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QUESTOES COMENTADAS II FASE FGV DIREITO CIVIL

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QUESTÕES DE SEGUNDA FASE 
EXAME UNIFICADO 
WWW.PROVASDAOAB.COM.BR
DIREITO CIVIL 
1
1
Instruções:
A presente apostila é composta de questões práticas de Direito Civil extraídas 
dos Exames Unificados aplicados pela Organizadora FGV com suas respectivas 
respostas. 
Sugerimos que tente respondê-las sem a consulta aos gabaritos, servindo estes 
apenas para conferência e correção. Confira as respostas e revise as questões que por 
ventura você tenha errado, pois esta é uma ótima maneira de aprender e fixar os 
conteúdos estudados.
Bons Estudos e Boa prova!
Equipe ProvasdaOab.com.br
2
QUESTÃO 1
Em março de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomésticos e 
adquiriu, para uso pessoal, um forno de microondas. Ao ligar o forno pela 
primeira vez, o aparelho explodiu e causou sérios danos à sua integridade física. 
Desconhecedor de seus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para propor 
ação de reparação contra a fabricante do produto, o que somente ocorreu em 
junho de 2010. Em sua sentença, o juiz de primeiro grau acolheu o argumento da 
fabricante, julgando improcedente a demanda com base no art. 26 do Código de 
Defesa do Consumidor, segundo o qual “o direito de reclamar pelos vícios 
aparentes ou de fácil constatação caduca em: (...) II - noventa dias, tratando-se de 
fornecimento de serviço e de produtos duráveis.” Afirmou, ademais, que o autor 
não fez prova do defeito técnico do aparelho. Com base nas normas do Código de 
Defesa do Consumidor, analise os fundamentos da sentença.
Comentários:
De início, é preciso observar que se trata de fato do produto, e 
não de vício; deste modo, o prazo aplicável não é o previsto no art. 26 
do Código de Defesa do Consumidor, mas o do art. 27, que é de cinco 
anos: “prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento 
do dano e de sua autoria”.
Trata-se de responsabilidade por fato do produto porque o 
aparelho de microondas explodiu e causou danos à integridade física 
do consumidor. Deste modo, relevante destacar que se fala em 
responsabilidade por fato quando o produto ou serviço causa dano ao 
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE EXAME UNIFICADO 
CAPÍTULO 2
3
consumidor (CDC, art. 12). Por outro lado, falamos em 
responsabilidade por vício (CDC, art. 18) quando o produto possui 
defeito de qualidade ou quantidade que o torne impróprio ou 
inadequado ao consumo a que se destina ou lhe diminua o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, como a 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária.
Nesse contexto, tratando-se de responsabilidade por fato do 
produto, deve-se observar ainda o disposto no art. 12, caput e 
parágrafo 3o do CDC.
Segundo o mencionado § 3o, o fornecedor somente não será 
responsabilizado se provar: I) que não colocou o produto no 
mercado; II) que, embora haja colocado o produto no mercado, o 
defeito não existe; III) a culpa exclusiva do consumidor ou de 
terceiro.
Ademais, prevê o art. 6o, VIII, do CDC que é direito básico do 
consumidor a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo 
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiências.
No caso em apreço, portanto, além do equívoco acerca do prazo 
decadencial, o julgador também se equivoca ao afirmar 
categoricamente que o autor não fez prova do defeito técnico do 
aparelho, quando, na realidade, deveria lhe ter oportunizado a 
inversão do ônus da prova.
Observe-se que o Código de Defesa do Consumidor prevê que “a 
hipossuficiência relaciona-se à possibilidade real de o consumidor 
poder se desincumbir do fardo probatório. Partindo-se da concepção 
de que o consumidor é a parte mais frágil da relação de consumo, 
verifica-se que este nem sempre disporá dos meios necessários à 
prova de suas alegações, estando o fornecedor mais capacitado para a 
produção da prova, existindo hipóteses em que seria até mesmo 
impossível para o consumidor produzi-la. Assim, para efetivar o 
mandamento constitucional de proteção ao consumidor, o CDC impõe 
4
que, presentes os requisitos previstos em seu art. 6o, VIII, o 
magistrado inverta o ônus da prova” (SOARES, Ana Carolina 
Trindade. A proteção do contratante vulnerável: estudo em uma 
perspectiva civil-constitucional. Maceió: Edufal, 2009, p. 105).
Portanto, incorreta a decisão examinada, seja por que o 
magistrado se equivoca ao tratar o caso como hipótese de vício, 
quando se trata de responsabilidade por fato do produto, cujo prazo 
decadencial é de cinco anos; seja por que não aplicou o disposto no 
art. 6o do CDC, invertendo o ônus da prova em favor do consumidor.
QUESTÃO 2
Lúcio, viúvo, sem herdeiros necessários, fez disposição de última vontade no 
ano de 2007. Por esse negócio jurídico atribuía à sua sobrinha, Amanda, a 
propriedade sobre bem imóvel na cidade de Aracajú/SE, gravando-o, contudo, 
com cláusula de inalienabilidade vitalícia. Em 2009, após o falecimento de seu 
tio, Amanda aceita e torna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela 
disposição, que foi registrada no ofício do registro de imóveis competente. Ocorre 
que agora, em 2010, há necessidade de Amanda alienar esse imóvel, tendo em 
vista ter recebido uma excelente proposta de compra do referido bem. Diante 
disso, como advogado de Amanda, responda se isso é possível e, em caso positivo, 
quais as medidas judiciais cabíveis? Justifique e fundamente sua resposta.
Comentários:
A teor do disposto no parágrafo único do art. 1.911, do Código 
Civil, c/c art. 1.112 do Código de Processo Civil, é possível a alienação 
do bem herdado com cláusula de inalienabilidade, desde que por 
conveniência econômica do herdeiro, e mediante autorização judicial, 
em processo de jurisdição voluntária. Todavia, é de se observar que o 
produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais 
incidirão as restrições impostas aos primeiros.
5
Neste sentido esclarece Maria Berenice Dias (Manual das 
Sucessões. São Paulo: RT, 2008, p. 278): “a possibilidade de o 
testador clausular sua herança não é absoluta. Recaindo a restrição 
sobre determinado bem, existe a possibilidade de as restrições serem 
transferidas para outros bens”, desde que demonstrada justa causa 
(CC, art. 1.848, § 2o, conveniência econômica (CC, art. 1.911, 
parágrafo único), e que o produto da venda converta-se em outros 
bens que ficam sub-rogados com o ônus.
Sob a perspectiva processual, impende observar que, autorizada 
a venda, o valor obtido passa a garantir a subsistência do herdeiro. O 
numerário fica depositado em juízo e mensalmente é expedido alvará 
autorizando o levantamento do valor necessário para garantir a 
sobrevivência do titular do bem.
Por último, destaque-se novamente que a demanda de sub-
rogação é de jurisdição voluntária, não se submete ao juízo do 
inventário e não cabe a citação nem do testamenteiro nem do 
inventariante ou dos herdeiros.
QUESTÃO 3
Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido 
penhorado um imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo 
regime da separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem 
que o imóvel seja submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta 
pretensão? Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, 
identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado 
perfeito e acabado. Considere que não há outros pretendentes ao bem penhorado.
Comentários:
A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de 
Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, 
6
oferecendo preçonão inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam 
adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode 
adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê
expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem 
penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais 
interessados na adjudicação (§ 3o).
Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e 
acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, 
pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a 
respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à 
matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e 
a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto 
no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil.
QUESTÃO 4
Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. 
Dois anos depois de pactuada a locação, Jonas ingressa com Ação Revisional de 
Aluguel argumentando que o valor pago nas prestações estaria muito acima do 
praticado pelo mercado, o que estaria gerando desequilíbrio no contrato de 
locação. A ação foi proposta sob o rito sumário e o autor não requereu a fixação 
de aluguel provisório. Foi designada audiência, mas não foi possível o acordo 
entre as partes. Considere que você é o (a) advogado (a) de Vera. Descreva qual a 
medida cabível a fim de defender os interesses de Vera após a conciliação 
infrutífera, apontando o prazo legal para fazê-lo e os argumentos que serão 
invocados.
Comentários
Neste caso, a medida judicial cabível é a contestação, que deve ser 
apresentada na própria audiência, após eventual conciliação 
7
infrutífera, consoante prevê o art. 68, I e IV, da Lei n.o 8.245/91 (Lei 
do Inquilinato), c/c o art. 278 do Código de Processo Civil.
O advogado deve atentar à observância da preliminar de carência 
da ação, tendo em vista que a referida Lei de Locações aduz que as 
ações que visem à revisão judicial de aluguel somente poderão ser 
propostas depois de transcorrido o triênio da vigência do contrato 
(Art. 19 da Lei no 8.245/91). Nesse aspecto, por ser uma condição 
específica da ação, a sua não observância leva à extinção do processo 
sem resolução do mérito, na forma do art. 267, inciso VI do CPC.
Deste modo, incorreta a resposta que analisa o mérito (valor do 
aluguel) sem enfrentar a referida preliminar.
QUESTÃO 5
Marlon, famoso jogador de futebol, é contratado para ser o garoto 
propaganda da Guaraluz, fabricante de guaraná natural. O contrato de prestação 
de serviços tem prazo de três anos, fixando-se uma remuneração anual de R$ 
50.000,00. Contém, além disso, cláusula de exclusividade, que impede Marlon de 
atuar como garoto- propaganda de qualquer concorrente da Guaraluz, e cláusula 
que estipula o valor de R$ 10.000,00 para o descumprimento contratual, não 
prevendo direito a indenização suplementar.
