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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
I - NOÇÃO DE OBRIGAÇÃO
- Obrigação é o vínculo jurídico no qual uma pessoa assume uma prestação economicamente apreciável em relação à outra
- “Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio” (Washington de Barros Monteiro)
- Obrigação: surge a partir de uma relação jurídica (= sujeito + objeto + fato propulsor)
II – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1. SUJEITOS
- Uma relação jurídica obrigacional deve ter 2 pólos (em cada um deles, pelo menos um devedor/credor, podendo haver pluralidade de sujeitos em cada pólo: sujeitos ativo e passivo)
- Devem ter todos os requisitos de validade
2. OBJETO
- É a prestação positiva ou negativa do devedor (obrigação de: dar/ fazer/ não fazer)
- Deve ter todos os seus requisitos de validade (objeto lícito, possível física e juridicamente, determinado ou determinável, e suscetível de estimação econômica)
- Deve ser economicamente apreciável, isto é, só pode ser objeto de obrigação as situações patrimoniais
3. VÍNCULO JURÍDICO (entre as pessoas)
- Sujeita o devedor à realização de um ato + ou - no interesse do credor, unindo os 2 sujeitos e abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade, em caso de inadimplemento (obligatio). Assim, na obrigação reúnem-se e se contemplam, constituindo uma unidade, o dever primário do sujeito passivo de satisfazer a prestação, e o correlato direito do credor de exigir judicialmente o seu cumprimento, investindo contra o patrimônio do devedor, visto que o mesmo FG do débito produz a responsabilidade.
III - FONTES DAS OBRIGAÇÕES
- São os fatos jurídicos que dão origem aos vínculos obrigacionais, em conformidade com as normas jurídicas Tais fatos geram a obrigação e, assim, o vínculo
- Espécies:
Fonte imediata: lei (por ex, obrigação de prestar alimentos)
Fontes mediatas:
atos jurídicos stricto sensu
negócios jurídicos bilaterais ou unilaterais
atos ilícitos (indenização)
IV - CONFIGURAÇÃO
1) Visão tradicional: é um vínculo binário onde estão de lados opostos:
- credor: direito de receber
- devedor: dever de entregar
Esse conceito não está errado, mas incompleto pois a obrigação deve ser vista como um processo
2) Visão moderna: obrigação como um processo, onde tanto credor e devedor praticam atos em relação à obrigação principal, não devendo ser vistos de lados opostos. Há uma ordem de coordenação entre eles, a cooperação é mútua. Pensar na boa-fé subjetiva e nos outros deveres anexos: o credor tem deveres e o devedor tem direitos
V - COMPOSIÇÃO
- O vínculo jurídico se compõe de 2 partes:
a) Débito (debitum)
b) Responsabilidade (obligatio)
Num 1° momento, o devedor deve cumprir certa prestação. Não o fazendo, o credor pode buscar o cumprimento forçado no J. O devedor tem a responsabilidade patrimonial.
> TEORIA DUALISTA DA OBRIGAÇÃO
- Ao se decompor a relação obrigacional, verifica-se que o direito de crédito tem como fim imediato uma prestação, e mediato, a sujeição do patrimônio do devedor. Encarada essa dupla finalidade sucessiva pelo lado passivo, pode-se distinguir, correspondentemente, o dever de prestação, a ser cumprido espontaneamente, da sujeição do devedor, na ordem patrimonial, ao poder coativo do credor. Analisada sob essa dupla perspectiva, descortinam-se os 2 elementos da relação obrigacional:
a) Debitum: 
- É o dever de prestação (dever de cumprir o acertado vínculo moral) 
- Certas obrigações só têm o debitum. 
- Ex> Dívida de jogo não é cobrável. Haveria somente a obrigação de pagar mas não há credito a ser pago. Tem “debitum” mas não tem “obligatio” 
b) Obligatio:
- É o dever de sujeição (responsabilidade pelo descumprimento vínculo material) Geralmente é conseqüência do debitum
- Significa a responsabilidade patrimonial do devedor, que se traduz em sujeição ao poder coativo do credor. Se o dever de prestação não é espontaneamente satisfeito, o credor exerce seu direito coagindo o devedor a satisfazê-lo (esse direito a exigir o pagamento e a faculdade de executar são seqüelas naturais do crédito) É a garantia que assegura efetivamente a satisfação do credor, pq o devedor responde com o seu patrimônio
Portanto, a obligatio contém não apenas o dever de prestação, mas também a sujeição do patrimônio do devedor, ou de outrem, ao pagamento da dívida. O direito de crédito valeria pouco ao seu titular se não lhe fossem assegurados meios coercitivos para exigir o cumprimento da obrigação. Sem obligatio, a relação obrigacional não se torna perfeita. 
- Certas obrigações só têm a obligatio. Ex> Aval, fiança (o avalista e o fiador só têm a responsabilidade)
 A Teoria Dualista da obrigação tb é aplicável no Dtributário:
- obrigação tributária: surge com a ocorrência do FG mas só passa a ser exigível com a constituição do crédito
- crédito tributário: decorre da OT principal, fazendo com que esta se torne líquida.
Em princípio, há coincidência entre debitum e obligatio, por evidente que a responsabilidade se manifesta como conseqüência do débito. Há situações, porém, que existe obrigação sem a coexistência dos 2 elementos. Ex:
a) Um só débito pode corresponder a uma pluralidade de responsabilidades: é o que ocorre na garantia dada por terceiros que se responsabilizem pro rata pela dívida. 
b) A responsabilidade do devedor pode ser limitada por ele próprio: é o que se verifica nas sociedades de responsabilidade limitada, ou em decorrência de preceito legal, como na aceitação da herança a benefício do inventário.
c) Há debitum sem obligatio na obrigação natural, pois que o credor não pode exercer o seu poder coativo sobre o patrimônio do devedor.
 Na obrigação natural, o credor não possui meios para compelir o devedor a cumprir a prestação à qual se obrigou. Ex> Dívidas prescritas (conservam o dever mas estão desprovidas de responsabilidade).
d) Há obligatio sem debitum próprio quando uma garantia real, como o penhor ou a hipoteca, é oferecida por 3°.
e) A obligatio nasce antes do debitum na fiança, onde fiador é responsável, sem débito atual. 
