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QUESTÕES DE SEGUNDA FASE EXAME UNIFICADO WWW.PROVASDAOAB.COM.BR DIREITO CIVIL 1 1 Instruções: A presente apostila é composta de questões práticas de Direito Civil extraídas dos Exames Unificados aplicados pela Organizadora FGV com suas respectivas respostas. Sugerimos que tente respondê-las sem a consulta aos gabaritos, servindo estes apenas para conferência e correção. Confira as respostas e revise as questões que por ventura você tenha errado, pois esta é uma ótima maneira de aprender e fixar os conteúdos estudados. Bons Estudos e Boa prova! Equipe ProvasdaOab.com.br 2 QUESTÃO 1 Em março de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomésticos e adquiriu, para uso pessoal, um forno de microondas. Ao ligar o forno pela primeira vez, o aparelho explodiu e causou sérios danos à sua integridade física. Desconhecedor de seus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para propor ação de reparação contra a fabricante do produto, o que somente ocorreu em junho de 2010. Em sua sentença, o juiz de primeiro grau acolheu o argumento da fabricante, julgando improcedente a demanda com base no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual “o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: (...) II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.” Afirmou, ademais, que o autor não fez prova do defeito técnico do aparelho. Com base nas normas do Código de Defesa do Consumidor, analise os fundamentos da sentença. Comentários: De início, é preciso observar que se trata de fato do produto, e não de vício; deste modo, o prazo aplicável não é o previsto no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, mas o do art. 27, que é de cinco anos: “prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria”. Trata-se de responsabilidade por fato do produto porque o aparelho de microondas explodiu e causou danos à integridade física do consumidor. Deste modo, relevante destacar que se fala em responsabilidade por fato quando o produto ou serviço causa dano ao QUESTÕES DE SEGUNDA FASE EXAME UNIFICADO CAPÍTULO 2 3 consumidor (CDC, art. 12). Por outro lado, falamos em responsabilidade por vício (CDC, art. 18) quando o produto possui defeito de qualidade ou quantidade que o torne impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina ou lhe diminua o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, como a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária. Nesse contexto, tratando-se de responsabilidade por fato do produto, deve-se observar ainda o disposto no art. 12, caput e parágrafo 3o do CDC. Segundo o mencionado § 3o, o fornecedor somente não será responsabilizado se provar: I) que não colocou o produto no mercado; II) que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito não existe; III) a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ademais, prevê o art. 6o, VIII, do CDC que é direito básico do consumidor a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. No caso em apreço, portanto, além do equívoco acerca do prazo decadencial, o julgador também se equivoca ao afirmar categoricamente que o autor não fez prova do defeito técnico do aparelho, quando, na realidade, deveria lhe ter oportunizado a inversão do ônus da prova. Observe-se que o Código de Defesa do Consumidor prevê que “a hipossuficiência relaciona-se à possibilidade real de o consumidor poder se desincumbir do fardo probatório. Partindo-se da concepção de que o consumidor é a parte mais frágil da relação de consumo, verifica-se que este nem sempre disporá dos meios necessários à prova de suas alegações, estando o fornecedor mais capacitado para a produção da prova, existindo hipóteses em que seria até mesmo impossível para o consumidor produzi-la. Assim, para efetivar o mandamento constitucional de proteção ao consumidor, o CDC impõe 4 que, presentes os requisitos previstos em seu art. 6o, VIII, o magistrado inverta o ônus da prova” (SOARES, Ana Carolina Trindade. A proteção do contratante vulnerável: estudo em uma perspectiva civil-constitucional. Maceió: Edufal, 2009, p. 105). Portanto, incorreta a decisão examinada, seja por que o magistrado se equivoca ao tratar o caso como hipótese de vício, quando se trata de responsabilidade por fato do produto, cujo prazo decadencial é de cinco anos; seja por que não aplicou o disposto no art. 6o do CDC, invertendo o ônus da prova em favor do consumidor. QUESTÃO 2 Lúcio, viúvo, sem herdeiros necessários, fez disposição de última vontade no ano de 2007. Por esse negócio jurídico atribuía à sua sobrinha, Amanda, a propriedade sobre bem imóvel na cidade de Aracajú/SE, gravando-o, contudo, com cláusula de inalienabilidade vitalícia. Em 2009, após o falecimento de seu tio, Amanda aceita e torna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela disposição, que foi registrada no ofício do registro de imóveis competente. Ocorre que agora, em 2010, há necessidade de Amanda alienar esse imóvel, tendo em vista ter recebido uma excelente proposta de compra do referido bem. Diante disso, como advogado de Amanda, responda se isso é possível e, em caso positivo, quais as medidas judiciais cabíveis? Justifique e fundamente sua resposta. Comentários: A teor do disposto no parágrafo único do art. 1.911, do Código Civil, c/c art. 1.112 do Código de Processo Civil, é possível a alienação do bem herdado com cláusula de inalienabilidade, desde que por conveniência econômica do herdeiro, e mediante autorização judicial, em processo de jurisdição voluntária. Todavia, é de se observar que o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições impostas aos primeiros. 5 Neste sentido esclarece Maria Berenice Dias (Manual das Sucessões. São Paulo: RT, 2008, p. 278): “a possibilidade de o testador clausular sua herança não é absoluta. Recaindo a restrição sobre determinado bem, existe a possibilidade de as restrições serem transferidas para outros bens”, desde que demonstrada justa causa (CC, art. 1.848, § 2o, conveniência econômica (CC, art. 1.911, parágrafo único), e que o produto da venda converta-se em outros bens que ficam sub-rogados com o ônus. Sob a perspectiva processual, impende observar que, autorizada a venda, o valor obtido passa a garantir a subsistência do herdeiro. O numerário fica depositado em juízo e mensalmente é expedido alvará autorizando o levantamento do valor necessário para garantir a sobrevivência do titular do bem. Por último, destaque-se novamente que a demanda de sub- rogação é de jurisdição voluntária, não se submete ao juízo do inventário e não cabe a citação nem do testamenteiro nem do inventariante ou dos herdeiros. QUESTÃO 3 Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhorado um imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que o imóvel seja submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão? Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado. Considere que não há outros pretendentes ao bem penhorado. Comentários: A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, 6 oferecendo preçonão inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais interessados na adjudicação (§ 3o). Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil. QUESTÃO 4 Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. Dois anos depois de pactuada a locação, Jonas ingressa com Ação Revisional de Aluguel argumentando que o valor pago nas prestações estaria muito acima do praticado pelo mercado, o que estaria gerando desequilíbrio no contrato de locação. A ação foi proposta sob o rito sumário e o autor não requereu a fixação de aluguel provisório. Foi designada audiência, mas não foi possível o acordo entre as partes. Considere que você é o (a) advogado (a) de Vera. Descreva qual a medida cabível a fim de defender os interesses de Vera após a conciliação infrutífera, apontando o prazo legal para fazê-lo e os argumentos que serão invocados. Comentários Neste caso, a medida judicial cabível é a contestação, que deve ser apresentada na própria audiência, após eventual conciliação 7 infrutífera, consoante prevê o art. 68, I e IV, da Lei n.o 8.245/91 (Lei do Inquilinato), c/c o art. 278 do Código de Processo Civil. O advogado deve atentar à observância da preliminar de carência da ação, tendo em vista que a referida Lei de Locações aduz que as ações que visem à revisão judicial de aluguel somente poderão ser propostas depois de transcorrido o triênio da vigência do contrato (Art. 19 da Lei no 8.245/91). Nesse aspecto, por ser uma condição específica da ação, a sua não observância leva à extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art. 267, inciso VI do CPC. Deste modo, incorreta a resposta que analisa o mérito (valor do aluguel) sem enfrentar a referida preliminar. QUESTÃO 5 Marlon, famoso jogador de futebol, é contratado para ser o garoto propaganda da Guaraluz, fabricante de guaraná natural. O contrato de prestação de serviços tem prazo de três anos, fixando-se uma remuneração anual de R$ 50.000,00. Contém, além disso, cláusula de exclusividade, que impede Marlon de atuar como garoto- propaganda de qualquer concorrente da Guaraluz, e cláusula que estipula o valor de R$ 10.000,00 para o descumprimento contratual, não prevendo direito a indenização suplementar. Durante o primeiro ano de vigência do contrato, Marlon recebe proposta para se tornar garoto propaganda da Guaratudo, sociedade do mesmo ramo da Guaraluz, que oferece expressamente o dobro do valor anual pago pela ‘concorrente’. Marlon aceita a proposta da Guaratudo, descumprindo a cláusula de exclusividade contida no seu contrato anterior. Pelo descumprimento, Marlon paga à Guaraluz o montante de R$ 10.000,00, estipulado. Como advogado consultado pela Guaraluz, responda: I. Se o prejuízo da Guaraluz for superior a R $ 10.000,00, será possível obter, de Marlon, judicialmente, a reparação integral do dano sofrido? II. Além do valor pago por Marlon, a Guaraluz tem direito a receber alguma indenização por parte da Guaratudo? 