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Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa Aulas 1,2 e 3

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Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar a importância da língua inglesa em um mundo globalizado como veículo de comunicação profissional, acadêmica e interpessoal;
2. conhecer um panorama da história da língua inglesa;
3. reconhecer o papel do professor de inglês no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa;
4. definir o que é uma aprendizagem eficiente e contextualizada de uma língua estrangeira.
Introdução
Sob uma perspectiva diacrônica, várias foram as propostas, as motivações e as necessidades envolvendo o ensino de línguas estrangeiras. Por isso, diversos métodos e abordagens do ensino de línguas alternaram-se ao longo dos tempos na busca do modo mais eficiente de se efetivar a aprendizagem de idiomas.
Globalização e Comunicação
"Quem não conhece línguas estrangeiras nada sabe de sua própria língua."
(GOETHE, Johann W. )
"Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat..."
(PAGOGINHO, Zeca; BALEIRO, Zeca. Samba do Approach. In: PAGOGINHO, Zeca. A arte de Zeca Pagodinho. Rio de Janeiro: Universal Music, 2005. Faixa 14. CD.
Touchscreen, checkup, check in, e-mail, mouse, software, paintball, playstation, Whatsapp, Twitter, Facebook, feedback, milkshake, sundae, piercing, tattoo, peeling. Hamburguer, zapear, deletar, ketchup, futebol… 
Sim, estamos falando português! Todas essas palavras nos são familiares e nos mostram que a língua inglesa está mais próxima de nós do que imaginamos.
Em um mundo cujas fronteiras estão cada vez menores e diluídas, no qual as trocas comerciais e de informações se dão com um único clique de mouse (veja o inglês aí de novo!), é necessária uma língua franca que permita a comunicação entre os povos.
Língua franca
Houaiss: qualquer língua de que se servem falantes que não têm uma língua em comum para possibilitar sua comunicação nas relações comerciais ou diplomáticas; língua geral.
Caldas Aulete: (mesmo que língua auxiliar ― de comunicação) língua usada como meio de comunicação entre falantes de línguas diferentes; língua franca; língua internacional. [Ex.: o latim na antiguidade, o inglês atualmente.]
O intercâmbio também é intenso do ponto de vista profissional/acadêmico, científico e cultural nos dias de hoje, daí a importância do ensino de uma Língua Estrangeira Moderna (LEM).
Atualmente, em um contexto de globalização, o objetivo do ensino do inglês visa contribuir para a ampliação do horizonte cultural do aprendiz, pois:
Ao conhecer outra(s) cultura(s), outra(s) forma(s) de encarar a realidade, os alunos passam a refletir, também, muito mais sobre a sua própria cultura e ampliam a sua capacidade de analisar o seu entorno social com maior profundidade, tendo melhores condições de estabelecer vínculos, semelhanças e contrastes entre a sua forma de ser, agir, pensar e sentir e a de outros povos, enriquecendo a sua formação.
De idêntica maneira, tanto através da ampliação da competência sociolingüística quanto da competência comunicativa, é possível ter acesso, de forma rápida, fácil e eficaz, a informações bastante diversificadas. A tecnologia moderna propicia entrar em contato com os mais variados pontos do mundo, assim como conhecer os fatos praticamente no mesmo instante em que eles se produzem. A televisão a cabo e a Internet são alguns exemplos de como os avanços tecnológicos nos aproximam e nos integram do/no mundo. (PCN ― Ensino Médio, 2000)
O Inglês no Mundo
O inglês está difundido em todos os continentes, seja como língua nativa, oficial ou segunda língua. 
Podemos estimar em mais de 1 bilhão o número de falantes do idioma em todo o mundo, sendo que falantes não nativos, pessoas que aprendem o inglês como uma língua estrangeira, representam cerca de 3/4 desse número (FERRO, 2010).
Fatos históricos explicam o porquê de o inglês ser a língua de comunicação do mundo na modernidade.
O poderio econômico da Inglaterra nos séculos XVIII, XIX e XX, alavancado pela Revolução Industrial, aliado à expansão do colonialismo britânico, foram os responsáveis pela disseminação do inglês.
A área de abrangência territorial do Império Britânico chegou a alcançar 20% das terras do mundo, valendo ao Império a máxima: “The empire where the sun never sets.”.
A maior parte dos países que hoje têm o inglês como língua oficial foi um dia colônia da Inglaterra. O Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte), os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália são as quatro maiores nações anglófonas do planeta (FERRO, 2010 e SCHÜTZ, 2013).
Posteriormente, a difusão maciça do idioma deveu-se à hegemonia política, econômica e tecnológica exercida pelos Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial e à consequente influência cultural dos EUA.
Isso fez com que o francês deixasse de ser a língua dos meios diplomáticos e solidificou a língua inglesa como a língua padrão das comunicações internacionais.
O inglês, então, tornou-se a língua predominante no mundo dos negócios e da ciência: mais de 80% dos trabalhos científicos e a metade dos jornais do mundo são publicados nessa língua (FERRO, 2010 e SCHÜTZ, 2013).
Um Pouco da História do Inglês
A história da Inglaterra se inicia com os celtas, os quais já habitavam a Europa na Idade do Bronze e ocuparam as regiões hoje conhecidas como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra por oito séculos (700 a.C. a 100 d.C.), quando foram assimilados pelo Império Romano.
