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1 1. CONCEITOS BÁSICOS a - Fluido: é qualquer substância não sólida capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que a contém. Os fluidos podem ser divididos em líquidos e gases, e uma forma prática para distingui-los é quando colocados em num recipiente, os líquidos tomam a forma deste, apresentando porém, uma superfície livre enquanto os gases preenchem totalmente o recipiente, sem apresentar nenhuma superfície livre. Figura 1. Ilustração do comportamento de líquidos e gases. b– Fluido Ideal: Fluido ideal é aquele no qual a viscosidade é nula, isto é, entre suas moléculas não se verificam forças tangenciais de atrito. d – Líquido Perfeito: Na hidráulica considera-se de uma forma geral os líquidos como sendo um Líquido Perfeito, isto é, um fluido ideal, incompressível, perfeitamente móvel, contínuo e de propriedades homogêneas. e – Hidráulica: O termo hidráulica se refere ao estudo dos líquidos.Como no princípio o líquido mais estudado era a água atribui-se o prefixo “hidro”. A hidráulica pode ser subdividida em hidrostática que estuda os líquidos em repouso e hidrodinâmica que estuda os líquidos em movimento. f - Mecânica dos Fluidos: parte da física que estuda problemas relativos a líquidos e gases, quer em repouso ou em movimento. 1.1.Unidades Empregadas No Brasil adota-se oficialmente, desde 1962, o Sistema Internacional de Unidades (SI) que foi adotado e recomendado pela Conferência Geral de Pesos e Medida (CGPM), contudo, na literatura especializada em engenharia é o emprego de unidades de outros sistemas de unidades, como os sistemas CGS, o sistema Técnico (MKS). O SI é composto de sete unidades de base, também chamada de unidades fundamentais, que são aquelas que representam as grandezas físicas independentes. Além das unidades de Superfície Livre Líquido Gás 2 base existem as unidades derivadas, que são formadas pela combinação de duas ou mais unidades de base. Existem ainda unidades cuja definição é puramente matemática, sendo chamadas unidades suplementares. Na tabelas 1.1 e 1.2 estão relacionadas as principais unidades do SI com os símbolos adotados. Os símbolos obtidos para as unidades derivadas são obtidos por meio de sinais matemáticos de multiplicação e divisão e o uso de expoentes. Existem algumas unidades amplamente empregadas que tem o uso permitido pelo Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM). Na tabela 1.3 são apresentadas as unidades especiais que vem sendo utilizada com muita freqüência nos problemas de hidráulica. As principais unidades dos sistema MKS e CGS constam na tabela 1.4. Tabela 1.1. Unidades e Símbolos do Sistema Internacional de Unidades Grandeza Unidade Símbolo Unidades de base comprimento metro m massa quilograma kg tempo segundo s intensidade de corrente elétrica ampére A temperatura termodinâmica kelvin K quantidade de matéria mol mol intensidade luminosa candela cd Unidades Derivadas área metro quadrado m² volume metro cúbico m³ velocidade metro por segundo m/s aceleração metro por segundo quadrado m/s² densidade quilograma por metro cúbico kg/m³ viscosidade cinemática metro quadrado por segundo m²/s 3 Tabela 1.2. Unidades suplementares e unidades derivadas com nomes especiais do SI. Grandeza unidade Símbolo Expressão Unidades Suplementares ângulo plano radiano rad m/m = 1 ângulo sólido esteradioano sr m²/m²=1 Unidades derivadas com nomes especiais freqüência hertz Hz s -1 força newton N kg.m/s² pressão, tensão