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Apostila de Economia II v 022011

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1 
 
 
 
DISCIPLINA 
ECONOMIA II 
 
 
2 
Bibliografia Básica 
 
- GREMAUD, Amaury Patrick. Et al Diva Benevides Pinho, Marco 
Antônio Sandoval de Vasconcellos Manual de Economia. 4. Ed. São Paulo: 
Saraiva. 2003. 
- WESSELS, Walter J. Economia. 2. Ed. –São Paulo: Saraiva, 2003 
- MCCONNELL BRUE. Microeconomia. Rio de Janeiro: LTC – Livros 
Técnicos Científicos Editora S. A. , 2001. 
- PINDYCK, robert S.;RUBINFELD. Microeconomia. São Paulo; Makron 
Books do Brasil, 1999. 
- VASCONCELLOS, Marco Antônio. Sandoval de, Economia Básica. São 
Paulo: Atlas, 1998 
- MONTORO FILHO, ª F. et al . l. Manual de Economia. São Paulo,1998. 
- MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: 
Makron Books, 1994. 
- GALBRAITH, John K. A Economia ao Alcance de Quase Todos, 4 Ed. 
São Paulo: Pioneira, 1992. 
- ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 
1990. 
- SAMUELSON, Paul ª , Introdução à Análise Econômica. Rio de Janeiro: 
Agir, 1990. 
- WONNACOTT/WONNACOTT & CRUSIUS/CRUSSIUS. Economia. 
São Paulo: MCGraw-Hill, 1982. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS 
 
1 TEORIA DA DEMANDA DO CONSUMIDOR 
1.1 A escolha do Consumidor e a Procura 
2.1 Abordagem pela Utilidade 
2.2 Abordagem pelas Curvas de Indiferenças 
2.3 Definição de Bens Normais, Substitutos e Complementares 
 
2 TEORIA ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO 
2.1 Demanda Oferta e Equilíbrio 
 2.2 Lei da Demanda 
3 Demanda por um indivíduo 
2.3 Demanda de Mercado por uma Mercadoria 
2.3.1 Oferta de uma Mercadoria por um produto Individual; Lei da Oferta 
2.3.2 Oferta de Mercado para uma Mercadoria 
2.3.3 Equilíbrio de Mercado 
2.3.4 Representação gráfica das curvas de Demanda e de Oferta 
2.3.5 Receita Total e Receita Marginal 
2.3.6 Aplicação Básica da Teoria de Mercado – Política de Preços Mínimos, 
 Controle de Preços, Racionamento e Tributação sobre as Vendas 
 
3 TEORIA DA FIRMA 
3.1 A Produção e a Firma 
3.2 A Importância da Teoria da Produção 
3.3 Conceitos Básicos de Produção 
3.4 Combinação de Recursos 
3.5 Custos de Produção de Longo Prazo e Curto Prazo 
3.6 Os Rendimentos da Firma 
3.7 Condições de Otimização dos Resultados: O Equilíbrio da Firma 
 
4 ESTRUTURA BÁSICA DE MERCADO 
4.1 Concorrência Perfeita e Monopólio 
4.2 Importância dos Modelos 
4.3 Hipóteses dos Modelos 
4.4 Equilíbrio das Firmas, Curto Prazo e Longo Prazo 
4.5 Efeitos das Estruturas de Mercados sobre os preços da Produção 
4.6 Estrutura de Mercado mais complexa: Oligopólio, Monopsônio, Monopólio 
Bilateral 
 
 
 
 
 
 
 
4 
ECONOMIA I ou ANÁLISE MICROECONOMICA 
São o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades 
de consumo (indivíduos/famílias) ao estudo das empresas, suas respectivas produções e 
custos, e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores de produção. 
A Análise Microeconômica, ou simplesmente microeconomia ou ainda Teoria dos 
Preços analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor 
interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em 
mercados específicos. 
 
Mercado: é, pois um grupo de compradores e vendedores que por meio de suas reais 
ou potenciais interações, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos. 
 
Assim, enquanto a análise macroeconômica enfoca o comportamento da Economia 
como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e 
investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de 
bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em 
mercador específicos. 
 
A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois 
tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na 
formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de 
consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto 
de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão 
contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente 
nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado. 
 
A abordagem econômica se diferencia da contábil mesmo quando são abordados os 
custos de produção, pois o economista analisa não só os custos efetivamente incorridos, mas 
também aqueles decorrentes das oportunidades sacrificadas, ou seja, dos custos de 
oportunidades ou implícitos. Como detalharemos mais tarde, os custos de produção do ponto 
de vista econômico não são apenas os gastos ou desembolsos financeiros incorridos pela 
empresa (custos explícitos), mas também quanto às empresas gastariam se tivessem de alugar 
ou comprar no mercado os insumos que são de sua propriedade (custos implícitos). 
 
Os agentes da demanda – os consumidores – são aqueles que se dirigem ao mercado 
com o intuito de adquirir um conjunto de bens e serviços que lhes maximizem sua função 
5 
utilidade. No direito utilizou-se a conceituação econômica para se definir consumidor: pessoa 
natural ou jurídica que no mercado adquire bens ou contrata serviços como destinatário final, 
visando atender a uma necessidade própria. Deve-se salientar que o Código Brasileiro de 
Defesa do Consumidor considera o consumidor como hiposuficiente, uma vez que entre 
fornecedor e consumidor a um desequilíbrio que favorece o primeiro. 
 
A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a jurídica. 
Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a combinação, pelo 
empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de tal modo 
organizado para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo. 
 
Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de 
direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de relações jurídicas entre o 
empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito da atividade econômica, e o objeto é 
constituído pelo estabelecimento, que é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos 
utilizados para o processo de produção. A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações 
jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica. 
 
 
2 PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 
2.1 A Hipótese “Coeteris Paribus” 
Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que 
“TUDO O MAIS PERMANECE CONSTANTE” (em latim, coeteris paribus). O foco de 
estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele 
exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de 
maneira absoluta. 
 
Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado 
selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos – consumidores e 
produtores – nesse particular mercado, independentemente de outros fatores, que estão em 
outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma 
mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para 
analisar o feito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris 
paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores, 
supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito “puro” ou “líquido” de 
cadauma dessas variáveis sobre a procura. 
6 
 
2.2 Papéis dos Preços Relativos 
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços 
de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. 
 
Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da soda cair 
em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens (supondo que as 
demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais permanecendo constante, se 
apenas cair o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um 
aumento na quantidade procurada de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha 
havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado 
como do guaraná. 
 
2.3 Objetivos da Empresa 
A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes 
correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa 
produtora de bens e serviços. 
 
A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o 
empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos 
de que dispõe. Essa corrente enfatiza conceitos como receita marginal, custo marginal e 
produtividade marginal em lugar de conceitos de média (receita média, custo médio e 
produtividade média), daí ser chamada de marginalista. Como veremos, a maximização do 
lucro da empresa ocorre quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal. 
 
As correntes alternativas consideram que o móvel do empresário não seria a 
maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado, ou 
maximização da margem sobre os custos de produção, independem da demanda de mercado. 
 
Geralmente, nos cursos de Economia, a abordagem marginalista compõe a Teoria 
Microeconômica propriamente dita, pelo que é chamada de Teoria Tradicionalista, enquanto 
as demais abordagens são usualmente analisadas nas disciplinas denominadas Teoria da 
Organização Industrial ou Economia Industrial. 
 
 
 
7 
3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 
A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, 
preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos 
fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões 
aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a 
quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus. 
 
Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de 
técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta 
útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao 
nível das empresas quanto ao nível de política econômica. 
 
Em nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes 
decisões: 
 Política de preços da empresa 
 Previsões de demanda e de faturamento 
 Previsões de custos de produção 
 Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, 
da melhor combinação de fatores de produção) 
 Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da 
compra de equipamentos, ampliação da empresa, etc) 
 Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores 
podem afetar a procura do produto) 
 Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros 
consumidores ou aos centros fornecedores de insumos) 
 Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes 
mercado consumidores do mesmo produto) 
 
Em nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise 
e tomada de decisões das seguintes questões: 
 Efeitos de impostos sobre mercados específicos 
 Políticas de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de 
insumos como máquinas, fertilizantes, etc) 
 Fixação de preços mínimos na agricultura 
 Controle de preços 
 Política salarial 
8 
 Política de tarifas públicas (água, luz, etc) 
 Políticas de preços públicos (petróleo, aço, etc) 
 Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios) 
 
Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas 
e à política e programação econômica do setor público. 
 
Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras 
disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a 
Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos. 
 
9 
DIVISÃO DOS TÓPICOS DE MICROECONOMIA 
Os grandes tópicos abordados na análise microeconômica são os seguintes: 
I – Teoria da Demanda (procura) 
 
 Teoria da Produção 
II – Teoria da Oferta 
 Teoria dos Custos de Produção 
 
 Concorrência Perfeita 
 Mercado de Bens Concorrência Monopolista 
 Serviços Monopólio 
III – Análise das Estruturas Oligopólio 
 
 Mercado de Fatores Concorrência Perfeita 
 de Produção Monopsônio 
 Oligopsônio 
 
IV – Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar 
 
A Teoria da Demanda ou Teoria da Procura estuda as diferentes formas que a 
demanda pode assumir e os fatores que a influenciam. 
 
