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ANTIMICROBIANOS BASES TEÓRICAS E USO CLÍNICO I. Conceitos gerais: bases teóricas e uso clínico Por que é tão importante aprender sobre os antimicrobianos? Os antimicrobianos correspondem a uma classe de fármacos que é consumida freqüentemente em hospitais e na comunidade. Entretanto, são os únicos agentes farmacológicos que não afetam somente aos pacientes que os utilizam, mas também interferem de forma significativa no ambiente hospitalar por alteração da ecologia microbiana. O conhecimento dos princípios gerais que norteiam o uso de antimicrobianos, assim como das propriedades e características básicas dos antimicrobianos disponíveis, são essenciais para uma escolha terapêutica adequada. Quais são os principais problemas relacionados à qualidade do uso clínico dos antimicrobianos? Existem muitos problemas. Conheça alguns: diversos estudos têm demonstrado que aproximadamente 50% das prescrições médicas de antimicrobianos são feitas de forma inadequada; o uso excessivo destes fármacos não apenas está associado à emergência e seleção de cepas de bactérias resistentes, mas também a eventos adversos, elevação dos custos e da morbi-mortalidade. Na prática clínica o uso de antimicrobianos tem duas finalidades: profilática; terapêutica. Os fatores que influenciam a escolha dos antimicrobianos são: 1. As características do paciente como: idade, função renal e hepática, estado imunológico, localização do processo infeccioso, terapia prévia com antimicrobianos, gravidez/lactação e sensibilidade do paciente; 2. Os agentes etiológicos que envolvem a análise do antibiograma e os prováveis mecanismos de resistência; 3. As propriedades dos antimicrobianos como a farmacocinética e a farmacodinâmica, mecanismo de ação, sinergismo ou antagonismo, toxicidade, interação medicamentosa e custos. II. Propriedades farmacológicas dos antimicrobianos (farmacocinética e farmacodinâmica) Para que o antimicrobiano exerça sua atividade, primeiramente deverá atingir concentração ideal no local da infecção, ser capaz de atravessar, de forma passiva ou ativa, a parede celular, apresentar afinidade pelo sítio de ligação no interior da bactéria e permanecer tempo suficiente para exercer seu efeito inibitório (Figura 1). Farmacocinética O que é? A farmacocinética estuda a atuação do antimicrobiano no interior do organismo a partir dos parâmetros de velocidade de absorção, distribuição e eliminação da droga e de seus metabólitos. Através dos conhecimentos de farmacocinética e das características do microrganismo frente ao antimicrobiano, é possível adequar posologia, via de administração e intervalo entre cada dose, visando melhorar o resultado terapêutico e, ao mesmo tempo, reduzir a probabilidade de desenvolver efeitos tóxicos potenciais. Concentração sérica Após a administração de dose padronizada de um antimicrobiano, sua concentração plasmática aumenta rapidamente, até atingir a concentração sérica máxima; depois disso, na medida em que se distribui entre os tecidos e é eliminado ou metabolizado, sua concentração no sangue vai diminuindo progressivamente até se tornar nula. A concentração do antimicrobiano detectada no sangue antes da administração da dose seguinte (respeitando o intervalo padronizado) corresponde à concentração sérica mínima. Representação gráfica A representação gráfica da relação concentração sérica do fármaco com o tempo (horas) é dada pela curva de concentração sérica-tempo de antimicrobiano (Figura 2). É importante saber que: após alcançarem a corrente sanguínea, os antimicrobianos estabelecem ligações protéicas em proporção variável (índice de ligação protéica), mas sabe-se que só a fração livre do antimicrobiano é dotada de atividade anti-bacteriana; a ligação dos antimicrobianos com as proteínas plasmáticas exerce influência sobre várias outras características farmacocinéticas, como sua difusão nos tecidos e líquidos orgânicos, a rapidez com que ultrapassa as membranas celulares, a intensidade de seu efeito antimicrobiano e sua velocidade de eliminação. Outro conceito importante é a meia-vida do antimicrobiano, que corresponde ao tempo necessário para que a concentração sérica máxima, alcançada com a administração de uma dose padrão, se reduza à metade. Este índice independe da intensidade ou pico da concentração sérica máxima e é determinado pelo grau de excreção ou metabolização e pela rapidez de difusão tecidual do antimicrobiano. Excreção A eliminação (excreção) das drogas no organismo é realizada, principalmente, através dos rins e do fígado, embora algumas possam ser eliminadas pelo pulmão, trato gastrintestinal ou pele. As substâncias eliminadas nas fezes são geralmente aquelas ingeridas por via oral e não absorvidas ou metabólitos eliminados pela bile e não reabsorvidos. Pode haver eliminação pelo leite, pouco importante como via de eliminação, mas de interesse pela possibilidade de causar efeitos no lactante. Pequenas quantidades do medicamento podem ser eliminadas pelo suor ou pela saliva. Farmacodinâmica Conceito A farmacodinâmica relaciona as concentrações do fármaco com sua atividade antimicrobiana. A sensibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos é representada pela concentração inibitória mínima (CIM ou MIC) de cada microrganismo para cada antimicrobiano, que corresponde à menor concentração do antimicrobiano capaz de inibir o desenvolvimento visível do microrganismo. Classificação A partir dos estudos farmacodinâmicos os antimicrobianos podem ser classificados em: tempo-dependentes; concentração-dependentes. Antimicrobianos tempo-dependentes: São aqueles que têm sua ação regida pelo tempo de exposição das bactérias às suas concentrações séricas e teciduais. A ação destes antimicrobianos independe dos níveis séricos que atingem, mas dependem do tempo que permanecem acima da concentração inibitória mínima para esse microrganismo. Importante: Na prática, quando utilizamos um antimicrobiano tempo-dependente devemos procurar maximizar a duração da exposição do patógeno ao fármaco. Neste grupo encontram-se: vancomicina; antimicrobianos β-lactâmicos; Atenção: Os antimicrobianos β-lactâmicos apresentam melhor atividade quando suas concentrações permanecem, constantemente, acima da CIM dos microrganismos. Exemplo de maximização de exposição O aumento do tempo de infusão destes fármacos, associados ou não a doses mais elevadas, particularmente em infecções causadas por bactérias com CIMs mais elevadas, como Pseudomona aeruginosa e Acinetobacter baumannii. Antimicrobianos concentração ou dose-dependentes Por outro lado, os antimicrobianos concentração ou dose-dependentes (aminoglicosídeos e fluoroquinolonas) são aqueles que exibem propriedades de destruição de bactérias em função da concentração, isto é: Quanto maior a concentração da droga, mais rápida a erradicação do patógeno. Parâmetro indicador No caso das drogas dependentes da concentração, o melhor parâmetro indicador é o pico de concentração da droga em relação à CIM, ou o índice da área abaixo da curva (AAC ou AUC) dividido pela CIM (Figura 2). Efeito pós-antimicrobiano O efeito pós-antimicrobiano reflete a manutenção da supressão de crescimento bacteriano mesmo quando as concentrações séricas do fármaco já são inferiores à CIM. Exemplo: microrganismos gram-negativos expostos aos aminoglicosídeos. Esta é uma razão a mais para o uso desses antimicrobianos em dose única. Lembre-se: A maioria dos β-lactâmicos não apresenta efeito pós-antimicrobiano. O intervalo de administração será dependente da meia-vidade cada droga. Resistência bacteriana Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da resistência bacteriana aos antimicrobianos. Um dos fatores de risco mais importante é a exposição repetida a concentrações de antimicrobianos abaixo do adequado!!! Por que isso ocorre? Concentrações subletais de um antimicrobiano exercem pressão seletiva sobre a população de bactérias, sem erradicá-las. Assim, cepas mutantes que possuem certo grau de resistência à droga são favorecidas e tendem a dominar a população. III. Antimicrobianos - principais grupos disponíveis para uso clínico Em relação aos agentes antimicrobianos, este tópico se propõe a discutir: conceito e classificação, mecanismos de ação, mecanismos de resistência, propriedades famacológicas, indicações clínicas e efeitos colaterais. Isso tudo para garantir o manuseio racional e efetivo!! 1. ß-Lactâmicos Conceito e classificação O grupo de antimicrobianos classificados como ß-lactâmicos possui em comum no seu núcleo estrutural o anel ß-lactâmico, o qual confere atividade bactericida. Conforme a característica da cadeia lateral definem-se seu espectro de ação e suas propriedades farmacológicas. Pertencem a este grupo: penicilinas cefalosporinas carbapenens monobactans Os mecanismos de ação e de resistência são comuns a todos! Algumas particularidades como farmacocinética, uso clínico e efeitos colaterais de cada classe, serão descritas separadamente. Mecanismo de ação dos ß-lactâmicos O mecanismo de ação dos antimicrobianos ß-lactâmicos resulta em parte da sua habilidade de interferir com a síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). Para que isto ocorra: 1. devem penetrar na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular bacteriana; 2. não devem ser destruídos pelas ß-lactamases produzidas pelas bactérias; 3. devem ligar-se e inibir as proteínas ligadoras de penicilina (PLP) responsáveis pelo passo final da síntese da parede bacteriana. Mecanismo de resistência aos ß-lactâmicos São descritas três formas principas pelas quais as bactérias apresentam resistência aos antimicrobianos ß–lactâmicos: A. Produção de ß–lactamases: é o meio mais eficiente e comum das bactérias se tornarem resistentes aos antimicrobianos ß–lactâmicos; B. Modificações estruturais das proteínas ligadoras de penicilina (PLP) codificadas pelo gene mecA; C. Diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano através de mutações e modificações nas porinas, proteínas que permitem a entrada de nutrientes e outros elementos para o interior da célula. 