8 Comentários De início, necessário observar que, mesmo restando demonstrado prejuízo superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), a Guaraluz não poderá cobrar de Marlon um valor maior a título de cláusula penal, uma vez que não houve convenção acerca de indenização suplementar, na forma do disposto no art. 416, parágrafo único do Código Civil, segundo o qual, ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Por outro lado, caso tivesse havido convenção, a pena valeria como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. A Guaratudo, por sua vez, deve indenização à Guaraluz no valor que seria devido por dois anos de contrato, tendo em vista que houve a prática de aliciamento prevista no art. 608 do Código Civil: “aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos”. Note-se, ademais, que aplicam-se ainda ao caso o princípio contratuais da boa-fé objetiva, da função social do contrato, do equilíbrio e da responsabilidade contratual de terceiro. 9 DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL QUESTÃO 1 Maria, casada em regime de comunhão parcial de bens com José por 3 anos, descobre que ele não havia lhe sido fiel, e a vida em comum se torna insuportável. O casal se separou de fato, e cada um foi residir em nova moradia, cessando a coabitação. Da união não nasceu nenhum filho, nem foi formado patrimônio comum. Após dez meses da separação de fato, Maria procura um advogado, que entra com a ação de divórcio direto, alegando que essa era a visão moderna do Direito de Família, pois, ao dissolver uma união insustentável, seria facilitada a instituição de nova família. Após a citação, João contesta, alegando que o pedido não poderia ser acolhido, uma vez que ainda não havia transcorrido o prazo de dois anos da separação de fato exigidos pelo artigo 40 da Lei 6.515/77. Diante da hipótese apresentada, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Nessa situação é juridicamente possível que o magistrado decrete o divórcio, não obstante não exista comprovação do decurso do prazo de dois anos da separação de fato como pretende Maria, ou João está juridicamente correto, devendo o processo ser convertido em separação judicial para posterior conversão em divórcio? (Valor: 0,65) b) Caso houvesse consenso, considerando as inovações legislativas, o ex- casal poderia procurar via alternativa ao Judiciário para atingir o seu objetivo ou QUESTÕES DE SEGUNDA FASE IV EXAME CAPÍTULO 3 10 nada poderia fazer antes do decurso dos dois anos da separação de fato? (Valor: 0,6) RESPOSTAS A) No caso, deve-se observar que a disciplina legal do divórcio foi alterada pela Emenda Constitucional n.o 66/2010, que deu nova redação ao art. 226, § 6o da Constituição Federal, excluindo a exigência do prazo de dois anos de separação de fato para o divórcio direto. Deste modo, é juridicamente possível que o magistrado decrete o divórcio, mesmo não havendo demonstração do decurso do prazo de dois anos de separação de fato, não sendo necessária, portanto, a prévia separação judicial, com posterior conversão em divórcio. Ademais, tratando-se de alteração de dispositivo constitucional, é de se observar que este prevalece sobre o disposto no art. 40 da Lei n.o 6.515/77, que foi revogado tacitamente. B) Caso houvesse consenso, o ex-casal poderia realizar o divórcio consensual em cartório, haja vista o disposto no art. 1.124-A, do Código de Processo Civil (acrescentado pela Lei n.o 11.441/2007), que passou a possibilitar o divórcio extrajudicial, por meio de escritura pública. Diante disso, como José e Maria não têm filhos menores, e diante da alteração promovida pela EC 66/2010, poderiam dissolver o casamento por meio do divórcio direto em cartório, sem a necessidade de esperar pelo prazo de dois anos da separação de fato. QUESTÃO 2 Valter, solteiro, maior e capaz, proprietário de um apartamento,lavrou, em 2004, escritura pública por meio da qual constituiu usufruto vitalício sobre o referido imóvel em favor de sua irmã, Juliana, solteira, maior e capaz. Em seguida, promoveu a respectiva averbação junto à matrícula do Registro de Imóveis. Em 2005, Juliana celebrou com Samuel contrato escrito de aluguel do apartamento pelo prazo de um ano. Concluído o prazo, Samuel restituiu o imóvel a Juliana, que passou a ocupá-lo desde então. Em janeiro de 2011, Valter veio a falecer sem deixar testamento, sendo único herdeiro seu filho Rafael, solteiro, 11 maior e capaz. Diante disso, Rafael procura Juliana, a fim de que ela desocupe o imóvel. Diante da situação descrita, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Poderia Juliana ter alugado o apartamento a Samuel? (Valor: 0,65) b) Está Juliana obrigada a desocupar o imóvel em razão do falecimento de Valter? (Valor: 0,6) RESPOSTAS A) Com base no disposto no art. 1.393, do Código Civil, poderia Juliana ter alugado o apartamento a Samuel, pois, segundo o referido dispositivo, “não se pode transferir o usufruto por alienação; mas seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”. Deste modo, como Juliana é usufrutuária do imóvel, pode transferir o seu uso temporário a terceiros por meio de contrato de aluguel. B) As hipóteses de extinção do usufruto estão dispostas no art. 1.410, I e II, do Código Civil, que prevê a necessidade do cancelamento do registro no Cartório de Registro Civil. No caso em perspectiva, Juliana não está obrigada a desocupar o imóvel em razão do falecimento de Valter, pois, de acordo com o inciso I, do art. 1.410 do CC, não é o falecimento do nu- proprietário causa de extinção do usufruto, mas o falecimento do usufrutuário, o que não ocorreu na hipótese. Nesse sentido, o usufruto permanecerá em favor de Juliana, passando Rafael a ser nu-proprietário. QUESTÃO 3 Lírian, dona de casa, decide fazer compras em determinado dia e, para chegar ao mercado, utiliza seu carro. Ocorre que, logo após passar por um movimentado cruzamento da cidade de Londrinópolis e frear seu carro obedecendo à sinalização do local que indicava a necessidade de 12 parar para que pedestres atravessassem, Lírian tem seu veículo atingido na traseira por outro veículo, dirigido por Danilo. Como Danilo se recusa a pagar voluntariamente os prejuízos gerados a Lírian, resolve ela ajuizar ação indenizatória em face de Danilo, pelo rito comum sumário, que considera mais célere e adequado, uma vez que não deseja realizar prova pericial, com a finalidade de receber do réu a quantia correspondente ao valor de cento e vinte salários mínimos. Ocorre que Danilo acredita só ter batido no carro de Lírian porque, instante antes, Matheus bateu no seu carro, gerando um engavetamento. Por tal razão e temendo ter que reparar Lírian pelos prejuízos gerados, Danilo resolve fazer uma denunciação da lide em face de Matheus com a finalidade de agir regressivamente contra ele em caso de eventual condenação. Diante da situação descrita, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Agiu corretamente Lírian ao optar pelo ajuizamento da ação indenizatória segundo o rito comum sumário? (Valor: 0,75) b) Agiu corretamente Danilo ao realizar a denunciação da lide em face de Matheus? (Valor: 0,5) RESPOSTAS . A) Lírian agiu corretamente ao optar pelo ajuizamento da ação indenizatória segundo o rito comum sumário, pois não existe, no caso, necessidade de produção de prova pericial complexa, o que encontra arrimo no disposto no art. 275, II, d, do Código de Processo Civil, que permite a busca de indenização em decorrência de danos ocorridos em acidentes envolvendo veículo de via terrestre, não fazendo qualquer ressalva quanto ao valor pretendido pelo autor. . B) Por outro lado, Danilo não agiu corretamente ao realizar a denunciação da lide em face de Matheus, pois tal espécie de intervenção de terceiro é expressamente vedada pelo art. 280 do CPC em ações que observem o rito comum sumário. 