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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Direito Civil Professor: José Simão Aula: 02 | Data: 25/02/2015 MATERIAL DE APOIO ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PARTE GERAL 1. Exceções à representação e assistência 2. Absolutamente incapazes 3. Relativamente incapazes 4. Emancipação PARTE GERAL 1. Exceções à representação e assistência – O menor com 12 anos completos deve concordar com sua adoção, sob pena desta não ocorrer. – O menor com 16 anos completos pode sem assistência: a) Ser testemunhas b) Testar (fazer testamento) c) Ser mandatário – Existem situações chamadas de condutas socialmente típicas (Haupt) que são aceitas pela sociedade sem se questionar sua validade, são chamadas também de “relações contratuais de fato”. O direito opta por ignorar a falta de discernimento na prática desses atos (Ex.: O menor de 16 anos que compra lanche na escola; Menor que é transportado). 2. Absolutamente incapazes (art. 3º, CC) I) Menores de 16 anos (16 anos incompletos) A doutrina chama de menores impúberes. II) Pessoas que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem necessário discernimento para prática dos atos da vida civil (O CC/16 chamava de “Loucos de todo gênero”). O fato da pessoa ter uma doença não basta para que seja incapaz, é a perda do discernimento em razão da doença que gera a incapacidade. Neste caso a incapacidade depende de um processo judicial de interdição, que reconhece a perda do discernimento. A senilidade (velhice) não é por si só causa de incapacidade. Página 2 de 4 O direito desconsidera os intervalos lúcidos do incapaz, ou seja, ainda que este tenha pleno discernimento após a interdição o negócio jurídico por ele praticado é nulo. A sentença que declara a interdição na verdade tem natureza constitutiva, pois muda o estado civil da pessoa natural, logo não retroage. III) Aqueles que mesmo por causa transitória não puderem exprimir sua vontade Os deficientes auditivos (surdos e mudos) e os cegos se não conseguirem exprimir sua vontade se enquadram no inciso III do art. 3º do CC. A causa transitória de incapacidade admite interdição porque naquele período alguém precisa cuidar dos interesses do incapaz. Contudo desaparecendo a causa da incapacidade o processo judicial de levantamento da interdição devolverá plena capacidade à pessoa. 3. Relativamente incapazes (art. 4º, CC) I) Os menores entre 16 e 18 anos São chamados pela doutrina de menores púberes. II) Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos que tenham o discernimento reduzido Dependendo do grau de discernimento apurado em perícia médica estes vícios podem levar à incapacidade absoluta e na proteção do incapaz poderá o juiz reconhece-la, ainda que o pedido da parte seja de incapacidade relativa. III) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo Novamente caberá a perícia decidir a extensão da perda de discernimento. IV) Pródigos O pródigo é aquele que gasta desordenadamente colocando em risco sua subsistência e de sua família, deve-se analisar o binômio patrimônio e volume dos gastos. A proteção do pródigo significa protegê-lo de si próprio, já que o estado de miserabilidade não interessa ao sistema, logo o MP pode promover a interdição do pródigo. A curatela do pródigo cuida apenas de seus bens (“cura rei”) e não de sua pessoa. Assim o artigo 1.782, CC determina que não são válidos os atos de: emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar demandar ou ser demandado. O pródigo pode independentemente da assistência do curador praticar atos sem conteúdo patrimonial (Ex.: Casamento e adoção). Art. 1.782, CC. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Obs.: Se o pródigo quiser escolher regime distinto da comunhão parcial precisará fazê-lo por pacto antenupcial, em que a assistência do curador é imprescindível. Página 3 de 4 Pelo art. 928 do CC, é o representante do incapaz que responde pelos danos por ele causados e subsidiariamente responde o próprio incapaz. No caso do pródigo a responsabilidade não é do curador, pois sua curatela é apenas patrimonial. Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Capacidade e incapacidade dos índios.: A questão de capacidade dos índios é regida por Lei especial (Estatuto do Índio), e sua incapacidade terá relação com o grau de convívio com a sociedade. É a FUNAI que representa as populações indígenas incapazes – Importante para concursos federais. 4. Emancipação A emancipação é a antecipação da capacidade, ou seja, a pessoa prossegue sendo menor, mas agora capaz de praticar os atos da vida civil, extinguindo o poder familiar. A emancipação não afeta as esferas do direito penal, administrativo, eleitoral e etc., salvo expressa previsão legal. Pelo art. 1.517 do CC o menor entre 16 e 18 anos precisa da autorização dos representantes legais para se casar. Contudo no caso de emancipação a doutrina entende ser desnecessária tal autorização, por lógica do sistema. O poder familiar se extinguiu com a emancipação. A emancipação não é causa de extinção do dever de sustento dos pais quanto aos filhos, consolidou-se jurisprudência que o dever prossegue até que o filho complete seus estudos (até 24/25 anos). – Modalidades de emancipação 1ª) Emancipação voluntária É a emancipação pela vontade de ambos os país e o menor deve ter 16 anos completos (art. 5º, I, CC). A emancipação se dá por escritura pública lavrada pelo tabelião de notas e independe de decisão judicial. A emancipação é anotada no registro civil da pessoa natural. Se a vontade de um dos pais for suprida por sentença (Ex.: Pai desaparecido) a emancipação prossegue sendo voluntária, pois não é a sentença que emancipa o menor. Se um dos pais houver falecido o outro detém com exclusividade o poder familiar, pode emancipar o filho. Não é possível que os pais revoguem a emancipação (plano da eficácia), mas está pode ser anulada se houver problema de validade (Ex.: Coação do menor). 2ª) Emancipação judicial É aquela realizada pelo tutor, que exerce a tutela na hipótese de morte dos pais ou perda do poder familiar (tutela é o sucedâneo ao poder familiar). Também é requisito que o menor tenha 16 anos completos. Como a tutela é um múnus público em que o tutor deve prestar contas, a emancipação depende de processo judicial com participação do MP em que se analisa o interesse do incapaz e a prestação de contas do tutor. Só será deferida no interesse do incapaz. Página 4 de 4 É a própria sentença que concede a emancipação que é registrada no registro civil. 3ª) Emancipação legal (art. 5, paragrafo único, CC) Como decorre da lei esta modalidade de emancipação não gera registro no registro civil. Sendo hipóteses: I) Pelo casamento Para fins de casamento, se houver gravidez, o juiz pode autorizar o casamento de pessoa com menos de 16 anos (art. 1.520 do CC). Assim pode ocorrer emancipação legal de menor impúbere. A união estável é causa de emancipação? 1ª. Corrente – Não, pois as causas de emancipação devem ser expressas, já que retiram a proteção do incapaz. 2ª. Corrente – Com a equiparação constitucional do casamento e união estável, seus efeitos são idênticos. II) Exercício de emprego público efetivo O inciso não produz efeitos, pois apesar do art. 7º, inciso XXXIII da CF permitir que maior de 16 anos trabalhe, este não pode tomar posseem emprego público efetivo antes dos 18 anos. Próxima aula III) Colação de grau IV) Emprego ou comércio
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