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Donald Woods Winnicott • Como pediatra, pôde observar a interação de muitas mães com seus filhos. • Elaborou importante teoria do desenvolvimento emocional humano. • Uma de suas contribuições fundamentais foi enfatizar a importância do meio ambiente no desenvolvimento do indivíduo. Potencial herdado [...] embora todo menino ou menina nascidos vivos neste mundo tenha, como se poderia dizer, um bastão de primeiro-ministro em sua fraldinha, este bastão pode permanecer sendo algo que poderia ter sido. (Winnicott, 1989n [1970], p. 221) Potencial Hereditário 0 O potencial hereditário poderá desenvolver-se ao máximo ou sofrer entraves e ficar bloqueado. 0 O desenvolvimento emocional depende da existência de um outro ser humano que facilite esse processo. Tendência ao Desenvolvimento 0 O ser humano nasce com uma tendência ao desenvolvimento tanto físico quanto emocional. • Assim como ocorre o desenvolvimento motor ou da fala, também ocorre um processo de evolução gradual do desenvolvimento emocional. • Entretanto, essa tendência só poderá se concretizar mediante a presença de um ambiente facilitador. Ambiente facilitador Os processos de maturação do bebê precisam de um ambiente de facilitação para que possam concretizar-se. Este ambiente é muito complexo. Só um ser humano pode conhecer um bebê de forma a possibilitar uma adaptação complexa e graduada de acordo com as transformações das necessidades dos bebês. Ser Relacional 0 O ser humano é um ser relacional, ou seja, se constitui no interior das relações. 0 A primeira relação é sui generis: o bebê é afetado pelo ambiente, mas não pode perceber esse ambiente ainda, devido à sua imaturidade. 0 Essa imaturidade não pode ser encarada como um déficit, simplesmente o bebê não desenvolveu-se ainda, ele encontra-se imerso em um processo de desenvolvimento gradual. Relação Mãe -Bebê Winnicott descreve as primeiras experiências da mãe com o bebê e mostra o significado e a importância das coisas rotineiras que uma mãe realiza com tanta naturalidade. No início, o bebê sequer percebe a presença da mãe mas ela cuida para que ele sinta-se bem alimentado, bem instalado, devidamente limpo e confortável. Winnicott ( 1982 ) Para ser boa mãe Não é necessário possuir intelectualidade privilegiada. A mulher deve se deixar guiar pelos seus instintos naturais ao invés de seguir regras prescritas pelos outros ou pelos livros. Entender que são inúmeras as transformações na sua vida a partir do instante em que descobre que está grávida. Importante procurar começar a conhecer seu filho o mais cedo possível. Gestação O bebê já é um ser humano dentro do ventre e é digno de ser conhecido como pessoa. A mãe começa a conhecer algumas características de seu filho: movimentos preferidos, soluços, quando fica mais quieto, etc. O bebê também aprende muito sobre a mãe: percebe quando está ansiosa, zangada, quando corre ou está tranquila, etc. Essa relação vai se desenvolvendo aos poucos e ajuda a lançar os alicerces da personalidade da criança. Preocupação Materna Primária Estado em que a futura mãe vai entrando no decorrer da gestação, onde começa a voltar suas preocupações em direção ao bebê. Essa capacidade da mãe ¨adoecer sadiamente¨ é importante para os cuidados com seu bebê. A mãe que consegue desenvolver a preocupação materna primária, é denominada mãe suficientemente boa, mãe devotada comum ou ambiente facilitador. Winnicott (1999) Preocupação materna primária 0Durante a gestação, a mãe começa a desenvolver uma espécie de útero psíquico para seu bebê. 0Gradualmente suas preocupações vão se concentrando no bebê: sua saúde, suas roupas, seus movimentos, seu quarto, o parto, etc. 0Pode ocorrer um afastamento temporário do marido e dos outros filhos. 