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Falência: Pressuposto subjetivo: Partes - Legitimados para falir: empresário (regular ou irregular) insolvente. - Legitimados para pedir falência 1. O próprio empresário (auto falência) 2. O conjunge sobrevivente, Espólio ou herdeiros do devedor 3. Credor (deve possuir título executivo líquido; se for empresário (regularmente constituídos), deve provar sua condição e, se o credor for estrangeiro sem domicílio no Brasil, deve prestar caução) Pressuposto objetivo: Causas 1. Convolação da recuperação judicial em falência (única hipótese em que a falência pode ser decretada de ofício) 2. Autofalência (insolvência confessada) 3. Pedido de falência por impontualidade (artigo 94, I): verifica quando o devedor deixa de pagar no vencimento sem relevante razão de direito, obrigação líquida materializada em título executivo superior a 40 salários mínimos (nacional – o momento de aferição do salário mínimo é do momento da distribuição da ação - Admite-se a soma de títulos e também o litisconsórcio ativo) devidamente protestado (deve ter sido absolutamente regular). – cerca de 85% dos pedidos de falências no Brasil. 4. Pedido de falência por execução frustrada (artigo 94, II): ocorre quando o devedor citado em execução por quantia certa não paga, não deposita e não nomeia bens a penhora (esta é a letra de lei, porém, deve-se ler como “não são encontrados bens passíveis de penhora”). Na execução o credor deve pedir uma certidão de objeto e pé, e com esse documento poderá pedir a falência por execução frustrada (segundo o professor, deverá ser extinta a execução, vez que a execução é realizada para devedor solvente, enquanto a falência é para o empresário insolvente, portanto, em uma das ações haverá falta de interesse. No entanto, existem juízes que autorizam a suspensão da execução enquanto tramita a falência). Embora a lei vincule o piso de 40 salários mínimos no inciso I, existem juízes que defendem que o piso no inciso I foi colocado de forma errada, devendo ser veiculado no caput, portanto, aplicável a todas as hipóteses. De outro lado, existe outra corrente que defende que as hipóteses são diferentes, não havendo piso mínimo, sendo aplicável a presente hipótese para qualquer valor. Não há posição majoritária. 5. Pedido de falência por atos de falência (artigo 94, III): atos que se praticados pelo devedor, presumem sua insolvência. As hipóteses estão elencadas nas alíneas deste inciso. É a hipótese menos utilizada atualmente, devido ao seu subjetivismo. Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; Procedimento: ação de conhecimento com o intuito da decretação de falência do devedor. Petição Inicial: Artigo 282 do CPC + requisitos específicos, dependendo da modalidade da falência. OBS: Quando você pede a falência de alguém, diz-se que o réu é insolvente, portanto, não se pode na petição inicial colocar qualquer coisa que remeta a cobrança, vez que, a cobrança tem o seu meio próprio para alcança-la (em nenhum momento pode fazer transparecer a cobrança da dívida que originou o pedido). OBS 2: Enquanto houver o processamento do pedido de falência, não poderá haver em nenhuma hipótese uma negociação por escrito, pois, logicamente, não se pode negociar com um insolvente. Logo, se houver, basta apresentar a negociação prévia ou durante o processamento, para que o juiz extinga a falência. Do mesmo modo, existem juízes que marcam f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Detalhes não dados em aula a respeito da falta de legitimação absoluta e relativa para a falência: “A primeira diz respeito às empresas públicas e sociedades de economia mista, que estão totalmente excluídas do processo falimentar (LF, art. 2º, I). Como são sociedades exercentes de atividade econômica controladas direta ou indiretamente por pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios), os credores têm sua garantia representada pela disposição dos controladores em mantê-las solventes. Não é do interesse público a falência de entes integrantes da Administração Indireta, ou seja, de desmembramento do Estado. Caindo elas em insolvência, os credores podem demandar seus créditos diretamente contra a pessoa jurídica de direito público controladora. A segunda hipótese de exclusão absoluta do direito falimentar alcança as câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira. Esses sujeitos de direito terão suas obrigações ultimadas e liquidadas de