13 QUESTÃO 4 A arquiteta Veronise comprou um espremedor de frutas da marca Bom Suco no dia 5 de janeiro de 2011. Quarenta dias após Veronise iniciar sua utilização, o produto quebrou. Veronise procurou uma autorizada e foi informada de que o aparelho era fabricado na China e não havia peças de reposição no mercado. No mesmo dia, ela ligou para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa. A orientação foi completamente diferente: o produto deveria ser levado para o conserto. Passados 30 dias da ocasião em que o espremedor foi encaminhado à autorizada, o fabricante informou que ainda não havia recebido a peça para realizar o conserto, mas que ela chegaria em três dias. Como o problema persistiu, o fabricante determinou que a consumidora recebesse um espremedor novo do mesmo modelo. Diante da situação apresentada, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) O caso narrado caracteriza a ocorrência de qual instituto jurídico, no que se refere ao defeito apresentado pelo espremedor de frutas? (Valor: 0,5) b) Como advogado (a) de Veronise, analise a conduta do fornecedor, indicando se procedeu de maneira correta ao deixar de realizar o reparo por falta de peça e determinar a substituição do produto por um novo espremedor de frutas. (Valor: 0,75) RESPOSTAS . A) Trata-se de vício do produto, consoante prevê o art. 18 do Código de Defesa do Consumidor: “os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes 14 viciadas”. No caso, o defeito contido no espremedor de frutas o torna inadequado ao consumo a que se destina, o que caracteriza vício de qualidade, não havendo que se falar, portanto, em fato do produto, conforme evidencia a tabela abaixo: . B) Prevê o art. 32 do Código de Defesa do Consumidor que o fabricante deve manter peças de reposição no mercado. Todavia, no caso em tela, como se passaram mais de 30 dias desde que o produto foi submetido a conserto, cabe ao consumidor decidir se quer a troca do produto, abatimento no preço ou devolução do dinheiro, nos termos do art. 18, parágrafos 1o e 3o do CDC. Deste modo, equivocou-se o fornecedor ao determinar, sem prévia consulta à consumidora, a substituição do produto, pois o mencionado dispositivo legal possibilita ao consumidor a escolha. 15 QUESTÃO 1 Cristina dos Santos desapareceu após uma enchente provocada por uma forte tempestade que assolou a cidade onde morava. Considerando estar provada a sua presença no local do acidente e não ser possível encontrar o corpo de Cristina para exame, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Trata-se de hipótese de morte presumida? (Valor: 0,65) b) Qual é o procedimento para realização do assento de óbito de Cristina? (Valor: 0,60) R E S P O S T A S A) Sim, pois a situação descrita enquadra-se na previsão do art. 7o, I, do Código Civil Brasileiro, o qual permite a decretação da morte presumida quando for “extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida”. De acordo com o parágrafo único do mencionado artigo, “A B) O procedimento para a declaraçãodo óbito de Cristina está previsto no art. 88 da Lei de Registros Públicos (Lei 6015/73), que estabelece a necessidade de justificação para o assento de óbito em QUESTÕES DE SEGUNDA FASE V EXAME UNIFICADO CAPÍTULO 4 16 casos tais. A justificação mencionada na Lei de Registros Públicos deve seguir o rito dos arts. 861 a 866 do CP QUESTÃO 2 Fabrício, morador de Vitória-ES, de passagem em São Paulo por motivo de trabalho, aproveita a estada na cidade para comprar presentes para sua namorada na loja Ana Noris Moda Feminina. Realiza o pagamento por meio de cheque no valor de R$ 3.560,00 (três mil quinhentos e sessenta reais). Depositado na instituição bancária, o cheque é devolvido por falta de provisão de fundos. A pessoa jurídica ingressa com a execução, nos termos da lei. Fabrício foi regularmente citado, e tal informação foi juntada aos autos em trâmite no juízo deprecante na mesma data. Vinte dias depois, a carta precatória devolvida pelo juízo deprecado é juntada aos autos, e o executado opõe embargos quinze dias depois. Fabrício alegou em sua defesa não ser executivo o título apresentado e que há excesso na execução, deixando de juntar o valor que entendia correto. Com base na situação-problema, responda às indagações abaixo com base na legislação vigente. a) Como advogado(a) da Ana Noris Moda Feminina, intimado a se manifestar sobre os embargos, o que alegaria? (Valor: 0,65) b) Suponha que o juiz tenha atribuído efeito suspensivo aos embargos. Requerida a revogação, o juiz mantém o efeito, mesmo tendo sido demonstrado inequívoco o risco de lesão irreparável. Como advogado(a), qual medida adotaria? Informe o prazo e procedimento. (Valor: 0,60) declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.” R E S P O S T A S A) Na qualidade de advogado da exeqüente, deveriam ser feitas as 17 seguintes alegações: i) os embargos são intempestivos, pois o prazo para a sua propositura é de 15 (quinze) dias a contar da juntada, nos autos do Juízo Deprecante, da informação prestada pelo Juízo Deprecado a respeito da citação, conforme disciplina o art. 738, §2o, do CPC, o que no caso em questão aconteceu no mesmo dia da citação; ii) o cheque é título executivo extrajudicial dada a previsão contida no art. 585, I, do CPC; iii) os embargos devem ser liminarmente rejeitados pois, apesar de alegar excesso de execução, o embargante não apresentou o valor que entendia correto, desobedecendo o comando do art. 739-A, §5o, do CPC. B) A decisão judicial em tela deve ser combatida por meio de agravo, na modalidade agravo de instrumento, devido ao risco de lesão irreparável. O agravo de instrumento deve ser proposto no prazo de dez dias a contar da intimação da decisão, em petição dirigida ao Tribunal ad quem, com observância do disposto nos arts. 522 a 526 do CPC. QUESTÃO 3 Em ação de execução de alimentos, foi decretada a revelia de Francisco, que somente ingressou na ação dois meses após a publicação da decisão que determina a penhora do imóvel e do veículo automotor de sua propriedade, insurgindo-se contra a contrição patrimonial sob o argumento de bem de família, pois se trata de imóvel destinado a sua moradia, não obstante nele residir sozinho, e o automóvel ser utilizado como táxi. Igor, o exequente, tem conhecimento de que Francisco, seu pai, recebera, como herança, outros bens imóveis, todavia, com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade. a) Há possibilidade de arguição extemporânea de Francisco e oposição de impenhorabilidade no caso acima relatado? Fundamente. (Valor: 0,60) b) Os bens indicados são considerados impenhoráveis? Fundamente. (Valor: 0,65) 18 R E S P O S T A S A) A impenhorabilidade do bem de família (Lei 8009/90) e dos instrumentos necessários ao exercício da profissão (art. 649, V, CPC) são matérias de ordem pública e podem ser alegadas a qualquer tempo no processo de execução, a não ser, é claro, que já tenha sido concretizada a expropriação dos bens, razão pela qual não se revela extemporânea a oposição de Francisco. Vale pontuar, a respeito do caso tratado na questão, que o fato de Francisco residir sozinho no imóvel não retira a sua natureza de bem de família, conforme entendimento consolidado da Súmula 364 do STJ (“o conceito de impenhorabilidade do bem de família se estende também ao imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas ou viúvas.”) B) Apesar do imóvel se enquadrar no conceito de bem de família e do táxi servir como instrumento de trabalho, não procede a alegação de impenhorabilidade feita por Francisco, pois tal alegação não pode ser utilizada para se esquivar do pagamento do credor de pensão alimentícia, como é o caso do exequente, filho de Francisco, tendo em vista o disposto no art. 3o, III, da Lei 8009/90 e 649, V, §2o, do CPC. QUESTÃO 4 Maria, funcionária de uma empresa transnacional, foi transferida para trabalhar em outro país e, por isso, celebrou contrato de compra e venda de seu apartamento com João, prevendo que Maria poderia resolver o contrato no prazo de um ano, desde que pagasse o preço recebido pelo imóvel e reembolsasse as despesas que João tivesse com ele. O referido contrato de compra e venda foi devidamente levado ao registro de imóveis com atribuição para tal. Nesse período, João vendeu o apartamento para Mário, que tinha conhecimento de que ainda estava no prazo de Maria retomar o imóvel e lá foi residir com sua esposa. Contudo, Maria retornou ao Brasil antes do período de um