0Marido: com a regressão a mãe volta para um estado psíquico muito primitivo e precisa de apoio. Identificação com o bebê No estado de preocupação materna primária, as mães se tornam capazes de colocar-se no lugar do bebê e perceber o que eles necessitam. Isso lhes possibilita atender as necessidades do recém nascido de uma forma que nenhuma máquina pode imitar e que não pode ser ensinada. Nascimento 0 No parto ocorre uma interação entre o corpo da mãe e o corpo do bebê. 0 Cesárea: interrupção dessa interação. 0 Equipe médica e de enfermeiros possuem importante papel no nascimento, fornecendo suporte e segurança à mãe e ao bebê. Mãe-ambiente 0 O bebê nasce em um estado de dependência absoluta da mãe (mãe-ambiente). 0 Bebê=Mãe (não percebe o outro nem a si mesmo). 0 Interpreta todos os gestos espontâneos do bebê. Mãe como ego auxiliar Ao identificar as necessidades do bebê e atendê-las adequadamente, a mãe vai atuando como um ego auxiliar do bebê. Assim, o bebê tem um ego desde o primeiro instante, um ego muito frágil e pessoal, mas impulsionado pelo ego auxiliar da mãe. Mãe Suficientemente Boa A própria mãe do bebê tem mais probabilidade de ser suficientemente boa pois os cuidados exigem preocupação fácil e sem ressentimentos. O êxito desses cuidados com o bebê dependem da devoção, e não do esclarecimento intelectual. Mãe Suficientemente Boa 0 A mãe suficientemente boa, começa com uma adaptação quase completa às necessidades de seu bebê. À medida que o tempo passa, adapta-se cada vez menos completamente, de modo gradativo, segundo a crescente capacidade do bebê em lidar com o fracasso dela. A mãe, atenta às necessidades, não apenas corporais, mas também psíquicas do bebê, não só satisfaz essas necessidades mas mostra, pelos ecos sensoriais que devolve e pelas ações que realiza, que interpretou corretamente essas necessidades. O bebê fica satisfeito e tranqüilo quanto à sua necessidade instintuais e de compreensão. Papel do pai É de grande importância nesse momento. Ele deve cuidar das exigências do mundo externo a fim de que a mulher possa concentrar-se e aprimorar-se no desempenho de sua nova tarefa: cuidar do seu bebê. Pai Suficientemente Bom 0 O pai também é uma pessoa importante ajudando a criar um lar, e além de ser um bom substituto para a mãe, pode dar à esposa o apoio e o sentimento de segurança que ela pode transmitir à criança. 0 Existem ainda outros fatores ambientais importantes, pois pode haver uma equipe mãe/babá; podem haver tias e avós adequadas ou amigos especiais que se qualificam como bons substitutos da mãe. Estágios do Desenvolvimento Emocional 1)Dependência absoluta: unidade mãe-bebê, relacionada à mãe-ambiente/ objeto subjetivamente concebido. 2)Dependência relativa: emergência do campo fusional com a mãe, surgimento da mãe objeto/objeto objetivamente percebido, mãe-outro. 3)Rumo à independência: caminha para a independência. 4)Independência relativa: independência nunca é absoluta. Dependência Absoluta 0 “o estado de dependência absoluta não está fundado apenas na fragilidade do bebê ou em sua incapacidade de sobreviver sem ajuda; também não se refere ao que seria uma influência maciça do ambiente que ‘produziria’ o bebê, de si tabula rasa. [...] refere-se ao fato de o bebê depender inteiramente da mãe para ser – do modo como é, como pode ser, nessemomento inicial [...] O relacionamento peculiar com a mãe [...] fornece um padrão para as relações que o bebê venha a desenvolver com a realidade externa” (Dias, 2003, p. 130, grifos do autor). Conquistas do Bebê e Tarefas da Mãe Através do segurar, manejar, e da apresentação dos objetos, a mãe vai propiciando o amadurecimento pessoal do bebê. Conquistas do bebê Tarefas da Mãe Integração holding (segurar) Personalização handling (manusear) Realização object presenting (apre- sentar o mundo) Tarefas da Dependência Absoluta: INTEGRAÇÃO: Integração do si mesmo, integração psicossomática e Integração no tempo e no espaço Através do holding materno o bebê vai se constituindo em uma unidade. Ao segurar adequadamente o bebê, a mãe vai propiciando uma integração gradativa de seu bebê, para que ele possa sair do estado de fusão com ela, fazer a separação eu/não-eu e constituir-se em uma unidade. Integração 0 O bebê precisa conquistar a integração espaço- temporal, a integração psicossomática e a integração do si- mesmo. Integração espaço-temporal 0 No início o bebê não tem noção nenhuma de espacialidade nem de temporalidade (não sabe que as coisas têm início e fim). 