1.1. Penicilinas 1.1.1. Conceito e classificação Descobertas em 1928, por Fleming, permanecem até hoje como uma excelente classe de antimicrobianos. São divididas em: penicilinas naturais ou benzilpenicilinas; aminopenicilinas; penicilinas resistentes às penicilinases; penicilinas de amplo espectro, as quais foram desenvolvidas na tentativa de evitar a aquisição de resistência das bactérias. 1.1.2. Propriedades farmacológicas das penicilinas Em relação à farmacocinética, as penicilinas apresentam várias diferenças, as quais definem seu uso clínico: A. Benzilpenicilinas ou penicilinas naturais; B. Aminopenicilinas; C. Penicilinas resistentes às penicilinases; D. Penicilinas de amplo espectro, obtidas por associação com inibidores de ß-lactamase. A. Benzilpenicilinas ou penicilinas naturais Entre as benzilpenicilinas, a associação da penicilina com determinadas substâncias determina sua farmacocinética e farmacodinâmica. Penicilina cristalina ou aquosa: restrita ao uso endovenoso. Apresenta meia-vida curta (30 a 40 minutos), é eliminada do organismo rapidamente (cerca de 4 horas). Distribuí-se amplamente pelo organismo, alcançando concentrações terapêuticas em praticamente todos os tecidos. É a única benzilpenicilina que ultrapassa a barreira hemato-encefálica em concentrações terapêuticas, e mesmo assim, somente quando há inflamação. Penicilina G procaína: apenas para uso intramuscular. A associação com procaína retarda o pico máximo e aumenta os níveis séricos e teciduais por um período de 12 horas. Penicilina G benzatina: é uma penicilina de depósito, pouco hidrossolúvel, e seu uso é exclusivamente intramuscular. Os níveis séricos permanecem por 15 a 30 dias, dependentes da dose utilizada. Penicilina V: apenas para uso oral. Os níveis séricos atingidos por esta preparação são 2 a 5 vezes maiores do que os obtidos com as penicilinas G administradas por via intramuscular e com distribuição tecidual similar a esta. Pode ser utilizada como terapêutica seqüencial oral na substituição das penicilinas parenterais, exceto contra Neisseria spp e Haemophilus spp.. B. Aminopenicilinas As aminopenicilinas são penicilinas semi-sintéticas, disponíveis desde 1960, após a adição de um grupo amino na cadeia lateral, e de espectro de ação mais amplo, em relação às benzilpenicilinas. Apresentam boa absorção, tanto oral como parenteral. As aminopenicilinas disponíveis para uso clínico no Brasil são: Ampicilina e Amoxacilina. Ampicilina: apresenta meia-vida de 1,2 horas, não devendo ser utilizada com intervalos maiores que 6 horas. Tem boa distribuição em todos os compartimentos orgânicos e atinge concentrações terapêuticas no LCR, líquido pleural, articulações e fluidos peritoneais na presença de inflamação e após administração parenteral. Amoxacilina: difere da ampicilina pela presença do grupo hidroxil na cadeia benzênica. A absorção por via oral é melhor do que a da ampicilina. Utilizada com intervalos de 8 horas. Alcança níveis no LCR inferiores a ampicilina, não havendo vantagem do seu uso para terapêutica de pacientes com meningoencefalites bacterianas. C. Penicilinas resistentes às penicilinases Após o advento da penicilina G, houve uma rápida disseminação de resistência a esta droga, por produção de ß-lactamases, pelos estafilococos. Assim, foram desenvolvidas as penicilinas resistentes às penicilinases. No Brasil, atualmente, o único representante disponível é a oxacilina. Oxacilina: Disponível apenas para uso endovenoso. Apresenta metabolização hepática, excreção renal. Atinge concentrações liquóricas satisfatórias quando na presença de processos inflamatórios. Posteriormente, para ampliar a cobertura contra os bacilos gram-negativos, foram desenvolvidas as penicilinas chamadas de penicilinas de amplo espectro. Dividem-se em dois grupos: carboxipenicilinas (representadas por carbenicilina e ticarcilina) e ureído-penicilinas (representadas por mezlocilina, piperacilina e azlocilina). D. Penicilinas de amplo espectro, obtidas por associação com inibidores de ß-lactamase Apesar do desenvolvimento de toda essa variedade de penicilinas, a produção das ß-lactamases continuou sendo o meio mais eficiente e comum das bactérias se tornarem resistentes aos antimicrobianos ß–lactâmicos. Novas estratégias foram desenvolvidas para recuperar o espectro destes antimicrobianos. Os inibidores de ß–lactamases, quando em associação com antimicrobianos ß-lactâmicos, ligam-se às ß-lactamases. Dessa forma, evitam a hidrólise do anel ß–lactâmico e potencializam sua atividade. Identifique cada um deles: Amoxacilina - ácido clavulânico: Tanto a amoxacilina quanto o ácido clavulânico são absorvidos rapidamente pelo trato digestivo. Tem meia-vida de aproximadamente uma hora. Ligação protéica baixa (18 e 25%), com rápida penetração na maioria dos tecidos e líquidos extravasculares, incluindo líquidos pleural, peritoneal e secreções pulmonares. Apresentaexcelente atividade contra S. aureus e anaeróbios produtores da ß-lactamases. Ativo contra H. influenzae e Moraxella catarrhalis produtoras de ß-lactamases. Ticarcilina – ácido clavulânico: Ambas apresentam meia-vida de uma hora. Atingem bom nível sérico em ossos, líquidos biliares e articulares. Embora atravesse a barreira hematoliquórica na presença de inflamação, esta combinação não deve ser utilizada para tratamento de infecções neste sítio. Esta associação está indicada em infecções graves causadas por E. coli, Klebsiella spp., Proteus spp., Enterobacter spp.,Pseudomonas aeruginosa, Serratia spp., Providencia spp., S. aureus oxacilina sensível, eBacteroides fragilis. Ampicilina – sulbactam: A relação é de 2:1 e a dose total de sulbactam não deve ultrapassar a 4g por dia. Meia-vida de uma hora para ambas as drogas. Mais de 75% desta associação é eliminada por via renal. Ambos penetram bem tanto nos tecidos como nos líquidos extravasculares. No líquido peritoneal atinge 90% da concentração sérica. Na presença de meninges inflamadas atinge bom nível liquórico, porém a correlação clínica precisa ser melhor avaliada. A ampicilina quando em associação com sulbactam é ativa contra cepas produtoras de ß-lactamases incluindo S. aureus, H. influenzae, M. catarrhalis, E. coli, Proteus spp., Providencia spp., Klebsiella spp. e anaeróbios. Não tem atividade contra P. aeruginosa ou cepas de enterobacteriaceas indutoras de ß-lactamases. Já existem relatos de cepas de E. coli resistentes a esta associação. Piperacilina – tazobactam: A proporção da associação é de 8:1. Após 30 minutos da infusão a meia-vida é de 0,7 a 1,2 horas. Apresentam boa distribuição tecidual e em líquidos orgânicos, incluíndo pulmões, pele, mucosa intestinal, vesícula e líquidos biliares. Atinge baixos níveis no LCR na ausência de inflamação. Ativa contra todas as cepas de S. aureus oxacilina sensível, estreptococos e enterococos. O tazobactam aumenta a atividade da piperacilina contra enterobacteriaceas produtoras de ß-lactamases, H. influenzae, N. gonorrhoeae, e M. catarrhalis. A maioria das P. aeruginosa é resistente a essa associação. “In vitro” e “in vivo” todos os anaeróbios gram-positivos e negativos são suscetíveis à combinação de piperacilina e tazobactam, mas essa associação não apresenta vantagem em relação às outras associações com inibidores de ß-lactamases para os anaeróbios. 