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MÓDULO SAÚDE DA MULHER E GÊNERO Resumo de aula sobre Pré-Natal Jaqueline Isis Caún – Turma 59 (2000) Avaliação Pré-concepcional Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. Muitas gestações não planejadas acontecem devido à falta de orientação sobre métodos contraceptivos, por isso é importante que os profissionais de saúde orientem durante as consultas sobre o planejamento familiar. A regulamentação do planejamento familiar no Brasil, por meio da Lei n.º 9.263/96, foi conquista importante para mulheres e homens no que diz respeito à afirmação dos direitos reprodutivos. A atenção em planejamento familiar reduz a mortalidade materna infantil, porque: Diminui o número de gravidezes não desejadas e de abortamentos provocados; Diminui o número de cesáreas realizadas para fazer a ligadura tubária; Diminui o número de ligaduras tubárias por falta de opção e acesso a outros métodos anticoncepcionais; Aumenta o intervalo interpartal, contribuindo para diminuir a freqüência de bebês de baixo peso e para que os bebês sejam adequadamente amamentados; Possibilita a prevenção e/ou postergação de gravidez em mulheres adolescentes, ou com patologias crônicas, tais como diabetes, cardiopatias, hipertensão, portadoras do HIV, entre outras. Durante as consultas a mulher que deseja engravidar é orientada quanto: condições de trabalho, nutrição, vícios, medicações teratogênicas, administração preventiva de ácido fólico e medidas educativas para que a mulher saiba o momento em que esta ovulando e estimular o aumento do período interpartal. É realizada investigação para saber se a mulher é imunizada quanto a Rubéola e Hepatite B, se já adquiriu Toxoplasmose ou alguma DST, se é portadora do vírus HIV ou Sífilis. A mulher é orientada sobre os cuidados que deverá tomar se possuir alguma dessas doenças: diabetes mellitus, hipertensão arterial crônica, epilepsia, infecção por HIV, infecção por Sífilis, anemias, carcinomas de colo uterino e de mama. A avaliação de risco reprodutivo é fundamental para identificar os problemas que a gestante está exposta. Não é preciso encaminhar a mulher para o pré-natal de alto risco caso esta apresente algum dos seguintes fatores: Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis: idade menor que 15 e maior que 35 anos; ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; situação conjugal insegura; baixa escolaridade (menor que cinco anos de estudo regular); condições ambientais desfavoráveis; altura menor que 1,45m; peso menor que 45kg e maior que 75kg; dependência de drogas lícitas ou ilícitas. História reprodutiva anterior: morte perinatal explicada ou inexplicada; recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado; abortamento habitual; esterilidade/infertilidade; intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos; nuliparidade e multiparidade; síndromes hemorrágicas; pré-eclâmpsia/eclâmpsia; cirurgia uterina anterior; macrossomia fetal. Intercorrências clínicas crônicas: cardiopatias; pneumopatias; nefropatias; endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus); hemopatias; hipertensão arterial moderada ou grave e/ou em uso de anti-hipertensivo; epilepsia; infecção urinária; portadoras de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis e outras DST); doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, outras colagenoses); ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras). Doença obstétrica na gravidez atual: desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico; trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; ganho ponderal inadequado; pré-eclâmpsia/eclâmpsia; amniorrexe prematura; hemorragias da gestação; isoimunização; óbito fetal. Caso a mulher apresente algum desses fatores, passíveis de tratamento isso deverá ser feito na UBS conforme os protocolos do Ministério da Saúde. Pré-natal Durante a 1ª consulta do pré-natal deve-se anotar: identificação, dados socioeconômicos, grau de instrução, profissão/ocupação, estado civil, numero e idade de dependentes, renda familiar, pessoas da família com renda, condições de moradia, distancia da residência até a moradia, condições de saneamento, antecedentes familiares, antecedentes pessoais, antecedentes ginecológicos, sexualidade, DUM, antecedentes obstétricos e gestação atual. Durante o exame físico da gestante deve ser observado: medida de PA, peso, altura, inspeção de pele e mucosas, palpação da tireóide, pesquisar edema, exame das mamas, situação e apresentação fetal, medida da altura uterina, ausculta de BCF, exame dos genitais externos, exame especular e toque vaginal. Solicitar exames de: imunológico de gravidez após 15 dias de atraso menstrual; dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht); grupo sangüíneo e fator Rh; sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo à 30ª semana; glicemia em jejum: repetir próximo à 30ª semana; exame sumário de urina (Tipo I): repetir próxima à 30ª semana; sorologia anti-HIV, com o consentimento da mulher após o “aconselhamento pré-teste” (ver item IV); sorologia para hepatite B (HBsAg, de preferência próximo à 30ª semana de gestação); sorologia para toxoplasmose (IgM para todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para realização). Outros exames podem ser acrescidos a esta rotina mínima em algumas situações especiais: protoparasitológico: solicitado na primeira consulta, sobretudo para mulheres de baixa renda; colpocitologia oncótica (papanicolau), se a mulher não a tiver realizado nos últimos três anos ou se houver indicação; sorologia para rubéola; urocultura para o diagnóstico