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Contratos Civis São Paulo 2º semestre de 2012 CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !1 Indicações Bibliográficas Roberto Simões Lisboa - curso de direito civil (vol. Contratos); Arnoldo Wald (contratos). Complementando; o código civil comentado, RT Aula 01 (07.08.2012) É uma matéria em continuação ao nosso estudo de contratos e que estará em consonância com nossos estudos dos contratos empresariais. Em relação à disciplina é fundamental o plano da disciplina. Esse conteúdo programático esta disponível no aluno online. "vistam a camisa de sua instituição" Critérios de avaliação Prova regimental - a partir de 21/11/2012. Três questões, uma valendo dois e duas valendo dois e meio, há limite de linha (10 linhas), sem consulta, não tem problema rasurar tampouco responder em ordem diversa, mas o prof. atenta para os erros gramaticais e de concordância. As vistas de prova agora serão realizadas em horário próprio, em regra no mesmo dia da segunda chamada. Fichamentos - a avaliação continuada deve ser entregue até 31 de outubro. O que vale é a entrega do fichamento, ele não será corrigido. Será realizado em papel A4 que será disponibilizado pelo professor nas Xerox. Deve ser manuscrito e apenas em uma folha. Ele ressaltou bastante que deve ser entregue APENAS UMA FOLHA, frente e verso, sem NADA MAIS GRAMPEADO. Ele não aceitará em outra data que não na data estipulada. Deveremos usar um autor, cuja bibliografia estará indicada no fichamento. Não confundir, pois no dia 02 de outubro não teremos aula, mas teremos uma marcação de uma aula de reposição em setembro, em algum sábado. Existe, para os faltantes de sábado, um fichamento para abono de falta que será oferecido pelo professor. Pelo planejamento inicial, será sobre contrato de fiança ou contrato de locação. Atenção pois esse fichamento NÃO SE REFERE À NOTA, mas somente ao abono das faltas. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !2 Os temas dos fichamentos que faremos, bem como suas datas de entrega, encontram-se discriminadas abaixo: - transação (18/09/2012) - gestão de negócios (09/10/2012) - esta dentro das situações de expressão unilateral da vontade Contrato de doação Arts. 538 a 564 do CC. Noções - caracteriza-se pela unilateralidade. O doador entrega um beneficio ao donatário sem que esse assuma qualquer tipo de obrigação com aquele. Essa é uma doação pura. Há a transferencia de um bem ou de uma vantagem. Previsão legal: Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Existe ainda a doação com encargos, que é um contrato diferenciado, também conhecido como contrato bilateral díspar ou unilateral imperfeito. Natureza jurídica - contratual. Elementos objetivos - o próprio objeto, acervo ou vantagem transferida. Elementos Subjetivos - liberalidade. "animus donandi", ou seja, a vontade de doar. Modalidades de aceitação: Expressa - o donatário simplesmente concorda, em anuência à doação realizada. Tácita - ocorre por meio do comportamento, ou seja, se alguém se comporte de maneira tal que seja razoável a percepção de que a pessoa tacitamente aceitou a doação. Exemplo: ao deixar uma bicicleta na porta de alguém, essa pessoa começa a utiliza-la habitualmente. Presumida - o silencio, valendo como manifestação de vontade, após o decurso de prazo combinado sem resposta expressa. Outra forma é a realização de ato pelo donatário de Ficta - para os incapazes. Eles não podem manifestar vontades, mas podem aceitar doações se essa for pura. Se houver encargos, ele deverá ser representado. Características: Gratuito - não impõe ônus. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !3 Unilateral - no sentido de que apenas uma parte tem obrigações. Consensual - a simples existência da doação leva a existência do contrato. Isso significa que a obrigação já existe ainda que não realizadas a obrigação. Solene - requer-se forma própria e instrumento escrito para configuração real da doação. A doação pura e o problema da promessa de doação Na existência de uma promessa, ela deve vincular aquele que prometeu? A corrente majoritária da doutrina entende que não. O contrato requer liberalidade e, portanto, a promessa não configura um contrato tendo em vista a ausência de solenidade bem como a insegurança jurídica que poderia ser gerada se tudo o que se prometesse informalmente houvesse de ser estritamente cumprido. Atente para o fato que essa não é a única corrente doutrinária, Há divergências nesse pensamento. Aula 02 (14.08.2012) - Cont. Doação A questão da manifestação de vontade na manifestação Em qualquer contrato temos manifestação de vontade. Regra geral Na doação, o silencio pode ser presumido como aceitação se a doação for pura. Doação feita a absolutamente incapaz Só a doação for pura é valida. O absolutamente incapaz não pode assumir nenhum encargo por não ter consciência real de seus atos, situação na qual nem seus representantes podem agir por ele. Doação feita ao nascituro A lei resguarda os direitos do nascituro. Assim, reconhecida sua personalidade, ainda que restrita, ele poderá receber a doação. Enquanto ele não nasce, essa doação ficara na custodia do doador. Se o nascituro tornar-se natimorto, o bem voltará ao doador mediante tradição ficta, tendo em vista que o bem não havia saído de sua posse, muito embora a doação fosse valida desde o momento de sua criação. Veja o artigo 542: Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !4 Doação de ascendente aos descendentes ou de um cônjuge ao outro Antes a doação entre cônjuges era inócua em virtude da maioria deles estarem casados com comunhão universal de bens, o que significa que o patrimônio dos cônjuges já pertencia ao casal, não fazendo sentido a doação entre eles. Hoje em dia, a doação é eficaz entre cônjuges pois seus patrimônios podem estar separados. A doação ao cônjuge não pode fazer parte, em regra, do legítimo (os 50% dos bens do falecido que não podem ser discricionariamente dispostos). Se a doação é feita a descendente, esta não precisará do consentimento da prole restante, apenas de que essa seja notificada. Posteriormente, por ocasião da partilha, o donatário terá que suscitar desde logo as doações que recebera para que essas possam ser deduzidas de sua parte sob pena de perder completamente o bem que já tem e ainda o que porventura teria direito na partilha. Silencio como manifestação de vontade A manifestação da vontade é verbalizada ou por meio do comportamento (tácita). O único contrato que admite silencio como aceite é o contrato de doação pura. No caso do silencio no entanto, existe um prazo para manifestação de vontade, que se não for dado em tempo se presumirá aceitado. Essa regra só vale para doação PURA. Impossibilidade de impugnação por falta de aceitação na doação de casamento futuro com pessoa certa e determinada Se o casamento ocorrer, considera-se o aceite como sendo o casamento. O ato do casamento é a manifestação positiva de vontade. Dessa forma, não há que