Buscar

Trabalho OBRIGAÇÕES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

FICHA PARA ANÁLISE DE CASO PRÁTICO
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
CURSO DE DIREITO
ACADEMICOS: ALINE LANGENDOLFF e MATEUS BINOTTO 
​Nº do processo: Processo em primeiro grau de jurisdição 027/3.07.0002975-0
Espécie de Ação: Ação de cumprimento da obrigação de fazer cumulatória com a reparação por danos	
Comarca/Instância de origem: Juizado especial civil da comarca de Santa Maria-RS
Qualificação do autor: VIVIANE SEVERO NUNES, brasileira separada inscrita no CPF 663.671.660-68 residente domiciliada na Rua Pedro Santini, 177 AP 112 bloco D bairro Nossa Senhora de Lourdes na cidade de Santa Maria-RS.
Qualificação dos réus: IGOR PAZ DA SILVA, brasileiro casado, comerciante inscrito no CPF 000.407.490-45 residente e domiciliado na rua Fernando Mussou, 147 bairro Nonoai e rua Arapuru, 196 Vila Brener bairro Salgado Filho e
EUGÊNIO PUNTEL, brasileiro casado inscrito no CPF 254.702.480-20 residente e domiciliado na rua Rafael Leal, 106 bairro Salgado Filho.
 
Dos Fatos: 
 Autora VIVIANE SEVERO NUNES, adquiriu um veiculo automóvel FIAT UNO com o Réu IGOR PAZ DA SILVA com o fim de desempenhar suas atividades rotineiras de trabalho, transportando alimentos, logo nas primeiras voltas diárias com o veiculo adquirido a Autora detectou falhas no motor devido a grande quantidade de fumaça emitida, assim estando o motor prestes a fundir. Detectado o problema no veículo a Autora procurou o ora Réu Igor Paz da Silva informando-o do defeito apresentado no veiculo, após diversas tentativas frustradas de contato com o ora Réu o mesmo á procura e oferta uma troca, assim a entregando um automóvel CORSA WIND, 1998 E A Autora voltando a quantia de R$ 5.600,00 como diferença de valores de um veiculo ao outro.
Todavia, logo nos primeiros dias com o novo automóvel, o mesmo começa a apresentar diversos problemas técnicos inclusive no motor.
Após os diversos problemas apresentados pelo segundo veiculo a Autora procura novamente o Réu Igor para devolver o automóvel defeituoso, e em troca recebeu o veiculo FORD/PAMPA 1988/1989 que pelo parecer do proprietário ora Réu Sr. EUGÊNIO PUNTEL, estaria na garantia de 3 meses pois recentemente havia feito manutenção na CAIXA e MOTOR do veiculo, bem como também custearia á reforma dos bando e entregaria duas capotas marítimas juntamente com o veiculo, Mediante esta terceira troca de automóvel a Autora ainda teria que efetuar o pagamento de R$ 400,00 devido a diferença de valores.
Mediante necessidade a Autora mandou o automóvel á uma oficina para pintura, pois o usaria para a entrega de alimentos. Na oficina de pintura foi detectado que o veiculo estaria com vazamentos e problemas técnicos que muito em breve viria a ter problemas no motor como os demais veículos trocados.
Diante disso, a AUTORA informou ao vendedor e ao proprietário que faria conserto no veiculo. 
Em vista dos fatos, o Réu IGOR ao ser chamado ao despachante para efetuar a entrega dos documentos do veiculo, informou que só entregaria os documentos mediante assinatura de uma declaração com o intuito de ausentar sua responsabilidade na reforma do veiculo.
Mediante os fatos relatados a Autora vem ajuizar ação de Obrigação de cumprimento de fazer cumulada com ação reparatória de danos sofridos pela falta do bem adquirido que esta sem condições de uso em face dos Réus IGOR PAZ DA SILVA E EUGÊNIO PUNTEL. 
