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Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário 1. Aposentadoria Especial .......................................................................................... 2 1.1 Aposentadoria Especial em Virtude de Atividades em Condições Especiais ... 2 1.1.1 Necessidade Social....................................................................................... 4 1.1.2 Exigências Pessoais ...................................................................................... 7 1.1.3 Carência ....................................................................................................... 8 1.1.4 Valor ............................................................................................................. 8 1.1.5 Data de Início do Benefício .......................................................................... 8 1.1.6 Observações ................................................................................................ 8 1.2 Aposentadoria Especial da Pessoa com Deficiência ....................................... 10 2. Salários .................................................................................................................. 11 2.1 Salário-Família ................................................................................................. 11 2.2 Salário Maternidade ....................................................................................... 15 3. Benefícios Devidos aos Dependentes .................................................................. 20 3.1 Pensão por Morte ........................................................................................... 20 Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1. Aposentadoria Especial A melhor forma de compreender a aposentadoria especial é imaginar a aposentadoria voluntária, porém com condições especiais, com fincas a facilitar o acesso do segurado ao benefício. Menciona-se o art. 201, parágrafo primeiro, CRFB: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. O dispositivo explicitado traz a igualdade formal enquanto regra no regime geral de previdência social, assim como também ocorre no regime próprio. Há que se dar tratamento idêntico a todos os segurados, portanto. Existem, contudo, duas exceções a tal regra, no sentido da possibilidade do tratamento diferenciado: (i) quando o segurado exerce sua atividade laboral em condições especiais, sujeito a agentes nocivos que prejudiquem sua saúde ou sua integridade física; e (ii) quando a pessoa é deficiente, nos termos definidos em lei complementar. 1.1 Aposentadoria Especial em Virtude de Atividades em Condições Especiais A despeito de a aposentadoria especial ser matéria exclusiva de lei complementar, o detalhe inicial que precisa ser destacado é que, atualmente, o tema em comento está regido tão somente na lei ordinária de n. 8.213, especificamente nos arts. 57 e 58, conforme exposto abaixo: Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aulaministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. Note-se, ademais, que apenas com o advento da Emenda n. 20 de 1998 é que se passou a exigir lei complementar para tratar de aposentadoria especial. Sob esse viés, como a lei que regula o tema é de 1991, não há falar-se em inconstitucionalidade formal ulterior, eis que, quando elaborada, à época, preencheu todos os requisitos legais para tratar do tema da aposentadoria especial. Assim sendo, os dois artigos acima mencionados foram recepcionados como lei complementar. O art. 15 da EC. n. 20 de 1998 assim o faz expressamente: Art.15 – Até que a lei complementar a que se refere o art. 201, parágrafo primeiro, da Constituição Federal, seja publicada, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, na redação vigente à data da publicação desta Emenda. O fundamento legal para a aposentadoria especial consta desses dois dispositivos. 1.1.1 Necessidade Social Quanto à necessidade social, identifica-se esta como sendo o trabalho de forma especial, exercido em condição de exposição efetiva e permanente a um agente nocivo. Ressalta-se que esse ponto do tópico ora tratado é objeto de inúmeras controvérsias jurisprudenciais. No tocante aos agentes nocivos, tem-se que podem ser químicos, físicos ou biológicos. De acordo com o entendimento do INSS, apenas as atividades insalubres dão direito à aposentadoria especial. O STJ, todavia, já decidiu que elementos perigosos também dão direito à aposentadoria especial. Assim sendo, para o mencionado tribunal de sobreposição, o elenco destacado na definição de agentes nocivos é meramente exemplificativo. Exemplo: para o INSS, o trabalho com exposição à eletricidade não dá direto à aposentadoria especial, eis que não se trata de elemento insalubre, mas sim perigoso. Isso é diferente de algo que, com o passar do tempo, desgasta o organismo. O problema da exposição à eletricidade é outro. De acordo com o STJ, contudo, a exposição à eletricidade, mesmo sendo elemento perigoso, e não insalubre, dá direito à aposentadoria especial. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br A relação exemplificativa dos agentes nocivos consta do Anexo IV do Decreto 3.048 de 1999 (Regulamento da Previdência Social). Exemplo1: ruídos, temperatura, pressão etc (agentes físicos). Exemplo2: mercúrio, hidrocarbonetos, amianto etc (agentes químicos). Exemplo3: exposição a vetores de doença, micro-organismos capazes de prejudicar a saúde (agentes biológicos). Não obstante, a exposição ao agente nocivo precisa ser permanente, ou seja, não ocasional e não intermitente. O conceito de exposição permanente, atualmente, é no sentido de ser indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. Esse conceito é aceito tanto administrativamente quanto nos tribunais. O conceito significa que em toda vez da realização do serviço ou da produção do bem que lhe compete haverá exposição ao agente nocivo, ainda que não seja durante toda a prestação do serviço, quer-se dizer, durante toda a jornada de trabalho. Exemplo: em uma indústria de tinta, há determinada pessoa que faz os testes de qualidade das tintas produzidas. Para tanto, expõe-se a agente tóxico durante duas horas diariamente, sendo certo que passa as demais seis horas da jornada de trabalho fazendo o relatório das análises. Note-se que, a despeito de a exposição não se dar durante toda a jornada, é indissociável da sua prestação do serviço, existindo, portanto, exposição permanente. A exposição efetiva, por sua vez, é aquela comprovada, e não presumida. Não se pode presumir a insalubridade ou periculosidade. A comprovação deve se dar para fins previdenciários, não bastando que o segurado esteja recebendo adicional de insalubridade ou periculosidade do empregador. Exemplo: um mergulhador se aposenta mais cedo não em virtude de sua categoria profissional, mas sim desde que prove exposição efetiva e permanente a agente nocivo à saúde. A comprovação deve ser feita por meio de formulário preenchido com base em laudo técnico. Isso se dá da seguinte forma: é contratado pelo empregador um médico do trabalho ou um segurança do trabalho, para elaboração do Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (“LTCAT”). Usando tais informações oriundas do LTCAT, preenche-se formulário para cada empregado. Esse formulário, hoje, chama-se perfil profissiográfico previdenciário (“PPP”) Observe-se que o LTCAT não contemporâneo ao exercício da atividade pode servir como prova da atividade especial do segurado, desde que traga elementos sobre a época em Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br que se quer fazer prova, conforme disposto na súmula 68 da Turma Nacional de Uniformização: O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado. A sistemática de comprovação explicitada existe desde o ano de 1997. Entre os anos de 1995 e 1997, não havia exigência de laudo técnico, mas apenas de formulário. Ademais, antes do ano de 1995, a exigência era tão somente de comprovação da categoria profissional. A forma de comprovar a atividade especial é aquela vigente no momento em que o serviço foi prestado. Isso consta do art. 70, parágrafo primeiro, Decreto 3.048 de 1999: § 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Uma exceção a isso tudo, é caso do agente nocivo ruído. Para este, em todas as épocas havidas, exige-se sempre o laudo técnico. Quanto ao ponto, destaca-se a súmula 70, TNU: A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria profissional. Lembre-se que antes do ano de 1995 bastava a comprovação da categoria profissional e o motorista de caminhão fazia jus à aposentadoria especial. Com a mencionada súmula, também o tratorista tinha tal direito, em virtude a equiparação com o motorista de caminhão. Repise-se que tal sistemática foi alterada. Outra questão importante decidida pela TNU consta da súmula 71, no sentido de que a exposição do pedreiro ao cimento não é permanente e efetiva: O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condição especial de trabalho para fins previdenciários. Ainda no tocante à necessidade social, por quanto tempo se precisa trabalhar em exposição efetiva e permanente ao agente nocivo à saúde? Segundoo art. 57 da Lei n. 8.213 de 1991, a depender do agente nocivo, pode-se trabalhar mais ou menos tempo, para, então, ter-se direito à aposentadoria especial. Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br De todos os agentes nocivos à saúde, somente três dão ensejo à aposentadoria com menos de vinte e cinco anos: (i) asbestos ou amianto, cujo período é de vinte anos; (ii) mineração subterrânea na linha de frente, cujo período é de quinze anos; e (iii) mineração subterrânea não estando na linha de frente, cujo período é de vinte anos. Ressalta-se que todos os demais agentes nocivos previstos ensejam aposentadoria aos vinte e cinco anos de atividade. 1.1.2 Exigências Pessoais O INSS afirma que apenas três segurados têm direito à aposentadoria especial: (i) empregados; (ii) trabalhadores avulsos; e (iii) contribuintes individuais cooperados. Isso é sustentado pela Administração, pois a aposentadoria especial está relacionada à contribuição chamada SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) ou RAT (Riscos Ambientais de Trabalho). A contribuição ora tratada consta da Lei n. 8.212 de 1991, especificamente no art. 22, II: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. A lei n. 10.666 de 2003 também traz a temática da contribuição em comento. Ocorre que tal contribuição incide sobre a folha de pagamento de empregados e trabalhadores avulsos, bem como sobre as quantias que as cooperativas pagam aos cooperados. Assim sendo, somente esses três têm direito à aposentadoria especial, eis que a contribuição vem deles. Isso não quer dizer, contudo, que os recursos vão custear apenas a aposentadoria especial desses mencionados segurados. E é nesse sentido a jurisprudência majoritária hoje. É possível que o contribuinte individual não cooperado, por exemplo, possa fazer jus à aposentadoria especial. Isso quer dizer que o entendimento do INSS não se sustenta. Tal matéria consta da súmula 62, TNU: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 8 www.cursoenfase.com.br O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física. Com isso, já sabemos as exigências pessoais. 1.1.3 Carência É igual à carência da aposentadoria por idade. 1.1.4 Valor A aposentadoria especial é de cem por cento do salário de benefício, que, no caso, é calculado sem fator previdenciário. 1.1.5 Data de Início do Benefício Igual à data de início da aposentadoria por idade. 1.1.6 Observações Observação1: a aposentadoria especial, na lógica do legislador, é concedida com o objetivo de permitir que o segurado deixe de exercer a atividade prejudicial à saúde ou à integridade física. O legislador, então, embora isso seja contestável, se sente no direito de impedir que o trabalhador continue a exercer atividades em condições especiais. Desse modo, proíbe-se quem obtém a aposentadoria especial de continuar a trabalhar nessas condições, sendo certo que somente o exercício de trabalho não exposto a agentes nocivos à saúde, de forma nociva e permanente, pode ser levado a efeito. Observação2: a aposentadoria especial vai ser devida aos quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade especial, trabalhando-se todo o tempo nessas condições. A maior parte dos casos, contudo, envolve parcial exposição a agentes nocivos, ou seja, não completando o tempo de atividade especial prevista em lei. Assim sendo, o art. 57, parágrafo quinto, da Lei 8.213 de 1991, autoriza a conversão do tempo de atividade especial em tempo de atividade comum: § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 9 www.cursoenfase.com.br estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. A operação será feita utilizando-se simples “regra de três”. Como, por exemplo, menciona-se uma determinada pessoa que labora por dez anos praticando atividade nociva à saúde, sendo certo que se exige para a aposentadoria especial relacionada a esta atividade exatos quinze anos de serviços ininterruptos. Esta pessoa, então, resolve não mais trabalhar nessas condições e obter outro emprego. Desse modo, para saber o tempo de atividade que possui, aplica-se a regra de três, lembrando que dez anos de trabalho estão para X (número que se quer descobrir), assim como quinze anos (tempo exigido para aposentadoria especial) estão para trinta anos (tempo exigido para aposentadoria da mulher em razão de atividade comum). O resultado dará vinte anos de serviço. Assim sendo, os dez anos em condição especial serão convertidos em vinte anos de atividade comum. O art. 70, parágrafo segundo, do Decreto 3.048 de 1999, determina ser, sim, possível a conversão do tempo de atividade em condições especiais em tempo de atividade comum, conforme abaixo: § 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período. No mesmo sentido, há a súmula 50, TNU: É possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho prestado em qualquer período. Em razão da necessidade de realizar a operação matemática acima explicitada, que pode criar dificuldade, foi criado o art. 70 do Decreto 3.048 de 1999, de modo a facilitar a conversão: Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35) DE 15 ANOS 2,00 2,33 DE 20 ANOS 1,50 1,75 DE 25 ANOS 1,20 1,40 Tabela de conversão não é regra jurídica, mas serve apenas para facilitar o cálculo. Sob esse viés, ofator de conversão a ser aplicado é sempre o da data da concessão do benefício. Isso consta da súmula 55, TNU: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 10 www.cursoenfase.com.br A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria. 1.2 Aposentadoria Especial da Pessoa com Deficiência A EC. 47 de 2005 inseriu a aposentadoria especial das pessoas com deficiência no rol do art. 201, parágrafo primeiro, CRFB, que é o fundamento constitucional de tal forma de aposentadoria especial: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Essa previsão foi regulamentada pela lei complementar n. 142 de 2013. O que interessa, aqui, é a condição pessoal da deficiência, e não a atividade exercida pelo indivíduo. Aos termos do art. 3 da LC 142, há quatro formas para a pessoa com deficiência se aposentar de modo especial: Art. 3o É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve; ou IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período. Parágrafo único. Regulamento do Poder Executivo definirá as deficiências grave, moderada e leve para os fins desta Lei Complementar. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 11 www.cursoenfase.com.br Note-se que existe redução do tempo de contribuição a depender da gravidade da deficiência. Também é possível a aposentadoria especial nos casos de deficiência, por idade, em tempo reduzido em cinco anos para o homem e para a mulher, desde que se tenha, no mínimo, quinze anos de contribuição e quinze anos de deficiência. Observe-se que não se podem cumular as reduções da aposentadoria especial tradicional com a aposentadoria especial em razão da deficiência. Não é possível reduzir além das previsões legais de uma ou de outra forma de aposentadoria especial, escolhendo- se somente uma delas. Quanto à renda, nas aposentadorias especiais em razão de deficiência, por tempo de contribuição, haverá direito a cem por cento do salário de benefício. Se por idade, haverá direito a setenta por cento, mais um por cento a cada grupo de doze contribuições, bastante semelhante à aposentadoria por idade tradicional. O detalhe, aqui, é que o fator previdenciário só será aplicado se for favorável ao segurado deficiente, tanto na aposentadoria especial por tempo de contribuição quanto na aposentadoria especial por idade. A lei autoriza, também, a conversão do tempo especial em tempo comum. Pode-se converter uma em outra para somar o tempo de contribuição. Essa conversão também será feito por “regra de três”. Como o tema é recente, as controvérsias jurisprudenciais ainda não existem. Uma pessoa com deficiência que obteve aposentadoria por tempo de contribuição poderia converter, na vigência da lei nova, em aposentadoria especial, utilizando-se da regra do benefício mais vantajoso? A princípio, não haveria proibição a tal conversão, principalmente em se admitindo a tese da desaposentação. 2. Salários 2.1 Salário-Família O fundamento de validade constitucional do salário-família consta do art. 201, IV, CRFB: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 12 www.cursoenfase.com.br Ressalta-se que o salário-família não é destinado aos dependentes do segurado, mas levado a efeito em razão deles. Isso fica claro quando da análise do art. 7, XII, CRFB: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; O objetivo do salário família é auxiliar o segurado no sustento dos seus dependentes A Lei n. 8.213 de 1991 trata do salário-família nos arts. 65 e seguintes: Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados nos termos do § 2º do art. 16 desta Lei, observado o disposto no art. 66. Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria. Art. 66. O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quatorze) anos de idade ou inválido de qualquer idade é de: I - Cr$ 1.360,00 (um mil trezentos e sessenta cruzeiros) , para o segurado com remuneração mensal não superior a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros); (*)Nota: Valores atualizados pela Portaria MPAS nº 4.479, de 4.6.98 a partir de 1º.6.98, para respectivamente, R$ 8,65 (oito reais e sessenta e cinco centavos) e R$ 324, 45 (trezentos e vinte e quatro reais e quarenta e cinco centavos). II - Cr$ 170,00 (cento e setenta cruzeiros), para o segurado com remuneração mensal superior a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros). (*)Nota: Valores atualizados pela Portaria MPAS nº 4.479, de 4.6.98 a partir de 1º.6.98, para respectivamente, R$ 1,07 (um real e sete centavos) e R$ 324, 45 (trezentos e vinte e quatro reais e quarenta e cinco centavos). Art. 67. O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual deatestado de vacinação obrigatória e de comprovação de freqüência à escola do filho ou equiparado, nos termos do regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 13 www.cursoenfase.com.br Art. 68. As cotas do salário-família serão pagas pela empresa, mensalmente, junto com o salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições, conforme dispuser o Regulamento. § 1º A empresa conservará durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e as cópias das certidões correspondentes, para exame pela fiscalização da Previdência Social. § 2º Quando o pagamento do salário não for mensal, o salário-família será pago juntamente com o último pagamento relativo ao mês. Art. 69. O salário-família devido ao trabalhador avulso poderá ser recebido pelo sindicato de classe respectivo, que se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo. Art. 70. A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício. O auxílio ao segurado, no entanto, é apenas no sustento do filho. E daí surge a necessidade social, que é a existência de filho até catorze anos ou inválido, assim como o menor tutelado, enteado (equiparados a filho) ou o sob guarda (há controvérsia quando ao ponto). Ver discussão sobre dependentes. No tocante às exigências pessoais, a primeira delas é ser segurado. Outrossim, o salário-família é apenas para o empregado, trabalhador avulso e alguns aposentados. Por força da Emenda Constitucional dos Domésticos tem-se que os empregados domésticos em breve integrarão esse rol, faltando apenas a lei regulamentadora entrar em vigor. Observação: não confundir salário-família com a “bolsa família”. Quanto aos aposentados, temos os por idade, por invalidez e qualquer outro aposentado a partir dos sessenta e cinco anos para o homem e sessenta para a mulher. Esses fazem jus ao salário-família, conforme art. 65, parágrafo único da Lei n. 8.213 de 1991: Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino, terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria. Observe que, para ter direito ao salário-família, o segurado precisa ser de baixa renda. O valor de baixa renda atual é de R$ 1.025,81 (mil e vinte e cinco reais e oitenta e um centavos). Se o segurado receber mensalmente esse valor, ou menos, faz jus ao salário- família. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 14 www.cursoenfase.com.br Em se preenchendo a necessidade social e as exigências pessoais, não há carência para o benefício em comento, conforme art. 26, I, Lei 8.213 de 1991: Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; No tocante ao valor do salário-família, será calculado por quotas. Nesse sentido, cada filho menor de quatorze anos ou inválido dá direito a uma cota de salário família ao segurado. Se existem três filhos nessas condições, por exemplo, o segurado possui direito a três cotas. Atente-se, pois um só filho pode dar o direito ao benefício tanto para o pai quanto para a mãe, desde que observados todos os requisitos. Se o segurado for de baixíssima renda, ou seja, perceba até R$ 682,50 (seiscentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos), fará jus à quantia de R$ 35, 00 (trinta e cinco reais) por quota. Caso perceba entre R$ 682,50 (seiscentos e oitenta e dois reais e cinquenta centavos) e R$ 1.025,81 (mil e vinte e cinco reais e oitenta e um centavos), ganhará R$ 24,66 (vinte e quatro reais e sessenta e seis centavos) por quota. Lembre-se que esse benefício é indenizatório, e não remuneratório, no sentido de que não pretende substituir-se à renda, mas tão somente complementá-la. Frise-se que a baixíssima renda é praticamente inexistente na prática, eis que o limite encontra-se abaixo do salário mínimo. Atente-se, ainda, pois o somatório das eventuais quotas recebidas pelo segurado está submetido ao teto da previdência, embora seja de quase impossível percepção prática. Ocorre que isso pode ser cobrado em questões teóricas e por isso precisa ser mencionado de forma pormenorizada. O salário-família, para o empregado, será antecipado pelo empregador, para, após, ser ressarcido pela previdência social. No mesmo sentido ocorre com o trabalhador avulso. Essa é a chamada compensação tributária. Quanto ao aposentado, o próprio INSS paga o salário-família desde o início. Dito isso, ressalta-se que a