ano estipulado e, ao 19 ter ciência de que o novo proprietário do apartamento era Mário, notificou-o de que desejaria retomar o imóvel, com o pagamento do valor do imóvel mais as despesas realizadas. Mário, porém, recusou o recebimento das quantias, afirmando que o contrato sujeito à cláusula resolutiva foi pactuado com João, não vinculando a terceiros. Responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Assiste razão a Mário? (Valor: 0,75) b) Qual deverá ser o procedimento adotado por Maria a partir da recusa de Mário em receber a quantia? (Valor: 0,50) RESPOSTAS A) Não. No caso em questão, verifica-se a existência de contrato de compra e venda com cláusula de retrovenda, nos termos do art.505 do Código Civil, devidamente levado a registro, o que traz a presunção de conhecimento por parte de terceiros. Com base no que preceitua o art. 507 do Código Civil, Mário fica vinculado à cláusula de retrovenda estipulada por Maria e João, não lhe assistindo razão em se opor a ela, desde que Maria pague o preço recebido e reembolse as despesas. B) Maria deverá ingressar com ação de consignação em pagamento, fundada no art. 890 do CPC, já que Mário apresentou recusa injus 20 QUESTÃO 1 Fábio, em junho de 2006, dirigindo embriagado e sem habilitação, causou, com culpa exclusiva sua, um acidente de trânsito no qual danificou o carro de Marly e lesionou gravemente o passageiro Heron, sobrinho de Marly, com 12 anos de idade. Logo em seguida, no mesmo mês, pretendendo resguardar seu patrimônio de uma possível ação judicial a ser intentada por Marly e/ou Heron para compensação dos danos sofridos, Fábio transmitiu todos os seus bens, gratuitamente, a Antônio, um amigo de longa data que, mesmo sabendo da intenção maliciosa de Fábio, concordou em auxiliá-lo. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada: a) O negócio jurídico está eivado por qual vício? Fundamente. (Valor: 0,65) b) Qual a ação de que podem se valer Marly e Heron para pleitear a anulação do negócio jurídico realizado por Fábio? Fundamente. (Valor: 0,3) c) Em junho de 2011 já teria escoado o prazo, tantopara Marly quanto para Heron, para ingressarem em juízo? (Valor: 0,3) RESPOSTAS a) Sim. A transmissão gratuita de todos os bens de alguém a terceiro configura fraude contra credores, pois gera a insolvência daquele que efetua a transmissão, e é causa de anulabilidade do negócio jurídico. O vício da fraude contra credores tem previsão no art. 158 do Código Civil Brasileiro, que assim dispõe: SEGUNDA FASE VI EXAME UNIFICADO CAPÍTULO 5 21 “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.” (destaquei). b) A ação cabível para pleitear a anulação de negócio jurídico viciado pela fraude contra credores é a ação anulatória, revocatória ou pauliana. Por meio dela, possibilita-se ao credor invalidar atos jurídicos capazes de fraudar a garantia genérica de satisfação da dívida, que é justamente o patrimônio do devedor. A ação pauliana ou revocatória poderá ser proposta contra “o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.” (art. 161, CC). Seus requisitos específicos são: (i) a anterioridade do crédito do autor da ação em relação à data da prática do ato fraudulento; (ii) o ato jurídico que se pretende ver anulado deve ter levado o devedor à insolvência (eventus damni), prejudicando o credor quirografário; (iii) intenção de fraudar (consilium fraudis) c) De acordo com o art. 178, II, do Código Civil, “é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado” no caso da fraude contra credores, “do dia em que se realizou o negócio.” Vale destacar que a questão sob análise refere-se dois credores: Heron (com doze anos de idade em2006) e Marly (sem referências a respeito de sua idade).Considerando que a questão não traz nenhuma informação capaz de levar à conclusão de que haveria alguma causa interruptiva do prazo decadencial no que diz respeito à Marly, o prazo decadencial flui normalmente para ela, consumando-se em junho de 2010 (data do fato – junho de 2006 + 04 anos – prazo do art. 178, II, CC).Em relação a Heron, a situação é diversa, pois ele tinha doze anos 22 de idade na época do fato, ou seja, era absolutamente incapaz (art. 3o, I, CC). Por esse motivo, o pRazo decadencial não corre contra ele (sequer começa a fluir), conforme prescreve o art. 208 c/c art. 198, I, ambos do Código Civil. Somente em 2010, quando Heron deixar de ser absolutamente incapaz (o que, pelo critério etário, ocorrerá quando ele completar 16 anos e tornar-se relativamente incapaz) é que o prazo decadencial de quatro anos começará a fluir. Diante do exposto, conclui-se que em junho de 2011 já havia operado a decadência do direito de propor a ação pauliana para Marly, mas não para Heron. QUESTÃO 2 Paulo, maior e capaz, e Eliane, maior e capaz, casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens no ano de 2004. Nessa ocasião, Paulo já havia herdado, em virtude do falecimento de seus pais, um lote de ações na Bolsa de Valores, cujo montante atualizado corresponde a R$ 50.000,00, sendo certo que Eliane, à época, não possuía bens em seu patrimônio. No ano de 2005, nasceu João, filho do casal. Em 2006, Paulo vendeu as ações que havia recebido e, com o produto da venda, comprou um automóvel de igual valor. Em 2007, Paulo foi contemplado com um prêmio de loteria no valor atualizado de R$ 100.000,00, que se mantém depositado em conta bancária. Agora, no ano de 2012, o casal, pretendendo se divorciar mediante a lavratura de escritura pública, decide consultar um advogado. Na condição de advogado(a) consultado(a) por Paulo e Eliane, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Pode o casal divorciar-se por meio de lavratura de escritura pública? (Valor: 0,6) 23 b) A respeito da partilha de bens em caso de divórcio do casal, qual(is) bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de Eliane e qual(is) bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de Paulo? (Valor: 0,65) RESPOSTAS a) O casal não poderá se divorciar por meio da lavratura de escritura pública, pois o art. 1124-A do Código de Processo Civil somente abre tal possibilidade para os casais que não tenham filhos menores ou incapazes. Na questão, faz-se referência ao filho João, nascido em 2005, fato que inviabiliza a realização do divórcio da maneira pretendida por Paulo e Eliane. b) No regime de comunhão parcial de bens, comunicam-se entre os cônjuges os bens havidos na constância do casamento, inclusive aqueles adquiridos “por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;” (CC, 1660, II), como é o caso do prêmio de loteria. Todavia,excluem-se da comunhão, entre outros, os bens “que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; (CC, 1659, I), como é o caso do automóvel adquirido com o dinheiro resultante da venda de ações herdadas por Paulo. Diante de tais regramentos e da situação apresentada, é válido concluir que Paulo ficará com o automóvel e com metade do prêmio de loteria, ao passo que Eliane ficará apenas com metade do prêmio de loteria. QUESTÃO 3 O Banco Dinheiro a Todo Instante S.A. propõe ação de execução baseada em título executivo extrajudicial em face de José Raimundo dos Santos, no valor de R $ 15.000,00 (quinze mil reais), distribuída em 16 de julho de 2010. O executado possuía alguns bens, entre eles dois automóveis, uma pequena lancha, um único imóvel, além de investimentos financeiros. Prosseguindo na execução, a instituição financeira pleiteia ao magistrado, nos termos do artigo 655-A do CPC, 24 a penhora on-line dos ativos financeiros existentes em nome do executado. O juiz, por sua vez, negou o pedido afirmando que, de acordo com o princípio do menor sacrifício do executado, disposto no artigo 620 do Código de Processo Civil, devem ser esgotados todos os meios possíveis e lícitos para que sejam nomeados à penhora outros bens que garantam o processo de execução. Irresignada, a instituição agrava da decisão, e o desembargador relator, em decisão monocrática, mantém a posição do juízo de primeiro grau. Um agravo interno é interposto, e a decisão é novamente mantida pelo órgão colegiado. Diante do caso concreto responda fundamentadamente: A) Assiste razão à instituição bancária? É possível, portanto, realizar a penhora on-line no caso concreto? (Valor: 0,65) B) Admitindo que não haja obscuridade, contradição ou omissão no acórdão, e que existam precedentes em sentido contrário em outro tribunal do país, qual seria o recurso cabível? Fundamente indicando o dispositivo legal pertinente. (Valor: 0,6) RESPOSTAS a) A instituição bancária tem razão ao pleitear a realização da penhora on-line dos ativos financeiros de maneira preferencial a outros bens, pois o art. 655 do Código de Processo Civil, desde a mudança promovida pela Lei 11.382/2006, dispõe que “a penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I – dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira”. No art. 655-A do mesmo diploma legal está previsto que “Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, b) O recurso cabível contra o acórdão que manteve a decisão monocrática do relator é o Recurso Especial, dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, fundado na divergência jurisprudencial. Com efeito, revela-se cabível o Recurso Especial quando a decisão recorrida “der a lei federal interpretaçãodivergente da que lhe haja atribuído outro tribunal” (art. 105, III, “a”, da Constituição Federal). 