1.1.3. Indicações clínicas das penicilinas A seguir serão descritas as principais indicações clínicas das penicilinas. A. Pneumonias B. Otites e sinusites C. Faringites e epiglotites D. Infecções cutâneas E. Meningites bacterianas F. Infecções do aparelho reprodutor G. Endocardites bacterianas H. Profilaxia A. Pneumonias Agente mais freqüente: S. pneumoniae é o agente mais freqüente das pneumonias adquiridas na comunidade. Droga de escolha: as penicilinas permanecem como opção para tratar estas infecções, porém as penicilinas não têm atividade contra agentes intracelulares (atípicos) e devem ser avaliadas com cuidado em regiões com alta resistência à penicilina. Outros agentes freqüentes: Haemophilus influenzae é um dos agentes mais freqüentes de pneumonia em idosos e crianças menores de 4 anos. A resistência deste microrganismo às penicilinas varia entre 5 a 30%, conforme a localidade. Atenção: As penicilinas anti-pseudomonas (piperacilina/tazobactam), entre outras, são opções para o tratamento: a. Pneumonias de repetição dos portadores de fibrose cística (geralmente causado por Pseudomonas spp.); b. Tratamento das pneumonias em pacientes internados em instituições para idosos, alcoólatras ou desnutridos (geralmente causadas por bacilos gram-negativos); c. Pneumonia associada à assistência à saúde. B. Otites e sinusites Agentes usuais: Nas crianças menores de cinco anos, os agentes usuais são H. influenzae e S. pneumoniae. Opção: aminopenicilinas geralmente em combinação com ácido clavulânico. Em processos crônicos: a cultura de secreções é importante, podendo estar presentes os estafilococos, bacilos gram-negativos e anaeróbios. Neste caso, devem ser usadas penicilinas com atividade anti-estafilocócica e anti-pseudomonas. Em pacientes diabéticos: com a cronificação dos processos infecciosos, surge a Pseudomonas spp., como agente freqüente, sendo necessário o uso de penicilinas anti- pseudomonas. C. Faringites e epiglotites Agente mais freqüente: em pacientes não neutropênicos, o agente mais freqüente deste tipo de infecção é o S. pyogenes (Streptococcus ß-hemolítico, do grupo A). Drogas de escolha: as penicilinas G e V ou aminopenicilinas. O uso de ampicilina com inibidor de beta-lactamase ou cefalosporina de terceira geração está indicado. H. influenzae: nas epiglotites, em crianças e às vezes nos adultos jovens, o H. influenzae é o microrganismo envolvido e pode desencadear bacteremia, sendo neste caso tratadas como infecções potencialmente graves, com terapêutica parenteral. D. Infecções cutâneas Estreptococo: a maioria destas infecções é causada por estreptococos, em particular as infecções superficiais. Estafilococo: algumas infecções cutâneas, as mais profundas, que surgem em pacientes diabéticos e as da região da face pós-trauma, são devidas ao estafilococo. Neste caso, deve-se utilizar penicilinas resistentes às penicilinases: oxacilina é a terapêutica mais recomendada. E. Meningites bacterianas Agentes causadores mais freqüentes: N. meningitides, S pneumoniae e H. influenzae. Drogas de escolha: penicilina cristalina em altas doses é uma boa opção terapêutica de germes sensíveis. F. Infecções do aparelho reprodutor N. gonorrhoeae: no Brasil, é altamente sensível às penicilinas naturais, portanto, artrites gonocócicas e outras infecções gonocócicas podem ser tratadas com penicilina. Sífilis: a penicilina benzatina permanece sendo a primeira escolha; apenas a forma terciária com comprometimento do sistema nervoso central deve ser tratada com penicilina cristalina (endovenosa). G. Endocardites bacterianas Agentes: Os agentes mais envolvidos nas endocardites subagudas com lesão valvar prévia são Streptococcos viridans e Enterococcos spp., que são sensíveis à penicilina cristalina (enterococos necessitam da associação de um aminoglicosídeo para sua erradicação). Em relação às endocardites agudas, adquiridas na comunidade, o agente mais freqüente é o S. aureus e devem ser tratadas com oxacilina. H. Profilaxia São poucas as situações clínicas em que o uso profilático de antimicrobiano é recomendado. Veja a seguir: Febre reumática: a profilaxia da febre reumática já está consagrada com o uso de penicilina benzatina mensalmente, embora possa ser utilizada a penicilina V. Endocardite: a prevenção de endocardite em pacientes portadores de próteses cardíacas, ortopédicas ou neurológicas, quando submetidos a procedimentos que ocasionam bacteremia (tratamento odontológico, endoscopias, etc.) pode ser feita com amoxacilina via oral. H. influenzae e S. pneumoniae: O uso profilático de ampicilina ou amoxacilina em pacientes esplenectomizados ou crianças com agamaglobulinemia parece prevenir infecções causadas porH. influenzae e S. pneumoniae. 1.1.4. Efeitos Colaterais A seguir serão descritos os principais efeitos colaterais relacionados as penicilinas. A. Reações de hipersensibilidade; B. Manifestações cutâneas; C. Toxicidade renal; D. Toxicidade hematológica; E. Neurotoxidade. A. Reações de hipersensibilidade Toxicidade: Geralmente as penicilinas apresentam pouca toxicidade, mas suas reações de hipersensibilidade são freqüentes, ocorrendoem até 8% dos pacientes. Variações: podem variar desde uma simples reação urticariforme até choque anafilático. Agentes: É mais comum com as benzilpenicilinas, entretanto, pode ocorrer com qualquer penicilina. Importante lembrar! O teste cutâneo não impede a ocorrência do choque anafilático, uma vez que este não é dose dependente. A penicilina deve ser administrada em instituições de saúde pela possibilidade de reação grave. Não deve ser administrada em farmácia. B. Manifestações cutâneas: são bastante variáveis, desde eritema difuso, “rash” cutâneo, placas urticariformes, até raramente a síndrome de Stevens-Johnson. Estas reações geralmente são tardias e ocorrem em 1 a 10% dos pacientes. Podem ser acompanhadas por eosinofilia e febre. As aminopenicilinas são as mais associadas com estas reações dermatológicas. C. Toxicidade Renal: a nefrite intersticial alérgica pode ocorrer, sendo mais freqüente com a oxacilina. Acompanha–se de febre, “rash”, eosinofilia e hematúria. A reversão do quadro renal ocorre com a rápida suspensão do medicamento, mas o seu uso mantido pode levar a insuficiência renal irreversível. D. Toxicidade hematológica: são incomuns, mas anemia hemolítica e trombocitopenia devem ser lembradas. A leucopenia é dose e tempo-dependente. Desordens hemorrágicas podem surgir por efeito similar às aspirinas, por alteração da agregação plaquetária. E. Neurotoxicidade: convulsões e abalos musculares podem ocorrer com altas doses de penicilinas quando na presença de insuficiência renal. Atenção: As convulsões são refratárias aos anticonvulsivantes e cessam apenas com a retirada do antimicrobiano. 1.2. Cefalosporinas 1.2.1. Conceito e classificação O que são? São antimicrobianos ß-lactâmicos de amplo espectro. Como são classificadas? Em gerações, que se referem à atividade antimicrobiana e características farmacocinéticas e farmacodinâmicas e não necessariamente à cronologia de comercialização. São elas: Cefalosporinas de primeira geração: São muito ativas contra cocos gram-positivos e têm atividade moderada contra E. coli, Proteus mirabilis e K. pneumoniae adquiridos na comunidade. Não têm atividade contra H. influenzae e não agem contra estafilococos resistentes à oxacilina, pneumococos resistentes à penicilina, Enterococcus spp. e anaeróbios. Podem ser usadas durante a gestação. Cefalosporinas de segunda geração: Em relação às de primeira geração, apresentam uma maior atividade contra H. influenzae, Moraxella catarrhalis, Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae e em determinadas circunstâncias aumento da atividade “in vitro” contra algumas enterobacteriaceae. Drogas disponíveis no Brasil: cefoxitina (cefamicina), cefuroxima, cefuroxima axetil e cefaclor. Cefalosporinas de terceira geração: São mais potentes contra bacilos gram-negativos facultativos, e têm atividade antimicrobiana superior contra S. pneumoniae (incluindo aqueles com sensibilidade intermediária às penicilinas),S. pyogenes e outros estreptococos. Com exceção da ceftazidima, apresentam atividade moderada contra os S. aureus sensível à oxacilina, por outro lado, somente a ceftazidima tem atividade contra P. aeruginosa. Drogas disponíveis no Brasil: No Brasil só estão disponíveis cefalosporinas de terceira geração na apresentação parenteral (ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima). Cefalosporinas de quarta geração: conservam a ação sobre bactérias gram-negativas, incluindo atividade antipseudomonas, além de apresentarem atividade contra cocos gram- positivos, especialmente estafilococos sensíveis à oxacilina. Atravessa as meninges quando inflamadas. Também são resistentes às ß-lactamases e pouco indutoras da sua produção. Droga disponível no Brasil: cefepima. 1.2.2. Indicações clínicas das Cefalosporinas A seguir serão descritas as principais indicações clínicas das cefalosporinas de primeira, segunda, terceira e quarta geração. Cefalosporinas de Primeira geração Indicações As cefalosporinas de primeira geração são apropriadas no tratamento de infecções causadas por S. aureus sensíveis à oxacilina e estreptococos. Mais comumente em infecções de pele, partes moles, faringite estreptocócica. Também no tratamento de infecções do trato urinário não complicadas, principalmente durante a gravidez. Pela sua baixa toxicidade, espectro de ação, baixo custo e meia vida prolongada, a cefazolina é o antimicrobiano recomendado na profilaxia de várias cirurgias. Contra-indicações Seu uso não é adequado em infecções causadas por Haemophilus influenzae ouMoraxella catarrhalis (sinusite, otite média e algumas infecções do trato respiratório baixo). Como não atravessam a barreira hematoencefálica, não devem ser utilizadas em infecções do sistema nervoso central. Sua atividade contra bacilos gram-negativos é limitada. Cefalosporinas de Segunda geração Indicações Entre as cefalosporinas de segunda geração, a cefuroxima, pela sua atividade contra S. pneumoniae, H. influenzae, e M. catarrhalis, incluindo as cepas produtoras de ß-lactamase tem sido utilizada no tratamento de infecções respiratórias adquiridas na comunidade, sem agente etiológico identificado. Também é efetiva no tratamento de meningite por H. influenzae, N. meningitidis e S. pneumoniae, contudo com o aumento da potência das cefalosporinas de terceira geração contra estes organismos e pela melhor penetração destas cefalosporinas no líquido cérebro espinal, elas são usualmente preferidas. A cefuroxima axetil, assim como o cefaclor, pode ser utilizada para uma variedade de infeçcões como pneumonias, infecções urinárias, infecções de pele, sinusite e otites médias. Já a cefoxitina (cefamicina), pela sua atividade contra anaeróbios e gram-negativos, é eficaz no tratamento de: o infecções intra-abdominais; o infecções pélvicas e ginecológicas; o infecções do pé-diabético; o infecções mistas (anaeróbio/aeróbio) de tecidos moles. Também é utilizada na profilaxia de cirurgias colorretais. Cefalosporinas de Terceira geração Indicações As cefalosporinas de terceira geração podem ser utilizadas no tratamento de uma variedade de infecções por bacilos gram-negativos susceptíveis adquiridas no ambiente hospitalar, dentre elas: o infecções de feridas cirúrgicas, o pneumonias e o infecções do trato urinário complicadas. Cefotaxima e ceftriaxona podem ser usadas no tratamento de meningites por H. influenzae, S. pneumoniae e N. meningitidis. Também são as drogas de escolha no tratamento de meningites por bacilos gram-negativos. Pela sua boa penetração no sistema nervoso central e sua atividade contra P. aeruginosa, a ceftazidima é uma excelente opção para o tratamento de meningites por este agente. Cefalosporinas de Quarta geração Pela sua atividade antipseudomonas, tem sido utilizada em pneumonias hospitalares, infecções do trato urinário graves e meningites por bacilos gram-negativos. Tem atividade contra estafilococos sensíveis à oxacilina. Esta droga também faz parte do esquema empírico usado nos pacientes granulocitopênicos febris. 