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AFO para Auditor do TCU (com aulas ao vivo) 
Aula 00 
Prof. Graciano Rocha 
 
 
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Saudações, caros alunos! 
Este é nosso curso de Administração Financeira e Orçamentária para 
Auditor do Tribunal de Contas da União – Auditoria Governamental, com 
vistas à preparação para o concurso recém-lançado para a Corte de Contas. 
Inicialmente, vamos às apresentações: eu me chamo Graciano Rocha 
Mendes, sou Consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados; professor de 
Orçamento Público e de matérias correlatas em Brasília e na internet; 
Especialista em Orçamento Público pelo Instituto Serzedello Corrêa (ISC/TCU). 
Devo destacar aqui uma informação bastante motivadora: o Tribunal é 
reconhecido como um dos órgãos que reúnem os melhores atrativos 
para os servidores! Tanto que, em 2014, foi eleito pela Revista Você S/A 
como a melhor instituição pública para se trabalhar no Brasil. 
Nos seis anos que passei como Auditor do TCU, pude comprovar 
diariamente o quanto valeu a pena estudar para esse concurso. Compartilhando 
mais as razões que me deixaram tão satisfeito, e para conhecer melhor o 
ambiente, o trabalho, a carreira, enfim, os benefícios da vida funcional no TCU, 
convido-o a ler o texto que escrevi para o projeto “Conheça Minha Carreira”, 
aqui mesmo no site do Ponto. Garanto que você vai se sentir ainda mais 
motivado(a) para estudar! 
Vamos falar de nosso curso. Costumo dizer que uma grande vantagem desse 
curso online está na agregação da matéria em uma só publicação. Se você 
tentar reunir, por conta própria, todas as referências necessárias para cobrir o 
edital, vai amontoar mais de uma dezena de normativos – que não vai utilizar 
completamente –, além de livros e materiais esparsos. 
Com nossas aulas, além de ter acesso a todo o conteúdo, bem mastigado, você 
ainda verá os comentários e ênfases conforme o comportamento do CESPE nos 
últimos anos. 
Algumas questões serão comentadas durante a própria aula, ilustrando a forma 
de cobrança recente do assunto. Outras serão propostas ao final, para 
resolução individual. 
Aula 00 
 
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Para quem quiser se exercitar antes da resolução, as questões comentadas 
durante as aulas estarão reproduzidas ao final dos arquivos, sem gabarito 
visível, para quem quiser enfrentá-las “em estado puro”, juntamente com as 
não comentadas. O gabarito de todas ficará na última página. 
Adicionalmente, aviso que nesse curso teremos, como um “plus” para 
sua preparação, aulas ao vivo para os alunos, a partir da plataforma de 
vídeo do Ponto dos Concursos. Nessas aulas, trataremos de pontos 
complicados do conteúdo, resolveremos questões mais polêmicas, 
repassaremos dicas e, conforme o tempo disponível, tiraremos dúvidas 
dos alunos espectadores. Essas aulas, que terão entre 60 e 90 minutos 
cada, serão ministradas provavelmente nos domingos 28/6 e 13/7, às 
10h. 
Dito isso, segue o programa de nosso curso, reproduzido do edital e dividido em 
seis aulas, além desta demonstrativa: 
 
Aula Conteúdo Programático Data 
00 Orçamento público: conceitos e princípios. – 
01 
Funções do Governo. Falhas de mercado e produção de 
bens públicos. Políticas econômicas governamentais 
(alocativa, distributiva e estabilizadora). Federalismo 
Fiscal. 
15/6 
02 
Evolução conceitual do orçamento público. Orçamento-
Programa: fundamentos e técnicas. Ciclo orçamentário: 
elaboração da proposta, discussão, votação e aprovação 
da lei de orçamento. Programação de desembolso. 
22/6 
03 
Orçamento público no Brasil: Títulos I, IV, V e VI da Lei 
nº 4.320/1964. Orçamento na Constituição de 1988: 
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias 
(LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA). Plano Plurianual 
(PPA): estrutura, base legal, objetivos, conteúdo, tipos 
de programas. Decreto nº 2.829/1998. Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO): objetivos, Anexos de Metas 
Fiscais, Anexos de Riscos Fiscais, critérios para limitação 
de empenho. Leis de Créditos Adicionais. Mecanismos 
retificadores do orçamento. 
26/6 
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Extra Aula ao vivo (I): conteúdo acumulado até a aula 03 28/6 
04 
Classificação da receita pública: institucional, por 
categorias econômicas, por fontes. Execução 
orçamentária e financeira: estágios e execução da 
despesa pública e da receita pública (I). 
29/6 
05 
Classificações orçamentárias. Classificação da despesa 
pública: institucional, funcional, programática, pela 
natureza. Execução orçamentária e financeira: estágios e 
execução da despesa pública e da receita pública (II). 
6/7 
06 
Tópicos selecionados da Lei Complementar nº 101/2000: 
princípios, conceitos, planejamento, renúncia de receitas, 
geração de despesas, transferências voluntárias, 
destinação de recursos para o setor privado, 
transparência da gestão fiscal, prestação de contas e 
fiscalização da gestão fiscal. Conta Única do Tesouro 
Nacional: conceito e previsão legal. Gestão organizacional 
das finanças públicas: sistema de planejamento e 
orçamento e de programação financeira constantes da Lei 
nº 10.180/2001. 
10/7 
Extra Aula ao vivo (II): conteúdo acumulado até a aula 06 13/7 
 
OK, vamos estudar, que é o que interessa! Boa aula! 
 
GRACIANO ROCHA 
 
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SUMÁRIO 
ORÇAMENTO PÚBLICO ............................................................................................. 5 
Conceitos .................................................................................................................................. 5 
Tipos de orçamento .................................................................................................................. 9 
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ................................................................................. 9 
Legalidade ................................................................................................................................ 9 
Unidade/totalidade ................................................................................................................ 13 
Universalidade ....................................................................................................................... 17 
Orçamento Bruto .................................................................................................................... 19 
Anualidade/Periodicidade ...................................................................................................... 21 
Exclusividade .......................................................................................................................... 23 
Não Afetação/Não Vinculação ................................................................................................ 26 
Especificação/Especialização/Discriminação ........................................................................... 30 
Clareza ................................................................................................................................... 34 
Equilíbrio ................................................................................................................................ 35 
Publicidade .............................................................................................................................37 
RESUMO DA AULA ................................................................................................. 40 
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ................................................................. 42 
QUESTÕES ADICIONAIS .......................................................................................... 47 
GABARITO ............................................................................................................. 50 
 
 
 
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ORÇAMENTO PÚBLICO 
Conceitos 
Reconhece a doutrina que o orçamento nasceu como instrumento de controle 
e limitação dos gastos do governo (principalmente o Poder Executivo) por 
parte do Legislativo. Os documentos “antepassados” da peça orçamentária 
confirmam essa sistemática: 
 com a Magna Carta, de 1215, os nobres ingleses impuseram ao rei João 
Sem Terra a aceitação da regra de que a cobrança de tributos só ocorreria 
mediante aprovação do Conselho Comum; 
 ainda na Inglaterra, a “Bill of Rights” (Carta de Direitos), em 1689, 
confirmou a regra de que a arrecadação de impostos deveria ser autorizada 
pelo Parlamento; 
 a Constituição Francesa, promulgada em decorrência da Revolução de 
1789, estabeleceu que cabia aos representantes do povo a votação dos 
impostos; ainda antes dela, a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão afirmava que “Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou 
pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de 
consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a 
repartição, a coleta, a cobrança e a duração”; 
 nos EUA, em contraposição ao domínio inglês, a Assembleia Nacional da 
Virgínia, em 1765, decidiu que somente ela, a Assembleia, tinha o poder 
de exigir impostos dos habitantes da colônia. 
O orçamento público, como solicitação do Executivo ao Legislativo para 
arrecadar receita e efetuar gastos, tem seu nascimento reconhecido em 1822, 
quando o chanceler do Erário da Inglaterra apresentou ao Parlamento um 
documento com esse teor. 
Há uma variedade considerável de formas de conceituar o orçamento, das quais 
podemos destacar as seguintes: 
 lista de receitas e de despesas do governo, para execução em 
determinado período; 
 instrumento de controle dos gastos do governo pelo Legislativo, como 
mencionado acima; 
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 documento de divulgação das atividades e serviços a serem prestados 
pelo governo, com a discriminação dos respectivos custos e origens dos 
recursos; 
 instrumento de concretização do planejamento governamental, com vistas 
ao alcance dos objetivos e metas aprovados para determinado período. 
Vistos esses apontamentos, trataremos da forma como o orçamento público 
teve sua evolução no Brasil, utilizando as Constituições como marcos. 
 