acordo com os seus regulamentos, aprovados pelo Banco Central. As garantias conferidas pelas câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira destinam-se, por lei, prioritariamente à satisfação das obrigações assumidas no serviço típico dessas entidades (LF, art. 194). Em outros termos, em nenhuma hipótese pode ser decretada falência delas, cabendo proceder de acordo com o disposto no regulamento adotado pelo respectivo serviço de compensação e liquidação financeira. A terceira hipótese de exclusão absoluta alcança as entidades fechadas de previdência complementar, isto é, que organizam planos acessíveis apenas aos empregados de certa empresa, servidores públicos de um determinado ente governamental (patrocinadores) ou associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial (instituidores). As entidades fechadas de previdência complementar estão sujeitas unicamente à liquidação extrajudicial (Lei Complementar nº 109/01, art. 47). Nenhum credor dessa entidade pode requerer em juízo a decretação de sua falência. Pode apenas executar o crédito que titula, mediante a penhora de bens da devedora. Note-se que as entidades abertas de previdência complementar, cujos planos são acessíveis a qualquer pessoa física, estão excluídas relativamente da falência, como se verá adiante. As sociedades empresárias relativamente excluídas do direito falimentar são três: companhias de seguro, operadoras de planos privados de assistência à saúde e instituições financeiras.” COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de empresa, vol. 3. audiências de conciliação (ou o réu pede a sua designação) e a partir do momento que o autor comparece e negocia com o suposto insolvente, esse ato é incompatível com a presunção de insolvência, levando assim, a extinção da ação. Continuação do procedimento: O réu será citado e terá 10 dias para apresentação de defesa. Nesseprazo, o réu poderá ter de 2 a 5 posturas a tomar. 1. Inércia: será revel, e será decretada a falência. 2. Apresentar contestação: a partir de então, prosseguirá pelo rito ordinário. 3. Depósito elisivo: deposito que impede a decretação de falência do devedor, pois ele derrubará a presunção de insolvência, pois ele prova que não o é. Nesse caso a lei traz uma exigência: custo principal + juros + correção + honorários (assim, o pedido será julgado IMPROCEDENTE, pois demonstra que o réu não é insolvente. Isso demonstra claramente que a falência é complemente diferente da ação de cobrança). Depósito elisivo só poderá ser realizado em pedido de falência fundados em impontualidade ou execução frustrada. Se o devedor não tem o valor completo e realiza o deposito parcial, existem três correntes: 1. Será decretada a falência (a única com fundamento legal); 2. O juiz deve mandar complementar o depósito, sob pena de decretação de falência (posição majoritária); 3. Depositado o principal o deposito está elidido, e a ação prosseguirá como cobrança. 4. Contestação com depósito elisivo: o devedor quer se defender, mas quer a garantia de não ser decretada a falência, portanto, ele realiza o depósito e ainda assim, contesta o feito. Depósito elisivo só poderá ser realizado em pedido de falência fundados em impontualidade ou execução frustrada. 5. Pedir recuperação judicial: no prazo de defesa o devedor pede a recuperação judicial nos autos da ação de falência. Só poderá ser realizado se o pedido for por impontualidade e se o empresário for regularmente constituído a mais de 2 anos. Terceiro pressuposto: Sentença São três as possíveis sentenças no pedido de falência: - Terminativa: extingue o processo sem resolução do mérito (art. 267). Recurso cabível: apelação. - Denegatória: sentença de mérito, que julga improcedente o pedido de falência. Esta sentença tem uma particularidade: se o juiz, na sentença, reconhecer que o autor agiu de modo doloso, poderá condená-lo ao pagamento de indenização ao réu em valor a ser apurado em liquidação. Uma parte da doutrina entende que deve ser pedida a indenização pelo réu na contestação. O professor Rui descorda, devido ao atributo punitivo da indenização. Se houver culpa, cabe também indenização, porém, em ação própria. Recurso cabível: apelação. - Declaratória de falência: é a sentença de mérito. Aquela que decreta a falência do devedor. Recurso cabível: agravo de instrumento (CPC). A sentença declaratória de falência gera efeitos imediatos independentemente da ciência das partes. Todos os atos praticados