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Alyosha XLVII Infecção do Trato Urinário (14/03/2016) Definição: Colonização microbiana assintomática ou sintomática com invasão microbiana e inflamação das estruturas do trato urinário. Etiologia: A etiologia bacteriana é a mais frequente, sendo a E. coli a espécie mais comum (mais de 80% das causas comunitárias). Podemos citar entre as Gram negativas: Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Pseudomonasaeroginosa, Acinetobacter (essas duas últimas são muito importantes nas infecções de trato urinário hospitalares). Também podemos citar entre as Gram positivas: Staphylococcussaprophyticus (ITU de comunidade), Enterococcus e Corynebacteriumurealyticum (ITU hospitalares). Não são muito frequentes nas infecções do trato urinário. Nos casos de disseminação hematogênica, encontramos: Salmonella, S. aureus, Mycobacterium tuberculosis. Já nos casos de pacientes cateterizados ou sondados, a infecção geralmente é polimicrobiana. Patogenia: O início é mais comum por via ascendente e depende de fatores que favorecem a infecção. Fatores do hospedeiro x Fatores do agente Dinâmica do fluxo Polissacarídeos capsulares Propriedades da urina Presença de fímbrias Propriedades antibacterianas Poder de virulência O acometimento é diferente dependendo da faixa etária: criança x adulto x idoso. Abaixo de 6 meses de idade é mais comum infecção no sexo masculino; acima de 6 meses de idade é mais comum infecção no sexo feminino; frequente em idosos devido maior frequência de retenção urinária, irritabilidade do trato urinário e distúrbio na alimentação; mais comum em mulheres na fase adulta devido ao curto comprimento da uretra. É considerada ITU de repetição quando: 02 episódios de ITU em 06 meses e 03 episódios de ITU em um ano. Pacientes com bexiga neurogênica muitas vezes são assintomáticos quando acometidos com infecção do trato urinário. Complicada x Não complicada: É chamada de complicada quando evolui com complicação ou não teve cura adequada/total. Pode gerar: Desenvolvimento de resistência bacteriana Recaída, sem cura adequada Desenvolvimento de disfunção renal Fatores predisponentes: Cálculo renal ou de bexiga Cateterismo e sonda vesical Hipertrofia prostática Uretra curta em mulheres Problemas neurológicos: esvaziamento incompleto da bexiga, grande volume da urina residual, perda de controle do esfíncter. Gestação: compressão do útero sobre a bexiga Refluxo ureteral Tumores adjacentes e de trato urinário Características da ITU: Complicada x não complicada Sintomática x assintomática Aguda x crônica Alta x baixa Cistite Infecção bacteriana geralmente aguda da bexiga (também pode ser crônica). Possui as floras semelhantes das outras ITU, principal agente etiológico são as enterobactérias (E. coli). Acomete cerca de 11% das mulheres por ano e 50% das mulheres vão apresentar um episódio de cistite na vida. Gera um alto custo para o paciente e para o hospital, já que também é a principal causa de ITU em PS/Emergência. Os sintomas são muito intensos e de rápida evolução clínica. Fatores predisponentes: Obstipação crônica: aumento da flora bacteriana pela diminuição do trânsito intestinal Baixa ingesta hídrica Vida sexual ativa Hipoestrogenismo Retardar demasiadamente a micção Distopias genitais: cistocele, enterocele Bexiga neurogênica Cálculos Diagnóstico: História clínica/anamnese Sedimento urinário simples (Urina I)/ Nitrito positivo / Estearase Urocultura e antibiograma/ USG/ Cistoscopia Quadro Clínico: Disúria Polaciúria Nictúria Sensação de esvaziamento vesical incompleto Hematúria (macro ou microscópica) Urgência miccional Dor e/ou desconforto supra-púbico Dor pélvica Tratamento: ATB: dose única ou de 3 a 7 dias. Sintomático: analgésicos, antiinflamatórios e antiespasmódicos. Sempre pensar em alergias aos fármacos Sulfametoxazol + trimetropim (bactrim): em mulheres jovens é o ATB de primeira escolha, mas dá bastante alergia. Norfloxacina Ciprofloxacina: melhor concentração urinária que norfloxacina, usa-se mais na pielonefrite. Levofloxacina: melhor para via respiratória, sua concentração na urina é menor que das quinolonas de 2 ª e 3ª geração. Pielonefrite Aguda Infecção de invasão microbiana do parênquima e pelve renal levando à circulação sistêmica. É a chamada infecção alta do trato urinário de grande gravidade. Responsável pela mortalidade de 10 a 20% em pacientes internados, responsável por 200000 hospitalizações por ano. Acomete 1 a 2% das gestantes. Comum cursar com choque séptico. Diagnóstico: História clínica/anamnese Exame físico Leucograma/sedimento urinário simples (Urina I)/urocultura com antibiograma Quadro Clínico: Dor lombar (ângulo costovertebral) Febre e calafrios (muito importante): não costuma ser elevada Polaciúria Disúria Náusea e vômitos Giordano positivo: geralmente é unilateral Indicação para internação: Absolutas: sepse, vômitos persistentes, obstrução do trato urinário, diagnóstico incerto, progressão de ITU. Relativas: idade acima de 60 anos, imunodeprimidos, DM descompensada, intolerância ao antibiótico via oral. Tratamento ambulatorial: Analgésicos Antitérmicos ATB (7 a 14 dias): Quinolonas: ciprofloxacina (melhor especificidade para trato urinário, melhor para pielonefrite) SMZ + TMP (bactrim) Cefalosporinas de 1ª e 2ª geração Ampicilina + sulbactam Amoxacilina + clavulanato Tratamento hospitalar: Quinolonas Aminoglicosídeos: muito tóxico para os rins Cefalosporinas de 2ª e 3ª geração (rocefim/ceftriaxona) Ampicilina + sulbactam Amoxacilina + clavulanato Ampicilina + aminoglicosídeos Critérios para alta: Afebril por mais de 48h Leucograma normal Resposta ao tratamento: Pode haver CURA (é o objetivo), persistência, recaída, reinfecção. Tratamento cirúrgico: Quando há obstrução do trato urinário, pionefrose ou abscesso renal. Diagnóstico diferencial: Apendicite, colescistite, etc. Complicações: Imediata: bacteremia, abscesso Tardias: atrofia renal, insuficiência renal crônica, litíase, HAS, alta mortalidade, complicações da gravidez.
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