pascal Pa N/m² energia, trabalho joule J N/m² viscosidade dinâmica poise Po kg.m -1 .s potencia, fluxo radiante watt W J/s quantidade de eletricidade coulomb C A.s potencial elétrico volt V W/A resistência elétrica ohm V/A fluxo luminoso lumem lm cd sr iluminância lux lx lm/m² Tabela 1.3. Unidades especiais Grandeza Unidade Símbolo Conversão para o SI Tempo minuto min 1 min = 60 s hora h 1 h = 60 min = 3600 s dia d 1 d = 24 h = 86400 s ângulo grau o 1 o = (/180)rad minuto „ 1‟ = 1/60o = (/10800)rad segundo “ 1” = 1/60‟ = (/648000)rad volume litro 1 l ou L 1 L = 0,001 m³ massa tonelada 2 t 1 t = 1000 kg 1 O símbolo alternativo L foi adotado para evitar a confusão com a letra “l” e o número “1‟. 2 Em alguns paises da língua inglesa também é chamada de tonelada métrica 4 Tabela 1.4. Principais unidades do sistema MKS e CGS. Grandeza Sistema MKS Sistema CGS unidade símbolo unidade símbolo Comprimento metro m centímetro m Massa unidade técnica de massa UTM * grama g Tempo segundo s segundo s Superfície metro quadrado m² centímetro quadrado cm² Volume metro cúbico m³ centímetro cúbico cm³ Força quilograma-força kgf dina dyn Velocidade metro por segundo m/s centímetro por segundo cm/s Viscosidade quilograma-força por segundo por metro quadrado kgf.s -1 .m -2 poise Pressão quilograma-força por metro quadrado kgf/m² bária b Vazão metro cúbico por segundo m³/s centímetro cúbico por segundo cm³/s 1 UTM = 9,80665 kgf m -1 s² Em função da magnitude da grandeza é comum a utilização de múltiplos e submúltiplos de unidades, por exemplo: 34,2 hm³ ao invés de 34200000 m³, e 12 mm ao invés de 0,012 m. Na tabela 1.5 encontram-se os prefixos com os respectivos símbolos utilizados no SI de unidades. Na escrita dos símbolos e unidades deve-se observar os princípios gerais constantes na resolução n.7 da CGPM, dentre os quais se destacam: As unidades derivadas de nomes próprios devem ser escritas com a primeira letra em maiúsculo, enquanto que as outras devem ser apresentadas em minúsculo, exceção feita para o litro, que pode ser escrito em minúsculo ou maiúsculo (l ou L). Exemplo: newton, N; pascal, Pa, metro, m. O símbolo da unidade não deve ser seguido por um ponto e o seu plural não é seguido de "s" . Exemplo: 5 m e não 5 m. ou 5 ms. 5 Tabela 1.5. Prefixos utilizados no SI de unidades. Prefixo Símbolo múltiplos e submúltiplos Fator Yotta Y 1 000 000 000 000 000 000 000 000 10 24 Zetta Z 1 000 000 000 000 000 000 000 10 21 Exa E 1 000 000 000 000 000 000 10 18 Peta P 1 000 000 000 000 000 10 15 Tera T 1 000 000 000 000 10 12 Giga G 1 000 000 000 10 9 Mega M 1 000 000 10 6 Quilo k 1 000 10 3 Hecto h 100 10 2 Deca da 10 10 1 Deci d 0,1 10 -1 Centi c 0,01 10 -2 Mili m 0,001 10 -3 Micro 0,000 001 10 -6 Nano 0,000 000 001 10 -9 Pico p 0,000 000 000 001 10 -12 Femto f 0,000 000 000 000 001 10 -15 Atto a 0,000 000 000 000 000 001 10 -18 Zepto z 0,000 000 000 000 000 000 001 10 -21 Yocto y 0,000 000 000 000 000 000 000 001 10 -24 Na unidade da temperatura termodinâmica são omitidos a palavra "grau" e seu símbolo "°”, que por sua vez são mantidos para designar a temperatura em graus Celsius. Exemplo: 25 Kelvin ou 25 K e não 25 graus Kelvin ou 25 °K. 25 graus Celsius ou 25 o C. Os prefixos com grandezas iguais ou maiores que 106 tem seus símbolos escritos em maiúsculo, e os demais são escritos em minúsculo. Exemplo: giga (G); mega (M); hecto (h); quilo(k). Um prefixo nunca deve ser usado sozinho. Exemplo 10 6 J/m² e não MJ/m 2 . 