar um local apropriado para a punção; 5. Limpar o local escolhido com solução antisséptica; 6. Aposição de campo “estéril”; 7. Puncionar a veia mantendo pressão negativa sobre o êmbolo, ao ser atingida a luz da veia identifica-se a presença de “sangue” na seringa; 8. A seringa é desconectada e a abertura da agulha é ocluída com o dedo evitando-se embolia gasosa; 9. Introduz-se o fio-guia através da agulha de forma suave e sem resistência até obter posicionamento adequado (distância até o manúbrio do esterno); 10. Retíra-se a agulha mantendo-se o fio-guia; 11. Procede-se pequenina incisão ampliando o orifício da punção (só assim o dilatador será capaz de vencer a abertura na pele); 12. Introduz-se o dilatador através do fio-guia dilatando-se o trajeto do orifício da punção até a luz do “veia puncionada” (só assim o cateter poderá ser introduzido uma vez que há menor calibre da agulha em relação ao cateter, isto não ocorre no Intracath); 13. Retíra-se o dilatador, mantendo-se o fio-guia; 14. Introduz-se o cateter até o comprimento desejado (distância até o manúbrio do esterno); 15. Retíra-se o fio guia; 16. Coleta de amostras de sangue; 17. Conectar o cateter ao equipo de infusão; 18. Procede-se o teste do refluxo; 19. Fixação do cateter à pele usando fio e dispositivo para ancoramento; 20. Curativo. Obs.: É de extrema importância que a extremidade externa do fio-guia esteja durante o tempo todo em sua mão, impedindo que o mesmo seja perdido dentro da circulação do paciente. É obrigatória a ausculta pulmonar e a realização de radiografia do tórax para a verificação da posição adequada do cateter e excluir possíveis complicações mecânicas. Materiais usados nesta aula em laboratório (Acesso Venosso Central): : 1. Gorro; 2. Óculos de proteção; 3. Máscara; 4. Avental de manga longa; 5. Luvas; 6. Campo; 7. Gaze; 8. Pinça Kelly; 9. Degermantes (PVP-I ou clorexidina 10. Ringer Lactato; 11. Anti-séptico tópico; 12. Anestésico lidocaína a 2%; 13. Intracath ou Kit de cateter duplo lúmen (contendo agulha de punção, fio-guia flexível ponta em J, dilatador e bisturi de ponta fina); 14. Porta-agulha; 15. Mononylon 3-0 agulhado; 16. Tesoura; 17. Fita adesiva (Esparadrapo / Micropore); 18. Modelos de simulação. Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 6 Dda. Thalita Rafaella Orientador: Dr. José Luiz Referência: Guia de Medicina de Urgência, Higa EMS, Atallah NA, UNIFESP-EPM, 2ª Edição. Figura 6: Introdução de Agulha de Cateterização Figura 7: Passagem do Fio Guia Figura 8: Fio Guia Figura 9: Passagem do Dilatador Figura 10: Passagem do Cateter e depois retirada do Fio Guia Figura 11: Fixação do Cateter Figura 4: Assepsia Figura 5: Campo Estéril Acesso Venoso Central Monitoria da disciplina Medicina de Urgência: Trauma Clínico e Cirúrgico - UFRN Página 7 Cirurgia Ambulatorial, Guanabara Koogan, Franklin Pinto Fonseca e Paulo Roberto Savassi Rocha, 3ª edição; Tubos, Sondas e Drenos, Guanabara Koogan, Frederico Filgueira Pohl e Andy Petroianu; ATLS - Manual do Curso de Alunos, Colégio Americano de Cirurgiões- Comitê de Trauma 8ª edição.
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