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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ APOSTILA AVICULTURA CURITIBA 2016 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 HISTÓRIA .............................................................................................................. 4 3 RAÇAS, VARIEDADES E LINHAGENS DE FRANGOS ....................................... 6 4 CADEIA PRODUTIVA.......................................................................................... 12 4.1 FRANGOS DE CORTE ..................................................................................... 12 4.2 POEDEIRAS ..................................................................................................... 13 5 AMBIÊNCIA ......................................................................................................... 14 5.1 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA DIMINUIR ESTRESSE TÉRMICO ... 15 5.2 EQUIPAMENTOS ............................................................................................. 16 5.2.1 Fase inicial de manejo .................................................................................... 16 5.2.2 Equipamentos para fase de crescimento e terminação .................................. 17 6 CRIAÇÃO E MANEJO DE FRANGOS DE CORTE ............................................. 19 7 CRIAÇÃO E MANEJO DE POEDEIRAS LEVES E SEMI PESADAS ................. 23 8 INCUBAÇÃO ....................................................................................................... 28 8.1 CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS .......................................................................... 28 8.2 DESINFECÇÃO DE OVOS ............................................................................... 30 8.3 ARMAZENAMENTO DOS OVOS FERTEIS ..................................................... 30 8.4 CONTROLE DO AMBIENTE DE INCUBAÇÃO ................................................. 31 8.5 MANEJO DURANTE A INCUBAÇÃO E ECLOSÃO .......................................... 32 8.6 SELEÇÃO ......................................................................................................... 34 8.7 VACINAÇÃO ..................................................................................................... 35 9 BIOSSEGURIDADE ............................................................................................. 36 3 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 1 INTRODUÇÃO A avicultura pode ser definida como a criação de aves visando a produção de alimentos, como carne e ovos. As espécies produzidas podem ser: frangos, perus, patos, gansos, codornas, marrecos e avestruzes. Visto que no Brasil a criação de frangos é uma grande atividade econômica a presente apostila tem como objetivo abordar os principais aspectos desta criação, abrangendo manejo, ambiência e estatísticas relevantes. Atualmente, a criação de frangos de corte é um setor rentável, internacionalizado e uniforme, sem fronteiras geográficas de tecnologia. As características desta atividade contribuem para aumentar a geração de emprego e de renda no campo, visto que o sistema de integração desenvolvido no Brasil mostra- se ideal para pequenos produtores rurais. A avicultura brasileira destaca-se no mercado internacional de carnes, ocupando desde 2011 a liderança na exportação de carne de frango. A eficiência desta cadeia está relacionada a vários fatores, como: melhoramento de linhagens e insumos, investimentos em tecnologias de automatização do sistema produtivo, controle das condições sanitárias de criação, aperfeiçoamento de pessoal quanto ao manejo das aves, além do sistema de produção integrado. 4 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 2 HISTÓRIA Em 1503 Gonçalo Coelho desembarcou no Rio de Janeiro e junto com ele acredita-se que vieram as primeiras galinhas do Brasil. Existem relatos que somente em 1860 a produção comercial surgiu no país, sendo Minas Gerais o primeiro estado. O desenvolvimento da cadeia produtiva do frango de corte na América do Sul ocorreu a partir da década de 1950. Nesse período, a criação de aves era basicamente uma atividade de subsistência com poucos recursos para se desenvolver, apresentando-se então como uma atividade agropecuária sem expressão econômica. Devido às quedas no volume das importações de aves abatidas pelos países da ex-URSS, Japão e outros, após 1985 os grandes exportadores como os EUA e França foram forçados a adotar novas estratégias de comercialização. As empresas brasileiras usaram a estratégia de agregação de valor e diversificação, redefinindo suas linhas de produção para o corte de partes dos frangos (asas, coxas, sobrecoxas, dentre outras) e para a elaboração de produtos reprocessados (empanados, nuggets, pratos prontos, etc.). Então o Governo Federal influenciou indiretamente o aumento do consumo da carne de frango no país, com a intensificação de novas noções de higiene sobre a carne de aves, e com o aumento da sua presença nos abates e comércios de aves, por meio do Sistema de Inspeção Federal. Em 1990 ocorreu a abertura da economia latino-americana, o que proporcionou condições favoráveis aos setores agroindustriais, expondo-os à concorrência a nível mundial, obrigou assim as agroindústrias processadoras a redefinirem suas estratégias empresariais, reestruturando e reorganizando a cadeia produtiva da avicultura. O uso da inovação e da tecnologia é apontado como o principal fator responsável pelo bom resultado na produção de frangos de corte no Brasil. Utilizando conceitos tecnológicos e científicos, o melhoramento genético deu origem a animais extremamente produtivos em um pequeno intervalo de tempo. Em 1930, o frango de corte comercializado vivo pesava em média 1,5 kg, com a idade de abate de 105 dias, e a taxa de conversão alimentar de 3,5 kg ̸ ração por kg ̸ frango. Esses índices evoluíram notavelmente ao longo do tempo, em 2009, o frango de corte vivo possui 5 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti peso médio de 2,6 kg, com idade de abate de 35 dias, e taxa de conversão alimentar de 1,839 kg de ração por kg de carne de frango. A intensificação na criação de aves criou a necessidade de equipamentos e alojamentos tecnificados, como bebedouros, comedouros e ninhos automáticos. A biosseguridade é outro importante pilar da avicultura, visando prevenir enfermidades diminuindo as perdas econômicas. 6 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 3 RAÇAS, VARIEDADES E LINHAGENS DE FRANGOS Existem galinhas de muitas cores, tamanhos e conformações. Com o objetivo de identificar e classificar cada sistema foram estabelecidas algumas designações: classe, raça e variedade. Uma classe é um grupo de raças que se originaram na mesma região geográfica, sendo nomeadas como: Asiática, Mediterrânea, Americana e Inglesa. Uma raça possui um conjunto específico de características físicas, os indivíduos dentro de uma raça são capazes de dar origem a uma progênie com as mesmas características. A variedade é a subdivisão da raça, tendo característicasdiferenciadas como cor de plumagem, tipo de crista e presença de tufos de penas na lateral da face. As linhagens são famílias ou populações de reprodutoras que possuem características comuns de uma raça e variedade, estas são produtos de um programa de reprodução de uma organização. Existem muitas linhagens comerciais como Ross e Cobb. A seguir, estão descritas as principais raças de aves utilizadas na produção de carne e ovos: 1- New Hampshire: origem americana criada a partir da raça Rhode Island Red. Caracterizada por ser uma grande produtora de carne e ovos, chega a produzir 200 ovos por ano, o que lhe confere essa dupla aptidão. A cabeça tem aspecto vigoroso, apresentando crista simples e com cinco pontas nos machos. Nas fêmeas, a crista apresenta leve inclinação lateral. A pele apresenta cor amarelada. 