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2. O Direito Previdenciário

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O DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Nos dias atuais não resta mais dúvida em se considerar o Direito Previdenciário como uma disciplina autônoma, ramo próprio do Direito.
O conceito desse ramo do Direito, bem como o seu objeto são imprescindíveis para o estudo que se apresenta. Diferencia-se o Direito Previdenciário do que habitualmente se chama de Previdência Social, bem como do que se denomina Seguridade Social.
Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadas quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exijam um amparo financeiro ao indivíduo (maternidade, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários) ou serviços.
Fogem ao estudo do Direito Previdenciário as normas que tratam da atuação estatal no campo da Saúde e da Assistência Social, pois envolvem outros princípios e regras, guardando identidade apenas em relação às fontes de custeio, como vimos anteriormente.
O Direito Previdenciário, ramo do Direito Público, tem por objeto estudar, analisar e interpretar os princípios e as normas constitucionais, legais e regulamentares que se referem ao custeio da Previdência Social, financiamento da Seguridade Social, bem como os princípios e normas que tratam das prestações previdenciárias devidas a seus beneficiários.
1. AUTONOMIA CIENTÍFICA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Para se afirmar que um ramo do Direito é autônomo, deve-se ter a ideia de uma disciplina que merece estudo à parte, calcado em princípios e normas singulares. A autonomia cientifica de um ramo do Direito é observada quando a matéria a ser disciplinada contém um conteúdo vasto de estudo e pesquisa, princípios gerais e método ou processo próprio. O Direito Previdenciário atende a esses requisitos. No aspecto de conteúdo, pode afirmar que não é pouco, seja em função da evolução histórica de seus institutos, seja pela complexidade das normas e das relações tuteladas, com objetivo próprio.
A peculiaridade das relações jurídicas que se traduzem no Direito Previdenciário impõe o reconhecimento de princípios também próprios.
O método de realização do Direito Previdenciário também se observa diferenciado em vista dos demais ramos do direito, pois, ao contrário de outras relações obrigacionais, a relação jurídica previdenciária se dá em caráter compulsório para ambas as partes - para o individuo, pelo mero exercício da atividade que o enquadre como segurado e para o ente previdenciário, pela obrigação que a lei lhe impõe.
No meio judicial, observa-se a autonomia do Direito Previdenciário quando se verifica Varas especializadas em lide previdenciárias e juizados especiais com competência exclusiva para tais ações.
No campo universitário, existem hoje diversas Universidades adotando o Direito Previdenciário como disciplina autônoma e de caráter obrigatório em seus currículos.
2. RELAÇÃO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO
O Direito não pode ser como um todo fragmentado em partes. A coerência do ordenamento jurídico não permite que tenhamos normas que sejam incompatíveis entre si, por isso todos os ramos do direito devem guardar uma interdependência. Primeiro ramo com o qual há íntima relação é o Direito Constitucional.
O Direito Previdenciário tem influencia do Direito Constitucional na medida em que o texto constitucional fixa diversos princípios e normas voltadas para o Direito Previdenciário, bem como no tópico referente à concessão de benefícios, estabelecendo os requisitos, cálculos dos proventos, fixação de limites mínimo e máximo, etc. No que diz respeito ao custeio da Previdência Social, interferem diretamente os princípios e normas relativos ao sistema tributário nacional.
O Direito Previdenciário identifica-se também como o Direito do Trabalho. Por ser a maioria dos segurados da Previdência Social empregados, as alterações no campo de Direito do Trabalho trazem repercussões efetivas no Direito Previdenciário e vice-versa. Alguns exemplos: o salário-maternidade (beneficio previdenciário) e a licença à gestante (instituto do Direito do Trabalho); o afastamento do trabalho por doença nos primeiros quinze dias de afastamento gera obrigação ao empregador de pagar o salário e o restante à Previdência Social com a concessão do beneficio; o acidente do trabalho e a estabilidade provisória ao acidentado. O direito Previdenciário adota ainda alguns conceitos do Direito do Trabalho como empregado (art. 3º da CLT), empregador (art. 2º da CLT), remuneração (art. 457 da CLT) etc.
Com o Direito Civil, a relação do Direito Previdenciário se dá para a caracterização do estado das pessoas – filiação, casamento e sua dissolução; para a fixação dos conceitos de capacidade e incapacidade civil, emancipação, ausência e morte presumida, todos obtidos das normas do Código Civil. A relação com o Direito Civil se verifica, por exemplo, na responsabilidade do empregador pela ocorrência de acidente do trabalho.
Em relação ao Direito Tributário, os princípios e normas desse ramo do Direito são utilizados no Direito Previdenciário para suprimento das lacunas na legislação do custeio, trazendo daí os conceitos de contribuinte, responsabilidade por substituição, sub-rogação, solidariedade, etc.