1.2.3. Efeitos colaterais das Cefalosporinas Em geral, são antimicrobianos com boa tolerância. Dentre as reações adversas descritas, as mais freqüentes são: a tromboflebite (1 a 5%); a hipersensibilidade (5 a 16% nos pacientes, com antecedente de alergia às penicilinas, e 1 a 2,5% nos pacientes sem este antecedente). Lembre-se: A anafilaxia é muito rara. Nos pacientes com história de reação de hipersensibilidade grave às penicilinas, o uso das cefalosporinas deve ser evitado. Eosinofilia e neutropeniasão raramente observadas. São pouco nefrotóxicas e hepatotóxicas. 1.3. Carbapenens 1.3.1. Conceito e classificação Carbapenens disponíveis Imipenem, meropenem e ertapenem são os carbapenens disponíveis atualmente na prática clínica nos EUA, Europa e Brasil. Apresentam amplo espectro de ação para uso em infecções sistêmicas e são estáveis à maioria das ß–lactamases. Atividade antimicrobiana Em relação à atividade antimicrobiana, o meropenem é um pouco mais ativo contra bactérias gram-negativas, ao passo que o imipenem apresenta atividade um pouco superior contra gram- positivos. O ertapenem não tem atividade contra P. aeruginosa e A.baumannii. Mecanismo de resistência Devido a discretas diferenças, com relação ao mecanismo de resistência, podem ser encontradas amostras sensíveis a um carbapenem e resistentes ao outro. Esse fenômeno é relativamente raro e relacionado a mecanismo de resistência que envolve as porinas, mas tem sido descrito principalmente em cepas de Pseudomonas aeruginosa. 1.3.2. Propriedades farmacológicas Não são absorvidos por via oral, devem ser administrados por via endovenosa ou intramuscular. A ação da cilastatina, associada ao imipenem, é bloquear a enzima DHI-1 que degrada a droga em sua passagem pelos rins, levando a um aumento do nível sérico deste antimicrobiano e diminuindo a sua toxicidade renal. Já meropenem e ertapenem não necessitam desta enzima para atingir níveis séricos apropriados. Pelo fato de não ser degradado pelas peptidases renais, o meropenem não apresenta nefrotoxicidade. Apresentam baixa ligação a proteínas plasmáticas e a excreção é predominantemente renal. Possuem penetração excelente em tecidos abdominais, respiratórios, bile, trato urinário, líquor (meropenem) e órgãos genitais. 1.3.3. Indicações clínicas Você sabia que os carbapenens não devem ser utilizados como primeira escolha no tratamento empírico de infecções comunitárias ou hospitalares? Por serem drogas de amplo espectro e com penetração na maioria dos sítios de infecção, podem ser utilizados no tratamento de infecções em que exista uma forte suspeita de microbiota aeróbiae anaeróbia ou infecções causadas por organismos multirresistentes. Apresentam eficácia no tratamento de pacientes graves com: infecção abdominal; infecções do sistema nervoso central; pneumonia; infecção de pele e partes moles; infecção do trato urinário; infecção ginecológicas. Constituem alternativa no tratamento de pacientes granulocitopênicos febris. O ertapenem, em contraste com os outros carbapenens, não tem atividade confiável contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp., portanto: Não deve ser utilizado como tratamento empírico de pacientes com infecção relacionada à assistência à saúde, em instituições que apresentem alta prevalência por esses agentes. O ertapenem é uma alternativa para tratamento de infecções por Klebsiella pneumoniae produtoras de betalactamases de espectro estendido e para continuidade de tratamento no domicílio por sua apresentação intramuscular e dose única diária, porém é uma droga de alto custo. 1.3.4. Efeitos colaterais Geralmente são bem tolerados. O imipenem-cilastatina pode reduzir o limiar convulsivo, levando ao aparecimento de convulsões, principalmente em pacientes idosos, com alteração da função renal ou cuja doença de base predisponha a convulsões. Esses efeitos são menos observados durante o uso de meropenem. Dentre as alterações laboratoriais, foi relatado aumento de transaminases em 5% dos pacientes. Alterações hematológicas são raras, sendo as mais comuns trombocitose e eosinofilia. Reações gastrintestinais podem ocorrer em 3,8% dos casos, principalmente náuseas e vômitos. Pode haver reação cruzada em pacientes alérgicos à penicilina (1,2% dos casos). 1.4. Monobactans 1.4.1. Conceito e classificação Foram descobertos em 1981 e são caracterizados por um anel monocíclico em sua estrutura. Têm ação bactericida e atuam como as penicilinas e cefalosporinas, interferindo com a síntese da parede bacteriana. No Brasil, temos disponível o aztreonam. 1.4.2. Propriedades farmacológicas Não é absorvido por via oral. Pode ser administrado por via intramuscular ou endovenosa. A ligação protéica é de 50 a 60%. Tem boa distribuição tecidual e penetra na maior parte dos tecidos e líquidos orgânicos incluindo ossos, próstata, pulmão, secreção traqueal, sistema nervoso central e trato gastrintestinal. 1.4.3. Indicações clínicas As enterobacteriaceas são normalmente sensíveis ao aztreonam. Usado com sucesso no tratamento de: o infecções do trato urinário; o bacteremias; o infecções pélvicas; o infecções intra-abdominais; o infecções respiratórias. É uma alternativa útil aos aminoglicosídeos por não ser nefro ou ototóxico, assim como às penicilinas e cefalosporinas, nos pacientes alérgicos. Não deve ser usado como droga única na terapia empírica de pacientes com suspeita de infecções por cocos gram-positivos e/ou anaeróbios, pois não tem atividade para esses microrganismos. Não deve ser usado como monoterapia em infecções graves por P. aeruginosa. Mantém-se ativo em meios ácidos, sendo uma opção no tratamento de abscessos. 1.4.4. Efeitos colaterais Reações adversas ocorrem em 7% dos pacientes, mas apenas em 2% dos casos há necessidade de suspender o tratamento. Os mais comuns são reações locais relacionados à administração da droga, como dor no local da aplicação intra-muscular ou flebite. Reações sistêmicas como “rash”, náusea e vômitos também são relatadas. Não foram observadas nefrotoxicidade, ototoxicidade ou alterações hematológicas relacionadas ao uso do aztreonam. Pode ocorrer elevação das transaminases hepáticas que retornam ao normal com a suspensão da droga. 2. Quinolonas 2.1. Conceito e classificação As primeiras quinolonas foram utilizadas no início dos anos 60, com a introdução do ácido nalidíxico na prática clínica. No início dos anos 80, com o acréscimo de um átomo de flúor na posição 6 do anel quinolônico, surgiram as fluorquinolonas (principal representante: ciprofloxacina), com aumento do espectro, para os bacilos gram-negativos e boa atividade contra alguns cocos gram-positivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococus spp. e anaeróbios. Este foi um dos principais motivos para o desenvolvimento das novas quinolonas: levofloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. Recentemente, foram descritas alterações nos níveis de glicemia com o uso dessas quinolonas mais associadas com a gatifloxacina, sobretudo em pacientes idosos e diabéticos, motivo pelo qual essa quinolona foi retirada de mercado. Importante: As novas quinolonas têm espectro de ação contra a maioria dos bacilos gram-negativos, superponível ao das fluorquinolonas. Entretanto, nenhuma é mais potente contra P. aeruginosa que a ciprofloxacina. 2.2. Mecanismo de ação Inibem a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana. A DNA girase torna a molécula de DNA compacta e biologicamente ativa. Ao inibir essa enzima, a molécula de DNA passa a ocupar grande espaço no interior da bactéria e suas extremidades livres determinam síntese descontrolada de RNA mensageiro e de proteínas, determinando a morte das bactérias. Também inibem, in vitro, a topoisomerase IV, porém não é conhecido se este fato contribui para a ação antibacteriana. 2.3. Mecanismos de resistência A resistência ocorre, principalmente, por alteração na enzima DNA girase, que passa a não sofreração do antimicrobiano. Pode ocorrer por mutação cromossômica nos genes que são responsáveis pelas enzimas alvo (DNA girase e topoisomerase IV) ou por alteração da permeabilidade à droga pela membrana celular bacteriana (porinas). É possível a existência de um mecanismo que aumente a retirada da droga do interior da célula (bomba de efluxo). 