2- Rhode Island Red: desenvolvida a partir do cruzamento de várias raças (Leghorn marron, Cornish e Wyandote) nos estados de Massachussetts e Nova Inglaterra nos Estados Unidos. É considerada boa produtora de ovos e carne. Quanto às suas características, possui corpo largo, profundo e comprido, crista serra, de tamanho médio, bico córneo avermelhado, plumagem vermelho 7 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti brilhante e cauda preta. 3- Plymouth: é a raça mais antiga. Apresenta diversas variedades, sendo que no Brasil a variedade mais difundida é a Barrada. É utilizada nos cruzamentos para produção de pintos de corte. Apresenta como características físicas corpo delgado, crista simples, reta e bem assentada na cabeça, de tamanho mediano nos machos e pequeno nas fêmeas. Suas orelhas e barbela medianas têm cor vermelho vivo e pele de cor amarela. 4- Wyandotte: têm corpo ligeiramente arredondado, dando impressão de dorso curto, em virtude do tipo de plumagem que possuem. Apresentam dupla finalidade, porém, devido ao pequeno tamanho do seu ovo e da baixa eclodibilidade. Não foram utilizadas para a formação das atuais linhagens produtivas. 5- Cornish: é uma raça de galinha originária da Inglaterra destinada ao corte. Para aprimorar a produção de carne, alguns avicultores estão promovendo o cruzamento de galos Cornish com galinhas das raças Plymouth Rock, New Hampshire e linhagens híbridas. Os galos podem alcançar os 4,0 kg e as galinhas, os 3,1 kg. Como principais características fisiológicas, essa raça de galinha possui a crista tipo ervilha, a pele amarelada e a plumagem nas variedades branca laceada de vermelho, preta e amarela. 6- Orpington: raça de dupla aptidão. Em média, as galinhas dessa raça produzem 160 ovos por ano. Quanto à produção de carne, a Orpington tem um rápido desenvolvimento. Como principais características 8 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti fisiológicas, essa raça de galinha possui a crista serrilhada, a pele branca e a plumagem nas variedades branca, preta, amarela e azul. 7- Australorp: desenvolvida na Austrália por meio do seu cruzamento com a Orpington inglesa. Essa raça possui dupla aptidão. Quanto à produção de ovos, a Australorp é uma excelente produtora, pois produz cerca de 200 ovos já na primeira postura anual. Sua casca possui a cor marrom. Como principais características fisiológicas esta raça possui a crista serrilhada, as pernas negras e a plumagem negra, com reflexos de verde e roxo. 8- Sussex: destinada tanto ao corte como à postura. Já no primeiro ciclo de postura, as galinhas dessa raça produzem em torno de 180 ovos de casca marrom. Os galos podem chegar aos 4,0 kg e as galinhas, aos 3,1 kg, sendo excelentes produtores de carne. Como principais características fisiológicas, a Sussex possui a crista serrilhada, a pele branca e a plumagem nas variedades branca, preta, amarela e azul. 9- Dorking: originária da Inglaterra, é destinada principalmente ao abate, devido à sua carne saborosíssima. Entretanto, produz uma razoável quantidade de ovos brancos. Como principais características fisiológicas, pode apresentar a crista serrilhada, lisa e tombada, ou ainda dupla. Possui o bico negro e amarelo e a plumagem nas variedades branca, cinza, prata e vermelha. 10- Redcap: possui dupla aptidão. Geralmente, por ano, a Redcap produz cerca de 200 ovos com casca branca. Como têm um desenvolvimento ponderal bem rápido, também são excelentes para o corte. As principais características fisiológicas, essa raça pode apresentar a crista tipo ervilha e 9 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti a plumagem marrom-avermelhada, com as penas da cauda negras e pernas cinza- azuladas. 11- Leghorn: raça mediterrânea, excelente produtora de ovos brancos. Em seu ciclo de postura, as galinhas da raça produzem cerca de 200 ovos. Os galos da raça não pesam muito, alcançando apenas os 2,7 kg, e as galinhas chegam somente aos 2,0 kg, não sendo destinadas para abate. Sua pele é amarelada e sua plumagem pode apresentar as variedades marrom clara e marrom escura, branca, amarela, preta, prata, vermelha, preta com rabo vermelho, azulada e dourada. 12- Ancona: destinada à postura (ovos com casca branca ou creme). Em média, produz cerca de 180 ovos no primeiro ciclo de postura. Não é destinada ao corte, pois é uma raça de desenvolvimento ponderal lento. Como principais características fisiológicas, essa raça mediterrânea possui a crista serrilhada e a plumagem nas variedades vermelha, marrom e branca. 13- Minorca: destinada à postura (ovos com casca branca). Em média, produz em torno de 170 ovos por ano. Os galos da espécie chegam aos 4,0 kg e as galinhas, aos 3,4 kg. Não é uma raça destinada ao corte, já que pertence às raças leves. Isso justifica a sua aptidão somente para a postura. Como principais características fisiológicas, essa raça mediterrânea possui a crista serrilhada e a plumagem nas variedades preta, branca e amarela, ou preta e branca. 10 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 14- Andaluza Azul: destinada à postura (ovos com casca branca). Em média, produz cerca de 160 ovos no primeiro ciclo de postura. Não é destinada ao corte, pois é uma raça de desenvolvimento ponderal lento. Como principais características fisiológicas, essa raça mediterrânea possui a crista simples e a plumagem nas variedades branca, preta, cinza, cinza pontilhada, perdiz, azulada e prata. 15- Brahma: originária da China, destinada ao corte e à postura. Para muitos, ela também é criada como ave ornamental, devido a seu padrão complexo de cores na plumagem. Quanto à produção de ovos a Brahma pode produzir em torno de 140 ovos de casca marrom, já em sua primeira postura anual. Como principais características fisiológicas, essa raça mediterrânea possui a crista tipo ervilha, a pele amarela e a plumagem nas variedades dourada, prata, pérola, preta, azul e branca. 16- Cochin: também conhecida como Cochinchina ou Xangai, destinada à postura (ovos de casca marrom). Embora seja excelente produtora de ovos (120 por ciclo), é uma ave ornamental, devido à sua bela plumagem. É também uma ótima chocadeira. Como principais características fisiológicas,essa raça de galinha possui a crista serrilhada, a pele amarela e a plumagem nas variedades dourada, prata, amarela, azul, preta, branca, mosqueada e barrada. 17- Langshan: destinada principalmente à postura (ovos de casca marrom ou creme). Os galos da raça chegam aos 4,0 kg e as galinhas, aos 3,0 kg, apresentando rápido desenvolvimento ponderal. Como principais características fisiológicas, essa raça de galinha possui a 11 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti crista serrilhada, a pele amarela e a plumagem nas variedades preta, branca e azul. Para muitos, ela também é criada como ave ornamental, devido a sua bela plumagem e porte. 18- Sedosa do Japão: raça de galinha nomeada dessa forma devido a sua plumagem macia atípica, com o aspecto de seda. Essas aves possuem características incomuns, tais como o corpo e ossos no tom azul-escuro, lóbulos das orelhas azuis, cinco dedos em cada pé (a maioria dos frangos só possuem quatro) e um tufo de penas na cabeça e nas pernas. Por serem extremamente exóticas, frequentemente são expostas em mostras de aves. Possuem várias cores (vermelha, amarela, azul, preta, branca e perdiz). Seu temperamento é calmo e amigável, estando entre as mais dóceis galinhas. Em alguns países, são tratadas como animais de estimação. 