Em 55-54 a.C. e 44 d.C, deram-se as invasões romanas e a anexação da principal ilha britânica ao Império Romano, com a consequente influência do latim na cultura celta-bretã. Com a retirada das legiões romanas da Britannia, em 410 d.C., os celtas ficam à mercê de tribos inimigas do norte (escoceses e pictos) e buscam ajuda com as tribos germânicas (jutos, anglos, saxões e frísios) em 449 d.C.. Entretanto, o que seria ajuda torna-se dominação. Os celtas-bretões são massacrados e refugiam-se ao oeste das ilhas. Os dialetos germânicos falados por anglos e saxões é que originam a língua inglesa. A palavra England, por exemplo, deriva de Angle-land (terra dos anglos).
O advento do Cristianismo nas ilhas (em 432 d.C., St. Patrick inicia a missão de levar o cristianismo à população celta da Irlanda. Em 597 d.C., sob o comando do papa Gregório, a Igreja envia missionários para converter os anglo-saxões ao cristianismo) propicia o início da influência do latim sobre a língua germânica dos anglo-saxões. Tal influência ocorre de duas formas: com a introdução de vocabulário novo referente à religião e a adaptação do vocabulário anglo-saxão.
Ao final do século VIII, têm início os ataques dos vikings (originários da Escandinávia) contra a Inglaterra. Os vikings que se estabeleceram na Inglaterra eram, em sua maioria, provenientes da região hoje pertencente à Dinamarca e falavam Old Norse, ancestral do dinamarquês. Eis mais uma influência linguística para o inglês.
No século XI, mais precisamente em 1066, os normandos (originários do norte da França) invadem as ilhas. O duque normando William, o Conquistador, derrota o rei anglo-saxão, Harold, na Batalha de Hastings. Tal fato acarretou uma drástica reorganização política da Inglaterra, vindo a alterar os rumos da língua inglesa, marcando o início de uma nova era. É a vez de o dialeto francês, o Norman French, contribuir para a formação da língua inglesa.
Historicamente, o inglês divide-se em três períodos: Old English (500 - 1100 d.C., a partir da segunda metade do século V, quando ocorreram as invasões germânicas.), Middle English (1100 - 1500 d.C., com a invasão dos normandos em 1066) e Modern English (a partir de 1500 d.C., com o advento da imprensa em 1475, a criação de um sistema postal em 1516 e a literatura de William Shakespeare - 1564-1616). (SCHÜTZ, 2013)
O Papel do Professor de Língua Estrangeira Moderna no Processo de Ensino-aprendizagem
You taught me language, and my profit on ’t
Is I know how to curse. The red plague rid you
For learning me your language!
(Vocême ensinou a sua língua, e meu proveito nisso 
É que sei amaldiçoar. Maldito seja
Por me ensinar a sua língua!)
(SHAKESPEARE, William. The Tempest. Act I, Scene II)
 
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."
(Nelson Mandela)
O aprendizado de uma língua estrangeira moderna colabora para a formação e o desenvolvimento psicológico, social, cultural e afetivo do aluno, ampliando a visão de mundo desse aluno ao ter acesso a novos conhecimentos (informação científica, tecnológica e cultural) e permitindo o aprofundamento intelectual dele. 
Ao estabelecer relações com outras áreas de conhecimento, o aluno terá condições de compreender e contribuir de maneira ativa e integrada para a sociedade em que vive (TOTIS, 1991).
Para além de um instrumento de comunicação ou propulsor de novas perspectivas profissionais em um mundo globalizado, destaca-se que a aprendizagem de uma língua estrangeira leva à compreensão da própria língua materna, facilitando o entendimento de seus mecanismos. 
Ao estabelecer paralelos, seja por semelhanças ou por diferenças da língua estrangeira com a língua materna, o aluno desenvolve certos processos cognitivos que servem de subsídio para um melhor desempenho em outras áreas de conhecimento (TOTIS, 1991).
Cabe ao professor de inglês, portanto, a tarefa de conscientizar os alunos da relevância do ensino da língua inglesa, uma vez que o aluno será confrontado com uma ferramenta de comunicação e estará exposto à descoberta e à valorização do outro, numa relação como ser social, podendo também compreender a diferença de costumes entre os povos, adquirir uma consciência crítica sobre a própria cultura e valorizá-la (TOTIS, 1991). 
Aprender uma língua estrangeira promove a alteridade e a autocrítica, situando o sujeito falante no mundo e em seu momento histórico. Mais do que nos permitir o acesso a outros universos culturais, é pelo uso da língua que construímos nossas visões de mundo.
Entretanto, por muito tempo, a proficiência em uma língua estrangeira resumia-se ao domínio das estruturas gramaticais dessa língua, na memorização de regras e na prioridade da modalidade escrita em um ambiente descontextualizado e desvinculado da realidade.
Sendo assim, qual o estímulo e o propósito de se estudar uma língua estrangeira?
Ao figurarem inseridas numa grande área – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias –, as Línguas Estrangeiras Modernas assumem a sua função intrínseca que [...] esteve camuflada: a de serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens. Pelo seu caráter de sistema simbólico, como qualquer linguagem, elas funcionam como meios para se ter acesso ao conhecimento e, portanto, às diferentes formas de pensar, de criar, de sentir, de agir e de conceber a realidade, o que propicia ao indivíduo uma formação mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais sólida.