pelo falido a partir da sentença são considerados nulos e ineficazes e, isso decorre de um dos efeitos da falência, a perda da capacidade empresarial, ou seja, o falido se torna inabilitado para a atividade empresarial. Outro efeito particular dessa sentença é o surgimento do juízo universal. Juízo universal: o juízo onde se processa a falência atrai para si todas as ações relacionadas a patrimônio, nas quais o falido seja parte. As exceções são 3: Execução fiscal, reclamação trabalhista e as ações não reguladas pela lei de falência, onde o falido seja autor ou litisconsorte ativo. Requisitos da sentença declaratória de falência: Essa sentença possui requisitos específicos e comuns. Os comuns: Relatório e disposto. Específicos: Artigo 99 da lei de falências. Inciso II - Do termo legal da falência, o administrador judicial irá analisar todos os atos realizados pelo falido. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência; IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei; V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo- os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei; VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência; XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores. Artigo 129 - Traz um rol exaustivo de atos que são presumidamente lesivos pelo legislador. Por isso, essa ineficácia é denominada objetiva. Durante o termo legal da falência, caso o administrador encontre um dos atos previstos nesse artigo, não se perquire culpa ou dolo, o ato será declarado ineficaz. A declaração de ineficácia poderá ocorrer de qualquer forma (até de ofício – não depende de ação própria). Artigo 130: Devem estar presentes cumulativamente os requisitos de conluio fraudulento (ambas as partes devem ter acordado a fraude) e o efeito prejuízo sofrido pela massa falida. Nesta hipótese é necessário intentar a ação revocatória, por procedimento ordinário, e seus legitimados ativos (de modo concorrente) o administrador judicial, o MP e qualquer credor. Como legitimados passivos o falido, aquele que contratou com o falido e qualquer outro que tenha participado do ato. Essa ação tem prazo decadencial de 3 anos contados da decretação da falência. Da sentença,caberá apelação, recebida em duplo efeito. Declarada a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes voltarão ao estado anterior, e se reconhecida a boa-fé do contratante ele terá direito a restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. Reconhecida a boa-fé de terceiros, ele terá direito de receber o valor, nos termos acima, antes mesmo dos créditos extra concursais. Efeitos da decretação: - Pessoa do falido: inabilitação para o exercício da atividade empresarial (desde a decretação até a declaração de extinção das responsabilidades); o falido sofrerá restrições a liberdade de locomoção e sigilo de correspondência (essas são as duas mais polemicas, entre outras); outros deveres (prestar depoimento, entregar os documentos ao administrador judicial, etc) Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência; V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência; VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. - Bens do falido: apresentação do dia 08.09 - Obrigações do falido: (diretamente ligado aos direitos dos credores). Conduzido pelo princípio do tratamento igualitário dos credores. Daí advém a 1ª regra quanto a obrigação do falido: a decretação da falência promove o vencimento antecipado das obrigações do falido com o abatimento proporcional dos juros futuros. 2ª regra: créditos contratados em moeda estrangeira devem ser convertidos para moeda nacional na cotação da data da decretação. 3ª regra: a falência suspende a fluência dos juros a partir da decretação, salvo se o ativo apurado for suficiente para o pagamento do principal de todos os credores. Nesse caso, o valor que sobrar da subtração do ativo com o passivo será utilizado tal valor para que volte-se ao primeiro credor para que se pague os juros a partir da decretação da falência que estavam suspensos. O professor diz que essa regra é apenas para que conste, pois na história ocorreram apenas 3 casos, já que se o ativo for maior do que o passivo, há liquidez, não há que se falar em falência. A regra da suspensão não acontecerá em duas situações: 1 - Credores debenturistas; 2 – credores com garantia real, que podem cobrar juros até o limite da garantia. A partir do momento em que foi decretada a falência, como