6 Entre o prefixo e a unidade não deve ser colocado espaço. Exemplo 2 hm e não 2 h m. Não deve-se usar prefixos compostos. Exemplo 1 fm e não µm. Osímbolo do prefixo ligado ao símbolo da unidade constitui-se em um novo e inseparável símbolo, de modo que pode ser elevado a potências positivas ou negativas e ser combinado com outros símbolos de unidades para formar símbolos de unidades compostas, assim um expoente se aplica à unidade como um todo, incluindo o seu prefixo . Exemplo : 1 hm 3 = (100 m) 3 = 10 6 m 3 . 1 cm³ = (10 -2 m)³ = 10 -6 m³ Ao escrever um múltiplo ou submúltiplo de uma unidade por completo, o prefixo deve ser também escrito por completo, começando com letra minúscula. Exemplo: megajoule, e não Megajoule ou Mjoule. O quilograma é a única unidade de fundamental que por razões históricas, contém um prefixo. Seus múltiplos e submúltiplos são formados adicionando-se os prefixos à palavra "grama". Exemplo: 10 -6 kg = 1 mg = 1 miligrama e não 1 microquilograma ou 1µkg. A representação da multiplicação dos símbolos das unidades deve ser indicada inserindo-se um ponto "elevado", ou deixando-se um espaço entre os símbolos das unidades. Exemplo: ou N m. A representação da divisão pode ser indicada tanto pelo uso de uma barra inclinada, de uma barra de fração horizontal ou por um expoente negativo. Exemplo: m/s, ou s m , ou m s -1 . Quando mais de uma unidade aparecem no denominador não é permitido o uso repetido da barra inclinada, neste caso deve-se utilizar parêntesis ou expoentes negativos. Exemplo: cal/(cm² dia) ou cal cm -2 dia -1 e não cal/cm²/dia. Na escrita por extenso os nomes das unidades não devem ser misturados com os símbolos das operações matemáticas. Exemplo: newton por metro quadrado e não newton/metro quadrado ou newton metro -2 . Na escrita por extenso do produto de duas unidades, recomenda-se o uso de espaço entre elas ou o emprego de hífen mas nunca o uso do ponto. Exemplo: newton metro ou newton-metro, mas não newton.metro. 7 Ao escrever números com mais de quatro dígitos pode-se separar cada grupo de três dígitos por um espaço, porém não pode-se utilizar pontos ou vírgulas nas separações, para evitar confusões com as marcações de decimais. Exemplo 0,000 000 058 e não 0,000.000.058 1 258 435 000 e não 1.258.435.000. Entre o valor numérico e o símbolo da unidade deve ser colocado um espaço. Exemplo: 100 mm e não 100mm ou 100-mm. As frações decimais devem iniciar com o zero antes do marcador de fração. Exemplo: 0,25 kg e não ,25 kg ou .25 kg. Muitos livros e manuais foram traduzidos trazendo consigo unidades inglesas ou americanas, assim deve-se saber converter as unidades nos diversos sistemas. Nas tabelas 1.6 a 1.17 são apresentadas tabelas para conversões de diferentes unidades. 8 Tabela 1.6. Comprimentos equivalentes. unidade Símbolo fator de conversão m cm mm ft in metro m 1 100 1000 3,2808 39,370 centímetro cm 0,01 1 10 0,0328 0,3937 milímetro mm 0,001 0,1 1 0,00328 0,03937 pé ft 0,3048 30,48 304,8 1 12 polegada in 0,0254 2,54 25,4 0,0833 1 Tabela 1.7. Outras unidades de comprimento. Unidade Símbolo unidades equivalentes angströn Å 10 -10 m 0,1 nm 0,0000001mm quilômetro km 1000 m 0,6213712 mi 3280,84 ft milha terrestre mi 1609,344 m 5280 ft 63360 in milha náutica mi nautica 1852 m 1,15077 mi 6076,11 ft milésimo de polegada mils 0,00000254 m 25,4 m 0,001 in jarda yd 0,9144 m 3 ft 36 in vara rod 5,02921 m 16,5 ft 198 in cadeia chain 20,1168 m 66 ft 792 in Tabela 1.8. Unidades de área equivalentes. Fator