se impugnar uma doação por falta de aceite se os noivos não tiverem concordado expressamente, tendo em vista que a manifestação da vontade se explicita no próprio ato matrimonial, pois esse ato era a condicionante para a existência da doação. Ora, se a condicionante foi atendida de livre e espontânea vontade pelos donatários, presume-se a anuência destes em receber o objeto da doação, salvo se expressamente revelarem o contrario. Inexistência de responsabilidade pela evicção, vicio redibitório ou pagamento de juros moratórios Como o contratode doação é uma liberalidade, existe uma serie de restrições ao donatário protegendo o doador. Logo, não há que se falar de evicção, que é uma perda, que pode ser parcial ou total, de um bem por motivo de decisão judicial ou ato administrativo (REsp 259726/RJ) relacionada a causa preexistente ao contrato. Nem de vícios redibitórios (cavalo dado não se olha os dentes), nem de juros moratórios, CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !5 pois não há uma contraprestação ao doador. Apenas No caso de casamento é possível a reclamação no caso de evicção, tendo em vista a perda do patrimônio do novo casal. Doação a entidade futura A entidade futura esta para pessoa jurídica como o nascituro esta para a pessoa física. Essa doação é valida pelo período máximo de dois anos. Isso significa que uma pessoa pode fazer uma doação a uma entidade futura, mas essa tem de ser formada em dois anos. Se não ocorrer, o contrato perderá sua validade (caducará), e, se ainda persistir o desejo da doação, um novo deverá ser celebrado. FORMA DE DOAÇÃO: Em regra a doação é escrita, mas o nosso sistema admite a forma verbal. No entanto, existe um limite quanto ao valor da doação: o decuplo do maior salário mínimo vigente, que é o que pode ser provado por prova testemunhal, conforme art. 541 e 227. Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. Espécies: Pura Doação por excelência. É aquela oriunda de um comportamento desinteressado pelo doador, optando pela doação simplesmente por uma empatia pessoal. Onerosa (modal, gravada ou com encargos) Existe uma contrapartida. É um contrato bilateral imperfeito, unilateral imperfeito, ou bilateral díspar. Sempre há nesses casos o elemento acidental, o encargo a ser cumprido pelo donatário para que faça jus a doação que lhe fora dirigida. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !6 Remuneratória É a doação feita como bonificação a algum serviço, mas atente para o fato de que o mesmo OCORRERIA AINDA QUE NÃO HOUVESSE PAGAMENTO ou a remuneração é muito superior ao serviço que foi realizado. É a famosa gorgeta. Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. Mista A doação é mista quando se mistura com outros contratos onde existe grande desproporcionalidade das prestações. Uma doação pode estar misturada com um contrato de compra e venda por exemplo, pois nesse contrato uma das partes pode deliberadamente se colocar em uma posição de clara desvantagem. O residual dessa desproporcionalidade é a doação. Em virtude disso, na troca de um bem de valor 100 reais por um de valor 1000, os 100 se revelam um contrato de troca, enquanto que o lucro sem causa de 900 para um dos contratantes representa uma doação só mesmo. Dessa forma, nesse exemplo, o contrato é misto por juntar a troca com a doação. Atentar para o fato de que essa doação deve ter sido feita conscientemente pelo doador, e não mediante um vicio de consentimento do mesmo, o que acarretaria na nulidade ou anulabilidade do ato. Em contemplação do merecimento do donatário É a doação feita em razão de remunerar o merecimento de alguém por ter feito algo digno de nota para o doador. Exemplo: pai rico tem seu filho salvo do afogamento por um salva-vidas. Em agradecimento e congratulação a este, o pai doa uma quantia em dinheiro. Note que a doação não é pura, mas sim motivada por um fato especifico. Essa doação também é conhecida como contemplativa ou meritória. Feita ao Nascituro Ver subtítulo "doação feita ao nascituro" acima Subvenção periódica É uma doação que se assemelha, didaticamente, a uma pensão voluntária. Ao invés de doar a casa ou outro bem de grande valor, o doador calcula o valor desses bens, os vendem, e entregam paulatinamente os frutos dessa venda. Exemplo: um pai doa o valor de uma casa a um filho aos poucos pois tem medo que ele gaste tudo de uma CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !7 vez. É importante ressaltar que A subvenção periódica não excede a vida do donatário, mas sim doador, conforme art. 545: Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário. Isso ocorre pois a intenção original do doador era beneficiar o donatário. Não se pode presumir que ele também o quisesse com a prole ou outros herdeiros daquele. Dessa forma, se o donatário morrer e o doador não tiver dito nada acerca de novos beneficiários, então é cessado o beneficio. Em contrapartida, o desejo do doador continua a existir se ele próprio morrer. Dessa feita, o contrato não perde validade nem eficácia no caso de seu falecimento. Em contemplação à casamento futuro Uma doação pode ser realizada em favor de um casal que casará em breve. As pessoas envolvidas devem ser especificadas bem como um período temporal de validade. Isso é importante para prevenir que o donatário não receba seu beneficio na hipótese de se casar com outra pessoa cuja união não atenda as expectativas do doador ou simplesmente não desperte nele a vontade de doar. Igualmente importante é a especificação do tempo, tendo em vista que o doador não pode ser forçado a assegurar o bem por tempo indeterminado em sua posse em uma espera de lapso temporal desconhecido pela união matrimonial. Se atendidas as especificações contratuais, o próprio casamento tornar-se-á comportamento tácito que revela a aceitação do casal à doação. Para mais informações, consulte o subtítulo "impossibilidade de impugnação por falta de aceitação (...)" acima nessa mesma aula. Entre cônjuges Ver sessão "doação de ascendente aos descendentes ou de um cônjuge ao outro", acima nessa aula. Doação em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva) Não existe necessidade de haver apenas um donatário. O doador pode beneficiar quantas pessoas ele quiser. Se ele doar para mais de uma pessoa, os donatários dividirão os bens similarmente à partilha de sucessões. Continua na próxima aula CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !8 Aula 03 (21.08.2012) - doação (Final) Descendentes a ascendentes Não é necessária autorização para doação de descendentes à ascendentes, aplicando-se as regras gerais. Inoficiosa Ver doação inoficiosa em "restrições legais" logo abaixo. Com clausula de reversão A doação só tem sentido entre o doador e o donatário. Se esse morrer, a doação poderia passar para os herdeiros do donatário sem ser a intenção do doador. Por isso existe a clausula de reversão, que significa que no caso de morte do donatário os bens voltam ao patrimônio do doador. Essa clausula deverá ser expressa no contrato. Isso não poderá ser feito em favor de terceiro. Esse dispositivo esta no artigo 547. Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. Manual Refere-se a bens moveis de pouco valor. O contrato pode ser verbal contanto que se diga a entrega imediata do bem. Embora a lei não especifique esse valor, como esse contrato só poderia ser provado por prova testemunhal e essa só é admitida até o décuplo do maior salário mínimo vigente, então diz-seque a doação verbal tem a mesma limitação. Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Restrições legais Doação por devedor insolvente Situação prevista como vicio do negocio jurídico de fraude contra credores. A doação por devedor pode caracterizar-se como fraude contra seus credores, e por isso é vedada ao doador, tornando o negocio nulo. Se ainda assim efetuado, então o credor poderá readquirir o bem ou seu valor. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !9 Doação por cônjuge adúltero O casamento gera efeitos pessoais e patrimoniais. O dever de fidelidade é por exemplo um dever pessoal. Patrimonialmente o casamento se assemelha a uma sociedade empresarial no ponto de que eles (os casados) compartilham confiança. Então pode acontecer de um cônjuge prejudicar outro dispondo de bens em favor de terceiro. Isso não é normalmente anulável, exceto se a doação for feita a terceiro com quem um dos cônjuges promover uma relação extraconjugal, configurando assim uma quebra de confiança para com o outro cônjuge e os descendentes desse vinculo, de modo que esses ou aquele podem pedir a anulação da doação feita. Observar o prazo decadencial de dois anos. Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. Doação inoficiosa Apenas 50% dos bens são livremente disponíveis (se tiverem herdeiros necessários) por não fazerem parte do legitimo. Algumas vezes, uma doação é feita aos poucos a fim de ludibriar o sistema. Alguém pode doar 10, depois 20, depois 5 por cento e assim sucessivamente. Nesses casos, as ultimas doações, que tiverem ultrapassado os 50% serão nulas considerando as doações como um todo. É chamada inoficiosa portanto a doação realizada além do limite estabelecido ao doador. Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Doação de todos os bens do doador Ninguém poderá doar seus bens ao ponto de prejudicar sua subsistência. Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. Interpretação dos negócios jurídicos benéficos Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. Nesses negócios jurídicos benéficos (doação e comodato), o beneficiado responde por culpa, enquanto o beneficiante responde apenas por dolo. Isso é muito importante pois na ocorrência de uma falha culposa do beneficiante, ele não poderá ser atingido pelo doador. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !10 Revogação da doação Poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: Ingratidão A ingratidão é objetiva e revela uma situação séria do donatário em desfavor ao doador ou para aqueles mais próximos a ele (cônjuge, descendentes e ascendentes). Essa revogação ocorre em situações onde há doação pura. Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador. Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Inexecução do encargo No caso de doação bilateral díspar, então a inobservância do encargo deixado pelo doador restringirá a liberdade do donatário de usufruir da doação. Apenas realizando o encargo ele terá o direito de efetivamente toma-la como sua propriedade. Se houver o inadimplemento do encargo gera a revogação da doação. Impossibilidade de renúncia antecipada do doador ao direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário No caso de ingratidão do donatário, o doador pode exercer sua liberalidade de não revogar o contrato. Mesmo ocorrendo a ingratidão objetiva que trata a lei, o doador pode optar por ainda assim manter os efeitos de sua doação. No entanto, essa sua liberalidade não pode ser estipulada ANTES de ocorrida a ingratidão. O doador não tem condições de saber como reagirá Homicídio doloso do doador pelo donatário e direito de ação dos herdeiros para pleitear a revogação CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !11 Limitações à revogação por ingratidão A revogação por ingratidão não prejudica o bem adquirido por terceiro. Esse não teve relação alguma com a doação e não tem culpa da ingratidão do donatário. Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor. Situações em que é vedada a revogação por ingratidão Art. 564. Não se revogam por ingratidão: I - as doações puramente remuneratórias; A doação puramente remuneratória não tem relação afetiva entre doador e donatário, e por isso não deve ser revogada. II - as oneradas com encargo já cumprido; Se cumprido o encargo, o donatário tem direito total sobre o bem. III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; Se naturalmente o doador já devesse algo ao donatário que esse não consegue mais cobrar oficialmente por fim de prazo prescricional ou outro motivo que o valha, então a doação não é anulável, ainda que existindo ingratidão. IV - as feitas para determinado casamento. Os bens agora integram o patrimônio do casal, não sendo possível a revogação por ingratidão pois isso poderia prejudicar injustamente o outro cônjuge. A revogação por ingratidão não interfere no direito adquirido de terceiro Os frutos recebidos antes da citação são do donatário. Aula 04 (28.08.2012) - Contrato de Locação de coisas Arts. 565 a 578 CC. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !12 Noções É um contrato freqüente nas relações civis. Existiam o contrato de locação de obras, locação de serviços e locação de coisas; que atualmente são, respectivamente "de empreitada" e "prestação de serviço". A destinação do imóvel que importa na utilização de lei especifica ou não no caso de imóveis. Não confundir. A locação de imóveis urbanos é regida por lei especifica. Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. Elementos da locação Coisa Remuneração Consenso Envolve a cessão de uso da coisa (Obs. Fruição) Na locação, que pode ser de bem móvel ou imóvel, não há transferencia de propriedade. Na verdade, a regra é a cessão do uso, mas eventualmente há a possibilidade de gozo dos frutos. Para haver a fruição é necessária disposição expressa no contrato. Exige retribuição A retribuição faz do contrato oneroso, que é uma característica da locação pois Se gratuito, torna-se comodato. Pode ser por tempo determinado ou indeterminado Esse contrato é geralmentedefinido pelo tempo. O fim do prazo põe fim ao contrato, se o locatário ficar mais tempo sem manifestação do locador, então presume-se prorrogado o prazo. Só pode haver denuncia vazia (retomada do imóvel sem prestação de contas) se o contrato já tiver passado de trinta meses. Se por prazo indeterminado é sempre necessária notificação previa para a retomada. Envolve bem infungível (exceção - bens "ad pompam et ostentationis") Os bens que são locados são