12 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 4 CADEIA PRODUTIVA A cadeia produtiva é uma organização sistêmica do processo de produção e distribuição, organiza-se em três blocos: cadeia principal, que apresenta a sequência de atividades em interação na produção de frangos e ovos, produtos finais do encadeamento total; a cadeia montante, que compõe as atividades ou elos produtivos fornecedores de insumos e serviços para a cadeia principal; e a cadeia jusante, que reúne as atividades ou elos produtivos que utilizam, processam ou beneficiam os produtos da cadeia principal. Todo este conjunto de atividades produtivas interligadas converge para os serviços de armazenagem, distribuição e comercialização. De forma detalhada, o processo produtivo da cadeia principal, de interesse veterinário, é dividido em produção de frangos de corte e a produção de ovos. 4.1 FRANGOS DE CORTE O encadeamento da produção de frangos de corte inicia-se com a obtenção da fonte genética de bisavós de origem nacional ou importada, desenvolvidos em órgãos públicos ou privados de pesquisa de melhoria de espécies. Os avozeiros são realizados por granjas que, a partir da obtenção de ovos das linhagens (bisavós), produzem as aves avós que passam pelo processo de cruzamento para a geração de matrizes. Os matrizeiros são espaços na granja onde as matrizes são cruzadas para gerarem os ovos que serão enviados aos incubatórios. Nos incubatórios os ovos dão origem aos pintainhos que serão levados aos aviários, onde será realizado o processo de crescimento e engorda para a produção dos frangos destinados ao corte. Os pintainhos chegam nos aviários com até três dias e ficam até a época de abate, que acontece dentro de 38 a 45 dias de engorda. Depois da engorda, os frangos são encaminhados para frigoríficos e abatedouros, onde são abatidos e encaminhados para comercialização. Nos primeiros dias, o principal inimigo da criação é a falta ou o excesso de calor. Entre a 17ª e a 18ª semana, as poedeiras produzem de 5% a 10% da sua capacidade, devendo alcançar mais de 90% da sua produção entre a 28ª e a 30ª semana, a partir do declínio da produção. Portanto, a fase de postura vai da 19ª até 13 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti a 70ª semana, que é quando as poedeiras serão descartadas, enviadas ao frigorífico para abate e comercializadas inteiras. 4.2 POEDEIRAS A cadeia produtiva inicia-se com a obtenção da fonte genética para o fornecimento das bisavós, de cujos ovos se reproduzem as avós, criadas nos avozeiros, onde são cruzadas, produzindo ovos que geram as matrizes; estas são transferidas para os matrizeiros, onde as aves geram ovos que são levados para os incubatórios, onde nascem os pintainhos. Nesta fase, as frangas são separadas para se tornarem poedeiras de ovos, nos aviários de postura, onde serão produzidos os ovos. As aves começam a produzir ovos após 17 semanas de criatório e produzem, em média, durante 63 semanas. Depois de sua fase produtiva, elas são encaminhadas para o abate e, diferentemente dos frangos, que podem ser vendidos por corte, são comercializadas inteiras, sendo conhecidas no mercado como “matrizes”. Segue fluxograma exemplificando as cadeias de produção de frangos de corte e ovos. 14 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 5 AMBIÊNCIA Nos últimos anos, melhoramento genético e nutrição animal foram grandes responsáveis por transformar o frango de corte em animal extremamente eficiente na produção de carne, com alto desempenho e lucratividade. Apesar de todo o potencial, esses animais mostram-se susceptíveis a grande número de variáveis, como ambiente e estresse térmico. Para encarar esses desafios, os profissionais devem atentar para alguns pontos fundamentais: conhecimento fisiológico da ave, diagnóstico bioclimático da microrregião da granja e aplicação dos conceitos básicos da ambiência. A aplicação de todos esses pontos promoverá bem-estar para os animais e consequentemente maior produtividade. O termo ambiência sugere conforto térmico, sempre relacionado a conceitos de temperatura e bem-estar climático. O ambiente é a soma das variáveis físicas e biológicas que atuam diretamente sobre as aves e que devem ser controladas. Pequenas modificações na temperatura corporal são suficientes para desencadear alterações metabólicas e enzimáticas. Com a finalidade de manter o equilíbrio funcional, as aves utilizam mecanismos termorregulatórios. O sistema de termorregulação nas aves comerciais pode ser descrito a partir de quatro unidades funcionais: sistema passivo, receptor, controlador e efetor. Vísceras, pele e músculos são sistemas passivos, possuem termorreceptores, que percebem e encaminham estímulos até o hipotálamo, centro termorregulatório do organismo. Então, ocorrerá processamento da informação, que é encaminhada aos efetores, com finalidade de desencadear a resposta necessária para a homeostasia. Por serem animais homeotérmicos, aves produzem calor metabólico constantemente. Portanto, em estresse térmico, o organismo tem necessidade de reduzir a produção e aumentar a perda de calor. Para ocorrer perda de calor dos tecidos para a superfície corporal, o calor é dissipado de forma sensível através da radiação (calor é transferido da pele e superfície das penas para objetos que circundam a ave e vice-versa), convecção (o ar fresco é aquecido quando entra em contato com o corpo da ave, calor é removido com o movimento do ar) e condução (transferência térmica por colisão, requer que a superfície corporal da ave entre em contato com algum objeto mais frio). As formas insensíveis de perda de calor são através da respiração e da evaporação. 15 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti Alterações comportamentaissão frequentemente observadas em frangos de corte submetidos a altas temperaturas, visando aumentar a superfície de troca de calor e diminuir a temperatura corporal, dentre elas pode-se destacar polipnéia e vasodilatação. Do ponto de vista zootécnico, queda do consumo de alimento é expressiva e isso ocorre para diminuir a produção de calor proveniente da digestão. Aumento no consumo de água também é observado, para repor água evaporada e possibilitar a perda de calor pelas excretas. Portanto, é necessário compreender as variações fisiológicas frente aos diferentes estímulos ambientais, assim como conhecer a zona de conforto térmico (ZCT) da espécie produzida. Em frangos de corte, a ZCT varia de acordo com a idade. Para animais com uma semana de vida, a temperatura ideal é 32°C a 35°C, já na segunda semana é 29°C a 32°C. Até a quinta semana, ocorrendo diminuição gradativa, estabiliza-se a 20°C. Em patos adultos a ZCT é de 12 a 30 °C e perus adultos de 15 a 20 °C. Embriões e pintainhos até 14 dias se comportam como animais poiquilotérmicos, após esta idade passam a ser homeotérmicos. A temperatura interna de uma ave adulta pode variar entre 41°C e 42°C, resistindo até 30°C, mas não a 47°C. Para manter a homeotermia a ave gasta 80% da energia consumida, sobrando apenas 20% para a produção de ovos e carne, sendo de suma importância um controle correto da temperatura. 5.1 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA DIMINUIR ESTRESSE TÉRMICO ÁGUA Canalização enterrada; Caixa d’água na sombra; Troca frequente de água dos bebedouros, Uso de gelo na caixa. ALIMENTAÇÃO Diminuir o nível de proteína bruta; Substituir a energia dos carboidratos por adição de óleo, Jejum nas horas mais quentes do dia. 16 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti AMBIENTE Manter a cama seca e não revolver após 30 dias de idade das aves; Retirar todos os equipamentos que possam impedir a circulação de ar ao redor do aviário; Usar ventiladores e nebulizadores; Diminuir a densidade populacional; Soltar as aves para fora do galpão nas horas mais quentes do dia em caso de emergência; Adotar um programa de luz intermitente para estimular a alimentação da ave durante a noite, O galpão deve ser instalado no sentido leste-oeste, evitando incidência de luz solar diretamente sobre as paredes, e sua cobertura construída com material de baixa capacidade de reter. 