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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Instituto de Geociências e Engenharias Faculdade de Engenharia de Materiais Campus Universitário de Marabá ANÁLISE GRANULOMÉTRICA E ANÁLISE VISUAL DE RESIDUOS Marabá/PA Agosto de 2016 Adrieli Oliveira da Silva ANÁLISE GRANULOMÉTRICA E ANÁLISE VISUAL DE RESIDUOS Marabá/PA Agosto de 2016 Trabalho apresentado ao Prof.º Dr. Adriano Alves Rabelo, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Processamento Cerâmicos. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Técnicas de análise de tamanho de partícula ............................................................. 6 Figura 2- Diferentes diâmetros de esferas equivalentes gerados a partir de uma partícula irregular.......................................................................................................................................7 Figura 3- Formas possíveis de partículas....................................................................................8 Figura 4- Material usado para a análise visual...........................................................................10 Figura 5- Histograma de diâmetro da partícula.........................................................................10 Figura 6- Curva cumulativa das massas passantes e retidas.......................................................11 Figura 7- Curva granulométrica obtida a partir do peneiramento...............................................12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5 2. DEFINIÇÃO DAS PARTICULAS E PENEIRAMENTO..............................................8 3. MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................9 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................10 5. CONCLUSÃO..............................................................................................................12 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................12 5 1. INTRODUÇÃO O conhecimento do tamanho e da distribuição do tamanho de partícula é um pré- requisito fundamental para muitas operações de produção e processamento envolvendo sistemas de materiais particulados. A distribuição do tamanho de partícula influi de maneira significativa em várias etapas de produção (transporte, compactação, sinterização, etc.) e na microestrutura do material, afetando a resistência mecânica, a densidade e as propriedades térmicas e elétricas dos produtos acabados. Portanto a sua determinação é uma etapa crítica em todos os processos que de alguma maneira envolvam materiais na forma de pós. Caso realizada incorretamente, podem ser geradas perdas econômicas decorrentes de produtos de baixa qualidade e de altas taxas de rejeição (Jillavenkatesa et al., 2001). Com o crescente aumento das aplicações de materiais particulados, diversas técnicas de caracterização física de pós têm sido desenvolvidas. Especificamente para tamanho de partícula, é grande a variedade de técnicas disponíveis. Na tabela1 são apresentadas diversas técnicas e na figura 1 estão as faixas de tamanho em que algumas delas são recomendadas. Estas faixas são aproximadas e referem-se a limites extremos de análise. Dependem do material analisado e podendo variar significativamente entre diferentes equipamentos. Peneiramento Microscopia Quantitativa Espalhamento de luz; Turbidimetria (espalhamento de luz de pequeno ângulo) Contadores ópticos de partículas Velocimetria Espalhamento de nêutrons/raios X Cromatografia por exclusão de tamanho; Cromatografia hidrodinâmica Fracionamento de campo de fluxo (FFF) FFF elétrico; FFF por sedimentação Sensoriamento de zona elétrica Centrifugação/Ultracentrifugação/Sedimentação Tempo de voo acrodinâmico Tabela 1- Técnicas de Análise do Tamanho de Partículas Fonte: Lacocca e German, 1997. 6 A determinação de valores exatos de tamanho de partícula é extremamente difícil e encontra obstáculos diferentes para cada uma das técnicas. Por esta razão, para medidas de controle de processo a reprodutibilidade passa a ser mais importante, porém no desenvolvimento de novos produtos, a exatidão da análise pode ser fundamental (Alien, 1997). Como cada técnica de análise é baseada em princípios físicos diferentes, os resultados obtidos por estas análises podem também ser diferentes. Além disso, os fabricantes de equipamentos de análise usam projetos de construção distintos, o que também pode acarretar em resultados diferentes mesmo entre equipamentos que utilizam o mesmo princípio físico básico (Jillavenkatesa, et al. 2001). Outro fator de grande importância a ser considerado na determinação