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Uma lei hedionda!

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21/09/2016 Uma lei hedionda!
http://www.armaria.com.br/hedionda.htm 1/4
 
Uma lei hedionda.
 
Todos  já ouviram falar nos chamados crimes hediondos. São aqueles crimes que por sua
gravidade,  crueldade  e  conseqüências  sobre  as  vítimas  e  seus  familiares  despertam  o
repúdio de toda sociedade e que, como forma de coibi­los, impôs­se penalidades rigorosas
a seus perpetradores.
O que poucos sabem é que também existem leis hediondas. As leis hediondas são aquelas
criadas  sobre  forte  emoção dos  legisladores, normalmente em ocasiões de  forte  comoção
pública  e  que,  por  este motivo,  não  tiveram  todas  suas  conseqüências  e  extensão  de  seu
alcance devidamente avaliadas. As principais características de uma lei hedionda são:
1) Apresentam diversas inconstitucionalidades;
2) Proíbem atos e costumes enraizados e considerados normais pela população;
3) Determinam punições extremas e descabidas;
4) Sua aplicação ampla sobre toda população seria impossível;
5) Sua aplicação quase sempre ocasiona grande injustiça;
6) Permitem sua utilização como  instrumento de coação por parte de uma vasta gama de
autoridades;
7) Permitem perseguições políticas, donde podemos classificá­las também como fascistas.
No  Brasil,  onde  40%  das  leis  são  inconstitucionais  (segundo  estudo  do  Instituto  dos
Advogados do Brasil ­ IAB), encontramos diversas leis que se enquadram na categoria de
hediondas. Podemos citar,  como exemplo,  aquela que  considera  as brigas de galos  como
crime ambiental e inafiançável.
As  rinhas  foram  "inventadas"  pelos  antigos  gregos  e  tornaram­se  tradição  popular  em
inúmeros  países  do  mundo,  inclusive  na  sociedade  rural  brasileira.  O  Brasil  é  um  dos
maiores  (senão  o  maior)  produtores  e  exportadores  de  carne  de  frango  no  mundo,  mas
condena  à  prisão  aqueles  que  se  divertem  com  briga  de  galos.  Recentemente,  vimos  a
aplicação discricionária desta lei sobre o publicitário Duda Mendonça, uma figura notória
da sociedade, com grandes repercussões políticas. A Polícia Federal fez uma incursão em
milionária e tradicional rinha situada no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, onde
ele  foi  autuado.  Até  hoje  não  ficou  claro  se  o  objetivo  dos  agentes  era  criar  um
constrangimento político para o governo ­ uma das principais aplicações das leis hediondas;
de qualquer forma, as punições aplicadas sobre os agentes mostram que a lei não é para ser
aplicada aos amigos do rei.
Neste  artigo,  entretanto,  vamos  nos  deter  sobre  a  mais  recente  e  nefasta  lei  hedionda
aprovada pelo Congresso Nacional, a Lei 10.826, alcunhada de Estatuto do Desarmamento.
Esta  lei  foi  criada  com o  objetivo  de  proibir  a  posse  e  o  porte  de  armas  de  fogo  para  a
maioria  da  população  brasileira,  deixando  de  fora  apenas  alguns  privilegiados.  Vejamos
como ela se enquadra na categoria das leis hediondas.
21/09/2016 Uma lei hedionda!
http://www.armaria.com.br/hedionda.htm 2/4
As inconstitucionalidades;
O Estatuto do desarmamento está eivado de  inconstitucionalidades. A própria proposição
da lei já foi inconstitucional, pois partiu do Senado Federal quando deveria ter partido do
Presidente  da  República.  Também  é  inconstitucional  o  fato  de  algumas  categorias
profissionais (notadamente os servidores públicos) não serem atingidos por ela, como se as
armas fossem boas para uns e ruins para outros. Desta forma, o Estatuto do Desarmamento
criou duas castas de cidadãos: os que podem ter e portar armas e os que devem permanecer
desarmados. Outras inconstitucionalidades: A lei estabeleceu pena de prisão para crimes de
conduta  (crimes  sem  vítimas);  A  lei  criou  impostos  disfarçados  sobre  a  propriedade
privada; A  lei  confunde porte de arma com  transporte de arma e  torna os dois um único
crime  inafiançável;  A  lei  proíbe  a  liberdade  provisória  para  todos  os  crimes  nela
tipificados; A lei aumentou de 21 para 25 anos a maioridade para a posse de arma de fogo;
A  lei  proíbe  publicidade  sobre  armas  de  fogo  ou  qualquer  coisa  que  “estimule  seu  uso
indiscriminado”; A lei considera o disparo de uma arma de fogo como crime, mesmo que
seja em defesa própria; A lei considera peça de arma como a própria arma; etc. etc. etc. São
tantas  as  inconstitucionalidades  que  o  Estatuto  do  Desarmamento  é  considerado  por
promotores, advogados e juizes uma verdadeira aberração jurídica.
