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Carta Testemunhavel

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___________________________________ Henriqueta Dettmer Menezes
 Advogada
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ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___________ - PARANÁ.
___________, já qualificado nos autos do processo crime que lhe move o Ministério Público, autos ___________, por seus advogados ao final subscrito, vem à presença de Vossa Senhoria, com fulcro no art. 639, inciso I do Código de Processo Penal, requerer a extração da CARTA TESTEMUNHÁVEL, arrolando as peças para traslado, por estar inconformado com a decisão de fls. ___, na qual foi negado seguimento ao recurso em sentido estrito.
Requer seja recebido e ordenado o processamento do presente recurso com as razões que se seguem, possibilitando ao ao recorrido a oportunidade para apresentação de contrarrazões.
Apresentadas as contrarrazões e uma vez ultrapassado o Juízo de Retratação, requer seja encaminhado ao E. Tribunal ad quem, para decisão. Requer-se, ainda, que Vossa Senhoria cumpra o presente pleito, fornecendo recibo da petição ao requerente. Requer-se o traslado das seguintes peças:
Decisão recorrida
Intimação da decisão recorrida
Petição do recurso
Despacho denegatório do recurso
Procuração
Outros documentos que julgar importantes
Nestes termos, pede deferimento.
___________, 01 de junho de 2016.
____________
Advogado
OAB/PR nº
RAZÕES DA CARTA TESTEMUNHÁVEL 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
Processo n.: ___________
Testemunhante: ___________
Testemunhado: Ministério Público
  