VI - CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
VI.1 - CONSIDERADAS EM SI MESMAS
1. QUANTO AO OBJETO
> Relativamente à sua natureza:
- Positivas: 
obrigação de dar e restituir: - coisa certa
		 - coisa incerta
obrigação de fazer
- Negativas: obrigação de não-fazer
> Relativamente à sua liquidez:
- obrigações llíquidas
- ilíquidas
2. QUANTO AO SEU VÍNCULO
> Obrigação moral
> Obrigação civil
> Obrigação natural
3. QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO
> Obrigações simples e cumulativas
> Obrigações alternativas
> Obrigações facultativas
4. QUANTO AO TEMPO DE ADIMPLEMENTO
> Obrigação momentânea ou instantânea
> Obrigação de execução continuada ou periódica
5. QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS
> Obrigação pura
> Obrigação condicional
> Obrigação modal
> Obrigação a termo
6. QUANTO À PLURALIDADE DE SUJEITOS
> Obrigação divisível ou indivisível
> Obrigação solidária
7. QUANTO AO CONTEÚDO
> Obrigação de meio
> Obrigação de resultado
> Obrigação de garantia
VI.2. - OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS
> Obrigação principal
> Obrigação acessória
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
I - OBRIGAÇÕES EM RELAÇÃO AO SEU VÍNCULO
1. OBRIGAÇÃO CIVIL
- É a que, fundada no vinculum júris, sujeita o devedor à realização de uma prestação + ou - no interesse do credor, estabelecendo um liame entre os 2 sujeitos, abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade em caso de inadimplemento (obligatio), possibilitando ao credor recorrer à intervenção estatal para obter a prestação, tendo como garantia o patrimônio do devedor.
2. OBRIGAÇÃO MORAL 
- É a que, fundada no vinculum solius aequitatis, sem obligatio, constitui mero dever de consciência, sendo cumprida apenas por questão de princípios; logo, sua execução é mera liberalidade Portanto, é impossível constranger o devedor a cumprir a obrigação
- Ex> Obrigação decumprir determinação de última vontade que não tenha sido expressa em testamento, obrigação de socorrer pessoas necessitadas
3. OBRIGAÇÃO NATURAL
a) Conceito
- É aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora em caso de seu adimplemento, espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento e não de liberalidade
b) Características
- Não é obrigação moral
- Acarreta inexigibilidade da prestação
- Se for cumprida espontaneamente por pessoa capaz, ter-se-á a validade do pagamento
- Produz irretratabilidade do pagamento feito em seu cumprimento
- Seus efeitos dependem de previsão normativa
c) Efeitos
- Ausência do direito de ação do credor para exigir seu adimplemento
- Denegação da repetitio indebiti ao devedor que a realizou
- Não é suscetível de novação e de compensação
- Não comporta fiança
- Não lhe será aplicável o regime prescrito para os vícios redibitórios
d) Obrigação natural no direito brasileiro (art. 882, CC)
- Dívida prescrita (art. 882, 1ª parte)
- Dívidas para obter fim ilícito, imoral ou proibido por lei (art. 883)
- Débitos resultantes de jogo e aposta (arts. 814 e 815)
- Mútuo feito a menor, sem a prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver (arts. 588 e 589)
- Gorjetas a empregados de restaurantes, de hotéis, etc
- Comissão amigável outorgada a intermediários ocasionais em negócios imobiliários
e) Natureza
- Trata-se norma não autônoma, por não autorizar o emprego da coação com meio para conseguir a observância de seus preceitos, mas que tem juridicidade por se ligar essencialmente a uma norma que contenha tal autorização, visto que apenas estabelece negativamente o pressuposto da sanção.
II - OBRIGAÇÕES QUANTO AO SEU OBJETO
II.1 - QUANTO À NATUREZA DO OBJETO
1. OBRIGAÇÃO DE DAR (arts. 233 a 246)
- Pelo nosso sistema, a obrigação de dar não se constitui especificamente “na entrega” efetiva da coisa, mas num compromisso de entrega da coisa. A obrigação de dar gera apenas um direito à coisa e não exatamente um direito real. A propriedade dos imóveis ocorre precipuamente quando derivada de uma obrigação, pela transcrição do título no Registro de Imóvel; os móveis adquirem-se pela tradição, isto é, com a entrega da coisa.
	Assim, pelo nosso sistema, o vínculo obrigacional por si só não tem o condão de fazer adquirir a propriedade. 
- Assim, a obrigação de dar é aquela em que o devedor compromete-se a entregar uma coisa móvel / imóvel ao credor, quer para constituir novo direito, quer para restituir a mesma coisa a seu titular.
- A obrigação de dar pode comportar:
a) entrega de uma coisa: móvel ou não, certa ou incerta
b) a tradição realizada pelo devedor ao credor em fase de execução
c) a tradição constitutiva de direito
 Ex> transferência do título de propriedade de imóvel
d) a restituição de coisa alheia a seu dono
1.1. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (art. 233 a 237)
- Quando o objeto é constituído por um corpo certo e determinado
- Coisa certa: coisa cujas características podem ser determinadas (perfeitamente caracterizadas e individualizadas) e são distintas das outras coisas da mesma espécie o que foi objeto da obrigação (a coisa certa) é que servirá para o adimplemento da obrigação.
Ex> Há várias canetas bic mas tem que entregar uma caneta bic específica, o iate Cristina.
- É óbvio que a obrigação de dar coisa certa abrange-lhe os acessórios (art. 233), salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
- O princípio cardeal das obrigações de dar e sua persistência diante da obrigação de restituir – vide arts. 313 e 233
- Importância para esse tipo obrigacional da Teoria dos Riscos e seus atuais princípios (arts. 234 e ss)
- Teoria dos Riscos: Saber até que momento o devedor é obrigado a manter a integridade da coisa – geralmente é até a tradição. Se antes da entrega ocorre algo com o objeto (coisa certa) e não é culpa do devedor, fica como resolvida a obrigação. O credor tem direito a receber o $ de volta mas não a requerer perdas e danos
Perecimento x Deterioração (arts. 235, 236, 239, 240)
- Perecimento: é a perda total da coisa antes da tradição
- Deterioração: é a perda parcial da coisa antes da tradição
 Em ambos os casos, saber se há culpa ou não do devedor para saber se gerará perdas e danos ou não Perguntar: houve culpa do devedor? Se sim, gera perdas e danos
- Art. 313: “o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa” Idéia de que o credor não pode ser obrigado a receber uma coisa por outra. Assim, da mesma forma que o credor não pode ser obrigado a receber coisa diversa do avençado, ainda que + valiosa, não pode este mesmo credor exigir outra coisa ainda que menos valiosa. É corolário dessa regra o princípio pelo qual os contratos devem ser cumpridos tal qual foram ajustados (pacta sunt servanda). 
Para que se libere do débito com a entrega de outra coisa, mediante dação em pagamento (art. 356 - um dos meios de extinção das obrigações, onde uma coisa é dada por outra, mas com o consentimento do credor, consentimento esse que é essencial ao instituto), o devedor deverá celebrar um outro acordo com o credor, pq não lhe é permitido alterar, unilateralmente, o objeto da prestação. 
E, para que possa pagar sua dívida parceladamente, precisará tb efetuar novo pacto, se assim não estaca convencionado. Se, porventura, o devedor dessa modalidade de obrigações entregar ao credor uma coisa por outra, incidirá em erro, que o autoriza a demandar a repetição.