ficarão os contratos celebrados pelo falido? O legislador criou a regra geral (subsidiárias) e específicas. A regra geral é que os contratos bilaterais não se resolvem pela decretação da falência. Cabe ao contratante (ônus) não falido (aquele que contratou com o falido) interpelar o administrador em até 90 dias (decadencial) da nomeação e então o administrador terá até 10 dias para dizer se cumpre ou não o contrato. No seu silêncio ou resposta negativa, é garantido direito a indenização como crédito quirografário. Porém, não se pode confundir o crédito a indenização com o crédito advindo do contrato, que pode ser de qualquer outra natureza que não quirografária, a depender do contrato. Na maioria dos contratos existe uma cláusula que prevê que na hipótese de decretação de falência de qualquer das partes, automaticamente o contrato será resolvido. Nessa situação, qual disposição prevalecerá? A jurisprudência entende que se a vontade foi de livre disposição, prevalecerá a disposição contratual. Caso o contrato seja de adesão, o que valerá será a lei. Nos contratos unilaterais o administrador judicial poderá dar cumprimento, se isso trouxer benefícios ou evitar maiores prejuízos a massa falida. Logo, se não estiver presente uma dessas duas hipóteses (a regra) o contrato será resolvido. Em relação as regras específicas, vale ressaltar 3: - Contrato de conta corrente: considera-se resolvido na data da decretação, apurando- se o respectivo saldo. O contrato celebrado com o banco é um contrato de depósito, e não um contrato de conta corrente, porém, a jurisprudência entende a expressão “contrato de conta corrente” em sentido amplo, aplicando-se também, ao contrato bancário de depósito. - Contrato de mandato: o mandato negocial se resolve pela decretação e o mandatário deve prestar contas. O mandato judicial não se resolve pela decretação da falência. - Contrato de locação: Falência do locador: não resolve o contrato. Falência do locatário: o administrador pode denunciar o contrato a qualquer tempo. Realização do ativo: venda dos bens arrecadados. Os bens serão realizados logo após a avaliação do bem, o valor é depositado em uma conta remunerada até o momento em que se inicia o pagamento dos credores. O legislador coloca uma ordem para a venda (a jurisprudência entende que essa ordem não é obrigatória): 1- A empresa inteira 2- Filiais e unidades produtivas isoladas 3- Lotes de bens 4- Os bens individualmente considerados Definidos os bens arrecadados a serem realizados, existem duas foras de se realizar a venda: Ordinário: o Leilão: arremata o bem quem der o maior lance. No entanto, no leilão falimentar existem duas distinções para o leilão do processo civil (não existe distinção entre bens móveis ou imóveis, qualquer um se utilizará do leilão; no CPC acontecerá em 2 oportunidades, a primeira no valor da avaliação e o segundo a qualquer valor desde que não seja preço vil, enquanto na falência só será um leilão, sem vinculação ao valor da avaliação, desde que não seja preço vil). Pode haver leilão extrajudicial. o Alienação por propostas: equivale a uma “licitação”. Um edital é publicado, com um prazo, em que interessados apresentam propostas em envelope lacrado. Neste edital constará data e horário para abertura dos envelope, o administrador selecionará a melhor (melhor não equivale a maior, segundo o STJ) e levará para homologação do juiz. o Pregão: modalidade híbrida de leilão e alienação por propostas. Alienação por propostas é a primeirafase, classificatória, para o leilão. 1ª fase: o administrador analisará as propostas. A maior servirá de parâmetro para a segunda fase. Todas as propostas entre 90 e 100% da maior propostas se habilitarão para a segunda fase. 2ª fase: leilão com lance mínimo da maior proposta da segunda fase. Aquele que ofereceu a maior proposta ficará vinculado a ela, logo, se o bem por algum motivo for vendido por um valor menor ele será obrigado a pagar a diferença. Extraordinário: qualquer outra forma lícita diversa das ordinárias. Pagamento de passivos: Existem duas regras importantes para o pagamento do passivo. 1ª regra: No pagamento do passivo deve-se levar em conta a isonomia substancial (divisão da ordem de recebimento em classes Ordem de pagamento: para a divisão de classes, são levados em conta três critérios, o primeiro é o social. O segundo é o critério jurídico (diferenciação de créditos pela lei). O último é o critério político, como por exemplo a diferenciação da classificação do crédito com garantia real da atual lei para a anterior, que está em 2 posição e antes era encontrado na 5 posição, já que normalmente o titular desse crédito são os bancos. 