A Teoria da Oferta abrange a Teoria da Produção, que estuda o processo de produção 
numa perspectiva econômica, e a Teoria dos Custos de Produção, que classifica e analisa os 
custos. A Teoria da Produção envolve apenas relações físicas entre o produto e fatores de 
produção, enquanto a Teoria dos Custos já envolve preços dos insumos de produção 
 
A Análise das estruturas de Mercado aborda a maneira como estão organizados os 
mercados, e como é determinados o preço e quantidade de equilíbrio nesses mercados. É 
dividida na análise da estrutura dos mercados e serviços e dos mercados de fatores de 
produção (também chamada “Demanda Derivada”, dado que os mercados de insumos 
derivam, em última análise, do mercado de bens e serviços). 
A Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar estuda a interação de todos os mercados 
simultaneamente e seu impacto em todos os agentes. 
10 
1 – TEORIA DA DEMNADA DO CONSUMIDOR 
 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 
 
Problema 
A Pillsbury Co., adquiriu uma empresa em Woodbridge, Nova Jesey, que produzia um 
novo sorvete de alta qualidade e que era comercializado sob a marca HaagenDazs. 
 
A inclusão na receita de mais creme e mais ovos tornou-o melhor e mais saboroso que 
a maioria dos demais, e seu nome escandinavo sugeriam que era um produto de qualidade, 
merecedor de um preço moais elevado. Porém, antes que o Haaangen-Dazs pudesse ser 
comercializado em larga escala, a empresa teve de resolver um importante problema. 
 
Qual deveria ser o preço a ser cobrado? 
Independente de quão bom fosse o sorvete, sua lucratividade seria consideravelmente 
influenciada pela decisão da empresa em relação ao preço a ser cobrado pelo sorvete. 
 
Não era o suficiente saber que os consumidores pagariam mais por um sorvete de alta 
qualidade; a questão era determinar. 
 
Quanto mais pagariam 
Portanto, a empresa teve de elaborar uma cuidadosa análise das preferências do 
consumidor para poder determinar a demanda de sorvete e como ela estaria ligada ao preço e 
à qualidade. 
 
Este problema – envolvendo política de empresas – exemplifica a importância da 
Teoria econômica referente ao comportamento do consumidor, bem como os tipos de 
problemas que ela pode ajudar a resolver. 
Nopresente capítulo, abordaremos a teoria do consumidor seguindo uma ordem 
histórica, começaremos estudando essa teoria tal como ela apareceu nos trabalhos dos 
primeiros economistas que trataram dela e, posteriormente, trataremos da mesma na forma 
como ela aparece na moderna teoria econômica. 
 
 
11 
____PSI_____________________________________________________________ 
 
A TEORIA DA UTILIDADE 
Utilidade Total e Utilidade Marginal 
Por que as pessoas demandam mercadorias? A resposta parece óbvia: as pessoas demandam 
mercadorias porque eu consumo lhes traz algum tipo de prazer ou satisfação. Essa é uma condição necessária 
para que uma mercadoria seja procurada pelos consumidores. Não há demanda para mercadorias indesejáveis 
tais como injeção no olho ou coco de galinha para fazer crescer o bigode. 
 
Imaginemos agora que o prazer ou a satisfação percebido por um consumidor pelo consumo de uma 
mercadoria possa ser medido, e chamemos essa medida de utilidade dessa mercadoria para esse consumidor. 
Mesmo que não saibamos nada acerca da medida exata da utilidade, podemos, empregando um pouco de bom 
senso, predizer que ela deve ter um comportamento característico. 
 
Apenas para que possamos ver de uma forma mais concreta qual deve ser esse comportamento, 
suponhamos que a mercadoria em questão seja chocolate em barra. Se passarmos a dar uma barra de chocolate 
por semana a uma criança que até então não consumia nada de chocolate, essa barra de chocolate provavelmente 
trará uma satisfação muito grande a essa criança, gerando assim uma utilidade relativamente alta. Se, depois 
disso, passarmos a dar uma segunda barra semanal de chocolate, essa barra será bem recebida pela criança, mas 
provavelmente não com o mesmo entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. Uma terceira barra será 
recebida com um entusiasmo ainda menor. Se formos aumentando o número de barras de chocolate, chegaremos 
a um ponto em que uma barra adicional de chocolate representará para a nossa criança um benefício tão pequeno 
que para ela será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso porque o chocolate sendo consumido 
praticamente até a sociedade deixou de ser para ela um produto escasso. 
Com isso, queremos dizer que a utilidade total derivada do consumo de chocolate cresce na medida em 
que aumentamos o número de barras por semana. Todavia, o valor acrescentado à utilidade total pela última 
barra de chocolate consumida é tão menor quanto maior for o total consumido de barras de chocolate. 
12 
O parágrafo da Fig. 4.1. ilustra essa idéia. No eixo horizontal de tal gráfico, medimos a quantidade 
consumida de chocolate. A altura de cada coluna indica a utilidade total do consumo de chocolate. A altura do 
trecho em cinza escuro da coluna indica quanto for acrescentado à utilidade total pela última barra consumida. 
Observe que, na medida em que aumenta a quantidade consumida, isto é, na medida em que vamos para as 
colunas mais à direita, o trecho da coluna em cinza escuro é cada vez menor o que indica que a última 
consumida acrescenta cada vez menos à utilidade total. 
 
A utilidade que a última unidade consumida (no nosso exemplo, a última barra de chocolate) acrescenta 
à utilidade total é chamada utilidade marginal. Assim, no gráfico a fig. 4.1., a utilidade marginal é representada 
pela área em cinza escura em cada coluna. Podemos definir o termo utilidade marginal de uma maneira mais 
geral da seguinte forma: 
 
A utilidade marginal do consumo de uma mercadoria é o crescimento à utilidade total decorrente do 
consumo de uma unidade adicional dessa mercadoria. 
 
No nosso exemplo, a utilidade marginal do chocolate diminui na medida em que aumenta o seu 
consumo. Comportamento semelhante deve ser esperado para a utilidade marginal de outra mercadoria qualquer. 
Em outras palavras, na medida em que o consumo de uma mercadoria por parte de uma pessoa aumenta o prazer 
decorrente de uma unidade adicional, isto é, a utilidade marginal dessa mercadoria, diminui. Assim, podemos 
enunciar a seguinte lei, que descreve o comportamento da utilidade marginal com relação à quantidade 
consumida de uma mercadoria: 
13 
 
Lei da utilidade marginal decrescente: na medida em que aumenta o consumo de uma mercadoria, a 
utilidade marginal dessa mercadoria diminui. 
 
Voltando agora ao nosso exemplo, é fácil notar que a utilidade total do consumo de uma barra de 
chocolate é igual à utilidade marginal da primeira barra de chocolate, que a utilidade total do consumo de duas 
barras de chocolate é igual à soma da utilidade marginal da primeira barra de chocolate mais a utilidade marginal 
da segunda barra, que a utilidade total do consumo de três barras de chocolate é igual a soma das utilidades 
marginais das três primeiras barras consumidas, por diante. De uma maneira geral, podemos descrever a relação 
entre a utilidade marginal e a utilidade total pela expressão. 
 
Onde U(n) é a utilidade total do consumo de n unidades e Umg(i) é a utilidade marginal da i-ésima 
unidade consumida. Essa expressão matemática quer dizer simplesmente que a utilidade total do consumo de n 
unidades é igual a soma das utilidades marginais da primeira até a n-ésima mercadoria. 
 
Essa relação também pode ser vista no gráfico da Fig. 4.2. O eixo horizontal desse gráfico indica o 
número de unidades (barras de chocolate) consumidas. No eixo vertical mede-se a utilidade marginal do 
consumo. Note que as colunas mais à direita são menores que as colunas mais à esquerda. Isso indica que a 
utilidade marginal diminui na medida em que aumenta o número de barras de chocolate consumidas. 
 
Se quisermos saber qual será a utilidade total do consumo de três barras de chocolate por semana, por 
exemplo, basta que somemos o valor das três primeiras barras do gráfico da Fig. 4.2. Uma vez que as colunas 
14 
desse gráfico são retângulos com base igual a 1, essa soma é igual à área dessas três primeiras colunas marcadas 
em cinza escuro. 
 
