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Cessão de Crédito

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Cessão de Crédito
É a venda de um direito de crédito; é a transferência ativa da obrigação que o credor faz a outrem de seus direitos; corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional.
 
Corresponde à sucessão entre vivos no direito obrigacional.  A cessão de crédito também não se confunde com a cessão de contrato que é a cessão de direitos e deveres daquela relação jurídica, e não apenas de um crédito. 
A cessão de crédito pode envolver valores diversos tendo em vista  a liberdade entre as partes (ex: A deve $100 mil a B para pagar daqui a seis meses, C então se oferece para adquirir este crédito contra A por $80 mil pagando a B à vista; C age na esperança de ter um lucro ao receber os $100 mil de A no futuro; isto acontece no comércio no desconto de cheques “pré-datados”). 
Cessão de crédito 
É o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional, independentemente da autorização do devedor, que se chama cedido. 
Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente ganhá-lo (= doação)  do cedente. 
Anuência do devedor
A cessão é a venda do crédito, afinal o cedido continua devendo a mesma coisa, só muda o seu credor. O cessionário (=novo credor) perante o cedido/devedor fica na mesma posição do cedente (=credor velho).   A cessão dispensa a anuência do devedor que não pode impedi-la, salvo se o devedor se antecipar e pagar logo sua dívida ao credor primitivo. Todavia, o cedido (=devedor) deve ser notificado da cessão, não para autorizá-la, mas para pagar ao cessionário (=novo credor, 290).
Justificativa e fundamentação da cessão de crédito
Estimular a circulação de riquezas, através da troca de títulos de crédito (ex: cheques, duplicatas, notas promissórias). 
A cessão de crédito é muito comum entre bancos e até a nível internacional do Governo Federal, em defesa da moeda e da disciplina cambial.     
Forma da cessão
Não exige formalidade entre o novo e o velho credor, pode até ser verbal, mas para ter efeito contra terceiros deve ser feita por escrito (288). 
Público ou Particular.
A escritura pública é aquela do art. 215, feita em Cartório de Notas. O contrato particular é feito por qualquer advogado.        
Objetos de cessão
Todos, salvo os créditos alimentícios (ex: pensão, salário), que são inalienáveis e personalíssimos, estando ligados à sobrevivência das pessoas. 
A lei proíbe também a cessão de alguns créditos como o crédito penhorado e o crédito do órfão pelo tutor. 
O devedor pode também impedir a cessão desde que esteja expresso no contrato celebrado com o credor primitivo. Caso queira impedir a cessão, o devedor terá que se antecipar e pagar logo.
Espécies de cessão
Convencional: é a mais comum, e decorre do acordo de vontades como se fosse uma venda (onerosa) ou doação (gratuita) de alguma coisa, só que esta coisa é um crédito;
Legal: imposta pela lei (ex: nosso conhecido 346; no 287 também é imposto pela lei a cessão dos acessórios da dívida como garantias, multas e juros); 
Judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto, explicando os motivos  na sentença para resolver litígio entre as partes. Ex.: na prolação de sentença destinada a suprir declaração de cessão por parte de quem era obrigado a fazê-la.
Cessão “pro soluto” ou “pro solvendo”;
Pro soluto o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor (Ex.: A cede um crédito a B e precisa garantir que esta dívida existe, não é ilícita, mas não garante que o devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um risco que B assume). 
Pro solvendo o cedente responde também pela solvência do devedor, então, se C não pagar a dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar do cedente.
Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto, idem se a cessão foi gratuita e o cedente atuou de má-fé (ex: dar a terceiro um cheque sabidamente falsificado gera responsabilidade do cedente, mas se o cedente não sabia da ilegalidade não responde nem pro soluto, afinal foi doação mesmo - 295);  mas o cedente só responde pro solvendo se estiver expresso no contrato de cessão (296).  
Assunção de dívida
