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115 CORRUPÇÃO ATIVA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL _____________________________ 115.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO CRIME No art. 337-B está o tipo: “prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional”. A pena: reclusão, de um a oito anos, e multa. O bem jurídico protegido é o interesse da Administração Pública brasileira em que as transações comerciais internacionais que se realizam com participação de pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, brasileiras se façam com respeito aos mesmos princípios de probidade, moralidade e honestidade. Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito passivo é o Estado brasileiro e também o Estado ou a organização internacional. 115.2 TIPICIDADE 115.2.1 Conduta e elementos do tipo São três as condutas incriminadas: prometer vantagem, oferecê-la ou dá-la. O verbo dar não é empregado no tipo de corrupção ativa de funcionário público brasileiro, do art. 333 do Código Penal. Prometer é comprometer-se, obrigar-se a dar. Oferecer é ofertar, é colocar à disposição. Dar é entregar. Realiza-se por qualquer meio, verbal, escrito e até 2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles gestual. Pode ser realizada diretamente pelo agente ao funcionário estrangeiro ou por interposta pessoa que, então, participa do crime. Também, diferentemente do delito do art. 333, a vantagem pode ser prometida, oferecida ou dada à terceira pessoa. O agente, espontaneamente, promete, oferece ou dá ao funcionário público ou à terceira pessoa uma vantagem a que ele não tem direito, isto é, indevida. A vantagem pode ser econômica ou de qualquer outra natureza, moral inclusive. Há crime independentemente da atitude do funcionário, que pode aceitá-la ou rejeitá- la. O oferecimento ou a promessa da vantagem visa a que o funcionário pratique, omita ou retarde a prática de um ato de ofício. Desse modo, deve o funcionário ser o competente para praticar, omitir ou retardar o ato de ofício. É de ver, ainda, que não pode haver delito quando o agente oferece ou promete vantagem para determinar o funcionário a não praticar – a omitir – ou a retardar a prática de um ato ilegal. O ato deve estar relacionado a uma transação comercial internacional, a um negócio jurídico de comércio que envolva partes oriundas de países estrangeiros. É crime doloso. O agente tem consciência de que está oferecendo uma vantagem indevida – ilícita – para um funcionário público estrangeiro ou a uma outra pessoa, presente, ainda, o elemento subjetivo, que é o de determinar ao funcionário praticar, omitir ou retardar o ato de ofício. A consciência deve abranger ainda a relação do ato com uma transação comercial internacional. Age com livre vontade, sem outro fim. 115.2.2 Consumação e tentativa Consuma-se no instante em que o agente promete, oferece ou dá a vantagem ao funcionário ou à terceira pessoa, independentemente de sua aceitação, nas primeiras modalidades típicas, e da prática, omissão ou não-realização do ato. O crime é formal, de resultado cortado. A tentativa ocorrerá se, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a promessa ou oferta não chegar ao conhecimento do funcionário. Corrupção Ativa em Transação Comercial Internacional - 3 115.3 AÇÃO PENAL A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.