Até aqui, no nosso exemplo, o consumo semanal de chocolate por parte de uma criança varia de barra 
de chocolate. Todavia, poderíamos ser mais precisos. Em vez de aumentar o consumo da criança de barra em 
barra de chocolate, poderíamos aumentá-lo digamos, de quarto de barra em quarto de barra, ou ainda de grama 
em grama de chocolate. Quando fazemos isto, isto é, quando tornamos a variação no consumo de chocolate cada 
vez menor, as colunas dos gráficos das Fig. 4.1. e 4.2. ficam cada vez mais estreitas. Se concebermos variação 
no consumo de chocolate suficientemente pequena, as colunas desses gráficos tornar-se-ão tão estreitas que 
poderemos substituir os gráficos de barra das Fig. 4.1. e 4.2. por gráficos de linha como os das Fig. 4.3. e 4.4. 
Quando representamos a relação entre a utilidade marginal e o consumo de chocolate em um gráfico de 
barras, a utilidade total do consumo de três barras de chocolate era dada pela área das primeiras três barras do 
gráfico. Agora que passamos a representar a utilidade marginal em função da quantidade consumida em um 
gráfico de linha, a utilidade total do consumo de uma quantidade q() que será dada área sob a curva de utilidade 
marginal até a quantidade q() conforme podemos ver no gráfico da fig. 4.4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. A curva de demanda individual e o equilíbrio do consumidor 
15 
Até agora falamos de utilidade marginal sem nos preocuparmos em definir uma medida para essas 
grandezas. Para acharmos uma medida, podemos pensar que uma pessoa valoriza mais aquilo que lhe traz mais 
utilidade, ou, em outras palavras, ela está disposta a pagar ,mais por algo que tenha uma utilidade maior para ela. 
Assim, podemos definirnossa medida de utilidade do consumo de uma mercadoria como sendo o máximo que 
uma pessoa está disposta a pagar por esse consumo. 
 
Para compreender melhor esse ponto, retornemos o exemplo da criança que consome chocolate. O 
gráfico da Fig. 4.2. descreve, conforme já vimos, como varia a utilidade marginal conforme varia o consumo de 
chocolate. Em outras palavras, esse gráfico descreve quanto é acrescentado à utilidade total pela última barra de 
chocolate consumida pela criança. Pois bem, nesse gráfico podemos ver que a utilidade acrescentada pela 
primeira barra de chocolate é maior que a utilidade acrescentada pela segunda barra, que por sua vez é maior que 
a utilidade acrescentada pela terceira barra, e assim por diante. Isso reflete apenas a lei da utilidade marginal 
decrescente que acabamos de ver. Agora, se a primeira barra de chocolate acrescenta mais utilidade que todas as 
outras barras consideradas individualmente, então a criança está disposta a pagar um preço maior por essa barra, 
digamos, R$ 4,00. Como a segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança está disposta a pagar 
pela segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela primeira, e 
maior que o máximo está disposta a pagar pela terceira barra, suponhamos que esse preço seja R$ 3,00. Do 
mesmo modo, o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela terceira barra é menor que o preço 
máximo que está disposta a pagar pela segunda barra e maior que o preço máximo que está disposta a pagar pela 
quarta barra, e assim por diante. 
 
Vamos chamar o preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional de 
uma mercadoria de preço marginal de reserva. Como o preço marginal de reserva é tanto maior quanto maior 
for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional da mercadoria, ou seja, quanto maior for a utilidade 
marginal, podemos dizer que o preço marginal de reserva é uma medida da utilidade marginal. 
 
16 
O gráfico da Fig. 4.5. ilustra o comportamento do preço marginal de reserva conforme varia a 
quantidade de barras de chocolate consumidas. O fato de o preço marginal de reserva ser decrescente decorre da 
lei da utilidade marginal decrescente. Imaginemos agora que a barra de chocolate seja vendida ao preço de R$ 
1,50. Chamemos esse preço de preço efetivo ou de preço de mercado. Se esse for o preço, a nossa criança com 
certeza comprará a primeira barra, pois o preço máximo que está disposta a pagar por essa barra (R$4,00) é 
superior ao seu preço efetivo. Por uma segunda e por uma terceira barra, a criança pagaria até R$ 3,00 e R$ 2,00, 
respectivamente. Por isso, ela compraria também essas duas barras. Por uma quarta barra, entretanto, nossa 
criança só estaria disposta a pagar R$ 1,00. Como esse preço é inferior ao preço efetivo da barra de chocolate 
(R$1,50), a criança não comprará uma quarta barra. Assim, ela comprará apenas três barras de chocolate se o 
preço for igual a R$ 1,50. Generalizando, ela comprará todas as barras de chocolate que tiverem seu preço 
marginal de reserva superior ou igual ao preço efetivo da barra de chocolate. 
 
Podemos agora, novamente, supor que a quantidade consumida de chocolate ou de qualquer outra 
mercadoria possa sofrer variações muito pequenas, de modo que o preço marginal de reserva possa ser 
representado em um gráfico de linha como o da Fig. 4.6. 
 
Nesse caso, a quantidade adquirida pelo consumidor será aquela que iguala o preço marginal de reserva 
ao preço efetivamente praticado no mercado. Por exemplo, se o preço for Po, a quantidade consumida será qo , 
pois preço marginal de reserva, isto é, o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última 
unidade consumida é maior que Po para todas as unidades consumidas antes de o consumidor atingir o consumo 
Po . Assim, a curva representada no gráfico da Fig. 4.6 nada mais é do que a curva de demanda do consumidor, 
em outras palavras, essa curva relaciona preço e quantidade adquirida pelo consumidor. 
 
Se o preço marginal de reserva for superior ao preço praticado no mercado, isso indica que o 
consumidor pode comprar unidades adicionais da mercadoria por um preço menor do que o máximo que ele 
17 
estaria disposto a pagar por elas. Portanto, um preço marginal de reserva superior ao preço de mercado serve de 
estímulo para que o consumidor aumente a quantidade comprada da mercadoria. Por isso, sempre que o 
consumidor estiver consumido uma quantidade inferior a q() ele estará sendo estimulado a aumentar o seu 
consumo, pois para qualquer consumo inferior a conforme podemos observar no gráfico da Fig. 4.6., o preço 
marginal de reserva é superior ao preço de mercado. Por outro lado, se o preço marginal de reserva for inferior 
ao preço de mercado, então isso indica que o consumidor está pagando por algumas unidades consumidas mais 
do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas, e portanto, que o consumidor está sendo estimulado a 
reduzir o consumo da mercadoria. Assim, se o consumidor estiver consumindo uma quantidade superior ele 
deverá reduzir o seu consumo, pois, para quantidades superiores o preço marginal de reserva é inferior ao preço 
de mercado P() , conforme podemos observar novamente no gráfico da Fig. 4.6. Quando o preço marginal de 
reserva é exatamente igual ao preço de mercado, então o consumidor não terá incentivo nem para aumentar, nem 
para diminuir seu consumo, pois ele já estará comprando todas as unidades pelas quais estaria disposto a pagar 
um preço maior ou igual ao preço praticado no mercado e não estará comprando nenhuma unidade com preço 
superior àquele que ele estaria disposta a pagar. Assim, no gráfico da fig. 4.6., consumindo uma quantidade q() o 
consumidor não teria a aumentar nem a diminuir o seu consumo. Por isso dizemos que, nesse ponto, o 
consumidor atingiu o seu equilíbrio. Nossa conclusão pode ser expressa em termos mais gerais da seguinte 
maneira: 
 
O equilíbrio do consumidor é atingido quando a quantidade consumida é aquela para qual o preço 
marginal de reserva é igual ao preço efetivo de mercado. 
 
 
 
1.3 O excedente do Consumidor 
Retornemos agora à fig. 4.5. Já vimos que se o preço de mercado da barra de chocolate fosse igual a R$ 
1,50, a nossa criança consumirá apenas três barras de chocolate por semana. Pela primeira barra estaria disposta 
a pagar R$ 4,00. Mas ela só paga R$ 1,50. A diferença entre esses dois valores representa o ganho ou a vantagem 
que essa criança leva ao consumir a primeira barra de chocolate. Chamamos esse ganho de excedente do 
consumidor decorrente do consumo da primeira barra de chocolate. 
 
O excedente do consumidor é a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que 
ele efetivamente paga por uma mercadoria. 
 
18 
Na Tabela 4.1. abaixo, calculamos o excedente do consumidor decorrente do consumo da segunda e da 
terceira barra de chocolate, assim como a soma dos excedentes decorrentes de cada barra consumida. 
 
Nessa Tabela percebemos que o consumo da primeira barra gera um excedente do consumidor de R$ 
2,50, que o consumo da segunda barra gera um excedente de R$ 1,50 e que o consumo da terceira barra gera um 
excedente de R$ 0,50, sendo que o excedente do consumidor total, isto é, a soma dos excedentes gerados 
individualmente por cada barra é igual a R$ 4,50. Esse valor mede o benefício ou a vantagem líquida que a 
criança obtém ao consumir as três barras de chocolate ao preço de R$ 1,50 a barra. 
 
Os resultados que acabamos de obter também podem ser representados graficamente. No gráfico da fig. 
4.5., a área da parte da coluna acima da linha de preço (em cinza) representa o excedente do consumidor gerado 
por cadabarra de chocolate consumida. A medida da área de cinza escuro do gráfico representa o excedente total 
do consumidor. 
 