5.2 EQUIPAMENTOS 5.2.1 Fase inicial de manejo - Círculo de Proteção: utilizados para poedeiras e matrizes comerciais. Deve-se utilizar folhas de Eucatex (cortadas em 3 partes) e fazer um círculos com estas folhas. O círculo fica com diâmetro de 3 a 3,5m e instala-se uma campânula de gás no centro. No primeiro dia a temperatura permanece em torno de 33ºC e a partir do 3º dia começa-se a abri o círculo. Também deve conter 6 comedouros infantis e 6 bebedouros pendulares ou tipo Nipple. 17 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti -Atualmente faz-se a ambiência dos galpões em pinteiros com campânulas ou fornalhas termoestáticas e são alojados cerca de 65 a 85pintos/m² (65 pintos/m² no verão e 85pintos/m² no inverno). -Os comedouros infantis permanecem até o 12º dia, na relação de 1:100 pintos e posteriormente pode-se utilizar comedouros automáticos, com relação de 1 prato/100 pintos ou 1 prato/40 aves. Os bebedouros pendulares tem relação de 1:100 pintos e o do tipo Niple 1:25 pintos e após o crescimento 1:12 aves. -Até o 20º dia de vida é um período nocivo. Deve-se fornecer aquecimento para não criar refugos e maximizar o crescimento (desempenho). 5.2.2 Equipamentos para fase de crescimento e terminação -Comedouros: tubulares ou automáticos em linhas. 1 prato/40 aves em 4 linhas. - Bebedouros: pendulares (1:85 aves) em 3 ou 4 linhas e tipo Nipple (1:12 aves) em 5 linhas. - Ventiladores: galpão de 50m (6 ventiladores – 3 linhas de 2) ou galpão de 100m (12 ventiladores – 6 linhas de 2). No sistema de pressão positiva os ventiladores devem ser posicionados no sentido da ventilação natural. A altura dos ventiladores é de 1m e o ar atinge 25m a frente. Eles devem ter uma leve inclinação para a renovação de ar, mas sem atingir diretamente as aves. 18 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti - Nebulização: galpão de 50m (64 bicos em 3 ou 4 linhas) ou galpão de 100m (130 bicos em 3 ou 4 linhas). - Lança-Chamas: usado no intervalo entre lotes para a queima das penas na cama. 19 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 6 CRIAÇÃO E MANEJO DE FRANGOS DE CORTE São utilizadas as linhagens Cobb, Cobb-Avian, Hybro, Arbor Acres, Aviam Farms e Ross. No Brasil os sistemas de criação utilizados são: - Integração: a empresa possui abatedouro, produz os pintinhos e fornecem os insumos. O produtor entra com o galpão, água, luz, equipamento, cama e mão de obra. A remuneração é feita conforme a qualidade do produto final. - Cooperativa. - Independente. Os frangos não possui uma parótida evoluída, por isso logo após ingerir comida necessitam de água, dessa forma, os bebedouros devem estar próximos aos comedouros. As aves preferem grãos maiores, por isso é importante uma granulometria controlada da ração. Grãos maiores ficam mais tempo no trato digestório, podendo ser melhor aproveitado. A partir dos 30 dias eles já têm problemas de locomoção. As aves modernas apresentam hipertensão e podem ter morte súbita na semana final da criação (animais mais gordos). Também apresentam ascite, a qual é causada pela falta de oxigênio nas incubadoras, nascedouros e caminhões transportadores. O modo de criação dos frangos de corte é sobre a cama (por baixo se tem chão batido e alguns exigem chão de cimento). A maravalha/serragem/cepilho é um bom isolante térmico e absorve a umidade. Deve-se priorizar o sistema “all in- all out” e criar aves com a mesma idade em uma granja, visando reduzir o risco de sanitário). - Idade de abate: é definido pelo mercado consumidor. Algumas formas de avaliar o desempenho de um lote são: - Peso Vivo: obtido a qualquer momento. 20 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti - Peso Médio: deve-se mensurar uma parcela representativa (cerca de 1 a 3% do lote). Cuidado aos pesar aves com o papo cheio (superestima-se o peso real). - Peso Médio ao Final do Lote/Ave: peso total/ número de aves entregues. - Consumo de Ração/Ave: total de ração consumida/ número de aves entregues. - Conversão Alimentar (C.A.): Média de consumo/ave/Média de peso vivo/ave. - Eficiência Alimentar (E.A. %): Média do PV/ave/Média de consumo/ave x 100. - Mortalidade: Número de mortos/Número de pintos de 1 dia x 100. - Viabilidade: 100 – Mortalidade. -Fator de Eficiência de Produção (FEP): Viabilidade x Peso médio/ Conversão x Idade de abate x 100. - Tipos de Galpão: Pressão positiva: utiliza ventilação natural. Quanto maior o pé direito melhor é a ventilação (cerca de 3,2m). Deve-se fazer o manejo constante das cortinas. Pode-se utilizar árvores não frutíferas para sombrear o galpão. Podeconter ventiladores. No inverno a amônia tem maior dificuldade de ser dissipada e pode prejudicar os pintos. Pressão negativa: utiliza corrente de ar por exaustores. Não há a necessidade de pé direito tão alto. Cortinas permanecem levantadas. Ventiladores e exaustores (velocidade: 2m/s). Um galpão de pressão negativa pode se tornar um de pressão positiva simplesmente baixando as cortinas quando a temperatura for favorável. Dark-House: galpão fechado (penumbra). Exaustores permanecem ligados o tempo todo. Pode-se confinar mais aves por m², pois ficam mais calmas. Sistema dependente de energia e com alto investimento inicial. *Nos 3 tipos de galpões há diferença na conversão alimentar. Dark-House é o que apresenta melhor conversão alimentar. - Condições de Propriedade e Galpão de Pressão Positiva Água: deve ser farta, de qualidade, os tubos devem ser enterrados (para não haver oscilação de temperatura conforme o ambiente) e a distribuição deve ser por gravidade. Deve-se clorar a água. Localização na Propriedade: a construção do galpão deve ser em local plano (máximo de 2% de declínio), ventilado, não úmido, isolado, com boa drenagem 21 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti (elevado) e acesso para tráfego pesado. Orientação leste-oeste (cuidar com inclinação solar). Galpão: o comprimento varia de 50 a 150m, a Largura: varia de 8 a 12m. O pé direito deve ter entre 2,8 a 3,2m (quanto mais alto, mais ventilado é o galpão), a mureta lateral: 20cm, telhado: telhas de barro, beiral: 1 a 1,20m, tela de malha de 0,5” a 1,0” (fixada da mureta até em cima). As cortinas: plástica e por fora (com catraca para abaixar). O piso deve ser cimentado ou de chão batido. - Manejo da Fase Inicial: Inicia-se com a preparação dos pinteiros. A cama deve ser aquecida 2 horas antes da chegada dos pintos e a umidade deve ser inferior a 14%. Deve-se descarregar os pintos rapidamente. Sulfato de cobre (0,5kg/20L) pode ser pulverizado no local onde os pintinhos ficarão 2 dias antes de chegarem. O ideal é que os animais estejam dispersos. A temperatura deve ser alta no início com gradativa diminuição com o passar dos dias (1ª semana: 32 a 33ºC; 2ª semana: 28ºC; 3ª semana: 22 a 24ºC). O fornecimento de água e ração deve ser o mais rápido possível após seu nascimento, isto melhora seu desempenho final. A temperatura ideal para água deve ser entre 10 e 15ºC. Sobre mortalidade, o ideal máximo na primeira semana é entre 0,5 e 0,6% e se passar de 2% se torna preocupante. A lotação deve ser entre 65 e 85pintos/m². Deve-se lavar bebedouro e comedouro, para evitar acúmulo de sujidades e fermentação dos componentes. A borda superior do prato de ração deve ficar na altura do peito do pinto. - Manejo na Fase de Crescimento: nunca deve-se deixar faltar água ou ração. Sempre observar a altura de comedouros e bebedouros, conforme o passar da idade