infungíveis. Entretanto, alguns bens são fisicamente fungíveis mas excepcionalmente por conta da "pompa e ostentação" são tratados como infungíveis. Exemplo: locação de bolo de casamento. O bolo de casamento, ao CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !13 invés de comprado, pode ser alugado. Em regra ele é um bem fungível, mas as partes o tratam como infungível. No momento de servir, servem outro bolo, e aquele alugado serve apenas para a ostentação. Ao fim da festa, retorna-se ele ao locador. Essa clausula é em regra expressa, pois pode ser, se verbal, confundida com contrato de mutuo (que envolve bens moveis e fungíveis). Caracteres: Típico Tem previsão legal consensual Não é necessária a entrega para existência do contrato. O simples consenso o cria. oneroso O contrato traz contraprestações para ambas as partes. comutativo O contrato é comutativo pois as partes estão em equilíbrio, não há riscos para as partes pois elas sabem exatamente o que estão contratando. bilateral As partes devem adimplir suas obrigações mutuamente. Locação e arrendamento Não confundir com arrendamento. O que muda é o objeto da locação. O arrendamento refere-se a bem imóvel rural ou de uso empresarial. Obrigações do locador Garantir que a coisa possa ser utilizada. Os acessórios do bem também devem ser disponibilizados. Art. 566. O locador é obrigado: I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !14 Deterioração da coisa alugada sem culpa do locatário Quando o locatário não tem culpa, é extinta a locação e restituído o estado anterior ou pode o locatário diminuir a sua contraprestação. Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava. Responsabilidade pelos vícios anteriores à locação e dever de resguardar o locatário de embaraços e turbações de terceiros que tenham (ou pretendam ter) direitos sobre o bem alugado A responsabilidade pelos vícios anteriores à locação é do locador. Qualquer dano no entanto que seja causada após a celebração do contrato é de responsabilidade do locatário. O locador também tem responsabilidade por qualquer perturbação quanto à propriedade ou usufruto do bem por terceiro. Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defeitos, anteriores à locação. Obrigações do locatário Art. 569. O locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; O locatário deve cuidar muito bem do bem. Quanto ao uso presumido, o locatário tem que usar o bem conforme o que é presumido no contrato. II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; Quando não há data, a região do lugar e seu costume irá definir o prazo do pagamento. III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !15 Esse dever é próprio do contrato de locação. A posse só é justa até o prazo de locação terminar. Emprego do bem locado pelo locatário Art. 570 Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos. O locador pode ser ressarcido de quaisquer danos gerados pela não observância da finalidade combinada entre locador e locatário. O abuso de poder também é vedado. O locatário deve zelar pela coisa para entrega-la da mesma forma que recebeu. Locação com prazo determinado e impossibilidade de reaver o bem antes do vencimento ou de devolve-lo. Caso isso ocorra, podem ser cobradas multas em desfavor do locador que descumpriu o contrato ou perdas e danos em desfavor do locatário. Essa multa pode ser diminuída pelo juiz se acha-las excessivamente onerosas. Ver art. 571 Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no contrato. Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido. Direito de retenção do locatário caso não seja ressarcido No caso de melhoramentos pelo locatário, ele poderá ser ressarcido, se a benfeitoria for necessária ou útil (se com permissão do locador). Se voluptuária, o locador pelo direito de "Jus Tollendi" não precisará pagar e poderá reter essas enfeitarias ou retirar essas benfeitorias. O locatário poderá reter o bem somente até o momento que for indenizado. Dispensa de notificação ou aviso na locação por prazo determinado A necessidade de aviso prévio é desnecessária por ocasião do termino do prazo do contrato determinado, afinal, as partes estão avisadas desde a celebração do contrato. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !16 Necessidade de pagamento dos alugueis (que o locador arbitrar) e de ressarcimento de danos (causados ao bem) se o locatário for notificado e não restituir a coisa O locatário tem a responsabilidade de devolver a coisa. Caso não o faça em situação que deveria fazê-lo, então o locador pode arbitrar multa de mais alugueis, além das perdas e danos que porventura venha a sofrer em decorrência da morosidade ou má fé do donatário. Além disso, quaisquer avarias que ocorram após o termino do contrato serão atribuídas ao locatário, sendo esse obrigado a ressarcir, inclusive se por causo fortuito ou força maior. Alienação da coisa durante a locação - dispensa de respeita-la se inexistir clausula de vigência registrada O locatário pode ter a garantia de manter o seu contrato valendo mesmo se o locador vender o bem. É necessária a estipulação expressa e estar constando no registro de imóveis. Isso ocorre com a inclusão da clausula de vigência, que significa que, ainda que o locador venda o imóvel, o adquirente tornar-se-á locador, respeitando a locação realizada anteriormente até seu termino. Dever de respeitar a locação por tempo determinado quando falecer o locador ou o locatário Esse direito envolve transferencia aos herdeiros pois as obrigações são mantidas. Se por tempo determinado, os herdeiros deverao respeitar a vontade previamente demonstrada por aquele que lhe deixou a obrigação. A questão do direito de retenção do locatário no caso de benfeitorias Ver art. 578 Art. 578. Salvo disposição em contrário,o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do locador. Auto explicativo. Aula 05 (11.09.2012) - o mandato Arts. 653 a 692 do CC. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !17 Noções Vem da palavra "manu datum", "de mãos dadas", e Consiste em delegar oficialmente a outrem (mandatário) o poder de fazer coisas em nome do mandante. Natureza jurídica Contrato consensual, não solene, personalíssimo, em regra gratuito, e em regra unilateral Mandato e procuração A procuração é o instrumento do mandato. Mandato e representação A representação pode ser voluntária, que é a em vista aqui; ou legal, no caso dos incapazes; ou ainda a representação judicial, onde o juiz se faz representar por outras pessoas para realizar os atos que darão andamento ao processo. A grande diferença desse contrato é que o mandatário agirá conforme vontade alheia, representando-o perante outrem. A representação é o âmago desse contrato e sua principal característica. Os atos praticados pelo mandatário, se obedecidos os quesitos do mandante, serão interpretados como se o próprio mandante os estivesse fazendo. Forma do mandato Perdi. Que uma nobre alma me envie a explicação correspondente para completar essa parte. Prometo manter os créditos. Mandato profissional Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa. Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento. Aceitação do mandato A aceitação do contrato pode ser expressa ou tácita, bastando que o mandatário passe a agir conforme combinado. Advogados com procuração por exemplo não precisam assinar o contrato, mas simplesmente agir conforme contratados para fazê- lo. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !18 Atos praticados por quem não tem mandato Os atos não terão valor salvo se o mandante ratificar posteriormente. Mandato do relativamente incapaz Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1º - O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. § 2º - O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. Obrigações do mandatário O mandatário deverá ser obrigatoriamente capaz ou relativamente capaz, mas no segundo caso terá proteções especiais. O mandatário tem a obrigação de cumprir fielmente o combinado com o mandante, não ficando nem além nem aquém do esperado, lembrando que trata-se de obrigação de meio, e portanto só serão indenizados ao mandante danos originados por culpa do donatário. Além disso, o mandatário deverá prestar contas ao mandante. Mesmo ocorrendo a morte do mandante ou sua incapacidade superveniente, o mandatário continua com suas obrigações contratuais. Obrigações do mandante São obrigações do mandante pagar a remuneração, se houver, e também de satisfazer todas as obrigações adquiridas pelo mandatário. Aula 06 (18.09.2012) - mandato cont. E prestação de serviços. Extinção do mandato O mandato pode ser extinto por algumas formas, descritas no art. 682 CC. Seção IV Da Extinção do Mandato Art. 682. Cessa o mandato: CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !19 I - pela revogação ou pela renúncia; O mandato pode se basear na confiança e por isso pode ser unilateralmente resilido. Se pelo mandante, há revogação; e se for pelo mandatário há renuncia. Em caso de contratantes de boa fé, os seus direitos serão preservados: Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa. II - pela morte ou interdição de uma das partes; Obviamente, afinal, é um contrato com intuitu personae. III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer; O mandante e mandatário tem de ser presumivelmente capazes de exercer suas funções no contrato. Ora, se o mandatário torna-se incapaz, ou o mandante adere ao matrimonio de modo a não poder dispor de seus direitos sem consentimento do cônjuge, então não pode prosseguir o contrato. IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. A finalidade cumprida enseja no fim do contrato. Mandato judicial Não peguei. Sorry!!! Prestação de serviço Senhores, essa aula foi uma incógnita. Eu a confeccionei me baseando na doutrina, pois não pude reter o conhecimento que nos estava sendo passado pelo prof. NOÇÕES Há uma obrigação de fazer que é remunerada. O contrato de prestação de serviço deu origem às leis do trabalho, mas não confunda os termos! Veja os exemplos à seguir que se apresentam da seguinte forma, na esquerda o exemplo civil e na direito seu equivalente no trabalho: Direito civil - direito trabalho Denúncia (resilição unilateral) - aviso prévio CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !20 Retribuição - salário Denuncia imotivada - despedida sem justa causa Mas há pontos de contato, a onerosidade, pessoalidade (se o tomador não concordar). No entanto, o prestador não é subordinado ao tomador. O conceito é: toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial contratada mediante retribuição. Natureza jurídica A natureza jurídica é de contrato oneroso e bilateral, sinalagmático, consensual. Retribuição A retribuição dar-se-á após a execução do serviço, salvo ajuste em contrario. Como o contrato pode ser verbal, ainda que não exista fisicamente, o contrato Duração do contrato O contrato pode ser indeterminado mas não poderá exceder à quatro anos, evitando uma situação de servidão. Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato. Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais; II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena; III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias. Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua, deixou de servir. O tomador do serviço pode alterar o objeto do trabalho do prestador sem alterar as funções do mesmo. Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !21 correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. Art. 607. O contrato deprestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior. Eu sei, são vários artigos seguidos sem explicação. Digamos que o mestre estava meio sem paciência. Pretenderei melhorar essa aula em um futuro próximo. Quando fazê-lo irei avisa-los. =) Aula 07 (25.09.2012) - empréstimo Observações preliminares: 02/10/2012 - não haverá aula. A reposição será dia 20/10/2012 às 10:00h. Fichamento para atribuição de presença deverá conter a seguinte informação: * este fichamento atribui presença para a aula de reposição de 20/10/2012 16/10/2012 - entrega do 2º fichamento (dia 8/10 haverá o simulado) Contrato de empréstimo Arts. 579 a 592 do CC. Noções A característica fundamental é o dever de restituição. O contrato de empréstimo é gênero dos contratos de entrega de coisa para alguém sob a responsabilidade dessa de restitui-la. São espécies o comodato e o mútuo, que veremos mais detalhadamente a seguir. ESPÉCIES Comodato arts. 579 e 585 do CC Caracteriza-se pela infungibilidade e pela gratuidade, ou tornar-se-ia locação. O comodato pode ser de bens moveis ou imóveis. Mútuo arts. 586 a 592 do CC. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !22 O mutuo se caracteriza pela fungibilidade. O mútuo por sua vez pode ser oneroso ou gratuito. É a cobrança de juros ou outra contraprestação que torna o mutuo oneroso. Prazo O prazo é geralmente determinado. Mas poderá ser indeterminado com ressalvas, ou seja, condições que façam com que se finde o empréstimo. Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. Há o pagamento de multa se findo o prazo de empréstimo gratuito e não ter sido o bem devolvido oportunamente. Essa multa assemelha-se a juros. Essa sanção ainda é valida em caso de caso fortuito ou força maior. Quem esta em mora não pode alegar força maior ou caso fortuito. Conservação do bem em comodato Até com mais importância do que na locação pois aqui se trata de uma liberalidade do comodante. O comodatário deverá preservar da melhor forma possível o bem emprestado. Vejamos: Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. Não pode haver risco ou desvio de finalidade do bem emprestado. A casa emprestada para a permanência de um estudante enquanto se forma não pode ser usada por ele para o estabelecimento de uma quitanda. Risco do bem em comodato Os riscos, por ser negocio gratuito, correm por conta do comodatário. Ele não pode em nenhum momento tratar a coisa do comodante com descaso. Ele não pode priorizar suas próprias coisas às do comodante: Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !23 Despesas do comodatário com o uso e o gozo do bem As despesas de uso com bem não podem ser recobradas. Como o negocio é benéfico somente ao comodatário, ele deverá suportar os gastos que tenha. Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. Responsabilidade solidária A responsabilidade será solidaria quando existir dois ou mais comodatários. Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. Mutuo O mutuo ocorre com coisas fungíveis, e pode ser oneroso ou GRATUITO. As pessoas confundem pois geralmente o mutuo é oneroso. Há uma transferência de titularidade no sentido de que o mutuário poderá usar o bem, mas não que a quantia ou o bem é dele. O mais comum é o mútuo feneratício. Obviamente que em um empréstimo desse, o objeto do contrato que é o dinheiro deverá ser gasto. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Exemplos de gênero, qualidade e quantidade. Gênero - limão Qualidade - graúdo estilo exportação Quantidade - cem caixas de limão Restituição A restituição ocorrerá quando findo o prazo estipulado ou na ocorrência de uma causa de resolução ou rescisão contratual. Riscos Os riscos correm por conta do mutuário. Se por exemplo o banco empresta certa quantia e o mutuário é assaltado ao sair do banco, ele não poderá responsabilizar o mutuante. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !24 Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. Mutuo feito à menor Em principio é invalido, mas poderá ser validado posteriormente. Um ponto importante a ser lembrado é que, se estiver sem responsável, o mutuo poderá ser celebrado para não gerar prejuízo a ele, mas o mutuante poderá ser ressarcido posteriormente. Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. Garantia Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. "Ninguém emprestaria dez mil reais à um mendigo" Prazo O prazo poderá ser determinado ou determinável, quando o tempo não for exato (em âmbito agrícola na próxima safra) Aula 08 (20.10.2012) - contrato de empreitada Noções O contrato de empreitada consiste na contratação de alguém para que, munido dos materiais necessários, construa uma edificação ou obra ao contratante. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !25 Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. Se a empreitada envolve somente o trabalho do empreiteiro, então denomina-se "empreitada de lavor" § 1º - A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Em principio, todos os contratos de empreitada são de mero lavor, mas é plenamente possível composição diversa. § 2º - O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução. O arquiteto contratado somente para confeccionar um projeto não é responsável depois por sua materialização. Art. 611. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos.Os riscos são todos do próprio empreiteiro, exceto se o adquirente estiver em mora. Art. 612. Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos em que não tiver culpa correrão por conta do dono. A responsabilidade é objetiva quando há a contratação de uma construtora. Art. 613. Sendo a empreitada unicamente de lavor (art. 610), se a coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição, se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade. Art. 614. Se a obra constar de partes distintas (por exemplo se um contrato estipulou a construção de quatro casas e apenas duas foram construídas), ou for de natureza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obra executada. § 1º - Tudo o que se pagou presume-se verificado. Se foi pago presume-se anuído pelo adquirente. § 2º - O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da medição, não forem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fiscalização. Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê- la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !26 O empreiteiro deve seguir exatamente o estipulado pelo dono da obra, com as normas estipuladas por ele. Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço. Ao invés de mover ação redibitória, o dono poderá abater do preço proporcionalmente uma quantia equivalente ao quantum que foi afastado do estipulado inicialmente. Art. 617. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os inutilizar. Auto explicativo. É uma situação de flagrante inabilidade do empreiteiro e ele responderá por isso. Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. Esse é um dos artigos mais importantes da empreitada. Um problema poderá aparecer na obra e ser reclamado por cinco anos. No entanto, depois de tomado conhecimento desse problema, o dono deverá mover sua ação em cento e oitenta dias. Essa disposição se aplica principalmente nas relações empresariais. Nas relações de consumo essa disposição não é aplicada, diante da especialidade do código de defesa do consumidor. Segundo o CDC, se o vicio é oculto ele poderá ser argüido em qualquer tempo. O tempo de vida útil do produto que serve de referencia. Ns relações de consumo também serão desconsiderados os cento e oitenta dias de propositura da ação. Art. 619. Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem de instruções escritas do dono da obra. Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou. Art. 621. Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir modificações no projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não ser que, por motivos CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !27 supervenientes ou razões de ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou a excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária. Nesse caso, estamos falando da criação de um arquiteto que não pôde ser realizada por qualquer razão. Se esse projeto é alterado e se atribui essa construção ao autor intelectual, esse terá direito de danos morais pois sua obra foi alterada sem sua anuência e atribuída a ele. Art. 26 Parágrafo único da consolidação dos direitos autorais - O proprietário da construção responde pelos danos que causar ao autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado. Nesse caso há a possibilidade do dono consultar ao arquiteto sobre a adaptação do projeto a uma nova realidade. Parágrafo único. A proibição deste artigo não abrange alterações de pouca monta, ressalvada sempre a unidade estética da obra projetada. Art. 620. Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um décimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença apurada. Art. 622. Se a execução da obra for confiada a terceiros, a responsabilidade do autor do projeto respectivo, desde que não assuma a direção ou fiscalização daquela, ficará limitada aos danos resultantes de defeitos previstos no art. 618 e seu parágrafo único. Isso porque o defeito não existe só na execução, mas também no projeto. Art. 623. Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra. Isso se aplica diante do desinteresse do dono da obra em sua continuidade Art. 624. Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiro por perdas e danos. O empreiteiro poderá também suspender as obras, mas diferentemente do dono da obra, deverá fundamentar sua decisão. Art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra: I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior; Se o dono dá causa, o empreiteiro poderá suspender. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !28 II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços; Trata-se da descoberta de uma onerosidade superior que se dá de forma superveniente. Se o dono da obra se recusa a arcar com os novos custos ela poderá ser suspensa. III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço. Mesmo que o dono queira pagar, se a obra for supervenientemente impossível ao empreiteiro, ele poderá suspender a obra Art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro. Aula 09 (23.10.2012) - Contrato de deposito Art. 627 a 652 do CC Noções O contrato de deposito foi, historicamente, gratuito, mas atualmente essa não é mais a praxe, pois o deposito tornou-se uma atividade profissional e por isso remunerada. O depositário não pode usar o bem que tem consigo depositado. Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. Desse dispositivo, desprendemos que na verdade a gratuidade se tornou a exceção, já que estamos falando, em regra, de situações onde há o depositário como profissional. Espécies Voluntário - o objeto principal é o bem depositado. Necessário - o deposito ocorre por imposição legal ou atividades que tem o positiva como acessório, como por exemplo o contrato de hospedagem, onde, nesse contrato, existe o dever de ser depositário da bagagem do visitante. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !29 Art. 647. É depósito necessário: I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á pela disposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao depósito voluntário. Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem. Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos. Art. 650. Cessa, nos casos do artigo antecedente, a responsabilidade dos hospedeiros, se provarem que os fatos prejudiciais aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sido evitados. O código de defesa do consumidor afastou a aplicação desse dispositivo em praticamente todos os casos, ficando esse dispositivo aplicado apenas para relações que não há consumo, o que é raríssimo. Art. 651. O depósito necessário não se presume gratuito. Na hipótese do art. 649, a remuneração pelo depósito está incluída no preço da hospedagem. Miserável - envolve uma situação extrema ou de risco. Esse deposito não se presume gratuito. Imaginemos que uma pessoa vá perder tudo em uma enchente. Com a maior presteza possível, ela pode levar as coisas que conseguir para um vizinho que mora em local mais alto, caracterizando isso um contrato de deposito. II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque. Esse contrato pode ser provado por qualquer meio de prova. Obrigações do depositário Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante. Art. 630. Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá. Art. 640. Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem. O depositário, em hipótese nenhuma, poderá usar a coisa que lhe fora depositada. Em relação à indicação à terceiro pelo depositário, haverá um novo contrato de CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !30 deposito, onde o depositário anterior tornar-se-á o novo depositante. Se, durante a vigência do contrato, o novo depositário tiver sido mal escolhido, será responsável o depositário do contrato primário. Parágrafo único. Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste. Art. 638. Salvo os casos previstos nos arts. 633 e 634, não poderá o depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar. O depositário não precisará recompensar se for estipulada uma clausula de excludente de responsabilidade. Obrigações do depositante O depositante pagará o valor estipulado para o deposito. Além disso, em regra, as despesas de transporte serão do depositante. Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem. Art. 631. Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em que tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante. Deposito em favor de terceiro Art. 632. Se a coisa houver sido depositada no interesse de terceiro, e o depositário tiver sido cientificado deste fato pelo depositante, não poderá ele exonerar-se restituindo a coisa a este, sem consentimento daquele. Se fulano deposita com beltrano um bem em interesse de ciclano, esse bem somente será retirado pelo fulano com autorização do ciclano. Excludente de responsabilidade Em casos de caso fortuito e força maior não haverá responsabilidade do depositário, mas ele deverá comprovar a existência da ocorrência dessa situação de força maior ou caso fortuito. Art. 642. O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los. Direito de retenção Há o direito de retenção por parte do depositário para garantir a remuneração. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !31 Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas. Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo. Lembrar que O mútuo se da com bens infungíveis. Aula 10 (30.10.2012) - Prisão do depositário infiel Art. 5º, XLVII, CF/88, art. 652 CC, Pacto de São José da Costa Rica art. 7º clausula 7ª, decreto 678/1992, EC 45/04 art. 5º par. 3º; Habeas Corpus 87585/09 Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos. Antigamente o depositário que descumpria suas obrigações poderia ser preso. Com a promulgação do pacto de são José da costa rica esse entendimento foi alterado pelos países signatários. Pacto SJCR art. 7º clausula 7ª - 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Esse pacto entrou oficialmente no ordenamento jurídico pátrio com o decreto 678/1992, após ser ratificado: Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta de adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de conformidade com o disposto no segundo parágrafo de seu art. 74; DECRETA: Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém. No entanto essa prisão não era utilizada ainda pois esse decreto fez o pacto valer com forca de lei ordinária, que esta abaixo da constituição. Para solucionar isso, foi elaborada a emenda constitucional 45/04, que alterou o artigo 5º par. 3º CF CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !32 AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,serão equivalentes às emendas constitucionais. Ainda assim, a disposição só passou a ser utilizada com o julgamento pelo STF do HC 87585/09, onde o relator Marco Aurélio colocou um fim na discussão e entendeu que se aplicava o tratado, não podendo mais a prisão do depositário infiel. Decisão: O Tribunal, por votação unânime, concedeu a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausente, licenciado, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 