Constituição Imperial de 1824 
O art. 172 da primeira Constituição brasileira asseverava: 
O ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros ministros os 
orçamentos relativos às despesas das suas repartições, apresentará na Câmara 
dos Deputados anualmente, logo que esta estiver reunida, um balanço geral da 
receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o 
orçamento geral de todas as despesas públicas do ano futuro e da importância 
de todas as contribuições e rendas públicas. 
O artigo acima indica que, numa sessão específica do Parlamento, o Ministro da 
Fazenda deveria apresentar um “balanço geral” da receita e da despesa do ano 
anterior (equivalente à publicação dos demonstrativos contábeis hoje em 
dia), bem como o “orçamento geral”, que representava a conjunção dos 
orçamentos dos Ministérios, com o total das despesas e das receitas. 
Assim, nesse período, foi atribuída ao Executivo a elaboração da proposta 
orçamentária, ao passo que a aprovação cabia à Assembleia Geral (Câmara e 
Senado em conjunto) – ou seja, em essência, tratava-se do sistema 
orçamentário atualmente em vigor. 
Por outro lado, a criação de impostos dependia de projetos da iniciativa 
privativa da Câmara dos Deputados; atualmente, a iniciativa em matéria 
tributária pertence ao Presidente da República. 
 
Constituição de 1891 
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A partir da proclamação da República, a elaboração do orçamento passou 
às atribuições do Congresso Nacional, assim como a tomada de contas do 
Poder Executivo. 
Com essa nova sistemática, coube à Câmara dos Deputados a iniciativa de 
elaboração do orçamento público brasileiro, mas, na prática, o projeto de lei 
orçamentária sempre foi elaborado pelo Ministério da Fazenda, que o 
repassava à comissão de finanças da Câmara para dar início ao trâmite 
legislativo. 
Também nesse período deu-se a criação do Tribunal de Contas da União, 
com o fito de auxiliar o Parlamento no controle externo das contas públicas. 
Com a aprovação do Código de Contabilidade da União em 1922, 
ordenaram-se procedimentos orçamentários, financeiros, patrimoniais e 
contábeis, que racionalizaram a administração financeira federal; e, quanto à 
iniciativa da lei orçamentária, o Código legalizou a práxis já observada, 
dispondo que caberia ao Executivo enviar “proposta de fixação da despesa” e 
“cálculo geral da receita” à Câmara dos Deputados, para que esta formulasse o 
projeto de lei orçamentária – assim garantindo o mandamento constitucional 
relativo à iniciativa da lei do orçamento. 
 
Constituições de 1934 e 1937 
Com a primeira Constituição do governo Vargas, algumas mudanças (“voltas ao 
passado”, por assim dizer) ocorreram na órbita orçamentária: a iniciativa do 
projeto de lei do orçamento reverteu à alçada do Presidente da República; 
o Legislativo o aprovava e julgava as contas do governo. 
A Constituição de 1937 reforçou a já iniciada centralização de atribuições no 
Poder Executivo, inclusive quanto à matéria orçamentária. Conforme o 
professor James Giacomoni, 
(...) a elaboração orçamentária foi tratada com destaque, merecendo um 
capítulo especial com seis artigos. Segundo essas disposições, a proposta 
orçamentária seria elaborada por um departamento administrativo a ser 
criado junto à Presidência da República e votada pela Câmara dos 
Deputados e pelo Conselho Federal (uma espécie de Senado que contaria 
também com dez membros nomeados pelo presidente da República). A 
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verdade é que essas duas câmaras legislativas nunca foram instaladas e o 
orçamento federal foi sempre elaborado e decretado pelo chefe do poder 
Executivo. Já em 1939, o regime estado-novista liquidou com o que 
restava de autonomia dos Estados e Municípios ao transferir ao 
presidente da República a prerrogativa de nomear os governadores 
estaduais (Interventores) e a esses a nomeação dos prefeitos. 
 
Constituição de 1946 
Findo o Estado Novo, a redemocratização presente na nova carta política 
reestabeleceu o sistema orçamentário baseado na iniciativa do Poder 
Executivo e aprovação pelo Legislativo, com a possibilidade de modificação 
mediante a proposição de emendas. 
Alguns princípios orçamentários aplicáveis até hoje encontraram abrigo no 
texto da Constituição,como o da unidade, universalidade, exclusividade e 
especialização. Além disso, o papel do Tribunal de Contas foi evidenciado de 
forma mais precisa. 
Sob a égide da CF/46, foi editada a Lei 4.320/64, da qual até hoje emanam as 
normas gerais de direito financeiro para todos os entes da Federação. Com ela, 
foram padronizados os orçamentos e balanços contábeis dos entes públicos, 
bem como os respectivos procedimentos orçamentários, financeiros e 
contábeis. 
 
Constituições de 1967 e de 1969 
A CF/67 caracterizou-se pela retirada de prerrogativas do Legislativo 
quanto à iniciativa de leis ou emendas que criassem ou aumentassem despesas, 
inclusive emendas ao projeto de lei do orçamento. Dessa forma, cabia ao 
Legislativo tão somente a aprovação, sem a possibilidade de proposição de 
emendas significativas ao projeto elaborado pelo Executivo. 
A Emenda Constitucional nº 1/69, que é estudada como outra constituição, 
manteve as mesmas disposições relativamente ao orçamento. 
 
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Tipos de orçamento 
A classificação do orçamento em “tipos” depende da maneira pela qual se dá a 
elaboração orçamentária e do regime político vigente. Assim, temos o 
orçamento legislativo, quando sua elaboração e aprovação ficam a cargo do 
Poder Legislativo (solução afeita aos regimes parlamentaristas); o orçamento 
executivo, em que as competências para elaboração, aprovação, execução etc. 
são do Poder Executivo (mais afiliado a regimes ditatoriais); e o orçamento 
misto, de elaboração concentrada no Poder Executivo e aprovação por parte do 
Legislativo. 
Dos comentários vistos mais acima, podemos concluir que o orçamento foi do 
tipo legislativo apenas sob a Constituição de 1891; do tipo executivo, sob a 
égide da Carta de 1937; e misto nos demais casos (como atualmente). 
 
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 
Os princípios orçamentários consistem ora em normas, ora em simples 
orientações aplicáveis à elaboração e à execução do orçamento público. 
Em vários casos, a legislação e a própria Constituição refletem a adoção desses 
princípios em seus dispositivos. Apesar disso, não é possível entender esses 
princípios como determinações rígidas; eles são cercados de exceções e 
flexibilizações, como ficará claro no decorrer de nossa aula. 
 