da distribuição do tamanho de partícula é qual dimensão da partícula está sendo medida. Uma esfera pode ter o seu tamanho definido por um único valor: o diâmetro. Porém partículas com formatos irregulares necessitam de mais de uma medida para a quantificação do seu tamanho. Para expressar este valor em um único número, normalmente adota-se o valor de uma esfera equivalente. Dependendo do que é medido (maior ou menor comprimento, volume, massa, área projetada, velocidade de sedimentação, etc.) o diâmetro desta esfera equivalente Figura 1- Técnicas de análise de tamanho de partícula com faixas limite de medidas. BI: Disco centrífugo (DCP- detecção óptica; XDC- detecção por raios X). CHDF: Fracionamento por capilar hidrodinâmico. Fonte: Vasconcellos, 2003. 7 apresenta valores diferentes. A figura 2 ilustra alguns dos diferentes diâmetros médios equivalentes que podem ser gerados a partir de um grão de areia com forma irregular (Rawle, 2002) e a figura 3 exemplifica algumas formas possíveis de partículas (Germán, 1994). Figura 2- Diferentes diâmetros de esferas equivalentes gerados a partir de uma partícula irregular. Fonte: Rawle, 2002. O diâmetro médio, porém, não pode ser apresentado como única informação referente ao tamanho do material particulado. Como já mencionado, deve-se obter informações com respeito à distribuição granulométrica do pó, pois materiais com diâmetros médios idênticos podem apresentar diferentes distribuições. Um pó, por exemplo, com distribuição de tamanho de partícula entre 0,1 e 200 µm e outro com partículas entre 10 e 100 µm podem ter o mesmo diâmetro médio, mas o comportamento destes pós durante o processamento, e as propriedades finais dos produtos gerados a partir de cada pó serão completamente diferentes. Os dados mais comumente usados são os gráficos de distribuição de frequência acumulada e incrementai e os decis D10, D50 e D90 que correspondem, respectivamente, aos valores que 10, 50 e 90 % da distribuição das partículas apresentam diâmetros menores. 8 Figura 3- Formas possíveis de partículas. Fonte: German, 1994. 2. DEFINIÇÃO DAS PARTICULAS E PENEIRAMENTO O peneiramento é uma operação unitária que trata da separação de materiais sólidos granulados, sendo uma operação mecânica na qual um material granulado é submetido à agitaçãoem peneiras de malhas com diâmetros conhecidos para a separação das amostras em faixas granulométricas. Os solos recebem designações segundo as dimensões das partículas compreendidas entre determinados limites convencionais. Por conta disso, é necessário conhecer as classificações para o correto estudo, caracterização e entendimento de aplicabilidade. A NBR 6205/95 trata e define os solos de acordo com a granulometria na forma a seguir: Bloco de rocha – Fragmentos de rocha transportados ou não, com diâmetro superior a 1,0 m; Matacão – fragmento de rocha transportado ou não, comumente arredondado por intemperismo ou abrasão, com uma dimensão compreendida entre 200 mm e 1,0 m; 9 Pedregulho – solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro compreendido entre 2,0 e 60,0 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados, são denominados cascalhos ou seixos. Divide-se quanto ao diâmetro em: pedregulho fino – (2 a 6 mm), pedregulho médio (6 a 20 mm) e pedregulho grosso (20 a 60 mm); Areia – solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. As areias de acordo com o diâmetro classificam-se em: areia fina (0,06 mm a 0,2 mm), areia média (0,2 mm a 0,6 mm) e areia grossa (0,6 mm a 2,0 mm); Silte – solo que apresenta baixo ou nenhuma plasticidade, baixa resistência quando seco ao ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração silte. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm; Argila – solo de graduação fina constituída por partículas com dimensões menores que 0,002 mm. Apresentam características marcantes de plasticidade; quando suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas, quando seco, apresenta coesão suficiente para construir torrões dificilmente desagregáveis por pressão dos dedos. Caracteriza-se pela sua plasticidade, textura e consistência em seu estado e umidade naturais. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Argila Água corrente Peneiras Balança analítica Peneira vibratória Lente de aumento A argila foi pesada na quantidade de 100 g e a seguir foi feita a distribuição das partículas. A argila seca, foi peneirada nas respectivas granulometrias; 1.74; 0.85; 0.5; 0.3; 0.15; e 0.075 mm (milímetros) em vibrador de peneira. Ao término da distribuição de partículas, o material retido no coletor foi lavado em água corrente em grande volume, até se eliminar toda a argila presente e ficar somente os resíduos e impurezas presentes na mesma, para serem analisados visualmente. 