Durante o primeiro ano de vigência do contrato, Marlon recebe proposta 
para se tornar garoto propaganda da Guaratudo, sociedade do mesmo ramo da 
Guaraluz, que oferece expressamente o dobro do valor anual pago pela 
‘concorrente’. Marlon aceita a proposta da Guaratudo, descumprindo a cláusula 
de exclusividade contida no seu contrato anterior. Pelo descumprimento, Marlon 
paga à Guaraluz o montante de R$ 10.000,00, estipulado. Como advogado 
consultado pela Guaraluz, responda: I. Se o prejuízo da Guaraluz for superior a R
$ 10.000,00, será possível obter, de Marlon, judicialmente, a reparação integral 
do dano sofrido? II. Além do valor pago por Marlon, a Guaraluz tem direito a 
receber alguma indenização por parte da Guaratudo?
8
Comentários
De início, necessário observar que, mesmo restando 
demonstrado prejuízo superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), a 
Guaraluz não poderá cobrar de Marlon um valor maior a título de 
cláusula penal, uma vez que não houve convenção acerca de 
indenização suplementar, na forma do disposto no art. 416, parágrafo 
único do Código Civil, segundo o qual, ainda que o prejuízo exceda ao 
previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização 
suplementar se assim não foi convencionado. Por outro lado, caso 
tivesse havido convenção, a pena valeria como mínimo da 
indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
A Guaratudo, por sua vez, deve indenização à Guaraluz no valor 
que seria devido por dois anos de contrato, tendo em vista que houve 
a prática de aliciamento prevista no art. 608 do Código Civil: “aquele 
que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a 
outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo 
ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos”.
Note-se, ademais, que aplicam-se ainda ao caso o princípio 
contratuais da boa-fé objetiva, da função social do contrato, do 
equilíbrio e da responsabilidade contratual de terceiro.
9
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL
QUESTÃO 1
Maria, casada em regime de comunhão parcial de bens com José por 3 anos, 
descobre que ele não havia lhe sido fiel, e a vida em comum se torna insuportável. 
O casal se separou de fato, e cada um foi residir em nova moradia, cessando a 
coabitação. Da união não nasceu nenhum filho, nem foi formado patrimônio 
comum. Após dez meses da separação de fato, Maria procura um advogado, que 
entra com a ação de divórcio direto, alegando que essa era a visão moderna do 
Direito de Família, pois, ao dissolver uma união insustentável, seria facilitada a 
instituição de nova família. Após a citação, João contesta, alegando que o pedido 
não poderia ser acolhido, uma vez que ainda não havia transcorrido o prazo de 
dois anos da separação de fato exigidos pelo artigo 40 da Lei 6.515/77.
Diante da hipótese apresentada, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Nessa situação é juridicamente possível que o magistrado decrete o 
divórcio, não obstante não exista comprovação do decurso do prazo de dois anos 
da separação de fato como pretende Maria, ou João está juridicamente correto, 
devendo o processo ser convertido em separação judicial para posterior 
conversão em divórcio? (Valor: 0,65)
b) Caso houvesse consenso, considerando as inovações legislativas, o ex-
casal poderia procurar via alternativa ao Judiciário para atingir o seu objetivo ou 
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE IV EXAME 
CAPÍTULO 3
10
nada poderia fazer antes do decurso dos dois anos da separação de fato? (Valor: 
0,6)
RESPOSTAS
 A) No caso, deve-se observar que a disciplina legal do 
divórcio foi alterada pela Emenda Constitucional n.o 66/2010, que 
deu nova redação ao art. 226, § 6o da Constituição Federal, excluindo 
a exigência do prazo de dois anos de separação de fato para o divórcio 
direto. Deste modo, é juridicamente possível que o magistrado 
decrete o divórcio, mesmo não havendo demonstração do decurso do 
prazo de dois anos de separação de fato, não sendo necessária, 
portanto, a prévia separação judicial, com posterior conversão em 
divórcio. Ademais, tratando-se de alteração de dispositivo 
constitucional, é de se observar que este prevalece sobre o disposto 
no art. 40 da Lei n.o 6.515/77, que foi revogado tacitamente. 
 B) Caso houvesse consenso, o ex-casal poderia realizar o 
divórcio consensual em cartório, haja vista o disposto no art. 1.124-A, 
do Código de Processo Civil (acrescentado pela Lei n.o 11.441/2007), 
que passou a possibilitar o divórcio extrajudicial, por meio de 
escritura pública. Diante disso, como José e Maria não têm filhos 
menores, e diante da alteração promovida pela EC 66/2010, poderiam 
dissolver o casamento por meio do divórcio direto em cartório, sem a 
necessidade de esperar pelo prazo de dois anos da separação de fato.
QUESTÃO 2
Valter, solteiro, maior e capaz, proprietário de um apartamento,lavrou, em 
2004, escritura pública por meio da qual constituiu usufruto vitalício sobre o 
referido imóvel em favor de sua irmã, Juliana, solteira, maior e capaz. Em 
seguida, promoveu a respectiva averbação junto à matrícula do Registro de 
Imóveis. Em 2005, Juliana celebrou com Samuel contrato escrito de aluguel do 
apartamento pelo prazo de um ano. Concluído o prazo, Samuel restituiu o imóvel 
a Juliana, que passou a ocupá-lo desde então. Em janeiro de 2011, Valter veio a 
falecer sem deixar testamento, sendo único herdeiro seu filho Rafael, solteiro, 
11
maior e capaz. Diante disso, Rafael procura Juliana, a fim de que ela desocupe o 
imóvel.
Diante da situação descrita, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.


a) Poderia Juliana ter alugado o apartamento a Samuel? (Valor: 0,65)

b) Está Juliana obrigada a desocupar o imóvel em razão do falecimento de 
Valter? (Valor: 0,6)
RESPOSTAS
 A) Com base no disposto no art. 1.393, do Código Civil, 
poderia Juliana ter alugado o apartamento a Samuel, pois, segundo o 
referido dispositivo, “não se pode transferir o usufruto por alienação; 
mas seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”. Deste 
modo, como Juliana é usufrutuária do imóvel, pode transferir o seu 
uso temporário a terceiros por meio de contrato de aluguel. 
 B) As hipóteses de extinção do usufruto estão dispostas no 
art. 1.410, I e II, do Código Civil, que prevê a necessidade do 
cancelamento do registro no Cartório de Registro Civil. No caso em 
perspectiva, Juliana não está obrigada a desocupar o imóvel em razão 
do falecimento de Valter, pois, de acordo com o inciso I, do art. 1.410 
do CC, não é o falecimento do nu- proprietário causa de extinção do 
usufruto, mas o falecimento do usufrutuário, o que não ocorreu na 
hipótese. Nesse sentido, o usufruto permanecerá em favor de Juliana, 
passando Rafael a ser nu-proprietário. 
QUESTÃO 3
Lírian, dona de casa, decide fazer compras em determinado dia e, para 
chegar ao mercado, utiliza seu carro. Ocorre que, logo após passar por um 
movimentado cruzamento da cidade de Londrinópolis e frear seu carro 
obedecendo à sinalização do local que indicava a necessidade de
12
parar para que pedestres atravessassem, Lírian tem seu veículo atingido na 
traseira por outro veículo, dirigido por Danilo. Como Danilo se recusa a pagar 
voluntariamente os prejuízos gerados a Lírian, resolve ela ajuizar ação 
indenizatória em face de Danilo, pelo rito comum sumário, que considera mais 
célere e adequado, uma vez que não deseja realizar prova pericial, com a 
finalidade de receber do réu a quantia correspondente ao valor de cento e vinte 
salários mínimos. Ocorre que Danilo acredita só ter batido no carro de Lírian 
porque, instante antes, Matheus bateu no seu carro, gerando um engavetamento. 
Por tal razão e temendo ter que reparar Lírian pelos prejuízos gerados, Danilo 
resolve fazer uma denunciação da lide em face de Matheus com a finalidade de 
agir regressivamente contra ele em caso de eventual condenação.
Diante da situação descrita, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Agiu corretamente Lírian ao optar pelo ajuizamento da ação indenizatória 
segundo o rito comum sumário? (Valor: 0,75)
b) Agiu corretamente Danilo ao realizar a denunciação da lide em face de 
Matheus? (Valor: 0,5)
RESPOSTAS
 . A) Lírian agiu corretamente ao optar pelo ajuizamento da 
ação indenizatória segundo o rito comum sumário, pois não existe, no 
caso, necessidade de produção de prova pericial complexa, o que 
encontra arrimo no disposto no art. 275, II, d, do Código de Processo 
Civil, que permite a busca de indenização em decorrência de danos 
ocorridos em acidentes envolvendo veículo de via terrestre, não 
fazendo qualquer ressalva quanto ao valor pretendido pelo autor. 
 . B) Por outro lado, Danilo não agiu corretamente ao 
realizar a denunciação da lide em face de Matheus, pois tal espécie de 
intervenção de terceiro é expressamente vedada pelo art. 280 do CPC 
em ações que observem o rito comum sumário. 