	Destarte, o credor pode aquiescer em receber outra coisa, nessa modalidade ora estudada, mas não pode ser obrigado a aceitar essa outra coisa.
	Não pode também o devedor adimplir a obrigação, substituindo a coisa que é seu objeto por dinheiro, pois estaria transformando arbitrária e unilateralmente uma obrigação simples em obrigação alternativa.
 O efeito da obrigação de restituir é análogo, mas deve ser levado em conta que nesse tipo o agente deve receber em retorno aquilo que já lhe pertence.
- O princípio da acessoriedade aplica-se à obrigação de dar coisa certa (art. 233). Trata-se de aplicação do princípio geral do art. 92 (“Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”). Ressalte-se, porém, que esse princípio pode não vingar se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. É exemplo o caso de locação de imóvel que necessariamente não abrange também a cessão de linha telefônica, salvo se expressamente exposto no contrato.
- O art. 233 (“A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”) deve ser c/c o art. 237, que diz
“Até a tradição, pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.”
 A contradição é apenas aparente. O devedor deve entregar os acessórios (art. 233), mas, se houver acréscimos na forma do art. 237, os chamados cômodos, pode o devedor cobrar por eles a respectiva importância.
 Note que os acessórios de que fala a lei são tanto aqueles de natureza corpórea como aqueles de natureza incorpórea. Ex> Ao se efetuar a entrega da coisa alienada, o alienante, por força de lei, assume a obrigação de responder pela evicção (conf. art. 447). Podem, no entanto, as parte abrir mão dessa garantia. A exclusão, contudo, deve vir de forma expressa.
1.1.1. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
- O devedor deverá não só velar pela conservação da coisa certa que deve entregar ao credor (art. 239), mas tb defendê-la contra terceiros, recorrendo, se necessário, aos meios judiciais.
	Entretanto, mesmo havendo prudência e diligência do devedor, pode ocorrer ao objeto:
a) Perda: desaparecimento completo da coisa para fins jurídicos. 
Ex> Se a coisa é destruída por incêndio ou é furtada, no sentido jurídico, houve perda, desaparecimentototal do objeto para fins patrimoniais.
b) Deterioração: perda parcial da coisa
Ex>Acidente que danifique parcialmente a coisa causa diminuição de seu valor, tendo em vista perda de parte de suas faculdades, de sua substância ou capacidade de utilização.
- A diretriz tomada pelo CC é separar o momento anterior e o posterior à tradição da coisa
- Quanto à responsabilidade na perda ou deterioração, o divisor de águas é a existência ou não de culpa por parte do devedor: 
1) Na perda
1.1) Se a coisa se perder sem culpa do devedor, (1) antes da tradição, ou (2) pendente condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes (Art. 234, 1ª parte)
 Ex> Se o devedor se obrigou a entregar um cavalo e este vem a falecer por ter sido atingido por um raio, no parto, desaparece a obrigação, sem ônus para as partes, devendo ambas voltar ao estado anterior. Isto é, se o cavalo já fora pago pelo comprador, evidentemente deve ser devolvido o preço, com atualização da moeda. Contudo, como não houve culpa, não se deve falar em perdas e danos. O fato de não ter havido culpa do devedor não pode significar um meio de injusto enriquecimento de sua parte, ou, do outro lado da moeda, injusto empobrecimento do comprador.
- Tratando-se de compra e venda, o prejuízo só será do vendedor, pois ele é o proprietário (art. 492, CC)
1.2) Sempre que houver culpa na perda, haverá direito à indenização por perdas e danos> art. 234, 2ª parte: se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor que a coisa tinha no momento em que pereceu) + perdas e danos.
 Conforme o art. 944: “A indenização mede-se pela extensão do dano” – as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
 Assim, se o devedor se obrigou a entregar um cavalo e este vem a falecer porque não foi devidamente alimentado, aplica-se este dispositivo. O devedor deverá pagar o valor do animal + o que for apurado em razão de o credor não ter recebido o bem, como por ex, indenização referente ao fato de o cavalo não ter participado de competição turfística já contratada pelo comprador, ou seu valor de revenda a que este comprador já se obrigara.
1.3) Se já ocorreu a tradição e a coisa vier a se perder logo em seguida, o risco deverá ser, então, suportado pelo comprador, que já é o seu dono, exceto se houve fraude ou negligência do vendedor.
2) Na deterioração (perda parcial) A deterioração da coisa traz sempre uma depreciação
2.1) Não sendo o devedor culpado, abrem-se 2 alternativas ao credor (art. 235):
a) extinguir (resolver) a obrigação, recebendo a restituição do preço, se já tiver pago, ou
b) aceitar a coisa, no estado em que ficou, abatendo-se em seu preço o valor da depreciação.
 Essa disposição fundamenta-se no entendimento de que o credor não pode ser obrigado a receber outra coisa, que não a efetivamente contratada. Com a deterioração, a coisa já não é a mesma e, portanto, não pode o credor ser obrigado a recebê-la. Daí a solução alternativa do CC.
 Assim, se o credor adquire um cavalo para corrida e o animal vem a contrair moléstia que o impede de competir, servindo apenas para a reprodução, o comprador poderá:
1) dar por resolvida a obrigação, se não + pretender a coisa, ou
2) receber o semovente, abatendo-se o preço respectivo, levando-se em conta o valor de um animal para reprodução e não + para competições.
2.2) Art. 236: ocupa-se da deterioração da coisa com culpa do devedor (enseja perdas e danos) Aqui, o credor terá a alternativa de:
receber a coisa no estado em que se achar, ou 
rejeitar a coisa, exigindo o equivalente (valor da coisa em dinheiro),
mas SEMPRE com direito a reclamar perdas e danos O valor da indenização será apurado, geralmente, por intermédio de perícia.
- Pelo que se viu, até a tradição da coisa, cabe ao devedor a obrigação geral de diligência e prudência em sua manutenção, devendo velar por sua conservação de defendê-la contra o ataque de terceiros, valendo-se, também, se for necessário, dos meios judiciais para atingir tal proteção É exatamente no exame da diligência do devedor que se vai apurar se houve culpa sua na perda ou deterioração da coisa, para a aplicação dos dispositivos ora examinados.
- A tradição da coisa faz cessar a responsabilidade do devedor. 
- Assim, se a coisa perece após a entrega, o risco é suportado pelo comprador. 
- No entanto, é claro que, mesmo após a entrega, se houve fraude ou negligência do devedor, este deve ser responsabilizado. Por outro lado, o credor pode ser colocado em mora, quando a coisa for posta à sua disposição no tempo, lugar e modo ajustados, correndo por conta dele os riscos (art.492 § 2°).