1º lugar: Artigo 151 – Crédito famélico (crédito de natureza estritamente salarial, vencido nos 3 meses anteriores a decretação no limite de 5 salários mínimos por cada trabalhador) 2º Lugar: Após o famélico, serão as restituições em R$. Toda vez que o administrador for arrecadar os bens do falido, ele deverá arrecadar todos os bens, mesmo que não sejam do falido mas que esteja apenas em sua posse. O terceiro que for proprietário desse vem deverá valer-se de uma ação para comprovar a propriedade desse terceiro e evitar o enriquecimento ilícito na massa falida. Ingressada com a ação, o bem deverá estar suspenso do processo de falência. Se o bem já foi alienado, o proprietário deverá receber o valor do equivalente em dinheiro. 3º Lugar: Artigo 84 – extraconcursais 4º Lugar: Artigo 83 – concursais 1. trabalhistas (até 150 salários mínimos) e acidentários (sem limites) 2. garantia real (limite do bem) 3. tributários (não há preferência entre as fazendas) 4. privilégio especial (definido pelo CC) 5. privilégio geral (definido pelo CC) 6. quirografários (sem garantia) 7. subquirografário (oriundos de atos ilícitos, ou seja, multas contratuais, penas pecuniárias por infração de leis penais ou administrativas, inclusive tributárias, que são obrigações acessórias e, por isso, são separadas da principal) 8. subordinadas (haveres do sócio em relação a sociedade e debentures subordinadas) 2ª regra pagamento é diferente de rateio: o pagamento, para fins falimentares é a quitação dos valores totais de uma classe. Paga a dívida de toda a classe, aí sim poderá ser iniciado o pagamento ou rateio da classe seguinte. Se o saldo não for suficiente para quitar o crédito de todas os integrantes daquela classe, logo, não haverá o pagamento, haverá o rateio. Pagamento (100%) e rateio (parcial ou proporcional) Após findo o saldo da venda do ativo, o credor que não recebeu ou recebeu seu crédito parcial, poderá requerer a certidão de saldo creditício, que será título para futura execução. Expedida essa certidão, encerra-se o passivo, e o administrador judicial deverá prestar contas no prazo de 30 dias (com atuação em apartado), com abertura de prazos sucessivos de 5 dias para o falido, credores e MP. Poderá ou não haver instrução, as contas serão julgadas por sentença, da qual caberá apelação. Se as contas não forem prestadas ou forem rejeitadas, o administrador será destituído com todas as consequências daí decorrentes, entre elas, a perda total do direito à remuneração. Na sentença de rejeição o juiz pode (faculdade) fixar as responsabilidades do administrador decretando a indisponibilidade de seus bens. A indisponibilidade do bens será decretada para garantir a indenização dos credores que tiveram prejuízos decorrentes dessa conduta. Aprovadas as contas, será aberto prazo de 10 dias para apresentação do relatório final do processo de falência. Extinção das obrigações: - Quanto ao momento: 1. Na sentença de encerramento: só é possível se houver pagamento. 2. Após o termino da falência: pode ser feita pelo pagamento ou pela prescrição. Requisitos: a. Pagamento: a. 100% dos débitos, ou; b. Rateio de pelo menos 50% dos créditos quirografários: nessa hipótese, quando a arrecadação não atingir esse valor, a lei permite que o falido ou terceiros faça um depósito nos próprios autos para complementar o valor e, atingindo essa quantia, incidirá essa hipótese de declaração de extinção das obrigações. b. Prescrição: a. 5 anos após o encerramento (transito em julgado), se não houver condenação por crime falimentar. b. 10 anos após o encerramento (transito em julgado), se houver condenação por crime falimentar. A única forma de se ultrapassar esse óbice é a espera da prescrição desses débitos tributários, conseguir a certidão em cada execução fiscal, para que se consiga a extinção das obrigações na falência. Óbice – art. 191 do CTN CTN, Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos. Pedido de extinção Publicação objeção dos credores Sentença apelação 30 dias 5 dias Autuação em DOE E Jornal coisa julgada Apartado de grande circulação secumdum eventum litis Rejeição – não há coisa julgada material acolhida – há coisa julgada material, com eficácia erga omnes
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