Legalidade 
Uma das discussões mais antigas sobre o orçamento público diz respeito ao 
conflito entre sua forma e seu conteúdo. 
Quanto à forma, desde que os primeiros documentos contábeis foram 
apresentados pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo, em países europeus e 
nos Estados Unidos, a título de pedido de autorização de gastos ao 
Parlamento, o orçamento ganhou estatura de lei. Assim, a expressão “lei do 
orçamento” é mais que secular – os Parlamentos aprovam os orçamentos na 
forma de leis desde o século XIX. 
Atualmente, o princípio da legalidade orçamentária encontra-se, entre outros, 
no seguinte trecho da Constituição: 
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Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
(...) 
III - os orçamentos anuais. 
Por outro lado, quanto ao conteúdo, não há dúvidas de que o orçamento 
público tem natureza de ato administrativo. A organização das finanças em 
programas, a atribuição de recursos a certas despesas, a indicação de 
competências de órgãos e entidades relativamente a certos setores de atividade 
governamental, tudo isso tem a ver com a organização e o planejamento da 
Administração Pública – atividades tipicamente administrativas. 
A partir disso que estamos vendo, ao se confrontar a lei orçamentária com o 
significado jurídico-histórico da palavra “lei”, verifica-se certa desarmonia. “Lei” 
representa um ato normativo abstrato, que pode, entre outras coisas, 
disciplinar direitos e deveres, normatizar condutas, impor punições etc. Para 
aplicar-se a lei, nesse sentido estrito, faz-se necessário verificar os dados da 
realidade e compará-los com a descrição abstrata trazida pela norma. 
O que ocorre com o orçamento público é que ele não cria nem regulamenta 
direitos e deveres, não disciplina condutas, não prevê punições etc. Não tem 
caráter abstrato; pelo contrário, um orçamento deve se revestir de 
concretude, para aplicação mais apropriada e racional dos recursos públicos. 
É dessa discussão que nasce a definição do orçamento como “lei em sentido 
formal”. A estatura do orçamento é de uma lei, aprovada pelo Parlamento, 
sancionada pelo Chefe do Executivo, mas sua essência é de um ato 
administrativo. 
Essa “legalidade flexível” do orçamento fica evidente também ao se constatar 
que ele tem natureza apenas autorizativa, e não, impositiva. O governo não 
é obrigado a executar o orçamento tal qual ele é veiculado pela lei 
orçamentária (com exceção das despesas obrigatórias em virtude de outros 
normativos). Isso contrasta bastante com as leis “normais”, que se 
caracterizam pela obrigatoriedade de aplicação. 
Pelo contrário, a modificação, a retificação, a inversão de aspectos e itens no 
orçamento durante sua execução, em comparação com o texto aprovado, são 
fatos bastante comuns, distanciando o orçamento de sua “aparência” inicial. 
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Nesse sentido, têm surgido diversas críticas, no âmbito parlamentar e na 
opinião pública em geral, tendo como alvo o “descompromisso” do governo 
quanto à execução do orçamento em observância ao texto original aprovado 
pelo Congresso. 
Não obstante a essência de ato administrativo, o fato de o orçamento ser uma 
lei lhe proporciona a normatização de certos requisitos e obrigações de natureza 
orçamentária, na esfera concreta. 
 
 
A título de exemplo, quanto ao poder “normativo” da lei orçamentária, 
podemos indicar uma disposição constitucional (art. 167, inc. I). Para que 
programas e projetos sejam iniciados no âmbito da Administração, é 
necessária a prévia inclusão desses programas e projetos na Lei Orçamentária 
Anual (ou em leis que a retifiquem). 
 
 
1. (CESPE/ANALISTA/TRE-MS/2013) Os princípios orçamentários estão 
sujeitos a transformações de conceito e significação, pois não têm caráter 
absoluto ou dogmático e suas formulações originais não atendem, 
necessariamente, ao universo econômico-financeiro do Estado moderno. 
Os princípios orçamentários, como dito, não são regras rígidas, absolutas. Além 
disso, o fato de alguns já serem mais que centenários os obriga a encarar 
flexibilizações e exceções. Questão CERTA. 
 
2. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) O princípio da legalidade, um dos primeiros 
a serem incorporados e aceitos nas finanças públicas, dispõe que o 
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orçamento será, necessariamente, objeto de uma lei, resultante de um 
processo legislativo completo, isto é, um projeto preparado e submetido, 
pelo Poder Executivo, ao Poder Legislativo, para apreciação e posterior 
devolução ao Poder Executivo, para sanção e publicação. 
Questão CERTA. O orçamento nasceu como lei, desde o momento em que 
podemos falar da existência de uma “peça orçamentária” – isso porque os 
Legislativos, libertados das monarquias absolutas, se preocuparam logo com o 
controle da proporção assumida pelosgastos dos governos. Assim, a história do 
orçamento passa necessariamente pela aprovação de uma lei que o veicula. 
 
3. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Para ser considerada um princípio 
orçamentário, a norma precisa obrigatoriamente estar incluída na 
Constituição Federal ou na legislação infraconstitucional. 
Questão ERRADA. Como em todos os ramos do direito, os princípios 
orçamentários são independentes de sua positivação no arcabouço legal. 
Atualmente, diversos desses princípios encontram-se recepcionados na CF/88 
ou em leis (principalmente a Lei 4.320/64), mas essa não é uma condição para 
sua existência e validade. 
 
4. (CESPE/ANALISTA/TRE-ES/2011) Em matéria orçamentária, o princípio da 
legalidade refere-se à legalidade estrita aplicável aos atos da administração 
pública. 
Essa questão reforça o caráter de ato administrativo que circunda o orçamento 
público. Nesse sentido, a legalidade aplicável ao orçamento é de natureza 
tipicamente procedimental. Questão CERTA. 
 
5. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) A natureza jurídica da lei 
orçamentária anual no Brasil não interfere nas relações entre os sujeitos 
passivos e ativos das diversas obrigações tributárias. 
Na questão acima, mais elaborada, devemos pensar assim: se relações jurídicas 
são estabelecidas e modificadas por leis “normais”, ou seja, leis de conteúdo 
abstrato, essa característica não se aplica à lei orçamentária. Ela não tem o 
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condão de disciplinar deveres e direitos de pessoas físicas ou jurídicas, ou seja, 
a lei orçamentária não interfere em quaisquer relações jurídicas. Questão 
CERTA. 
 
6. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) A lei orçamentária anual elaborada no 
âmbito da União é, ao mesmo tempo, lei ordinária e especial. 
Questão CERTA. Ao mesmo tempo em que o processo legislativo da lei 
orçamentária acompanha a maior parte das regras aplicáveis às leis ordinárias, 
há características que a distinguem destas últimas. A principal diferença reside, 
como visto, no caráter administrativo, e não normativo, de seu conteúdo. Além 
disso, podem-se citar, quanto à matéria orçamentária, a iniciativa exclusiva do 
chefe do Executivo; o processo legislativo no âmbito da “casa legislativa 
Congresso Nacional”, e não sequencialmente na Câmara e no Senado; a 
limitação à proposição de emendas etc, como estudaremos posteriormente. 
 