13
QUESTÃO 4
A arquiteta Veronise comprou um espremedor de frutas da marca Bom Suco 
no dia 5 de janeiro de 2011. Quarenta dias após Veronise iniciar sua utilização, o 
produto quebrou. Veronise procurou uma autorizada e foi informada de que o 
aparelho era fabricado na China e não havia peças de reposição no mercado. No 
mesmo dia, ela ligou para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da 
empresa. A orientação foi completamente diferente: o produto deveria ser levado 
para o conserto. Passados 30 dias da ocasião em que o espremedor foi 
encaminhado à autorizada, o fabricante informou que ainda não havia recebido a 
peça para realizar o conserto, mas que ela chegaria em três dias. Como o 
problema persistiu, o fabricante determinou que a consumidora recebesse um 
espremedor novo do mesmo modelo.
Diante da situação apresentada, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) O caso narrado caracteriza a ocorrência de qual instituto jurídico, no que 
se refere ao defeito apresentado pelo espremedor de frutas? (Valor: 0,5)
b) Como advogado (a) de Veronise, analise a conduta do fornecedor, 
indicando se procedeu de maneira correta ao deixar de realizar o reparo por falta 
de peça e determinar a substituição do produto por um novo espremedor de 
frutas. (Valor: 0,75)
RESPOSTAS
 . A) Trata-se de vício do produto, consoante prevê o art. 18 
do Código de Defesa do Consumidor: “os fornecedores de produtos de 
consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos 
vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes 
14
viciadas”. No caso, o defeito contido no espremedor de frutas o torna 
inadequado ao consumo a que se destina, o que caracteriza vício de 
qualidade, não havendo que se falar, portanto, em fato do produto, 
conforme evidencia a tabela abaixo: 
 . B) Prevê o art. 32 do Código de Defesa do Consumidor 
que o fabricante deve manter peças de reposição no mercado. 
Todavia, no caso em tela, como se passaram mais de 30 dias desde 
que o produto foi submetido a conserto, cabe ao consumidor decidir 
se quer a troca do produto, abatimento no preço ou devolução do 
dinheiro, nos termos do art. 18, parágrafos 1o e 3o do CDC. Deste 
modo, equivocou-se o fornecedor ao determinar, sem prévia consulta 
à consumidora, a substituição do produto, pois o mencionado 
dispositivo legal possibilita ao consumidor a escolha. 
15
QUESTÃO 1
Cristina dos Santos desapareceu após uma enchente provocada por uma 
forte tempestade que assolou a cidade onde morava. Considerando estar provada 
a sua presença no local do acidente e não ser possível encontrar o corpo de 
Cristina para exame, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Trata-se de hipótese de morte presumida? (Valor: 0,65)
b) Qual é o procedimento para realização do assento de óbito de Cristina? 
(Valor: 0,60)
R E S P O S T A S 

A) Sim, pois a situação descrita enquadra-se na previsão do art. 7o, I, 
do Código Civil Brasileiro, o qual permite a decretação da morte 
presumida quando for “extremamente provável a morte de quem 
estava em perigo de vida”. De acordo com o parágrafo único do 
mencionado artigo, “A
B) O procedimento para a declaraçãodo óbito de Cristina está 
previsto no art. 88 da Lei de Registros Públicos (Lei 6015/73), que 
estabelece a necessidade de justificação para o assento de óbito em 
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE V EXAME UNIFICADO
CAPÍTULO 4
16
casos tais. A justificação mencionada na Lei de Registros Públicos 
deve seguir o rito dos arts. 861 a 866 do CP
QUESTÃO 2
Fabrício, morador de Vitória-ES, de passagem em São Paulo por motivo de 
trabalho, aproveita a estada na cidade para comprar presentes para sua 
namorada na loja Ana Noris Moda Feminina. Realiza o pagamento por meio de 
cheque no valor de R$ 3.560,00 (três mil quinhentos e sessenta reais). 
Depositado na instituição bancária, o cheque é devolvido por falta de provisão de 
fundos. A pessoa jurídica ingressa com a execução, nos termos da lei. Fabrício foi 
regularmente citado, e tal informação foi juntada aos autos em trâmite no juízo 
deprecante na mesma data. Vinte dias depois, a carta precatória devolvida pelo 
juízo deprecado é juntada aos autos, e o executado opõe embargos quinze dias 
depois. Fabrício alegou em sua defesa não ser executivo o título apresentado e 
que há excesso na execução, deixando de juntar o valor que entendia correto. 
Com base na situação-problema, responda às indagações abaixo com base na 
legislação vigente.
a) Como advogado(a) da Ana Noris Moda Feminina, intimado a se 
manifestar sobre os embargos, o que alegaria? (Valor: 0,65)
b) Suponha que o juiz tenha atribuído efeito suspensivo aos embargos. 
Requerida a revogação, o juiz mantém o efeito, mesmo tendo sido demonstrado 
inequívoco o risco de lesão irreparável. Como advogado(a), qual medida 
adotaria? Informe o prazo e procedimento. (Valor: 0,60)
 
declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento.”
R E S P O S T A S 

A) Na qualidade de advogado da exeqüente, deveriam ser feitas as 
17
seguintes alegações: i) os embargos são intempestivos, pois o prazo 
para a sua propositura é de 15 (quinze) dias a contar da juntada, nos 
autos do Juízo Deprecante, da informação prestada pelo Juízo 
Deprecado a respeito da citação, conforme disciplina o art. 738, §2o, 
do CPC, o que no caso em questão aconteceu no mesmo dia da citação; 
ii) o cheque é título executivo extrajudicial dada a previsão contida no 
art. 585, I, do CPC; iii) os embargos devem ser liminarmente 
rejeitados pois, apesar de alegar excesso de execução, o embargante 
não apresentou o valor que entendia correto, desobedecendo o 
comando do art. 739-A, §5o, do CPC.
B) A decisão judicial em tela deve ser combatida por meio de 
agravo, na modalidade agravo de instrumento, devido ao risco de 
lesão irreparável. O agravo de instrumento deve ser proposto no 
prazo de dez dias a contar da intimação da decisão, em petição 
dirigida ao Tribunal ad quem, com observância do disposto nos arts. 
522 a 526 do CPC.
QUESTÃO 3
Em ação de execução de alimentos, foi decretada a revelia de Francisco, que 
somente ingressou na ação dois meses após a publicação da decisão que 
determina a penhora do imóvel e do veículo automotor de sua propriedade, 
insurgindo-se contra a contrição patrimonial sob o argumento de bem de família, 
pois se trata de imóvel destinado a sua moradia, não obstante nele residir 
sozinho, e o automóvel ser utilizado como táxi. Igor, o exequente, tem 
conhecimento de que Francisco, seu pai, recebera, como herança, outros bens 
imóveis, todavia, com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade.
a) Há possibilidade de arguição extemporânea de Francisco e oposição de 
impenhorabilidade no caso acima relatado? Fundamente. (Valor: 0,60)
b) Os bens indicados são considerados impenhoráveis? Fundamente. (Valor: 
0,65)
18
R E S P O S T A S 

A) A impenhorabilidade do bem de família (Lei 8009/90) e dos 
instrumentos necessários ao exercício da profissão (art. 649, V, CPC) 
são matérias de ordem pública e podem ser alegadas a qualquer 
tempo no processo de execução, a não ser, é claro, que já tenha sido 
concretizada a expropriação dos bens, razão pela qual não se revela 
extemporânea a oposição de Francisco. Vale pontuar, a respeito do 
caso tratado na questão, que o fato de Francisco residir sozinho no 
imóvel não retira a sua natureza de bem de família, conforme 
entendimento consolidado da Súmula 364 do STJ (“o conceito de 
impenhorabilidade do bem de família se estende também ao imóvel 
pertencente a pessoas solteiras, separadas ou viúvas.”)
B) Apesar do imóvel se enquadrar no conceito de bem de família 
e do táxi servir como instrumento de trabalho, não procede a 
alegação de impenhorabilidade feita por Francisco, pois tal alegação 
não pode ser utilizada para se esquivar do pagamento do credor de 
pensão alimentícia, como é o caso do exequente, filho de Francisco, 
tendo em vista o disposto no art. 3o, III, da Lei 8009/90 e 649, V, §2o, 
do CPC.
QUESTÃO 4
Maria, funcionária de uma empresa transnacional, foi transferida para 
trabalhar em outro país e, por isso, celebrou contrato de compra e venda de seu 
apartamento com João, prevendo que Maria poderia resolver o contrato no prazo 
de um ano, desde que pagasse o preço recebido pelo imóvel e reembolsasse as 
despesas que João tivesse com ele. O referido contrato de compra e venda foi 
devidamente levado ao registro de imóveis com atribuição para tal. Nesse 
período, João vendeu o apartamento para Mário, que tinha conhecimento de que 
ainda estava no prazo de Maria retomar o imóvel e lá foi residir com sua esposa. 