- Portanto, antes da entrega da coisa, tem aplicação o princípio res perit domino (a coisa perece para o dono), aplicado nos arts. 234 e 235. Este princípio é idêntico na obrigação de restituir (embora o mecanismo seja diverso) nos arts. 238 e 240 Portanto: havendo perda ou deterioração da coisa, sem culpa do devedor, nas obrigações de entregar ou restituir, é sempre o dono que arca com o prejuízo.
1.1.2. MELHORAMENTOS, ACRÉSCIMOS E FRUTOS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
a) Melhoramentos ou acréscimos
- Cômodos na obrigação: são os melhoramentos ou acrescidos que a coisa pode receber, no tempo compreendido entre a constituição da obrigação e a tradição da coisa São as vantagens produzidas pela coisa
- Enquanto não ocorrer a tradição, a efetiva entrega da coisa, esta pertence ao devedor e, por conseqüência, os melhoramentos e acrescidos pertencerão a ele (art. 237) Isso porque, assim como o devedor perde quando a coisa desaparece ou diminui de valor, deve ganhar quando ocorre o oposto, quando há aumento no valor da coisa
Ex> Compra de um animal que fique prenhe quando se der a tradição.
 Exceções: se o devedor promoveu o acréscimo / melhoramento com evidente má-fé, para tumultuar o negócio, ou dele obteve proveito, o princípio não deverá prevalecer.
- Observar a má ou boa-fé do devedor
- Pelo princípio legal do art. 237, fica bem clara a distinção feita em nossa lei para o momento em que nasce o direito real: enquanto não ocorrer a tradição (para os móveis) e a transcrição (para os imóveis), não há o direito real. Até esses fenômenos, só existe o direito obrigacional, pessoal; caso contrário, as regras dos riscos e dos cômodos (melhoramentos e acrescidos) da obrigação não se aplicam (Art. 237: deve haver razoabilidade na interpretação)
b) Frutos
- Frutos (art. 237, pu): são riquezas normalmente produzidas por um bem, podendo tanto ser uma safra como os rendimentos de um capital. No tocante às obrigações de dar coisa certa, o CC atém-se aos frutos naturais. Os frutos pendentes são do credor (são acessórios e acompanham o destino da coisa) e os percebidos são do devedor (já foram separados e já estão com o possuidor). 
1.1.3. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA (art. 328 a 242)
- É aquela que tem por objeto uma devolução de coisa certa, pelo devedor (coisa essa que, por qq título, encontra-se em seu poder) ao credor, que já era seu proprietário ou titular de outro direito real, em época anterior à criação da obrigação.
Ex> Comodato (empréstimo de coisas fungíveis), na locação e no depósito.
- Obrigação de dar x obrigação de restituir: na obrigação de dar, a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição, recebendo o credor o que, até então, não lhe pertencia. Na obrigação de restituir, pelo contrário, a coisa já pertencia ao credor, que a recebe de volta, em devolução.
1.1.3.1. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
1) Perda: 
1.1) Sem culpa do devedor (art. 238) vigora aqui o mesmo princípio res perit domino (a coisa perece para o dono): resolve-se a obrigação porque desapareceu seu objeto (“sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá”). Ressalva, contudo, a lei os direitos do credor até o dia da perda, tais como aluguéis, seguro, etc.
2.2) Por culpa do devedor: vigora o disposto no art. 239 – o devedor responde peloequivalente + perdas e danos 
- No comodato, o comodatário tem obrigação de restituir a coisa emprestada e responderá pelo dano ocorrido, ainda que derivado de caso fortuito / força maior, se antepuser a salvação de seus próprios bens, abandonando os bens emprestados (art. 583).
2) Deterioração:
2.1) Sem culpa do devedor: o credor deverá recebê-la, tal qual se ache, sem direito à indenização (art. 240). Não há direito à indenização.
2.2) Por culpa do devedor (art. 240, parte final + art. 239): o art. 240, parte final, diz que “se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239”, segundo o qual: “o devedor responderá pelo equivalente + perdas e danos” (o credor poderá exigir o equivalente ou aceitar a devolução da coisa, com perdas e danos)
1.1.3.2. MELHORAMENTOS, ACRÉSCIMOS E FRUTOS NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
a) Melhoramento ou acréscimo
Regra 1> Art. 241: Se, no caso do art. 238 (perda de coisa restituível sem culpa do devedor), sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
 Como a coisa já pertence ao credor, antes mesmo do nascimento da relação obrigacional, aumentado de valor, lucrará o credor, uma vez que para o acréscimo não concorreu o devedor. É o caso, por ex, do empréstimo de um objeto de outro. Se durante o empréstimo o ouro sofrer grande valorização, a vantagem é do credor.
Regra 2> Se a coisa sofre melhoramento ou aumento em decorrência de trabalho / dispêndio do devedor, o regime será o das benfeitorias (art. 242)
- Importa saber se o melhoramento ou acréscimo decorreu de boa ou má-fé do devedor:
 Boa-fé: (1) o devedor tem direito à restituição pelas benfeitorias necessárias e úteis; (2) quanto às benfeitorias não voluptuárias, se não for pago o respectivo valor, o devedor tem direito a levantá-las, desde que não haja detrimento para a coisa.
 Má-fé: só pode ser ressarcido pelas benfeitorias necessárias, sem direito de retenção 
Obs> O direito de retenção é um dos princípios que regem as benfeitorias. É o direito que o devedor de boa-fé tem, qual seja, o direito de deter a coisa, legitimamente, enquanto não indenizado das despesas e dos acréscimos que fez. São seus pressupostos:
1) a legítima detenção da coisa sobre a qual se pretende exercer o direito
2) a existência de um crédito por parte do detentor
3) a existência de um acréscimo do retentor 
b) Frutos
1) Devedor de boa-fé (art. 242 § único c/c 1.214): tem direito, enquanto a boa-fé durar, aos frutos percebidos (art. 1.214) Mas o art. 1.214, pu dispõe que “Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação”. A lei manda deduzir tais despesas para impedir o injusto enriquecimento.
- Art. 1.216: reprime o dolo e a má-fé
2) Devedor de má-fé (art. 1.216): “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio”.
1.1.4. EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
Ler no Venosa (p.93)
1.2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (art. 243 a 246)
- Consiste na entrega de um objeto, indicado de forma genérica no início da relação, e que vem a ser determinado posteriormente mediante um ato de escolha, na ocasião do seu adimplemento O art. 243 dizer que “a indicação da coisa será, ao menos, pelo gênero e qtd”. Ex> Dar 1 ton de trigo
- A prestação é indeterminada, porém suscetível de determinação, pois seu pagamento é precedido de um ato preparatório de escolha que a individualizará, momento em que a obrigação de dar coisa incerta se transmuda numa obrigação de dar coisa certa. Além disso, a prestação não apresenta indeterminação em sentido absoluto, pois a coisa incerta será indicada ao menos pelo gênero e quantidade, como por ex, 50 sacas de feijão, 10 cães, etc.