Unidade/totalidade 
A unidade é um dos “ancestrais” dos princípios orçamentários. Encontra-se 
normatizado na Lei 4.320/64, que estabelece “normas gerais de direito 
financeiro”, obrigatórias para todos os entes federados. 
A Lei 4.320/64 representou um avanço na época de sua edição. Ela trazia os 
conceitos e procedimentos mais avançados a respeito da utilização do dinheiro 
público. Porém, como se vê, ela já é bastante antiga, e a atividade financeira 
dos entes federados brasileiros precisa de atualizações. 
É por isso que se espera, por parte do Congresso Nacional, a edição de uma lei 
complementar que atualize as normas gerais de direito financeiro. Enquanto 
isso não ocorre, diversas “atualizações” relacionadas ao direito financeiro e ao 
orçamento público são instituídas anualmente, com as Leis de Diretrizes 
Orçamentárias. 
No art. 2º, a Lei 4.320/64 estabelece que “A Lei do Orçamento conterá a 
discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica 
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financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de 
unidade, universalidade e anualidade” 
Desses outros princípios, falaremos em seguida. 
Pelo princípio da unidade, o orçamento público deve ser uno, uma só peça, 
garantindo uma visão de conjunto das receitas e das despesas. 
Nesse momento, vale registrar uma informação histórica sobre o orçamento 
público. Inicialmente, a peça orçamentária era bastante simples, primeiro 
porque a participação do governo na vida econômica dos países europeus (onde 
a lei orçamentária surgiu primeiro) não era muito ampla. 
Nesses tempos, prestigiava-se o liberalismo econômico, a livre iniciativa dos 
atores econômicos, e a intromissão do Estado nesse contexto era mal vista, 
porque, desde sempre, o setor público foi visto como um mau gastador. 
Portanto, o melhor que o governo poderia fazer seria gastar pouco e deixar os 
recursos financeiros fluírem nas relações entre atores privados, sem 
intervenções, sem tributação. 
Assim, tendo a máquina estatal pequena dimensão e pouca participação na 
economia – situação ideal para os liberais –, o orçamento consistia numa 
autorização de gastos que também representava o controle do tamanho do 
Estado. Assim, o Parlamento utilizava o orçamento como ferramenta de 
controle da ação do Executivo. 
Para facilitar esse controle, era necessário que o orçamento tivesse 
certas características. Essas características vieram a constituir os primeiros 
princípios orçamentários, dos quais, como já falamos, a unidade é um dos 
exemplares. 
Sendo o orçamento público uma peça única, a tarefa de controle e 
acompanhamento dos gastos públicos estaria assegurada. Caso a 
execução orçamentária obedecesse a diversos instrumentos, diversas leis, 
quadros, normativos, os controladores teriam bem mais dores de cabeça. 
Porém, ocorre que o crescimento do aparelho do Estado, em praticamente 
todos os países, a partir do século XX, ocasionou a criação de estruturas 
descentralizadas e autônomas – as conhecidas entidades da administração 
indireta. Essas entidades também cumpriam (cumprem) funções estatais, mas 
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sua autonomia, inclusive financeira, dificultava a consolidação do orçamento 
público numa só peça, bem como o acompanhamento de sua execução. 
No caso brasileiro, a Constituição de 1988 trouxe uma disposição “fatal” para a 
visão tradicional do princípio da unidade: 
Art. 165, § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: 
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e 
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público; 
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou 
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; 
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos 
a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e 
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. 
Pisou pra valer, hein? 
Assim, a própria Constituição estabeleceu três orçamentos diferentes. É 
dessa evolução que a doutrina instituiu o “princípio da totalidade”, como 
uma “atualização” do da unidade. 
Segundo o professor James Giacomoni (in “Orçamento Público”, ed. Atlas, 14ª 
edição), pelo princípio da totalidade, é possível a coexistência de orçamentos 
variados, desde que estejam consolidados numa peça, de forma que 
continue sendo possível uma visão geral das finanças públicas. 
Dessa forma, os três orçamentos instituídos pela CF/88 respeitam o princípio 
da unidade/totalidade, já que, como diz o § 5º do art. 165, eles compõem 
uma só peça: a Lei Orçamentária Anual. 
Vale acrescentar aos comentários anteriores uma observação sobre o sistema 
orçamentário federal prévio à Constituição de 1988. Nesse período, havia 
realmenteorçamentos paralelos, já que o orçamento fiscal, levado à 
aprovação do Congresso, representava apenas pequena parte das receitas e 
despesas do governo. O orçamento das estatais e o monetário 
congregavam a maior parte dos gastos, e eram aprovados e executados 
apenas no âmbito do Poder Executivo. 
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Com isso, o Parlamento tinha pouquíssima noção da realidade fiscal pela qual 
passava o país. Esse quadro não se compara nem de longe aos “orçamentos 
múltiplos” que constituem a atual LOA. 
 
 
7. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) De acordo com o princípio da unidade, o 
ente governamental deve dispor de apenas um orçamento, que inclua 
todas as receitas estimadas e despesas fixadas pelo Estado. 
A existência de apenas um orçamento, em que sejam expostas todos os 
detalhes das finanças do ente público, corresponde ao ideal do princípio da 
unidade orçamentária. Questão CERTA. 
 
8. (CESPE/ANALISTA/TJ-AC/2012) A determinação da Constituição Federal de 
1988, que estabelece que a lei orçamentária anual deve compreender o 
orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento da 
seguridade social, configura uma exceção ao princípio orçamentário da 
unidade. 
Questão ERRADA: como visto, o fato de os três orçamentos comporem uma só 
peça legal está de acordo com o princípio da unidade/totalidade. 
 
9. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) O princípio orçamentário da totalidade 
determina que haja um orçamento único para cada um dos entes 
federados, com a finalidade de se evitar a ocorrência de múltiplos 
orçamentos paralelos internamente à mesma pessoa política. 
Questão CERTA. Como visto, o princípio da totalidade preocupa-se com a 
manutenção de uma só peça orçamentária (mesmo que com “orçamentos” 
distintos incluídos nela), a fim de evitar o descontrole que haveria com o 
estabelecimento de orçamentos paralelos no âmbito do governo. 
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Universalidade 
O princípio da universalidade e o recém estudado, da unidade/totalidade, são 
complementares, articulados em torno da garantia do controle sobre o 
orçamento. 
Enquanto a unidade/totalidade prioriza a agregação das receitas e despesas do 
governo em poucos documentos (num só agregado, de preferência), a 
universalidade estabelece que todas as receitas e despesas devem constar 
da lei orçamentária. 
Um orçamento único e universal é, portanto, o sonho de consumo de alguém 
que tenha a titularidade do controle sobre as finanças públicas. 
Além do art. 2º da Lei 4.320/64, que já vimos, o princípio da universalidade 
também pode ser percebido nos arts. 3º e 4º da mesma lei: 
Art. 3º A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de 
operações de crédito autorizadas em lei. 
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos 
do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se 
devam realizar, observado o disposto no artigo 2°. 
Novamente, segundo a lição do professor Giacomoni, o princípio da 
universalidade proporciona ao Legislativo: 
 conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia 
autorização para a respectiva arrecadação e realização; 
 impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e 
despesa sem prévia autorização parlamentar; 
 conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a 
fim de autorizar a cobrança dos tributos estritamente necessários para 
atendê-las. 
 
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Alguns trechos acima poderão causar estranhamento. É que essa história de a 
lei orçamentária “autorizar a arrecadação” da receita não se aplica mais. 
Até a Constituição de 1967, isso era verdade, mas, de lá para cá, os tributos e 
sua arrecadação são regulamentados por leis próprias. A lei orçamentária, 
atualmente, não autoriza a arrecadação, apenas a prevê. A arrecadação 
ocorre havendo ou não orçamento publicado. 
Entretanto, não é raro encontrar questões que se refiram a esse aspecto de 
maneira “tradicional”, já que, historicamente, a função do orçamento também 
foi de autorização da arrecadação. 
Portanto, surgindo questões totalmente teóricas, sem aplicação à realidade 
atual, que confirmem o papel autorizador da lei orçamentária quanto à 
arrecadação, marque CERTO. 
Pragmatismo: devemos dançar conforme a música! Depois de acertar o 
gabarito, você pode esbravejar o quanto quiser contra a banca. 
 
 
10. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2012) De acordo com o princípio da 
universalidade, a LOA de cada ente federado deverá conter todas as 
receitas e as despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e 
fundações instituídas e mantidas pelo poder público. 
A questão está CERTA, com enunciado de teor semelhante ao conceito legal da 
universalidade orçamentária. 
 
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11. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Nem todas as entidades da administração 
pública indireta obedecem ao princípio orçamentário da universalidade. 
Questão CERTA. Há entidades da administração indireta cujas finanças não 
pertencem realmente ao ente público, mas à própria entidade; é o caso das 
empresas estatais independentes, que não necessitam de recursos públicos 
para bancar seus gastos. Nesses casos, as receitas e despesas da estatal 
independente não integram o orçamento do ente controlador. 
 
12. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) De acordo com o princípio da unidade, 
o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado. 
A questão acima inverte conceitos e descrições. O que está sendo tratado nela 
é o princípio da universalidade, sobre o qual conversamos nesse momento. 
Portanto, ela está ERRADA. 
 
13. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O refinanciamento da 
dívida pública federal consta do orçamento fiscal, pelo mesmo valor, tanto 
na estimativa da receita como na fixação da despesa. Este tratamento é 
compatível com o princípio orçamentário da universalidade. 
O enunciado trata do refinanciamento, ou rolagem, da dívida pública. Significa 
tomar dinheiro emprestado para pagar empréstimos anteriores. E, realmente, 
na lei orçamentária, tanto o dinheiro emprestado quanto a dívida antiga são 
discriminados (respectivamente, como receita e como despesa). Questão 
CERTA. 
 
Orçamento Bruto 
Já deixamos bem destacado que a necessidade de controle dos gastos públicos 
fundamentou bastante a maturação de princípios orçamentários. 
Se qualquer fato chega a afetar as receitas públicas, diminuindo o volume que 
realmente deveria entrar em caixa, a ocultação desse fato geraria 
insegurança, desinformação e, quem sabe, algum prejuízo futuro ao ente 
público. 
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A contabilidade pública tem como uma de suas funções a prestação de 
informações fidedignas sobre o patrimônio e o orçamento, a fim de que 
decisões por parte dos responsáveis sejam baseadas em dados corretos. Desse 
modo, deduções, abatimentos, diminuições que afetam o conjunto das receitas 
públicasdevem ser considerados no orçamento. 
É essa preocupação com a transparência e a fidedignidade das informações 
orçamentárias que baseia o princípio do orçamento bruto, cujo teor é 
complementar ao princípio da universalidade. Enquanto a universalidade 
estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem constar do 
orçamento, o princípio do orçamento bruto acrescenta a observação “pelos 
seus valores brutos, sem deduções”. 
Assim, se for o caso de se fazer uma dedução a uma receita, o ente público 
não pode apenas registrar o valor líquido a ser arrecadado. Tanto a arrecadação 
bruta quanto a dedução devem ser consideradas na elaboração das peças 
orçamentárias. 
 