2.4. Propriedades farmacológicas São bem absorvidas pelo trato gastrintestinal superior. A biodisponibilidade é superior a 50% e o pico sérico é atingido em 1 a 3 horas após a administração. Os alimentos não reduzem substancialmente a absorção, mas retardam o pico da concentração sérica. A ligação protéica está normalmente entre 15 e 30%. O volume de distribuição geralmente é alto. As concentrações na próstata, fezes, bile, pulmão, neutrófilos e macrófagos excedem as concentrações séricas. Já as concentrações na saliva, ossos, e líquido cérebro espinhal são menores que as plasmáticas. As novas quinolonas como a levofloxacina, atingem altas concentrações séricas, concentração máxima de 4mg/L, após 500mg por via oral. A área sob a curva é elevada. Possui meia-vida de 7 a 8 horas, podendo ser administrada tanto por via endovenosa, como oral, uma única vez ao dia. A ligação protéica é de 20 a 30%, sendo a eliminação predominantemente renal, 80 a 90%. 2.5. Indicações clínicas A seguir serão descritas as principais indicações clínicas das quinolonas. A. Trato genito-urinário B. Trato gastrintestinal C. Trato respiratório D. Osteomielites E. Partes moles F. Ação contra micobactérias A. Trato genito-urinário O ácido nalidíxico é indicado, exclusivamente, para o tratamento de infecções baixas do trato urinário. Para infecções urinárias não complicadas, como cistites em mulheres jovens, causadas por germes altamente sensíveis, as quinolonas são altamente efetivas. As fluorquinolonas podem ser utilizadas em pielonefrites complicadas. Pela alta concentração que atingem na próstata e pela sua atividade contra os microrganismos mais freqüentemente causadores de prostatites, são uma excelente indicação para estas infecções. As quinolonas são ativas contra bactérias do trato genital como Chlamydea trachomatis e Mycoplasma hominis, que podem causar uretrite inespecífica. Por outro lado, não apresentam boa atividade contra o Treponema pallidum. No tratamento de doença inflamatória pélvica, onde geralmente existe associação de gonococos, clamídeas, germes entéricos e anaeróbios a associação de uma quinolona com um agente com ação anaerobicida é recomendada. B. Trato gastrintestinal Todos os patógenos bacterianos conhecidos como causadores de gastroenterites são suscetíveis às quinolonas, inclusive as salmoneloses, pela alta concentração destes agentes nas fezes: diarréia do viajante, shigelose, infeções causadas por C. jejuni. C. Trato respiratório Para infecções de vias aéreas superiores como sinusites, onde a ciprofloxacina não é indicada, as novas quinolonas (levofloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina), por sua ação contra cocos gram- positivos, principalmente pneumococos, são uma alternativa terapêutica, principalmente nas sinusites de repetição. Podem ser utilizadas no tratamento da exacerbação aguda das bronquites crônicas onde predominam os bacilos gram-negativos. Nos casos de pneumonia adquirida na comunidade as novas quinolonas, devido ao seu espectro de ação contra pneumococos, mostram- se mais efetivas. As novas quinolonas são muito úteis no tratamento de pneumonias atípicas como as causadas por Legionella spp. e Mycoplasma spp. e C. pneumoniae, cuja resposta clínica é semelhante aos macrolídeos. Bons resultados também têm sido obtidos em infecções pulmonares associadas à assistência à saúde, com o uso das fluorquinolonas, dependendo, obviamente, do perfil de resistência da microbiota bacteriana. Podem ser utilizadas, ainda, no tratamento da exacerbação de infecção respiratória, leve ou moderada, de pacientes com fibrose cística, onde a P. aeruginosa é o agente prevalente. D. Osteomielites Nas osteomielites, sobretudo nas crônicas, onde existe a necessidade de tempo prolongado de tratamento, as quinolonas são uma ótima opção, não só pela possibilidade do uso oral, mas pelo espectro de ação. E. Partes moles Outra indicação terapêutica das quinolonas refere-se às infecções de pele e de tecido celular subcutâneo complicadas, como é o caso de escaras infectadas, úlceras crônicas e infecções em pacientes diabéticos (pé-diabético). A associação de agente com ação sobre anaeróbios deve sempre ser considerada. Para as infecções de pele e de tecido celular subcutâneo não complicadas, as novas quinolonas podem ser uma alternativa. Já as fluorquinolonas, pelo espectro de ação restrito para os gram-positivos, não devem ser empregadas de rotina. F. Ação contra micobactérias As quinolonas também apresentam boa atividade contra micobactérias, especialmente a ciprofoxacina, ofloxacina e levofloxacina. São ativas contra M. tuberculosis, M. fortuitum, M. kansasii, entretanto, apresentam pouca atividade contra M. avium-intracellulare. Entretanto, deve ser ressaltado que as quinolonas são menos efetivas que os agentes anti-tuberculostáticos de primeira linha. 2.6. Efeitos colaterais São drogas relativamente seguras e os efeitos colaterais mais comuns envolvem: o trato gastrintestinal e ocorrem em 3 a 17% dos casos. Os mais freqüentes são: anorexia, náuseas, vômitos e desconforto abdominal. Diarréia é pouco freqüente e a colite associada a antimicrobiano raramente é relatada. o sistema nervoso central (ocorrem em 0.9 a 11% dos casos). Mais freqüentemente cefaléia, tontura, insônia e alterações do humor. Alucinações, delírios e convulsões são raras. Maior atenção com estes efeitos deve ser dada para pacientes idosos. As convulsões estão associadas ao uso concomitante de quinolonas e teofilinas ou anti- inflamatórios não hormonais. alergias e reações cutâneas (em 0.4 a 2.2% dos casos). Sendo o rash cutâneo o mais comum. Fototoxicidade pode ocorrer com exposição à luz ultravioleta. febre relacionada à droga, urticária, angioedema, reações anafiláticas e vasculite são incomuns. Nefrite intersticial, associada à eosinofilúria e cristalúria também é rara. artropatias e erosões de cartilagem ocorrem em animais jovens, sobretudo com o uso prolongado e em altas doses, limitando o uso destas drogas em crianças. Entretanto, o uso desta classe de drogas em situações especiais em crianças como na fibrose cística tem aumentado. Nestes casos, somente artralgia reversível em 2% dos casos foi observada. leucopenia e eosinofilia ocorrem em menos de 1% dos casos, assim como elevação dos níveis de transaminases que ocorre em 1 a 3% dos pacientes que recebem quinolonas. Raramente a terapia é interrompida devido a estas alterações. A segurança das quinolonas durante a gravidez ainda não foi estabelecida, embora nos casos observados não tenha sido relatado aumento de teratogenicidade e, como são eliminadas pelo leite materno, seu uso deve ser evitado em pacientes que estejam amamentando. 3. Glicopeptídeos 3.1 Conceito e classificação Os principais representantes deste grupo são: vancomicina, teicoplanina e ramoplanina. Diversos glicopeptídeos estão em fase de pesquisa clínica e não são disponíveis no mercado nacional. 3.1.1. Vancomicina Foi introduzida para uso clínico em 1958, mas sua utilização em maior escala iniciou-se nos anos 80, com o surgimento de infecções por estafilococos resistentes à oxacilina e redução da toxicidade por purificação das preparações disponíveis. 3.1.2. Teicoplanina É amplamente utilizada na Europa para o tratamento de infecções por germes Gram-positivos.Quimicamente similar à vancomicina, mas apresenta maior lipossolubilidade que resulta em excelente penetração tecidual e meia-vida prolongada, entretanto, tem pouca penetração na barreira liquórica. 3.2. Mecanismo de ação Apresentam um múltiplo mecanismo de ação, inibindo a síntese do peptideoglicano, além de alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática e interferir na síntese de RNA citoplasmático. Desta forma, inibem a síntese da parede celular bacteriana. 3.3. Mecanismos de resistência Durante muito tempo não foi descrito desenvolvimento de resistência entre as bactérias inicialmente sensíveis. Os enterococos desenvolveram resistência aos glicopeptídeos, particularmente à vancomicina, devido a alterações genéticas na bactéria (gen vanA) que diminuíram o tropismo da droga pelo microrganismo. Em estafilococos, o mecanismo de resistência à vancomicina até hoje não foi completamente elucidado, mas postula-se que possa ser pelo espessamento da parede celular bacteriana (resistência intermediária). Sugere-se, também, que possa ter ocorrido através da aquisição do gen vanA de um enterococo resistente à vancomicina (totalmente resistente). 3.4. Propriedades farmacológicas 3.4.1. Vancomicina Por via intravenosa, tem boa distribuição na maioria dos tecidos. A meia-vida com função renal normal é de 6 a 8 horas; em pacientes anúricos, pode variar de 7 a 12 dias. 3.4.2. Teicoplanina Sua farmacocinética favorável possibilita a administração intramuscular ou intravenosa em bolus e, devido a sua meia-vida prolongada, pode ser administrada uma vez ao dia. Em infecções graves deve ser utilizada dose de ataque. A combinação de todos esses fatores faz da teicoplanina uma alternativa eficaz e segura para a vancomicina no tratamento das infecções por bactérias gram-positivas.Embora o seu custo seja superior ao da vancomicina. 