Atos e costumes enraizados e considerados normais pela população;
Armar­se  é  uma  característica  humana.  O  homem  distinguiu­se  dos  demais  primatas  ao
empunhar  uma  arma.  Outros  animais  usam  ferramentas,  mas  só  o  homem  usa  armas.
Somos  atraídos  pelas  armas  e  a  indústria  do  entretenimento  sabe  que  filmes  e  jogos
eletrônicos  que  as  apresentam  são  garantia  de  sucesso.  Nossas  crianças  brincam  de
cowboys,  polícia  e  ladrão  e  simulam  batalhas  com  armas  de  brinquedo  ou  imaginárias.
Quer  gostemos  ou  não,  é  algo  que  está  em nossos  gens. Ao  proibir  o  acesso  e  o  uso  de
armas, a lei proibiu o meio mais eficiente de defesa, vetando, na prática, o direito à defesa
própria, negando o instinto de sobrevivência que é um direito legítimo e natural de todo ser
vivo. Além disso, ela tenta impedir o uso de uma tecnologia dominada desde o século XV,
contrariando outra lei natural que é a evolução, dispersão e universalização das tecnologias
(lei  entrópica  das  invenções).  Por  esses  dois  motivos  vemos  que  é  uma  lei  fadada  ao
fracasso. Muito embora o Brasil seja uma nação desarmada, onde armas de fogo estão em
presentes em apenas 5% dos lares, os brasileiros vêem o uso de armas como algo natural.
Expressões populares como “o tiro saiu pela culatra” ou “acertei na mosca” são exemplos
disso.  Em  algumas  regiões  do  país  a  posse  da  arma  de  fogo  é  um  rito  de  iniciação  da
maturidade  de  jovens  rapazes,  com  sua  arma  sendo  entregue  pelo  padrinho.  Vemos,
portanto, que o Estatuto do Desarmamento atende ao segundo quesito de uma lei hedionda.
Punições descabidas;
Nesse aspecto o Estatuto do Desarmamento é pródigo. Ele pune com prisão a mera posse
de  uma  arma  ou  de  um  cartucho  de  munição  encontrada  dentro  do  lar.  Além  disso,
considera  como  arma  qualquer  peça  ou  acessório  de  arma,  ou  seja:  um  parafuso  pode
definir se um cidadão fica livre ou se vai para a cadeia junto com outros marginais.
Aplicação impossível sobre toda a sociedade;
Diversas  estimativas  apontam para  a  existência  de  algo  entre  8 milhões  a  20 milhões  de
armas de fogo ilegais (sem registro) em nosso país. O Viva Rio, num estudo muito suspeito,
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afirmou  que  esse  número  é  exatamente  8.763.649.  Seja  como  for,  está  dentro  das
estimativas acima. Admitindo­se que a cada arma corresponda um único dono, pergunta­se:
será que vamos botar todos esses milhões de brasileiros na cadeia?
Devemos  observar  que,  se  aprovado  no  referendo  de  outubro,  será  proibido  a  venda  de
munição em todo país. Isto significa que mesmo os três milhões de proprietários de armas
legais,  para  tê­las  funcionando,  precisarão  ficar  na  ilegalidade. Será possível  prendermos
este 11 milhões de brasileiros apenas porque querem garantir seu direito natural à Legítima
Defesa?
Sua aplicação quase sempre ocasiona grande injustiça;
A  princípio,  as  leis  de  desarmamento  são  criadas  com  vistas  a  atingir  os  criminosos.
Infelizmente,  porém,  quase  sempre  elas  só  atingem  as  pessoas  de  bem.  Por  exemplo,  o
Estatuto do Desarmamento pune rigorosamente quem efetua um disparo em zona habitada.
Desta forma, o cidadão que fez um disparo no chão ou para o alto para repelir uma injusta
agressão será punido com no mínimo doisanos de prisão, enquanto o agressor sai incólume
(Art. 11 §1º). Se a polícia vai atender um chamado de roubo numa residência, não encontra
o  ladrão mas  encontra  o morador  armado,  quem  vai  preso  é  o morador.  Infelizmente  os
jornais vivem noticiando estes  fatos  lamentáveis. Mesmo que, posteriormente, a  justiça o
libere, o dano moral está feito.