 
14. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) Para a obtenção de maior transparência e 
clareza na previsão de despesas e fixação de receitas constantes na lei 
orçamentária anual, permite-se a dedução das receitas que não serão 
efetivamente convertidas em caixa, sem que, para isso, seja necessário 
descriminar os valores originais. Ao prever tal procedimento, a legislação 
observa o princípio do orçamento bruto. 
Questão ERRADA. É necessário discriminar os valores originais das receitas e 
das despesas para atender ao princípio do orçamento bruto. 
 
15. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) Todas as parcelas da receita e da despesa 
devem figurar no orçamento em seus valores brutos, sem apresentar 
qualquer tipo de dedução. 
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A questão acima reflete a interpretação adequada do princípio aqui comentado. 
Questão CERTA. 
 
16. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) O princípio do orçamento bruto se aplica 
indistintamente à lei orçamentária anual e a todos os tipos de crédito 
adicional. 
Questão CERTA. O princípio do orçamento bruto complementa o da 
universalidade, ao exigir que as receitas e despesas sejam dispostas no 
orçamento sob seus valores brutos, sem deduções. Isso se aplica tanto à lei 
orçamentária quanto aos instrumentos de retificação do orçamento – os 
créditos adicionais. 
 
Anualidade/Periodicidade 
Trataremos agora do terceiro princípio orçamentário mencionado pelo art. 2º da 
Lei 4.320/64. 
Segundo o prof. Giacomoni (mais uma vez!), o princípio de que o orçamento 
deve ser elaborado e autorizado para o período normalmente de um ano está 
ligado à antiga “regra da anualidade do imposto”, vigente até a Constituição de 
1967. Como já estudamos, até esse momento a lei orçamentária é que 
autorizava a arrecadação tributária para um exercício, para cobrir as 
despesas pertencentes a esse mesmo exercício. 
A disposição sobre o princípio da anualidade na Lei 4.320/64 ainda é válida, 
tanto no art. 2º, já estudado, quanto no art. 34 (O exercício financeiro 
coincidirá com o ano civil). Por isso, entre outras coisas, justifica-se a 
terminologia da lei orçamentária anual. 
Na maioria dos países, o princípio da anualidade é convalidado e posto em 
prática, principalmente em obediência ao calendário de funcionamento do Poder 
Legislativo. 
A elaboração do orçamento para um período limitado de tempo favorece a 
atividade de planejamento, pois, dessa forma, é possível programar a 
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aplicação dos recursos em objetivos do governo e verificar o alcance das metas 
nos prazos estabelecidos. 
Não obstante o que estamos dizendo, há vários programas e despesas 
assumidas pelo poder público cuja duração ultrapassa um exercício. 
Para alcançar objetivos de maior dimensão, apenas ações plurianuais podem 
garantir o sucesso dessas iniciativas governamentais. A conciliação entre esses 
programas plurianuais e o princípio da anualidade/periodicidade ocorre por 
meio da execução “fatiada” dessas despesas plurianuais, com parcelas 
distribuídas pela sequência de orçamentos anuais. 
Como exceção ao princípio da anualidade, há a possibilidade de execução, em 
outro exercício, de créditos adicionais (especiais e extraordinários) 
autorizados no final do ano. Esse ponto será comentado posteriormente, 
quando tratarmos dos créditos adicionais, que constituem novas autorizações 
de despesa, além das consignadas na lei orçamentária. 
 
 
17. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) O princípio da anualidade orçamentária 
fundamenta-se em critérios puramente técnicos, relativos às questões 
operacionais de apuração contábil da receita e da despesa, não estando 
relacionado, portanto, com o controle político do Poder Executivo. 
Questão ERRADA. A autorização anual para execução do orçamento reflete o 
controle do Poder Legislativo sobre o Executivo. Não se confere a este último 
um “cheque em branco” para sua atuação, mas, ao contrário, renova-se a 
autorização para realizar despesas e arrecadar receitas a cada período. Dessa 
forma, criam-se as condições para acompanhamento, fiscalização e julgamento 
das contas públicas em prazos mais apropriados ao controle. 
 
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18. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O conceito de exercício financeiro deriva do 
princípio da anualidade e, no Brasil, esse exercício coincide com o ano civil. 
Para julgar a questão, bastaria uma rápida leitura do referido art. 34 da Lei 
4.320/64 para matar a parada. O exercício financeiro, período em que se 
observa a execução orçamentária da receita e da despesa, necessariamente 
coincide com o ano civil, pelo dispositivo legal referido. Questão CERTA. 
 
19. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) No Brasil, a anualidade do orçamento 
sempre foi consagrada, inclusive nos dispositivos constitucionais, mas a 
exigência de que os orçamentos anuais fossem complementados com 
projeções plurianuais se deu a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF). 
Questão ERRADA. A própria Lei 4.320/64 já previa a realização de projeções 
orçamentárias plurianuais, em favor de investimentos públicos, no chamado 
“Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital”. 
 
Exclusividade 
Esse é um dos princípios mais manjados em concursos públicos. Figurinha 
carimbada! 
Segundo a doutrina, a lei orçamentária deve conter apenas matéria financeira, 
não trazendo conteúdos alheios à previsão da receita e à fixação da 
despesa. 
O princípio da exclusividade pode ser traduzido pela afirmação inicial do art. 
165, § 8º, da CF/88: 
“A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da 
receita e à fixação da despesa (...)”. 
A ideia subjacente ao princípio da exclusividade é evitar que matérias não 
financeiras “caronas” sejam tratadas na lei orçamentária, aproveitando-se do 
ritmo mais rápido de sua aprovação pelo Parlamento. Em tempos 
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passados, o Executivo utilizava-se dessa manobra, para colocar rapidamente, 
em pauta de votação, assuntos de seu interesse. 
Entretanto, temos que destacar as exceções que a própria Constituição 
impôs, na continuidade do dispositivo que começamos a analisar: 
“(...) não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos 
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação 
de receita, nos termos da lei”. 
Os créditos suplementares representam um acréscimo às despesas já 
previstas na lei orçamentária anual, devendo apontar tambémas receitas que 
suportarão esse incremento. É como uma “revisão para mais” da lei 
orçamentária. 
A outra exceção à exclusividade orçamentária trata da autorização para 
contratação de operações de crédito. A própria LOA pode se antecipar a uma 
necessidade futura de recursos além dos estimados, e autorizar a tomada de 
empréstimos pelo ente público. 
Vamos separar aqui a operação de crédito “normal” da operação de 
crédito por antecipação da receita orçamentária, ambas referidas no 
dispositivo constitucional acima, e passíveis de autorização pela LOA. 
As operações de crédito “normais” constituem receitas orçamentárias, 
que servirão para custear despesas orçamentárias. Ou seja, para 
determinadas despesas, o dinheiro disponível não é próprio do governo; 
deverá ser tomado junto a agentes financiadores. 
Por outro lado, as operações por antecipação da receita orçamentária 
(ARO’s) são empréstimos tomados pelos entes públicos para suprir 
insuficiências momentâneas de caixa. Para as despesas, nesse caso, existe 
receita própria atribuída, que deverá ser arrecadada. 
Em outras palavras, ARO’s não são receitas orçamentárias, mas sim 
empréstimos que substituem receitas orçamentárias que não foram 
arrecadadas no momento esperado. Essas receitas atrasadas, ao serem 
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finalmente realizadas, servirão então para honrar as ARO’s que as 
substituíram, ao invés das despesas originais. 
Portanto, além de prever receitas e fixar despesas, a lei orçamentária anual, no 
Brasil, pode trazer esses dois tipos de autorização – que, no fundo, não fogem 
da temática orçamentária. 
Grave essas exceções, porque é difícil achar um tópico tão cobrado 
quanto esse quando o tema é princípios orçamentários! 
 