É a transferência passiva da obrigação, enquanto a cessão é a transferência ativa. A assunção é rara e só ocorre se o credor expressamente concordar, afinal para o devedor faz pouca diferença trocar o credor ( = cessão de crédito), mas para o credor faz muita diferença trocar o devedor, pois o novo devedor pode ser insolvente, irresponsável, etc. (299  e 391). E mesmo que o novo devedor seja mais rico, o credor pode também se opor, afinal mais dinheiro não significa mais caráter, e muitos devedores ricos usam  os infindáveis recursos da lei processual para não pagar suas dívidas. 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
O silêncio do credor na troca do devedor implica recusa. Na assunção, o novo devedor assume a dívida como se fosse própria, ao contrário da fiança em que o fiador responde por dívida alheia.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Ex.: A cede o débito a B, que é garantido por uma fiança prestada por C. O credor é D. A cessão é anulada por decisão judicial, por presença de dolo de A. Em regra, a dívida original é restabelecida, estando exonerado o fiador. Porém, se o fiador tiver conhecimento do vício, continuará responsável.
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
ESPÉCIES DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Por contrato entre o terceiro (novo devedor) e o credor sem a participação do devedor (assunção por expromissão)
Por contrato entre o terceiro (novo devedor) e o devedor com a concordância do credor (assunção por delegação)
2. Na assunção por delegação, o consentimento do credor é essencial. Na assunção por expromissão, o consentimento posterior do credor não é necessário, pois é ele próprio quem celebra o negócio com o terceiro que vai assumir a posição do devedor originário.
3. Expromissão ou delegação: pode ser LIBERATÓRIA (libera o devedor primitivo, salvo art. 299, segunda parte) ou CUMULATIVA (ingressa o novo como novo devedor ao lado do devedor primitivo)
Cessão de Contrato
Inexistência de regulamentação legal no CC/1916 e CC/2002
Cessão de locação, empreitada, financiamento e mútuo hipotecário para aquisição da casa própria
Contrato é bem jurídico autônomo cujo valor integra o patrimônio dos contratantes
Posição contratual: conjunto de direitos, obrigações, créditos e débitos dele decorrentes, deveres principais e lateral, anteriores ou posteriores...
Jurisprudência
CESSÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. Direitos e obrigações que lhe são anteriores. Cessionário que pleiteia a revisão do contrato. Abrangência das prestações anteriores adimplidas pelo cedente. Legitimidade do cessionário reconhecida. Recurso provido.
A celebração entre as partes de cessão de posição contratual,
que englobou créditos e débitos, com participação da arrendadora, da anterior arrendatária e de sua sucessora no contrato, é lícita, pois o ordenamento jurídico não coíbe a cessão de contrato que pode englobar ou não todos os direitos e obrigações pretéritos, presentes ou futuros, inclusive eventual saldo credor remanescente da totalidade de operações entre as partes envolvidas. (...) (REsp 356.383/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/02/2002, DJ 06/05/2002, p. 289)
1. 	SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. CESSÃO DO IMOVEL FINANCIADO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. 
 	I - O direito positivo vigente sempre admitiu a cessão de contratos relativos a imóveis mediante simples trespasse ou transferência, sendo a ele contrária a sua oneração com um novo financiamento. De outra parte, a hipoteca vincula o bem gravado, acompanhando-o sempre onde quer que se encontre. adere a coisa, sem no entanto, trazer limitações quanto ao direito de dispor, não impedindo o direito de seqüela transações ou alienações. (...). (REsp 43.230/RS, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/08/1996, DJ 23/09/1996, p. 35090)
2. 	Cessão de contratos de “leasing” ou alienação fiduciária em garantia: necessidade de expressa concordância do credor cedido, sob pena de ineficácia da cessão em relação a ele. Cláusula contratual expressamente proibitiva. Inexistência de relação jurídica entre o cedido e o cessionário se não houver concordância daquele. Inexistência do dever de transferir a titularidade da coisa ao terceiro.
CONTRATO DE GAVETA
Em negócios de incorporação imobiliária é comum que o comprador ceda a sua posição contratual a outrem, sem a ciência ou concordância do vendedor.
A jurisprudência nacional é dividida sobre a validade ou não dessa cessão contratual.

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