data de início do benefício será a data do requerimento, mudando onde será feito o requerimento a depender do segurado. Para o empregado, a data de início do benefício será a que entregar os documentos ao empregador. Para o trabalhador avulso, a data de apresentação dos documentos ao OGMO (“Órgão Gestor de Mão de Obra”) ou ao sindicato. Já para o aposentado será na data do requerimento administrativo. Observação1: o salário-família é benefício precário, cessando quando o filho ou equiparado ultrapassar os quatorze anos ou quando do término da invalidez. Observação2: o benefício é pago ao segurado em razão do dependente e, para protegê-lo, exige-se que o segurado comprove que seu filho está sendo vacinado ou Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 15 www.cursoenfase.com.br frequentando a escola. Se for até seis anos, faz-se prova de vacinação; a partir dos sete anos, faz-se prova de frequência à escola. Em não o fazendo, o benefício é suspenso. 2.2 Salário Maternidade Inicialmente, diferencia-se salário maternidade, que é a garantia previdenciária, da licença-gestante, que é garantia trabalhista. Estão em âmbitos distintos, embora sejam complementares. Quanto à licença maternidade, o art. 7, XVIII, CRFB, determina que a mulher tenha direito a licença de cento e vinte dias, sem prejuízo do emprego e do salário. XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Não se esclarece, contudo, quem pagará o salário. O fundamento constitucional de validade do salário maternidade, contudo, consta do art. 201, II, CRFB: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; O legislador previdenciário, por sua vez, nos arts. 71 e seguintes da Lei n. 8.213 de 1991, determina que se conceda salário maternidade, com duração de cento e vinte dias. Art. 71. O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a datade ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade. Ocorre que o salário maternidade não se confunde com licença-gestante. Exemplo: uma contribuinte individual tem direito ao salário maternidade, mas não à licença gestante. O salário maternidade terá como necessidade social a própria maternidade e/ou também a gestação. Em outros casos, haverá apenas a proteção da maternidade, e não gestação, como no caso da adoção por exemplo. No caso do natimorto, exemplificativamente, haverá gestação, mas não a maternidade. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 16 www.cursoenfase.com.br No tocante às exigências pessoais, a primeira delas é a necessidade de o indivíduo ter qualidade de segurado, mas não necessariamente trabalhando, de acordo com o que o INSS entendeu por algum tempo. A mulher, por exemplo, no período de graça, tem direito ao salário maternidade, embora não esteja trabalhando. Isso consta do Decreto 3.048 de 1999, especificamente no art. 97, parágrafo único: Art. 97. O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela previdência social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse benefício pela empresa. Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de demissão antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago diretamente pela previdência social. A segunda exigência pessoal é que tão somente a mulher pode receber salário maternidade, mas, de acordo com o entendimento atual, o homem, em algumas hipóteses, também fará jus ao benefício em comento. Vejamos as hipóteses: (i) adoção por casal homoafetivo; (ii) adoção monoparental; (iii) falecimento da mulher no curso do pagamento do salário maternidade. O que era uma hipótese apenas no plano do debate jurisprudencial e doutrinário, a Lei n. 8.213 de 1991 trouxe algumas alterações recentes relacionadas ao tema e materializou tais debates, como no art. 71-B: Art. 71-B. No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013). Assim sendo, modernamente, tanto o homem quanto a mulher podem receber o salário maternidade, desde que tenham a qualidade de segurado. Sob esse viés, se, por exemplo, com o falecimento da mãe o pai já não trabalhava e, portanto, não era segurado, não haverá o recebimento de qualquer quantia a título de salário maternidade, mas sim pensão por morte. O recebimento, então, se dá pela qualidade de segurado, e não por eventualmente ser dependente do falecido ou não. No tocante à carência, será de dez contribuições mensais. Se a criança nascer prematura, reduzem-se proporcionalmente as contribuições mensais, conforme art. 25 da Lei 8.213 de 1991: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 17 www.cursoenfase.com.br Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais; II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais. III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do art. 11 e o art. 13: dez contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei. Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o inciso III será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado. Note-se que só se exige a carência do contribuinte individual, do segurado facultativo e do segurado especial. Consequentemente, os outros três segurados não possuem carência, quais sejam: empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso. Ressalta-se que causa certa estranheza o fato de se exigir carência do segurado especial, que é corrigida no art. 39, parágrafo único, Lei 8.213 de 1991: Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão: Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário- maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do início do benefício. O entendimento que prevalece é que consta erro material da lei, quando se refere aos dozes meses, sendo o correto comprovar apenas dez meses de exercício de atividade rural de forma descontínua, aos termos do que dispõe o art. 93, parágrafo segundo, Decreto 3.048 de 1999: Art. 93. O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante cento e vinte dias, com início vinte e oito dias antes e término noventa e um dias depois do parto, podendo ser prorrogado na forma prevista no § 3o. § 2o Será devido o salário-maternidade à segurada especial, desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no parágrafo único do art. 29. No tocante ao valor do salário maternidade, o art. 72 da Lei 8.213 de 1991 diz como se faz o cálculo: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 18 www.cursoenfase.com.br Art. 72. O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua remuneração integral. § 1o Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada gestante, efetivando-se a compensação, observado o disposto no art. 248 da Constituição Federal, quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. § 2o A empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes para exame pela fiscalização da Previdência Social. § 3o O salário-maternidade devido à trabalhadora avulsa e à empregada do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, será pago diretamente pela Previdência Social. Para o empregado e ao trabalhador avulso, o salário maternidade corresponde a sua remuneração integral. Essa previsão já é antiga. Até o advento da EC 20 n. de 1998, o tetoprevidenciário não estava previsto na Constituição Federal, mas era tão somente previsão legal. Trabalhava-se, então, no conflito de leis de mesma hierarquia, sem se submeter ao teto constitucional. Quando da mencionada EC, contudo, todos os benefícios passam a se submeter ao teto. O Supremo Tribunal Federal, após a destacada alteração, posicionou-se no sentido de que, em razão do princípio da igualdade, o teto do regime geral não se aplica ao salário maternidade. Isso se deu, pois caso houvesse o respeito a teto, o empregador teria que custear o valor remanescente do salário do empregado, o que poderia gerar discriminações contra a mulher no mercado de trabalho. Para não deixar completamente sem teto, aplica-se outro limitador, qual seja o previsto no art. 248, CRFB: Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão responsável pelo regime geral de previdência social, ainda que à conta do Tesouro Nacional, e os não sujeitos ao limite máximo de valor fixado para os benefícios concedidos por esse regime observarão os limites fixados no art. 37, XI. Assim sendo, o subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal serão os limites aplicados ao salário maternidade. O art. 73, Lei 8.213 de 1991, traz o valor dos demais segurados: Art. 73. Assegurado o valor de um salário-mínimo, o salário-maternidade para as demais seguradas, pago diretamente pela Previdência Social, consistirá: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 19 www.cursoenfase.com.br I - em um valor correspondente ao do seu último salário-de-contribuição, para a segurada empregada doméstica; II - em um doze avos do valor sobre o qual incidiu sua última contribuição anual, para a segurada especial; III - em um doze avos da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apurados em um período não superior a quinze meses, para as demais seguradas. Portanto, para o empregado doméstico, será o último salário de contribuição (limitação ao teto). Quanto ao segurado especial, será, em regra, de um salário mínimo. Em existindo contribuições, contudo, o que é raro, o cálculo será feito em um doze avos da produção rural anual. No tocante ao contribuinte individual e ao segurado facultativo, o salário maternidade será a média dos