 
20. (CESPE/ANALISTA/CADE/2014) A lei orçamentária anual (LOA) pode conter 
dispositivo que autorize a abertura de crédito destinado a atender a 
dotação não prevista no programa de trabalho inicialmente aprovado. 
Questão ERRADA. A lei orçamentária só pode autorizar previamente a abertura 
de créditos suplementares, ou seja, créditos que ampliem as despesas já 
presentes no orçamento. Não há autorização prévia, na lei de orçamento, para 
realização de despesas novas. 
 
21. (CESPE/TÉCNICO/IBAMA/2012) A existência do orçamento fiscal, da 
seguridade social e de investimento das empresas contraria o princípio 
orçamentário da exclusividade. 
Questão ERRADA: o princípio da exclusividade não é afetado pela existência dos 
diferentes tipos de orçamento. 
 
22. (CESPE/INSPETOR/TCE-RN/2009) A autorização para um órgão público 
realizar licitações não pode ser incluída na lei orçamentária anual em 
observância ao princípio da exclusividade. 
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Questão CERTA. A autorização para a realização de licitações fugiria 
completamente da matéria própria da lei orçamentária (previsão da receita – 
fixação da despesa). 
 
23. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) O princípio da exclusividade tem o 
objetivo de impedir que a lei de orçamento seja utilizada como meio de 
aprovação de matérias estranhas às questões orçamentárias. 
Questão CERTA. Existem até expressões históricas (“caudas orçamentárias”, 
“orçamentos rabilongos”) que se referem à prática comum no passado de 
adicionar matérias estranhas às finanças públicas nas leis orçamentárias, para 
aprovação em conjunto de forma mais rápida. O professor James Giacomoni 
(in: Orçamento Público, ed. Atlas) ressalta que uma alteração da ação 
processual de desquite – portanto, afeta ao direito processual civil – foi 
implementada por meio de uma lei orçamentária. 
 
Não Afetação/Não Vinculação 
Esse princípio orçamentário também tem um pé no Direito Tributário. Desse 
ramo do direito, cabe trazer para nossas anotações o conceito de arrecadação 
vinculada. 
No Brasil, existem cinco espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de 
melhoria, contribuições e empréstimos compulsórios. 
Os tributos podem ser arrecadados já com uma destinação legal para a 
aplicação dos recursos correspondentes. Ou, por outro lado, os recursos 
provenientes dos tributos podem estar “livres”, para aplicação em despesas 
conforme as decisões do administrador público, sem interferência legislativa. 
Assim, existem espécies tributárias com arrecadação vinculada, para aplicação 
obrigatória em certas despesas, e outras com arrecadação não vinculada. 
Os impostos são os típicos representantes desta última categoria. 
As outras espécies tributárias (taxas, contribuições “lato sensu”, contribuições 
de melhoria e empréstimos compulsórios) têm, comumente, arrecadação 
vinculada. 
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Isso obedece ao arcabouço teórico da tributação, segundo o qual os impostos 
são os tributos apropriados para que o ente público possa auferir renda, sem 
estar obrigado a prestar esta ou aquela obrigação junto à sociedade. Impostos 
teriam a característica da fiscalidade (obtenção de recursos como finalidade 
principal). 
Então, voltando ao princípio da não vinculação, cabe destacar que ele ganhou 
estatura constitucional, mas com uma série de exceções: 
Art. 167. São vedados: 
(...) 
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas 
a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 
158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, 
para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades 
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por 
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º 
deste artigo; 
(...) 
§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que 
se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 
159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e 
para pagamento de débitos para com esta. 
Destrinchando os dispositivos acima, as vinculações à receita de impostos, 
permitidas pela Constituição, são: 
 repartição da arrecadação do imposto de renda e do imposto sobre 
produtos industrializados, compondo o Fundo de Participação dos Estados e 
o de Participação dos Municípios (CF/88, art. 159, inc. I); 
 destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde (CF/88, 
art. 198, § 2º); 
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 destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino 
(CF/88, art. 212); 
 destinação de recursos para realização de atividades da administração 
tributária (CF/88, art. 37, inc. XXII); 
 prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita 
– ARO (CF/88, art. 165, § 8º); 
 prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de 
débitos para com esta. 
Portanto, o princípio da não vinculação da receita de impostos está no início do 
inciso IV do art. 167, e as exceções a ele compõem todo o resto do texto e o § 
4º. 
Não há outras exceções além dessas. E, tratando-se de dispositivo 
constitucional, para acrescentarmais alguma exceção ao princípio da não 
vinculação, ou para suprimir uma exceção já existente, só por meio de emenda 
à Constituição. 
Vale escrever uma nota, destacando o alto nível de vinculação que a 
arrecadação tributária sofre no Brasil. 
As taxas e contribuições são naturalmente destinadas a certas despesas; 
os impostos, embora sejam relacionados ao princípio da não vinculação, 
também são destinados a diversas despesas, por ordem da própria 
Constituição, como se depreende das exceções vistas acima. 
Nesse sentido, há um dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal que 
reforça essa necessidade de aplicação das receitas vinculadas nas 
despesas para as quais foram atribuídas. Vejamos a lei seca: 
Art. 8º, parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade 
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua 
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o 
ingresso. 
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Portanto, a partir dessa determinação da LRF, nem mesmo a arrecadação 
que “sobrar” em determinado exercício está livre, se sua origem estiver 
ligada a alguma vinculação legal. 
Pois bem, diante desse quadro de alta vinculação dos recursos, para 
“desamarrar” um pouco as receitas tributárias de suas aplicações 
obrigatórias, instituiu-se, desde 1994, um mecanismo de desvinculação, 
por meio de emenda à Constituição. 
A chamada Desvinculação das Receitas da União (DRU) libera 20% dos 
impostos e contribuições vinculados, para livre aplicação pelos 
administradores públicos. O objetivo desse mecanismo é evitar situações 
nas quais certos setores da ação governamental tenham recursos 
abundantes, enquanto outros passam por penúria. 
 
 
24. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) A manutenção de certa autonomia no 
direcionamento dos recursos públicos é fundamental para que a 
administração possa cumprir seu papel. Nesse sentido, o princípio 
conhecido como princípio da não afetação das receitas orienta a não 
vinculação de parcelas da receita geral a gastos específicos. 
Questão CERTA: é necessário que a administração tenha flexibilidade para 
aplicar os recursos públicos, diante das inevitáveis mudanças de plano de ação 
em comparação com o previsto. Daí a principal justificativa para a adoção do 
princípio da não vinculação. 
 
25. (CESPE/CONSELHEIRO SUBSTITUTO/TCE-ES/2012) A abrangência do 
princípio orçamentário da não vinculação de receitas restringe-se às 
receitas de impostos. 
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Como a própria CF/88 deixa claro, o princípio da não vinculação aplica-se 
exclusivamente aos impostos. Os demais tributos não sofrem interferência 
desse princípio. Questão CERTA. 
 
26. (CESPE/ANALISTA/TJ-CE/2008) As contribuições sociais, ainda que por sua 
natureza se destinem a determinadas finalidades, têm sido muito utilizadas 
no âmbito da União como forma de aumentar o montante e a sua 
participação nos recursos tributários nacionais. A não vinculação, de acordo 
com a CF, se aplica apenas aos impostos. 
Questão CERTA. Para o governo federal, é mais vantajoso instituir uma 
contribuição do que um imposto, já que, como dispõe a CF/88, os principais 
impostos federais (imposto de renda e imposto sobre produtos industrializados) 
devem ter parte do produto de sua arrecadação distribuída aos fundos 
constitucionais dos estados, DF e municípios (trata-se de uma das exceções ao 
princípio da não afetação). Esse mecanismo não ocorre com as contribuições 
sociais federais, cuja arrecadação pertence inteiramente à União. 
 
27. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) As receitas vinculadas, 
mesmo que não utilizadas durante o exercício, não poderão destinar-se a 
outra finalidade que não o objeto de sua vinculação, mesmo que continuem 
sem destinação nos exercícios subsequentes. 
Por fim, a questão acima praticamente reproduziu o dispositivo da LRF que 
reforça a vinculação legal das receitas. Questão CERTA. 
 