25 No caso, o dissídio jurisprudencial recai sobre a interpretação a ser dada aos arts. 655 e 655-A do Código de Processo Civil. QUESTÃO 4 Frederico propôs ação de restituição de indébito em face da sociedade de telecomunicações X sob o rito ordinário. Na peça inaugural expôs os elementos que entendia serem autorizadores da concessão antecipada dos efeitos da tutela, requerendo a concessão da medida inaudita altera pars a fim de que se cessasse a cobrança indevida. No despacho liminar, o juiz determinou apenas a citação do réu. Na réplica, foi reiterado o pedido de antecipação de tutela. Por se tratar de questão meramente de direito e estando a causa madura, o juiz julgou antecipadamente a lide, julgando procedente o pedido. Com base em tal situação, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Considerando que o juiz deixou de apreciar o pedido de antecipação de tutela, explique fundamentadamente qual medida deve ser tomada para que haja manifestação sobre a antecipação de tutela na sentença. (Valor: 0,65) b) Na hipótese do enunciado, considere ser você o(a) advogado(a) da ré, que, tempestivamente, requereu a produção de provas em audiência, o que foi negado pelo julgador antes da aplicação do art. 330, I, do CPC. Aponte qual medida jurídica deve ser tomada a fim de questionar tal negativa, descrevendo o prazo para ajuizá-la. (Valor: 0,6) RESPOSTAS a) Ao proferir a sentença que julgou antecipadamente a lide, resolvendo o mérito da ação, o juiz deixou de apreciar o pedido de antecipação de tutela formulado desde a petição inicial e reiterado por ocasião da réplica. A antecipação dos efeitos da tutela, convém recordar, é cabível não apenas initio litis, mas também na ocasião da própria sentença, conforme se extrai do art. 520, VII, do CPC. Assim, se a sentença deixou de se pronunciar sobre um dos pedidos feitos na 26 petição inicial, ela sofre de omissão e pode ser atacada pela via dos embargos de declaração, recurso previsto no art. 535, II, do Código de Processo Civil. b) O advogado da ré deve propor apelação com fundamento no art. 513 do Código de Processo Civil, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 508, CPC). Nas razões recursais, a alegação a ser feita é a de que houve cerceamento de defesa, pois o juiz não acolheu o pedido de produção de provas formulado pelo réu, incorrendo em erro de procedimento (error in procedendo) ao queimar a etapa requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução.” instrutória e proferir desde logo a sentença, apesar de haver questões de fato controversas e que demandavam a produção de provas. O pedido recursal, portanto, deve ser no sentido de anulação da sentença, com o retorno dos autos à primeira instância, a fim de que sejam produzidas as provas requeridas tempestivamente pelo réu. 27 QUESTÃO 1 Marco Antônio, solteiro, maior e capaz, resolve lavrar testamento público, a fim de dispor sobre seus bens. Tendo em vista que os seus únicos herdeiros são os seus dois filhos maiores e capazes, Júlio e Joel, ambos solteiros e sem filhos, e considerando-se que o patrimônio de Marco Antônio corresponde a dois imóveis de igual valor, dois automóveis de igual valor e R$ 100.000,00 em depósito bancário, ele assim dispõe sobre os seus bens no testamento: deixa para Júlio um imóvel, um automóvel e metade do montante depositado na conta bancária e, de igual sorte, deixa para Joel um imóvel, um automóvel e metade do montante depositado na conta bancária. Logo após ter ciência da lavratura do testamento público por seu pai, Júlio decide imediatamente lavrar escritura pública por meio da qual renuncia expressamente apenas ao automóvel, aceitando receber o imóvel, bem como metade do montante depositado em conta bancária. Para tanto, afirma Júlio que há diversas multas por infrações de trânsito e dívidas de impostos em relação ao automóvel, razão pela qual não lhe interessa herdar esse bem. Tomando conhecimento da lavratura da escritura pública de renúncia por Júlio, Marco Antônio e Joel decidem consultar um advogado. Na condição de advogado(a) consultado(a) por Marco Antônio e Joel, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) Poderia Júlio renunciar à herança no momento por ele escolhido? (Valor: 0 , 6 5 ) B) Independentemente da resposta dada ao item anterior, poderia Júlio renunciar exclusivamente ao SEGUNDA FASE VII EXAME UNIFICADO CAPÍTULO 6 28 automóvel, recebendo os demais bens? (Valor: 0,60) RESPOST AS A) Não. Júlio não pode renunciar a direito que ainda não tem, pois enquanto seu pai estiver vivo há apenas uma expectativa de direito de sua parte. Nesse sentido, o art. 1784 do Código Civil dispõe que “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários” e em complementação o art. 426 do mesmo diploma legal proíbe que seja objeto de contrato a herança de pessoa viva. Assim, só é possível renunciar à herança quando a sucesso for aberta. B) Não. O Código Civil proíbe a renúncia parcial à herança ao dispor, em seu art. 1808, que “Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.” Assim, se Júlio de fato pretender renunciar, após a abertura da sucessão, terá de fazê-lo em relação a toda à herança. QUESTÃO 2 Cristiano e Daniele, menores impúberes, com 14 (catorze) e 10 (dez) anos de idade, respectivamente, representados por sua genitora, celebraram acordo em ação de alimentos proposta em face de seu pai, Miguel, ficando pactuado que este pagaria alimentos no valor mensal correspondente a 30% (trinta por cento) do salário mínimo, sendo metade para cada um. Sucede, entretanto, que Miguel, durante os dois primeiros anos, deixou de adimplir, injustificadamente, com a obrigação assumida, passando a pagar a quantia celebrada em acordo, a partir de então. Transcorridos 03 (três) anos da sentença que homologou o acordo na ação de 29 alimentos, Cristiano e Daniele ajuizaram ação de execução, cobrando o débito pendente, requerendo a prisão civil do devedor. Diante disso, responda fundamentadamente às seguintes indagações: A) Subsiste o dever jurídico de Miguel de pagar o débito relativo aos últimos 03 (três) anos de inadimplência quanto aos alimentos devidos a seus filhos? (Valor: 0,70) B) No caso em tela, é cabível a prisão civil de Miguel? (Valor: 0,55) RESPOST AS A) Sim. No caso em apreço, deve-se levar em conta que, muito embora o direito de cobrar os alimentos prescreva em dois anos, conforme previsão do art. 206, §2o, do Código Civil, o prazo prescricional referido sequer começou a fluir, uma vez que os alimentandos são absolutamente incapazes (menores de dezesseis anos). Com efeito, o art. 198, I, do Código Civil estabelece uma causa interruptiva do prazo prescricional, ao dispor que “a prescrição não corre os absolutamente incapazes “. Assim, apesar do tempo já decorrido, subsiste o dever jurídico de Miguel de pagar o débito relativo aos últimos três anos. B) Não. A execução de dívida relativa a alimentos somente correrá sob o rito do art. 733 do Código de Processo Civil, com ameaça de prisão, relativamente ao débito dos três últimos meses anteriores à propositura da ação executiva, bem como àqueles que se vencerem durante a ação de execução. É esse o sentido da Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça: “O débito alimentar que autoriza a prisãocivil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.”Como os débitos mencionados na questão são antigos e ultrapassam o período de três meses, terão de ser cobrados pelo rito comum de execução, conforme previsto no art. 732 do Código de Processo Civil. 