Do Direito Comercial é aproveitada a classificação dos empresários como segurados obrigatórios, bem como a responsabilidade dos sócios gerentes pelo inadimplemento de obrigações perante a legislação do custeio. A escrituração contábil, objeto de estudo do Direito Comercial, é de extrema importância para a ação fiscal.
O Direito Previdenciário sofre influência do Direito Administrativo em função da atividade estatal desenvolvida pela autarquia gestora. Assim a organização da Previdência Social na estrutura do Poder Executivo, a expedição de atos administrativos - normativos ou não -, os direitos, deveres e obrigações dos servidores que atuam na autarquia previdenciária em relação aos beneficiários e contribuintes com que se relaciona.
O Direito Previdenciário utiliza-se do Direito Penal na ocorrência de prática de infração à legislação previdenciária para a caracterização da conduta do agente, se delito ou contravenção penal. Por meio desse ramo do Direito obtém-se a tipificação de condutas ilegais do ponto de vista criminal para aplicação no Direito Previdenciário.
O Direito Penal dispõe quais são os crimes praticados contra a Seguridade Social, como a sonegação do recolhimento das contribuições da seguridade social, a apropriação indébita, a falsidade material e ideológica.
Em relação ao Direito processual, o Direito Previdenciário utiliza-se de seus princípios para a aplicação no processo contencioso administrativo, de interesse de contribuinte ou beneficiário, para a consecução do principio maior, que é o devido processo legal.
A relação do Direito Previdenciário com o Direito Internacional é constatada por meio dos tratados e convenções internacionais sobre a matéria.
O Brasil mantém diversos tratados de direitos recíprocos quanto à previdência social com diversos países, entre eles Portugal, Espanha, /Argentina, Paraguai, Itália etc.
Há também relação do Direito Previdenciário com o Direito Financeiro, principalmente quanto à fixação da receita que irá para os cofres da Previdência Social.
3. FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Fonte do direito, segundo a maioria dos doutrinadores, se origina dos acontecimentos sociais, os quais vão determinar a criação das normas jurídicas. As fontes do direito se classificam em fontes materiais e fontes formais.
I - Fontes materiais – são os fatores sociais, econômicos e políticos que, em determinado momento, ou durante a evolução histórica de uma sociedade são responsáveis pela formação da norma jurídica.
II - Fontes formais – todas as fontes formais do Direito Previdenciário emanam do Estado, emboramovido por inúmeros fatores sociais, econômicos e políticos, o conjunto de normas do Direito Previdenciário contempla apenas as regras decorrentes da lei. Não se aplica, por exemplo, como fonte formal do Direito Previdenciário, o costume, pois, em se tratando de ramo do Direito Público, apenas as normas emanadas do Estado se aplicam às relações contribuinte/ente da arrecadação ou beneficiário/ente concessor do beneficio.
A Constituição é a fonte maior de hierarquia. E do texto constitucional que se retira o fundamento de validade das normas infraconstitucionais.
Dentro da hierarquia das normas, seguem-se as leis – complementares, ordinárias e delegadas – bem como as medidas provisórias. Sendo tanto o Regime Geral de Previdência Social quanto o Custeio da Seguridade Social matérias que envolvem a fixação de obrigações, há obrigatoriedade de que sua regulamentação seja feito pela via legal, em obediência ao principio da legalidade, estando atualmente regidas pelas Leis nº 8.212 e 8.213, de 24/07/91. Há, no entanto, preceitos que somente podem ser criados por meio de lei complementar, como no caso de novas contribuições sociais, conforme o art. 195, § 4º da Carta Magna.
No que diz respeito aos atos administrativos, são fontes formais do Direito Previdenciário: o decreto regulamentador das Leis de Custeio e Benefícios. Atualmente o Decreto 3.048/99; as portarias, instruções normativas e ordens de serviço do Ministério da Previdência Social e do Conselho de Recursos da Previdência Social; as instruções normativas, ordens de serviço e resoluções expedidas pelo INSS; os pareceres normativos emitidos pelos órgãos internos. Esses atos somente se constituem como fontes formais na medida em que não contrariem dispositivos constitucionais ou legais.
A jurisprudência não se caracteriza como fonte formal do direito. No Direito Público, a fonte primordial é a norma legislada, de modo que os órgãos judiciais, ainda que atuando na lacuna da lei, não criam direito, apenas decidem para suprimir a ausência de norma especifica.
Como a jurisprudência, a doutrina também não se caracteriza como fonte formal do Direito Previdenciário, já que ambas servem para eliminar dúvidas quanto à integração da norma.
A analogia, a equidade, os princípios gerais do Direito e o Direito Comparado não constituem fontes formais, mas critérios de integração da norma jurídica.

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