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Grupos Operativos TEXTO 2014

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GRUPO OPERATIVO
Introdução
	Enrique Pichón-Rivière foi um psiquiatra e psicanalista argentino. Nasceu em Genebra em 25.06.1907, sendo seus pais, os franceses Alfonso Pichon e Josefine de La Rivière. Eram 06 irmãos e Pichon era o caçula. No Chaco, Pichón viveu situações de inundações na cidade e colaborava ativamente na evacuação das pessoas e depois tentava incluí-las em tarefas como forma de aliviar a tensão (jogo de futebol). Essa experiência depois serve como matéria de investigação (As reações psicológicas frente ao desastre) – primeiros esboços da Psicologia Social da Vida Cotidiana. Pichón era uma criança tranquila, sem maiores conflitos. Era, no entanto, uma criança triste. A tristeza era algo presente, fixo. Lastimava-se sem saber o motivo real. E estuda para poder revelar algo do seu próprio mistério. Intuía, depois reconhece que a tristeza teve origem na situação familiar, nas características do segundo casamento do pai, ter se casado com a cunhada e ele ser o único meio irmão dos 6. Definia-se como curioso. Quando a mãe se reunia com as senhoras do povoado para conversar, ele ficava observando e ia se dando conta das contradições (era um observador não-participante: primeira aprendizagem sobre o funcionamento dos grupos humanos). Escreve depois críticas e análises sobre dois temas que o acompanham: o tango e a tristeza. Aos 18 anos vai para Rosário estudar Medicina. Fica 6 meses, contrai pneumonia e volta para Goya. Trabalha temporariamente preparando alunos para entrar no Colégio Nacional. Depois de alguns meses volta para Buenos Aires e vai morar na Pensão do Francês. Ali conhece alguns de seus melhores amigos, Robert Arlt, entre eles.
	Estudando medicina tem problemas com os professores em relação ao método de ensino: questionava a prática de ensinar (aulas práticas com cadáveres) que para ele estava distante dos propósitos de cura. Vê mais uma vez a contradição: os alunos eram preparados para os mortos não para os vivos. Estuda psiquiatria como autodidata. Inicia seus estudos anos antes de entrar na Faculdade de Medicina, pois buscava a psiquiatria e queria através dela entender o mistério da tristeza. Teve todo um cuidado em abordar seu paciente integrando os dois pontos de vista: o físico e o psíquico. Desarticula assim a desunião entre mente e corpo.
 
	Inicia sua prática psiquiátrica no Asilo de Torres. E uma das primeiras tarefas foi organizar uma equipe de futebol – e ao investigar os pacientes descobre que 60% deles possuem retardo que não estavam ligados a lesões orgânicas (oligofrênicos) e sim, eram produto de retardos afetivos. O que funcionava bem era a máquina psíquica. Para ele, por trás de toda conduta desviada, subjaz uma situação de conflito, sendo a enfermidade a expressão de uma tentativa falida de se adaptar ao meio. Por meio da recreação Pichón buscava uma ressocialização. O esporte (futebol) surge como uma terapia grupal dinâmica. 
	
Pichón desenvolve inúmeras atividades, dentre elas:
- Funda a Associação Psicanalítica Argentina
- Funda o primeiro serviço especializado de atendimento para crianças e adolescentes
- Funda o Clube de Futebol Marienzo.
	
	Pichón Rivière começou a trabalhar com grupos a partir da observação do grupo que, segundo afirmações da Psicologia Social, é o primeiro grupo da qual fazemos parte; ou seja, a família. Embasado nos fundamentos da Psicologia Social, Rivière afirmava que após este primeiro grupo viria outros, tais como: amigos, escola e sociedade. 