Permite sua utilização como instrumento de coação por parte de uma vasta gama de
autoridades;
Já vimos que seria  impossível prender todos os brasileiros que possuem uma arma ilegal.
Desta forma, o Estatuto do Desarmamento será usado de forma seletiva, de acordo com os
interesses  da  autoridade  de  plantão  (seja  em  nível  federal,  estadual  ou  municipal).
Dificilmente  “Seu”  José,  que  mora  lá  em  Boca  do  Mato,  ou  mesmo  a  Dona  Maria  de
Mangue Seco, serão incomodados por causa de suas armas. As pessoas que serão objeto de
investida policial serão aquelas que de alguma forma incomodam o poder, seja através de
críticas,  seja  por  almejá­lo. Assim,  devemos  ver  jornalistas  e  políticos,  assim  como  seus
parentes mais próximos,  serem alvos de buscas e apreensões das  forças policiais,  sempre
devidamente  acompanhadas da  imprensa para  dar  o  destaque devido  ao  crime. Os  juizes
não  terão  como  negar  estes mandados  de  busca  e  apreensão,  pois  a  posse  de  uma  arma
ilegal é um crime. Trata­se, portanto, de um crime em andamento (mesmo sem vítimas) e
não mandar apurar um flagrante delito será visto como prevaricação. Mesmo que nenhuma
arma ou munição seja encontrada na residência, só o fato da busca ser realizada já é uma
violência inominável contra o cidadão e sua família.
Permitem perseguições políticas, donde podemos classificá­la como fascista;
Os nazistas,  na Alemanha de 1933, perseguiam seus desafetos  taxando­os de  comunistas
armados.  Todos  os  inimigos  do  regime  recebiam  a  visita  da  polícia  a  procura  de  armas
ilegais, mas mesmo se a arma possuísse registro, o cidadão era condenado a uma pena de
20  anos  de  prisão,  dado  que  um  comunista  armado  seria  um  terrível  subversivo.  A
Alemanha acabara de sair da 1ª Guerra Mundial e muitos civis possuíam armas militares
e/ou ilegais em casa.
Hitler  não  precisou  criar  uma  lei  anti­armas.  Ela  fora  criada  em  1928,  na  República  de
Weimar,  com  a  melhor  das  boas  intenções.  Nesta  época  foram  instituídos  o  registro
obrigatório de armas e a distinção entre armas de uso civil e armas exclusivas das forças
21/09/2016 Uma lei hedionda!
http://www.armaria.com.br/hedionda.htm 4/4
armadas  (para  usar  um  termo  popular  no  Brasil).  Logo  as  prisões  ficaram  lotadas  de
subversivos e foi preciso criar prisões rurais, os chamados campos de concentração Como
vimos  acima,  todas  as  armas  no  Brasil  passarão  à  condição  de  ilegais  se  a  proposta  do
referendo for aprovada e a única diferença a nos separar da Alemanha nazista é o tamanho
da pena. Ah, sim, ­ falta também criarmos nossos campos de concentração.
Alguns  dirão:  ­  Ah,  mas  isso  não  vai  acontecer  no  Brasil.  Ledo  engano.  Já  está
acontecendo. Os  jornais  trazem,  amiúde,  casos  em  que  a  polícia  foi  fazer  uma  “busca  e
apreensão”  de  alguma  coisa  ou  documento  na  casa  de  um  suspeito  e,  nada  encontrando,
passam a procurar por armas e munições em situação irregular. Encontrando, já há motivo
para a prisão e condenação do suspeito. Se isso não é fascismo, que nome dar a isto?
Sir  Robert  Peel,  o  criador  da  Polícia  Metropolitana  de  Londres  ­  a  primeira  polícia
profissional  moderna,  dizia  que  para  as  leis  serem  cumpridas,  o  poder  de  polícia  deve
derivar  do  apoio  da  população  a  ser  policiada.  Se  a  população  vê  a  lei  como  ruim,  ou
arbitrária, ela não cooperará, havendo a desobediência civil através da resistência passiva.
Mais ainda, desarmar o povo aumenta o cinismo da sociedade e diminui seu interesse em
colaborar  com outras  leis mais  eficientes  no  controle  da  criminalidade. O  sentimento  de
alienação  e  abandono  aumenta  em  razão  direta  da  ineficácia  patente  nos  resultados
apresentados.  Sofre  a  população,  sofre  a  democracia  e  fica  aberto  o  caminho  para
aventureiros “salvadores da pátria”.
Leonardo Arruda
Diretor da Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas ­ ANPCA
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