de bacteriúria assintomática, em que exista disponibilidade para esse exame; ultra-sonografia obstétrica realizada precocemente durante a gestação nas unidades já estruturadas para isso, com o exame disponível. Nas consultas subseqüentes ocorre: cálculo da idade gestacional e data provável do parto; avaliação nutricional; fornecimento de informações necessárias e respostas às indagações da mulher ou da família; orientação sobre sinais de riscos e assistência em cada caso; referência para atendimento odontológico; encaminhamento para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a gestante não estiver imunizada; referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior complexidade, quando indicado (mesmo com referência para serviço especializado, a mulher deverá continuar sendo acompanhada, conjuntamente, na unidade básica); referência para atendimento odontológico. Cálculo da idade gestacional: somam-se os dias desde a DUM ou USG te o dia atual, a soma obtida é dividido por 7, o resultado da divisão são as semanas e quando há sobra da divisão é a quantidade de dias de gestação. DPP: em primigestas somam 10 dias da DUM e subtraem-se 3 meses (exceto nos 3 prmeiros meses do ano, nesses se acrescentam 9), em multigestas somam-se 7 dias da DUM e subtraem-se 3 meses (exceto nos 3 primeiros meses do ano, nesses acrescentam-se 9). Medida da AU: é colocada uma ponta da fita métrica na altura da sínfise púbica e a outra no fundo do útero e é feita a soma (relativamente igual à idade gestacional). Relações útero-fetais: Atitude: relação do feto com ele mesmo; Situação: maior eixo do feto com o maior eixo do útero – pode ser percebido na palpação (longitudinal, transverso e oblíquo); Apresentação: parte fetal em relação à pelve (cefálica, pélvica e transversa); Posição: relação do dorso fetal com o lado da mãe – ausculta do BCF no dorso fetal (D ou E) Ausculta de BCF: verificaro ritmo e freqüência dos batimentos, apalpar a barriga para descobrir a posição fetal e em seguida colocar o sonar do lado dorsal do feto. Relação IMC da mãe: é verificado qual será o indicado para o ganho de peso da mãe ao decorrer da gestação de acordo com a avaliação do IMC pré-gravídico. Medição de PA: importante a cada consulta realizar a aferição da PA para diagnostica precocemente um possível caso de eclampsia. Verificação da presença de edema: verificar se há um acúmulo generalizado de líquidos (pré-tibial). Completar calendário vacinal: caso a gestante não tiver nenhum registro de vacinação Anti-Tetânica iniciar o esquema vacinal, e caso apresente alguma dose conmpletar o esquema, conforme protocolo de imunização. Orientar sobre Mobilograma (indicado a partir da 34ª semana): alimentar-se 1 hora ou 2 horas antes de começar o registro; deitar em decúbito lateral esquerdo ou sentada, com a mão no abdome; contar o número de movimentos fetais por 1 hora; se houver menos de 6 movimentos em 1 hora, repetir o registro; se persistir a diminuição dos movimentos, procurar a unidade de saúde. O Programa de Humanização ao Pré-natal e Nascimento estabelece que o número mínimo de consultas de pré-natal deverá ser de seis consultas, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último trimestre. 10 passos para o pré-natal de qualidade na atenção básica: 1° PASSO: iniciar o pré-natal na atenção primária à saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce); 2° PASSO: garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal; 3° PASSO: toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em tempo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal; 4° PASSO: promover a escuta ativa da gestante e de seus acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico; 5° PASSO: garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário; 6° PASSO: é direito do parceiro ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: “pré-natal do parceiro”; 7° PASSO: garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário; 8° PASSO: estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do plano de parto; 9° PASSO: toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação); 10° PASSO: as mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. Teratogênico: qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz alteração na estrutura ou função da descendência. Talidomida: antigamente era prescrita a mulheres grávidas para combater enjôos, por isso muitos bebes nasceram com malformações até que a droga fosse proibida. Altamente teratogênica, mesmo com uma única dose. É proibido, atualmente o uso de Talidomida por mulheres em idade fértil. Misoprostol: usado, na maioria das vezes, como método abortivo. Caso a gestação continue pode causar malformações, relacionadas ao sistema nervoso central. Álcool: pode levar o feto e o recém-nascido a apresentarem, em um grave extremo da curva, a síndrome alcoólica fetal (SAF). Essa síndrome é caracterizada por déficit de crescimento, dismorfismo facial e evidência de anormalidades do sistema nervoso central. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Parto, Aborto e Puerpério – Assistência Humanizada à Mulher. Ministério da Saúde, FEBRASGO, ABENFO. Brasília-DF, 2001. http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/protocoloprenatal.pdf http://gravidez-segura.org/PDFs/Talidomida.pdf http://www.anvisa.gov.br/hotsite/talidomida/bula_talidomida.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_utilizacao_misoprostol_obstetricia.pdf http://www.iwhc.org/storage/iwhc/documents/Miso%20Brief/misoprostol_portugese.pdf http://www.spsp.org.br/downloads/alcool.pdf
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