Apresentação dos fatos: 
 Aplicação do CDC
Entre as partes: Muito embora seja a autora considerada empresária, sob a modalidade de micro empreendedora individual, tal fato não descaracteriza a relação de consumo existente entre o vendedor de veículos, pois a autora fez a aquisição como destinatária final do produto, caracterizando-se assim como consumidora e, de outro lado, o vendedor de inúmeros veículos, tanto que, em cada desistência da autora, ao invés de ser devolvido o valor já pago, lhe era oferecido outro veículo, de valor superior, o que o caracteriza como revendedor de carro e, por conseguinte, fornecedor.
Portanto, estando de um lado o fornecedor de inúmeros veículos, e de outro a consumidora do produto como destino final, impõe-se o afastamento da mera compra e venda, transformando-a em relação de consumo.
Ex jurisprudencial: 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. FATO DO PRODUTO. EXPLOSÃO DE BOTIJÃO DE GÁS. DEFEITO DO PRODUTO. CULPA CONCORRENTE DA AUTORA. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS. AUTORA - FIRMA INDIVIDUAL. CONSUMIDORA EQUIPARADA. A jurisprudência do STJ tem evoluído no sentido de somente admitir a aplicação do CDC à pessoa jurídica empresária excepcionalmente, quando evidenciada a sua vulnerabilidade no caso concreto; ou por equiparação, nas situações previstas pelos arts. 17 e 29 do CDC. Presente a vulnerabilidade da autora, pois se trata de pequena empresa (firma individual) estabelecida na garagem da residência da família. FATO DO PRODUTO. EXPLOSÃO DE BOTIJÃO DE GÁS. DEFEITO DO PRODUTO. CULPA CONCORRENTE DA AUTORA. O fornecedor de produtos responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados por defeitos relativos aos produtos que disponibiliza no mercado de consumo, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Art. 12 do CDC. No caso concreto, respondem pelo acidente de consumo tanto a produtora, que produz e envasa o gás; como a distribuidora do produto, responsável pela revenda, transporte e entrega dos botijões de gás. Do exame da prova, é possível concluir que o motorista da segunda requerida não possuía qualificação técnica para o trabalho de colocada e retirada do botijão de gás, acarretando a responsabilização da empresa pela falta de treinamento a seus funcionários. A primeira demandada é igualmente responsável, por permitir que uma empresacomercializasse seus produtos sem manter em seus quadros pessoas com a qualificação que exige a atividade de venda e instalação de botijões de gás. Comprovado o defeito na válvula de abastecimento (bloqueio) do cilindro, cuja origem não foi possível identificar, esse defeito "reforça a responsabilidade tanto da empresa que vende o produto, quanto daquela que o envasa, pois ambas são responsáveis pela colocação no mercado de produto defeituoso, mesmo que ambas não sejam as produtoras dos botijões de gás". Presente a culpa concorrente da autora, visto que o local onde se encontravam os botijões era inadequado, contrariando as normas de segurança. Os cilindros não poderiam estar armazenados e instalados próximos a fornos e em local sem ventilação. A precária instalação no local - sem válvula de retenção - também contribuiu para ocorrência do sinistro. Não se trata de culpa exclusiva do consumidor - excludente de responsabilidade do fornecedor -, mas sim de culpa concorrente em virtude de sua imprudência na instalação e acondicionamento dos botijões. DANOS MATERIAIS. Devem ser indenizados os valores relativos a bens da casa, lancheria e mercado (R$114.582,40 em 28.06.2001), do estoque (R$19.682,70 em 30.06.2001) e da demolição e reconstrução do prédio (R$175.398,40 em 24.10.2001), totalizando a importância de R$309.663,50. Diante da culpa concorrente da parte autora, as requeridas deverão arcar com a metade do valor, que resulta em R$154.831,75. LUCROS CESSANTES. Apelação da segunda requerida não conhecida neste ponto, uma vez que a sentença afastou explicitamente indenização a título de lucros cessantes. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. Procede o pedido da seguradora, devendo-se limitar sua responsabilidade ao máximo da condenação de sua segurada (R$ 77.415,90), descontado o valor da franquia obrigatória. APELO DO IRB. O IRB deverá responder pela condenação nos limites da apólice firmada com a seguradora, qual seja, 80% do capital segurado. TERMO INICIAL DOS JUROS MORATÓRIOS. O valor a ser ressarcido a título de danos materiais deverá sofrer a incidência de juros moratórios de 1% a contar da citação das demandadas até o seu efetivo pagamento, sob pena de reformatio in pejus. COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Havendo sucumbênciarecíproca, os honorários advocatícios devem ser compensados (Súmula 306 STJ), ainda que uma das partes litigue sob o benefício da gratuidade judiciária. Precedentes do STJ e deste Colegiado. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDOS PELA DENUNCIADA À LIDE. Analisada a questão à luz do artigo 20, § 3º, do CPC, estima-se correta a verba honorária arbitrada na sentença. APELAÇÃO DA REQUERIDA SUPERGASBRÁS PARCIALMENTE PROVIDA. APELO DA SEGUNDA REQUERIDA CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO. APELOS DA SEGURADORA ZURICH E DO IRB PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70046304580, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 24/10/2012)
Solidariedade Passiva
No caso específico, tem-se a figura de um vendedor de inúmeros veículos, porém este detêm tão somente a posse sobre eles, uma vez que os bens continuam em nome de seus antigos proprietários. 
Dessa forma, é plenamente aplicável a solidariedade pois, dentre outras possibilidades, torna-se inviável requerer ao mero possuidor, no caso o vendedor, que efetue a transmissão de bem que não é seu, sendo esta atribuição única e exclusiva do proprietário. 
Dentro dessa perspectiva, onde ambos, proprietário e vendedor permanecem responsáveis pelo veículo, torna-se plenamente aplicável o instituto da solidariedade, facultando-se a autora ingressar contra qualquer uma das partes, ou ambas, visando reaver o valor investido ou substituir o bem, como já feito anteriormente.
Do Vício do produto
Da mesma forma que os anteriores, o presente tema é totalmente pertinente no caso em tela, eis que, para se averiguar a existência ou não de vício do produto deve-se usar como padrão o “homem médio”, sendo que a este não é cobrado que tenha profundos conhecimentos de mecânica. 
Portanto, estando o vício diretamente ligado a problemas no motor, não poderia ser imposta a parte ter conhecimento específico a ponto de notar diferença de ruídos, batidas e ou qualquer anormalidades.
Sendo assim, existindo a necessidade de consultoria profissional, no caso mecânico, para que fosse percebido o problema, trata-se sim de vício oculto.
Conceito de vício:
VÍCIOS DO PRODUTO
Vício, genericamente considerado, é o defeito grave que torna uma ou coisa inadequada à certos fins ou funções a que se propõe.
O verbo redibir significa anular judicialmente uma venda ou outro contrato comutativo em que a coisa negociada foi entregue com vícios ou defeitos ocultos, que impossibilitam o uso ao qual se destina que lhe diminuem o valor (Dicionário Aurélio).
De acordo com o magistério de Clóvis Beviláqua, vícios redibitórios são os defeitos ocultos, que tornam a coisa imprópria para o uso a que é destinada, que o contrato não se teria realizado, se fossem conhecidos (In código civil comentado, vol. 4, p.214, 11ª ed.) Para que ocorra, pois, o vício aludido, cumpre que haja uma coisa, que esta seja recebida em virtude de um contrato comutativo, que o vício seja oculto e preexistente no contrato, que tal defeito a torne imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminua significativamente o valor. A coisa deve ser recebida através de um contrato, o comutativo. Comutativo é o contrato sinalagmático, a título oneroso e não aleatório, isto é, aquele “em que cada uma das partes, além de receber da outra prestação equivalente à sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência”. (Washington, ob. art., p. 40).
Maria Helena Diniz articula uma leal definição doutrinaria de vício redibitório. Senão vejamos:
“Os vícios redibitórios, portanto, são falhas ou defeitos ocultos existente na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, não comuns às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos” (DINIZ, p.118, 2002).