	A primeira grande experiência com grupos dele foi a Experiência Rosário, um seminário coordenado por ele em 1958, numa instituição universitária da cidade de Rosário na Argentina; e em que Pichón dirigia grupos heterogêneos através de uma didática interdisciplinar. Caracterizou-se como sendo um incidente vivido no hospital psiquiátrico De Las Mercês, em Rosário, onde Pichón desempenhava atividades clínicas e docentes. Tal incidente foi a greve do pessoal de enfermagem desse hospital. Diante da falta de funcionários para cuidar dos doentes, Rivière resolveu fazer uma experiência de inversão de papéis: colocou um grupo de doentes menos comprometidos para cuidar de outro grupo que era o dos mais comprometidos. Observou que ambos, subgrupos, apresentaram significativas melhoras de seus quadros clínicos. Intrigado com esse resultado passou a estudar os fenômenos grupais a partir dos postulados da psicanálise, da teoria de campo de Kurt Lewin e da teoria de Comunicação e Interação. As convergências dessas teorias constituíram-se nos fundamentos da teoria e técnica de grupos operativos de E. Pichón-Rivière.
PRINCIPAIS CONCEITOS DOS GRUPOS OPERATIVOS
O Que São Grupos Operativos (GO)?
	São formados por pessoas que se reúnem sempre por causa de um mesmo motivo, sejam estes dificuldades com aprendizagem, cura, diagnóstico, etc. Por se tratar de uma reunião de pessoas diferentes, cada uma dela traz a sua própria história prá dentro do grupo, a sua própria realidade e subjetividade; é necessário que esse grupo passe um tempo junto, discutindo mesmo, para que seja encontrada uma identidade grupal. É normal que aconteçam algumas brigas e discórdias ao longo dos grupos operativos.
	Rivière explica que uma vez que tenha sido encontrada a identidade grupal, o grupo passa a desempenhar tarefas que são concernentes aos seus motivos. Essas tarefas podem ser atividades de qualquer natureza. São chamadas por Pichón de explícitas ( ou temáticas). Pichón defendeu também, não só o viés prático, como também a vertente emocional desses grupos, pois afirmou que além da tarefa explícita, o grupo também passaria por uma tarefa implícita (ou também denominada tarefa dinâmica); o qual seria como se fosse o lado emocional que acompanha a tarefa a qual realizam. A tarefa implícita seria como o grupo se sente diante da tarefa que lhes é solicitada; é que tipo de sentimento é aflorado no grupo diante da tarefa feita, é o que eles sentem diante da atividade.
	Os GO se reúnem sempre visando também uma mudança. Os grupos operativos funcionam visando uma aprendizagem, e na linguagem “pichoneana” aprender é sinônimo de mudar.
	O grande objetivo pelo qual acontecem os grupos operativos a desconstrução de conceitos estabelecidos e verdades adquiridas. Desestruturação de estereótipos e preconceitos deste grupo no que concerne aos objetivos deste. Por exemplo, trata-se de um grupo de crianças com problemas de aprendizagem: este grupo teria por objetivo tentar se desfazer de todos os clichês e preconceitos relacionados a sua “não aprendizagem”, como por exemplo, “não aprendo porque sou burro”. Baseando-se nesta frase, o grupo se reuniria em torno de um mesmo objetivo – suas dificuldades de aprendizagem – para realizar tarefas com o objetivo de desconstruir esses (pré) conceitos sobre “ser burro”. Pichón defendia a ideia dos grupos operativos para fazer com que os indivíduos passassem a aprender a pensar sobre si mesmos em relação aos objetivos do grupo (“será que não aprendo porque sou burro mesmo?”). Os integrantes desse grupo passam a aprender a pensar mais sobre si mesmos em relação aos objetivos desse grupo, e, desta forma, podem mudar os seus (pré) conceitos estabelecidos e verdades adquiridas. O “grupo operativo” (GO) é o grupo que se propõe, através de tarefas, a aprender a pensar, operar uma dada realidade, fazer crítica e autocrítica, explicitando os medos para as mudanças, integrando teoria e prática.