3.5. Indicações clínicas 3.5.1. Indicações clínicas da vancomicina Usada como alternativa aos beta-lactâmicos em pacientes alérgicos. É uma alternativa no tratamento de infecções por estafilococos resistentes a oxacilina. São exemplos: infecções em próteses (válvulas cardíacas, enxertos vasculares e “shunts” neurocirúrgicos ou de hemodíalise), endocardites, meningites pós-neurocirúrgicas e peritonites pós-diálise peritoneal. Com o surgimento de cepas de Enterococcus spp., resistentes à vancomicina e, mais recentemente, cepas de S. aureus, com sensibilidade intermediária à vancomicina e até mesmo resistentes à vancomicina, as indicações deste antimicrobiano devem ser cada vez mais revistas e restritas, pois seu uso indiscriminado é apontado como fator predisponente para o surgimento destes microrganismos resistentes. Desta forma, no tratamento da colite pseudomembranosa, causada pelo C. difficile, a vancomicina só deve ser utilizada após falha de tratamento com o metronidazol. Preste atenção! Nas infecções causadas por cepa de estafilococo sensível à oxacilina, esta deve ser a droga de escolha pela maior potência e menor toxicidade quando comparada com os glicopeptídeos. 3.5.2. Indicações clínicas da teicoplanina São similares às da vancomicina com a vantagem do intervalo, da via de administração e da menor toxicidade. Pode ser usada em pacientes que apresentaram reação alérgica grave à vancomicina, com a qual não apresenta reação alérgica cruzada. Em experiências clínicas abertas e comparativas, a teicoplanina foi bem tolerada e raramente exigiu a interrupção do tratamento. Importante! A teicoplanina não tem atividade contra bacilos gram-negativos, fungos ou micobactérias. 3.6. Efeitos colaterais 3.6.1. Vancomicina Os mais comuns são: febre, calafrios e flebites associados ao período de infusão. A Síndrome do pescoço vermelho é associada à velocidade de infusão, devendo-se diluir a droga e infundir em aproximadamente 1 hora. “Rash” e eritema máculo papular podem ocorrer em 5% dos casos. Pode ocorrer leucopenia, reversível após a retirada da droga e ototoxicidade, especialmente em pacientes com insuficiência renal. A nefrotoxicidade é um efeito potencialmente grave da vancomicina. 3.6.1. Teicoplanina Os efeitos mais comuns são reações cutâneas e disfunções hepáticas transitórias (menos de 5% dos pacientes). Pode causar dor no local da injeção. Não costuma causar tromboflebite ou alterações plaquetárias, ou a síndrome do pescoço vermelho. A nefrotoxicidade atribuível à teicoplanina é rara, mesmo quando for usada junto com aminoglicosídeos ou ciclosporina. A ototoxicidade também é rara. 4. Oxazolidinonas 4.1. Conceito e classificação A linezolida representa o único membro comercializado dessa nova classe de antimicrobianos sintéticos conhecidos como oxazolidinonas. Possui excelente atividade contra cocos gram-positivos. Não apresenta atividade contra bactérias gram-negativas. 4.2. Mecanismo de ação Exerce sua atividade por inibição da síntese protéica, porém, em etapa distinta daquela inibida por outros antimicrobianos. Dessa maneira, não ocorre resistência cruzada com macrolídeos, estreptograminas ou mesmo aminoglicosídeos. 4.3. Mecanismos de resistência Emergência de resistência, embora rara, foi documentada, sendo atribuída ao mecanismo de mutação no gene 23SrRNA, talvez devido à pressão seletiva. 4.4. Propriedades famacológicas Apresenta formulações para aplicação intravenosa e para uso oral, sendo que a absorção oral é muito boa (cerca de 100%). Apresenta meia-vida de aproximadamente 5 horas e sua taxa de ligação protéica é de 31%. Cerca de 30% da droga é eliminada pelo rim na forma ativa. A linezolida é metabolizada por oxidação não dependendo da função específica de um órgão. Dessa maneira, não é necessário ajuste da dose em paciente com insuficiência renal ou hepática leve ou moderada. Porém, pode ocorrer acúmulo de metabólitos da linezolida em paciente com insuficiência renal grave. Os principais metabólitos são eliminados pela diálise. Por esse motivo, recomenda-se a aplicação da linezolida após a diálise. Não é necessário ajuste posológico em pacientes idosos. 4.5. Indicações clínicas A linezolida possui atividade contra uma ampla variedade de patógenos, incluindo estafilococos resistentes à oxacilina e enterococos resistentes à vancomicina; porém, sua atividade é bacteriostática. A linezolida possui também atividade in vitro contra Clostridium spp., Prevotella spp., Peptostreptococcusspp. e Mycobacterium tuberculosis. Deve ser utilizada em infecções graves por patógenos gram-positivos multiresistentes. Diversos estudos têm mostrado bons resultados no tratamento de pneumonia hospitalar. O tratamento tem custo alto. 4.6. Efeitos colaterais A linezolida é um inibidor não-seletivo e reversível de monoamina-oxidase e tem o potencial de interagir com agentes adrenérgicos e serotoninérgicos. Os efeitos colaterais principais são: leucogenia e plaquetogenia em tratamentos prolongados; neurotoxicidade. 5. Aminoglicosideos 5.1. Conceito e classificação A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídeo obtido a partir do fungo Streptomyces griseus em 1944. As principais drogas utilizadas atualmente em nosso meio, além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina. 5.2. Mecanismo de ação Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas. Para atuar, o aminoglicosídeo deve primeiramente ligar-se à superfície da célula bacteriana e posteriormente deve ser transportado através da parede por um processo dependente de energia oxidativa. 5.3. Mecanismos de resistência Existem três mecanismos reconhecidosde resistência bacteriana aos aminoglicosídeos: 1. alteração dos sítios de ligação no ribossomo; 2. alteração na permeabilidade; 3. modificação enzimática da droga. Os genes que conferem resistência podem estar associados a plasmídeos conjugativos e não conjugativos e em transposons, e parecem ser constitutivos, não sendo induzidos pela presença do antimicrobiano. O desenvolvimento da resistência durante o tratamento é raro. 5.4. Propriedades famacológicas Pouco absorvíveis por via oral, sendo utilizados por esta via somente para a descontaminação da flora intestinal (neomicina). Os níveis séricos máximos são obtidos após 60 a 90 minutos, por via intramuscular, e em infusões intravenosas por 30 minutos. Sua atividade bactericida está relacionada ao seu pico sérico, ou seja, quanto maior a concentração da droga mais rápida e maior o efeito bactericida, mostrando ainda importante atividade bacteriostática residual, principalmente quando do uso concomitante com antimicrobianos ß-lactâmicos. Distribuem-se bem no líquido extracelular, porém a concentração intracelular é pequena, por necessitarem de transporte ativo para sua absorção. Exceção são as células tubulares renais proximais onde fazem com que a urina atinja concentrações 25 a 100 vezes a sérica. A penetração nas secreções pulmonares alcança 20% da concentração sérica, também é baixa a penetração em liquor, exceto em recém-nascidos. São eliminados quase que inalterados por filtração glomerular. 5.5. Indicações clínicas Os principais usos dos aminoglicosídeos são: septicemias, infecções do trato urinário, endocardites, infecções respiratórias, infecções intra-abdominais, meningites em recém-nascidos, infecções oculares, osteomielites e infecções de articulações. têm grande atividade contra bacilos e cocos gram-negativos aeróbios, entre eles, Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter spp., Citrobacter spp.,Haemophilus spp., Acinetob acter spp. e cepas de Pseudomonas aeruginosa. Apresentam também atividade contra bactérias gram-positivas, entre elas: Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e Nocardia asteroides, além de serem ativas contra micobactérias. Principais aminoglicosídeos disponíveis: Estreptomicina Boa atividade contra Mycobacterium tuberculosis e M. bovis, sendo, no entanto, usada em esquemas alternativos contra tuberculose, quando há resistência a isoniazida e/ou rifampicina ou quando a terapia parenteral é necessária. Gentamicina Utilizada no tratamento de infecções por bacilos gram-negativos, com ação contra P. aeruginosaou S. marcescens. Também usada em esquemas combinados com ß-lactâmicos para infecções mais graves por enterococos. Amicacina Tem o maior espectro de ação do grupo e é usada em infecções por bacilos gram-negativos resistentes a gentamicina e na terapia empírica de infecções relacionadas à assistência à saúde. É também útil na terapia das micobacterioses, em casos específicos de infecções por M. tuberculosisou no tratamento de infecções pelo M. fortuitum e M. avium. 5.6. Efeitos colaterais A seguir serão descritos os principais efeitos colaterais relacionados aos aminoglicosídeos. Nefrotoxicidade Todos os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos. Manifesta-se clinicamente após 7 a 10 dias de tratamento como uma insuficiência renal aguda do tipo não oligúrica, por necrose tubular aguda. Há reversibilidade da função renal com a interrupção do tratamento. Fatores de risco incluem: uso concomitante de outras drogas nefrotóxicas, idade avançada, doença hepática subjacente, uso prévio de aminoglicosídeos e estados hipovolêmicos. Ototoxicidade É relativamente incomum, porém importante por sua irreversibilidade podendo ocorrer mesmo após a interrupção da droga. Paralisia neuromuscular É complicação rara, sendo vista em situações especiais, como na absorção de altas doses intra- peritoneais ou de infusões rápidas do medicamento. Alguns pacientes estão mais susceptíveis a esta complicação, como aqueles que usaram curarizantes, ou pacientes com miastenia gravis, hipocalcemia, hiperfosfatemia, botulismo, nos quais os aminoglicosídeos não devem ser utilizados. O tratamento é feito com administração de gluconato de cálcio. 