0 Por isso as agonias e ansiedades dessa fase da vida são sentidas como eternas, ele não sabe se vai acabar ou quando vai acabar. Tarefas da Dependência Absoluta: PERSONALIZAÇÃO: Alojamento da psique no corpo No início o bebê não tem noção nenhuma de tempo ou de espaço, ele não sabe que as coisas têm início e fim. Por isso as agonias e ansiedades dessa fase da vida são sentidas como eternas, ele não sabe se vai acabar ou quando vai acabar. A integração psicossomática vai ocorrendo a partir do handling materno (manuseio durante os cuidados que propicia ao bebê). Integração psicossoma 0 Bebê nasce não-integrado: corpo e psique não estão ligados. 0 Mãe como holding: coloca seu corpo e psique a serviço do bebê. 0 A ligação é feita pelo cuidador. Se este não consegue propiciar a ligação o bebê fica desconectado, não saberá definir as emoções mas a mente pode ficar intelectualizada. 0 Os cuidados com o bebê (handling)vão proporcionando-lhe a conexão de corpo e psique. Integração do si mesmo O fornecimento de um ambiente suficientemente bom na fase mais primitiva capacita o bebê a começar a existir, a ter experiências, a constituir um ego pessoal, a dominar os instintos e a defrontar-se com as dificuldades inerentes à vida. Tarefas da Dependência Absoluta: REALIZAÇÃO: Relacionamento com os objetos (apresentação do mundo) A mãe vai apresentando o mundo ao bebê em pequenas doses, de acordo com sua crescente capacidade de se relacionar com as pessoas e os objetos. O relacionamento com os objetos é um processo que segue uma evolução desde o nascimento até a morte, onde o bebê vai se tornando capaz de se relacionar com um círculo que se amplia da família para a escola e posteriormente para a sociedade. Realização Apresentação dos objetos Processo que só pode ser feito pelo manejo contínuo de um ser humano “que se revele sempre ele mesmo”. Não é necessário perfeição, o que se exige é que os pais façam justamente aquilo de que o bebê precisa com cuidado e atenção. Realização Apresentação do Mundo 0 A adaptação da mãe às suas necessidades precisa ser quase exata e, a menos que assim seja, não é possível ao bebê começar a desenvolver a capacidade de experimentar uma relação com a realidade externa ou mesmo formar uma concepção dessa realidade. Apresentação do Mundo 0 O lactente só pode ter uma apresentação não confusa da realidade externa ser for cuidado por alguém devotado à tarefa de cuidar dele. 0 A mãe emergirá deste estado de devoção espontânea, e logo voltará a ter sua vida de volta. Angústias inomináveis Angústias muito fortes são experimentadas nos estágios iniciais do desenvolvimento emocional. Os sentidos ainda não estão organizados e não existe ainda algo que possa ser chamado de um ego autônomo. O tipo de aflição que o bebê sente neste estágio é muito parecido ao que se encontra por trás do pânico. Função de Espelho Quando o bebê olha para o rosto da mãe, o bebê vê a si mesmo e essa ideia será passada a ele conforme a mãe o vê. O bebê deve notar esperança no olhar da mãe. Ele espera ser notado e aprovado por ela. Ele se mostra para que a mãe o perceba e reflita. Desenvolvimento da personalidade Se a mãe agir de forma adequada, estará criando os fundamentos da força de caráter e da riqueza de personalidade do indivíduo. A partir de uma base positiva, o indivíduo tem uma oportunidade de lançar-se no mundo de uma forma criativa e de desfrutar e usar tudo aquilo que o mundo tem a lhe oferecer, inclusive o legado cultural. Winnicott, (2000 [1956]; p.404 Dependência Absoluta 0 A recompensa de se oferecer ao bebê, um ambiente facilitador nesse primeiro estágio de dependência absoluta, é que seu processo de desenvolvimento não sofre distorções. 