É essencial, pois, entender-se a presença das Línguas Estrangeiras Modernas inseridas numa área, e não mais como uma disciplina isolada no currículo. As relações que se estabelecem entre as diversas formas de expressão e de acesso ao conhecimento justificam essa junção. [...]
Numa perspectiva interdisciplinar e relacionada com contextos reais, o processo ensino-aprendizagem de Línguas Estrangeiras adquire nova configuração [...]
Sendo assim, o foco do ensino de uma língua estrangeira deve basear-se em uma aprendizagem eficiente e contextualizada, que traga algo de relevante para o aluno, explore o potencial dele e o ajude a produzir significado(s).
No contexto escolar (seja ensino fundamental, médio, superior e pós lato sensu ou stricto sensu) e até mesmo no dia a dia, a habilidade mais requisitada é a da leitura. 
A todo instante, somos bombardeados por signos verbais, por textos os mais variados. Ao longo de nossa vida acadêmica, somos submetidos à leitura de textos científicos literatura especializada em uma (ou mais) língua(s) estrangeira(s). 
No cotidiano profissional, são inúmeros os e-mails e documentos a serem lidos. E se forem em outro idioma?
A leitura é um processo de comunicação complexo no qual a mente do leitor interage com o texto numa dada situação ou contexto. Durante esse processo, o leitor constrói uma representação significativa do texto por meio da interação do conhecimento conceitual e linguístico que ele, leitor, detém com as pistas existentes nesse texto.
Tais pistas auxiliam o leitor a colher amostras, confirmar, corrigir e rejeitar predições feitas em relação à mensagem. A leitura, então, envolve a formulação de perguntas apropriadas a fim de que se encontrem respostas relevantes (TOTIS, 1991). 
E é aí que entra o professor de língua estrangeira. Ele deve ser o facilitador desse processo, orientando os alunos no desenvolvimento das estratégias de leitura, de forma a que os alunos se tornem independentes.
Destaca-se que, numa aula de leitura, a finalidade da leitura deve retratar a realidade, estar contextualizada. Do contrário, deparamos com uma situação artificial, que em nada colabora para a aprendizagem e a construção de significados. 
Para tanto, o professor de leitura em inglês deve se utilizar de materiais autênticos ou minimamente adaptados, de modo a fazer com que o aluno seja capaz de correlacionar diferentes áreas do saber e utilizar o conhecimento de mundo quando da realização da tarefa de ler. 
Então, concluímos que o ato de ler envolve o desenvolvimento e o reconhecimento de habilidades de linguagem (vocabulário, estrutura, discurso), bem como o de habilidades linguísticas (estratégias de leitura) (TOTIS, 1991).
Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os conceitos de: abordagem, método, procedimento, técnica, objetivo e conteúdo programático;
2. conhecer o panorama dos diversos métodos e abordagens do ensino de língua inglesa em uma visão cronológica;
3. reconhecer as características e objetivos gerais desses diversos métodos e abordagens.
Introdução
Na aprendizagem de uma LEM (língua estrangeira moderna), é importante analisar e conceituar os seguintes termos: abordagem, método, procedimento, técnica, objetivo e conteúdo programático. Qual a atitude do professor de língua estrangeira perante a língua? É preciso que a prática pedagógica do professor esteja em consonância com o que ele entenda por língua. Sem isso, as práticas de ensino adotadas por ele correm o risco de se tornar sem sentido e ineficazes.
Métodos e Abordagens de Ensino de Línguas Estrangeiras: Fundamentos e Conceitos
Don't you see my rainbow, teacher? Don't you see all the colors?
I know that you're mad at me. I know that you said to color the 
cherries red and the leaves green. But, teacher, don't you see my 
rainbow? Don't you see all the colors? Don't you see me?
(Albert Cullum, The Geranium on the Windowsill Just Died But Teacher You Went Right On, 1971, p. 36)
O ensino de línguas estrangeiras envolve objetivos, resultados e obedece a uma ordenação e a algumas etapas. Contudo, como isso se dá?
Uma breve análise histórica aponta para a busca do melhor ou do mais perfeito método de ensino de idiomas ao longo dos tempos. A etimologia de método nos remete ao grego, méthodos: meta, que significa sucessão, ordenação; e hodós, que significa via, caminho. Ou seja, método refere-se a um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas no estudo de uma ciência ou para se atingir um determinado fim (VILAÇA, 2008).
Método: Segundo Mackey, método é o resultado de um processo de seleção, gradação, apresentação e prática de uma experiência idiomática a ser oferecida ao aluno. É, portanto, um conjunto de procedimentos de ensino e aprendizagem sintonizados com um determinado currículo e, ao mesmo tempo, direcionados por uma abordagem ou modelo teórico. Um método deriva implícita ou explicitamente de certo número de crenças ou princípios (ou seja, de uma abordagem) e é caracterizado por certas técnicas pedagógicas.
Técnica já é um termo mais restrito,significando um simples procedimento sistemático em sala de aula, visando uma determinada prática e cumprindo um objetivo específico. Jogos, atividades em pares ou em grupo, exercícios orais ou escritos são técnicas destinadas a colocar em prática um método que, por sua vez, deriva de uma abordagem adotada (TOTIS, 1991).