ajustar adequadamente. A água deve ser sempre clorada (cloro líquido ou pedra). Bebedouro do tipo Niple: nas primeiras horas o bico deve estar nivelado com os olhos do pinto. Do 1º dia ao 3º dia o bico está nivelado com a cabeça do pinto e a partir do 4º dia o bico deve estar ajustado levemente para cima da cabeça da ave, ajustando constantemente conforme o crescimento da ave. Deve-se limpar o bebedouro pendular 2 vezes ao dia. Os frangos mortos devem ser retirados diariamente. A cama deve ser revolvida e parte úmida retirada periodicamente. As partículas da cama devem ser de tamanho médio e homogêneas. Deve possuir capacidade de absorver a umidade das fezes sem empastas, deve ser um bom isolante térmico, boa capacidade de amortecimento, baixa umidade (inferior a 14%), baixo custo e boa disponibilidade e ausência de fungos ou substâncias tóxicas. No processo de 22 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti desinfecção deve-se retirar equipamentos, abrir todo o aviário para ventilação, retirar partes encascadas, proceder a queima das penas com lança-chamas (penas não permitem a correta fermentação da cama e possuem muitos microorganismos), então deve-se umidificar a cama em 30% para promover a futura fermentação e enlonar. A lona deve ficar por 10 dias e a temperatura chega no ápice por volta dos 7º e 8º dia. Após isso, retira-se a lona, coloca-se os equipamentos novamente e aplica-se desinfetante. A lotação dependente da qualidade do galpão, atualmente utiliza-se kg de PV que o galpão suporta e não nº de aves/m². O número de comedouros e bebedouros deve ser proporcional ao número de aves alojadas. 23 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 7 CRIAÇÃO E MANEJO DE POEDEIRAS LEVES E SEMI PESADAS São utilizadas as raças Leghorn, Rhode Island, Brahma, Cornish, New Hampshire e Sussex. E as linhagens: Hissex, Lohmann, ISA e Hyline. As fases de criação das poedeiras leves e semi pesadas são: -Inicial: entre 1 e 6 semanas; -Cria: entre 7 e 12 semanas; -Recria: entre 13 e 17 semanas, -Postura: entre 18 até 70 semanas. Podem ser utilizados galpões abertos e fechados. Os primeiros são utilizados em regiões de clima tropical e requer menos investimento. Tem-se dificuldade em manter a uniformidade (na fase de crescimento) e maturidade sexual. Já os galpões fechados não são utilizados no Brasil. E tem-se maior controle da uniformidade e maturidade sexual. Os sistemas de produção empregados variam de acordo com a fase de vida do animal, sendo eles: -Criação de pintos: em baterias e em cama; -Criação de frangas: em gaiola e em cama, -Postura: em gaiola e em cama. Existe quatro tipos de rações utilizados para estes animais: - Ração Inicial: utilizada até 6 semanas; - Ração de Crescimento ou Cria: utilizada entre 7 a 12 semanas; - Ração de Recria: utilizada entre 13 a 18 semanas, - Ração de Postura: utilizada a partir de 18 semanas. Na primeira semana a ave consome em média 15 mL de água por dia e com 18 semanas já ingere cerca de 140 mL. Com o aumento da produção, há aumento no consumo, por exemplo, com 50% de postura a ave consome cerca de 200 mL/dia e com 90% de postura a ave consome cerca de 250 mL/dia. Os bebedouros devem ser regulados a 5cm acima do dorso da ave (igual para frangos de corte). A formulação se dá de acordo com a idade, fase de produção e com as necessidades. As matérias-primas devem ser na analistas quanto a cor, odor e textura, uniformidade no tamanho das partículas (granulometria adequada), 24 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti materiais contaminantes e análise laboratorial (Ex.: umidade, teor de proteína bruta, Ca++, P+++, micotoxinas). O consumo de ração varia de acordo com peso corporal (aves semi-pesadas consomem mais do que as aves leves), temperatura (temperatura mais baixa aumenta a ingestão de alimento pois há mais gastos com o metabolismo basal e temperaturas mais altas inibem o consumo), textura da ração (textura mais grossa aumenta o consumo e textura mais fina diminui o consumo), nível de energia (é inversamente proporcional, quanto maior o nível de energia menor será o consumo e quanto menor o nível energético maior o consumo), desequilíbrio de nutrientes (a ave tentará compensar a carência de nutrientes aumentando o consumo de ração). Os comedouros devem estar na altura do ossopeitoral (igual para frangos de corte). Deve-se oferecer calcário para galinhas em postura e a granulometria deste calcário é importante pois o maior tamanho faz com que este calcário permaneça mais tempo no papo e é absorvido mais lentamente. No alojamento, as galinhas poedeiras devem ser mantidas em cama bem conservada ou ter acesso a ela. A cama deve: conter material e tamanho de partículas adequados, ser de boa qualidade, ser gerenciada para permanecer em condições secas e friável (não endurecida), ter espessura suficiente para diluição de excrementos. A transferência é executada com 15 a 16 semanas, ou seja, antes de iniciarem a postura para que tenham um período de adaptação com a gaiola. Se houver necessidade pode-se realizar nova antes da transferência (para evitar o canibalismo devido ao estresse). Faz-se a administração de polivitamínicos (vitamina K – com ação anticoagulante) 3 dias antes e 3 dias após a transferência das aves. Eliminar aves com problemas, como enterites ou machucadas, pois elas não podem ser transferidas. Na fase de produção não pode-se usar anti-coccidiano, somente na fase de recria. O transporte deve ser feito nas horas frescas do dia, deve-se ter cuidados no apanhe (apanhar a ave pelo dorso, nunca pelas asas ou pelas pernas). Como cuidados no pré-transporte deve-se realizar um adequado esquema vacinal, pré-selecionar os animais pela conformação (peso e características) e fazer a triagem (descarte de aves improdutivas, aspecto geral, feridas, bicadas gravemente, enfermas, prostradas, empenamento sem brilho, manifestações de enterite). 25 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti Existem vário tamanhos de gaiolas, as mais comuns possuem dimensão de 0,30m x 0,30m x 0,40m (largura x comprimento x altura). A lotação deve respeitar aproximadamente 400 cm2/ave. Pode-se alojar 3 aves leves ou 2 semi-pesadas por gaiola. A ambiência para matrizes é: - Bebedouros: tipo calha (2,5 cm/ave) ou tipo Nipple (entre 8 a 10 aves/bico); - Comedouros: em calha (10 a 12 cm/ave), - Manejo da luz: programa de luz contínuo (entre 15 a 16 h /dia) com intensidade de 10 lux na altura da cabeça da ave e a partir de 36 semanas (luz intermitente). - Temperatura: estresse térmico por temperatura muito elevada causam quedas acentuadas na produção e o calor provoca ovos de casca mole. Para evitar isso pode-se utilizar ventiladores, nebulizadores, pintura do telhado de branco ajuda a refletir os raios de sol. Os métodos de avaliação do desempenho produtivo dessas aves comerciais são: - Postura: quando em 5% de produção do plantel; - Maturidade sexual: 50% de produção; - Aves Leves: 5% de produção com 20 semanas, pois são mais precoces, - Aves Semi Pesadas: 5% de produção com 21 semanas. *Após 2 semanas atingem a maturação sexual com 50% de produção. O pico de postura se dá aproximadamente 10 semanas depois que atingiu 5 %. Depois do pico a produção tende a cair. 26 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti - Controle por semana: % postura ave/dia na semana é igual ao número de ovos da semana / número de aves na semana multiplicado por 100. - Número de ovos por ave alojada: Ex: alojados 5000 frangas. Se com 56 semanas o lote já está contabilizado e foram botados 1 milhão e 400 ovos. Quantos ovos por ave alojada se tem? 1.400.000 divido por 5000 frangas = 280 ovos/ave alojada. - Produção ave/dia: relação entre o número de ovos postos em um determinado