COMO FUNCIONAM OS GRUPOS OPERATIVOS
Um Estudo das Etapas dos Grupos Operativos
	O grupo é formado por pessoas que buscam o mesmo objetivo; apesar disto, se mostram como indivíduos únicos, diferentes, donos e protagonistas de suas próprias histórias. Quando se juntam para formar um grupo, cada um desses integrantes vai trazer pra dentro da realidade do grupo a sua história individual; isto é o que Rivière chamou de verticalidade. Uma vez que várias pessoas estejam reunidas dentro do grupo, vai haver uma constante troca de experiências e histórias. Por meio desta troca vai surgir uma novahistória, a história do grupo. E isto é chamado por Pichón de horizontalidade, que é a identidade grupal. Não é simplesmente a junção de várias histórias individuais, pois a partir do relato das histórias individuais de cada integrante uma nova história vai surgir. É neste momento, da busca da identidade grupal, que o coordenador/facilitador/orientador do grupo precisa estar bastante atento. Quando o grupo se encontra – que este orientador deve passar a realizar determinadas atividades que, por vezes, podem fazer com que o grupo se estresse um pouco, no sentido de que eles podem sentir que não estão fazendo nada produtivo ou nada que tenha a ver com o objetivo pelo qual estão juntos. Neste período é normal que surjam brigas, contendas e discordâncias. Neste momento é essencial que o coordenador deste grupo saiba o que fazer, pois deve aproveitar este momento para elucidar todas as ansiedades e questões que surjam no grupo para trabalhá-las e fazer com que a identidade grupal seja alcançada. Este período é denominado de resistência. E as tarefas que serão feitas durante esse período – no intuito de buscar a identidade enquanto grupo – serão denominadas de pré-tarefas. O momento em que o orientador vai fazer um levantamento das ansiedades e questões do grupo, o que Pichón denominou de “consciência de finitude”. O momento em que vai se passar da pré-tarefa a tarefa só vai acontecer quando, segundo Rivière, houver um insight sobre a realidade e que se estabelecer uma relação com o outro.
	Uma vez que este período de discussão – que envolve o período das pré-tarefas e da elucidação das ansiedades presentes no grupo – acaba, se inicia o momento em que facilitador e grupo vão começar a planejar o que Pichón denominou como projeto ou produto, que seria o planejamento das estratégias e táticas traçadas pelo grupo para atingir os seus objetivos. Esta etapa vai ser de grande importância para os GO; pois, este planejamento envolve várias etapas, dentre as quais: (a) estratégia, (b) tática (que seria moldar na prática os objetivos estratégicos); (c) técnica, que é a arte e o artesanato para levar a tarefa adiante, ou seja, os materiais que serão utilizados, e (d) logística, que seria avaliar todos os elementos que poderiam se opor à realização das tarefas do grupo. Cada uma dessas etapas visa, no final, a aprendizagem – ou seja, a mudança – almejada pelo Grupo Operativo para alcançar seus objetivos.
A Teoria dos Vínculos
	É necessário que haja uma relação com o grupo para que a busca da identidade grupal seja viável. Pois, se cada um permanecer apenas “no seu mundinho” sem querer interagir com o outro, não estaremos falando de grupo; e sim de uma massa discriminada. Rivière foi muito influenciado por W. R. Bion ao formular a sua teoria dos vínculos existentes dentro de um grupo. Quando Pichón fala da teoria do vínculo, ele postula que este vínculo deve almejar o aprendizado. Para Rivière o aprendizado é uma troca. Ele exemplifica esta troca com a seguinte questão: quando um cliente passa por uma situação que não compreende, relata para o seu terapeuta do que se trata; este por sua vez, munido de seus conhecimentos teóricos e práticos, vai tentar entender o que se passa com seu cliente. Ao conseguir chegar à compreensão do que acontece, ele vai repassar pro seu cliente, vai reintroduzir a situação em seu cliente, para que ele possa vir a entender. O cliente passou ao terapeuta, que repassou ao cliente. É sempre nesse movimento de espiral que Pichón explica que vai se chegar à compreensão, que vai se chegar ao aprendizado. 