Abordagem, então, é um conceito mais abrangente que abarca os pressupostos teóricos sobre a língua e a aprendizagem. Já o método tem uma abrangência mais restrita e pode estar contido em uma abordagem. Cumpre salientar que abordagens diversas podem compartilhar os mesmos métodos e técnicas, e métodos diferentes podem compartilhar as mesmas técnicas.
Em relação ao ensino de línguas estrangeiras, podemos situar as abordagens numa linha contínua cujos pontos extremos estão representados por visões totalmente distintas. Num extremo, temos o behaviorismo de Skinner, o qual parte do princípio de uma aprendizagem mecânica, com repetições sistemáticas do tipo estímulo-resposta (S ― R), em que o reforço (S → R → R) é fundamental e a explicitação de regras é evitada. A aprendizagem desse método é predominantemente indutiva. No extremo oposto, está o cognitivismo, que parte do princípio de que a aprendizagem é dedutiva e se processa por meio da ênfase dada a regras explícitas, em que o significado (compreensão) é básico para o progresso do aluno (TOTIS, 1991).
Existem, ainda, duas concepções que consideram os conceitos de método, abordagem, técnica, desenho (design) e procedimento. A primeira delas é a de Edward Anthony (1963) e a outra de Richards e Rodgers (1986).
Para Edward Anthony, a abordagem é a visão do professor a respeito da natureza da linguagem e dos processos de ensino e aprendizagem. É a visão que o professor tem do que seja língua e sobre o que seja ensinar e aprender uma língua. Esse estudioso considera método o estágio intermediário entre a abordagem de ensino e as técnicas adotadas pelo professor. 
Cabe ao método a função de planejamento para a apresentação e o ensino da língua. Por fim, uma vez planejado o método, este é realizado na prática docente por meio de diferentes técnicas, que são os recursos, as estratégias e as atividades práticas empregadas pelo professor, na sala de aula, para que o método atinja sua realização concreta no contexto pedagógico (VILAÇA, 2008).
A visão de método, abordagem e técnica de Edward Anthony é hierárquica e representada da seguinte forma (VILAÇA, 2008):
Abordagem > Método > Técnica
Já para Richards e Rodgers, um método é formado por três componentes: a abordagem, o desenho (design) e os procedimentos. A abordagem é compreendida como as concepções do professor sobre língua e aprendizagem, influenciada pelas teorias linguísticas (no que se refere à linguagem) e da psicologia (no que concerne ao ensino/aprendizagem). O desenho (design) subdivide-se em: objetivos de ensino, programa de ensino, papel do professor, papel do aluno, papel dos materiais instrucionais e tipos de tarefas. Por fim, os procedimentos se referem-se às técnicas, aos comportamentos, às práticas e às estratégias didáticas que possibilitam a execução prática e real de um método na sala de aula (VILAÇA, 2008).
De acordo com Richards e Rodgers, o método deixa de ser um estágio hierárquico intermediário para se tornar uma combinação de três fatores: a abordagem, o desenho (design) e os procedimentos (VILAÇA, 2008).
 De modo a encerrar nossas reflexões, ressalta-se que o conteúdo programático compreende os elementos (os conteúdos) que constituem o programa de disciplinas que compõem um curso ou serão cobradas em um concurso/processo seletivo.
Métodos e Abordagens do Ensino de Inglês: um Breve Panorama Histórico
The book is on the table, table, table
The dog is on the table, table, table
The cat is on the table, table, table
The chicken is on the table, table, table
And everybody is on the table, table, table
Table, table, table, table!!!
And everybody is on the table, table, table!!
(MC Serginho)
Ao longo da história da humanidade, aprender outros idiomas e entrar em contato com outras culturas foi e continuará sendo uma necessidade imperativa para a maioria dos seres humanos, pois as civilizações se formam a partir do contato entre povos de línguas diferentes e dependem diretamente desta interação para continuar existindo e seguir avançando (VILAS BOAS et al., [20-]). Entretanto, na história do ensino de idiomas, nem sempre existiu o cuidado com o método ou a abordagem mais adequado(a) aos aprendizes. Os estudos de língua alcançaram um status de ciência somente a partir do final do século XIX, com o advento da linguística e da psicanálise, o que proporcionou a formulação de métodos com embasamento científico.
A seguir, serão apresentados os diversos métodos e abordagens de ensino de línguas no decorrer do século XX. Cumpre destacar que um método não foi totalmente suplantado pelo que o sucedeu, embora todos eles tenham por característica em comum procurar negar a validade daquele que o antecedeu. O que se observa é uma alternância entre métodos e abordagens na história da aprendizagem de idiomas, sendo alguns deles releitura ou “repaginação” de métodos e abordagens anteriores.
Método de Leitura (The Literary Method)
Divulgado a partir de 1920, este método se restringe ao treinamento das habilidades de leitura.
Principais características:
- prioritariamente o desenvolvimento da habilidade de leitura e o conhecimento atual e histórico do país onde a língua-alvo é falada.
- ensino da gramática relevante e útil apenas à compreensão da leitura (aspectos morfofonológicos e construções sintáticas mais comuns).
- pouca atenção à pronúncia. O professor não precisa ter boa fluência oral na língua-alvo.
- ênfase na tradução.
Formas típicas de exercício:
- exercícios escritos, principalmente questionários baseados em textos.
- exercícios de transformação de frases.