dia e o número de aves existentes no mesmo dia. Ex: 8.000 ovos coletados em um dia em que haviam 10.000 aves. Número de ovos dividido pelo número de aves. Nesse caso tem-se 80% de postura. Quando as aves chegam a 70 a 80 semanas tem-se diminuição da produção, então pode-se descartar as aves ou fazer uma muda forçada para ter um novo ciclo de produção. O primeiro ciclo de produção é de 70 a 80 semanas. A muda natural ocorre no período de 21/12 a 21/06. Esse período naturalmente é a estação reprodutiva das aves. Há perda e renovação das penas antes das penas antes das épocas frias, quando a temperatura começa a baixar e o comprimento e luminosidade dos dias ficam menores. Atualmente consegue-se parar a postura sem haver a perda das penas, os métodos podem ser quantitativo ou qualitativo. - Método quantitativo: com jejum alimentar (há diversos programas) mas pode-se cortar a ração do 1º ao 10º dia de vida. Depois, em torno do 11º dia ao 18º dia oferece-se 50g/ave/ dia, nesse período a ave já tem que ter perdido de 20 a 25 % do seu peso corporal. Após isto, oferece-se 50g/ave dia (em quatro partes), depois com 18 dias 100g/ave/dia dia sim, dia não. Com 28 dias pode se oferecer ração a vontade novamente. Com 35 dias a ave volta a produzir. - Método qualitativo: evitando o estresse pela retirada total da ração, retiram-se nutrientes essenciais (Ex.: cálcio e sódio). Há a substituição por alimento “sem valor”, irá se fornecer casca de arroz e a ave terá a sensação que estará consumindo algo. O excesso de zinco (25 mil ppm na ração) diminui a ingestão de alimento e diminui e cessa a postura. *Novo ciclo não tem a mesma qualidade do primeiro ciclo. A intensidade de postura cai rapidamente- dura de 25 a 35 semanas. *Há maior mortalidade, maior consumo de ração, peso do ovo aumenta, pior qualidade da casca e interna, diminuição de 15 a 25% do primeiro ciclo. 27 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti *Pode ser feito de 2 a 3 ciclos. *As aves que são descartadas podem ser comercializadas para abatedouros. A qualidade do ovo depende de diversos fatores: -Idade da ave: quanto mais velhas as aves pior será a qualidade do ovo, porque quando elas estão mais velhas ocorre menor absorção intestinal de cálcio, menor aporte de cálcio ao útero e diminuição da relação peso da casca/peso do ovo (ovo maior, com menos cálcio e casca mais fina). -Genética. -Temperatura ambiente: temperatura elevada faz com as aves fiquem ofegantes ocorrendo hiperventilação ocorrendo alcalose respiratória e acidose metabólica. Assimo bicarbonato não estará presente para se juntar com o carbonato e formar o carbonato de cálcio e com isso há formação de ovos de casca mole. -Enfermidades: adenovírus, por exemplo, deixa o albúmen bastante líquido caindo a postura e a qualidade do ovo. O vírus da bronquite infecciosa atinge as células caliciformes do magno que são as que produzem a ovomucina que dá um aspecto gelatinoso para o albúmen. Sem produção de ovomucina o albúmen fica líquido. -Fatores nutricionais: o cálcio deve estar em torno de 4%. Os problemas mais comuns na postura são: -Queda no consumo de ração: reduz produção de ovos; -Temperatura elevada: reduz consumo e tamanho do ovo; -Problemas sanitários; -Mudanças com troca de composição da ração; -Mudanças bruscas de temperatura (ventos), barulhos, falta de luz por muito tempo, -Visitas aos galinheiros (pessoas, animais): funcionário devem utilizar uniforme de cor azul e geralmente o tratador tem que ser o mesmo para evitar estresse das aves. A debicagem deve ser feita entre 6 e 9 dias de vida. O bico é aparado e cauterizado com lâmina incandescente a cerca de 700ºC e o processo deve ser rápido. Em frangas a redebicagem deve ocorrer entre a 9ª e 11ª semana de idade. E o corte deve ser feito a distância máxima de 4/5mm da narina. Deve-se debicarsomente aves sadias e com bom desenvolvimento corporal. Não se deve debicar após a 11ª semana de idade para não haver o retardo no início da maturidade sexual. Pode-se adicionar vitaminas (principalmente vitamina K) à alimentação após a debicagem. E a ração no dia da debicagem é ad libitum. 28 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 8 INCUBAÇÃO 8.1 CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS Pode ser manual ou mecânica, e consiste em selecionar os ovos considerados como incubáveis, atendendo a critérios como: - Idade da ave: os nutrientes para o desenvolvimento do embrião, são oriundos da composição química do ovo. Esta é influenciada pela idade da ave, uma ave jovem produz ovos com quantidade de gema, albúmen e porosidade da casca menor. A qualidade da casca diminui com o aumento idade da matriz, uma ave jovem tem uma taxa de retenção de cálcio de aproximadamente 60%, enquanto a matriz velha possui a retenção de apenas 40% do cálcio absorvido. - Peso corporal da ave e a maturidade sexual: o peso em excesso ocasiona um grande desenvolvimento dos folículos prematuros, causando ovulações duplas, ovos defeituosos que reduzem a viabilidade do embrião. - Integridade e forma da casca: a casca e a cutícula do ovo exercem uma barreira física protegendo o embrião dos microrganismos e proporciona também a difusão dos gases respiratórios. A casca evita que ocorra perda de umidade excessiva, desidratação do ovo e fonte de cálcio para a formação do embrião. A qualidade da espessura da casca é indicada pela gravidade especifica, quando a densidade for menor a 1.080 tem maior perda de umidade, mais trinca e mortalidade precoce do embrião. O formato do ovo também muda a resistência da casca. O índice ideal (relação largura x altura do ovo) é de 74, acima é considerado um ovo curto e redondo, abaixo de 72 é considerado longo. O ovo considerado ideal para incubação é o de formato ovalado. - Fatores nutricionais: a qualidade da casca pode ser alterada por fatores nutricionais, uma vez que o cálcio que é utilizado para formar à casca vem exclusivamente da dieta das aves. A recomendação de cálcio para as aves é de 3,75 g/ave/dia para se obter uma casca de qualidade. O fósforo também afeta a qualidade de casca, a quantidade indicada é de 37 mg/dia/ave. - Doenças: prejudica os órgãos relacionados à absorção de cálcio e fósforo, compromete a qualidade da casca. As doenças que causam efeitos sobre a 29 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti qualidade da casca são: Newcastle, bronquite infecciosa e a Síndrome de queda da postura. - Fatores ambientais: a qualidade de casca diminui com o aumento da temperatura ambiente. Temperaturas elevadas reduzem a ingestão de alimentos, resultando em menor peso corporal, produção, tamanho de ovo e qualidade de casca. - Ovos sujos e postos no chão: podem ser incubados, desde que sejam incubadas em máquinas separadas, pois oferecem risco de apodrecimento elevando a contaminação das incubadoras. - Peso do ovo: é afetado pela idade da ave. Matrizes velhas produzem ovos maiores, com redução na densidade específica da casca, devido maior quantidade de poros, favorece trocas gasosas entre o ovo e o meio, assim determina maior perda de peso do ovo durante o período de incubação, aumentando a mortalidade embrionária, como consequência menor eclodibilidade dos ovos. 30 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 8.2 DESINFECÇÃO DE OVOS A desinfecção dos ovos permite a redução de contaminação dos ovos e minimiza os seus efeitos deletérios, uma desinfecção eficiente pode melhorar a eclodibilidade e a qualidade dos pintos. O ovo com boa qualidade de casca pode ter a penetração de bactérias em 30 minutos. Desta forma é recomendada a desinfecção na hora da coleta ou no máximo 30 minutos após a postura. Uma pulverização com formol e amônia quartenária na coleta, outra pulverização na seleção, e mais uma antes dos ovos serem enviados ao incubatório. Atualmente existem vários métodos de desinfecção de ovos como: - Higienização seca: o gás de formaldeído é um bactericida por contato (SILVA, 1994). O método exige uma cabine fechada com exaustor, temperatura entre 25 a 33 ºC, umidade entre 75 a 95%, os ovos permanecer nesta cabine por 15 a 20 minutos. - Higienização úmida: consiste na imersão dos ovos na solução contendo desinfetante ou antibiótico. Este método é pouco utilizado por ser menos eficiente, a solução satura com facilidade com os resíduos orgânicos e perde a sua eficiência. - Higienização pelo calor: os ovos estão em temperatura ambiente, são transferidos para incubadora na temperatura de 43ºC permanecendo por um período de 11 a 14 horas, em seguida colocado em outra incubadora com a temperatura de 37,5ºC. Este procedimento reduz a eclosão de 5 a 8% e o nascimento atrasa em 8 horas. 