de conversão Área Símbolo km² m² ha acre milha² quilometro quadrado km² 1 1 000 000 100 247,104 0,3861 metro quadrado m² 0,000 001 1 0,0001 0,000247 3,861 10 -7 hectare ha 0,01 10 000 1 2,47104 0,003861 Acre acre 0,0040469 4046,87 0,404687 1 0,00156 Milha quadrada mi² 2,59 2 590 000 259 640 1 9 Tabela 1.9. Outras unidades de área. unidade Conversões metro quadrado (m²) 10 000 cm² 1550 in² 10,764 ft² are (a) 1 dam² 100 m² 0,01 ha jarda quadrada (yd²) 8 361,27 cm² 0,836127 m² 9 ft² vara quadrada (rod²) 25,292953 m² 0,00625 acre 272,25 ft² milha quadrada (mi²) 258,99 ha 2,59 km² 1 milha² alqueire paulista (50 x 50 braças) (alq) 5 000 braças² 24 200 m² 2,42 ha polegada quadrada (in²) 6,4516 cm² 0,00064516 m² 0,006944 ft² pé quadrado (ft²) 929,0304 cm ² 0,092903 m ² 144 in² alqueire mineiro (100 x 100 braças) 10 000 braças² 48 400 m 2 4,84 ha cinqüenta ou quadro (50 x 50 braças) 2 500 braças² 12 100 m² 12,1 ha quarta ou quartel (50 x 25 braças) 1 250 braças² 6 050 m² 0,0605 ha tarefa (12,5 x 12,5 braças) 156,25 braças² 756 m² 0,0756 ha morgen (Sul Africano) 8565 m² 0,8562 ha 0,3539 alq Tabela 1.10. Volumes equivalentes. Fator de conversão Volume Símbolo m 3 L gal ft 3 in³ metro cúbico m³ 1 1.000 264,172 35,3147 61024 litro L ou l 0,001 1 0,264172 0,0353147 61 galão líquido gal 0,0037854 3,785412 1 0,13368 231 pé cúbico ft³ 0,02831685 28,31685 7,48052 1 1728 polegada cúbica in³ 0,000016387 0,016387 0,004329 0,0005787 1 Tabela 1.11. Outras unidades de volume. Unidades símbolos conversões metro cúbico m³ 1000 dm³ 1000000 cm³ galão seco gal dray 4,404895 L 1,16365 gal galão imperial 1 gal imp 4,54609188 L 1,2000949 gal quart líquido 1 quart 0,946361 L 0,25 gal pint liquido 1 pint 0,4731765 L 0,5 quart barril de petróleo (barrel petroleum ) bbl 158,9873 L 42 gal 10 Tabela 1.12. Vazões equivalentes. Vazão Símbolo m 3 /s l/s ft³/s gal/s metro cúbico por segundo m³/s 1 1 000 35,3147 264,172 litros por segundo L/s 0,001 1 0,0353147 0,264172 pés cúbicos por segundo ft³/s 0,0283168 28,3168 1 7,48051 galões por segundo gal/s 0,0037854 3,7854125 0,133681 1 Tabela 1.13. Velocidades equivalentes. Velocidade Símbolo m/s km/h Nós mi/h ft/s metro por segundo (m/s) m/s 1 3,6 1,94254 2,23694 3,2808 quilometro por hora km/h 0,27778 1 0,539593 0,62137 0,91134 milha náutica por hora Nós (knot) 0,51444 1,852 1 1,15078 0,1568027 milha por hora mi/h 0,44704 1,609344 0,86839 1 1,46667 pés por segundo ft/s 0,3048 1,09728 0,59209 0,68182 1 Tabela 1.14. Forças equivalentes. Força Símbolo N dyn kgf g lbf newton N 1 100 000 0,10198 101,98 0,2248089 dina dyn 0,00001 1 1,02 x 10 -6 0,00102 0,0000022 quilograma-força 1 kgf 9,80665 980665 1 1000 2,20448 grama-força g 0,009806 980,665 0,001 1 0,00220448 libra-força lbf 4,448222 444822,2 0,45362 453,62 1 Tabela 1.15. Potências Equivalentes Potência Símbolo CV HP W kW cavalo vapor CV 1 0,9863 735,5 0,7355 horsepower HP 1,01387 1 745,6 0,7456 watt W 0,00136 0,00134 1 0,001 quilowatt kW 1,36 1,341 1000 1 quilocaloria por segundo kcal/s 5,690 5,61293 4185 4,185 quilogrametro por segundo kgm/s 0,01333 0,01315 9,80665 0,0098 pé-libra-força por segundo ft.lbf/s 0,0018434 0,00181842 1,355818 0,00135582 BTU por segundo BTU/s 1,434127 1,4147 1054,8 1,0548 11 Tabela 1.17. Pressões equivalentes Pressão atm. kg/m 2 m.c.a. mmHg kg/cm 2 PSI bar mb Pa =N/m² kPa Atmosfera padrão (atm.) 1 10333 10,332 760 1,0333 14,6969 1,01325 1013,25 101325 101,325 kgf/m 2 0,00009678 1 0,0001 0,07355 0,0001 0,0014223 0,00009806 0,098045 