6. Macrolídeos 6.1. Conceito e classificação São um grupo de antimicrobianos quimicamente constituídos por um anel macrocíclico de lactona, ao qual ligam-se um ou mais açúcares. Pertencem a este grupo azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina, miocamicina, roxitromicina, etc. O espectro de ação é semelhante, diferindo apenas na potência contra alguns microrganismos. Eritromicina Isolada em 1952, a partir do actinomiceto Streptomyces erythraeus, a eritromicina possui amplo espectro de ação que inclui bactérias gram-positivas, além de treponemas, micoplasma e clamídias. É inativa contra enterobacteriaceas e Pseudomonas spp.. Claritromicina Altamente ativa contra bactérias gram-positivas, sendo 2 a 4 vezes mais ativa do que a eritromicina contra a maioria dos estreptococos e estafilococos sensíveis à oxacilina. A atividade da claritromicina contra as bactérias gram-negativas é semelhante a da eritromicina, embora um pouco mais ativa contra a M. catarrhalis. A atividade contra anaeróbios é modesta, semelhante à eritromicina. Azitromicina Sua estrutura difere da eritromicina porque no anel de lactona contém um átomo de nitrogênio. Alguns autores podem classificá-la como um novo grupo de antimicrobiano, denominado de azalídeos. Este rearranjo aumentou o espectro de atividade da droga, garantiu um nível tecidual sustentado, superior ao nível sérico e proporcionou uma meia-vida tecidual prolongada que permite diminuição da dose durante o tratamento. A azitromicina difere da eritromicina e da claritromicina por ter maior atividade contra bactérias gram-negativas, em particular H. influenzae. Entretanto, a maioria das enterobactérias são intrinsecamente resistentes, porque não conseguem penetrar na membrana externa efetivamente. 6.2. Mecanismo de ação Sua ação ocorre através da inibição da síntese protéica dependente de RNA, através da ligação em receptores localizados na porção 50S do ribossoma, particularmente na molécula 23S do RNA, impedindo as reações de transpeptidação e translocação. 6.3. Mecanismos de resistência A resistência pode surgir por: diminuição da permeabilidade da célula ao antimicrobiano, alteração no sítio receptor da porção 50S do ribossoma e inativação enzimática. 6.4. Propriedades farmacológicas Azitromicina e a claritromicina A azitromicina e a claritromicina apresentam menos intolerância gástrica do que a eritromicina e têm uma meia-vida maior, permitindo que sejam utilizadas em dose única (azitromicina) ou duas vezes ao dia (claritromicina), ao contrário da eritromicina que necessita de quatro administrações diárias. Apresentam boa penetração tecidual e acumulam-se no interior de algumas células, principalmente macrófagos. Atingem concentrações adequadas em humor aquoso, ouvido médio, seios paranasais, mucosa nasal, amígdalas, tecido pulmonar, pleura, rins, fígado, vias biliares, pele e próstata. Por outro lado, não têm boa penetração em meninges, tecido ósseo e líquido sinovial. A azitromicina é eliminada primariamente por via hepática, somente pequena quantidade é encontrada na urina (75% é eliminada de forma inalterada). Não são conhecidos metabólitos ativos da azitromicina. A claritromicina é metabolizada no fígado por oxidação e hidrólise. Aproximadamente metade da dose administrada é excretada por via renal, na forma inalterada ou no seu metabólito. É removidaeficientemente por diálise peritoneal ou hemodiálise. A eritromicina concentra-se no fígado e pode ser parcialmente inativada por desmetilação. É excretada na forma ativa pela bile, encontrando-se altos níveis nas fezes. Não é removida por diálise peritoneal ou hemodiálise. É encontrada no leite materno e atravessa a barreira transplacentária, porém não é teratogênica. 6.5. Indicações clínicas Os macrolídeos são utilizados como alternativa terapêutica em pacientes alérgicos à penicilina, nas seguintes condições: infecções do trato respiratório por estreptococos do grupo A, pneumonia por S. pneumoniae, prevenção de endocardite após procedimento odontológico, infecções superficiais de pele (Streptococcus pyogenes), profilaxia de febre reumática (faringite estreptocócica), e raramente, como alternativa para o tratamento da sífilis. São considerados primeira escolha no tratamento de pneumonias por bactérias atípicas (Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila, Chlamydia spp.). Podemos ver, a seguir, indicações clínicas de alguns macrolídeos: Azitromicina e claritromicina A azitromicina e claritromicina podem ser utilizadas para o tratamento ou profilaxias de infecções por Mycobacterium avium-intracellurae, H. pylori, Cryptosporidium parvum, Bartonella henselae(angiomatose bacilar, comum em pacientes com AIDS), doença de Lyme e T. gondii. A azitromicina apresenta atividade esquizonticida contra o Plasmodium spp, podendo ser utilizada como profilaxia de Plasmodium falciparum resistente à cloroquina. Eritromicina A eritromicina pode ser utilizada em: conjuntivites e infecções pélvicas por Chlamydia trachomatis, especialmente em gestantes (estearato); no tratamento e profilaxia da Bordetella pertussis (coqueluche), infecções porCampylobacter jejuni e Campylobacter haemolyticum causador da faringite não estreptocócica em adultos jovens; no tratamento da infecção ou do estado de portador por Corynebacterium diphtheriae e das lesões genitais causadas por Haemophilus ducreyi (cancróide) e linfogranuloma venéreo. 6.6. Efeitos colaterais A seguir serão descritos os principais efeitos colaterais relacionados aos macrolídeos: Os efeitos colaterais mais comuns dos macrolídeos incluem cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarréia. Há relatos de hepatite colestática acompanhada por febre, dor abdominal, eosinofilia, hiperbilirrubinemia e elevação de transaminases com o uso de estolato de eritromicina (mais comum em adultos, principalmente gestante), entretanto com o uso de azitromicina e claritromicina as alterações são bem mais discretas e em menor freqüência. Raramente ocorrem reações alérgicas graves. 7. Lincosaminas 7.1. Conceito e classificação A lincomicina foi isolada em 1962, a partir do Streptomyces lincolmensis. Posteriormente, modificações químicas produziram a clindamicina com potência bacteriana aumentada e melhor absorção oral. 7.2. Mecanismo de ação Inibem a síntese protéica nos ribossomos, ligando-se a subunidade 50S, sendo, portanto, bacteriostáticas. Desta forma alteram a superfície bacteriana, facilitando a opsonização, fagocitose e destruição intracelular dos microrganismos. 7.3. Mecanismos de resistência Como para os macrolídeos, alterações no sítio receptor do ribossoma, conferem resistência aos antimicrobianos deste grupo. Outra forma de resistência é por mudanças mediadas por plamídeos, no RNA 23S da subunidade 50S do ribossoma. 7.4. Propriedades farmacológicas A clindamicina pode ser administrada por via oral, EV ou tópica. A absorção intestinal é de 90%, mas é menor em idosos e alimentação não interfere na absorção. A via intramuscular é dolorosa, devendo ser evitada. Por via endovenosa atinge o pico ao final da infusão, alcançando altas concentrações na maioria dos tecidos; entretanto, não atravessa a barreira hematoencefálica. A concentração óssea é 1/3 da plasmática. Atravessa a placenta atingindo o feto, mas não há relatos de teratogenicidade. 8. A maior parte da droga é metabolizada no fígado e é eliminada com seus metabólitos por via biliar, onde atinge alta concentração. A meia-vida aumenta na presença de A maior parte da droga é metabolizada no fígado e é eliminada com seus metabólitos por via biliar, onde atinge alta concentração. A meia-vida aumenta na presença de doença hepática e a dose deve ser ajustada dependendo da gravidade. Pequena parte é eliminada pelos rins, geralmente não requerendo ajuste de dose. Entretanto, se houver lesão hepática e renal concomitantes, a dose deve ser reduzida. Não é eliminada na diálise peritoneal ou hemodiálise. 7.5. Indicações clínicas A clindamicina é indicada em casos como infecções intra-abdominais, infecções pélvicas (incluindo abortamento séptico) e infecções pulmonares (abscesso pulmonar, pneumonia aspirativa, empiema) causadas por anaeróbios gram-positivos e anaeróbios gram- negativos. Também são indicados em infecções odontogênicas, sinusites, otite crônica, osteomielites (causadas por estafilococos sensíveis à oxacilina ou anaeróbios) e infecções de pele por estreptococos ou estafilococos. Erisipela e infecções de partes moles em pacientes alérgicos a penicilina. É uma alternativa terapêutica para corioretinite ou encefalite por Toxoplasma gondii(em doses elevadas) e malária causada por P. vivax e P. falciparum. 7.6. Efeitos colaterais A seguir serão descritos os principais efeitos colaterais relacionados às lincosaminas: por ter eliminação biliar é alta a concentração da clindamicina nas fezes, suprimindo a flora anaeróbica; em torno de 8% dos pacientes têm diarréia. Destes, 10% têm colite associada ao uso de antimicrobianos (colite pseudomembranosa), causada pelo Clostridium difficile, que costuma ser resistente à clindamicina; exantema ocorre em 10% dos pacientes; febre, eosinofilia e reações anafilactóides são raras; pode ocorrer flebite após infusão endovenosa. 