Contudo, Maria retornou ao Brasil antes do período de um ano estipulado e, ao 
19
ter ciência de que o novo proprietário do apartamento era Mário, notificou-o de 
que desejaria retomar o imóvel, com o pagamento do valor do imóvel mais as 
despesas realizadas. Mário, porém, recusou o recebimento das quantias, 
afirmando que o contrato sujeito à cláusula resolutiva foi pactuado com João, não 
vinculando a terceiros. Responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Assiste razão a Mário? (Valor: 0,75)
b) Qual deverá ser o procedimento adotado por Maria a partir da recusa de 
Mário em receber a quantia? (Valor: 0,50)
RESPOSTAS
A) Não. No caso em questão, verifica-se a existência de contrato 
de compra e venda com cláusula de retrovenda, nos termos do art.505 
do Código Civil, devidamente levado a registro, o que traz a presunção 
de conhecimento por parte de terceiros. Com base no que preceitua o 
art. 507 do Código Civil, Mário fica vinculado à cláusula de retrovenda 
estipulada por Maria e João, não lhe assistindo razão em se opor a 
ela, desde que Maria pague o preço recebido e reembolse as despesas.
B) Maria deverá ingressar com ação de consignação em 
pagamento, fundada no art. 890 do CPC, já que Mário apresentou 
recusa injus
20
QUESTÃO 1
Fábio, em junho de 2006, dirigindo embriagado e sem habilitação, causou, com culpa 
exclusiva sua, um acidente de trânsito no qual danificou o carro de Marly e lesionou 
gravemente o passageiro Heron, sobrinho de Marly, com 12 anos de idade. Logo em 
seguida, no mesmo mês, pretendendo resguardar seu patrimônio de uma possível 
ação judicial a ser intentada por Marly e/ou Heron para compensação dos danos 
sofridos, Fábio transmitiu todos os seus bens, gratuitamente, a Antônio, um amigo de 
longa data que, mesmo sabendo da intenção maliciosa de Fábio, concordou em 
auxiliá-lo.
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada:


a) O negócio jurídico está eivado por qual vício? Fundamente. (Valor: 0,65)
b) Qual a ação de que podem se valer Marly e Heron para pleitear a anulação 
do negócio jurídico realizado por Fábio? Fundamente. (Valor: 0,3)
c) Em junho de 2011 já teria escoado o prazo, tantopara Marly quanto para 
Heron, para ingressarem em juízo? (Valor: 0,3)
RESPOSTAS
a) Sim. A transmissão gratuita de todos os bens de alguém a 
terceiro configura fraude contra credores, pois gera a insolvência 
daquele que efetua a transmissão, e é causa de anulabilidade do 
negócio jurídico.
O vício da fraude contra credores tem previsão no art. 158 do 
Código Civil Brasileiro, que assim
dispõe:
SEGUNDA FASE VI EXAME 
UNIFICADO
CAPÍTULO 5
21
“Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de 
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à 
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos 
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.” (destaquei).
b) A ação cabível para pleitear a anulação de negócio jurídico 
viciado pela fraude contra credores é a ação anulatória, revocatória 
ou pauliana. Por meio dela, possibilita-se ao credor invalidar atos
jurídicos capazes de fraudar a garantia genérica de satisfação da 
dívida, que é justamente o patrimônio do devedor.
A ação pauliana ou revocatória poderá ser proposta contra “o 
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação 
considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam 
procedido de má-fé.” (art. 161, CC).
Seus requisitos específicos são: (i) a anterioridade do crédito do 
autor da ação em relação à data da prática do ato fraudulento; (ii) o 
ato jurídico que se pretende ver anulado deve ter levado o devedor
à insolvência (eventus damni), prejudicando o credor 
quirografário; (iii) intenção de fraudar (consilium fraudis)
c) De acordo com o art. 178, II, do Código Civil, “é de quatro anos 
o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, 
contado” no caso da fraude contra credores, “do dia em que se 
realizou o negócio.”
Vale destacar que a questão sob análise refere-se dois credores: 
Heron (com doze anos de idade em2006) e Marly (sem referências a 
respeito de sua idade).Considerando que a questão não traz nenhuma 
informação capaz de levar à conclusão de que haveria alguma causa 
interruptiva do prazo decadencial no que diz respeito à Marly, o prazo 
decadencial flui normalmente para ela, consumando-se em junho de 
2010 (data do fato – junho de 2006 + 04 anos – prazo do art. 178, II, 
CC).Em relação a Heron, a situação é diversa, pois ele tinha doze anos 
22
de idade na época do fato, ou seja, era absolutamente incapaz (art. 3o, 
I, CC). Por esse motivo, o pRazo decadencial não corre contra ele 
(sequer começa a fluir), conforme prescreve o art. 208 c/c art. 198, I, 
ambos do Código Civil. Somente em 2010, quando Heron deixar de 
ser absolutamente incapaz (o que, pelo critério etário, ocorrerá 
quando ele completar 16 anos e tornar-se relativamente incapaz) é 
que o prazo decadencial de quatro anos começará a fluir.
Diante do exposto, conclui-se que em junho de 2011 já havia 
operado a decadência do direito de propor a ação pauliana para 
Marly, mas não para Heron.
QUESTÃO 2
Paulo, maior e capaz, e Eliane, maior e capaz, casaram-se pelo regime da 
comunhão parcial de bens no ano de 2004. Nessa ocasião, Paulo já havia 
herdado, em virtude do falecimento de seus pais, um lote de ações na Bolsa de 
Valores, cujo montante atualizado corresponde a R$ 50.000,00, sendo certo que 
Eliane, à época, não possuía bens em seu patrimônio. No ano de 2005, nasceu 
João, filho do casal. Em 2006, Paulo vendeu as ações que havia recebido e, com o 
produto da venda, comprou um automóvel de igual valor. Em 2007, Paulo foi 
contemplado com um prêmio de loteria no valor atualizado de R$ 100.000,00, 
que se mantém depositado em conta bancária. Agora, no ano de 2012, o casal, 
pretendendo se divorciar mediante a lavratura de escritura pública, decide 
consultar um advogado.
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Paulo e Eliane, responda aos 
itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Pode o casal divorciar-se por meio de lavratura de escritura pública? 
(Valor: 0,6)
23
b) A respeito da partilha de bens em caso de divórcio do casal, qual(is) 
bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de Eliane e qual(is) bem(ns) deve(m) 
integrar o patrimônio de Paulo? (Valor: 0,65)
RESPOSTAS
a) O casal não poderá se divorciar por meio da lavratura de 
escritura pública, pois o art. 1124-A do Código de Processo Civil 
somente abre tal possibilidade para os casais que não tenham filhos
menores ou incapazes. Na questão, faz-se referência ao filho 
João, nascido em 2005, fato que inviabiliza a realização do divórcio 
da maneira pretendida por Paulo e Eliane.
b) No regime de comunhão parcial de bens, comunicam-se entre 
os cônjuges os bens havidos na constância do casamento, inclusive 
aqueles adquiridos “por fato eventual, com ou sem o concurso
de trabalho ou despesa anterior;” (CC, 1660, II), como é o caso do 
prêmio de loteria. Todavia,excluem-se da comunhão, entre outros, os 
bens “que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na 
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados 
em seu lugar; (CC, 1659, I), como é o caso do automóvel adquirido 
com o dinheiro resultante da venda de ações herdadas por Paulo.
Diante de tais regramentos e da situação apresentada, é válido 
concluir que Paulo ficará com o automóvel e com metade do prêmio 
de loteria, ao passo que Eliane ficará apenas com metade do prêmio 
de loteria.
QUESTÃO 3
O Banco Dinheiro a Todo Instante S.A. propõe ação de execução baseada em 
título executivo extrajudicial em face de José Raimundo dos Santos, no valor de R
$ 15.000,00 (quinze mil reais), distribuída em 16 de julho de 2010. O executado 
possuía alguns bens, entre eles dois automóveis, uma pequena lancha, um único 
imóvel, além de investimentos financeiros. Prosseguindo na execução, a 
instituição financeira pleiteia ao magistrado, nos termos do artigo 655-A do CPC, 
24
a penhora on-line dos ativos financeiros existentes em nome do executado. O 
juiz, por sua vez, negou o pedido afirmando que, de acordo com o princípio do 
menor sacrifício do executado, disposto no artigo 620 do Código de Processo 
Civil, devem ser esgotados todos os meios possíveis e lícitos para que sejam 
nomeados à penhora outros bens que garantam o processo de execução. 
Irresignada, a instituição agrava da decisão, e o desembargador relator, em 
decisão monocrática, mantém a posição do juízo de primeiro grau. Um agravo 
interno é interposto, e a decisão é novamente mantida pelo órgão colegiado.
Diante do caso concreto responda fundamentadamente:
A) Assiste razão à instituição bancária? É possível, portanto, realizar a 
penhora on-line no caso concreto? (Valor: 0,65)
B) Admitindo que não haja obscuridade, contradição ou omissão no 
acórdão, e que existam precedentes em sentido contrário em outro tribunal do 
país, qual seria o recurso cabível? Fundamente indicando o dispositivo legal 
pertinente. (Valor: 0,6)
RESPOSTAS
a) A instituição bancária tem razão ao pleitear a realização da 
penhora on-line dos ativos financeiros de maneira preferencial a 
outros bens, pois o art. 655 do Código de Processo Civil, desde a 
mudança promovida pela Lei 11.382/2006, dispõe que “a penhora 
observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I – dinheiro, em 
espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira”. No 
art. 655-A do mesmo diploma legal está previsto que “Para 
possibilitar
a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o 
juiz, a requerimento do exeqüente,
b) O recurso cabível contra o acórdão que manteve a decisão 
monocrática do relator é o Recurso Especial, dirigido ao Superior 
Tribunal de Justiça, fundado na divergência jurisprudencial. Com 
efeito, revela-se cabível o Recurso Especial quando a decisão 
recorrida “der a lei federal interpretaçãodivergente da que lhe haja 
atribuído outro tribunal” (art. 105, III, “a”, da Constituição Federal). 