0 Aos poucos ele começa a se tornar consciente de sua dependência. 0 Quando a mãe fica longe do bebê, por um tempo superior à sua capacidade de crer em sua sobrevivência, aparece ansiedade, e este é o primeiro sinal que a criança percebe. Dependência Relativa Esse estágio é aquele em que o bebê começa a sentir a necessidade da mãe, ele começa a perceber em sua mente, que a mãe é necessária. Gradualmente a necessidade pela mãe verdadeira se torna ferrenha e terrível (por isso as mães odeiam deixar seus filhos e se sacrificam muito para não causar aflição ou mesmo produzir raiva ou desilusão durante esta fase de necessidade especial) Esta fase dura aproximadamente de seis meses a dois anos. Desadaptação da Mãe 0Os meios de que o bebê dispõe para lidar com esse fracasso materno são: a experiência do bebê, quase sempre repetida, de que há um limite temporal para a frustração (a princípio desse limite deve ser curto); o crescente sentido de processo; os primórdios da atividade mental; Dependência Relativa 0 O estágio da dependência relativa vem a ser um estágio de adaptação a uma falha gradual dessa mesma adaptação. 0 É parte do repertório da grande maioria das mães prover uma desadaptação gradativa de acordo com o rápido desenvolvimento que o lactente revela. Dependência Relativa 0 Para Winnicott existe um caminho a ser percorrido, desde o estágio em que o bebê não tem a capacidade de perceber sua dependência em relação ao meio- ambiente, e o estágio seguinte, onde ele já pode começar a perceber gradativamente a presença da mãe e o que ela faz para satisfazer suas necessidades. Dependência Relativa Objetos transicionais e fenômenos transicionais Se a mãe ficar longe por um período de tempo além de certo limite, então a lembrança, ou a representação interna, se esmaece. No estágio anterior, se a mãe estava ausente, o bebê simplesmente falhava em se beneficiar de sua habilidade especial de evitar irritações ou incômodos e certos desenvolvimentos essenciais na estrutura do ego falhavam em se tornar bem estabelecidos.Dependência Relativa 0Antes disso, se a mãe está ausente, o bebê simplesmente falha em se beneficiar de sua habilidade especial de evitar irritações ou incômodos e certos desenvolvimentos essenciais na estrutura do ego falham em se tornar bem estabelecidos. Dependência Relativa Objetos transicionais e fenômenos transicionais Por volta de seis a oito meses, os bebês costumam se ligar a alguns objetos ou brinquedos que os ajudam a lidar com a ansiedade diante da ausência materna. Pode ser uma chupeta, um ursinho, a fralda, o travesseiro, a ponta de um cobertor, etc. Esse objeto ajuda o bebê a se sentir separado mas ao mesmo tempo junto da mãe. Dependência Relativa 0 Quando a mãe (ou substituta) está ausente, não há uma modificação imediata, de uma vez que o bebê possui uma lembrança ou imagem mental da mãe, ou aquilo que podemos chamar de representação interna dela, a qual permanece viva durante certo tempo. 0 Se a mãe ficar longe por um período de tempo além de certo limite medido em minutos, horas ou dias, então a lembrança, ou a representação interna, se esmaece. Dependência Relativa 0 Se a mãe se torna descatexizada, os fenômenos transicionais se tornam gradativamente sem sentido e o bebê não pode experimentá-los. 0 Antes da perda, podemos às vezes perceber o exagero do uso de um objeto transicional como parte da negação de que haja ameaça de ele se tornar sem sentido. Dependência Relativa 0 Os bebês podem variar na sua capacidade de usar a compreensão intelectual de inicio. 