9,806037 0,009806 metro de coluna de água (m.c.a.) 0,09678 1000 1 73,5514 0,1 1,42234 0,0980604 98,0604 9806,04 9,8060 mm de mercúrio (mmHg) 0,001316 13,594 0,013594 1 0,0013594 0,01934 0,00133321,3332 133,322 0,13332 kgf/cm 2 0,96778 10000 10 735,514 1 14,2234 0,9806037 980,6037 98060,37 98,060 libra/po 2 (PSI) 0,06804 703,07 0,70307 51,7116 0,070307 1 0,0689479 68,9479 6894,79 6,89479 bar 0,9869233 10 1978 10,1978 750,06 1,01978 14,50377 1 1000 100000 100 milibar (mb) 0,0009869 10,1994 0,0101994 0,750247 0,0011994 0,0145015 0,001 1 100 0,1000 Pascal (Pa) 0,00000987 0,10199 0,000102 0,007500 0,0000102 0,000145 0,000 01 0,01 1,0 0,001 kiloPascal (kPa) 0,0098717 101,994 0,101994 7,500 0,010197 0,14501 0,01 10 1000 1 Valores normalmente adotados em hidráulica 1 atm. 1 10.000 10 760 1 14,7 1 1013 101300 101,3 Outras relações entre unidades de pressão: 1 dyn/cm² = baria (ba) = 0,1 Pa 1 MPa = 1000 kPa 1 kPa = 10 hPa = 1000 Pa 1 polegada de coluna de mercúrio (in Hg) = 3386,69 Pa = 25,4 mm Hg 1 pé de coluna de água (ftH20) = 2988,88 Pa 1 libra-força por pé quadrado (lbf/ft²)= 47,88 Pa 12 1.3. Propriedades dos Fluídos a) Massa Específica ou Densidade Absoluta () É a relação entre a massa e o volume do corpo. volume massa dada em kg/m³ no Sistema Internacional, kgf.s 2 /m 4 no Sistema Técnico, ou ainda g/cm³ no sistema CGS. b) Peso Específico (). Representa o peso de uma substância por unidade de volume. As unidades mais comuns são N/m³ no Sistema Internacional, kgf/m³ no Sistema Técnico, ou ainda dyn/cm³ no sistema CGS. g volume gravidademassa volume Peso [1.3] onde g é a aceleração da gravidade, em m/s². c) Densidade Relativa ou Densidade (d) È a relação entre as massas ou pesos específicos de uma substância em relação a uma substância de referência ou padrão. Em geral considera-se a água à 4 ºC como referência para os líquidos e o ar como referência para os gases. Exemplo: Calcular a densidade do mercúrio. Massa específica da água a 4 º C = 1000 kg/m 3 Massa específica do mercúrio = 13600 kg/m 3 Densidade do mercúrio dHg = 6,13 3m/kg1000 3m/kg13600 Observação: A densidade relativa não tem unidades, é um número adimensional. 13 Tabela 1.19. Massa específica média de alguns líquidos (kg/m³) Líquido (kg/m³) Líquido (kg/m³) Acetona 790 Glicerina 1260 Ácido acético 1050 Glicose 1350 – 1440 Ácido clorídrico a 10 % 1050 Gordura de porco 960 Água destilada a 4 o C 1000 Leite 1020 - 1050 Água do mar a 15 ºC 1022 - 1030 Melado 1400 – 1500 Álcool etílico15,5 ºC 10 GL 987 Mercúrio 13590 - 13650 20 GL 976 Óleo combustível médio 865 30 GL 965 Óleo combustível pesado 918 40 GL 952 Óleo de algodão 880 – 930 50 GL 934 Óleo de cereais 924 60 GL 914 Óleo fúsel 838 70 GL 890 Óleo de linhaça 925 – 940 80 GL 864 Óleo de mamona 960 90 GL 834 Óleo de soja 930 – 980 95 GL 816 Solução de Sacarose 20 ºC 98 GL 803 O Brix 1000 Azeite de oliva 915 10 Brix 1040 Benzeno 870 - 910 20 Brix 1083 Benzina 680 – 700 30 Brix 1129 Betume 1100 – 1500 40 Brix 1178 Cerveja 1020 – 1040 50 Brix 1232 Éter de petróleo 670 Solvente para Limpeza 728 Dejetos líquidos de suínos 0,3% MS 1004 Sulfato de cobre 1100 – 1150 Dejetos líquidos de suínos 2 % MS 1012 Sulfato de zinco 1100 – 1400 Dejetos líquidos de suínos 5 % MS 1026 Tetracloreto de carbono 1590 Dejetos líquidos de suínos 10% MS 1048 Vinho 990 Gasolina 660 – 740 Xarope de cana 1290 - 1390 14 Tabela 1.20. Propriedades de alguns líquidos Líquido Massa Específica- Densidade relativa (d) (kg/m 3 ) (kgf m -4 s -2 ) Água 