	Pichón define vínculo como “uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem”. (PICHON-RIVIÈRE, 1988). A teoria do vínculo também pode ser enunciada como uma estrutura triangular, ou seja, todo o vínculo é bi-corporal, mas como em toda a relação humana, há um terceiro interferindo, olhando, corrigindo e vigiando (alguns aspectos do que Freud chamou como complexo superego); é neste sentido que o vínculo passa a ser também tri-pessoal. Este “terceiro” seria, na realidade, o próprio sujeito. Esta estrutura inclui no esquema de referência o conceito de um mundo interno em interação contínua, origem das fantasias inconscientes. Pichón postula que existiriam dois tipos de vínculos: interno e externo. Ele diz que a maneira como o sujeito constrói e estrutura os seus vínculos internos é que vai possibilitar a ele construir os seus vínculos externos.
PROCESSO DOS GRUPOS OPERATIVOS
Vetores do Cone Invertido - Há determinados papéis que tendem a se repetir e reproduzir quaisquer que sejam as peculiaridades do grupo. O papel é o instrumento concreto com o qual nos relacionamos, e a partir, daí é entendido como instrumento da interação. Pichón-Riviere considera que há quatro papeis básicos (os mais frequentes) que emergem no grupo operativo: 
Porta Voz – aquele que fala pelo grupo ou em nome do grupo, tornando emergente determinados conteúdos que podem, então, ser tornados explícitos pela coordenação. A pessoa que enuncia algo é, ao mesmo tempo, porta-voz de si mesmo e das fantasias inconscientes do grupo.
Bode Expiatório – Funciona como depositário das partes “más” do grupo: as fragilidades, as resistências e também as tendências a atuação.
É importante discriminar no processo de “depositação” os três elementos que a constitui: depositado, depositante e depositário.
Líder – reparte com o coordenador um lugar privilegiado (autoridade, concentração de vínculos afetivos etc.) em relação aos demais participantes.
As lideranças no grupo podem ser:
Liderança positiva – propõe uma mudança em termos de comunicação e aprendizagem.
Liderança negativa – assume a resistência à mudança aparecendo como sabotador, perturbando o processo de aprendizagem e não permitindo ao grupo centra-se na tarefa.
Sabotador – essencialmente é o porta-voz da resistência e das tentativas de destruir a tarefa e o enquadramento.
	Esses papéis não são fixos nem excludentes, ao contrário, circula entre os participantes e, como frequência, um só participante acumula mais de um papel. A comunicação grupal é possível pela existência de um esquema conceitual, referencial e operativo grupal – ECRO.
ECRO – é o conjunto de conhecimentos, de atitudes, que cada um de nós tem em sua mente e com o qual trabalha na relação com o mundo e consigo mesmo. Este conjunto estrutural e genético nos permite a compreensão horizontal (a totalidade comunitária) e vertical (o indivíduo nela inserido) de uma sociedade em permanente situação de mudança e dos problemas de adaptação do indivíduo a seu meio. O grupo pode ser encarado como uma necessidade recíproca entre as necessidades individuais, a mentalidade de grupo e cultura.
Mentalidade do Grupo – é a expressão unânime da vontade do grupo;
Cultura do Grupo – é uma função do conflito existente entre os desejos do individuo e a mentalidade de grupo.
AS INTERVENÇÕES NOS GRUPOS OPERATIVOS - As intervenções devem estar orientadas pelo cuidado com a realização da tarefa e preservação dos vínculos. Para tal a coordenação pode: perguntar, estimular a falar, lembrar o enquadramento, dar informações e esclarecimentos etc... Além disso, deve utilizar as alternativas especificas:
Clarificação – explicitação de sentimentos e emoções emergentes no processo grupal, mas não falados como tal;
Pontuação – destacando aspectos sobre os quais é conveniente o grupo falar;
Ampliação de sentidos – quando se levam outras alternativas de significado para o que está sendo falado.