25
No caso, o dissídio jurisprudencial recai sobre a interpretação a ser 
dada aos arts. 655 e 655-A do Código de Processo Civil.
QUESTÃO 4
Frederico propôs ação de restituição de indébito em face da sociedade de 
telecomunicações X sob o rito ordinário. Na peça inaugural expôs os elementos 
que entendia serem autorizadores da concessão antecipada dos efeitos da tutela, 
requerendo a concessão da medida inaudita altera pars a fim de que se cessasse a 
cobrança indevida. No despacho liminar, o juiz determinou apenas a citação do 
réu. Na réplica, foi reiterado o pedido de antecipação de tutela. Por se tratar de 
questão meramente de direito e estando a causa madura, o juiz julgou 
antecipadamente a lide, julgando procedente o pedido. Com base em tal situação, 
responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Considerando que o juiz deixou de apreciar o pedido de antecipação de 
tutela, explique fundamentadamente qual medida deve ser tomada para que haja 
manifestação sobre a antecipação de tutela na sentença. (Valor: 0,65)
b) Na hipótese do enunciado, considere ser você o(a) advogado(a) da ré, 
que, tempestivamente, requereu a produção de provas em audiência, o que foi 
negado pelo julgador antes da aplicação do art. 330, I, do CPC. Aponte qual 
medida jurídica deve ser tomada a fim de questionar tal negativa, descrevendo o 
prazo para ajuizá-la. (Valor: 0,6)
RESPOSTAS
a) Ao proferir a sentença que julgou antecipadamente a lide, 
resolvendo o mérito da ação, o juiz deixou de apreciar o pedido de 
antecipação de tutela formulado desde a petição inicial e reiterado 
por ocasião da réplica. A antecipação dos efeitos da tutela, convém 
recordar, é cabível não apenas initio litis, mas também na ocasião da 
própria sentença, conforme se extrai do art. 520, VII, do CPC. Assim, 
se a sentença deixou de se pronunciar sobre um dos pedidos feitos na 
26
petição inicial, ela sofre de omissão e pode ser atacada pela via dos 
embargos de declaração, recurso previsto no art. 535, II, do Código de 
Processo Civil.
b) O advogado da ré deve propor apelação com fundamento no 
art. 513 do Código de Processo Civil, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 
508, CPC). Nas razões recursais, a alegação a ser feita é a de que 
houve cerceamento de defesa, pois o juiz não acolheu o pedido de 
produção de provas formulado pelo réu, incorrendo em erro de 
procedimento (error in procedendo) ao queimar a etapa requisitará à 
autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por 
meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do 
executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, 
até o valor indicado na execução.” instrutória e proferir desde logo a 
sentença, apesar de haver questões de fato controversas e que 
demandavam a produção de provas. O pedido recursal, portanto, 
deve ser no sentido de anulação da sentença, com o retorno dos autos 
à primeira instância, a fim de que sejam produzidas as provas 
requeridas tempestivamente pelo réu.
27
QUESTÃO 1
Marco Antônio, solteiro, maior e capaz, resolve lavrar testamento público, a 
fim de dispor sobre seus bens. Tendo em vista que os seus únicos herdeiros são os 
seus dois filhos maiores e capazes, Júlio e Joel, ambos solteiros e sem filhos, e 
considerando-se que o patrimônio de Marco Antônio corresponde a dois imóveis 
de igual valor, dois automóveis de igual valor e R$ 100.000,00 em depósito 
bancário, ele assim dispõe sobre os seus bens no testamento: deixa para Júlio um 
imóvel, um automóvel e metade do montante depositado na conta bancária e, de 
igual sorte, deixa para Joel um imóvel, um automóvel e metade do montante 
depositado na conta bancária.
Logo após ter ciência da lavratura do testamento público por seu pai, Júlio 
decide imediatamente lavrar escritura pública por meio da qual renuncia 
expressamente apenas ao automóvel, aceitando receber o imóvel, bem como 
metade do montante depositado em conta bancária. Para tanto, afirma Júlio que 
há diversas multas por infrações de trânsito e dívidas de impostos em relação ao 
automóvel, razão pela qual não lhe interessa herdar esse bem.
Tomando conhecimento da lavratura da escritura pública de renúncia por 
Júlio, Marco Antônio e Joel decidem consultar um advogado. Na condição de 
advogado(a) consultado(a) por Marco Antônio e Joel, responda aos itens a seguir, 
utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso.
A) Poderia Júlio renunciar à herança no momento por ele escolhido? (Valor: 
0 , 6 5 )

B) Independentemente da resposta dada ao item anterior, poderia Júlio 
renunciar exclusivamente ao
SEGUNDA FASE VII EXAME 
UNIFICADO
CAPÍTULO 6
28
automóvel, recebendo os demais bens? (Valor: 0,60) 
RESPOST AS
A) Não. Júlio não pode renunciar a direito que ainda não tem, 
pois enquanto seu pai estiver vivo há apenas
uma expectativa de direito de sua parte. Nesse sentido, o art. 1784 
do Código Civil dispõe que “Aberta a
sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros 
legítimos e testamentários” e em
complementação o art. 426 do mesmo diploma legal proíbe que 
seja objeto de contrato a herança de
pessoa viva. Assim, só é possível renunciar à herança quando a 
sucesso for aberta.
B) Não. O Código Civil proíbe a renúncia parcial à herança ao 
dispor, em seu art. 1808, que “Não se pode aceitar ou renunciar a 
herança em parte, sob condição ou a termo.” Assim, se Júlio de fato 
pretender renunciar, após a abertura da sucessão, terá de fazê-lo em 
relação a toda à herança.
QUESTÃO 2
Cristiano e Daniele, menores impúberes, com 14 (catorze) e 10 (dez) anos de 
idade, respectivamente, representados por sua genitora, celebraram acordo em 
ação de alimentos proposta em face de seu pai, Miguel, ficando pactuado que este 
pagaria alimentos no valor mensal correspondente a 30% (trinta por cento) do 
salário mínimo, sendo metade para cada um. Sucede, entretanto, que Miguel, 
durante os dois
primeiros anos, deixou de adimplir, injustificadamente, com a obrigação 
assumida, passando a pagar a quantia celebrada em acordo, a partir de então. 
Transcorridos 03 (três) anos da sentença que homologou o acordo na ação de 
29
alimentos, Cristiano e Daniele ajuizaram ação de execução, cobrando o débito 
pendente, requerendo a prisão civil do devedor.
Diante disso, responda fundamentadamente às seguintes indagações: 

A) Subsiste o dever jurídico de Miguel de pagar o débito relativo aos últimos 03 
(três) anos de
inadimplência quanto aos alimentos devidos a seus filhos? (Valor: 0,70) B) 
No caso em tela, é cabível a prisão civil de Miguel? (Valor: 0,55) 
RESPOST AS
A) Sim. No caso em apreço, deve-se levar em conta que, muito 
embora o direito de cobrar os alimentos prescreva em dois anos, 
conforme previsão do art. 206, §2o, do Código Civil, o prazo 
prescricional referido sequer começou a fluir, uma vez que os 
alimentandos são absolutamente incapazes (menores de dezesseis 
anos). Com efeito, o art. 198, I, do Código Civil estabelece uma causa 
interruptiva do prazo prescricional, ao dispor que “a prescrição não 
corre os absolutamente incapazes “. Assim, apesar do tempo já 
decorrido, subsiste o dever jurídico de Miguel de pagar o débito 
relativo aos últimos três anos.
B) Não. A execução de dívida relativa a alimentos somente 
correrá sob o rito do art. 733 do Código de Processo Civil, com 
ameaça de prisão, relativamente ao débito dos três últimos meses 
anteriores à propositura da ação executiva, bem como àqueles que 
se vencerem durante a ação de execução. É esse o sentido da 
Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça: “O débito alimentar 
que autoriza a prisãocivil do alimentante é o que compreende as 
três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se 
vencerem no curso do processo.”Como os débitos mencionados na 
questão são antigos e ultrapassam o período de três meses, terão 
de ser cobrados pelo rito comum de execução, conforme previsto 
no art. 732 do Código de Processo Civil.
30
QUESTÃO 3
Rodrigo, casado pelo regime da comunhão parcial com Liandra, garante à 
Indústria Bandeirantes S/A satisfazer obrigação assumida por seu amigo João. 
De posse do contrato de confissão de dívida, também assinado por duas 
testemunhas, a Bandeirantes S/A cedeu o contrato ao estudante Marcos, com 
anuência de João e Rodrigo. Decorrido o prazo contratual para pagamento da 
quantia de R$5.000,00, configurada a inadimplência, Marcos ajuizou demanda 
executiva em face de Rodrigo e João, junto à Vara do Juizado Especial Cível de 
Colatina/ES, local de cumprimento da obrigação. De acordo com os elementos do 
enunciado:
A) Aponte qual a relação contratual acessória existente entre Rodrigo e 
João? A relação acessória pode ser objeto de questionamento? Fundamente. 
(Valor: 0,85)
B) Fazendo uma análise processual dos elementos do enunciado, a demanda 
ajuizada reúne condições de procedibilidade? (Valor: 0,40)
RESPOST AS
A) Entre Rodrigo e João estabeleceu-se um contrato de fiança, 
nos exatos termos do art. 818 do Código Civil: “Pelo contrato de 
fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação 
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.” De fato, Rodrigo 
comprometeu-se a pagar a Bandeirantes S/A o valor da dívida 
assumida por João, caso este não adimplisse a sua obrigação. 