- Obs> Dinheiro é sempre coisa incerta
- Transitoriedade: é o estado momentâneo de indeterminação da coisa (= objeto indeterminável temporariamente) A coisa nasce como obrigação de dar coisa incerta mas depois, por ex, com a escolha do credor, passa a ser certa. Ex> Dar 1 kg de trigo peneirado, integral (art. 245).
 O estado de indeterminação é transitório. Logo, para que tal obrigação de dar coisa incerta seja suscetível de cumprimento, é preciso que a coisa indeterminada se determine por meio de um ato de escolha ou de seleção de coisas constantes do gênero, para que sejam, depois, enviadas ao credor.
	Essa escolha se efetiva com um ato jurídico unilateral designado concentração, que é a individualização da coisa, que se manifesta no momento do adimplemento da obrigação.
1.2.1. ESCOLHA DA COISA 
- Especificamente neste tipo de obrigação, há um momento precedente à entrega da coisa que é o ato de escolher o que vai ser entregue (concentração) Uma vez feita a escolha, (1) de acordo com o contratado ou (2) conforme estabelece a lei, a obrigação passa a ser regida pelos princípios da obrigação de dar coisa certa.
Art. 244 (para a escolha da coisa incerta): 
1°) Incumbe às partes estabelecer a quem cabe tal escolha
- Se a escolha é do credor, será ele citado para esse fim, sob pena de perder esse direito, caso em que o devedor deverá providenciá-la (art. 342).
2°) Não havendo, a escolha é do devedor
- A qld deve ser a média do gênero, nem pior e nem melhor
- Nada impede que a escolha seja cometida a um 3°, que desempenhará as funções semelhantes às de um árbitro
- Qualquer das partes poderá, pelo art. 630 CPC, impugnar a escolha feita pela outra no período de 48 hs, contadas da manifestação do exercício de escolha; sobre essa impugnação, o juiz decidirá de plano, ou, se for necessário, ouvindo perito por ele nomeado.
1.2.2. RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
- A responsabilidade do devedor aqui é maior do que na obrigação de dar coisa certa Isso pq, a obrigação de coisa certa, é uma obrigação específica; se a coisa se perde sem culpa do devedor, fica resolvida a obrigação. Já a obrigação de dar coisa incerta, é genérica. Como o gênero nunca perece, antes da escolha “não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito” (art. 246) 
 O princípio é o genus nunquam perit (o gênero nunca perece)
 É a Teoria dos Riscos: se, antes da escolha da coisa incerta, ocorre algo, o devedor não pode alegar deterioração ou perda. Assim, se alguém se obriga a entregar cem sacas de farinha de trigo, continuará obrigado a tal,ainda que em seu poder não possua referidas sacas.
Obs> Existem coisas genéricas de existência restrita, como, por ex, um vinho raro, um veículo que saiu de linha de fabricação. Para essas situações que por vezes causam certa perplexidade no caso concreto, o Projeto de Lei n° 6.960/2002 acrescenta uma 2ª parte à redação do mencionado art. 246: “salvo se se tratar de dívida genérica limitada e se extinguir toda espécie dentro da qual a prestação está compreendida”. No caso do vinho exemplificado, desaparecida a coisa nessa situação, poderá o devedor alegar perda ou deterioração. 
	Por outro lado, se o gênero se reduz a um n° muito restrito de unidades, a obrigação deixará de ser genérica, para se tornar alternativa. É a hipótese de alguém se obrigar a entregar cavalos de determinada linhagem e quando se dá o adimplemento só existem 2 ou 3. Aliás, existem muitos pontos de contato entre as obrigações genéricas e as obrigações alternativas.
2. OBRIGAÇÃO DE FAZER (arts. 247 a 249)
- Consiste na obrigação do devedor de realizar alguma atividade, seja física ou material, seja intelectual, artística ou científica.
Ex> Contrato para pintar a casa, escrever um livro.
- Uma obrigação de fazer pode ter conteúdo essencialmente jurídico, e não se manifestar. Ex> Pessoa assume uma obrigação de praticar ato jurídico (locar um apto)
2.1. Obrigações personalíssimas (inuito persone) ouobrigações de fazer de natureza infungível ou imaterial (arts. 247 e 248) 
- Ocorre quando o credor, escolhendo determinado devedor para prestar a obrigação, não admite substituição, gerando assim obrigação de fazer infungível e personalíssima. Isto em razão de o devedor ser um técnico especializado, um artista ou porque simplesmente o credor veja no obrigado qualidades essenciais para cumprir a obrigação.
- Ex> Contratar Caetano para escrever uma música
- A infungibilidade pode decorrer (1) da própria natureza da obrigação (como é o caso do Caetano), ou (2) do contrato – isto é, embora existam pessoas capacitadas para cumprir a obrigação, o credor não admite substituição. Aqui, surge um aspecto que deve ser analisado:
1) se as partes não estipulam expressamente a infungibilidade da obrigação de fazer, esta decorrerá das circunstâncias de cada caso. Isso é importante para as conseqüências do inadimplemento. Assim, dependerá do exame de cada caso concreto verificar se a figura do devedor pode ser substituída ou não, tendo em vista a natureza e as circunstâncias da obrigação, mercê do art. 247.
2) se as partes estipulam expressamente a infungibilidade, atenção! A infungibilidade das obrigações não depende mais da convenção das partes somente, pode ser decorrente das circunstâncias do caso, tanto que a regra contida no art. 878 do CC de 1916 não foi repetida.
2.2. Obrigações impessoais, fungíveis ou materiais (art. 249)
- Fungível: a pessoa do devedor é facilmente substituível; quando qq um pode fazer
- Recusa ou mora do devedor: art. 249
“Se o fato puder ser executado por 3°, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido”.
2.3. Descumprimento das obrigações de fazer contraídas contratualmente
Impossibilidade:
- As obrigações de fazer podem ser descumpridas por 3 classes de razões diferentes:
a) impossibilidade sem culpa do devedor (arts. 248 e 106): fica extinta a obrigação (art. 106> A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado). Esta impossibilidade pode ser gerada por 3° ou caso fortuito/força maior.
b) impossibilidade com culpa do devedor (art. 248, 2ª parte): responde por perdas e danos (gera indenização)
 Perdas e danos (art. 402): indenização não só pelo que perdeu (danos emergentes: danos efetivamente sofridos) mas tb pelo que deixou de ganhar (lucros cessantes)
c) o devedor manifestamente se recusa ao cumprimento delas
- Recusa do devedor por obrigação personalíssima (recusa de fazer: entendida como culpa do devedor )> art. 247: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível”.
Obs> O entendimento atual do STJ é no sentido da adoção da execução específica das obrigações de fazer (fungíveis e infungíveis), como se pode verificar dos arts. 287, 461, § 1° e § 2° e 644, CPC, que estabelecem uma multa diária denominada ADSTREINTE / art. 84, CDC (RSTJ 25/389).