	Essas formas de intervenção são formas de interpretação que se dá em relação à tarefa. No grupo terapêutico, qualquer situação que ocorre é estimulada, fundamentalmente, como reflexo de outra pertencente ao passado. Ao mesmo tempo, privilegiam-se as interpretações centrípetas (de fora para dentro). As situações grupais são analisadas como reflexo (de fora para dentro). As situações grupais são analisadas como reflexo ou dramatização de acontecimentos exteriores.Ambas as modalidades reforçam a situação transferencial e geram um clima regressivo. 	No grupo operativo se dá o contrário, privilegia-se o progressivo ou prospectivo na tarefa. Todo acontecimento que surge no grupo é ensaio do que se realizará em seguida e fora do grupo. Privilegiam-se as interpretações centrífugas (de dentro para fora). Isso é, leva-se em conta o passado, porém se hierarquiza o presente (tarefa) em função do futuro (projeto, prospecção-progressão). 
TIPOS DE LIDERANÇA (COORDENADOR)
	A detecção das lideranças tem uma importância fundamental na compreensão da dinâmica do grupo; tanto é assim que a estrutura e a função do grupo se configuram de acordo com os tipos de lideranças assumidos pelo coordenador. 
Tipos de liderança assumidos pelo coordenador: - Líder autocrático – utiliza técnica diretiva, rígida e favorece um estereótipo de dependência. Confundindo-se a si mesmo com o grupo, atua como fator de paralisação da tarefa; - Líder democrático – intervém favorecendo os intercâmbios de ideias entre os membros do grupo, assinalando a dificuldade do seu funcionamento; - Líder laissez-faire – é que delega ao grupo sua auto estruturação; - Líder demagógico _ é impostor e mostra uma aparência democrática, caindo às vezes em situações de laissez-faire.
	De entrecruzamento das fantasias individuais perseguindo a tarefa, como ponto de encontro, constitui-se o imaginário grupal. A função ordenadora da coordenação (sustentando o enquadramento e a tarefa) tem efeito suportivo e tranquilizador em relação às angustias básicas do grupo. O grupo operativo fortalece o ego do paciente gerando adaptação ativa da realidade e quebra a estereotipa que dificulta a comunicação e a aprendizagem.
O FENÔMENO DA TRANSFERÊNCIA NO GRUPO - As fantasias transferências no campo grupal emergem tanto em relação aos integrantes do grupo, como em relação à tarefa e o contexto em que se desenvolve a operação grupal. O fenômeno da transferência existe em qualquer relação. Transferência no grupo: - São mais ricas; - Do paciente para o terapeuta; - De um elemento do grupo para outro; - Transferências laterais. 
	O grupo operativo deve ser: - Dinâmico - a atividade grupal se permite o livre fluir da interação e da comunicação para fomentar o pensamento e a criatividade do grupo; - Reflexivo – parte da tarefa grupal é reflexão sobre o próprio processo grupal; - Democrático quanto à tarefa – significa que toda ação e todo pensamento que se desenvolve no grupo, deverá originar-se do próprio grupo.
OS MOMENTOS DA TAREFA GRUPAL
	O grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma explicita, em uma tarefa. Sob esta tarefa, existe outra implícita, subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação. A tarefa é um fazer que esteja fundamentado nas necessidades dos participantes.
O trabalho grupal se desenvolve em três momentos:
Pré-tarefa (o pensar) – Momento em que se expressam as dificuldades. Predominam os mecanismos de dissociação (dissociando o sentir do pensar e do fazer). Dificuldade de não entrar na tarefa.
Tarefa (o sentir) – Momento de reflexão. É o âmbito da elaboração dos quatros momentos da função operativa, que são:
Logística – é a observação do campo inimigo (neste caso, a resistência à mudança), detectar quais são as forças contra as quais vamos lutar.
Estratégia – é o planejamento de longo alcance. Quais são os objetivos finais e qual é o trajeto que devemos seguir para chegar lá.