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara
 
I – Dos fatos
A sentença de pronúncia prolatada pelo d. magistrado em 02 de julho de 2014, aplicou a regra contida no artigo 585 do CPP, determinando o recolhimento do testemunhante à prisão, como condição para recorrer, tendo em vista tratar-se de reincidente.
Destarte, o magistrado não decretou a prisão preventiva, tendo apenas feito referência de que a prisão para recorrer seria compulsória, nos termos do referido artigo 585 do CPP.
O testemunhante, por meio do pertinente Recurso em Sentido Estrito, se insurgiu contra a decisão de pronúncia proferida nos autos da ação penal que responde por homicídio simples. 
Contudo, o recurso não foi conhecido pelo juízo a quo, sob o fundamento de que havia fato impeditivo ao conhecimento recursal, eis que o testemunhante não tinha se recolhido à prisão.
II – Dos fundamentos
2.1. Cabimento:
Conforme se pode perceber pela narrativa acima, tratou-se de ilegal decisão denegatória de recurso em sentido estrito, em face do que o art. 639, inciso I, do CPP admite expressamente a carta testemunhável.
Art. 639.  Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
2.2. Tempestividade:
A intimação da decisão denegatória do Recurso em Sentido Estrito se deu no dia 30 de junho de 2016. Assim, considerando que a presente Carta está sendo apresentada no dia 01 de junho de 2016, deve-se tê-la por tempestiva.
2.3. Do equívoco na denegação do Recurso no sentido Estrito:
Com a devida vênia do Juiz a quo, é fácil perceber que houve erro ao negar seguimento ao recurso interposto contra a decisão que determinou o recolhimento do testemunhante à prisão como condição para recorrer.
2.3.1. Da inconstitucionalidade e da revogação tácita do artigo 585 do CPP:
O artigo 585 do CPP, a exemplo do revogado art. 594 do CPP, condiciona o conhecimento do recurso à submissão do réu ao cárcere.
Há muito se questiona a constitucionalidade da disposição legal que impede o regular manejo da via recursal cabível enquanto o réu não se recolher à custódia cautelar que lhe fora imposta pelo juízo.
É notório, que o art. 585 do CPP não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, posto que viola os princípios da ampla defesa e da presunção de inocência (art. 5º, LV e LVII):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
[...]
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
[...]
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
Sendo a prisão decorrente da pronúncia cautelar, deve ela ser decretada apenas se presentes os requisitos do art. 312 do CPP. 
Ressalta-se ainda, que segundo referido no Informativo nº 579, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal reafirmou o direito de o réu recorrer em liberdade, entendendo no caso que o art. 585 do CPP encontra-se implicitamente revogado. Veja-se:
A Turma deferiu habeas corpus para expedir contramandado de prisão em favor de denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 121, § 2º, III e IV, do CP que, não obstante tivesse respondido à ação penal em liberdade — ante o excesso de prazo para o encerramento da instrução criminal —, tivera sua custódia decretada por ocasião da sentença de pronúncia. Asseverou-se que a segregação cautelar decorrente de pronúncia deve estar pautada em pelo menos um dos requisitos dispostos no art. 312 do CPP e que, no caso, o decreto prisional estaria lastreado apenas no fato de o paciente possuir maus antecedentes. Dessa forma, reputou-se inexistir qualquer elemento fático concreto apto a justificar a medida constritiva. Acrescentou-se que, com o advento da Lei 11.689/2008, tratando-se de réu solto, o juiz somente pode ordenar a sua prisão, quando inequivocamente presentes os já aludidos pressupostos do art. 312 do CPP, não mais subsistindo, para tanto, a análise isolada dos antecedentes do acusado (CPP, art. 413, § 3º). Determinou-se, como condição do contramandado, que o paciente se apresente em 10 dias à Vara do Júri da Comarca de Cataguases/MG, sob pena de revogação da medida. Por fim, concedeu-se a ordem, de ofício, para que seja recebido e processado o recurso em sentido estrito interposto pela defesa contra a pronúncia, cujo seguimento fora obstado, com base no art. 585 do CPP (“O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a admitir”), dado que o réu não teria se recolhido à prisão. Consignou-se que, com a reforma do CPP pela referida Lei 11.689/2008, o art. 585 do CPP encontrar-se-ia implicitamente revogado, uma vez que o réu somente deve se recolher ao cárcere se o magistrado assim entender necessário e desde que de modo motivado. HC 101244/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.3.2010. (HC-101244).
Dessa foma, não se pode condicionar o direito de recorrer da pronúncia, nas hipóteses em que houver decretação da custódia cautelar, ao prévio recolhimento do réu à prisão, pois essa exigência é incompatível com o princípio da ampla defesa. Nesse sentido:
[...] Concedendo-se, entretanto, 'habeas corpus', de oficio, para que, afastada a preliminar de não conhecimento por falta de recolhimento a prisão, prossiga o tribunal 'a quo', no julgamento do recurso em sentido estrito, como entender de direito. (STF - AI: 110226 PR, Relator: Min. OCTAVIO GALLOTTI, Data de Julgamento: 08/04/1986, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 09-05-1986).
Portanto, ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado do édito condenatório, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, e desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do Códigode Processo Penal.
Assim também entende o doutrinador Eugenio Pacelli de Oliveira, in verbis:
“Não há mais prisão decorrente do ato decisório, mas sim, prisão eventualmente mantida ou decretada fundamentalmente, nos respectivos atos processuais. Prisão concretamente necessária e acautelatória, portanto. E mais. Não se poderá negar conhecimento ao recurso eventualmente interposto pelo fato de não recolhimento do acusado à prisão, [...]”.�
Nesse sentido segue excerto da jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça:
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. APELO EM LIBERDADE. RÉU FORAGIDO. NÃO-CONHECIMENTO DO APELO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CARACTERIZAÇÃO. [...] 2. As normas processuais que estabelecem a prisão do réu como condição de admissibilidade do recurso de apelação são incompatíveis com o direito à ampla defesa, porque, às expressas, o é com todos os recursos a ela inerentes, não havendo falar, em caso tal, em prisão pena ou prisão cautelar. 3. É caso, pois, assim como o é também o da regra de deserção determinada pela fuga do réu, de conflito manifesto e intolerável entre a Lei e a Constituição, que se há de resolver pela não recepção ou inconstitucionalidade da norma legal, se anterior ou posterior à Lei Fundamental. 4. Ordem concedida. (STJ - HC: 89865 MG 2007/0207716-9, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 29/11/2007, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 17.12.2007 p. 350).
De outro modo, o fato do réu estar foragido também não é óbice para apreciação de seu recurso, segundo entendimento jurisprudencial, conforme segue:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO DA PRONÚNCIA COM FUNDAMENTO NO ART. 585 DO CPP. NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DO RÉU À PRISÃO. INADMISSIBILIDADE. DISPOSITIVO CONSIDERADO PELA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA COMO NÃO RECEPCIONADO PELO ATUAL ORDENAMENTO JURÍDICO. ORDEM CONCEDIDA. DECISÃO UNÂNIME. 1. A questão de direito objeto do presente writ cinge-se à análise da possível ilegitimidade da decisão do Magistrado a quo, que negou seguimento ao Recurso em Sentido Estrito interposto pela Defesa do paciente, fundamentando a negativa no disposto no art. 585, do CPP; 2. Evolução Jurisprudencial e Doutrinária que já vinha considerando inconstitucional esse não-recebimento do recurso em sentido estrito da pronúncia, ou da Apelação da Sentença, em face da fuga do réu, por violação ao princípio do duplo grau de jurisdição, entendimento sedimentado, inclusive, através da Súmula 347, do STJ; 3. A promulgação da Lei nº 11.719/2008, revogando o art. 594, do CPP, deixa clara a nova diretriz que segue o nosso ordenamento jurídico, em não mais admitir a vinculação do exercício do direito de recorrer à segregação do réu; 4. Ordem concedida para determinar à autoridade impetrada que proceda com um novo juízo de admissibilidade do Recurso em Sentido Estrito interposto pela Defesa do paciente, abstendo-se de utilizar o disposto no art. 585, do CPP, como fundamento para negar seguimento ao mencionado recurso. Acolhimento da pretensão que se restringe ao recebimento do recurso, mantendo-se a prisão preventiva, cujo fundamento não é objeto de apreciação do presente writ. Decisão Unânime. (TJ-PE - HC: 738420098171140 PE 0003902-30.2011.8.17.0000, Relator: Antônio de Melo e Lima, Data de Julgamento: 13/04/2011, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 84/2011).
RECURSO - SUBMISSÃO À CUSTÓDIA - INEXIGIBILIDADE. Descabe condicionar o recurso ao recolhimento do recorrente à prisão. O artigo 594 do Código de Processo Penal - hoje revogado pela Lei nº 11.719/08 - não foi agasalhado pela ordem jurídico-constitucional de 1988. (STF, Tribunal Pleno, HC 90279-DF, rel. min. Marco Aurélio, DJe 21-08-2009).
Dessa forma o recebimento do recurso interposto é medida que se impõe.
III - Pedido
Isso posto requer seja conhecida e provida a presente Carta Testemunhável, porquanto tempestivo e pertinente à hipótese em vertente, maiormente em razão dos fundamentos lançados na presente peça recursal, determinando este E. Tribunal o processamento do Recurso em Sentido Estrito.
Nestes termos, pede deferimento.
___________, 01 de junho de 2016.
____________
Advogado
OAB/PR nº
� OLIVEIRA, Eugenio Pacelli de. Curso de processo penal. 18ª ed. São Paulo, Atlas, 2014 p. 690-691).
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