 Enquanto a obrigação de fazer não for cumprida, o devedor tem que pagar uma multa cominatória diária, de índole pecuniária, por dia de atraso no cumprimento da obrigação (adstreinte).
2.4. OBRIGAÇÃO DE DAR E DE FAZER
- Regra: examinar cada obrigação em separado
- Ex> Na compra e venda, o vendedor contrai a obrigação de entregar a coisa (um dar), bem como de responder pela evicção e vícios redibitórios (um fazer)
- Ex> Na empreitada, o empreiteiro contrai a obrigação de fornecer mão-de-obra (fazer) e de entregar os materiais necessários (dar)
3. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (art. 250 e 251)
- Consiste em uma obrigação na qual o devedor se compromete à abstenção de realizar algo, sendo que, se não houvesse essa proibição, normalmente ele poderia fazer
- Ex> Obrigação de artista da TV Globo de não dar entrevista a outras emissoras; obrigação contraída pelo locatário de não sublocar a coisa.
- Impossibilidade e inadimplemento: análogos à da obrigação de fazer
Impossibilidade (art. 250): quando for impossível que o devedor se abstenha do ato, extingue-se a obrigação de não fazer, desde que não haja culpa do devedor.
Inadimplemento 
a) Sem culpa: extingue a obrigação
b) Culpa: perdas e danos (art. 251) praticado pelo devedor o ato, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Estes tb podem ser exigidos quando for impossível voltar-se ao estado anterior
Art. 251, pu: Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
- A indenização aqui é maior porque, por ex, no descumprimento da obrigação de não se revelar segredo sobre a fórmula de um remédio, o mal já foi feito (já foi revelado)
VI - OBRIGAÇÕES COMPOSTAS
OBRIGAÇÕES SIMPLES: de dar, fazer, não fazer – têm um só sujeito em cada pólo ou um só objeto
 Primeiramente, identifica-se qual o tipo de obrigação (simples ou composta) para depois saber qual solução será dada ao caso. Então, se há um só credor, um só devedor e uma só obrigação, esta será do tipo simples – a partir daí, classificar em obrigação de dar, fazer ou não fazer para se saber a disciplina legal
OBRIGAÇÕES COMPOSTAS: possuem
1) Pluralidade do objeto: pode ser cumulativa / alternativa / facultativa
2) Pluralidade de sujeito: pode ser divisível / indivisível
				 solidária / não solidária
- As obrigações compostas têm o mesmo objeto (dar/fazer/não fazer) que as obrigações simples mas quando há + de um objeto ou + de um sujeito em cada um dos pólos, a disciplina legal a ser aplicada é a das obrigações compostas.
1. CLASSIFICAÇÃO – QUANTO À PLURALIDADE DO OBJETO
a) OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
- Quando o objeto é composto por uma prestação alternativa> ou seja:
- há um só vínculo (uma só obrigação), mas
- há uma pluralidade de prestações (pluralidade de objetos)
- É a única com disciplina legal 
- Fica cumprida com a execução de qq das prestações que formam o seu objeto
- Ex> Ana (devedora) pode pagar à Bia (credora) um “carro” ou “1.000” ou é a partícula que define esta obrigação
- Características:
o seu objeto é plural ou composto
as prestações são independentes entre si
concedem um direito de opção que pode estar a cargo do devedor, do credor ou de 3° e enquanto este direito não for exercido, pesa sobre a obrigação uma incerteza acerca de seu objeto o credor não poderá exigir a entrega da coisa. Somente quando é feita a escolha, é que o credor pode exigir o pagamento
feita a escolha, a obrigação concentra-se na prestação escolhida
- A grande utilidade desta obrigação é aumentar a possibilidade de adimplemento por parte do devedor, aumentando as garantias do credor
- A obrigação alternativa permite combinar as obrigações de dar, fazer e não fazer. Pode incluir os + variados objetos na prestação, pode representar abstensões. 
Ex> Pode ser estipulada, por ex, a obrigação alternativa de não se estabelecer comercialmente em determinada área, ou pagar quantia mensal, caso ocorra tal estabelecimento.
a.1) MOMENTO DA ESCOLHA
- Momento da escolha ou momento da concentração do débito ou escolha: aqui se define qual prestação será realizada A partir daí, as conseqüências jurídicas passam a ser de uma obrigação simples. Esse é o efeito fundamental da concentração, ou seja, converter uma obrigação alternativa em obrigação de coisa certa. 
- Quem vai escolher? Regra geral: cabe ao devedor (art. 252), “a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou” (no silêncio das partes ou se as partes nada acordaram)
- Se surge dúvida no contrato acerca de a quem cabe a escolha o ponto obscuro deve resolver-se a favor do devedor, seguindo a regra de que, na dúvida, as convenções são interpretadas a favor do devedor.
- Cumprimento de umadas prestações, na sua totalidade> art. 252 § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra isso se deve ao fato de os objetos das prestações serem independentes entre si
Ex> Se há 2 alternativas: “fazer a reforma da garagem” ou “pagar 1.000”, deve-se cumprir uma delas, na sua totalidade.
Se há danos a ambos os objetos, salvando-se parte de um e parte de outro, e a escolha cabe ao credor: o credor pede o cumprimento de um dos objetos, com a complementação de uma indenização.
- § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
Ex> Pagar a mensalidade da faculdade: “1.000 a cada mês” ou “12.000 ao final de cada ano” Como o período é de 1 ano e a obrigação é de 5 anos, a cada ano (período em que ocorrerá o pagamento), poderá o devedor optar diversamente.
- § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles para a escolha da prestação, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
- § 4º Se o título deferir a opção a 3°, e este (1) não quiser, ou (2) não puder exercê-la (morreu, sofreu acidente), a escolha caberá ao credor e devedor. Caso não haja concordância, a escolha caberá ao juiz.