0 Muitas vezes a compreensão que eles poderiam ter é postergada pela existência de uma confusão no modo em que a realidade é lhes é apresentada. 0 Todo o processo do cuidado de bebês tem como principal característica a apresentação contínua do mundo à criança e isso não pode ser feito por pensamento, nem pode ser manejado mecanicamente. Dependência Relativa 0 Esse estágio é aquele em que o bebê começa a sentir a necessidade da mãe, ele começa a perceber em sua mente, que a mãe é necessária. 0 Gradualmente a necessidade pela mãe verdadeira se torna ferrenha e terrível (por isso as mães odeiam deixar seus filhos e se sacrificam muito para não causar aflição ou mesmo produzir raiva ou desilusão durante esta fase de necessidade especial) 0 Esta fase dura aproximadamente de seis meses a dois anos. Rumo à Independência 0 Por volta dos dois anos, se iniciam novos desenvolvimentos que habilitam a criança a lidar com a perda. 0 Gradativamente, ela vai se tornando capaz de se defrontar com o mundo e sua complexidade. Rumo à Independência 0 A criança vai sendo inserida em círculos cada vez mais abrangentes de vida social. 0 Isso lhe possibilita ir se identificando com a sociedade, pois a sociedade local é um exemplo de seu próprio mundo pessoal (, bem como exemplo de fenômenos verdadeiramente externos. Estágios do Desenvolvimento 0Winnicott ressalta ainda que: 0 [...] a criança está o tempo todo em todos os estágios, apesar de que um determinado estágio pode ser considerado dominante. As tarefas primitivas jamais serão completadas, e pela infância afora sua não-conclusão confronta os pais e educadores com desafios[...]”(Winnicott,1988, p. 52). Se uma criança não começar bem Poderá não desfrutar do legado cultural e a beleza do mundo não passará de um colorido torturante, impossível de desfrutar. Assim, existem “os que têm e os que não têm”, e isso nada tem a ver com finanças; tem a ver com aqueles que começaram muito bem suas vidas, e com aqueles que não tiveram a mesma sorte. Ambiente não-facilitador Sem a propiciação de um ambiente inicial suficientemente bom, o eu pode não se desenvolver. O sentimento de realidade encontra-se ausente, e se não houver caos em excesso, o sentimento final será o de inutilidade. Pode surgir também um eu falso que esconde o eu verdadeiro, que se submete às exigências do meio, que reage aos estímulos, sem espontaneidade ou criatividade. Mãe Insuficientemente Boa Quando o ambiente não é favorável, a criança não é capaz de começar a maturação do ego, ou então ao fazê-lo, ocorrem distorções em certos aspectos vitalmente importantes. Se o bebê não tem cuidados suficientemente bons no estágio precoce antes de ter distinguido o ‘eu’ do ‘não-eu’, as consequências podem ser devastadoras. Pode se estabelecer um elo direto entre a infância inicial (do lactente sob cuidado, em um estado de dependência absoluta) e as doenças psiquiátricas mais primitivas, que são agrupadas sob a palavra esquizofrenia. Psicose Falhas no processo de fundamento da personalidade. O bebê pode crescer física e psiquicamente mas não desenvolve a mente e não sente que a vida vale a pena ser vivida. O ambiente é sempre importante, porque existem ambientes em que o indivíduo não consegue se desenvolver. Regressão à dependência pode ocorrer para retomada do desenvolvimento interrompido. Saúde Mental A saúde mental do indivíduo com respeito à exclusão de doença psicótica foi estabelecida pelo lactente e a mãe juntos nos estágios iniciais do crescimento e do cuidado do mesmo. A falha da mãe nessa fase mais primitiva pode levar à aniquilação do eu do bebê. Winnicott, 2000 [1956] p. 403 Mãe Insuficientemente Boa 0 Quando a adaptação da mãe não foi suficientemente boa no início ocorre que: “pode-se esperar que o lactente morra fisicamente, porque a catexia dos objetos não é iniciada. O lactente permanece isolado. Mas na prática o lactente sobrevive, mas sobrevive falsamente. O protesto contra ser forçado a uma falsa existência pode ser discernido desde os estágios iniciais. O quadro clínico é o de irritabilidade generalizada, e de distúrbios da alimentação e outras funções que podem, contudo, desaparecer clinicamente, mas apenas para aparecer de forma severa em estágio posterior”. (Winnicott, 1983, p. 134). Mãe Insuficientemente Boa 0 Quando o ambiente não é favorável, a criança não é capaz de começar a maturação do ego, ou então ao fazê-lo, ocorrem distorções em certos aspectos vitalmente importantes. 