Especificação/Especialização/Discriminação 
Historicamente, nos países em que o orçamento foi primeiramente adotado 
como peça institucional, observou-se a exigência, feita pelos parlamentos, de 
discriminação das receitas e despesas por parte do Executivo. Os 
controladores desejavam saber de onde sairiam os recursos arrecadados e a 
sua aplicação. Assim, o fato de as receitas e despesas serem publicadas de 
forma detalhada também favorecia a tarefa de controle do orçamento. 
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Esse mandamento perdurou na evolução da peça orçamentária, e 
institucionalizou-se no Brasil sob a forma legal. Na Lei 4.320/64, encontram-se 
os seguintes trechos: 
Art. 5º. A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a 
atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, 
transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu 
parágrafo único. 
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo 
por elementos. 
O que se buscou na Lei 4.320/64 foi algo parecido com a exigência inicial, nos 
países em que se originou o orçamento público, quanto à discriminação das 
receitas e despesas. 
Para a Lei, também era necessário disponibilizar informações detalhadas, na 
LOA, deixando evidente qual fim teriam os recursos públicos, e para evitar que 
as decisões sobre a aplicação da arrecadação ficassem concentradas nas 
mãos dos gestores, fora das vistas do controle externo. 
Entretanto, o que se percebeu, com o passar do tempo, e com a maior 
complexidade do orçamento, foi a necessidade de um “meio termo” quanto ao 
princípio da especificação. 
Por um lado, um orçamento excessivamente detalhado pode se tornar uma 
peça sem correspondência com a realidade, já que as circunstâncias no 
momento da execução do orçamento podem fugir aos pequenos detalhes 
fixados na LOA. 
Ao mesmo tempo, a edição de um orçamento totalmente genérico, com 
dotações globais, significa a renúncia, pelo Parlamento, de seu papel de 
controlador, o que também desrespeitaria vários princípios constitucionais e 
não seria benéfico de maneira alguma para o bem-estar coletivo. 
Bem, agora que já delineamos o princípio da discriminação, vamos falar das 
exceções/flexibilizações. 
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A doutrina reconhece alguns exemplos de exceção ao princípio da 
discriminação, ou seja, situações em que o orçamento transparece uma “face 
genérica”, sem detalhamento. 
Originalmente, a Lei 4.320/64 determinou que “Na Lei de Orçamento a 
discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos”, como vimos 
agora há pouco. Isso estava conforme o princípio da discriminação; o 
detalhamento da despesa em elementos tornava a LOA bastante minuciosa. 
Porém, essa classificação detalhista foi flexibilizada há pouco tempo. Segundo a 
Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001, que atualizou a classificação pela 
natureza da despesa, a LOA não precisa mais trazer a despesa em nível de 
elemento. 
Ao invés disso, a alocação de recursos aos diferentes elementos de despesa 
pode ficar a cargo das unidades executoras do orçamento, posteriormente 
à aprovaçãoda Lei. 
Assim, podem-se verificar atualmente dotações destinadas ao mesmo tempo à 
aquisição de materiais de consumo, pagamento de serviços de terceiros, 
indenizações, pagamentos de diárias a servidores etc. (todas seriam 
consideradas “despesas de custeio”, ou, na classificação atual, “outras despesas 
correntes”). 
Outra exceção refere-se à reserva de contingência, que constitui uma 
dotação genérica, sem aplicação definida, a partir da qual o poder público pode 
atender a “passivos contingentes”, como pagamentos devidos a execuções 
judiciais, ou executar novas dotações, por meio de créditos adicionais. 
Além disso, como sinaliza a redação do art. 5º da Lei 4.320/64, o art. 20 e seu 
parágrafo único, da mesma lei, trazem mais uma exceção ao princípio da 
discriminação: 
Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os 
projetos de obras e de outras aplicações. 
Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, 
não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da 
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despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as 
Despesas de Capital. 
Trata-se dos “programas especiais de trabalho” (PET’s), grandes 
investimentos públicos que, por sua complexidade e abrangência, não podem 
ter toda sua composição de despesas explicitada de antemão. Assim, eles são 
autorizados a partir de dotações globais, genéricas, e a correspondente 
discriminação das despesas se dá durante a própria execução. 
 
 
28. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O detalhamento da 
programação orçamentária, em consonância com o princípio da 
especialização, deve permitir a discriminação até onde seja necessário para 
o controle operacional e contábil e, ao mesmo tempo, suficientemente 
agregativo para facilitar a formulação e a análise das políticas públicas. 
A questão reflete justamente o meio termo que deve ser alcançado quanto ao 
princípio da discriminação. Questão CERTA. 
 
29. (CESPE/ TÉCNICO /TJCE/2014) De acordo com o princípio orçamentário da 
totalidade, deve-se evitar que dotações globais sejam inseridas na LOA. 
Questão ERRADA. Como já visto, pelo princípio da especialização, e não da 
totalidade, deve-se evitar a inserção de dotações globais no orçamento, como 
regra. 
 
30. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) A reserva de contingência, dotação global 
para atender passivos contingentes e outras despesas imprevistas, 
constitui exceção ao princípio da especificação ou especialização. 
A reserva de contingência, pelo fato de constituir uma dotação global, genérica, 
é realmente uma das exceções ao princípio da discriminação. Questão CERTA. 
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31. (CESPE/AUDITOR/TCU/2011) Entre as três leis ordinárias previstas pela CF 
para dispor sobre orçamento, somente a LOA é obrigada a observar o 
princípio da especificação. 
Questão CERTA: como a LDO e o PPA não trazem dotações orçamentárias em 
seu corpo, não é possível atribuir o princípio da especificação a essas leis. Aliás, 
todos os princípios orçamentários só se aplicam à lei de orçamento e às leis que 
a modifiquem (p. ex.: créditos adicionais). 
 
Clareza 
Segundo o princípio da clareza, o orçamento deveria ser apresentado numa 
linguagem acessível a todos que precisassem ou se interessassem em 
acompanhá-lo. 
Entretanto, considerando a atual complexidade inerente ao orçamento, que 
agrega informações financeiras, legais, administrativas, contábeis e de 
planejamento, sem falar num pano de fundo político, é difícil trazer à realidade 
o cumprimento desse princípio. 
Uma sugestão do prof. Giacomoni é a elaboração de peças comentadas sobre 
a programação orçamentária, a partir de anexos da LOA. Dessa forma, se o 
orçamento em si não pode ter sua linguagem simplificada, pela natural 
necessidade de codificação, pelo menos se disponibilizaria uma forma paralela 
de se compreender a complexidade de seu conteúdo. 
Isso foi adotado na esfera federal a partir da elaboração do orçamento de 
2011: além da proposta “técnica” de orçamento, foi editada uma cartilha 
especial, chamada “Orçamento Federal ao Alcance de Todos”, que busca 
expor, de forma mais amigável, como deve se dar a aplicação de recursos 
federais nas diferentes áreas do governo. Essa publicação está no link 
abaixo, vale visitar: 
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/orca
mento_13/OFAT_2013.pdf 
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32. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2012) De acordo com o princípio da clareza, a 
LOA deve ser elaborada em linguagem compreensível a todos os 
interessados. 
O enunciado acima reproduz o teor próprio do princípio da clareza aplicado ao 
orçamento. Questão CERTA. 
 