Todavia, como Rodrigo era casado em regime de comunhão parcial 
com Liandra, a fiança por ele firmada necessitava, para ser válida, da 
outorga uxória (=concordância) de Liandra, consoante se depreende 
do art. 1647, III, do Código Civil. Desse modo, com base no 1642 do 
Código Civil, Liandra poderia ingressar com ação para demandar a 
rescisão do contrato de fiança firmado sem a sua concordância. 
Referido contrato, além de inválido, não produz efeito algum, pois de 
acordo com a Súmula 332 do STJ “A fiança prestada sem autorização 
de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia.”
31
B) A demanda proposta por Marcos perante o Juizado Especial 
Cível de Colatina não poderá prosseguir perante aquele órgão 
jurisdicional, pois o crédito que Marcos pretende cobrar lhe foi 
cedido por uma pessoa jurídica (a sociedade empresária 
Bandeirantes S/A) e a Lei 9.099/95, em seu art. 8o, §1o, não admite 
que pessoa física cessionária de direito de pessoa jurídica demande 
perante juizado especial.
QUESTÃO 4
Carlos, arquiteto famoso e extremamente talentoso, assina um contrato de 
prestação de serviços com Marcelo, comprometendo-se a elaborar e executar um 
projeto de obra de arquitetura no prazo de 06 (seis) meses. Destaque-se, ainda, 
que Marcelo procurou os serviços de Carlos em virtude do respeito e da reputação 
que este possui em seu ramo de atividade. Entretanto, passado o prazo estipulado 
e, após tentativas frustradas de contato, Carlos não realiza o serviço contratado, 
não restando alternativa para Marcelo a não ser a propositura de uma ação 
judicial. Diante do caso concreto, responda fundamentadamente:
A) Tendo em vista tratar-se de obrigação de fazer infungível 
(personalíssima), de que maneira a questão poderá ser solucionada pelo Poder 
Judiciário? (Valor: 0,65)
B) Considere que, em uma das cláusulas contratuais estipuladas, Carlos e 
Marcelo, em vez de adotarem o prazo legal previsto no Código Civil, estipulam 
um prazo contratual de prescrição de 10 anos para postular eventuais danos 
causados. Isso é possível? (Valor: 0,60)
RESPOSTAS
A) No caso de obrigação de fazer infungível (a que somente pode 
ser praticada por determinada pessoa) é possível que Marcelo pleiteie 
ao Judiciário que determine a elaboração e a execução do projeto por 
parte de Carlos, sob pena de imposição de multa diária (=astreintes), 
conforme art. 461 do Código de Processo Civil, de forma a obter a 
tutela específica da obrigação. Caso Marcelo prefira ou seja 
32
impossível obter a tutela específica, a obrigação de fazer converter-se-
á em perdas e danos, de acordo com a previsão do art. 461, §1o, do 
CPC e arts. 247 e 248 do Código Civil, devendo Carlos pagar 
indenização à Marcelo, pelos danos que o fez experimentar.
B) Não. Prescrição é matéria de lei e, de acordo com o art. 192 do 
Código Civil, “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por 
acordo das partes.”, circunstância que, inclusive, é uma das 
diferenças entre os institutos da prescrição (sempre legal) e da 
decadência (que pode ser legal ou convencional).
33
QUESTÃO 1
Marcelo, brasileiro, casado, advogado, residente e domiciliado na cidade do 
Rio de Janeiro/RJ, adquiriu um veículo zero quilômetro em 2005. Exatos seis 
anos depois da aquisição do referido automóvel, quando viajava com sua família 
em Natal/RN, o motor do carro explodiu, o que gerou um grave acidente, com 
sérias consequências para Marcelo e sua família, bem como para dois pedestres 
que estavam no acostamento da rodovia. Apesar de ter seguido à risca o plano de 
revisão sugerido pela montadora do veículo, com sede em São Paulo/SP, um 
exame pericial no carro de Marcelo constatou claramente que o motor 
apresentava um sério defeito de fabricação que provocou o desgaste prematuro 
de determinadas peças e, consequentemente, a explosão.
A respeito desta hipótese, responda, fundamentadamente:
A) Em relação aos danos sofridos por Marcelo e seus familiares, em que(ais) 
dispositivo(s) do Código de Defesa do Consumidor você enquadraria a 
responsabilidade do fabricante do veículo? (Valor: 0,35)
R E S P O S T A : A s i t u a ç ã o r e t r a t a d a e n q u a d r a - s e n a 
responsabilidade pelo fato do produto, prevista nos arts. 12, §1o, 
Código de Defesa do Consumidor. Como se percebe pela narrativa 
apresentada, o automóvel apresentava defeito de fabricação que veio 
a afetar a segurança do produto, gerando o “acidente de consumo” do 
qual resultaram danos ao consumidor e a terceiros.
SEGUNDA FASE VIII 
EXAME UNIFICADO
CAPÍTULO 7
34
B) O fabricante pode, com êxito, alegar ter se escoado o prazo prescricional? 
(Valor: 0,30)
RESPOSTA: 
Não. De acordo com o art. 27 do CDC, “prescreve em cinco anos a 
pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou 
do serviço previsto na Seção III deste Capítulo, iniciando-se a 
contagem a part ir do conhecimento do dano e de sua 
autoria.” (destaquei). Pela leitura do dispositivo transcrito, percebe-
se que o início do prazo prescricional de cinco anos somente se dá a 
partir do momento em que o consumidor toma conhecimento do 
dano e de sua autoria, o que, in casu, somente aconteceu em 2011, não 
tendo se consumado, ainda, o prazo prescricional estabelecido no art. 
27 do CDC.
C) Os terceiros lesados (dois pedestres) pelo acidente provocado pela 
explosão podem se valer das normas constantes do Código de Defesa do 
Consumidor para pleitear eventual recomposição pelos danos sofridos? (Valor: 
0,30)
RESPOSTA: Sim. Os terceiros afetados pelo acidente causado 
pelo fato do produto são equiparados a consumidor pelo art. 17 do 
CDC. São os chamados consumidores bystanders, conceituados como 
“aquelas pessoas físicas e jurídicas que foram atingidas em sua 
integridade física ou segurança, em virtude do defeito do produto, 
não obstante não serem partícipes direto da relação de 
consumo.” (GARCIA, Leonardo Medeiros. Direito do Consumidor. 
Código Comentado e Jurisprudência. 6a Ed. Niterói: Impetus, 2010, 
p. 147.)
D) Marcelo poderia propor a ação de responsabilidade civil da empresa 
fabricante na cidade do Rio de Janeiro? E na cidade de São Paulo? (Valor: 0,30)
35
RESPOSTA: Marcelo,na condição de consumidor, pode optar por 
propor a ação no seu domicílio (Rio de Janeiro), conforme lhe 
autoriza o art. 101, I, do CDC. Caso não queira, poderá propor a ação 
no domicílio do réu, de acordo com a regra geral prevista no art. 94 
do Código de Processo Civil.
QUESTÃO 2
João ingressa com uma ação ordinária em face da empresa XYZ, postulando 
a revisão de cláusula contratual cumulada com indenização por danos morais e 
materiais. Após todo o trâmite na 1a instância, o juízo cível prolata sentença, 
julgando procedente apenas o pedido de revisão. Irresignado, João interpõe 
apelação, a qual o Tribunal dá parcial provimento, entendendo somente pelo 
cabimento da indenização por danos materiais. Após a publicação do acórdão, no 
5o dia, último dia do prazo, a empresa XYZ opõe embargos de declaração, por 
entender que houve contradição na decisão colegiada que julgou a apelação. 
João, sem atentar para tal fato, interpõe Recurso Especial no dia seguinte da 
oposição dos embargos sem aguardar o julgamento destes. Considerando que 
após a publicação do acórdão que julgou os embargos não houve reiteração do 
recurso interposto por João, responda às questões a seguir, com a devida 
fundamentação legal.
A) O Recurso Especial poderá ser admitido? (Valor: 0,65)
RESPOSTA: Não, o Recurso Especial não poderá ser admitido, por não ter 
sido proposto durante o prazo recursal. Isso porque, de acordo com o art. 506, 
III, do CPC, o prazo recursal começa a contar, no caso retratado, do dia da 
publicação do acórdão que julgou os embargos de declaração, pois a decisão 
proferida nos embargos integra o primeiro acórdão, de modo que João somente 
poderia ter recorrido após o julgamento dos embargos de declaração, embargos 
esses cuja interposição, inclusive, interrompe o prazo para interposição de outros 
recursos (art. 538, CPC). Como João já havia proposto o Recurso Especial antes 
do início do prazo, a solução seria ratificá- lo após o julgamento dos embargos. 
36
No entanto, como tal ratificação não foi feita, incide no caso a Súmula 418 do 
STJ, segundo a qual “É inadmissível o recurso especial interposto antes da 
publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação. 
Logo, é intempestivo o Recurso Especial interposto antes da publicação do 
acórdão dos embargos de declaração opostos, salvo se houver reiteração 
posterior.”