Descobertos os vícios ocultos, ocorrerá a redibição da coisa, ou seja, torna-se sem efeito o contrato, acarretando-lhe a resolução, com a restituição da coisa defeituosa ao seu antigo dono ou sendo concedido um abatimento no preço, se preferir o adquirente.
Para que seja caracterizado o vício redibitório, há de estarem presentes os seguintes requisitos:
a) que a coisa tenha sido adquirida em virtude de contrato comutativo;
b) que esteja presente vício ou defeito prejudicial à sua utilização, ou lhe diminuam o valor;
c) que estes defeitos sejam ocultos;
d) que os defeitos sejam graves;
e) que o defeito já existia no momento da celebração do contrato e que perdure até o instante da reclamação.
Assim, para exemplificar, tipos de vício de qualidade do produto, temos:
1) Veículo com falha no freio (produto inadequado);
2) Enlatados cujo conteúdo esteja deteriorado (produto impróprio);
3) Veículo com lataria amassada (vício que diminui o valor do produto);
4) Produto em que as informações sobre uso estejam incorretas (vício de informação).
O parágrafo 1º do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que o fornecedor terá a oportunidade de sanar o vício no prazo de 30 dias. Caso uma televisão seja adquirida numa loja, e que apresente vícios, como imagem distorcida, por exemplo, o consumidor não poderá de imediato, exigir outra nova, o dinheiro de volta ou o abatimento do preço. Isso porque o fornecedor terá o direito de consertar o vício.
Assim, dever de qualidade que se impõe aos fornecedores de produtos e serviços se encontra como adverte Cláudia Lima Marques, ligado ao princípio da proteção da confiança, fundada na expectativa do consumidor de que o produto ou serviço ofertados se encontram adequados aos “fins que razoavelmente deles se esperam” (artigo 20, parágrafo 2º do CDC).
Da inversão do Ônus da Prova
 Estando devidamente caracterizada a relação de consumo entre as partes, por consequência, torna-se aplicável a inversão do ônus da prova, para que transfira-se a parte mais forte o dever de provar que o produto em questão foi entregue sem qualquer vício ou mácula. Todavia, a realidade fática em questão é completamente diferente, até porque o próprio réu, vendedor reconheceu os defeitos nos veículos, oferecendo até mesmo outros em substituição, ou seja, o réu tinha pleno conhecimento que os veículos vendidos não possuíam as mínimas condições, agindo, em verdade, com total má-fé.
Da indenização pelos Danos Emergentes
Tendo em vista que os veículos vendidos possuíam vícios ocultos, os quais inviabilizaram a utilização do veículo por parte da autora, teve esta que efetuar os devidos reparos por sua própria conta, vindo a despender a verba antes mencionada. Porém, tais gastos são plenamente passíveis de serem ressarcidos e indenizados, restabelecendo-se assim o equilíbrio entre as partes.
Nesse sentido é a jurisprudência:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE RESOLUÇÃO DE CONTRATO C/C INDENIZAÇÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO. VÍCIO REDIBITÓRIO. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. APELAÇÃO APÓCRIFA. A apelação interposta sem assinatura constitui erro sanável, devendo ser oportunizado ao procurador prazo razoável para sanar a omissão. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo e artigos 13 e 284, do Código de Processo Civil. Hipótese em que a procuradora da parte apelante providenciou à correção da falha. Preliminar suscitada em contrarrazões rejeitada. VÍCIO REDIBITÓRIO. CONFIGURAÇÃO. Hipótese em que o veículo adquirido pelo autor, embora usado, apresentou sérios defeitos desde o primeiro dia de uso, sem mínimas condições de trafegabilidade, o que colore a figura do vício redibitório e enseja a responsabilização do vendedor, conforme dicção dos arts. 441 e 442 do CC. Sentença reformada. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. RESSARCIMENTO DO PREÇO E DAS DESPESAS COM O CONSERTO. Evidenciada a presença de vício redibitório no veículo, cabível a resolução do contrato, devendo-se garantir o retorno das partes ao status quo ante, o que se alcança mediante a condenação do vendedor ao ressarcimento dopreço e das despesas que o comprador teve com o conserto do bem, devidamente comprovadas nos autos. PERDAS E DANOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. A reparação por perdas e danos exige a comprovação do efetivo prejuízo experimentado, por se tratar de verba indenizatória de cunho material. Constatado que o pedido de indenização por perdas e danos foi formulado genericamente, sem especificação do prejuízo alegadamente suportado, mostra-se inviável alcançar ao demandante a restituição pleiteada. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70053910097, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 01/08/2013)
Da multa de Transito Anterior à compra:
Com relação a multa de transito, esta é de inteira responsabilidade do agente causador, não podendo ser transferida para a autora sob hipótese alguma. Ressalte-se que a próprio DETRAN não permite que um veículo seja transferido a outrem sem que estejam quitadas todas as eventuais multas cometidas.