30 QUESTÃO 3 Rodrigo, casado pelo regime da comunhão parcial com Liandra, garante à Indústria Bandeirantes S/A satisfazer obrigação assumida por seu amigo João. De posse do contrato de confissão de dívida, também assinado por duas testemunhas, a Bandeirantes S/A cedeu o contrato ao estudante Marcos, com anuência de João e Rodrigo. Decorrido o prazo contratual para pagamento da quantia de R$5.000,00, configurada a inadimplência, Marcos ajuizou demanda executiva em face de Rodrigo e João, junto à Vara do Juizado Especial Cível de Colatina/ES, local de cumprimento da obrigação. De acordo com os elementos do enunciado: A) Aponte qual a relação contratual acessória existente entre Rodrigo e João? A relação acessória pode ser objeto de questionamento? Fundamente. (Valor: 0,85) B) Fazendo uma análise processual dos elementos do enunciado, a demanda ajuizada reúne condições de procedibilidade? (Valor: 0,40) RESPOST AS A) Entre Rodrigo e João estabeleceu-se um contrato de fiança, nos exatos termos do art. 818 do Código Civil: “Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.” De fato, Rodrigo comprometeu-se a pagar a Bandeirantes S/A o valor da dívida assumida por João, caso este não adimplisse a sua obrigação. Todavia, como Rodrigo era casado em regime de comunhão parcial com Liandra, a fiança por ele firmada necessitava, para ser válida, da outorga uxória (=concordância) de Liandra, consoante se depreende do art. 1647, III, do Código Civil. Desse modo, com base no 1642 do Código Civil, Liandra poderia ingressar com ação para demandar a rescisão do contrato de fiança firmado sem a sua concordância. Referido contrato, além de inválido, não produz efeito algum, pois de acordo com a Súmula 332 do STJ “A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia.” 31 B) A demanda proposta por Marcos perante o Juizado Especial Cível de Colatina não poderá prosseguir perante aquele órgão jurisdicional, pois o crédito que Marcos pretende cobrar lhe foi cedido por uma pessoa jurídica (a sociedade empresária Bandeirantes S/A) e a Lei 9.099/95, em seu art. 8o, §1o, não admite que pessoa física cessionária de direito de pessoa jurídica demande perante juizado especial. QUESTÃO 4 Carlos, arquiteto famoso e extremamente talentoso, assina um contrato de prestação de serviços com Marcelo, comprometendo-se a elaborar e executar um projeto de obra de arquitetura no prazo de 06 (seis) meses. Destaque-se, ainda, que Marcelo procurou os serviços de Carlos em virtude do respeito e da reputação que este possui em seu ramo de atividade. Entretanto, passado o prazo estipulado e, após tentativas frustradas de contato, Carlos não realiza o serviço contratado, não restando alternativa para Marcelo a não ser a propositura de uma ação judicial. Diante do caso concreto, responda fundamentadamente: A) Tendo em vista tratar-se de obrigação de fazer infungível (personalíssima), de que maneira a questão poderá ser solucionada pelo Poder Judiciário? (Valor: 0,65) B) Considere que, em uma das cláusulas contratuais estipuladas, Carlos e Marcelo, em vez de adotarem o prazo legal previsto no Código Civil, estipulam um prazo contratual de prescrição de 10 anos para postular eventuais danos causados. Isso é possível? (Valor: 0,60) RESPOSTAS A) No caso de obrigação de fazer infungível (a que somente pode ser praticada por determinada pessoa) é possível que Marcelo pleiteie ao Judiciário que determine a elaboração e a execução do projeto por parte de Carlos, sob pena de imposição de multa diária (=astreintes), conforme art. 461 do Código de Processo Civil, de forma a obter a tutela específica da obrigação. Caso Marcelo prefira ou seja 32 impossível obter a tutela específica, a obrigação de fazer converter-se- á em perdas e danos, de acordo com a previsão do art. 461, §1o, do CPC e arts. 247 e 248 do Código Civil, devendo Carlos pagar indenização à Marcelo, pelos danos que o fez experimentar. B) Não. Prescrição é matéria de lei e, de acordo com o art. 192 do Código Civil, “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.”, circunstância que, inclusive, é uma das diferenças entre os institutos da prescrição (sempre legal) e da decadência (que pode ser legal ou convencional). 33 QUESTÃO 1 Marcelo, brasileiro, casado, advogado, residente e domiciliado na cidade do Rio de Janeiro/RJ, adquiriu um veículo zero quilômetro em 2005. Exatos seis anos depois da aquisição do referido automóvel, quando viajava com sua família em Natal/RN, o motor do carro explodiu, o que gerou um grave acidente, com sérias consequências para Marcelo e sua família, bem como para dois pedestres que estavam no acostamento da rodovia. Apesar de ter seguido à risca o plano de revisão sugerido pela montadora do veículo, com sede em São Paulo/SP, um exame pericial no carro de Marcelo constatou claramente que o motor apresentava um sério defeito de fabricação que provocou o desgaste prematuro de determinadas peças e, consequentemente, a explosão. A respeito desta hipótese, responda, fundamentadamente: A) Em relação aos danos sofridos por Marcelo e seus familiares, em que(ais) dispositivo(s) do Código de Defesa do Consumidor você enquadraria a responsabilidade do fabricante do veículo? (Valor: 0,35) R E S P O S T A : A s i t u a ç ã o r e t r a t a d a e n q u a d r a - s e n a responsabilidade pelo fato do produto, prevista nos arts. 12, §1o, Código de Defesa do Consumidor. Como se percebe pela narrativa apresentada, o automóvel apresentava defeito de fabricação que veio a afetar a segurança do produto, gerando o “acidente de consumo” do qual resultaram danos ao consumidor e a terceiros. SEGUNDA FASE VIII EXAME UNIFICADO CAPÍTULO 7 34 B) O fabricante pode, com êxito, alegar ter se escoado o prazo prescricional? (Valor: 0,30) RESPOSTA: Não. De acordo com o art. 27 do CDC, “prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço previsto na Seção III deste Capítulo, iniciando-se a contagem a part ir do conhecimento do dano e de sua autoria.” (destaquei). Pela leitura do dispositivo transcrito, percebe- se que o início do prazo prescricional de cinco anos somente se dá a partir do momento em que o consumidor toma conhecimento do dano e de sua autoria, o que, in casu, somente aconteceu em 2011, não tendo se consumado, ainda, o prazo prescricional estabelecido no art. 27 do CDC. C) Os terceiros lesados (dois pedestres) pelo acidente provocado pela explosão podem se valer das normas constantes do Código de Defesa do Consumidor para pleitear eventual recomposição pelos danos sofridos? (Valor: 0,30) RESPOSTA: Sim. Os terceiros afetados pelo acidente causado pelo fato do produto são equiparados a consumidor pelo art. 17 do CDC. São os chamados consumidores bystanders, conceituados como “aquelas pessoas físicas e jurídicas que foram atingidas em sua integridade física ou segurança, em virtude do defeito do produto, não obstante não serem partícipes direto da relação de consumo.” (GARCIA, Leonardo Medeiros. Direito do Consumidor. Código Comentado e Jurisprudência. 6a Ed. Niterói: Impetus, 2010, p. 147.) D) Marcelo poderia propor a ação de responsabilidade civil da empresa fabricante na cidade do Rio de Janeiro? E na cidade de São Paulo? (Valor: 0,30) 35 RESPOSTA: Marcelo,na condição de consumidor, pode optar por propor a ação no seu domicílio (Rio de Janeiro), conforme lhe autoriza o art. 101, I, do CDC. Caso não queira, poderá propor a ação no domicílio do réu, de acordo com a regra geral prevista no art. 94 do Código de Processo Civil. QUESTÃO 2 João ingressa com uma ação ordinária em face da empresa XYZ, postulando a revisão de cláusula contratual cumulada com indenização por danos morais e materiais. Após todo o trâmite na 1a instância, o juízo cível prolata sentença, julgando procedente apenas o pedido de revisão. Irresignado, João interpõe apelação, a qual o Tribunal dá parcial provimento, entendendo somente pelo cabimento da indenização por danos materiais. Após a publicação do acórdão, no 5o dia, último dia do prazo, a empresa XYZ opõe embargos de declaração, por entender que houve contradição na decisão colegiada que julgou a apelação. João, sem atentar para tal fato, interpõe Recurso Especial no dia seguinte da oposição dos embargos sem aguardar o julgamento destes. Considerando que após a publicação do acórdão que julgou os embargos não houve reiteração do recurso interposto por João, responda às questões a seguir, com a devida fundamentação legal. A) O Recurso Especial poderá ser admitido? (Valor: 0,65) RESPOSTA: Não, o Recurso Especial não poderá ser admitido, por não ter sido proposto durante o prazo recursal. Isso porque, de acordo com o art. 506, III, do CPC, o prazo recursal começa a contar, no caso retratado, do dia da publicação do acórdão que julgou os embargos de declaração, pois a decisão proferida nos embargos integra o primeiro acórdão, de modo que João somente poderia ter recorrido após o julgamento dos embargos de declaração, embargos esses cuja interposição, inclusive, interrompe o prazo para interposição de outros recursos (art. 538, CPC). Como João já havia proposto o Recurso Especial antes do início do prazo, a solução seria ratificá- lo após o julgamento dos embargos. 