Método da Tradução e Gramática (The Grammar-Translation Method)
Vigente do século XVIII até fins de 1940. Também conhecido como Método Clássico, vigorou do século XVIII até fins de 1940. Tinha a leitura como principal objetivo da aprendizagem da língua estrangeira:
Principais características:
- ênfase na leitura e escrita.
- estudo da gramática de forma dedutiva por meio de apresentação e estudo de regras através de exercícios de tradução.
- utilização da língua materna em sala de aula.
Formas típicas de exercício:
- leitura de textos literários.
- memorização de vocabulário.
- tradução de passagens de texto relacionando língua materna e língua estrangeira.
- redação com ajuda de palavras-chave, continuação da escrita de modelos de texto.
- ditados.
Método Direto (The Direct Method)
Surgiu no início do século XX, para contrapor-se ao Método da Tradução e Gramática e para suprir as necessidades de proficiência oral em língua estrangeira e as de comunicação, além de novas abordagens para o ensino de língua estrangeira na Europa.
Principais características:
- a oralidade precede a escrita.
- banimento do uso da língua materna em sala de aula.
- ensino da gramática de forma indutiva.
Formas típicas de exercício:
- perguntas e respostas.
- exercícios de repetição e de pronúncia.
- preenchimento de textos com lacunas (substantivos e/ou verbos).
- memorização de palavras e frases a partir de rimas, canções etc.
- às vezes: ditados e narrações.
Método Audiolingual (The Audio-Lingual Method)
Também conhecido como ASTP (Army Specialized Training Program) ou o Método do Exército Americano, surgiu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em decorrência da necessidade de comunicação entre as tropas de países aliados. Em torno de 1950, esse método passou a ser designado Método Audiolingual, baseando-se na teoria linguística distribucional de Bloomfield e na teoria behaviorista de Skinner.
Principais características:
- ênfase na linguagem falada e na pronúncia (imitação, repetição e memorização de palavras e frases).
- omissão da leitura e da escrita, para nãoinfluenciar a pronúncia.
- atividades em laboratórios de línguas e com materiais audiovisuais.
Formas típicas de exercício:
- preenchimento de textos com lacunas.
- formação de frases segundo modelos preestabelecidos.
- exercícios de perguntas e respostas.
- exercícios de diálogos (completar um ditado/apresentação oral de um diálogo).
- exercícios de repetição (drills).
Método Audiovisual (The Audio-Visual Method)
Variante do Método Audiolingual, tem como principal característica a utilização de imagens nas aulas (fotografias, vídeos, ilustrações, slides etc) e formas típicas de exercícios: a repetição de sentenças a partir de imagens e a formulação de perguntas em relação às imagens apresentadas.
Abordagem Comunicativa (The Communicative Approach)
Surgiu nos anos 1980 com o objetivo de desenvolver a competência comunicativa.  Esse método procura desenvolver o conhecimento e a habilidade de empregá-lo no uso real da língua. Dessa forma, busca estimular as funções comunicativas, as quais expressam o propósito do uso da língua. Essa abordagem vale-se, ainda, das categorias semântico-gramaticais que expressam noções gerais de tempo, espaço, quantidade, caso etc. (LEFFA, 1988)
Principais características:
- análise da língua como um conjunto de eventos comunicativos/análise do discurso.
- uso de taxonomias na elaboração de material didático (funções e noções).
- fala contextualizada.
- aprendizagem centrada no aluno.
- a utilização da língua materna é permitida com algumas restrições.
Formas típicas de exercício:
- realia: representação de situações do dia a dia, com a finalidade de fazer o aluno falar.
- exercícios de compreensão auditiva em contextos reais do cotidiano (ruídos, outros sons, interrupções, conversas paralelas etc).
- utilização de material didático autêntico (que expressam situações da realidade).
Método Silencioso (The Silent Way)
Idealizado por Caleb Gattegno em meados de 1972, esse método partia da premissa de que o professor deveria permanecer o máximo possível em silêncio em sala de aula, a fim de criar um ambiente propício à aprendizagem por descobertas do aluno.
Principais características:
- ausência da interferência direta do professor na produção do aluno.
- o professor não é o detentor do saber, mas um facilitador que orienta os alunos no processo de aprendizagem.
Formas típicas de exercício:
- ênfase na correção da pronúncia.
- uso de painéis coloridos, bastões e blocos lógicos de tamanhos e cores diferentes.
- a segunda língua é adquirida à medida que o aluno vai manipulando os materiais e consultando gráficos.
Método da Aprendizagem por Aconselhamento (Community Language Learning)
Centrado no aluno, esse método consiste no uso de técnicas de terapia de grupo para o ensino de línguas. É também conhecido como Método de Curran, Aprendizagem de Línguas em Cooperação ou Comunidade de Aprendizagem.
Principais características:
- integração dos alunos em grupos de trabalho cooperativo.
- o professor não é o detentor do saber, mas um facilitador que orienta os alunos no processo de aprendizagem.
Formas típicas de exercício:
- atividades de tradução.
- trabalho em grupo.
- gravação, transcrição, observação e conversação livre.
Abordagem Natural (The Natural Approach)
Baseada na teoria de Stephen Krashen, é também conhecida como Modelo do Monitor ou do Input. A aquisição da segunda língua ocorre de maneira natural, exatamente como a aquisição da língua materna, em condições apropriadas. Línguas estrangeiras não são habilidades ensinadas, estudadas ou memorizadas, mas sim assimiladas e desenvolvidas gradativamente, de forma natural, em situações reais de comunicação, fruto de convívio humano em ambientes autênticos da cultura estrangeira (Wikipédia. Acesso em 2 jul. 2013.).