Desta sorte, é de inteira responsabilidade do Réu a entrega do veículo com todas as multas plenamente quitadas.
Portanto, totalmente pertinente a presença da norma jurídica em questão, de forma a prevenir a autora de efetuar o pagamento de multas sem necessidade.
Segue o mesmo entendimento a jurisprudência:
Ementa: AGRAVO. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO NA FORMA MONOCRÁTICA, FORTE NO ART. 557 DO CPC. A existência de posição desta Câmara e de outros órgãos fracionários deste Tribunal de Justiça acerca da matéria autorizava o Relator a proceder ao julgamento singular, uma vez que o resultado do recurso foi o mesmo na hipótese de o processo ser pautado para Sessão. Precedente do STJ. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. MULTAS DE TRÂNSITO. AÇÃO ORDINÁRIA. BAIXA DA RESPECTIVA PONTUAÇÃO. DESCABIMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE PRÉVIA COMUNICAÇÃO DA VENDA DO VEÍCULO E DO PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA DA PONTUAÇÃO JUNTO AO DETRAN, NO PRAZO LEGAL. Não obstante a transferência da propriedade para efeitos civis dependa apenas da tradição, no âmbito administrativo é necessária a comunicação, pelo anterior proprietário, ao DETRAN sobre a transferência do veículo, tendo em vista o que dispõem os artigos 123, inciso I e §1º e 134 do CTB. Ausente a prévia comunicação de venda do veículo e do pedido de transferência da pontuação no prazo legal, indevida a determinação de cancelamento das multas de trânsito, ou de baixa da pontuação, com fundamento na aduzida responsabilidade daquele que supostamente tinha a posse e propriedade do veículo no período. Precedentes do TJRGS. Agravo desprovido. (Agravo Nº 70054863196, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Zietlow Duro, Julgado em 27/06/2013)
Da Antecipação da Tutela:
De suma importância a antecipação dos efeitos da tutela para que se transfira para a autora a propriedade do veículo que adquiriu, sob pena de, em não sendo provida tal medida, a autora ser lesada das mais variadas formas, sendo uma delas a impossibilidade de negociação do veículo e ou venda para outrem.
Outra possibilidade é que o veículo que já é da autora venha a ser penhorado por algum credor do antigo proprietário, o que sem dúvida iria gerar transtorno desnecessário.
Portanto, visando a segurança da autora, é imperioso o deferimento da medida.
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO EM DANOS MORAIS. No caso concreto, foi concedida a antecipação de tutela para a entrega do documento único de transferência (DUT), pena de multa. Descabe a rediscussão da causa em sede de embargos declaratórios. Não incidência de quaisquer das hipóteses do art. 535, do CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESACOLHIDOS. (Embargos de Declaração Nº 70044696011, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em 17/05/2012).