B) Em caso de não admissão do Recurso Especial interposto, qual seria o 
recurso cabível? (Valor: 0,60)
RESPOSTA: De acordo com o art. 544 do CPC, “ recurso especial, 
caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.” Tal 
hipótese Não admitido o recurso extraordinário ou o aplica-se ao caso 
em que o recurso é inadmitido na origem, no caso, no próprio 
Tribunal de Justiça.Se porventura o recurso fosse inadmitido pelo 
Ministro Relator no Superior Tribunal de Justiça, caberia agravo 
regimental, com base no art. 544, §4o, do CPC.
QUESTÃO 3
Carlos reside no apartamento 604, sendo proprietário de sete vagas de 
garagem que foram sendo adquiridas ao longo dos anos de residência no Edifício 
Acapulco. Após assembleia condominial ordinária com quorum e requisitos de 
convocação exigidos pela legislação, Carlos foi notificado por correspondência 
assinada pelo síndico eleito Alberto Santos, noticiando a proibição de locação das 
vagas de garagem de sua propriedade exclusiva a pessoas estranhas ao 
condomínio nos termos da convenção condominial. Diante da correspondência 
assinada pelo síndico, Carlos ajuizou demanda em face de Alberto Santos, 
visando promover a locação das vagas de garagem, alegando ser possível a 
locação das vagas de garagem de sua propriedade exclusiva, assim como a 
locação de apartamentos.
Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a seguir.
37
A) A pretensão de direito material perseguida por Carlos encontra amparo 
legal? Explique. (Valor: 0,65)
RESPOSTA: A pretensão de Carlos de querer alugar suas vagas de 
garagem a pessoas entranhas ao condomínio, nada obstante a 
proibição existente na convenção condominial, não encontra amparo 
legal, pois o art. 1331, § 1o, do Código Civil, prevê que “as partes 
suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, 
escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais 
no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade 
exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus 
proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser 
alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo 
autorização expressa na convenção de condomínio.” (destaquei). 
Assim, como a ressalva prevista na legislação – autorização expressa 
na convenção de condomínio – inexiste no caso retratado, havendo, 
ao contrário, explícita proibição, Carlos não possui direito a locar 
suas vagas da forma pretendida.
B) De acordo com os elementos processuais fornecidos pelo enunciado, a 
pretensão de Carlos satisfaz todas as condições da ação? Fundamente. (Valor: 
0,60)
RESPOSTA: A ação proposta por Carlos não foi direcionada 
contra a pessoa que teria legitimidade para figurar no pólo passivo da 
demanda. Em outras palavras, falta, na ação proposta, legitimidade 
ad causam passiva, pois Alberto Santos, na condição de Síndico, deve 
apenas representar o Condomínio, quando este for acionado perante 
o Poder Judiciário, mas jamais responder em nome próprio por atos 
imputados ao condomínio. Assim, a ação deveria ter sido proposta 
contra o Condomínio Acapulco, representado por seu síndico, Alberto 
dos Santos. Esta é a conclusão que se extrai dos arts. 3o, 6o, 12, inciso 
IX, todos do CPC.
38
QUESTÃO 4
Francisco confiou a Joaquim a guarda de determinada escultura italiana; 
para tanto, celebraram contrato de depósito, a título gratuito. Francisco, ao ser 
comunicado sobre o falecimento de Joaquim, reclama a devolução do bem; no 
entanto, os herdeiros argumentam que desconheciam a existência do contrato e 
informam que alienaram o bem a André.
Com base em tal situação, responda aos itens a seguir, utilizando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Qual ação judicial deverá ser ajuizada contra André? (Valor: 0,60)


RESPOSTA: Francisco poderá propor em face de André a ação 
reivindicatória, com base no art.1228 do Código Civil (“O proprietário 
tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.”), 
ou uma ação.
 B) Qual(ais) medida(s) pode(m) ser exigida(s) dos herdeiros por Francisco? 
(Valor: 0,65)
RESPOSTA: Tendo os herdeiros agido de boa-fé, por ignorarem a 
existência do contrato de depósito, eles terão apenas que assistir 
Francisco na ação reivindicatória e a restituir a André o valor pago 
por ele, conforme prevê o art. 637 do CC (“para entrega de coisa certa, 
prevista no art. 461-A do CPC. vendeu a coisa depositada, é obrigado a 
assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao herdeiro do 
depositário, que de boa-fé comprador o preço recebido”.)
39
QUESTÃO 1
Maria de Sousa, casada com Pedro de Sousa, desapareceu de seu domicílio, 
localizado na cidade de Florianópolis, sem dar notícias e não deixando 
representante ou procurador para administrar seus bens. Passados dez anos do 
trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória dos bens 
deixados por Maria, seu marido requereu a sucessão definitiva.
Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a 
seguir.
A) Em qual momento haverá a presunção de morte de Maria? (Valor: 0,60)
RESPOSTA: O art. 6o do Código Civil prevê que “A existência da 
pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza aabertura de sucessão 
definitiva.” O art. 37 do mesmo diploma legal, por sua vez, dispõe: 
“Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a 
sucessão definitiva (...)” A conjugação desses dois dispositivos 
permite concluir que é com a abertura da sucessão definitiva que 
haverá a morte presumida de Maria.
B) A presunção de morte de Maria tem o condão de dissolver o casamento 
entre ela e Pedro? (Valor: 0,65)
QUESTÕES DE SEGUNDA 
FASE IX EXAME 
CAPÍTULO 8
40
RESPOSTA: Sim. De acordo com o 1571, § 1o , do Código Civil: “O 
casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou 
pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código 
quanto ao ausente.” Em outras palavras: a parte do momento que se 
considera presumida a morte do ausente, com a abertura da sucessão 
definitiva, ocorre a dissolução do vínculo conjugal.
QUESTÃO 2
Joana de Castro celebrou um contrato de mútuo garantido por alienação 
fiduciária com o Banco “X”, para aquisição de um automóvel marca Speed, ano 
2010. Ficou acordado que Joana deveria pagar 48 parcelas de R$ 2.000,00 até o 
dia 05 de cada mês. Em virtude do inadimplemento no pagamento das seis 
últimas parcelas, a instituição financeira notificou a devedora via Cartório de 
Títulos e Documentos. Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos 
itens a seguir.
A) Nas obrigações com termo de vencimento certo, a constituição do 
devedor em mora opera-se, em regra, independentemente de interpelação? 
(Valor: 0,65)
RESPOSTA: Nas obrigações em que foi estipulado um termo de 
vencimento certo, o simples advento desse termo, com o não 
pagamento na data aprazada, constitui automaticamente o devedor 
em mora. Trata-se da hipótese de mora ex re, cabível no caso de 
obrigações líquidas, certas e exigíveis.
B) Deve o credor, nos termos do Decreto Lei n. 911/69, interpelar o devedor 
para comprovar a mora? (Valor: 0,60)
RESPOSTA: Sim. A interpelação do devedor para constituí-lo em 
mora no caso do contrato em questão é exigência expressa da 
41
legislação de regência. Nesse sentido, dispõe o art. 2o, §2o, do Decreto 
911/69. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar o 
citado decreto, já pacificou em sua jurisprudência que “a 
comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem 
alienado fiduciariamente” (Súmula n.o 72 do STJ). Não se trata, 
portanto, de mora ex re.
QUESTÃO 3
Caio foi submetido a uma cirurgia de alto risco em decorrência de graves 
problemas de saúde. Durante a realização da cirurgia, o médico informa à esposa 
de Caio a respeito da necessidade de realização de outros procedimentos 
imprescindíveis à manutenção da vida de seu marido, não cobertos pela apólice. 
Diante da necessidade de adaptação à nova cobertura, a esposa de Caio assina, 
durante a cirurgia de seu marido, aditivo contratual com o plano de saúde (que 
sabia da grave situação de Caio), cujas prestações eram excessivamente onerosas.
Em face dessa situação, responda, de forma fundamentada, aos itens a 
seguir.
A) O negócio jurídico firmado entre a esposa de Caio e o plano de saúde é 
inquinado por um vício de consentimento. Qual seria esse vício? (Valor: 0,60)
 
RESPOSTA: A esposa de Caio somente assinou o aditivo 
contratual que continha obrigações excessivamente onerosas porque 
estava premida da necessidade de salvar seu esposo de dano grave 
(morte), do qual era sabedora a outra parte (plano de saúde). Em 
sendo assim, o negócio jurídico firmado entre ela e o plano de saúde 
encontra-se viciado pelo estado de perigo, um dos vícios ou defeitos 
do negócio jurídico, previsto no art. 156 do Código Civil.
B) O vício presente no negócio jurídico acima descrito faz com que o ato 
firmado se torne nulo ou anulável? Justifique. (Valor: 0,65)
42
RESPOSTA: O Estado de Perigo é causa de anulabilidade do 
negócio jurídico, conforme expressamente previsto no art. 171, II, do 
Código Civil. O prazo decadencial para pleitear a sua anulação é de 
quatro anos a contar da realização do negócio, nos termos do art. 178, 
II, do Código Civil.
QUESTÃO 4
Renato, maior e capaz, efetuou verbalmente, no dia 07/03/2012, na cidade 
de João Pessoa, a compra de uma motocicleta usada por R$ 9.000,00, de Juarez, 
maior e capaz. Como Renato não tinha o dinheiro disponível para cumprir com 
sua obrigação e, visando solucionar este problema, ofereceu a Juarez um jet-ski, 
de valor equivalente como pagamento.