Principais características:
- desenvolvimento da aquisição da segunda língua (uso inconsciente das regras gramaticais) em vez da aprendizagem (uso consciente).
- o aluno recebe um input linguístico ligeiramente acima do que ele pode processar, de modo a ampliar a compreensão da língua.
- a fala surge naturalmente, sem pressão do professor.
Método Resposta Física Total (Total Physical Response)
O Método Resposta Física Total, ou Método de Asher, defende que o processo de aprendizagem da língua estrangeira deve ocorrer da mesma maneira que o aluno aprendeu a língua materna. A ideia central desse método é que se aprende melhor uma língua depois de ouvi-la e entendê-la. Os alunos só falam quando se sentem prontos.
Principais características:
- a compreensão oral precede a produção oral.
- a prática oral dos alunos começa mais tarde, quando estiverem interessados em falar.
Formas típicas de exercício:
- comandos emitidos pelo professor e executados pelos alunos segundo graus de complexidade (desde comandos simples até os mais complexos. Ex.: “Levante-se.” e “Pegue a caneta” até “Suzanne, vá até o quadro e desenhe uma casa amarela, com uma piscina azul do lado direito da casa e um jardim verde em torno da casa”.).
Abordagem Lexical (The Lexical Approach)
Idealizada por Michael Lewis na obra The Lexical Approach: the state of ELT and a Way Forward (LTP, 1993), essa abordagem aponta que “a língua consiste de léxico gramaticalizado, não de gramática lexicalizada”. Na visão de Lewis, a base de uma língua é o léxico (vocabulário), e não a estrutura gramatical.
Principais características:
- abandono da tradição gramático-normativa.
- a proficiência em uma língua estrangeira é adquirida e desenvolvida a partir da ênfase no ensino e aprendizado de combinações de palavras (collocations) ou de itens lexicais (lexical items).
Formas típicas de exercício:
- ênfase em exercícios de aquisição de léxico de forma dinâmica e significativa para o aluno.
Após termos visto os métodos e as abordagens de ensino de línguas estrangeiras, é importante perceber que ...não há métodos ou abordagens perfeitos ou infalíveis. As teorias da língua devem buscar a adequação aos propósitos e compreender os porquês de se aprender uma língua estrangeira, os reais objetivos e as necessidades que nos levam a aprender e a ensinar em determinados contextos.
 
Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Conhecer os Métodos de Leitura (The Literary Method) e da Tradução e Gramática (The Grammar - Translation Method) sob uma perspectiva diacrônica;
2. reconhecer as características principais, os objetivos e as teorias da linguística/psicologia subjacentes aos Métodos de Leitura (The Literary Method) e da Tradução e Gramática (The Grammar - Translation Method).
Introdução
Sob uma perspectiva diacrônica, várias foram as propostas, as motivações e as necessidades envolvendo o ensino de línguas estrangeiras. Por isso, diversos métodos e abordagens do ensino de línguas alternaram-se ao longo dos tempos na busca do modo mais eficiente de se efetivar a aprendizagem de idiomas.
Studying literary texts can help to improve students’ overall knowledge of English […] students can be sensitised to the wide range of styles in English and the different purposes for which they can be used… (Collie & Slater. Literature in the Language Classroom. A Resource Book of Ideas and Activities, 1987, p.7).
Na história do ensino de idiomas, nem sempre existiu a preocupação pela busca do método ou da abordagem mais adequado(a). Somente a partir do Renascimento, iniciaram-se tentativas de criação de um método que superasse a tradição gramatical greco-latina.
Com o surgimento da linguística, no final do século XIX, e o avanço da psicologia, foi que surgiu um ambiente propício para a formulação de métodos com embasamento científico.
A passagem entre os séculos XIX e XX foi fundamental para o ensino de línguas, pois as pesquisas na área da fonética e a ascensão da linguística a status de ciência começaram a fornecer dados para a fundamentação teórica de que pesquisadores e professores de língua estrangeiranecessitariam para o desenvolvimento de um método mais eficaz no ensino de idiomas. 
Entretanto, desde o humanismo havia tentativas no sentido de modernização do ensino de línguas, algumas delas retomadas no século XX, com o respaldo da Linguística Estruturalista.
As primeiras inovações datam do século XVI como reação ao ensino de línguas calcado na gramática normativa, típico da Idade Média. 
J. A. Commenius, bispo da Morávia (atual parte oriental da República Tcheca), defendia um método mais ativo e lançou a obra pioneira Orbis sensualium pictus, na qual ensinava o vocabulário da língua latina através de desenhos, antecipando o método visual. 
Também no século XVI, o gramático holandês Gerardus Vossius recomendava o ensino de línguas com gravuras, sem o uso da língua materna.
Sendo assim, o método indutivo de idiomas foi popular até o século XVIII, quando passou a ser suplantado pelo método dedutivo, tanto no ensino de línguas clássicas quanto no de línguas modernas. 
O método dedutivo foi dominante durante toda a Idade Média, conviveu com o indutivo após o Humanismo e o superou totalmente a partir do século XIX. A provável explicação para tal substituição era o interesse dos aprendizes em ter acesso à literatura em línguas estrangeiras e não o uso ativo dessas línguas (VILAS BOAS et al., [20-]).