Pretensão das partes: 
Autor da ação: 
VIVIANE SEVERO NUNES traz em seus pedidos que seja cumprida a obrigação de fazer a entrega dos documentos do veiculo, pois se encontra sem os documentos assim não podendo rodar, comprovação da quitação da multa de transito perante o DETRAN sob a pena de multa se não o fizer, bem como que seja efetuado o pagamento de indenização por danos matérias sofridos com a reforma do veiculo para que o mesmo possa ser considerado em condições de uso em seu trabalho e o ressarcimento dos gastos como transporte que teve que utilizar durante os dias em que estava com o automóvel na oficina e sem os documentos. Invoca ainda a inversão ao ônus da prova, para que a parte Ré comprove o pagamento da multa caso tenha efetuado.
Réus da ação:
IGOR PAZ DA SILVA, em contestação aos pedidos lançados na peça inicial informa que quando entregou o veiculo para a Autora estava em boas condições tendo sido levada ao mecânico antes da entrega e feito revisão, sustenta que as trocas de veículos teriam sido feitas por solicitação da Autora por falta de condições financeiras de arcar com o custo das parcelas do automóvel e não por problemas técnicos como alegado pela a Autora em preliminar, alega ainda que Autora ficou em haver o valor da diferença de R$ 400,00, não tendo efetuado o pagamento até a presente data. Contesta ainda que a Autora encaminhou o veiculo para pintura por vontade própria então não tendo direito a pedir ressarcimento de gastos com transporte durante o período que estava sem o veiculo, restando ainda não comprovados estes gastos mencionados. O Réu adverte ainda responsabilizar-se pelo pagamento da multa que ainda está por vencer, declara também que os documentos estão disponíveis para que a Autora retire junto ao despachante, jamais impossibilitando sua retirada como enuncia a Autora. Requer o Ré IGOR P.S. em sua objeção a declaração de improcedência dos pedidos laçados na primordial estando a Autora vestida de má-fé e inverdades.
Da resposta da Jurisdição 
A decisão proferida em sentença de primeiro, vem trazer a PARCIAL PROCEDENCIA aos pedidos da parte Autora, reconhecendo a obrigação dos Réus ao pagamento da multa de transito “oriundas de infrações anteriores à data da compra”, determinou a entrega imediata do documento do veiculo e condenou o pagamento de R$ 905,00 pelo dano material que a Autora teve com o conserto do veiculo, valor este que será corrigido monetariamente pelo índice do IGP-M, desde a data do ajuizamento da demanda 27/06/2007, e acréscimos de juros legais desde a data da citação. Declarando ainda 15 dias para o cumprimento da proferida sentença, sob pena de multa de 10% sobre o valor da condenação. Ainda declara a improcedência do contra pedido realizado pela parte Ré.
A decisão tomada em primeiro grau tomou como parâmetro que a Autora se enquadra como consumidora aplicando o Código de defesa do Consumidor, alegando que as partes se enquadram em uma relação de consumo remetendo a situação, consumidor e fornecedor ao Art. 6º, VIII CDC. Para acrescer sua decisão o “avaliador”, utilizou-se da prova testemunhal onde obteve seu maior convencimento da situação fática relatada pela Autora, como podemos ver: 
(...)
Quanto ao valor pago pelo conserto do veiculo, vislumbra como prova testemunhal, que o automóvel sempre apresentou problemas similares.
A testemunha Caio, conduzida pelos demandados, afirmou:
Que realizou reforma anteriormente no automóvel. “Faz um ano efetuou a reforma no motor. O motor apresentava folga no viabrequim, que deixava o motor batendo. Apontou que na época o motor apresentava folga no mangal. Efetuou o conserto do motor.”
Com base nos depoimentos que afirmam que o veiculo sempre apresentava problemas técnicos, assim o magistrado forma seu convencimento. Para corroborar o magistrado salienta que com relação á inversão ao ônus da prova os demandados não juntaram provas eu demostre que o veiculo estaria em condições de uso no momento da entrega a Autora. 
Diante disso é declarado prospero o pedido de dano material no valor de R$ 905,00 pelosgastos obtidos com a reforma do veiculo. 