10 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a lavagem do resíduo da peneira de abertura 1,18 mm, na peneira de malha 0,075 mm, percebeu-se que o mesmo possuía areia (quartzo), cascalho (sedimentos de rochas), matéria orgânica, observáveis na Figura 4. Figura 4- Material usado para a análise visual. Fonte: Autor. Figura 5- Histograma de diâmetro da partícula Fonte: Autor. A presença desses tipos de partículas pode ser determinante no processamento de uma argila com essa composição, uma vez que cada tipo de partícula confere propriedades diferentes a um corpo cerâmico: O quartzo presente pode resultar em uma elevada dureza, além da formação de fase vítrea. A presença deste mineral é importante para prover estabilidade dimensional à cerâmica, funcionando como um esqueleto de sustentação à forma dada para a cerâmica a verde; 11 O cascalho propicia, também, aumento na dureza devido a melhoria na resistência mecânica. Contudo, isso só ocorre da presença de cascalho em granulometria fina. Para partículas mais grosseiras, o cascalho pode ter efeito negativo, sendo concentrador de tensões internas, diminuindo a resistência mecânica do produto; Por fim, a matéria orgânica é indesejável para a grande maioria dos produtos cerâmicos. Durante o processo de conformação, esse tipo de material pode influenciar em deformações dimensionais, perdas de matéria prima e etc. Além disso, podem vir a ocupar espaço na massa cerâmica compactada e, após a queima, esses materiais orgânicos se volatilizam, gerando poros que, dependendo da aplicação, são indesejáveis ao produto, bem como podem servir como promovedores de trincas internas, diminuindo a resistência mecânica e aumentando significativamente as chances de uma falha catastrófica da estrutura. Peneiras mm %passante % Retido %Retida Retida acumulada Massa Massa Peneira (g) Peneira+ solo (g) 1,4 100 0 0 0 428,1 428,1 0,85 87,1 15,5 12,9 12,9 445 460,5 0,5 69,5 21,1 17,6 30,5 412,6 433,7 0,25 46,6 27,5 22,9 53,4 364 391,5 0,15 34,8 14,2 11,8 65,2 394 408,2 0,075 27,4 8,9 7,4 72,6 384 392,9 COLETOR 7,81 23,1 19,3 91,9 360,9 384 Tabela 2- Quantidade de material resultante do peneiramento. Fonte: Autor Figura 6- Curva cumulativa das massas passantes e retidas. Fonte: Autor. 12 Figura 7- Curva granulométrica obtida a partir do peneiramento. Fonte: Autor. 5. CONCLUSÃO A classificação granulométrica é de suma importância para uma avaliação primária não só de solos, mas também de materiais em geral, uma vez que proporciona uma caracterização substancial do material em estudo. A partir desse tipo de avaliação pode-se realizar um estudo mais profundo e empírico para o emprego de solos de acordo com sua classificação. A matéria orgânica encontrada entre os resíduos que ficaram retidos na peneira de 0,075 mm, em questão, não devem afetar a qualidade da argila, pois serão eliminadas na etapa de calcinação; porém, a grande quantidade de sílica identificada, propõe que seja feita um bom tratamento granulométrico em futuras utilizações da argila em estudo para que não se tenha percas nas propriedades físicas e químicas esperadas. 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS H. P. CAPUTO, Mecânica dos solos e suas aplicações. 6ª ed. vol.1. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 1988; C. S. PINTO, Curso básico de mecânica dos solos. 3ª ed. São Paulo, SP: Oficina de Textos, 2006; F. dos S. Ortega, R. G. Pileggi, P. Sepúlveda, V. C. Pandolfelli. Influência dos Modelos de Alfred e de Andreasen Sobre a Microestrutura e Densidade a Verde de Compactos Cerâmicos Obtidos por Colagem ou Prensagem. Departamento de Engenharia de Materiais, DEM- UFSCAR, 1997; 100 87,1 69,5 46,6 34,8 27,4 0 % 20 % 40 % 60 % 80 % 100 % 0,010,1110 P as sa n te Tamanho das partículas CURVA GRANULOMÉTRICA Curva Granulometrica 13 P. Silva, A. M. Segadães, T. C. Devezas. Aplicação de métodos estatísticos na otimização da densidade de empacotamento de distribuições de pós de alumina. Departamento de Engenharia Eletromecânica, Universidade Beira Interior Covilhã, Portugal, 2004; R. de Oliveira, A. R. Studart, R. G. Pileggi, V. C. Pandolfelli, Dispersão e empacotamento de partículas – princípios e aplicações em processamento cerâmico. Fazendo Arte Editorial, S. Paulo, SP (2000). ALLEN, T. Particle Size Measurement, 4º edition, London: Chapman and Hall, 1993. BANNISTER, M. J. Particles, Powders and Crystallites - Their Characterization for Fabrication, Metals. Australia, v. 3, p. 127-33,1973.
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