Técnica – são os diferentes recursos ou instrumentos, e as formas como são utilizados para se operar no campo. A arte e o artesanato para levar a tarefa adiante.
Tática – é a forma com que empregamos esse plano na pratica. São os passos que vamos dando, o momento, o trabalho, o lugar e a maneira como são dados. Tudo isso requer ”tato”.
Projeto (o agir) – Planejamento futuro. Ao elaborar uma estratégia operativa, o grupo orienta a ação e aparece o projeto emergindo da tarefa, o que permite um planejamento futuro. 
COMO SE ORGANIZAM OS GRUPOS OPERATIVOS
	Cada membro do grupo funciona como um órgão do nosso corpo, de maneira que, assim como os órgãos, os membros do grupo precisam estar em perfeita harmonia e excelente funcionamento; para que não surjam enfermidades. A missão do orientador é cuidar para que nenhum dos membros seja o depositário dos problemas emergentes no grupo. Este tópico sobre o corpo do grupo remete à ideia de distância social. Para que o grupo possa funcionar bem é necessário que se tenha uma distância ótima para que se possa trabalhar enquanto grupo. Rivière explica que se esse distanciamento for muito largo, podem existir perturbações na comunicação; caso contrário, se essa distância for muito estreita, se produz uma situação de rejeição e bloqueio no outro.
Cone Invertido - É um esquema feito por meio de vetores, que é utilizado para se avaliar as tarefas desenvolvidas pelo grupo. A eleição do desenho do cone invertido se deve a que em sua parte superior estariam os conteúdos manifestos e em sua parte inferior, as fantasias latentes grupais.
Esses valores do cone são:
Filiação e Pertinência: a filiação poderia ser classificada como um nível anterior à pertinência. “Filiados” seriam aqueles que teriam uma aproximação com a tarefa a ser desempenhada pelo grupo, mas que só estariam vendo e não participando de verdade. E, por outro lado, pertinência é o nome que recebe aquela parcela de componentes do grupo que realmente estão “dentro” da tarefa, que muito mais do que apenas observar, são aqueles que se encontram engajados no desempenhar da tarefa. Para saber quem é “filiado” e quem é “pertencente”, é importante observar fatores como pontualidade nos encontros e a participação nas atividades propostas.
Cooperação: seria a capacidade de cada um dos membros de poder se colocar no lugar do grupo enquanto unidade.
Pertinência: seria uma espécie de medidor, para saber o quanto cada um se esforçou na realização da tarefa desenvolvida.
Aprendizagem;
Comunicação: é o canal pelo qual vão se expressar as dificuldades e transtornos do grupo para realizar as tarefas.
Tele: Esse vetor corresponde ao clima afetivo que aparece em diferentes momentos do grupo. É um conceito emprestado da sociometria de Moreno para dizer respeito às empatias positivas ou negativas que surgem entre os membros do grupo.
Interpretação - O objetivo da interpretação dentro de um grupo seria esclarecer, para visar uma aprendizagem.
COMO SE TRABALHA COM GRUPOS OPERATIVOS
Os grupos operativos abrangem quatro campos:
Ensino-aprendizagem: cuja tarefa essencial é o espaço para refletir sobre temas e discutir questões;
Institucionais: grupos formados em escolas, igrejas, sindicatos, promovendo reuniões com vistas ao debate sobre questões de seus interesses;
Comunitários: utilizados em programas voltados para a Promoção da Saúde, onde profissionais não-médicos são treinados para a tarefa de integração e incentivo à capacidades positivas;
Terapêuticos: são grupos como os de autoajuda, ou os dos Alcoólicos Anônimos; que visam melhorar a saúde tanto física quanto mental de seus membros.