a.2) IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
- Aqui se distinguem 2 hipóteses:
1) Impossibilidade de alguma(s) da(s) prestação(ões)
Ex> Se uma das prestações era de pintar a garagem mas houve um terremoto e não existe + garagem 
1°) Observar se há culpa ou não do devedor (“o devedor foi responsável pela impossibilidade?”) – art. 253
- se há culpa: perdas e danos
- se não há culpa: normalmente extinguiria a obrigação mas neste caso NÃO extingue porque a obrigação ainda pode ser cumprida através da prestação que subsiste Art. 253: Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra
2°) Observar a quem cabia a escolha:
a) Se a escolha cabia ao devedor, não será relevante o fato de ter havido culpa dele ou não, pois restará a outra obrigação. Diz-se que houve uma “escolha ou concentração ficta”, isto é, presume-se que a escolha do devedor foi pela prestação que restou. Não há possibilidade de requerer perdas e danos (é, portanto, exceção, pois a regra é que o devedor arque com perdas e danos, caso tenha culpa)
b) Se a escolha não competia ao devedor e este agiu com culpa na impossibilidade da prestação: o credor tem a opção de (art. 255):
escolher a prestação subsistente (a que persiste) ou
exigir o valor da opção que se tornou impossível + perdas e danos 
As persas e danos são exigíveis se, por ex, o cavalo que iria ser entregue morreu por não ter sido alimentado pelo devedor, e o credor iria aferir lucros com outro contrato de promessa de compra e venda
2) Impossibilidade de todas as prestações
a) Se não há culpa do devedor: extingue-se a prestação (art. 256)
b) Se há culpa: verificar tb a quem caberia a escolha:
- se era do devedor: o devedor pagará o valor relativo à última prestação que se impossibilitou + perdas e danos (art. 254)
Ex> 3 prestações alternativas: X, Y e W que se impossibilitaram sucessivamente, sendo a prestação W a última que subsistiu o devedor paga o valor relativo à prestação W + perdas e danos
- se era do credor (art. 255): pode exigir o valor de qq uma das prestações + perdas e danos
b) OBRIGAÇÃO CUMULATIVA
- Tem no seu objeto várias prestações, sendo que a partícula que a caracteriza é e
Ex> Pagar 1.000 e fazer um armário A obrigação não se cumpre só com uma das parcelas
- Como não existe disciplina própria, aplica-se a disciplina de cada uma das obrigações que compõe o seu objeto. No exemplo dado, é a disciplina legal da obrigação de dar coisa incerta e fazer.
c) OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
- Já nasce com objeto determinado (a escolha já foi feita) mas há a faculdade do devedor cumprir prestação diversa.
	Obrigação facultativa
	Obrigação alternativa
	- A obrigação já é constituída com uma opção (a prestação já está definida), já há uma determinabilidade do objeto
	- Não há uma determinabilidade do objeto – a definição só ocorre após a escolha da obrigação.
	- A faculdade é do devedor
	- A escolha pode ser feita não só pelo devedor, mas também pelo credor ou 3°
2. CLASSIFICAÇÃO – QUANTO À PLURALIDADE DE SUJEITO
2.1. QUANTO À DIVISIBILIDADE
a) OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL
- Será divisível se o objeto da obrigação for divisível
- Regra: divisibilidade da obrigação – isto é: cada credor só recebe parte do débito e cad devedor só se obriga com a sua parte igual do débito
 Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
- Exceção: a indivisibilidade e solidariedade da obrigação
I) Pluralidade de credores> regra: divisão = entre os credores
- Se o devedor paga equivocadamente a mais para um dos credores e a menos para outro, terá que desembolsar a mais para cobrir sua dívida com este
II) Pluralidade de devedores> regra: divisibilidade da obrigação – o credor só pode exigir de cada devedor, prestações iguais
b) OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL
- São aquelas cuja prestação tem por objeto uma coisa /fato indivisível (art. 258), pelos seguintes motivos: (a) por sua natureza, (b) por motivo de ordem econômica, ou dada (3) a razão determinante do negócio jurídico.
- A obrigação indivisível pode ser tanto de coisas como de fatos:
- coisa: observar se a coisa é divisível
- prestação de fatos: normalmente não pode ser fracionada. Ex> Obrigação de fazer um quadro Mas poderá ser em alguns casos, por ex, prestação de serviços (posse fazer um serviço para Ana em uma parte do mês, e para Bia na outra parte do mês)
- Art. 258: prevê várias causas de indivisibilidade 
b.1) EFEITOS DA INDIVISIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
- Há 2 hipóteses:
a) Pluralidade de devedores
- Principal efeito: cada devedor será obrigado pela dívida toda Art. 259: Se, havendo 2 ou + devedores, a prestação for indivisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
- Ex> Havendo os devedores A, B, C e o devedor D Se os devedores B e C não pagam, poderá D exigir de A o pagamento da dívida em sua integralidade, ainda que ele só deva uma parte. Diz-se, com isso, que o devedor que paga a dívida toda se sub-roga nos direitos do credor Quer dizer, A pode exigir de B e C o ressarcimento.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
b) Pluralidade de credores
- Ex> Havendo os credores A, B, C e o devedor D
1) Se D for demandado por B e C a entregar a dívida (por ex, um cavalo), ele será obrigado a entregar.
2) Para se resguardar, deverá exigir de A um documento no qual conste a concordância de que o pagamento se faça a um só deles (caução de ratificação) 
 Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
3) Se não fizer isso e A não receber o cavalo, A poderá exigir em juízo o pagamento (D não terá se eximido da obrigação). O pagamento poderá se feito em $ (art. 261).
 Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
- Obs> Formas de extinção de obrigação em que não ocorre o pagamento:
a) Remissão: o credor perdoa a dívida
b) Transação: a extinção se dá por meio de acordos recíprocos
c) Novação: extinção por meio da inovação em alguns dos elementos da obrigação (por ex, alteração no sujeito, no objeto)
d) Compensação: as partes obrigadas são reciprocamente devedor e credor
e) Confusão: o credor e o devedor passam a ser a mesma pessoa
 Ex> José é credor de Maria e concede seu crédito a ela
- Remissão de dívida por um dos credores> Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros;mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
§ único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
- Ex> Supondo que haja uma pluralidade de credores A, B, C, onde o objeto é indivisível (cavalo), e o devedor seja D
1) Se A perdoa a dívida de D (remissão), mesmo assim a obrigação persiste em relação aos d+ credores (D continua com a obrigação a B e C)
2) Quando D entregar o cavalo a B e C, este pagarão à D o que corresponde à parte de A (= parte perdoada)
IMPOSSIBILIDADE
- No caso de impossibilidade da prestação indivisível em que há ressarcimento com perdas e danos, a obrigação, que era indivisível, converte-se em divisível
 Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
- Na obrigação indivisível com pluralidade de credores:
a) se só um devedor tem culpa, só ele responde por perdas e danos; os outros ficam exonerados (art. 263 § 2º)
b) se todos os devedores têm culpa, todos respondem por perdas e danos (art. 263 § 1º)
2.2. QUANTO À SOLIDARIEDADE
- Solidariedade: 
ativa: qdo há pluralidade de credores
passiva: pluralidade de devedores
mista: pluralidade de ambos
- Solidariedade: quando na mesma obrigação concorre + de um credor (com direito à dívida toda), ou + de um devedor (obrigado à dívida toda) (art. 264)
- Características:
a) A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes (art. 265)
- Lei: por ex, na prática de um ato ilícito, em que os 2 autores devem responder
- Vontade: locatário e fiador
- Deve existir a expressão “solidária” ou similar que indique essa obrigação
b) Existência de uma relação interna e outra externa
- Relação interna: dentro do conjunto de credores e dentro do conjunto de devedores (credores entre si e devedores entre si)
- Relação externa: relação entre os pólos ativo (credores) e passivo (devedores)
c) O vínculo que se estabelece entre os vários credores ou entre os vários devedores é considerado independente, embora seja única a obrigação. Isso possibilita que seja estabelecida uma regra diferenciada
 Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
a) Solidariedade ativa
- Ocorre quando há pluralidade de credores
- Regra: são os casos em que os credores são co-proprietários de um bem, ou de uma conta conjunta, ou de um cofre dentro de um banco, etc.