The Grammar-Translation Method (Método da Tradução e Gramática)
Durante muito tempo, até o século XIX, o ensino de língua, em especial nos monastérios europeus, tinha como recurso principal a literatura e mais especificamente a Bíblia. Isso acontecia não somente no ensino de língua inglesa, mas no ensino de línguas em geral, como o latim e o grego, por exemplo.
O estudo do latim clássico (com obras de grandes ícones latinos, como, por exemplo, Cícero, Virgílio e Ovídio) e sua respectiva análise gramatical e retórica foram o modelo para o estudo de línguas estrangeiras do século XVII ao XIX. 
Com o aparecimento das línguas modernas nos currículos europeus, no século XVIII, os mesmos procedimentos para o ensino do latim eram aplicados a essas línguas ― livros-texto com frases contendo regras gramaticais abstratas, listas de vocabulário, frases para traduzir (SANT’ANNA, [20-]).
Derivado do interesse pelas culturas grega e latina na época do Renascimento e como consequência do estudo de línguas modernas do início do século XIX, surgiu o método da Tradução e Gramática (vigente, mais especificamente, do século XVIII até fins da década de 40). 
É também conhecido como Método Tradicional ou Clássico ou, ainda, AGT (Abordagem da Gramática e Tradução). Considerado o primeiro método de ensino de LE, o Método da Tradução e Gramática foi desenvolvido para escolas secundárias e teve seu início na Prússia, no final do século 18.
Todavia, não é correto considerar o método da Tradução e Gramática um método propriamente dito, pois não possui fundamentação em nenhuma teoria de aprendizagem de línguas. Trata-se de uma continuação da maneira como se ensinava o latim e o grego há séculos, com o objetivo de formar eruditos (VILAS BOAS et al., [20-]).
O objetivo final do método em questão é levar o aluno a apreciar a cultura e a literatura da língua estrangeira, adquirindo, assim, um conhecimento mais profundo da própria língua, aguçando o raciocínio e se desenvolvendo intelectualmente. Esperava-se que os alunos, a partir do estudo da língua estrangeira, aprendessem mais sobre a língua materna e aprimorassem o desempenho na língua nativa.
Basicamente, o método consiste no ensino da língua estrangeira por meio da materna, privilegiando-se a compreensão e a prática da escrita. A ênfase está na forma escrita da língua alvo, e não na comunicação oral. Apesar do nome, o objetivo final não era a tradução, mas a leitura através do estudo da gramática e a aplicação desse conhecimento na interpretação de textos com o apoio de um dicionário.
Principais características do método da Tradução e Gramática: (PDF)
- aulas ministradas na língua materna dos alunos, com pouca ou nenhuma atenção à pronúncia da língua estrangeira. O que é requisitado do professor é que ele domine a terminologia gramatical e detenha o conhecimento profundo das regras do idioma com todas as suas exceções; 
- ênfase na forma escrita da língua: os alunos fazem leitura de textos clássicos a partir dos estágios iniciais de aprendizagem; 
- exercícios de tradução e versão; 
- exercícios de tradução e versão; 
- pouca atenção é dispensada ao conteúdo dos textos, que são vistos como exercício de análise gramatical; 
- teste de compreensão de leitura;
- memorização de vocabulário (por meio de listas de palavras descontextualizadas); 
- foco em explicações e análises detalhadas da gramática (ensino dedutivo: apresentação e estudo das regras para o exemplo; no caso, os exercícios de tradução), na análise da forma e flexão de palavras; 
- procura de sinônimos e antônimos; 
- identificação de cognatos; 
- exercícios de preencher espaços com palavras que faltam no texto; 
- formação de frases com palavras recém-aprendidas; 
- composição escrita a partir de um tópico dado pelo professor; 
- a interação na sala de aula se dá entre professor e alunos. Há pouca iniciativa por parte do aluno e raramente ocorre interação entre os alunos.
A seguir, vamos ver a descrição de uma aula na qual tal método é aplicado (SANT’ANNA, [20-]): Local: uma universidade na Colômbia; Público: estudantes pré-universitários no nível pré-avançado; Sala: com 42 alunos; Frequência: aulas ministradas 3 vezes na semana, com duração de 2h/a.
Lembrando que não existe método ou abordagem perfeitos, algumas críticas ao método da Tradução e Gramática (VILAS BOAS et al., [20-] e HARMER, 1998):
• não é apropriado para o desenvolvimento da habilidade comunicativa dos alunos, que têm de fazer um grande esforço para memorizar listas intermináveis de palavras e regras gramaticais raramente usadas;
• não exige proficiência por parte do professor nem habilidade para o planejamento de aulas;
• impede que os alunos adquiram a língua estrangeira de forma natural, não estimulando conhecimento prévio ou associações no processo de aprendizagem da língua;
• ensina sobre a língua, e não a língua em si.
Literary texts have a powerful function in raising moral and ethical concerns in the classroom […] these texts should encourage our students to explore these concerns and connect them with the struggle for a better society.(Collie & Slater. Literature in the Language Classroom. A Resource Book of Ideas and Activities, 1987, p.3)
O método de Leitura, ou abordagem para leitura, surge a partir dos anos 20, como resultado da preocupação das autoridades educacionais estadunidenses que concluíram que o desenvolvimento da língua oral não era o objetivo principal do ensino de idiomas nas escolas secundárias dos EUA. 