	Grupos com objetivos diferentes se reúnem por motivos diversos. Por exemplo, os grupos que se vinculam por patologias (HAS, diabetes, asma, saúde mental, desnutrição, dependência química, etc.), se reúnem com o objetivo de trocarem experiências de vida e dados vitais, sem necessitar passar por consulta médica. Existe outro tipo de grupo, que se reúne não pela patologia, mas sim por fases do ciclo da vida – como é o caso de gestantes, adolescentes ou grupo de terceira idade. O objetivo desse grupo não é discutir patologias e sim mudanças de modos de vida. Um terceiro tipo de grupo são os grupos chamados heterogêneos, que reúnem gente de todas as idades, saudáveis ou não; e que se reúnem apenas para discutir medidas para se melhorar a qualidade de vida.
A periodicidade e a frequência dos encontros desses grupos variarão de acordo com os objetivos traçados pelos mesmos.Os grupos vinculados por patologias, os mais frequentes na prática diária dos centros de saúde, costumam (se também forem para consultas clínicas e troca de receitas), ter intervalo entre as reuniões de 2 a 3 meses e número de encontros indeterminados (durante o evento da patologia). Os grupos de promoção da saúde, com vínculo nos ciclos de vida, normalmente com menor intervalo entre as reuniões (geralmente mensais) e número de encontros pré-determinados pela própria etapa de vida> Os participantes (assim como nos grupos vinculados por patologias) podem variar de um encontro para outro, entrando para o grupo durante o funcionamento do mesmo, o que dificulta a formação do campo grupal dinâmico (descrito anteriormente). A escolha dos materiais a serem trabalhados durante os encontros vão variar tanto de acordo com os objetivos do grupo quanto de acordo com os materiais didáticos disponíveis. Alguns exemplos de materiais que podem ser usados: TV, som, quadros, jogos lúdicos, etc. Para haver uma escolha ideal de materiais, é importante que se leve em consideração alguns itens, tais como: número de pessoas no grupo, local, dia, horário e duração dos encontros.
O PAPEL DO COORDENADOR / ORIENTADOR / FACILITADOR
	O coordenador de um grupo operativo não pode trabalhar nem como um típico psicanalista de grupos e nem como um simples coordenador de grupos. O objetivo e a missão desse coordenador é apenas mostrar ao grupo as dificuldades encontradas para realizar a tarefa. Para isto ele dispõe de uma dinâmica que é o ECRO, em que através dos quatro passos (estratégia, tática, técnica e logística) ele vai tentar levantar suas hipóteses e mostrar ao grupo quais são as dificuldades encontradas nos processos de comunicação e aprendizagem.
	É importante que se diga que o coordenador não está ali para responder questões, e sim para ajudar ao grupo a levantar as suas próprias questões concernentes aos seus fantasmas e medos. O coordenador trabalha juntamente com um observador. Este vai ser um sujeito que vai apenas observar. Vai ter um papel muito importante, pois vai ser ele quem vai tomar nota de tudo àquilo que é expresso tanto verbalmente quanto gestualmente pelo grupo. As anotações tomadas pelo observador serão estudadas em conjunto com o coordenador, para que, embasados nelas, sejam levantadas as hipóteses sobre as possíveis dificuldades encontradas pelos grupos.
	Abaixo estão alguns pontos que são sugestivos sobre como um coordenador de grupo deve agir para fazer com que o grupo alcance os seus objetivos:
Elaborar os objetivos da dinâmica;
Planejar com antecedência todo o trabalho a ser desenvolvido, evitando atropelos de última hora;
Incentivar a comunicação de todos os integrantes do grupo;
Saber devolver as perguntas ao grupo e não tentar responder a todas as questões, tornando o trabalho uma simples aula;
Procurar estabelecer um clima informal, cooperativo em termos do que a técnica exige;
Procurar manter a discussão dentro do tema e levar os elementos do grupo a caminhar em direção ao objetivo estabelecido;
Quando a contribuição não estiver muito clara, propor expressões mais claras e objetivas;
Não alongar as discussões inúteis, nem permitir que os elementos utilizem o grupo como uma tribuna de oratória;
O facilitador precisa ser uma pessoa neutra em relação ao grupo observado, não deixando ser impressionado por participantes.
Vera Lúcia Nogueira Araújo
Processos Grupais

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