Equilíbrio 
Uma forma simples de entender o princípio do equilíbrio é considerar que deve 
haver compatibilidade entre receita e despesa, de forma que as contas 
públicas não sejam afetadas por déficits. 
Entretanto, aprofundando mais o raciocínio sobre o tema, registram-se duas 
formas de encarar esse princípio. 
Em primeiro lugar, o equilíbrio formal do orçamento é observado quando a lei 
orçamentária prevê receitas e fixa despesas em montantes iguais. Antes, sob a 
vigência da Constituição de 1967, o equilíbrio formal do orçamento chegou a 
ser firmado num dispositivo dessa Carta: 
Art. 66 – O montante da despesa autorizada em cada exercício financeiro não 
poderá ser superior ao total das receitas estimadas para o mesmo período. 
Atualmente, a Constituição não traz determinação semelhante, mas o costume 
perdura: as leis orçamentárias anuais fazem a previsão da receita e a fixação 
da despesa em valores iguais. Assim, sob o aspecto formal, o princípio do 
equilíbrio zela principalmente pela publicação de um orçamento 
equilibrado. 
Porém, na prática, o que se verifica hoje é que os recursos próprios do governo 
não são suficientes para cobrir suas despesas. O equilíbrio formal do 
orçamento é garantido pela contratação de operações de crédito – dinheiro 
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emprestado. Na LOA, os valores das operações de crédito são considerados 
receita, conforme o mandamento insculpido na Lei 4.320/64 (Art. 3º A Lei de 
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de 
crédito autorizadas em lei). 
Pelo exposto, o fato de um orçamento ser publicado de forma equilibrada não 
implica o equilíbrio das contas públicas. É com essa preocupação que se fala 
em equilíbrio real, ou equilíbrio material. Essa, inclusive, foi uma das principais 
bandeiras tratadas na famosa Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Assim, sob essa ótica, busca-se evitar o crescimento desordenado das 
despesas, sem lastro para cobri-las. Da mesma forma, deve-se evitar o 
comprometimento das receitas a ponto de não sobrarem recursos para 
amortizar a dívida pública. 
Conclui-se, desse modo, que o “equilíbrio material” está mais ligado à 
execução equilibrada do orçamento do que à sua publicação com 
montantes iguais de receita e despesa. 
Para garantir o equilíbrio material, o governo pode lançar mão de diversos 
expedientes:manutenção de metas de superávit, enxugamento de despesas de 
custeio, abertura de créditos adicionais apenas com recursos já arrecadados 
etc. 
 
 
33. (CESPE/TÉCNICO/BASA/2012) A ocorrência de déficits na execução 
orçamentária não implica desrespeito ao princípio do equilíbrio, com base 
no qual se deve elaborar a lei orçamentária, podendo ser eles incorporados 
nas chamadas operações de crédito e no refinanciamento da dívida pública. 
Questão CERTA: considerando que as operações de crédito previstas na LOA 
são consideradas como receitas pela legislação, o déficit entre receitas não 
financeiras e despesas não financeiras não representa desrespeito ao princípio 
do equilíbrio. Este se encontra garantido pelas operações financeiras destacadas 
no enunciado. 
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34. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O endividamento do Estado, por meio da 
contração de empréstimos, atende ao princípio do equilíbrio orçamentário. 
Questão CERTA. Para evitar que as despesas assumidas comprometam a saúde 
fiscal, são contratados empréstimos de recursos que cobrem o volume 
excedente de gastos. 
 
35. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A vedação da aprovação de emendas ao 
projeto de LOA sem a indicação dos recursos necessários, admitindo os 
provenientes de anulação de despesas, reforça o princípio do equilíbrio. 
Quanto à questão acima, fica evidente que a hipótese referida, de aprovação de 
emendas apenas com indicação de suporte orçamentário suficiente, reforça o 
princípio do equilíbrio. Questão CERTA. 
 
36. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) Considere-se que a proposta orçamentária 
traga embutido um deficit a ser coberto com o excesso de arrecadação que 
venha a ser obtido com o crescimento econômico e com o melhor 
desempenho da administração tributária. Nessa situação, é correto afirmar 
que o princípio orçamentário fundamentalmente violado foi o da 
universalidade. 
Questão ERRADA. A previsão de um déficit a ser coberto com uma arrecadação 
incerta seria uma violação ao princípio do equilíbrio – não da universalidade. 
 
Publicidade 
A relevância que o orçamento assume na vida da sociedade torna necessário o 
conhecimento amplo do conteúdo da LOA pelas pessoas, já que naquele 
instrumento serão notadas as políticas públicas e prioridades escolhidas pelo 
governo. 
Entretanto, aparece novamente a discussão relativa à clareza do orçamento: 
como assegurar, simultaneamente, o entendimento da peça orçamentária pelo 
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cidadão comum e a necessária complexidade do instrumento, tendo em vista a 
multiplicidade de informações que o integram? Esse é um desafio ainda a se 
superar. 
Não obstante, atualmente, ao menos em termos de divulgação, o princípio da 
publicidade é concretizado, sobretudo pela disponibilização das leis 
orçamentárias em sites governamentais, além dos veículos oficiais. 
A partir desse aspecto, é possível perceber a relação do princípio da publicidade 
também com o princípio da legalidade. Para vigorar, uma lei deve ser 
publicada em veículos oficiais de comunicação (tipicamente, Diário Oficial) – e a 
lei orçamentária não é exceção a essa regra. 
 
 
37. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) O orçamento precisa ser publicado no Diário 
Oficial da União correspondente a cada esfera para produzir efeitos. No 
caso dos municípios que não tenham diário oficial, o orçamento pode ser 
publicado em jornal local. 
Questão CERTA. Quanto “maior” o ente público, maior o alcance que deve ser 
dado à publicidade de seus atos, incluindo a aprovação do respectivo 
orçamento. 
 
38. (CESPE/ANALISTA/INPI/2013) A LOA é peça técnica voltada para a 
operacionalização do planejamento governamental, assim não é necessária 
a observância do princípio da publicidade, visto que o PPA e a LDO já 
cumprem a função de tornar público para a sociedade quais são os 
objetivos dos governos e que meios serão utilizados para alcançá-los. 
Questão ERRADA: toda a sequência de documentos ligados ao planejamento e 
ao orçamento (PPA – LDO – LOA), pelo fato de constituírem leis ordinárias, e 
por serem executadas pela Administração Pública, devem obedecer ao princípio 
da publicidade. 
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39. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) O princípio da publicidade está previsto 
na Constituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Uma 
exceção ao princípio da publicidade é a modificação do orçamento em 
casos de relevante interesse coletivo ou segurança nacional. Nesses casos, 
é facultada ao poder público a divulgação dos gastos aplicados em 
interesse da população. 
Questão ERRADA. Não há permissão para que a divulgação de dados 
orçamentários fique a cargo da decisão discricionária da Administração. Por se 
tratar de matéria pública, os atos relativos ao orçamento necessitam de 
publicidade (princípio insculpido no art. 37, caput, da CF/88). 
 
40. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA/2012) A ausência de discriminação da dotação 
global na reserva de contingência contraria o princípio da publicidade. 
Questão ERRADA: como já estudamos, a ausência de detalhamento de alguma 
dotação orçamentária desrespeitaria o princípio da especificação, ou da 
discriminação, e não da publicidade. Mesmo assim, a reserva de contingência é 
uma exceção, e não um descumprimento, ao princípio da discriminação. 
 
Bem, dileto aluno, nosso encontro demonstrativo fica por aqui. 
Aguardo você na Aula 01. Surgindo algum questionamento, alguma necessidade 
de explicação mais aprofundada, podemos nos falar por meio do fórum de 
dúvidas. 
Forte abraço, até a próxima! 
GRACIANO ROCHA 
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RESUMO DA AULA 
1. O orçamento público tem natureza de ato administrativo, pelo que é 
considerado uma lei em sentido formal. 
2. O princípio da unidade/totalidade preza a agregação das receitas e 
despesas do Estado numa só peça, favorecendo a atividade de controle. 
3. O princípio orçamentário da universalidade estabelece que todas as 
receitas e despesas devem constar da lei orçamentária, garantindo-se uma 
visão geral sobre as finanças públicas e evitando-se a realização de 
operações orçamentárias sem conhecimento do Poder Legislativo. 
4. O princípio do orçamento bruto é complementar ao da universalidade, e 
determina que as receitas e despesas devem aparecer no orçamento sem 
qualquer dedução. 
5. Segundo o princípio da anualidade/periodicidade, o orçamento deve ser 
elaborado e autorizado para um período definido, normalmente de um ano. 
6. A própria Constituição expressa o princípio da exclusividade, em seu art. 
165, § 8º (A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à 
previsão da receita e à fixação da despesa). Também a Constituição traz as 
exceções a esse princípio: a autorização para abertura de créditos 
suplementares e a autorização para a realização de operações de crédito 
(inclusive ARO). 
7. O princípio da não-afetação refere-se à impossibilidade de vinculação da 
receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, com as exceções trazidas 
pela norma constitucional. 
8. As receitas vinculadas deverão atender sempre à execução do objeto de 
sua