0 ºC 999,87 102,028 0,99987 2 ºC 999,97 102,038 0,99997 3 ºC 999,99 102,040 0,99999 4 ºC 1000,00 102,041 1,00000 5 ºC 999,99 102,040 0,99999 10 ºC 999,73 102,013 0,99973 25 ºC 997,07 101,742 0,99707 100 ºC 958,4 97,796 0,95840 Água do mar 1020 a 1030 1,020 a 1,030 Água com material suspenso 1100 1,100 Derivado de petróleo 650 – 850 0,650 a 0,850 Mercúrio a 0 ºC 13596,0 1387,35 13,5960 Mercúrio a 25 º C 13550,0 1382,65 13,5500 Exemplo 1.1: Sabendo que 6 m³ de óleo tem massa de 5100 kg. Calcule a massa específica, o peso específico e a densidade relativa nos sistemas: a) Internacional, b) técnico. Dados: Volume = 6 m³; Massa = 5100 kg; g = 9,8 m/s²; 3m/kg1000 02h . 15 c) Compressibilidade É a propriedade que os fluídos tem de reduzir seus volumes sob a ação de pressões externas. Se sob um aumento p de pressão o volume V do fluído sofre uma redução V, denominamos de modulo de compressibilidade () ou módulo de elasticidade a relação V V p [1.4] O módulo de elasticidade é um parâmetro constante para cada líquido em uma dada temperatura. Para a água a 0 ºC 2,0 108 kgf/m2, isto é, para provocar uma redução de 1 % no volume é necessário aumentar a pressão cerca de 2,0 x 10 6 kgf/m 2 Tabela 1.21. Módulo de elasticidade de alguns líquidos. Líquido Módulo de elasticidade () kgf/m² Pa Éter (14 ºC) 7,9 x 10 8 7,74 x 10 9 Álcool (15 o C) 1,1 x 10 8 1,08 x 10 9 Mercúrio (15 º C) 53,5 x 10 8 52,4 x 10 9 Petróleo 1,2 x 10 8 1,18 x 10 9 Glicerina 4,0 x 10 8 3,92 x 10 9 d) Coeficiente de Compressibilidade () é o inverso do módulo de elasticidade, = 1/. Como o coeficiente de compressibilidade é muito pequeno, em geral pode-se considerar a água como um líquido incompressível, exceto no cálculo do golpe de aríete Tabela 1.22. Compressibilidade da água Temperatura (ºC) - Modulo de elasticidade Coeficiente de Compressibilidade () kgf/m 2 N/m² (Pa) m 2 /Kg m²/N (Pa -1 ) 0 2,06 x 10 8 2020 x10 6 4,85 x 10 -9 4,95 x10 -10 10 2,14 x 10 8 2100 x10 6 4,67 x 10 -9 4,76 x10 -10 20 2,22 x 10 8 2180 x10 6 4,50 x 10 -9 4,59 x10 -10 30 2,26 x 10 8 2225 x10 6 4,42 x 10 -9 4,49 x10 -10 16 f) Viscosidade dinâmica ou absoluta () Quando um fluido escoa, verifica-se um movimento relativo entre as suas partículas resultando em atrito entre as mesmas. O atrito interno ou viscosidade é a propriedade dos fluídos responsável pela sua resistência à deformação. A viscosidade exerce uma influência importante no fenômeno de escoamento, principalmente nas perdas de carga (energia) no escoamento dos fluidos. A influência da viscosidade depende da temperatura e da natureza do líquido. Assim, ao se referir à viscosidade de um líquido, deve-se sempre especificar a temperatura bem como a unidade em que a mesma é expressa. A viscosidade dinâmica exprime a medida das forças internas de atrito do fluido e representa o coeficiente de proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidade. É simbolizada pela letra grega “” e tem dimensões da força por unidade de área. As unidades mais usadas para a viscosidade dinâmica são o N S/m², para o SI, dyn s/m², que recebe o nome de poiso (P), para o sistema CGS e kg.s/m² sistema técnico. Para indicar a viscosidade de óleos lubrificantes há uma escala arbitrária estabelecida pela Society of Automotive Engineers (SAE). Os graus SAE são expressos por dezenas inteiras, e o óleo mais fino, ou menos viscoso, é o de grau dez. Para a água o valor da viscosidade pode ser calculado pela fórmula de Poiseville e Reynolds como: )poise(cm/s.dyn