Com base em tal situação, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e 
a fundamentação legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir.
A) É cabível efetivar o pagamento pelo meio sugerido por Renato? 
Justifique. (Valor: 0,65)
RESPOSTA: O que Renato sugeriu a Juarez foi pagar a obrigação 
assumida com uma prestação diversa da pactuada. Trata-se de típico 
caso de dação de pagamento, um dos modos de extinção das 
obrigações, regulado pelo art. 356 do Código Civil.
B) Se Juarez recusasse a proposta de Renato, o pagamento se efetivaria 
mesmo assim? Justifique (Valor: 0,60)
RESPOSTA: Não. Um dos requisitos para que haja a dação em 
pagamento, com a conseqüente
extinção da obrigação, é que o credor aceite receber prestação 
diversa da que fora contratada, afinal
ninguém é obrigado a receber coisa diversa da pactuada. Além do 
consentimento do credor, exige-se também que haja o “animus 
solvendi”, que é a intenção de pagar, e, evidentemente, a diversidade 
43
da coisa dada a título de pagamento, em comparação com a previsão 
original.
44
QUESTÃO 1
Em março de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomésticos e adquiriu, 
para uso pessoal, um forno de microondas. Ao ligar o forno pela primeira vez, 
o aparelho explodiu e causou sérios danos à sua integridade física. 
Desconhecedor de seus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para 
propor ação de reparação contra a fabricante do produto, o que somente 
ocorreu em junho de 2010. Em sua sentença, o juiz de primeiro grau acolheu o 
argumento da fabricante, julgando improcedente a demanda com base no art. 
26 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual “o direito de reclamar 
pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: (...) II - noventa 
dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.” 
Afirmou, ademais, que o autor não fez prova do defeito técnico do aparelho. 
Com base nas normas do Código de Defesa do Consumidor, analise os 
fundamentos da sentença.
Comentários:
De início, é preciso observar que se trata de fato do produto, e 
não de vício; deste modo, o prazo aplicável não é o previsto no art. 
26 do Código de Defesa do Consumidor, mas o do art. 27, que é de 
COMENTÁRIOS ÀS QUESTÕES 
DISCURSIVAS DA PROVA 
PRÁTICO-PROFISSIONAL DA OAB 
2010.3 – DIREITO CIVIL - FGV
CAPÍTULO 9
45
cinco anos: “prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos 
danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II 
deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria”.
Trata-se de responsabilidade por fato do produto porque o 
aparelho de microondas explodiu e causou danos à integridade física 
do consumidor. Deste modo, relevante destacar que se fala em 
responsabilidade por fato quando o produto ou serviço causa dano ao 
consumidor (CDC, art. 12). Por outro lado, falamos em 
responsabilidade por vício (CDC, art. 18) quando o produto possui 
defeito de qualidade ou quantidade que o torne impróprio ou 
inadequado ao consumo a que se destina ou lhe diminua o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, como a 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária.Nesse contexto, tratando-se de 
responsabilidade por fato do produto, deve-se observar ainda o 
disposto no art. 12, caput e parágrafo 3o do CDC. Segundo o 
mencionado § 3o, o fornecedor somente não será responsabilizado se 
provar: I) que não colocou o produto no mercado; II) que, embora 
haja colocado o produto no mercado, o defeito não existe; III) a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ademais, prevê o art. 6o, 
VIII, do CDC que é direito básico do consumidor a inversão do ônus 
da prova a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as 
regras ordinárias de experiências.
No caso em apreço, portanto, além do equívoco acerca do prazo 
decadencial, o julgador também se equivoca ao afirmar 
categoricamente que o autor não fez prova do defeito técnico do
aparelho, quando, na realidade, deveria lhe ter oportunizado a 
inversão do ônus da prova. Observe-se que o Código de Defesa do 
Consumidor prevê que “a hipossuficiência relaciona-se à 
possibilidade real de o consumidor poder se desincumbir do fardo 
probatório. Partindo-se da concepção de que o consumidor é a parte 
mais frágil da relação de consumo, verifica-se que este nem sempre 
46
disporá dos meios necessários à prova de suas alegações, estando o 
fornecedor mais capacitado para a produção da prova, existindo 
hipóteses em que seria até mesmo impossível para o consumidor 
produzi-la. Assim, para efetivar o mandamento constitucional de 
proteção ao consumidor, o CDC impõe que, presentes os requisitos 
previstos em seu art. 6o, VIII, o magistrado inverta o ônus da 
prova” (SOARES, Ana Carolina Trindade. A proteção do contratante 
vulnerável: estudo em uma perspectiva civil-constitucional. Maceió:
E d u f a l , 2 0 0 9 , p . 1 0 5 ) . 

Portanto, incorreta a decisão examinada, seja por que o magistrado 
se equivoca ao tratar o caso como hipótese de vício, quando se trata 
de responsabilidade por fato do produto, cujo prazo decadencial é de 
cinco anos; seja por que não aplicou o disposto no art. 6o do CDC, 
invertendo o ônus da prova em favor do consumidor.
QUESTÃO 2 
Lúcio, viúvo, sem herdeiros necessários, fez disposição de última vontade no 
ano de 2007. Por esse negócio jurídico atribuía à sua sobrinha, Amanda, a 
propriedade sobre bem imóvel na cidade de Aracajú/SE, gravando-o, contudo, 
com cláusula de inalienabilidade vitalícia. Em 2009, após o falecimento de seu 
tio, Amanda aceita e torna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela 
disposição, que foi registrada no ofício do registro de imóveis competente. Ocorre 
que agora, em 2010, há necessidade de Amanda alienar esse imóvel, tendo em 
vista ter recebido uma excelente proposta de compra do referido bem. Diante 
disso, como advogado de Amanda, responda se isso é possível e, em caso positivo, 
quais as medidas judiciais cabíveis? Justifique e fundamente sua resposta.
Comentários:
A teor do disposto no parágrafo único do art. 1.911, do Código 
Civil, c/c art. 1.112 do Código de Processo Civil, é possível a alienação 
do bem herdado com cláusula de inalienabilidade, desde que por 
47
conveniência econômica do herdeiro, e mediante autorização judicial, 
em processo de jurisdição voluntária. Todavia, é de se observar que o 
produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais 
incidirão as restrições impostas aos primeiros.
Neste sentido esclarece Maria Berenice Dias (Manual das 
Sucessões. São Paulo: RT, 2008, p. 278): “a possibilidade de o 
testador clausular sua herança não é absoluta. Recaindo a restrição 
sobre determinado bem, existe a possibilidade de as restrições serem 
transferidas para outros bens”, desde que demonstrada justa causa 
(CC, art. 1.848, § 2o, conveniência econômica (CC, art. 1.911, 
parágrafo único), e que o produto da venda converta-se em outros 
bens que ficam sub-rogados com o ônus.
Sob a perspectiva processual, impende observar que, autorizada 
a venda, o valor obtido passa a garantir a subsistência do herdeiro. O 
numerário fica depositado em juízo e mensalmente é expedido alvará 
autorizando o levantamento do valor necessário para garantir a 
sobrevivência do titular do bem.
Por último, destaque-se novamente que a demanda de sub-
rogação é de jurisdiçãoQuestão 3 (Exame da OAB/FGV - 2010.3 – 
Direito Civil – 2a Fase). Gerson está sendo executado judicialmente 
por Francisco, tendo sido penhorado um imóvel de sua propriedade. 
Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da separação total de 
bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que o imóvel seja 
submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão? 
Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, 
identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja 
considerado perfeito e acabado. Considere que não há outros 
pretendentes ao bem penhorado.
Comentários:
A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de 
Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, 
oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam 
adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode 
adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê 
48
expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem 
penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais 
interessados na adjudicação (§ 3o).
Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e 
acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, 
pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a 
respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à 
matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e 
a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto 
no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil.
voluntária, não se submete ao juízo do inventário e não cabe a 
citação nem do testamenteiro nem do inventariante ou dos herdeiros.
QUESTÃO 3
(Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhorado um 
imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da 
separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que o imóvel 
seja submetido à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão? Em caso 
negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique os requisitos 
exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado. Considere 
que não há outros pretendentes ao bem penhorado.
Comentários:
A questão trata do instituto da adjudicação, previsto no Código de 
Processo Civil, art. 685-A, segundo o qual é lícito ao exequente, 
oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam 
adjudicados os bens penhorados. No caso presente, Helena pode 
adjudicar o imóvel, pois o § 2o do mencionado art. 685-A, prevê 
expressamente a possibilidade de o cônjuge adjudicar o bem 
penhorado, tendo, inclusive, preferência sobre os demais 
interessados na adjudicação (§ 3o).
49
Na hipótese, para que o ato judicial seja considerado perfeito e 
acabado, faz-se necessária a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, 
pelo adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a 
respectiva carta, que conterá a descrição do imóvel, com remissão à 
matrícula e registros, acompanhada de cópia do auto de adjudicação e 
a prova de quitação do imposto de transmissão, na forma do disposto 
no art. 685-B e seu parágrafo único, do Código de Processo Civil.
QUESTÃO 4 
 Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. 
Dois anos depois de pactuada a locação, Jonas ingressa com Ação Revisional de 
Aluguel argumentando que o valor pago nas prestações estaria muito acima do 
praticado pelo mercado, o que estaria gerando desequilíbrio no contrato

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