Quando estivermos supondo que a quantidade consumida para sofrer variações muito pequenas, isto é 
quando estivermos representando a relação entre quantidade e preço marginal de reserva em um gráfico de linha 
como o da Fig. 4.6., e excedente do consumidor será dado pela área do gráfico abaixo da curva de demanda e 
acima da linha de preço, isto é, no caso do gráfico da fig. 4.6., pela área em cinza escura. 
__________________________________________________________psi______________ 
 
 
2 A Teoria da Escolha 
A idéia inerente à teoria da utilidade de que podemos de alguma maneira medir o nível 
de satisfação ou prazer decorrente do consumo de uma mercadoria pode parecer para muito 
bastante irreal. Não pretendemos aqui entrar em uma discussão filosófica sobre o realismo ou 
19 
irrealismo da teoria da utilidade. Todavia, podemos nos perguntar: é possível uma teoria do 
consumidor que, sem lançar mão de tal idéia, consiga explicar a relação de demanda? 
 
A resposta a essa pergunta é afirmativa. Ao tentar explicar decisões de consumo 
envolvendo a compra de diversas mercadorias, os economistas acabaram desenvolvendo um 
instrumental que tornou a noção de utilidade supérflua. Chamaremos aqui, na ausência de 
melhor nome, essa nova teoria de teoria da escolha. 
 
Antes de começarmos, vale a pena chamar atenção para uma simplificação que 
fizemos ao tratar da teoria utilidade. Quando utilizamos do exemplo de uma criança que 
consome chocolate, negligenciamos o fato de que o prazer que essa criança obtém ao 
consumir o chocolate não depende apenas da quantidade consumida de chocolate. Por 
exemplo, se a nossa criança não tem acesso ao consumo de nenhum outro tipo de doce que 
não seja o chocolate, então, nesse caso, o consumo de uma barra de chocolate vai trazer para 
essa criança uma utilidade adicional muito maior do que traria caso ela já consumisse diversos 
tipos de doce. 
 
Podemos dizer que a nossa análise adotou uma hipótese coeteris paribus, pois 
estudamos como varia a utilidade do consumo de chocolate desde que o consumo de todos os 
outros bens permaneça constante. 
 
Para compreender a teoria da escolha, precisaremos a hipótese coeteris paribus. Isso 
porque essa teoria pretende explicar como o consumidor decide quanto vai consumir de cada 
uma das diversas mercadorias. Todavia, para que uma apresentação gráfica da teoria seja 
possível, lançaremos mão de uma hipótese simplificadora: vamos supor que existem apenas 
duas mercadorias – alimentação e vestuário. 
 
2.2. Cestas de Mercadorias 
Um conceito fundamental para a exposição da teoria da escolha é o conceito de cesta 
de mercadorias. Uma cesta de mercadorias nada mais é do que um conjunto de uma ou mais 
mercadorias associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias. 
 
A tabela 4.2. nos dá alguns exemplos de cesta de mercadorias. Assim, por exemplo, a 
cesta de mercadorias I é composta de 10 unidades de alimentação e de 15 unidades de 
20 
vestuário, a cesta II é composta de 5 unidades de alimentação e 25 unidades de vestuário, e 
assim por diante. 
 
As cestas de mercadorias descritas na Tabela 4.2. também podem ser representadas em 
um gráfico como o da Fig. 4.7. O eixo horizontal representa o consumo de alimento e o eixo 
vertical representa o consumo de vestuário. Cada ponto no gráfico corresponde a uma cesta de 
mercadorias da Tabela 4.2. 
 
2.2. Curvas de Indiferença 
Vamos agora tentar descrever como um consumidor deveria classificar as diferentes 
opções de consumo, representadas por diferentes cestas de mercadorias, segundo suas 
preferências. Para tal, notemos, em primeiro lugar, que é bastante razoável supor que, seja 
qual for a forma pela qual o consumidor escolhe entre diferentes cestas de mercadorias de 
consumo, três condições devem ser verdadeiras. 
 
A primeira dessas condições diz que, sempre que pegarmos quaisquer cestas de 
consumo possíveis, o consumidor será capaz de dizer se prefere a primeira cesta à segunda, se 
prefere a segunda cesta à primeira ou se estas duas cestas lhe são indiferentes. 
 
21 
A segunda condição estabelece que, se o consumidor prefere uma cesta A a uma cesta 
B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então se o consumidor prefere uma cesta A a 
uma cesta B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então esse consumidor preferirá a 
cesta A à cesta C. Essa condição um tanto quanto óbvia confere um aspecto de racionalidade 
lógica às preferências do consumidor. 
 
Por fim, a terceira condição estabelece que, sendo todas as mercadorias desejáveis, o 
consumidor prefere sempre consumir uma quantidade maior de cada uma dessas mercadorias. 
Assim, o consumidor preferirá, por exemplo, entre as cestas de consumo V e VI da Tabela 4.2 
e do gráfico da Fig. 4.7., a cesta de mercadorias VI, pois esta, embora possua o mesmo 
número de unidades de alimentação, possui mais unidades de vestuário que a cesta V. 
 
Dadas essas premissas, podemos agora tratar de um instrumento de representação das 
preferências do consumidor que nos será extremamente útil: a curva de indiferença. Em 
termos técnicos, uma curva de indiferença é lugar geométrico dos pontos que representam 
cestas de consumo indiferentes entre si. Embora essa definição técnica possa parecer um tanto 
quanto difícil, compreender o que realmente sgnifica uma curva de indiferença é bem mais 
fácil. Para isso, suponhamos, por exemplo, que Maria consome mensalmente uma cesta de 
mercadorias composta de quatro unidades de alimentação e três unidades de vestuário. Se 
pedirmos a Maria para nos dizer quais outras opções de consumo seriam tão desejáveis quanto 
essa cesta de mercadorias inicial, ou, em outras palavras, quais cestas de consumo seriam 
indiferentes à cesta de mercadorias inicial, ela poderia nos responder de, pelo menos, três 
maneiras alternativas. 
 
Primeiramente, ela poderia nos fornecer uma tabela com as cestas de consumo 
indiferentes (ou, se preferirmos, igualmente desejáveis) à cesta de mercadorias composta por 
duas unidades de vestuário, e cinco unidades de alimentação. Suponha, portanto, que ela nos 
tenha fornecido a Tabela 4.3 a seguir: 
 
 
 
 
 
22 
Tabela 4.3. Cestas de consumo indiferentes entre si ou igualmente desejáveis segundo 
Maria: 
 
Cesta de 
mercadorias 
Unidades de 
alimentação 
Unidades de 
vestuário 
A 
B 
C 
D 
E 
1.0 
2.0 
3.0 
4.0 
5.0 
12.0 
6.0 
4.0 
3.0 
2.4 
 
Se perguntarmos agora a Maria se não apenas as cestas de consumo que são 
indiferentes à cesta de mercadorias original, ela nos responderá que certamente não. Existem, 
diria Maria, infinitas outras cestas, porém, sendo essas cestas infinitas, elas não poderia 
representá-las em uma tabela. Desse modo, Maria, que é uma excelente matemática, nos 
oferece mais duas opções: ela pode nos dizer quais são todas as cestas de consumo 
indiferentes às cestas A, B, C, D e E da Tabela 4.3 através de uma equação matemática ou 
através de um gráfico. Maria nos diria também que a equação matemática é uma resposta 
mais elegante e rigorosa que um simples gráfico. Entretanto, como nós não temos 
conhecimentos de matemática tão profundos quanto o de Maria resolveu nos contentar com a 
resposta fornecida por um gráfico como o da Fig. 4.8., pois ele será suficientemente bom para 
os nossos propósitos. 
 
A curva representada nesse gráfico descreve um conjunto de cestas de consumo que 
são igualmente desejáveis para Maria. Por esse motivo, esta curva é conhecida como curvade 
indiferença. 
 
Uma curva de indiferença nada mais é do que a representação gráfica de um 
conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor, ou seja, cestas que 
trazem a mesma satisfação. 
 
Observe que, descrevendo as cestas que lhe são indiferentes através de uma curva de 
indiferença, Maria pode nos informar de todas as cestas contidas na Tabela 4.3. e ele mais 
uma infinidade de cestas intermediárias, como, por exemplo, a cesta Z. Assim, ficamos 
23 
sabendo que também o consumo de dez unidades de vestuário e de 1,2 unidade de 
alimentação correspondente à cesta Z também é indiferente ao consumo das cestas A, B, C, D 
e E. 
 
A apresentação de um conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes ou 
igualmente desejáveis para Maria também nos permite verificar com facilidade como Maria 
compararia as cestas de mercadorias que não pertencem a ela. Com efeito, todas as cestas de 
mercadorias localizadas acima e a direita da curva de indiferença da Fig. 4.8, como, por 
exemplo, a cesta de mercadorias X, é preferível às cestas de mercadorias sobre a curva de 
indiferença. Para ver isso, note que a cesta X está situada acima e a direita da cesta B, que 
pertence a curva de indiferença da Fig. 4.8. Isso significa que a cesta X contém mais unidades 
de alimentos e mais unidades de vestuário que a cesta B. Desse modo, podemos afirmar que a 
cesta X é preferida á cesta B. Como a cesta B é indiferente a todas as outras cestas sobre a 
curva de indiferença representada no gráfico e como a cesta X é referida à cesta B, então a 
cesta X é preferida a todas as outras cestas sobre essa curva de indiferença. Da mesma 
maneira, podemos ver que as cestas de mercadorias representadas à esquerda e abaixo da 
curva de indiferença. Por exemplo, a cesta Y contém menos utilidades de alimentos e de 
vestuário que a cesta C. Assim, Maria prefere a cesta C à cesta Y. Do mesmo modo, ela 
preferirá qualquer uma das cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença da Fig. 4.8. à 
cesta Y 
O gráfico da Fig. 4.9 ilustra esse resultado. A área em cinza do gráfico representa o 
conjunto de cestas de mercadorias que são melhores que as cestas de mercadorias sobre a 
curva de indiferença. A área em branco representa aquelas cestas de mercadorias que são 
consideradas piores que as cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença. 
 