8.3 ARMAZENAMENTO DOS OVOS FERTEIS Evita a mistura de ovos de diferentes lotes, idades, o status sanitário duvidoso, além de permitir incubar uma maior quantidade de ovos por vez. No período de estocagem devem ser observados os seguintes fatores: - Temperatura: os ovos perdem temperatura para o ambiente por condução, resfriando de forma lenta, por um período de 18 horas até chegar a 18ºC, que é considerado como temperatura ideal para o armazenamento. Dessa forma a temperatura de estocagem, deve ser abaixo da temperatura requerida para se iniciar o desenvolvimento embrionário “zero fisiológico” (24ºC). Ovos armazenados em 31 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti temperaturas maiores que o zero fisiológico, antecipa a eclosão, em relação aos que foram armazenados em temperatura entre 18 a 20ºC. - Tempo: o tempo de armazenamento recomendado dos ovos é de 2 a 4 dias. - Umidade: a perda de umidade do ovo ocorre pelo processo de difusão. Na sala de estocagem, a umidade deve estar entre 70 a 85%. Estes ovos não devem atingir o ponto de orvalho, pois a condensação de água sobre a casca permite a contaminação dos ovos, e reduz o rendimento da incubação. - Resfriamento: o resfriamento deve ser de forma lenta e gradual, de 41ºC para 23ºC com duração entre 6 e 8 horas, após esse resfriamento os ovos podem ser armazenados na sala de ovos em temperatura de 18 a 19ºC. No entanto se o resfriamento ocorrer rapidamente após a postura e se os ovos forem armazenados por um longo tempo, ocorre mortalidade embrionária, pois este embrião teve apenas 24 a 26 horas de desenvolvimento, e ele será frágil, podendo morrer na primeira fase de incubação entre 24 e 26 horas. - Viragem: esse procedimento é realizado de forma automática, a cada hora durante 24 horas. A viragem impede que ocorra a aderência do embrião na membrana da casca, quando o período de estocagem for superior a 4 dias, o sistema de viragem é dispensável. - Posição dos ovos durante o armazenamento: a posição dos ovos nas bandejas é com a ponta fina para baixo, a câmara de ar fica posicionada para cima. 8.4 CONTROLE DO AMBIENTE DE INCUBAÇÃO - Sala de ovos: os ovos são classificados em relação ao tipo, idade da ave e procedência. Em seguida são colocados nas bandejas de incubação e transferidos para os carrinhos de incubação, onde permanecem até a transferência paraa máquina de incubação. A temperatura nesta sala é de 18 a 21ºC, umidade de 75 a 80%, pressão negativa de 10%, troca de ar é de 0,34 m3 h/1000. - Câmara fria: utilizada quando o período de armazenamento dos ovos for superior a 7 dias. Os ovos devem ser estocados com a ponta fina para cima e embalados em caixa, em seguida são envelopados em sacos plásticos para ocorrer menor perda interna de água. A temperatura da câmara fria deve ser de 15 a 18ºC, umidade a máxima possível e a ventilação de 0,66 m3 /h/1000 ovos. 32 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti - Sala de pré-aquecimento: indicado quando os ovos são armazenados em temperaturas baixas e quando o período de estocagem for maior de 2 a 4 dia. Os ovos são retirados da sala de estocagem, aquecidos de forma lenta por 8 a 12 horas na sala de pré-aquecimento, onde a temperatura deve manter-se entre 24 e 30ºC, umidade de 70 a 75% e pressão negativa de 10%. - Sala de incubação: os ovos ficarão a maior parte do tempo (18 a 19 dias) desde a entrada no incubatório até a sua saída. A temperatura deve ser mantida de 24 a 26ºC, umidade de 40 a 50%, troca de ar 10 m3 /h/1000 ovos. - Sala de nascedouros: o embrião permanece mais ou menos 2 dias nesta sala, é nesta fase se conclui o processo de incubação, o nascimento dos pintinhos A temperatura deverá estar entre 24 a 26ºC, umidade de 50%, pressão negativa de 5%, troca de ar 30 m3 /h/1000 pintos. - Sala de pintainhos: os animais recém nascidos são sensíveis à variação de temperatura e agressões de microrganismos. As aves devem ficar nesta sala o menor tempo possível, pois os sintomas de desidratação aparecem 72 horas após o nascimento, desde que não estejam alojados recebendo alimento e água. A temperatura deve estar 24 a 26ºC, umidade de 50%, pressão negativa de 5%, troca de ar 30 m3 /h/1000 pintos. - Sala de lavagem/desinfecção: após as operações de transferência e nascimento, bandejas, carrinhos e restos da incubação devem ser levados para esta sala. Neste ambiente a pressão negativa é de 10% e a troca de ar 10 a 20 m3 /h. 8.5 MANEJO DURANTE A INCUBAÇÃO E ECLOSÃO - Pré-aquecimento dos ovos: ovos que foram armazenados em temperaturas baixas, não podem ser transferidos diretamente para as máquinas de incubação, devem passar pelo processo de pré-aquecimento. Esse procedimento pode ser realizado na incubadora, uma carga de ovos armazenados a uma temperatura de 18°C, leva a uma queda de temperatura na máquina, e consequentemente ocorrem atrasos na eclosão. Para que não ocorra esse problema, os ovos devem ser aquecidos lentamente por um período de 8 a 12 horas antes de serem incubados. No momento da incubação, o interior do ovo deverá estar com a temperatura de 26 a 28ºC. 33 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti - Incubação do ovo: após a preparação das cargas e o pré-aquecimento, os ovos são transferidos para a sala de incubadoras para serem incubados. O período de incubação é de 21 dias (18 ou 19 dias na incubadora, ± 3 dias nos nascedouros), podendo variar em função da idade da matriz, qualidade da casca, tempo e temperatura de armazenamento dos ovos e a temperatura da incubadora e nascedouros. A temperatura considerada como ideal na sala de incubação é de 24 a 26ºC. Temperaturas elevadas adiantam o nascimento, e provocar alta mortalidade aos 19 a 21 dias de incubação, pintinhos mortos nas bandejas, refugos e desidratados. Temperaturas baixas causam atraso nos nascimentos, aparecem pintos balofos, umbigo mal cicatrizado e ovos bicados não nascidos. - Ovoscopia: realizada no 7º dia de incubação. Este procedimento é feito com um ovoscópio, onde se verifica se existem defeitos da casca como: rachaduras, rugosidade, despigmentação e a qualidade do ovo. Uma segunda ovoscopia deverá ser feita com os ovos que não eclodiram para avaliar as causas pelos quais não houve o nascimento. - Posição dos ovos na incubadora: os ovos são posicionados nas bandejas, com a câmara de ar voltada para cima. Caso contrário, o desenvolvimento do pintinho será com a cabeça virada para ponta fina que não existe câmara de ar. Ocorrendo assim mortalidade que podem ser maior que 10% e uma taxa superior a 40% de refugagem. - Viragem dos ovos: o procedimento de viragem dos ovos tem como objetivo impedir a aderência do embrião na membrana da casca. Na incubadora a viragem é realizada até o 18° dia no ângulo de 45º a cada hora. Os ovos não devem ser movimentados de forma circular porque a membrana corioalantóide pode se romper e o embrião irá morrer. - Transferência dos ovos para a câmara de eclosão: pode ser manual ou mecânica, ocorre aos 18 e 19 dias de incubação quando pelo menos 1% ou 2% dos ovos se encontram bicados. - Retirada dos pintainhos: o momento ideal de se retirar os pintos, para que estes tenham rendimento e qualidade é quando cerca de 95% dos pintos estejam nascidos, tendo apenas a região do pescoço umedecida. Quando a coleta for antecipada, se terá grande quantidade de ovos bicados vivos e mortos. Na coleta retardada, ocorre à desidratação dos pintos. Em ambas as situações ocorrem perda na qualidade e quantidade dos pintos nascidos. 