36 No entanto, como tal ratificação não foi feita, incide no caso a Súmula 418 do STJ, segundo a qual “É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação. Logo, é intempestivo o Recurso Especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração opostos, salvo se houver reiteração posterior.” B) Em caso de não admissão do Recurso Especial interposto, qual seria o recurso cabível? (Valor: 0,60) RESPOSTA: De acordo com o art. 544 do CPC, “ recurso especial, caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.” Tal hipótese Não admitido o recurso extraordinário ou o aplica-se ao caso em que o recurso é inadmitido na origem, no caso, no próprio Tribunal de Justiça.Se porventura o recurso fosse inadmitido pelo Ministro Relator no Superior Tribunal de Justiça, caberia agravo regimental, com base no art. 544, §4o, do CPC. QUESTÃO 3 Carlos reside no apartamento 604, sendo proprietário de sete vagas de garagem que foram sendo adquiridas ao longo dos anos de residência no Edifício Acapulco. Após assembleia condominial ordinária com quorum e requisitos de convocação exigidos pela legislação, Carlos foi notificado por correspondência assinada pelo síndico eleito Alberto Santos, noticiando a proibição de locação das vagas de garagem de sua propriedade exclusiva a pessoas estranhas ao condomínio nos termos da convenção condominial. Diante da correspondência assinada pelo síndico, Carlos ajuizou demanda em face de Alberto Santos, visando promover a locação das vagas de garagem, alegando ser possível a locação das vagas de garagem de sua propriedade exclusiva, assim como a locação de apartamentos. Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a seguir. 37 A) A pretensão de direito material perseguida por Carlos encontra amparo legal? Explique. (Valor: 0,65) RESPOSTA: A pretensão de Carlos de querer alugar suas vagas de garagem a pessoas entranhas ao condomínio, nada obstante a proibição existente na convenção condominial, não encontra amparo legal, pois o art. 1331, § 1o, do Código Civil, prevê que “as partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio.” (destaquei). Assim, como a ressalva prevista na legislação – autorização expressa na convenção de condomínio – inexiste no caso retratado, havendo, ao contrário, explícita proibição, Carlos não possui direito a locar suas vagas da forma pretendida. B) De acordo com os elementos processuais fornecidos pelo enunciado, a pretensão de Carlos satisfaz todas as condições da ação? Fundamente. (Valor: 0,60) RESPOSTA: A ação proposta por Carlos não foi direcionada contra a pessoa que teria legitimidade para figurar no pólo passivo da demanda. Em outras palavras, falta, na ação proposta, legitimidade ad causam passiva, pois Alberto Santos, na condição de Síndico, deve apenas representar o Condomínio, quando este for acionado perante o Poder Judiciário, mas jamais responder em nome próprio por atos imputados ao condomínio. Assim, a ação deveria ter sido proposta contra o Condomínio Acapulco, representado por seu síndico, Alberto dos Santos. Esta é a conclusão que se extrai dos arts. 3o, 6o, 12, inciso IX, todos do CPC. 38 QUESTÃO 4 Francisco confiou a Joaquim a guarda de determinada escultura italiana; para tanto, celebraram contrato de depósito, a título gratuito. Francisco, ao ser comunicado sobre o falecimento de Joaquim, reclama a devolução do bem; no entanto, os herdeiros argumentam que desconheciam a existência do contrato e informam que alienaram o bem a André. Com base em tal situação, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) Qual ação judicial deverá ser ajuizada contra André? (Valor: 0,60) RESPOSTA: Francisco poderá propor em face de André a ação reivindicatória, com base no art.1228 do Código Civil (“O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê- la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.”), ou uma ação. B) Qual(ais) medida(s) pode(m) ser exigida(s) dos herdeiros por Francisco? (Valor: 0,65) RESPOSTA: Tendo os herdeiros agido de boa-fé, por ignorarem a existência do contrato de depósito, eles terão apenas que assistir Francisco na ação reivindicatória e a restituir a André o valor pago por ele, conforme prevê o art. 637 do CC (“para entrega de coisa certa, prevista no art. 461-A do CPC. vendeu a coisa depositada, é obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao herdeiro do depositário, que de boa-fé comprador o preço recebido”.) 39 QUESTÃO 1 Maria de Sousa, casada com Pedro de Sousa, desapareceu de seu domicílio, localizado na cidade de Florianópolis, sem dar notícias e não deixando representante ou procurador para administrar seus bens. Passados dez anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória dos bens deixados por Maria, seu marido requereu a sucessão definitiva. Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir. A) Em qual momento haverá a presunção de morte de Maria? (Valor: 0,60) RESPOSTA: O art. 6o do Código Civil prevê que “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza aabertura de sucessão definitiva.” O art. 37 do mesmo diploma legal, por sua vez, dispõe: “Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva (...)” A conjugação desses dois dispositivos permite concluir que é com a abertura da sucessão definitiva que haverá a morte presumida de Maria. B) A presunção de morte de Maria tem o condão de dissolver o casamento entre ela e Pedro? (Valor: 0,65) QUESTÕES DE SEGUNDA FASE IX EXAME CAPÍTULO 8 40 RESPOSTA: Sim. De acordo com o 1571, § 1o , do Código Civil: “O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.” Em outras palavras: a parte do momento que se considera presumida a morte do ausente, com a abertura da sucessão definitiva, ocorre a dissolução do vínculo conjugal. QUESTÃO 2 Joana de Castro celebrou um contrato de mútuo garantido por alienação fiduciária com o Banco “X”, para aquisição de um automóvel marca Speed, ano 2010. Ficou acordado que Joana deveria pagar 48 parcelas de R$ 2.000,00 até o dia 05 de cada mês. Em virtude do inadimplemento no pagamento das seis últimas parcelas, a instituição financeira notificou a devedora via Cartório de Títulos e Documentos. Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir. A) Nas obrigações com termo de vencimento certo, a constituição do devedor em mora opera-se, em regra, independentemente de interpelação? (Valor: 0,65) RESPOSTA: Nas obrigações em que foi estipulado um termo de vencimento certo, o simples advento desse termo, com o não pagamento na data aprazada, constitui automaticamente o devedor em mora. Trata-se da hipótese de mora ex re, cabível no caso de obrigações líquidas, certas e exigíveis. B) Deve o credor, nos termos do Decreto Lei n. 911/69, interpelar o devedor para comprovar a mora? (Valor: 0,60) RESPOSTA: Sim. A interpelação do devedor para constituí-lo em mora no caso do contrato em questão é exigência expressa da 41 legislação de regência. Nesse sentido, dispõe o art. 2o, §2o, do Decreto 911/69. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar o citado decreto, já pacificou em sua jurisprudência que “a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente” (Súmula n.o 72 do STJ). Não se trata, portanto, de mora ex re. QUESTÃO 3 Caio foi submetido a uma cirurgia de alto risco em decorrência de graves problemas de saúde. Durante a realização da cirurgia, o médico informa à esposa de Caio a respeito da necessidade de realização de outros procedimentos imprescindíveis à manutenção da vida de seu marido, não cobertos pela apólice. Diante da necessidade de adaptação à nova cobertura, a esposa de Caio assina, durante a cirurgia de seu marido, aditivo contratual com o plano de saúde (que sabia da grave situação de Caio), cujas prestações eram excessivamente onerosas. Em face dessa situação, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A) O negócio jurídico firmado entre a esposa de Caio e o plano de saúde é inquinado por um vício de consentimento. Qual seria esse vício? (Valor: 0,60) RESPOSTA: A esposa de Caio somente assinou o aditivo contratual que continha obrigações excessivamente onerosas porque estava premida da necessidade de salvar seu esposo de dano grave (morte), do qual era sabedora a outra parte (plano de saúde). Em sendo assim, o negócio jurídico firmado entre ela e o plano de saúde encontra-se viciado pelo estado de perigo, um dos vícios ou defeitos do negócio jurídico, previsto no art. 156 do Código Civil. B) O vício presente no negócio jurídico acima descrito faz com que o ato firmado se torne nulo ou anulável? Justifique. (Valor: 0,65) 42 RESPOSTA: O Estado de Perigo é causa de anulabilidade do negócio jurídico, conforme expressamente previsto no art. 171, II, do Código Civil. O prazo decadencial para pleitear a sua anulação é de quatro anos a contar da realização do negócio, nos termos do art. 178, II, do Código Civil. QUESTÃO 4 Renato, maior e capaz, efetuou verbalmente, no dia 07/03/2012, na cidade de João Pessoa, a compra de uma motocicleta usada por R$ 9.000,00, de Juarez, maior e capaz. Como Renato não tinha o dinheiro disponível para cumprir com sua obrigação e, visando solucionar este problema, ofereceu a Juarez um jet-ski, de valor equivalente como pagamento. Com base em tal situação, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir. A) É cabível efetivar o pagamento pelo meio sugerido por Renato? Justifique. (Valor: 0,65) RESPOSTA: O que Renato sugeriu a Juarez foi pagar a obrigação assumida com uma prestação diversa da pactuada. Trata-se de típico caso de dação de pagamento, um dos modos de extinção das obrigações, regulado pelo art. 356 do Código Civil. B) Se Juarez recusasse a proposta de Renato, o pagamento se efetivaria mesmo assim? Justifique (Valor: 0,60) RESPOSTA: Não. Um dos requisitos para que haja a dação em pagamento, com a conseqüente extinção da obrigação, é que o credor aceite receber prestação diversa da que fora contratada, afinal ninguém é obrigado a receber coisa diversa da pactuada. Além do consentimento do credor, exige-se também que haja o “animus solvendi”, que é a intenção de pagar, e, evidentemente, a diversidade 43 da coisa dada a título de pagamento, em comparação com a previsão original. 