Em vez disso, o ensino de línguas deveria visar ao gosto pela cultura e literatura do povo estudado, o que seria conseguido com mais sucesso em versões atualizadas do método da Tradução e Gramática (LEFFA, 1988).
Vemos, então, que os métodos de Leitura e da Tradução e Gramática têm semelhanças. No Método de Leitura, o caminho considerado ideal para o aprendizado da língua estrangeira era a memorização de gramática e vocabulário através da leitura de textos literários clássicos, como a Bíblia, e, em alguns casos, obras de Shakespeare (VALENTE; PINHEIRO, [20-]). O objetivo era possibilitar que os alunos, ao término de um curso de 2 anos, fossem capazes de ler em língua estrangeira sem grandes dificuldades. 
Esse método foi disseminado pelas escolas secundárias dos EUA na década de 30 e assim permaneceu até o fim da Segunda Guerra Mundial (1945). Foi uma reação ao método Direto, o qual vamos estudar na próxima aula.
Principais características do método de Leitura: (PDF)
- o desenvolvimento da habilidade de leitura e o conhecimento atual e histórico do país onde a língua alvo é falada; 
- desde o início, há grande quantidade de leitura em língua estrangeira, tanto em sala de aulaquanto fora dela; 
- a única habilidade linguística enfatizada é a leitura, embora a linguagem oral não seja completamente banida; 
- ensino da gramática relevante e útil apenas à compreensão da leitura, com ênfase nos aspectos morfofonológicos e nas construções sintáticas mais comuns; 
- a expansão do vocabulário é essencial. A cada lição, aprendiam-se palavras novas, ainda que de modo controlado. Tais palavras baseavam-se em estatísticas de frequência, utilidade e grau de dificuldade; 
- a expansão do vocabulário é essencial. A cada lição, aprendiam-se palavras novas, ainda que de modo controlado. Tais palavras baseavam-se em estatísticas de frequência, utilidade e grau de dificuldade; 
- ênfase na tradução na sala de aula (atrelada à compreensão do texto, à apreensão do sentido, e não à “tradução pela tradução”, com o objetivo de conhecer a estrutura da LE em detalhes); 
- predomínio dos exercícios escritos, principalmente questionários baseados em textos; 
- atenção mínima à pronúncia, embora existisse a preocupação de produzir e reconhecer os sons da língua; 
- o professor não precisa ter boa fluência oral na língua alvo; 
- aulas ministradas na língua materna; - o curso era dividido em Leitura Intensiva e Leitura Extensiva.
Não há descrições de aulas observadas, porém, é possível apontar princípios gerais, técnicas e práticas que regem o Método de Leitura, além de pontos positivos e negativos (SANT’ANNA, [20-]):
Principais práticas adotadas por professores de LE que utilizavam (utilizam) este método: A leitura é feita em voz alta pelo professor ou pelo aluno. Em seguida, são formuladas perguntas referentes ao texto que são respondidas na LM.
Na leitura intensiva:
• É supervisionada pelo professor que desenvolve a compreensão de seus alunos por exercícios que focam em estruturas gramaticais; apresentação de novo vocabulário e desenvolvem a leitura de orações completas.
• O professor evita a tradução. Para tanto, ele aplica exercícios de contextualização que levem o aluno a inferir o sentido das palavras pelas palavras familiares ou cognatas (momento em que o professor verifica o grau de entendimento do aluno).
Na leitura extensiva:
• O aluno lê, por conta própria, textos considerados compatíveis com seu nível de conhecimento.
• Os livros-texto são adaptados à frequência vocabular e algumas expressões idiomáticas são apresentadas pelo professor.
• O professor verifica a aprendizagem por formulação de perguntas específicas sobre o conteúdo do texto lido.
Pontos positivos:
• Aumenta a capacidade de ler dos alunos mais aplicados e independentes.
• Os alunos com mesmo perfil podem trabalhar textos de diferentes níveis de dificuldade.
• A leitura pode despertar interesse pelos falantes da LE e curiosidades sobre seu modo de vida.
Pontos negativos:
• Se não controlado devidamente, a satisfação se dá pelo número de páginas ‘lidas’ e não pelo conteúdo apreendido na leitura.
• Geralmente, os alunos se sentem satisfeitos por serem capazes de responder a perguntas específicas do texto, sobretudo a respeito de estrutura gramatical a despeito do léxico.
• No momento em que estes mesmos leitores se deparam com textos de níveis acima dos que estão acostumados a ler, a maioria retorna à prática tradicional de tradução.
• A duração do curso é pequena para a devida conscientização dos problemas de comunicação e para prover uma intravisão dos modos de pensar de um povo de LE.
• É comum produzir alunos incapazes de compreender e falar LE em demais contextos comunicativos que avançam os níveis simples de comunicação oral.
• Por ocasião da Segunda Guerra Mundial (contatos mais próximos e frequentes entre diferentes nações) demonstrou que a habilidade de leitura, apenas esta, não é suficiente como produto de um curso de línguas estrangeiras.
Além dos aspectos negativos citados anteriormente, o método de Leitura foi duramente criticado por enfatizar apenas uma habilidade linguística para fins específicos (no caso, a leitura), sob pena de simplificação da língua e da negação da interdependência entre as quatro habilidades (leitura, escrita, compreensão e fala) no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira.

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