24 
Evidentemente, poderíamos pedir para Maria que nos desse o conjunto de cestas de 
mercadorias que são indiferentes à cesta X e o conjunto de cestas de mercadorias que são 
indiferentes à cesta Y. Assim, Maria nos fornecia mais duas curvas de indiferença de um 
consumidor é chamado de mapa de indiferença. Evidentemente, como são infinitas as curvas 
de indiferença, não pode representar graficamente um mapa de indiferença com precisão. 
Assim, para representar um mapa de indiferença, escolheremos sempre apenas algumas de 
suas curvas de indiferença. A nossa representação gráfica de um mapa de indiferença será 
algo semelhante a Fig. 4.10. 
 
 
2.3. Propriedades das Curvas de Indiferença 
Passemos agora a estudar quais devem ser as principais propriedades das curvas de 
indiferença. 
 
A primeira pode ser enunciada da seguinte maneira: curvas de indiferenças mais 
distantes da origem representam cestas de mercadorias mais desejadas e curvas de 
indiferença mais próximas da origem representam cestas de mercadorias menos 
desejadas. 
 
Assim, por exemplo, a curva de indiferença da Fig. 4.10. que passa sobre a cesta de 
mercadoria X representa cestas de mercadorias preferidas às cestas de mercadorias 
representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta B. De modo semelhante, 
podemos concluir que a curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias y 
representa cestas de consumo preferíveis às cestas de consumo representadas pela curva de 
indiferença que passa sobre cesta de mercadorias Y representa cestas de consumo preferíveis 
25 
às cestas de consumo representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta de 
mercadorias B. 
 
A segunda propriedade importante é a seguinte: uma curva de indiferença tem 
sempre inclinação negativa, ou seja, ela inclina-se para baixo à direita. 
 
Para ver que o contrário não pode acontecer, imagine por um momento que fosse 
possível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada, isto é, uma curva 
de indiferença que se inclinasse para cima à direita, como a da fig. 4.11 
Tomemos duas cestas de mercadorias A e B quaisquer sobre essa suposta curva de 
indiferença. A cesta de mercadorias B contém mais unidades de alimentação e mais unidades 
de vestuário que a cesta de mercadorias A. Então, se as duas mercadorias (alimentação e 
vestuário) são desejáveis, a cesta de mercadorias B, é preferida à cesta de mercadorias A e, 
portanto, as duas cestas não podem estar sobre a mesma curva de indiferença. Assim é 
impossível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada se as 
mercadorias forem todas desejáveis, conforme estamos supondo. 
 
Devemos ainda salientar uma última propriedade das curvas de indiferença. Duas 
curvas de indiferença não se cruzam jamais. Para mostrar essa propriedade, basta ver que, 
caso duas curvas de indiferença se cruzassem, chegaríamos a um resultado absurdo. 
Suponhamos, assim, que as duas curvas de indiferença se cruzem como no caso da Fig. 4.12. 
Tomemos três cestas de mercadorias: a cesta A no ponto de cruzamento entre as duas curvas 
de indiferença, a cesta B sobre a curva 10 e a cesta C sobre a curva 1. A cesta C está na 
mesma curva de indiferença que a cesta A. Assim, a cesta C é indiferente à cesta A. Então a 
26 
cesta A é indiferente a cesta B. Como a cesta C é indiferente (1) que a cesta B. Então, se as 
curvas de indiferença 1 e 1 se cruzam, a cesta C deve ser ao mesmo tempo preferida e 
indiferente a cesta B. Como isso não é possível, também não pode ser possível que as duas 
curvas de indiferença se cruzem. 
 
2.4. Taxa Marginal de Substituição 
Voltemos agora à Tabela 4.3. Comparemos às cestas de consumo A e B. A cesta B 
possui uma unidade de alimentação a mais e seis unidades de vestuário a menos que a cesta 
A. Segundo Maria, essas cestas de consumo lhe são indiferentes. Então, quando Maria estiver 
consumida a cesta A uma troca de seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação 
não lhe trará nenhum benefício e nenhuma perda, pois, com essa troca, ela passaria a 
consumir a cesta B que é indiferente a cesta A. Troca mais do que seis unidades de vestuário 
por uma unidade de alimentação seria desvantajoso para Maria. Trocar menos do que seis 
unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria vantajoso. Assim, concluímos 
que a quantidade máxima de vestuário de que Maria, ao consumir a cesta A, estaria disposta a 
abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento é de seis unidades. Chamamos essa 
quantidade máxima de taxa marginal de substituição de vestuário por alimento. A taxa 
marginal de substituição de vestuário por alimento pode ter duas interpretações, ela representa 
o máximo de vestuário de que o consumidor está disposto a abrir mão em troca de uma 
unidade adicional de alimento, e ele representa de quanto devemos reduzir o consumo de 
vestuário se o consumo de alimentação é aumentado de uma unidade e se desejamos manter o 
consumidor sobre a mesma indiferença. Uma definição mais geral da taxa marginal de 
substituição diria o seguinte: 
 
A taxa marginal de substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria II é a 
redução na quantidade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma 
curva de indiferença quando há um aumento de uma unidadeno consumo de 
mercadoria II. Ela indica o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da 
mercadoria I em troca da mercadoria II. 
 
A Tabela 4.4 indica a taxa marginal de substituição (TMS) calculada a partir da Tabela 
4.3. 
27 
 
Chama atenção o fato de que a taxa marginal de substituição de vestuário por alimento 
é cada vez menor na medida em que nos deslocamos para as linhas inferiores da tabela. Ao 
passar da cesta de mercadorias A para a cesta de mercadorias B, Maria estava disposta a 
trocar 6 unidades de vestuário por uma unidade adicional de alimentação. Porém ao passar da 
cesta de mercadorias D para a cesta de mercadorias E, ela só estava disposta a abrir mão de 
0,6 unidades de vestuário em troca de uma unidade adicional de alimentos. Graficamente, isso 
faz com que a curva de indiferença seja convexa, isto é, que ela seja mais inclinada (menos 
deitada) à esquerda e menos inclinada (mais deitada) à direita. Perguntamos a Maria o porquê 
desse comportamento e ela ns respondeu da seguinte maneira: 
 
“Quando eu consumo a cesta A, tenho uma grande quantidade de vestuário e uma 
pequena quantidade de alimento. Assim, minha carência de alimento é relativamente grande. 
Isso faz com que eu tenda a valorizar mais a alimentação e a valorizar menos o vestuário. 
Desse modo, estou disposta a trocar uma quantidade relativamente grande daquilo que me faz 
pouca falta (o vestuário) por uma quantidade relativamente pequena daquilo que me faz muita 
falta (a alimentação). Todavia, na medida em que eu passo a consumir as cestas de consumo 
indicadas pelas linhas mais baixas da Tabela 4.4, a quantidade consumida de alimentação 
aumenta e a quantidade consumida de vestuário diminui. Isso faz com que, pouco a pouco, eu 
sinta menos falta de alimentação e mais falta de vestuário. Na medida em que isso me 
acontece fico disposta a trocar quantidades cada vez menores de vestuário por uma unidade 
adicional de alimentação”. 
 
Além de bastante convincente, a explicação de Maria parece ser adequada para a 
maioria dos casos, quer dizer, para outros pares de mercadorias que não vestuário e 
28 
alimentação, e para outros consumidores. Assim, vamos supor daqui para frente que as curvas 
de indiferença são convexas. 
 
2.5. A linha de Restrição Orçamentária 
João, assim, como Maria, também tem as suas curvas de indiferença e, se pudesse 
escolher livremente quando comprar de cada mercadoria escolheria consumir uma quantidade 
infinita de cada uma. Infelizmente, isso não é possível nem para João, nem para Maria nem 
para nenhum de nós. Isso porque a mercadoria tem seus preços e João tem uma renda 
limitada. Essa renda limitada impossibilita João de consumir as quantidades que ele se 
desejaria de cada mercadoria. 
 
Vamos estudar um pouco mais detalhado as restrições que a renda de João impõe ao 
seu consumo. Se q é a quantidade de alimentação consumida por João, q, é a quantidade de 
vestuário e P e P, são, respeitosamente, os preços de uma unidade de alimentação e de uma 
unidade de vestuário, então o gasto total de João em consumo será igual a 
 
Ora, João não pode gastar mais do que ganha. Esse fato pode ser representado pela 
seguinte expressão matemática: 
 
onde R é a renda de João. 
 