T000221,0T03368,01 0178,0 2 2 [1.5] 2m/s.kgf 2T000221,0T03368,01 000181,0 [1.6] g) Coeficiente de viscosidade cinemática. A relação entre a viscosidade e a massa específica é denominada de coeficiente de viscosidade cinemática, simbolizada pela letra grega . [1.7] 17 As unidades mais utilizadas para a viscosidade cinemática são o Stoke, centiStoke para o sistema CGS e m²/s para o sistema técnico. Para a água pode-se estimar a viscosidade pelas expressões: s/2m610x 2T000221,0T03368,01 78,1 [1.8] )Stokes(s/cm10x T000221,0T03368,01 78,1 22 2 [1.9] Relações entre unidades de viscosidade. 1 kgf.s/m 2 = 98,1 poise 1 m 2 /s = 10000 stokes 1 poise (P)= 100 cP = 0,0102 kgf.s/m 2 = 1,0 dyn.s/cm² = 0,1 N s/m² 1 Stoke (St)= 0,0001 m 2 /s = 1 cm²/s 1 lb.s/ft² = 478,7 poises h) Coesão, adesão São fenômenos de origem molecular devidos a forças eletroquímicas que provocam a atração recíproca das moléculas. Coesão é a propriedade que os líquidos tem de resistiram a pequenos esforços de tensão devido à atração entre as partículas do líquido. A forma da gota deve-se à coesão. Adesão é a propriedade dos líquidos de se unirem a outros corpos. Para a água a adesão é maior que a coesão, então a água molha o vidro; já para o mercúrio a adesão é menor que a coesão e se diz que o mercúrio não molha o vidro. i)Tensão superficial. Na superfície de um líquido em contato com o ar há a formação de uma verdadeira película elástica. Isto é devido à atração entre as moléculas do líquido ser maior que a atração exercida pelo ar sobre o líquido e o fato das moléculas superiores atraídas para o interior tenderem a tornar a área da superfície um mínimo. É o fenômeno da tensão superficial Uma molécula no interior de um líquido está solicitada por forças que a atraem em todas as direções e o vetor resultante é nulo. Mas uma molécula à superfície de um líquido, é solicitada para o interior do líquido por uma força de coesão que é perpendicular à superfície do mesmo. A tensão superficial de um líquido é o trabalho que deve ser fornecido para 18 retirar moléculas suficientes do interior do líquido para a superfície. O coeficiente de tensão superficial () representa energia superficial por unidade de área. No SI a tensão superficial é dada em N/m, no sistema CGS em dyn/cm e no Sistema Técnico em kgf/m. 1N/m =1000 dyn/cm = 0,10197 kgf/m. Tabela 1.23. Tensão Superficial de alguns líquidos Líquido - Tensão superficial (N/m) água (20°C) 0,0007275 Tetracloreto de Carbono (20°C) 0,0002666 Mercúrio (20°C) 47 Prata (970°C) 80 j) Capilaridade Mergulhando tubos de pequeno diâmetro ou placas pouco afastadas em um líquido em contato com o ar, a superfície do líquido junto à parede deixa de ser plana, para tornar se côncava, elevando-se acima da superfície se o líquido molha as paredes (água e vidro), e convexa e deprimida se o líquido não molha (mercúrio e vidro). A ascensão capilar ou depressão pode ser calculada pela fórmula : Dg )cos(4 h [1.10] onde: h = altura de ascensão ou depressão capilar (m); = tensão superficial (N/m); = ângulo de formado pela superfície do líquido com a parede de tubo em contato com o ar (graus); = massa específica do líquido (kg/m3); g = aceleração da gravidade (m/s²); D = diâmetro do tubo (m); Observações: 1) Em caso de duas placas distanciadas D, h é a metade do valor indicado na fórmula acima; 19 2) Para ângulos( ) maiores de 90º ocorre ascensão capilar, isto é h assume um valor positivo, e para valores do ângulo menores que 90º ocorre depressão capilar, isto é h assume valores negativos. Figura 1.2. Ascensão e depressão capilar. 