0 Se o bebê não tem cuidados suficientemente bons no estágio precoce antes de ter distinguido o ‘eu’ do ‘não-eu’, as consequências podem ser devastadoras. 0 Pode se estabelecer um elo direto entre a infância inicial (do lactente sob cuidado, em um estado de dependência absoluta) e as doenças psiquiátricas mais primitivas, que são agrupadas sob a palavra esquizofrenia. Psicose 0 Falhas no processo de fundamento da personalidade. 0 O bebê pode crescer física e psiquicamente mas não desenvolve a mente e não sente que a vida vale a pena ser vivida 0 O ambiente é sempre importante, porque existem ambientes em que o indivíduo não consegue se desenvolver, mas sobretudo ele é importante no início, quando o indivíduo está se constituindo. 0 Regressão à dependência pode ocorrer para retomada do desenvolvimento interrompido. Falhas do Desenvolvimento 0 Em relação a essas falhas, Elsa ressalta: 0 “Cada indivíduo está destinado a amadurecer, e isto significa unificar-se e responder por um eu. Em função disto, o que falha no processo, e não é integrado por meio da experiência, não é simplesmente um nada, mas uma perturbação”. (Dias, 2003) 0 Amadurecimento 0 “Há tudo que é herdado, incluindo os processos de maturação, e talvez tendências patológicas; estastêm uma realidade própria e ninguém pode alterá- las; ao mesmo tempo o processo maturativo depende para a sua evolução da provisão do ambiente. Poderíamos dizer que o ambiente favorável torna possível o progresso continuado dos processos de maturação. Mas o ambiente não faz a criança. Na melhor das hipóteses possibilita à criança concretizar seu potencial”. (Winnicott, 1965r [1963], p. 81). Amadurecimento 0 Ao fazer uma apresentação sequencial dos estágios, ele chama atenção para o fato de que o desenvolvimento emocional não é um processo linear, uma vez que esses estágios se superpõem. 0 Em cada um desses estágios, competem ao indivíduo tarefas de natureza distintas, que são decorrentes da própria tendência à integração. 0 À medida em que essas tarefas vão sendo conquistadas, elas vão se integrando à personalidade. Saúde Mental 0 A saúde mental do indivíduo com respeito à exclusão de doença psicótica foi estabelecida pelo lactente e a mãe juntos nos estágios iniciais do crescimento e do cuidado do mesmo. Papel da mãe para a sociedade A saúde mental do indivíduo está sendo construída desde o início pela mãe. Ao oferecer um ambiente em que processos evolutivos e interações naturais do bebê com o meio, podem desenvolver-se, de acordo com seu padrão hereditário. Papel da mãe para a sociedade A preocupação não está centrada somente com a doença ou com distúrbios psiquiátricos. Está centrada na riqueza de personalidade, com a força do caráter e com a capacidade de ser feliz, bem como com a capacidade de revolucionar e rebelar-se. A mãe está assentando, sem que o saiba, as bases da saúde mental do indivíduo. Referências bibliográficas WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre, Artes Médicas, 1990. _________________ A Criança e seu mundo. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1982. _________________ Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1994. _________________ O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago editora ltda., 1975.
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