Por exemplo, suponhamos que a renda mensal (R) de João seja de R$ 500,00. 
Suponhamos também que o preço de uma unidade de alimentação (P) seja igual a R$ 5,00 e 
que o preço de uma unidade de vestuário (P), seja igual a R$ 10,00. Se João gastasse toda a 
sua renda comprando alimento, ele compraria R/P = 500/5 = 100 unidades de alimentação. Se, 
por outro lado, ele despendesse toda sua renda na aquisição de vestuário, ele poderia comprar 
R/P = 500/10 = 50 unidades de vestuário. Se ele decidisse comprar 20 unidades de 
alimentação, gastaria com essa 5 x 20 = 100, de modo que lhe restariam 400 para comprar 
29 
vestuário, o que daria um máximo de 400/10 = 40 unidades. A tabela 4.5. mostra outras 
combinações possíveis entre o consumo de alimento e o consumo de vestuário. Se João 
escolher qualquer uma dessas combinações, ele gastará toda a sua renda para adquira-la. 
 
As cestas de mercadorias dessa tabela estão representadas no gráfico da Fig. 4.13. Elas 
aparecem como pontos particulares da reta cuja equação é Pa qa + Pv qv = R. Essa reta é 
chamada linha de restrição orçamentária e representa o limite de consumo de João. Ele 
pode comprar todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária 
e todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária e todas as 
cestas que estão abaixo e à esquerda dessa linha (na área sombreada). Se João quiser, pode 
consumir, por exemplo, a cesta A ou a cesta X. Mas ele não pode consumir a cesta Y 
composta por 80 unidades de alimentação e 40 unidades de vestuário, pois ela lhe custaria 5 x 
80 + 10 x 40 = 800 reais, ou seja, mais do que a sua renda. 
Observamos também que a linha de restrição orçamentária cruza o eixo horizontal 
quando o consumo de alimentação é dado pela expressão R/P, que indica o consumo de 
alimento que se obtém quando toda a renda é destinada à compra de alimentação. De maneira 
semelhante, o consumo de vestuário, quando a linha de restrição orçamentária cruza o eixo 
30 
vertical, é dado pela expressão, R/P, que indica quanto é possível consumir de vestuário se 
toda a renda for gasta com a sua aquisição. 
 
 
2.6. Deslocamento da Linha de Restrição Orçamentária 
A posição da linha orçamentária depende de dois fatores: os preços das mercadorias e 
a renda do consumidor. Vejamos o que acontece se um desses fatores varia. Comecemos 
supondo que haja uma redução no preço da alimentação de R$ 5,00 para, digamos, R$ 4,17. 
 
Nesse caso, se João destinar toda a sua renda a aquisição de alimentação, ele poderá 
comprar R/Pa =500/4,17 = 120 unidades de alimentação. Esse valor a interseção da linha de 
restrição orçamentária com o eixo horizontal. Como antes da redução no preço da alimentação 
esse valor era igual a 100, a interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo 
horizontal deve-se deslocar para a direita, conforme o gráfico (a) da Fig. 4.14. 
31 
 
Uma elevação no preço da alimentação provocará um efeito inverso, ou seja, levará a 
um deslocamento da interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal para 
a esquerda, conforme ilustra o gráfico (b) da Fig. 4.14. Esse gráfico foi construído na hipótese 
de que o preço da alimentação subiu de R$ 5,00 para R$ 6,25. 
 
De modo semelhante, para R$ 8,333 provocará um aumento na quantidade de 
vestuário suponhamos, R$ 10,00 para R$ 8,33 provocará um aumento na quantidade de 
vestuário que se pode adquirir coma a renda de R$ 500,00 de 50 para 60 unidades., o que é 
representado graficamente por um deslocamento para cima da interseção da linha de restrição 
orçamentária com o eixo vertical conforme ilustra o gráfico (c) da Fig. 4.14. Uma elevação no 
preço do vestuário provocará, por sua vez, um deslocamento para baixo da interseção da linha 
de restrição orçamentária. O gráfico (d) da Fig. 4.14. indica esse deslocamento no caso de 
uma variação no preço do vestuário de R$ 10,00 para R$ 12,50. Nesse caso, a quantidade de 
vestuário que se obtém ao despender toda a renda nessa mercadoria é de 
 
 R = 500 = 40 unidades 
 P 12,50 
Resta agora ver como variações na renda deslocam a linha de restrição orçamentária. 
Suponhamos, de início, uma elevação na renda de João de, por exemplo, R$ 500,00 para R$ 
600,00. Quando isso ocorre, aumenta a quantidade que João poderia consumir de alimentação 
caso gastasse toda a sua renda com esse produto e aumenta tambéma quantidade que ele 
poderia consumir de vestuário caso dedicasse toda a sua renda à sua compra. Por exemplo, se 
a renda de João crescesse de R$ 500,00 para R$ 600,00, essa nova renda possibilitar-lhe-ia 
comprar 
 600 = 120 unidades de alimentação ou, se quisesse comprar apenas vestuário, 
 5 
 600 = 60 unidades 
 10 
Graficamente, isso implicaria um deslocamento para cima da interseção da linha de 
restrição orçamentária com o eixo vertical e um deslocamento para a direita da linha de 
restrição orçamentária com o eixo horizontal. Além disso, a linha de restrição orçamentária se 
desloca paralelamente à linha de restrição orçamentária inicial para cima e para a direita, 
conforme podemos notar no gráfico (e) da Fig. 4.14. 
32 
Uma redução na renda de João faria com que sua linha de restrição orçamentária se 
deslocasse paralelamente para baixo e para a esquerda. O gráfico (f) da Fig. 4.14 ilustra esse 
deslocamento para o caso de uma redução na renda de R$ 500,00 para R$ 400,00. 
 
O leitor deve notar que tanto uma elevação na renda quanto uma redução no preço de 
qualquer uma das mercadorias leva a um crescimento do conjunto de cestas de mercadorias 
acessíveis ao consumidor, conjunto esse que é representado graficamente pela área abaixo e à 
esquerda da linha de restrição orçamentária. Assim, por exemplo, a redução no preço do 
vestuário representada no gráfico (c) da Fig. 4.14 tornou acessível a cesta de mercadorias L. 
Do mesmo modo, a elevação na renda do gráfico (e) tornou acessível a cesta de mercadorias 
M. 
De outro lado, uma elevação no preço assim como uma redução na renda reduz o 
conjunto de cestas de mercadorias acessíveis. Por exemplo, a elevação do preço do vestuário 
representada no gráfico (d) da Fig. 4.14 fez com que a cesta de mercadorias N se tornasse 
inacessível. Também a redução na renda do gráfico (d) da Fig. 4.14 tornou impossível a 
compra da cesta de mercadorias O. 
 
O Equilíbrio do Consumidor 
Vejamos agora como um consumidor deve escolher entre as diversas cestas de 
mercadorias que sua restrição orçamentária lhe permite consumirem. O gráfico da Fig.4.15, 
mostra a linha de restrição orçamentária de João, juntamente com o seu mapa de indiferença. 
 Vestuário 
 
 
 
 
 
 
 
 0 20 40 60 80 100 Alimentação 
Fig. 4.15. Linha de restrição orçamentária e mapa de indiferença sobreposto. O 
consumidor escolhe a cesta correspondente ao ponto E. 
 
Das quatro curvas de indiferença mostradas no gráfico, João certamente preferiria 
escolher uma cesta de mercadorias sobre a curva de indiferença I3, como, por exemplo, à cesta 
 
33 
de mercadorias C. Todavia, sua restrição orçamentária não permite que nenhuma cesta de 
mercadorias sobre essa curva de indiferença seja acessível (lembre-se que as cestas de 
mercadorias acessíveis encontram-se ou na área em cinza ou sobre a linha de restrição 
orçamentária). Como João terá de escolher apenas entre as cestas de mercadorias que sua 
renda permite comprar, ele procurará a cesta de mercadorias acessível que pertença à curva de 
indiferença mais alta possível. Podemos ver na Fig. 4.15 que ele pode escolher uma cesta de 
mercadorias sobre a curva de indiferença I0, como, por exemplo, a cesta A, ou sobre a curva 
I1, digamos, a cesta B ou outra cesta de mercadorias qualquer sobre alguma curva de 
indiferença que passe pelo conjunto de cestas que podem ser compradas por João, isto é, que 
passe pela área em cinza ou pela linha de restrição orçamentária. A curva de indiferença mais 
elevada que ainda tem uma cesta de mercadorias acessível é aquela que tangencia (toca em 
um único ponto, sem cruzar) a linha de restrição orçamentária. No caso da Fig. 4.15., a linha 
de restrição orçamentária é tangenciada pela curva de indiferença 12 no ponto E. Esse ponto 
corresponde à cesta de mercadorias preferida por João entre todas aquelas que ele pode 
comprar, pois qualquer outra cesta de mercadorias que lhe seja acessível pertencerá a uma 
curva de indiferença menos elevada e, por isso mesmo, pior. Assim João deve escolher, entre 
as cestas de mercadorias que ele pode comprar a cesta de mercadorias E. A escolha do ponto 
“E” caracteriza aquilo que chamamos equilíbrio do consumidor. Esse equilíbrio é 
caracterizado pelo fato de João ter escolhido a melhor cesta de mercadorias que ele poderia 
comprar, não tendo, por isso, nenhum motivo para refazer a sua escolha. 
 