3) O valor do Ângulo de contato () varia de acordo com a interface do líquido com a superfície e a fase gasosa. Tabela 1.24. Valores do ângulo de contato para diferentes interfaces. interface - Ângulo de contato (graus) água-ar-vidro 25,5 mercúrio-ar-vidro 128,9 água em contato com solo minerais 0 álcool e vidro 0 éter etílico e vidro 5 a 8 Figura 1.3. Ângulo de contato. 20 Exemplo 1.2. Calcular a elevação da coluna de água a 20 ºC em um tubo de vidro com 1 mm de diâmetro. Exemplo1.3. Idem para mercúrio ( =0,513 N/m) Exemplo 1.4. Qual a altura de ascensão capilar de um solo mineral com poros com diâmetro de 10 mícron (0,001 cm) para a temperatura de 20 ºC? k) Pressão de vapor Representa a pressão parcial criada pelas moléculas de vapor em espaço fechado. A pressão de vapor depende da temperatura e aumenta com o aumento da temperatura. Assim se a temperatura se eleva até um ponto em que a pressão parcial se iguala à pressão atmosférica o líquido se vaporiza, ocorrendo o fenômeno de ebulição. Na hidráulica a determinação da pressão de vapor importância na análise das condições de funcionamento das bombas. A pressão de vapor para o ar saturado pode ser estimada pela fórmula de Tetens: t3,237 t5,7 10aPv [1.11] onde t é a temperatura em ºC, a é uma constante que vale 0,61078 kPa; 6,1078mb; 4,582 mmHg; 0,0088572 PSI; 73,257 kg/m²; 0,062296 mca e 0,0060278 atm e Pv é a pressão de vapor na mesma unidade da constante a. 21 Tabela 1.26. Propriedades físicas da água doce no Sistema Internacional a pressão atmosférica. Temperatura T (ºC) Massa específica (kg/m3) Peso específico (N/m³) Viscosidade dinâmica (N s/m²) Viscosidade Cinemática (m²/s) x10-6 Tensão superficial (água com ar) (N/m) Pressão de vapor (e) (kN/m²) Módulo de elasticidade (N/m² x106) Coeficiente de compressibilidade k(m²/N x 10 -10 ) 0 999,87 9798,7 0,00178 1,781 0,0756 0,61 2020 4,95 2 999,97 9799,7 0,00167 1,666 0,70 4 1000,00 9800,0 0,00156 1,558 0,0751 0,81 5 999,99 9799,9 0,00152 1,518 0,0749 0,87 2060 4,85 6 999,97 9799,7 0,00147 1,471 0,93 8 999,88 9798,8 0,00139 1,387 1,07 10 999,73 9797,4 0,00131 1,307 0,0742 1,23 2100 4,76 12 999,52 9795,3 0,00124 1,240 1,40 14 999,27 9792,8 0,00118 1,176 1,60 15 999,13 9791,5 0,00114 1,140 0,0735 1,70 2140 4,67 16 998,97 9789,9 0,00112 1,117 1,82 18 998,62 9786,5 0,00106 1,062 0,0730 2,06 20 998,23 9782,7 0,00100 1,004 0,0728 2,34 2180 4,59 25 997,07 9771,3 0,00089 0,893 0,0720 3,16 2220 4,50 30 995,68 9757,7 0,00080 0,801 0,0712 4,24 2225 4,49 40 992,20 9723,6 0,00065 0,658 0,0696 7,37 2280 4,39 50 988,10 9683,4 0,00055 0,554 0,0679 12,32 2290 4,37 60 983,20 9635,4 0,00047 0,474 0,0662 19,90 2280 4,39 70 977,80 9582,4 0,00040 0,413 0,0644 31,17 2250 4,44 80 971,80 9523,6 0,00035 0,364 0,0626 47,46 2200 4,55 90 965,30 9459,9 0,00032 0,326 0,0608 70,41 2140 4,67 100 958,40 9392,3 0,00028 0,294 0,0589 101,3 2070 4,83 22 Tabela 1.30. Propriedades físicas do ar a pressão atmosférica padrão no SI. Temperatura T ( o C) Massa específica (kg/m³) Peso Específico (N/m³) Viscosidade (N.s/m) Viscosidade cinemática (m²/s) -40 1,515 14,86 1,49 0,98 -20 1,395 13,68 1,61 1,15 01,293 1,268 1,71 1,32 10 1,248 12,24 1,76 1,41 20 1,205 11,82 1,81 1,50 30 1,165 11,43 1,86 1,60 40 1,128 11,06 1,90 1,68 60 1,060 10,40 2,00 1,87 80 1,000 9,81 2,09 2,09 100 0,946 9,28 2,18 2,31 200 0,647 7,33 2,56 3,45
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