Em vista ao pedido de reparação aos valores gastos com transporte no período em que a Autora não estava em posso do bem adquirido, o magistrado entende que devido a não comprovação nos autos dos referidos gastos este pedido não deve prosperar. 
A parte Ré em sua objeção invocou o pagamento da diferença de valores (R$ 400,00), que na ultima troca teria sido firmada, porem até a presente data ainda não teria sido paga, Perante este contra pedido da parte Ré o magistrado entende que por estar em clausula contratual firmada e acertada pelas partes que está diferença seria paga mediante assinatura do termo de rescisão, considerando que o termo consta assinado o magistrado entende que este devido valor já tenha sido acertado, assim declarando o contra pedido IMPROCENDETE. 
Do recurso:
Razões de apelação:
No recurso apresentado pela parte Ré os mesmo requem o deferimento do beneficio da assistência judiciaria gratuita “AJG”, trazem também insurgem que a parte Autora não comprovou nos autos o pagamento da diferença de valores (R$ 400,00), estando está não paga.
Declara ser improvida a condenação da reparação dos danos materiais imposta R$ 905,00, alegando nos autos ter comprovado ter entregado o veiculo em condições de uso assim invocando o testemunho do mecânico que teria feito os reparos e vistoria no veiculo antes da entrega.
 Adverte que a Recorrida não informou a parte Recorrente, assim impedindo que o Recorrente visse o então problema alegado pela Recorrida, assim não podendo a Recorrida simplesmente vir em juízo cobrar valores sem mesmo ter anunciado. 
Contrarrazões de apelação:
Em contrarrazões apresentadas, a Recorrida vem pedir a impugnação da assistência judiciaria gratuita deferida ao Recorrente, alegando o mesmo ter rendimentos superiores e não ter direito a tal beneficio por se tratar de vendedor de veículos e obter grandes rendimentos. 
Nas questões de mérito vem a Recorrida informar que com relação ao valor alegado pelo Recorrente referente a diferença não merece prosperar, pois se trata de uma relação de consumo e por estas a inversão ao ônus da prova, pedido este o Recorrente não ter se manifestado assim não tendo mais o que se discutir.
Da condenação aos danos materiais: assim não merecendo prosperar as alegações do Recorrente, tendo a Recorrida comprovando nos autos os seus gastos devido as péssimas condições do veiculo, com relação ao testemunho do mecânico este não merece provimento, pois foi conduzido pelo Recorrente á audiência sem ao menos dispor de documento de identidade assim não sabendo se o depoimento é verdadeiro ou não.
Por fim, os Recorridos em uma tentativa de ludibriar a Recorrente por si tratar de mulher sem acompanhamento de informações sobre veículos, por estas vias que apos ser orientada a Recorrida veio á juízo pedir que seu direito como consumidora seja respeitado.
Da Resposta da Jurisdição 
O colegiado mantem a decisão primordial por seus próprios fundamentos, corroborando que a tese lançada em recurso não merece prosperar pois a prova produzida durante a instrução revela-se suficiente a embasar um juízo de parcial procedência como tal foi.
Vindo então a concordar que os Réus não negaram a obrigação do pagamento da multa de transito e a entrega dos documentos do veiculo á Autora.
Com vistas ao contra pedido formado pela parte Ré, não merece prosperar, pois na clausula 3º do referido contrato esta diferença que lá está explicito que a Autora deveria ter efetuado o pagamento mediante a assinatura do termo de rescisão complementando o valor pago pelo veiculo na quantia de R$ 400,00. Assim não comprovando que o pagamentos não tenha sido feito como o relator menciona em acordão:
 
(...)
Ora, não parece crível a este relator que os réus não tenham recebido o numerário. Caso contrario, é certo que assinariam o documento, que tal como formulado, também serve como recebido de quitação.
Em razão do exposto, voto em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a sentença recorrida por seus próprios fundamentos.
Condenando ainda o Réus a arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em R$ 415,00, na forma do art. 20, § 4º do CPC, assim suspendendo a exigibilidade, por ter litigado sob amparo da AJG já concedido.

Outros materiais