O equilíbrio do consumidor é obtido na cesta de mercadorias correspondente ao, ponto 
de tangencia entre a linha de restrição orçamentária e a curva de indiferença mais_ elevada 
que toca essa linha. 
 
2.8. Derivando a Curva de Demanda 
Evidentemente, sempre que houver um deslocamento da linha de restrição 
orçamentária, um novo equilíbrio será atingido, pois a nova linha de restrição orçamentária 
será tangenciada por outra curva de indiferença em um ponto diferente do antigo equilíbrio. A 
Fig. 4.16. ilustra uma mudança no equilíbrio do consumidor decorrente de um aumento na 
renda. 
 
34 
Vestuário 
 
 qa
0
 qa
1
 - Alimentação 
Fig. 4.16. Com o aumento da renda, o equilíbrio se desloca de E0 para E1. 
 
Com um aumento na renda do consumidor a linha de restrição orçamentária se desloca 
da linha contínua para a linha tracejada. O equilíbrio que antes era atingido na cesta de 
mercadorias E0 passa agora para a cesta de mercadorias E0, a quantidade consumida de 
alimentação passa de q°A para q
1 
V e a quantidade consumida de vestuário passa de q
0
A. para 
q
1
A. 
 
Uma variação no preço de uma mercadoria, na medida em que desloca a linha de 
restrição orçamentária, também leva à obtenção de um novo equilíbrio. A Fig. 4.17 ilustra um 
exemplo. Com uma redução no preço da alimentação, a linha de restrição orçamentária se 
desloca da linha cheia para a linha tracejada, fazendo com que o equilíbrio passe da cesta de 
mercadorias E0 para a cesta de mercadorias E1, 
35 
 
Vestuário 
Alimentação 
Fig. 4.17. Deslocamento da linha de restrição orçamentária e obtenção de um novo equilíbrio em 
decorrência da redução do preço da alimentação. 
 
Se determinarmos assim a quantidade a ser consumida de uma mercadoria para cada 
um de seus possíveis preços, podemos então derivar a curva de demanda do consumidor. Isso 
é feito na Fig. 4.18. Essa fig. é composta de dois gráficos. O gráfico superior é um gráfico que 
combina curvas de indiferenças e diferentes linhas de restrição orçamentária. 
 
A linha de restrição orçamentária mais à esquerda foi obtida supondo-se que o preço 
da unidade de alimentação era P
0
A linha de restrição orçamentária do meio foi obtida para um 
preço P
1
A por unidade de alimento menor que P
0
A. 
36 
Vestuário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Preço 
Fig. 4.18. Derivação da curva de demanda a partir do mapa de indiferença. 
 
 
37 
A linha de restrição orçamentária mais à direita foi obtida supondo-se o preço da 
unidade de alimentação igual a P
2
A, sendo esse preço ainda menor que P
1
A. 
 
Para cada uma dessas linhas de restrição orçamentária, obtemos um ponto de 
equilíbrio. Quando o preço da unidade de alimentação é P
0
A, obtemos o equilíbrio E0. Quando 
ele é P
1
A
 
obtemos o equilíbrio E1, e, para o preço da unidade de alimentação igual a P
2
A, 
obtemos o equilíbrio E2. Às cestas de mercadorias E0, E1 e E2 correspondem, respectivamente, 
as quantidades consumidas q
0
A, q
1
A e q
2
A . Assim, quando o preço de uma unidade dealimentação é P
0
A, a quantidade de alimentação que o consumidor deverá comprar é q
0
A, 
quando esse preço passa para P
1
A a quantidade consumida de alimentação passa para q
0
A, e 
quando ele é P
2
A a quantidade comprada de alimentação é q
2
A. 
 
Esse resultado é apresentado no gráfico de baixo da Fig. 4.18. O eixo horizontal desse 
gráfico indica a quantidade consumida de alimentação e o eixo vertical indica o preço de uma 
unidade de alimentação. Assim, o ponto H0, indica apenas que, custando à alimentação P
0
A, a 
quantidade consumida da mesma será q
0
A. Do mesmo modo, os pontos H1, e H2, indicam que, 
se os preços da alimentação for P
1
A ou P
2
A, a quantidade adquirida da mesma será, 
respectivamente, q
1
A ou q
2
A . Se repetirmos o mesmo exercício para todos os níveis possíveis 
de preço para a alimentação, obteremos a curva d. Essa curva descreve a relação entre preço e 
quantidade que o consumidor planeja adquirir, ou seja, ela é a curva de demanda do 
consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
38 
ANÁLISE DA DEMANDA DE MERCADO 
 
Demanda (ou Procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os 
consumidores desejam adquirir, nem dado período de tempo. 
 
Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo que o consumidor 
pode aspirar dada sua renda e os preços no mercado. 
 
A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dadas várias 
alternativas de preços de um bem ou serviço. Ou seja, indica que, se o preço for R$ 2,00, ele 
pode consumir dada sua renda, 10 unidades; se o preço for R$ 3,00, ele pode consumir 8 
unidades, e assim por diante. Nesse sentido, a demanda não representa a compra efetiva, mas 
a intenção de comprar. 
 
VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA 
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como: 
 Riqueza (e sua distribuição); 
 Renda ( e sua distribuição); 
 Preço dos outros bens; 
 Fatores climáticos e sazonais; 
 Propaganda; 
 Hábitos, gostos, preferências dos consumidores; 
 Expectativas sobre o futuro; 
 Facilidades de crédito. 
 
Tradicionalmente, a função demanda é colocada em função das seguintes variáveis, 
considerada as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas na maioria dos 
mercados de bens e serviços: 
 
 
q
d
 = f (ps, ps, pc, R, G) Função Geral da Demanda 
 i 
onde: 
 
39 
q
d
 = quantidade procurada (demandada) do bem i / t (/ t significa num dado 
período de tempo). 
ps = preço do bem i / t 
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes / t 
pc = preço dos bens complementares / t 
R = renda do consumidor / t 
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor /t 
 
São as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de um bem ou serviço. 
Agora, o mercado de cada bem tem suas particularidades, e algumas dessas varáveis podem 
não afetar a demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por variáveis não incluídas nessa 
relação (por exemplo, localização dos consumidores, a influência de fatores sazonais): Como 
são muitas variáveis, para estuda-las isoladamente, recorremos à hipótese de coeteris paribus 
(tudo o mais constante). 
 
a) Relação entre q
d
 e o preço do próprio bem (pi) 
 i 
 
É a função convencional da demanda: 
 
q
d
 = f (pi) supondo ps, pc, R e G constantes 
 i 
 
Sendo 
0 


i
d
p
q i
, que é a chamada Lei Geral da demanda: a quantidade demandada 
de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus. 
 
Por que há essa relação inversa? Ela ocorre devido aos chamados efeitos substituição 
e renda, que agem conjuntamente. Suponhamos uma queda do preço do bem. Podemos dividir 
o efeito dessa queda de preço sobre a quantidade demandada (efeito preço total) assim: 
 
 Efeito substituição: o bem fica barato relativamente a outros, com o que a 
quantidade demandada desse bem aumenta; 
 
i
i 
40 
 Efeito renda: com a queda de preço, o poder aquisitivo (ou “renda real”) do 
consumidor aumenta, e a quantidade demandada do bem i deve aumentar. Isto é, 
ao cair o preço de um bem, o consumidor tem mais renda para gastar. 
 
A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente inclinada e pode 
assumir quaisquer dos formatos a seguir: 
 
 
Essa função indica qual a intenção de procura dos consumidores quando os preços 
variam com tudo o mais permanecendo constante. Fornece a escala de procura. Ela é obtida 
estatisticamente, utilizando-se dados de quantidade e preços realizados em períodos anteriores 
(mensais, anuais etc). 
 
b) Relação entre demanda de um bem e preço dos outros bens (ps e pc) 
A relação entre a quantidade demandada de um bem ou serviço, com os preços de 
outros bens ou serviços, dá origem a dois importantes conceitos: bens substitutos e bens 
complementares. 
 
b1) Bens Substitutos (ou Concorrentes): o consumo de um bem substitui o consumo 
do outro. 
 
q
d
 = f (ps) supondo ps, pc, R e G constantes 
 i 
 
0 


s
d
p
q i
 
ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo de Coca-Cola e 
uma variação no preço do guaraná, coeteris paribus. 
 
41 
O deslocamento da curva de demanda, supondo aumento no preço do bem substituto, 
pode ser ilustrado a seguir, a partir do exemplo de como a demanda de Coca-Cola é 
influenciada pelo preço do guaraná: 
 
 
Ou seja, aos mesmos preços de Coca-Cola (R$ 20,00), será consumida mais Cocas-
Cola (2.000), porque o guaraná ficou mais caro. 
 
