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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito do Consumidor Professor: Murilo Sechiere Aula: 01 | Data: 03/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – Lei 8.078/90 1. Fundamentos constitucionais de proteção ao consumidor . Fundamentos indiretos . Proteção expressa 2. Características do CDC 3. Incidência do CDC . Elementos da relação jurídica de consumo - Consumidor CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – Lei 8.078/90 1. Fundamentos constitucionais de proteção ao consumidor O CDC é uma lei ordinária que existe em razão de ordem expressa da Constituição Federal. . Fundamentos indiretos a. Tutela da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CF) Na maior parte das vezes os consumidores são pessoas físicas, naturais. b. Objetivos da República Federativa do Brasil (art. 3º, I, CF) Construir uma sociedade livre, justa e solidária. Em matéria de consumo não existe liberdade, muitas vezes o consumo é uma necessidade e não uma escolha, não há justiça pela desigualdade entre consumidor e fornecedor. A solidariedade se traduz pela proteção dos hipossuficientes. c. Princípio da Isonomia ou Igualdade Material (art. 5º, “caput”, I, CF) Nas relações de consumo a desigualdade entre consumidor e fornecedor é gritante, por isso é necessário tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais (mais proteção para o consumidor). . Proteção expressa a. O Estado promoverá, nos termos da lei, a proteção dos consumidores (art. 5º, XXXII, CF) As consequências dessa proteção são: – Reconhecimento de que os consumidores representam um grupo titular de direito fundamental de proteção. Trata-se de norma “favor debilis” – em favor do mais fraco. – Trata-se de cláusula pétrea que não pode ser suprimida ou reduzida seja por lei ou por emenda a Constituição. – É uma liberdade pública positiva porque impõe um dever ao Estado de tutelar os consumidores através de todos os seus órgãos. b. Princípio da ordem econômica na defesa do consumidor (art. 170, V da CF) Página 2 de 4 A ordem econômica, ainda que baseada na livre iniciativa, só é lícita se houver respeito aos direitos do consumidor. c. Aprovação do Código de Defesa dos Consumidores (art. 48 do ADCT) O ADCT previa o prazo de 120 dias para o Congresso Nacional editar o Código de Defesa do Consumidor. 2. Características do CDC I. Contém normas de ordem pública e de interesse social São normas cogentes / imperativas. Como consequência: – Devem ser aplicadas de ofício pelo juiz. – São indisponíveis, ou seja, não podem ser afastadas pela vontade dos interessados. – Admite-se a defesa coletiva dos interesses dos consumidores. Obs1: A Súmula 381 do STJ contraria essa característica do CDC. É taxada de inconstitucional por todos os consumeristas. STJ, 381.: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.” Obs2: No CDC existem algumas normas dispositivas (contrário de normas de ordem pública), tal como o art. 40 que trata do prazo do orçamento apresentado ao consumidor. II. Micro sistema multidisciplinar O CDC regula diversas matérias, é composto por normas que dizem respeito a vários ramos do direito. O CDC contém regras de direito administrativo, regras de direito penal, regras de tutela difusa e coletiva, etc.. III. Norma principiológica Ao invés de conter regras de conduta ou regramento sobre algum tipo específico de contrato o CDC é formado por princípios e cláusulas gerais que tornam explícitos os valores decorrentes da ordem constitucional; É uma lei qualificada pelo fato de decorrer de expressa determinação constitucional. Obs.: Logo o CDC tem status de norma de sobredireito ou supralegal, o que significa que prevalece sobre outras normas gerais e especiais que sejam conflitantes com a sua principiológica. Ex.: O CDC prevalece sobre a Convenção de Varsóvia e o Código Brasileiro de Aeronáutica, uma vez que nesses diplomas há previsão de tabelamento de indenizações, enquanto o CDC prevê o princípio da reparação integral de danos. 3. Incidência do CDC Quando caracterizada a relação jurídica de consumo. Página 3 de 4 . Elementos da relação jurídica de consumo – Elementos Subjetivos - Consumidor O consumidor pode ser um consumidor padrão ou pode ser consumidor por equiparação: “Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.” a. Consumidor padrão, conceitual ou negocial (art. 2º, “caput” do CDC) É toda pessoa física ou jurídica (bem como os entes despersonalizados) que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final. Teorias sobre a destinação final . Teoria finalista, subjetiva ou restritiva Não são consumidores as pessoas jurídicas ou as pessoas físicas profissionais. Para ser consumidor deve haver destinação em dois aspectos: (a.) Aspecto Fático, o consumidor é o último na cadeia de consumo porque não adquiri para revenda ou para incorporação em outros produtos e (b.) Aspecto Econômico, a aquisição não pode ter destinação profissional; É necessário que seja destinada a atender as necessidades pessoais ou familiares do consumidor (Ex.: O professor que compra uma caneta não é consumidor, pois utiliza a caneta em sua atividade econômica/profissional). . Teoria maximalista ou ampliativa Para que alguém seja considerado consumidor é suficiente à destinação final fática, sendo irrelevante a destinação econômica dada aos produtos ou serviços adquiridos (Ex.: Hospital quer trocar todos os equipamentos. É destinatário final dos equipamentos, sendo considerado como consumidor, apesar de ter grande poder econômico). . Teoria finalista, aprofundada, atenuada ou mitigada (é a mais aceita pelo STJ) Em princípio o que importa é que o adquirente seja destinatário final fático. Se não for o destinatário final econômico (consumidor profissional) só será aplicável o CDC se houver demonstração de vulnerabilidade no caso concreto, ou seja, que a aquisição se deu dentro dos padrões regulares de consumo (o adquirente encontrou as mesmas dificuldades que o consumidor comum encontraria). b. Consumidor por equiparação Tem três conceitos diferentes: b.1. art. 2º, paragrafo único do CDC Equipara-se ao consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (É o dispositivo que dá a dimensão coletiva da proteção aos consumidores). Página 4 de 4 b.2. art. 17 do CDC Todas as vítimas do acidente de consumo. É o chamado consumidor “bystander”. Ex.: Avião cai e atinge a casa das pessoas, esses moradores são consumidores por equiparação. b.3. art. 29 do CDC Todas as pessoas, determinadas ou não, que tenham sido expostas as práticas comerciais (oferta, publicidade, práticas abusivas do art. 39 do CDC, cobrança de dívidas e banco de dados e cadastro de consumidores). Próxima aula - Fornecedor .Elementos objetivos . Produtos . Serviços
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