44 QUESTÃO 1 Em março de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomésticos e adquiriu, para uso pessoal, um forno de microondas. Ao ligar o forno pela primeira vez, o aparelho explodiu e causou sérios danos à sua integridade física. Desconhecedor de seus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para propor ação de reparação contra a fabricante do produto, o que somente ocorreu em junho de 2010. Em sua sentença, o juiz de primeiro grau acolheu o argumento da fabricante, julgando improcedente a demanda com base no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual “o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: (...) II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.” Afirmou, ademais, que o autor não fez prova do defeito técnico do aparelho. Com base nas normas do Código de Defesa do Consumidor, analise os fundamentos da sentença. Comentários: De início, é preciso observar que se trata de fato do produto, e não de vício; deste modo, o prazo aplicável não é o previsto no art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, mas o do art. 27, que é de COMENTÁRIOS ÀS QUESTÕES DISCURSIVAS DA PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL DA OAB 2010.3 – DIREITO CIVIL - FGV CAPÍTULO 9 45 cinco anos: “prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria”. Trata-se de responsabilidade por fato do produto porque o aparelho de microondas explodiu e causou danos à integridade física do consumidor. Deste modo, relevante destacar que se fala em responsabilidade por fato quando o produto ou serviço causa dano ao consumidor (CDC, art. 12). Por outro lado, falamos em responsabilidade por vício (CDC, art. 18) quando o produto possui defeito de qualidade ou quantidade que o torne impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina ou lhe diminua o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, como a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.Nesse contexto, tratando-se de responsabilidade por fato do produto, deve-se observar ainda o disposto no art. 12, caput e parágrafo 3o do CDC. Segundo o mencionado § 3o, o fornecedor somente não será responsabilizado se provar: I) que não colocou o produto no mercado; II) que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito não existe; III) a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ademais, prevê o art. 6o, VIII, do CDC que é direito básico do consumidor a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. No caso em apreço, portanto, além do equívoco acerca do prazo decadencial, o julgador também se equivoca ao afirmar categoricamente que o autor não fez prova do defeito técnico do aparelho, quando, na realidade, deveria lhe ter oportunizado a inversão do ônus da prova. Observe-se que o Código de Defesa do Consumidor prevê que “a hipossuficiência relaciona-se à possibilidade real de o consumidor poder se desincumbir do fardo probatório. Partindo-se da concepção de que o consumidor é a parte mais frágil da relação de consumo, verifica-se que este nem sempre 46 disporá dos meios necessários à prova de suas alegações, estando o fornecedor mais capacitado para a produção da prova, existindo hipóteses em que seria até mesmo impossível para o consumidor produzi-la. Assim, para efetivar o mandamento constitucional de proteção ao consumidor, o CDC impõe que, presentes os requisitos previstos em seu art. 6o, VIII, o magistrado inverta o ônus da prova” (SOARES, Ana Carolina Trindade. A proteção do contratante vulnerável: estudo em uma perspectiva civil-constitucional. Maceió: E d u f a l , 2 0 0 9 , p . 1 0 5 ) . Portanto, incorreta a decisão examinada, seja por que o magistrado se equivoca ao tratar o caso como hipótese de vício, quando se trata de responsabilidade por fato do produto, cujo prazo decadencial é de cinco anos; seja por que não aplicou o disposto no art. 6o do CDC, invertendo o ônus da prova em favor do consumidor. QUESTÃO 2 Lúcio, viúvo, sem herdeiros necessários, fez disposição de última vontade no ano de 2007. Por esse negócio jurídico atribuía à sua sobrinha, Amanda, a propriedade sobre bem imóvel na cidade de Aracajú/SE, gravando-o, contudo, com cláusula de inalienabilidade vitalícia. Em 2009, após o falecimento de seu tio, Amanda aceita e torna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela disposição, que foi registrada no ofício do registro de imóveis competente. Ocorre que agora, em 2010, há necessidade de Amanda alienar esse imóvel, tendo em vista ter recebido uma excelente proposta de compra do referido bem. Diante disso, como advogado de Amanda, responda se isso é possível e, em caso positivo, quais as medidas judiciais cabíveis? Justifique e fundamente sua resposta. Comentários: A teor do disposto no parágrafo único do art. 1.911, do Código Civil, c/c art. 1.112 do Código de Processo Civil, é possível a alienação do bem herdado com cláusula de inalienabilidade, desde que por 47 conveniência econômica do herdeiro, e mediante autorização judicial, em processo de jurisdição voluntária. Todavia, é de se observar que o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições impostas aos primeiros. Neste sentido esclarece Maria Berenice Dias (Manual das Sucessões. São Paulo: RT, 2008, p. 278): “a possibilidade de o testador clausular sua herança não é absoluta. Recaindo a restrição sobre determinado bem, existe a possibilidade de as restrições serem transferidas para outros bens”, desde que demonstrada justa causa (CC, art. 1.848, § 2o, conveniência econômica (CC, art. 1.911, parágrafo único), e que o produto da venda converta-se em outros bens que ficam sub-rogados com o ônus. Sob a perspectiva processual, impende observar que, autorizada a venda, o valor obtido passa a garantir a subsistência do herdeiro. O numerário fica depositado em juízo e mensalmente é expedido alvará autorizando o levantamento do valor necessário para garantir a sobrevivência do titular do bem. Por último, destaque-se novamente que a demanda de sub- rogação é de jurisdiçãoQuestão 3 (Exame da OAB/FGV - 2010.3 – Direito Civil – 2a Fase). Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhorado um imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que o imóvel seja submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão? Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado. Considere que não há outros pretendentes ao bem penhorado. Comentários: A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê 48 expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais interessados na adjudicação (§ 3o). Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil. voluntária, não se submete ao juízo do inventário e não cabe a citação nem do testamenteiro nem do inventariante ou dos herdeiros. QUESTÃO 3 (Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhorado um imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que o imóvel seja submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão? Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado. Considere que não há outros pretendentes ao bem penhorado. Comentários: A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais interessados na adjudicação (§ 3o). 49 Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil. QUESTÃO 4 Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. Dois anos depois de pactuada a locação, Jonas ingressa com Ação Revisional de Aluguel argumentando que o valor pago nas prestações estaria muito acima do praticado pelo mercado, o que estaria gerando desequilíbrio no contrato
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