Outros exemplos de bens substitutos entre si: carne de vaca e carne de frango, cerveja 
Antarctica e cerveja Brahma, viajar de trem ou de ônibus etc. 
 
b2) Bens Complementares: são bens consumidos conjuntamente 
 
q
d
 = f (pc) com ps, ps, R e G constantes 
 i 
 
0 


c
d
p
q i
 
 
Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de 
gasolina, coeteris paribus. Graficamente: 
 
 
42 
 
Outros exemplos de bens complementares: camisa social e gravata, pneu e câmara, 
pão e manteiga etc. 
 
c) Relação entre demanda de um bem e renda do consumidor (R) 
 
q
d
i = f (R) com pi, ps, pc e G constantes 
 
Se: 
 
0 


R
q id
: o bem normal (aumentos da renda levam ao aumento da demanda do bem) 
 
0 


R
q id
: bem inferior (aumentos da renda levam à queda de demanda do bem: 
carne de 2ª, roupas rústicas etc.) 
 
0 


R
q id
: bem de consumo saciado (normalmente, alimentos como arroz, sal, 
açúcar: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará 
significativamente a demanda desses bens). 
 
Vamos verificar o que ocorre com a curva de procura, dado um aumento da renda dos 
consumidores, nos três casos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
d) Relação entre demanda de um bem e hábitos do consumidor (G) 
 
q
d
i = f (G) com pi, ps, pc e R constantes 
 
Os hábitos ou gostos (G) são alterados, “manipulados” por propaganda e campanhas 
promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo 
de bens, como nos exemplos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
As variáveis determinantes da função demanda podem ser assim resumidas: 
 
 
 
 
44 
CURVA DE DEMANDA DE MERCADO DE UM BEM 
A demanda de mercado é igual ao somatório das demandas individuais.n 
D mercado =  di 
 i = 1 
 
sendo i = 1 a n consumidores, e di a demanda dos consumidores individuais. 
 
Assim, a cada preço, a demanda de mercado é a soma das demandas dos 
consumidores individuais. 
 
Preço 
R$ 
q
d
guaraná 
(consumidor A) 
q
d
guaraná 
(consumidor B) 
q
d
guaraná 
(consumidor C) 
Demanda de mercado 
de guaraná 
200,00 14 10 22 46 
150,00 24 15 32 71 
100,00 34 20 42 96 
50,00 44 25 52 121 
 
Graficamente, teremos que a curva de demanda de mercado é a soma das curvas dos 
consumidores individuais: 
 
 
 
OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE DEMANDA 
a) É importante distinguir variações da demanda e variações na quantidade 
demandada: 
 
 Variações da demanda - deslocamento da curva da demanda, devido a alterações 
em ps, pc, R ou G (ou seja, mudanças na condição coeteris paribus).Por exemplo, 
45 
supondo um aumento da renda do consumidor, sendo um bem normal, ocorrerá um 
aumento da demanda (aos mesmos preços anteriores,o consumidor poderá comprar 
mais). 
 
 Variação na quantidade demandada – movimento ao longo da própria curva de 
demanda, devido a variação do preço do próprio bem ps, mantendo as demais 
variáveis constantes (coeteris paribus) 
 
 
(movimento do ponto A para o ponto B, na mesma curva de 
demanda D
0
i, devido à queda de preço de p0 para p1) 
 
 
 
 
ANÁLISE DA OFERTA DE MERCADO 
 
Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores desejam 
vender e determinado período de tempo. 
 
A oferta representa os planos dos produtores ou vendedores, em função dos preços de 
mercado. Considera-se que os produtores são racionais, no sentido de que estão produzindo 
com o lucro máximo, dentro da restrição de custos de produção. 
46 
Variáveis que afetam a Oferta 
As principais variáveis que afetam a oferta de um dado bem ou serviço são: 
 
 
sendo o sobrescrito s derivado do inglês supply (oferta). 
 
É a chamada função geral da oferta. 
 
 
 qs 
 > 0 
 pi 
 
 
 qs 
 < 0 
 pn 
 
 
se o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem 
mais. Para produzir mais, os custos de produção serão maiores, e o 
preço do bem deve ser aumentado, coeteris paribus 
se, por exemplo, o preço da soja aumentar, e dado o preço do 
feijão, os produtores diminuirão a produção de feijão para produzir 
mais soja, coeteris paribus 
47 
 qs 
 < 0 
 m 
 
 
 
 
 qs > 
 < 0 
 O 
 
 
 
 
 
 
 
Observações: 
1. [Como na teoria da procura, devemos distinguir:] 
 Variação da oferta - deslocamento da curva (quando altera a condição coeteris 
paribus, ou seja, quando se alteram pn, m ou O); 
 
 Variação da quantidade ofertada - movimento ao longo da curva (quando se 
altera o preço do próprio bem pi, mantendo-se as demais variáveis constantes). 
 
2. Empiricamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas funções 
oferta são os preços do próprio bem (pi), e o custo dos fatores de produção m . A 
variável “Objetivos da Empresa” (O) não é quantificável. 
 
se, por exemplo, o preço do fator terra aumenta, diminui a oferta 
de café, coeteris paribus (desloca-se devido ao aumento de 
preço da terra). O mesmo vale para os demais fatores de 
produção, como mão-de-obra, matérias-primas, energia etc ... 
a função oferta depende dos objetivos da empresa, isto é, ou se quer 
maximizar o lucro, ou aumentar sua participação no mercado. Isto é, 
às vezes a empresa prefere lucrar menos em curto prazo e ganhar 
participação no mercado (o que pode ocorrer com lucros menores, se 
os custos aumentarem mais que as receitas), para lucrar mais em 
longo prazo. Veremos mais tarde que também há situações que, 
dependendo da estrutura de mercado, e do grau de reação dos 
consumidores, é mais vantajoso para a empresa reduzir sua 
produção. 
48 
3. Muitas vezes, a oferta depende mais do preço no período anterior (pt-1), do que do 
preço do próprio período, dado que a decisão de alterar a produção tem uma certa 
defasagem, pois os recursos nem sempre estão imediatamente disponíveis. 
 
 
CURVA DE OFERTA DE MERCADO (DE UM BEM) 
É a soma das curvas de oferta das firmas individuais, que produzem um dado bem ou 
serviço: 
 
 n 
 Qj =  dj 
 j = 1 
sendo j = 1, 2, ..., n produzindo um bem i, e qj as ofertas das firmas individuais. 
 
 
O EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela 
procura. Colocando em um único gráfico as curvas de oferta e de procura de um bem ou 
serviço qualquer, a intersecção das curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o 
preço p0 e a quantidade q0. 
 
 
Este ponto é único, onde a quantidade que os consumidores desejam comprar é 
exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender. Ou seja, não há excesso ou 
escassez de oferta ou de demanda. Existe coincidência de desejos. 
 
Tendência ao nível de equilíbrio: lei da oferta e da procura 
No gráfico a seguir, para qualquer preço superior a p0, (como p’), a quantidade que os 
ofertantes desejam vender é muito maior do que a que os consumidores desejam comprar. 
Existe um excesso de oferta (q
s’
 – qd’). De outra parte, com qualquer preço inferior a p0, 
49 
surgirá um excesso de demanda (q
d”
 – qs”). Em qualquer dessas situações, não existe 
compatibilidade de desejos. 
 
 
Entretanto, supondo uma economia de mercado, concorrencial o mecanismo de preços 
leva automaticamente ao equilíbrio. Quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com 
estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos 
consumidores: no caso de excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar 
mais pelos produtos escassos. 
 
Assim, há uma tendência normal ao equilíbrio: no ponto E (p0, q0) não existem 
pressões para alterar preços. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o 
plano dos vendedores. 
 
Como se vê, é como se existisse uma “mão invisível” que fizesse com que os agentes, 
sem qualquer interferência do governo, encontrassem sozinha uma posição de equilíbrio, via 
mecanismo de preços. 
 
MUDANÇAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO DEVIDO A DESLOCAMENTOS 
DAS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA 
Como vimos anteriormente, existem vários fatores que podem provocar deslocamento 
das curvas de oferta e demanda que evidentemente provocarão mudanças do ponto de 
equilíbrio. Suponhamos, por exemplo, que o mercado do bem x esteja em equilíbrio, e o bem 
x seja um bem normal (não inferior). O preço de equilíbrio inicial é p0 e quantidade q0 (ponto 
A no próximo gráfico). 
 
Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda real (aumento 
do poder aquisitivo). Conseqüentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, a um mesmo 
preço, será maior. 
50 
 
Isso significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1. Assim, 
ao preço p0, teremos um excesso de demanda, que provocará gradativamente um aumento de 
preços. Com os preços aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no 
novo equilíbrio, ao preço p1, e a quantidade q1 (ponto B). 
 
 
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afeta a quantidade e os preços 
de equilíbrio. Suponhamos, para exemplificar, uma diminuição dos preços das matérias-
primas usadas na produção do bem x. Conseqüentemente, a curva de oferta do bem x se 
desloca para a direita. Por um raciocínio análogo

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