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122.Corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete

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122 
CORRUPÇÃO ATIVA DE 
TESTEMUNHA, PERITO, CONTADOR, 
TRADUTOR OU INTÉRPRETE 
____________________________ 
 
122.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO 
 CRIME 
Sem rubrica contendo o nomen iuris, o art. 343 do Código Penal porta o seguinte tipo 
penal: “dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer vantagem a testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade 
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. A pena cominada é reclusão, 
de três a quatro anos, e multa”. 
O bem jurídico protegido é a administração da justiça, o interesse estatal na verdade 
dos depoimentos, perícias, cálculos, traduções e interpretações realizadas pelos que 
intervêm nos processos e procedimentos. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito 
passivo é o Estado e a pessoa que, em virtude dela, sofrer lesão, moral ou patrimonial. 
 
122.2 TIPICIDADE 
O caput contém o tipo fundamental e o parágrafo único descreve as causas de aumento 
de pena. 
122.2.1 Conduta e elementos do tipo 
As condutas são: dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem. Dar é entregar, 
oferecer é colocar à disposição, prometer é assumir a obrigação de dar. Realizam-se por 
qualquer meio, verbal, escrito ou qualquer outra forma de comunicação. 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
O tipo refere-se a dinheiro, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou 
no exterior ou qualquer outra vantagem, moral ou patrimonial. 
O dinheiro ou vantagem é dado, oferecido ou prometido a qualquer das pessoas que 
podem ser sujeitos ativos dos delitos de falso testemunho ou falsa perícia, objeto dos 
comentários feitos no Capítulo 124, a fim de que, no processo, judicial ou administrativo, 
inquérito policial ou juízo arbitral profira afirmação falsa, negue ou cale a verdade sobre 
fato juridicamente relevante. 
O crime é doloso. O agente deve estar consciente da condição de testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete da pessoa a quem dá, oferece ou promete o dinheiro ou a 
vantagem agindo por livre vontade e com o fim especial de determinar a prática de falso 
testemunho ou falsa perícia. 
É um delito que guarda semelhança com o crime de corrupção ativa, definido no art. 
333 do Código Penal, tendo como elementos diversos o sujeito passivo, que deve ser uma 
das pessoas mencionadas no tipo, não necessariamente funcionário público, e o elemento 
subjetivo, que é o fim do cometimento do delito de falso testemunho ou falsa perícia. 
 
122.2.2 Consumação e tentativa 
A consumação acontece no instante em que o agente entrega, oferece ou faz a 
promessa do dinheiro ou da vantagem, não sendo necessário que seja realizado o falso 
testemunho ou a falsa perícia que, aliás, nem precisa ocorrer. Independe, ainda, da 
aceitação da promessa. 
A tentativa será possível quando a oferta ou promessa é feita por meio de 
comunicação não verbal, que não chega, por circunstâncias alheias à vontade do agente, ao 
conhecimento da testemunha, do perito, do contador, tradutor ou intérprete. 
 
 
122.2.3 Aumento de pena 
Incidirá o aumento de um sexto a um terço da pena, determinado pelo parágrafo único 
do art. 343, quando o crime tiver sido cometido com a finalidade de obtenção de prova 
destinada a produzir efeito em processo penal, nele incluída a fase procedimental do inquérito 
policial e também quando, no processo civil, entidade da administração pública, direta ou 
Corrupção Ativa de Testemunha, Perito, Contador, Tradutor ou Intérprete - 3 
 
indireta, integrar a relação processual como parte. 
 
122.2.4 Concurso de pessoas e conflito aparente de normas 
Possível a co-autoria e a participação, por instigação, induzimento ou qualquer 
forma de colaboração. 
Quando a vantagem ou o dinheiro é dado, oferecido ou prometido a perito, 
contador, tradutor ou intérprete que seja funcionário público e em razão de suas funções, o 
fato se ajustaria ao tipo do art. 333 do Código Penal, como entende a doutrina tradicional, 
por aplicação do princípio da especialidade. 
Conquanto a pena cominada ao delito do art. 343 – majorada pela redação 
determinada pela Lei nº 10.268/01 – seja de reclusão de três a quatro anos e a pena para a 
corrupção ativa seja de reclusão, de um a oito anos, verifica-se a desarmonia do sistema, 
pois o tipo especial tem pena mínima três vezes superior à pena mínima do crime praticado 
em relação a qualquer funcionário público, ao passo que a pena máxima é exatamente igual 
à metade do grau máximo previsto para o crime do art. 333. 
Assim, se o agente corrompe testemunha, a pena será de reclusão de três a quatro 
anos, e se corrompe o funcionário público que exerce o cargo de perito oficial, por exemplo, 
a reclusão será de um a oito anos. A pena deste, por ser funcionário público que se deixa 
corromper, deveria ser mais severa que a cominada à testemunha, no entanto, com as 
modificações legislativas feitas, tal não ocorrerá. 
 
122.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.

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