últimos doze salários de contribuição. O desempregado, por sua vez, tem o cálculo feito da mesma forma do que o contribuinte individual. No tocante ao custeio, exclusivamente quanto ao segurado empregado, o empregador antecipa tal pagamento que depois é ressarcido pela previdência social. Todos os demais segurados recebem diretamente do INSS, inclusive o segurado desempregado, e não do ex-empregador. Detalhe importante ocorre no caso de adoção, em que o salário maternidade é pago diretamente pelo INSS, mesmo o segurado sendo empregado. O empregador recebe o salário maternidade de volta, a título de reembolso, por meio de compensação tributária. Se, contudo, faz a compensação tributária e não paga ao empregado, ocorre o crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A do Código Penal: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 20 www.cursoenfase.com.br Se o empregador for microempreendedor individual, estará dispensado de antecipar o salário maternidade para o seu empregado. Assim sendo, este receberá seu salário maternidade diretamente do INSS. A data de início do benefício será de vinte oito dias antes do parto, até noventa e um dias após o parto, sendo certo que terá duração fixa de cento e vinte dias, podendo ser prorrogado em duas semanas antes ou depois, em razão de grave risco de vida para a mãe ou para a criança. A data de início varia entre vinte e oito dias antes do parto e o próprio parto, a depender da escolha do segurado. Observação1: o salário maternidade também é devido em caso de adoção e variava de acordo com a idade do adotando. Hoje, ademais, é devido salário maternidade de cento e vinte dias, não interessando mais a idade da criança adotada, conforme art. 71-A da Lei 8.213 de 1991: Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013). Observação2: não se pode ter o pai e a mãe recebendo salário maternidade, mas apenas um deles. Observação3: se a mãe biológica tiver recebido o salário maternidade, não haverá impedimento ao pagamento do benefício ao adotante. Observação4: o aborto também dá direito ao salário maternidade, que será de duas semanas. O aborto, para fins previdenciários, é a interrupção da gestação até a vigésima quarta semana (sexto mês de gestação). Isso consta da Instrução Normativa n. 45 de 2010. Após tal termo, haverá não aborto, mas sim parto de natimorto, que dá direito a salário maternidade integral. O aborto que está sendo tratado é tão somente nos casos autorizados pelo legislador. 3. Benefícios Devidos aos Dependentes Os dependentes têm direito à pensão por morte e ao auxílio reclusão. 3.1 Pensão por Morte O fundamento de validade constitucional da pensão por morte é o art. 201, V, CRFB: Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 21 www.cursoenfase.com.br Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. A pensão por morte consta dos arts. 74 e seguintes da Lei n. 8.113 de 1991. A pensão por morte será recebida pelos dependentes. Assim sendo, importante rever tal ponto na matéria. A necessidade social da pensão por morte é a própria morte do segurado. A previdência, então, substitui o segurado no sustento de sua família. A morte ora em comento pode ser tanto comprovada quanto presumida. A última pode ser com declaração de ausência ou sem declaração de ausência. Ambas estão previstas no art. 78 da Lei n. 8.113 de 1991: Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6 (seis)meses de ausência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subseção. § 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da declaração e do prazo deste artigo. § 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé. Ajuíza-se, então, após seis meses do desaparecimento, ação que vai declarar a morte presumida em razão da ausência. Não se ajuíza ação condenatória de plano, mas sim declaratória de morte presumida em razão da ausência. A autoridade judicial competente para tal ação, que é exclusiva para fins previdenciários, é a Justiça Federal. Imperioso, por isso, fazer remissão ao art. 109, I, CRFB: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Mediante prova do desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou catástrofe, junto ao INSS, não se precisa aguardar os seis meses e nem mesmo ajuizar qualquer ação para fazer jus à pensão provisória, que possui o mesmo valor, cálculo etc. da pensão por morte. Direito Previdenciário O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 22 www.cursoenfase.com.br Se o suposto falecido reaparecer, não haverá necessidade de reembolso das quantias recebidas, salvo má-fé. Os demais requisitos serão analisados na próxima aula.
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