34 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 8.6 SELEÇÃO Deve ser de acordo com as exigências do cliente, em função do processo de produção visando mercado aberto ou a integração onde se adota 3 faixas de classificação: pintos de primeira apresentam vivacidade, umbigo cicatrizado, sem defeitos físicos, ausência de hérnias e plumas bem secas. Pintos de segunda são considerados refugos, apresentam pequenos resquícios do cordão umbilical, são menores e apresentam plumas pegajosas. O critério para esta classificação varia de acordo com cada empresa. Pintos de terceira são eliminados por apresentarem, hérnia, duplicação de membros e má cicatrização do umbigo. A seleção se inicia pelos lotes de matrizes novas, ou em função da ordem, em que ocorrerá a expedição aos clientes em relação ao horário de saída da carga. Os critérios utilizados para seleção visual dos pintinhos ao nascer estão baseados em: olhos brilhantes e vivos, ausência de defeitos, penugem (pintada), cegueira, postura 14 firme, umbigo cicatrizado para evitar contaminação, estar hidratados, pesar entre 38 e 45 gramas, pernas bem hidratadas e brilhantes. - Sexagem: consiste em separar os machos das fêmeas. Essa técnica dever ser realizada por uma equipe treinada, para evitar a ocorrência de estresse, lesões nas asas e abdômen, rompimento de gema levando a morte dos pintinhos. Atualmente existem três tipos de sexagem: - Avaliar a pigmentação da penugem, onde o gene dourado é dominante sobre o prateado, quando ocorre o acasalamento entre uma fêmea prateada com macho dourado, os machos serão iguais à mãe prateados, as fêmeas serão douradas como o pai. - Observar a velocidade em que ocorre o empenamento, as fêmeas apresentam o empenamento mais rápido em relação os machos que ocorre de forma mais lenta. - Realizado pela cloaca, através da determinação da proeminência genital. Ao realizar sexagem, devem-se eliminar as fezes da cloaca e do intestino final, isso é importante para identificar o sexo, evitando a mascarar os resultados. O sexador com uma das mãos deverá exercer uma pressão sobre as paredes abdominais do pintinho, abaixando o orifício cloacal, que deve ser levementepressionada a parte abdominal ocorrendo exposição da proeminência. 35 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 8.7 VACINAÇÃO A vacinação no incubatório é obrigatória contra a doença de Marek, porém a maioria dos pintainhos de corte é vacinada contra a doença de Gumboro e Bouba Aviária em regiões de grande ocorrência. 36 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti 9 BIOSSEGURIDADE - Medidas Específicas: uso de vacinas. -Medidas Gerais: - Envolver pessoas da empresa no programa de biossegurança de maneira racional e motivadora. -Granjas devem ser afastadas de centros urbanos, de outras granjas, incubatórios, fábricas de rações, indústrias de processamento de alimentos de origem animal. Todos com distâncias específicas. - Executar desinfecção de todos os veículos ou utensílios que entrarem na granja (arco de desinfecção). -Combater a presença de insetos, roedores e aves silvestres. Pode-se utilizar telas anti-pássaros nos galpões. Fazer a colocação de iscas em volta dos galpões e no forro também. -Evitar o trânsito de veículos, pessoas e animais próximos aos núcleos de criação. -Cercar os núcleos com tela, mureta e árvores não frutíferas. A vegetação servirá de filtro natural para reduzir riscos de contaminação (para galpões de pressão positiva). -Restringir o máximo de visitas à granjas/pinteiros e aos galpões. Quando permitir visitas, o ideal é tomar banho e fazer a troca de roupas. -A recepção de ração deve ser próxima as cercas de tela, não permitindo que o caminhão entre no meio dos galpões. -Barreira sanitária em avicultura: o frango moderno foi feito para ganhar muito peso em pouco tempo e possui sistema imune pouco desenvolvido. A barreira consiste no isolamento da granja (restringir a entrada de pessoas estranhas). -Estabelecer um eficiente programa de monitoria laboratorial durante toda a vida do plantel (controle de doenças emergentes). -Definir um programa de vacinação de acordo com as necessidades de cada região. -Limpeza total do galpão, equipamentos, cortinas e desinfecção também, entre um lote e outro. -Destino adequado para as aves mortas (composteiras). A composteira deve 37 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti ficar a 30m dos aviários e em local onde não haja risco de contaminação do lençol freático. -Cuidar com vazamento de água, gás e fumaça. -Superfícies internas do aviário devem ser lisas e impermeáveis para facilitar a limpeza e desinfecção. -Imediações dos aviários devem ser livres de entulhos, vegetação e lixo e se possível calçada de concreto. -Evitar o acesso de animais domésticos às imediações dos aviários. -Utilização de desinfetantes adequados. - Biosseguridade do Incubatório: - Cercamento. - Entrada: presença de arco sanitário, rodolúvio e jato de água para desinfecção dos caminhões. - Visitas: são restritas e controladas por registros. O visitante deve respeitar uma vazio sanitário de no mínimo 48 horas. Funcionários e visistantes antes de ingressarem no incubatório devem tomar banho completo e vestir roupas e calçados exclusivos e fumigados. - Fluxo Interno: deve ser sempre da área limpa (Ex.: sala de ovos, sala de incubação e eclosão) para a área suja (Ex.: sala de pintos, vacinação e expedição). Pode retornar da área suja para a área limpa somente após banho e troca de roupas. - Limpeza e Desinfecção: realizada diariamente. A troca do desinfetante utilizado no incubatório deve ser constante para não haver resistência. 38 Apostila apresentada à disciplina de Produção e Doenças de Não-Ruminantes Monitora: Geórgia Caetano de Almeida Professor: Celso Grigoletti REFERÊNCIAS ALBINO, L.F.T.; TAVERNARI, F.C. Produção e manejo de frangos de corte. Viçosa: UFV, 2008. COBB. Guia de manejo de incubação, 2008. ESPÍNDOLA, C.J. Trajetórias do progresso técnico na cadeia produtiva de carne de frango do Brasil. Revista Geosul, v. 27, n. 53, p. 89-113, jan./jul., 2012. FERREIRA, V.P.A.; LAUVERS, G. Fatores que afetam a qualidade dos pintos de um dia, desde a incubação até recebimento na granja. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária - FAMED/FAEF, 2011. MENDES, A. A. Panorama da avicultura nacional e perspectivas do setor. ABPA - Sanidade Avícola – Fortaleza Nacional. Brasília, p. 33, 2014. MENDES, A.A. & SALDANHA, E.S.P.B. A cadeia produtiva da carne de aves no Brasil. In: MENDES, Ariel Antônio; NÄÄS, Irenilza de Alencar; MACARI, Marcos (Ed.). Produção de frangos de corte. Campinas: FACTA, p. 1-22, 2004. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Raças e Linhagens de Galinhas para Criações Comerciais e Alternativas no Brasil. Comunicado Técnico. Concórdia, 2003. PRADELLA, R. et al. Evolução da avicultura de corte no Brasil. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18, 2014. SEBRAE. Cadeia produtiva da avicultura - cenários econômicos e estudos setoriais. Recife, 2008, p.42.
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