8. Nitroimidazólicos 8.1. Conceito e classificação O principal representante deste grupo de drogas é o metronidazol, que foi introduzido em 1959 para o tratamento da tricomoníase vaginal. O metronidazol é um bactericida potente, com excelente atividade contra bactérias anaeróbicas estritas (cocos gram-positivos, bacilos gram-negativos, bacilos gram-positivos) e certos protozoários como amebíase, tricomoníase e giardíase. 8.2. Mecanismo de ação Após a entrada na célula, por difusão passiva, o antimicrobiano é ativado por um processo de redução. O grupo nitro da droga atua como receptor de elétrons, levando à liberação de compostos tóxicos e radicais livres que atuam no DNA, inativando-o e impedindo a síntese enzimática das bactérias. As bactérias aeróbicas não possuem enzimas que reduzam a droga, e não formam portanto, os compostos tóxicos intermediários com atividade antibacteriana. Importante: Bactérias sensíveis raramente desenvolvem resistência. Esta pode resultar da diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano, ou mais frequentemente, pela diminuição da capacidade de realizar a redução intracelular. 8.3. Propriedades farmacológicas Disponível nas formas oral, tópica e intravenosa, é quase totalmente absorvido no tubo digestivo. A meia-vida plasmática é de 8 horas. Apenas 10% se liga a proteínas plasmáticas, distribuindo-se amplamente, atingindo níveis terapêuticos em diversos fluidos orgânicos como secreção vaginal, líquidos seminais, saliva, bile e líquor. Atravessa a placenta atingindo no feto as mesmas concentrações que na mãe, devendo ser evitado na gravidez. É excretado no leite materno. Tem a característica depenetrar e agir no conteúdo de coleções como empiema, abscesso hepático e ouvido médio. É metabolizado principalmente pelo fígado. A maior parte é excretada pelos rins (60 a 80%) e o restante nas fezes. O ajuste de dose na insuficiência renal só é feito se houver insuficiência hepática concomitante, pois os metabólitos têm baixa toxicidade. 8.4. Indicações clínicas Usado para tratar grande variedade de infecções por anaeróbios, como abscesso cerebral, pulmonar, bacteremia, infecções de partes moles, osteomielite, infecções orais e dentárias, sinusite crônica, infecções intra-abdominais. É a terapia inicial no tratamento da colite pseudomembranosa (por via oral), indicado no tratamento do tétano, sendo considerado por alguns como antimicrobiano de primeira escolha. Pode ser associado à claritromicina ou à amoxicilina no tratamento do H. pylori e é eficaz no tratamento da vaginose bacteriana (Gardnerella vaginalis). 8.5. Efeitos colaterais Raramente são graves para se descontinuar a terapia. As manifestações mais comuns são: cefaléia, náuseas, secura e gosto metálico na boca. Eventualmente ocorrem vômitos, diarréia e desconforto abdominal, glossite e estomatite, comumente associadas à candidíase; zumbidos, vertigem, convulsões, ataxia cerebelar, neuropatia periférica são raros, ocorrendo com uso prolongado e em doses altas, levando à suspensão das drogas; raramente ocorrem urticária, exantema maculopapular, queimação uretral à micção, cistite e ginecomastia. Embora usado no tratamento da colite pseudomembranosa, há raros relatos da doença associada ao metronidazol. A reação tipo “dissulfiram” caracteriza-se por desconforto abdominal, rubor, vômitos e cefaléia e ocorre quando o paciente ingere bebidas alcoólicas durante o tratamento com metronidazol; embora seja incomum, o paciente deve ser orientado sobre este efeito. É contra-indicada no primeiro trimestre da gestação (risco C), mas pode ser usada quando houver necessidade real nos trimestres restantes e durante a amamentação. 9. Cloranfenicol 9.1. Conceito e classificação Por muitas décadas o cloranfenicol foi a única droga realmente eficaz no tratamento de salmoneloses, inclusive a S. typhi. Preste atenção!! O reconhecimento de efeitos tóxicos com risco de vida (“síndrome do bebê cinzento” e anemia aplástica), e o desenvolvimento de novas drogas mais efetivas e menos tóxicas, restringiu muito o seu uso. Portanto, deve ser utilizado apenas em pacientes graves, emsituações específicas. 9.2. Mecanismo de ação O cloranfenicol se liga à subunidade 50S do ribossomo, inibindo a síntese protéica da bactéria, tendo, assim, ação bacteriostática. Porém, pode ser bactericida contra algumas espécies como S. pneumoniae, H. influenzae e N. meningitidis, através de mecanismo não bem elucidado. 9.3. Mecanismos de resistência A resistência pode ser adquirida através de plamídeos ou alterações de permeabilidade à droga. Mais frequentemente, a resistência é determinada pela produção de uma enzima, acetiltransferase ou nitrorredutase, que inativa o composto. 9.4. Propriedades farmacológicas É disponível na forma oral (palmitato), intravenosa (succinato) e tópica. É hidrolisado no trato digestivo antes de ser absorvido, atingindo pico sérico em 1 a 2 horas. Penetra na maioria dos fluidos orgânicos, incluindo os líquidos pleural, peritoneal e sinovial. Atinge no liquor a metade da concentração plasmática na presença ou não de inflamação das meninges. Por ser lipofílico, alcança no parênquima cerebral concentração até 9 vezes maior que a do plasma. É conjugado no fígado e secretado pelos rins. Somente 10 a 20% da droga ativa é secretada pelos rins. Apenas pequena quantidade da droga ativa é eliminada na bile. Em pacientes com lesão hepática importante há aumento da concentração sérica da droga, com maior probabilidade de ocorrer toxicidade medular, devendo ser ajustada a dose. 9.5. Indicações clínicas Tem sido usado no tratamento de infecção por enterococos resistentes à vancomicina. Pode ser utilizada nas salmoneloses, principalmente na febre tifóide. É alternativa no tratamento de meningite bacteriana e epiglotite, artrite séptica e osteomielite por Haemophilus influenzae em pacientes alérgicos aos ß-lactâmicos. Indicado no tratamento de ricketsioses ou erlickiose. 9.6. Efeitos colaterais Reações de hipersensibilidade como erupção macular ou vesicular acompanhada ou não de febre são incomuns. Náuseas, vômitos, alteração no paladar, diarréia e irritação anal podem ocorrer durante administração oral. A toxicidade hematológica apresenta-se com reticulocitopenia, podendo evoluir com anemia, granulocitopenia e trombocitopenia. Essas alterações são dose-dependentes e reversíveis com a suspensão da droga. Também pode apresentar-se como anemia aplástica irreversível, geralmente entre 3 e 12 semanas após a terapia. Embora rara, freqüentemente é fatal e pode ocorrer com qualquer apresentação, mesmo tópica. A “Síndrome do bebê cinzento” é outra forma grave de toxicidade, cujos sinais se iniciam após 3 a 4 dias de tratamento, caracterizando-se por vômitos, distensão abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte. Ocorre pela falta de capacidade do recém- nascido conjugar e eliminar a droga. Como atravessa a placenta e é encontrada no leite, seu uso deve ser evitado em gestantes e lactantes. É contra-indicada no terceiro trimestre de gestação, devido ao risco de “síndrome cinzenta”. 10. Estreptograminas 10.1. Conceito e classificação São macromoléculas da mesma família dos macrolídeos e lincosaminas que, embora não possuam relação química, apresentam algumas propriedades semelhantes, como mecanismo de ação, espectro antimicrobiano, características farmacocinéticas e farmacodinâmicas e indicações clínicas. A quinopristina e dalfonopristina são derivados da pristinamicina IA e IIB, respectivamente. Cada derivado tem atividade antibacteriana limitada, mas em conjunto apresentam um marcado aumento desta atividade, sendo, portanto, sinérgicos, sobretudo na razão de 30/70 (quinopristina e dalfonopristina) respectivamente. 10.2. Mecanismo de ação Está relacionado à inibição da síntese protéica bacteriana por ligarem-se a vários sítios da fração 50S dos ribossomos, formando um complexo quinopristina-ribossomo-dalfonopristina. Especificamente, a quinopristina inibe o alongamento da cadeia peptídica por inibir a translocação do mRNA durante o passo de alongamento da cadeia peptídica e a dalfonopristina interfere com a enzima peptidil transferase. Ambos os compostos inibem a formação de pontes peptídicas, resultando na formação de cadeias protéicas incompletas. 10.3. Mecanismos de resistência O mecanismo mais importante é o mediado por plasmídios, que confere resistência aos macrolídeos, lincosominas e a quinopristina, mas não à dalfonopristina. Também pode ocorrer por mecanismo enzimático relacionado à bomba de efluxo. 10.4. Propriedades farmacológicas Deve ser obrigatoriamente administrada por via intravenosa central, geralmente a cada 8 ou 12 horas, na dose de 7,5 mg/kg de peso. A infusão deve ser lenta, no mínimo em 1 hora, a diluição deve ser feita obrigatoriamente em soro glicosado a 5%. A meia-vida é de 1 a 2 horas. Não é necessário ajuste de dose em pacientes idosos, obesos, pediátricos ou com insuficiência renal (conservadora ou em diálise). Necessita de ajuste de dose na vigência de insuficiência hepática, pois a sua metabolização ocorre predominantemente no fígado (63%) e a eliminação é por via biliar. A excreção renal ocorre apenas em 15 a 19% dos casos.
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