- Implicações:
- Cada um dos credores pode exigir do devedor o pagamento da dívida toda
- O devedor pode pagar a dívida a qq dos credores
- Cada credor pode exigir o pagamento parcial, podendo até exigir além de sua parte
- Ex> A e B são credores de D:
1) D poderá pagar tanto a A como a B
 Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
2) Mas se A exige de D o pagamento da dívida, ele deverá dar preferência ao credor que lhe exigiu o pagamento. 
 Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
3) Pagando, está livre da obrigação (extingue-se a relação externa)
 Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
4) Há, portanto, uma ordem de preferência em razão de uma demanda que lhe foi feita
5) Se o devedor paga ao credor que NÃO lhe demandou, não terá se eximido da obrigação. Assim se ele tiver pago a B, e B sumir com o $, D terá que pagar, novamente, a A.
- Ex> Se a dívida é de 1.000 e A exige 600 a D, persiste 400 a ser pago de forma solidária
Remissão
- A regra do art. 272 (“O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”) se aplica à remissão e às outras formas de extinção.
Ex> Supondo que A tenha perdoado a dívida de D, o perdão atingirá a dívida toda e D se desobrigará O credor que perdoa se responsabiliza perante os outros credores.
- Pode ocorrer a remissão parcial, em que o credor que perdoa exime o devedor apenas na sua parte. Os d+ credores continuam com o direito de receber suas partes.
Perdas e danos
- Na solidariedade, mesmo que a prestação se torne impossível e seja cabível o pagamento de persas e danos, a obrigação continua sendo solidária (diferente da obrigação indivisível que, com as perdas e danos, passava a ser divisível). Aqui se aplicam as regras já estudadas.
- Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
b) Solidariedade Passiva
- Ocorre quando existirem vários devedores, sendo cada um obrigado à dívida toda
- O credor pode exigir o pagamento integral ou parcial da dívida de qq um dos devedores – a escolha é do credor
 Art. 275, caput. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os d+ devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
- Vantagem: maior possibilidade do credor recebe o seu crédito ( se um dos devedores é insolvente, o outro arcará com o prejuízo cessa a relação externa mas continua a interna)
- Ex> X é credor dos devedores Y e Z de R$ 10.000:
1) Se X exige de Y o pagamento de 5.000, a obrigação se extingue em relação ao que foi pago (5.000) mas permanecerá quanto ao restante A solidariedade continua: o credor continua podendo exigir de X ou Y o pagamento do restante. 
 O fato do credor exigir o pagamento parcial de um dos devedores não significa a renúncia da solidariedade 
 Art. 275. § único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Remissão de um ou + devedores
- Se o credor perdoa a dívida de um dos devedores, esse perdão só atinge esse devedor. Na parte que o devedor perdoado deveria pagar, há uma extinção da dívida. 
- Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
- Ex> No exemplo dado, se X tiver perdoado Y, este sairá da obrigação (se Z não pagar, Y não será obrigado a pagar)
- Ex> X é credor de R$ 9.000 em relação a T, Y, Z (cada um deve 3.000)
1) Se X perdoa Y, a parte deste no débito de 9.000 se extingue.
2) T e Z poderão ser demandados ao pagamento total / parcial da dívida restante, que agora é de 6.000.
Pagamento total da dívida
- O devedor que paga a dívida toda passa a ser credor dos d+ devedores. Se um deles se torna insolvente, os d+ arcarão com o ônus da insolvência.
- Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
- Ex> M, credor de N, P, Q, pode exige de qq um destes o pagamento total da dívida. 
1) Se N pagou, passará a ser credor dos d+ devedores (se não há previsão expressa, presume-se que cada devedor deva em partes =) extingue-se a obrigação, mas a relação interna se mantém
2) Se um dos devedores se torna insolvente na relação interna, seria injusto que o devedor que pagou a dívida toda arcasse com o prejuízo. Assim, cada devedor arca com a parte do devedor insolvente (arca com o ônus da insolvência).
Assim, se N pagou a dívida toda e depois exige de P e Q que paguem suas partes mas P não paga, N e Q arcarão com o ônus da insolvência.
Perdão da solidariedade
- Além da possibilidade do perdão da dívida, o credor poderá perdoar um dos devedores da solidariedade. Assim se for exigido a ele que pague a dívida toda, ele poderá alegar o benefício da divisão. Se outro devedor paga a dívida toda e vem a exigir que ele (o devedor que foi perdoado da solidariedade) pague sua parte mas ele não paga (isto é, torna-se insolvente dentro da relação interna), muito embora ele não seja + devedor solidário, deverá pagar (permanece a regra anterior e, portanto, os d+ devedoresdeverão arcar com a sua parte).
 Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, os exonerados da solidariedade pelo credor contribuirão também, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
- Ex> Ana (credora)
Devedores:
- Bruna: paga a dívida toda
- Carlos: exonerado da solidariedade só pode ser exigido dele 3.000 mas, no caso de haver devedor insolvente, ele terá que pagar com essa insolvência (art. 284)
- José: insolvente
 
Portanto, muito embora Carlos tenha sido exonerado da solidariedade, persiste a regra de que os devedores arcam com a parte do insolvente
- Quando a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores (art. 285): o interessado responderá por toda a dívida para com aquele que pagar.
Ex> Se A (locador) exige de B (locatário) o pagamento da dívida de 9.000 (aluguéis atrasados + multa) e ele paga, a relação externa acaba. Como a obrigação é solidária, B poderia cobrar de D (fiador) o pagamento de sua parte (4.500) mas, como o único interessado na dívida é B, só ele se obriga. Ele não poderá cobrar de D o pagamento de 4.500. D só seria obrigado ao pagamento se B não tivesse efetuado o pagamento.
Impossibilidade da prestação
a) Se só um dos devedores causou a impossibilidade (art. 279):
- culpado (o que causou a impossibilidade): responde pelas perdas e danos
- demais: subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente.
b) Se são vários culpados: cada qual responde no limite da sua culpa
- Se for o caso de se pagar perdas e danos + o equivalente, a solidariedade persiste
- Ex> Se A, B e D são co-proprietários de um carro (devedores solidários) e se comprometem a entrega-lo a uma transportadora A, culposamente, causa incêndio no carro, causando a impossibilidade da prestação Todos responderão, solidariamente, pela entrega do equivalente + perdas e danos

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