03.12.2008. Transação Arts. 840 à 850 CC Conceito A transação é negocio jurídico por meio do qual o credor e o devedor põe termo ao litígio existente ou iminente mediante concessões mutuas e recíprocas. A transação pode ser extra judicial ou judicial. Características Consensual, oneroso e bilateral. Elementos da transação A) res dubia - é a duvida. As partes não tem certeza do que ocorrerá com sua contenda, seja quanto a quem seria seu vencedor como, ainda que tendo segurança disso, quanto a quando essa tutela se manifestaria. Por isso as partes transigem, a fim de abreviar os transtornos inerentes ao litígio. B) Concessões mutuas e recíprocas - a transação é necessariamente onerosa. C) Capacidade para transigir - apenas os capazes podem transigir e devem ter poderes para tal. Se for o relativamente capaz, ele poderá assinar uma transação desde que lhe seja vantajosa. Ele só poderá transigir mediante assistência de seu representante legal sobre bens castrenses (adquiridos durante a prestação do serviço militar e magistério) e bens adventícios (adquiridos por doação ou sucessão hereditária). Não poderá fazê-lo em relação aos bens profectícios (adquiridos mas que seu domínio pertence ao representante legal). Quanto aos bens profectícios, o CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !33 exemplo mais usado é o caso do relativamente incapaz ter um imóvel mas o usufruto ser de seu representante legal. Regras básicas • É vedada a transação condicional, ou seja, condicionada à evento futuro e incerto. • A transação faz coisa julgada entre as partes se é judicial. • A transação é sempre interpretada de forma restritiva. Sempre versa sobre o reconhecimento de direitos. • É permitido a inclusão da clausula penal (multa). • A transação pode ser anulada quando existir dolo, coação e erro essencial quanto à pessoa ou à coisa. Não se admite modificação de transação. • A transação judicial pode ser usada como título executivo extra judicial, se existir a qualificação das partes, o objeto da transação, bem como os requisitos legais restantes. Aula 11 (06.11.2012) - declarações unilaterais de vontade DECLARAÇÕES UNILATERAIS DE VONTADE Declaração unilateral de vontade é ato de externar uma única vontade. É diferente de um contrato, pois nesse estão compostas duas vontades. Promessa de recompensa Artigos 854 à 860 CC Conceito É a declaração pública, formal, e aberta a qualquer interessado que cumprindo com as suas exigências tem direito ao crédito prometido. O promitente fica vinculado pelo tempo que ele expressamente dispuser. A promessa deve ser escrita, e poderá ser virtual. A presunção de veracidade de documento eletrônico é em regra relativa pois admite prova em contrario, salvo se emitido por cartório de títulos e documentos. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !34 Modalidades Por prestação de tarefa - É a promessa de recompensa onde o declarante exige dos interessados o cumprimento de uma tarefa que, se cumprida, garante a entrega de uma gratificação. A promessa vincula o seu emitente a partir de sua publicidade. Aquele que cumpre a tarefa tem o direito de receber a recompensa, sob pena ao promitente de pagamento de perdas e danos em juízo. Se varias pessoas cumprirem a tarefa, receberá a recompensa aquele que primeiro a cumpriu. Se varias pessoas cumprirem simultaneamente a tarefa, a recompensa será dividida, se divisível for. Caso a recompensa for indivisível, será realizado sorteio. O promitente poderá revogar a promessa de recompensa se o fizer de forma pública e antes de cumprida a tarefa. Todas as regras gerais aqui explanadas para a promessa de recompensa por cumprimento de tarefa se aplicarão agora na modalidade por concurso, além das seguintes considerações: Por concurso - o emitente da promessa, por meio de concurso, O promitente deverá estipular prazo de validade para o concurso, sob pena de irrevogabilidade pelo decurso de prazo. Gestão de negócios Artigos 861 a 875 CC A gestão de negocio aqui esta se tratando de negócios em âmbito jurídico e amplo, podendo ser qualquer negocio jurídico, como a compra de um bem, e etc. Conceito É o ato jurídico por meio do qual um sujeito (gestor) age sem mandato para evitar que o interessado tenha prejuízo. O gestor assume negocio alheio sem mandato. Regras básicas O ato deverá ser ratificado pelo dono do negócio quando esse toma ciência da gestão. Isso legitimará os atos do gestor perante terceiros e possibilitará o ressarcimento a favor dele pelos custos que tenha porventura suportado. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !35 Não poderá existir instrumento ou autorização representativa, pois senão seria um mandato. Obviamente também não poderá existir proibição do dono do negocio, e deverá estar caracterizada a imprescindibilidade da gestão. Deverá ser útil. Poderão existir vários gestores simultaneamente, sendo eles solidários entre si quanto às responsabilidades. O prejuízo pelo excesso de gestão faz com que as partes sejam restituídas ao status quo. Em caso de caso fortuito, o gestor não terá sua responsabilidade retirada, mas se for força maior sim. Natureza jurídica Maria Helena Diniz diz que é extracontratual pois não existe a convergência de vontades no momento da gestão e que a gestão deve ser convalidada para produzir efeitos. Clovis Beviláqua diz que é contratual, pois existe a convergência de vontade no momento em que o dono do negocio toma conhecimento da gestão. O atual código civil brasileiro adotou a teoria extracontratual, sendo então uma declaração unilateral de vontade. Enriquecimento sem causa Conceito É o acréscimo do patrimônio de uma pessoa decorrente da redução do patrimônio de outra sem um título jurídico correspondente. Quando a restituição da coisa for impossível, haverá a necessidade de ressarcimento. Modalidades Pagamento indevido - É a principal causa do enriquecimento sem causa, também chamado de indébito. É o pagamento equivocado, superior à obrigação assumida. Este que recebeu a mais deverá devolver. Esse pagamento indevido poderá ser realizado subjetivamente ou objetivamente, ocorrendo a primeira se o equívoco for quanto à quantia e a segunda quanto à pessoa. Condição para existência do enriquecimento sem causa Inexistência de título jurídico para pagamento CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !36 Efeitos do pagamento indevido Actio in rem verso - ação de repetição de indébito - aquele que pagou indevidamente pode solicitar a restituição da coisa, que se for judicialmente se dará por meio dessa ação. A parte legitima é o devedor que pagou errado. O prazo para ingressar com a ação se dá a partir da data que se pagou erroneamente, e será de três anos, inclusive para relações de consumo, mas nesse caso poderá ser pedida a repetição de indébito em dobro, pois o consumidor é hipossuficiente e o fornecedor tem meios de averiguar se um pagamento foi correto ou não. CONTRATOS CIVIS POR ROMMEL ANDRIOTTI !37
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