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1 
UNIP – Curso Direito - Disciplina: História do Direito 
DNA 1/2 - Professora: Fernanda Wahl – 2016 
 
HISTÓRIA DO DIREITO 
 
O Mundo Grego ou Grécia Antiga 
Mitologia - A MITOLOGIA significa o estudo dos mitos, ou seja, o estudo da história dos deuses. Isso quer dizer que, 
para os gregos, cada deus nasceu em certo momento e desenvolveu sua vida com características próprias. Os gregos 
deram representações aos deuses com forma humana e principalmente acreditavam que possuíam virtudes e defeitos. 
A religião grega dava grande valor aos deuses ao mesmo tempo em que dava grande valor aos homens. Por isso sua 
cultura é considerada antropocêntrica, individualista e racional; é ainda hedonista, possibilitando ao homem a realização 
de obras de que reflitam seus sentimentos internos, produzindo por prazer, sem ser utilitarista, como vimos na cultura 
antiga oriental, pragmática. 
A transição do Pensamento mitológico para o racional 
A filosofia grega nasce da necessidade de superação do pensamento mítico. A explicação dos fenômenos naturais 
através de intervenções de caráter divino não mais satisfaziam o intelecto de um povo que através do comércio constante 
com outras civilizações compreendia as diversidades mitológicas e suas deficiências perante a razão, perante o logos
i
. A 
tentativa de compreensão racional da natureza trazia já em seu bojo a figura do indivíduo, contudo este ser se mostra 
assombrado com a majestade da natureza. 
A partir do momento em que Tales de Mileto consegue prever um eclipse a partir de conhecimentos geométricos, e 
Anaxágoras ensina ser o sol não um deus, mas uma pedra incandescente, não mais se recorre à explicação mítica, por 
esta não mais satisfazer a curiosidade afiada dos homens gregos. Com o advento da pólis, da escrita e da moeda, criou-se 
um espaço público para a discussão e legitimação tanto do governo, como das idéias, o que impulsiona, sobretudo em 
Atenas, não só a retórica e argumentação, mas também a filosofia, sobrepondo-se ao discurso mítico, por demais atrelado 
a explicações de caráter naturalista, não condizente com a concentração urbana que toma seu lugar na Grécia clássica. 
Coube ao debate entre Sócrates e os sofistas a transferência das preocupações filosóficas da natureza para a vida 
dentro da pólis democrática. Como deveria agir o homem de bem na condução de sua vida e na busca do conhecimento 
verdadeiro? Sócrates tentou justamente guiar os cidadãos atenienses neste caminho de educação e saber, sendo sempre 
contestado pelos sofistas, professores itinerantes que lecionavam em troca de vultosas quantias, ensinando como ser 
vitorioso na vida pública, como persuadir sem estar necessariamente com a verdade a seu lado. O universo ainda pouco 
explorado das intenções, vícios e desejos do homem começa a ser descoberto nesta nova etapa da filosofia grega com o 
já mencionado advento da pólis democrática. Célebre é a frase do sofista Protágoras de Abdera quando diz este que o 
homem seria a medida de todas as coisas. 
Como a lei ateniense prescrevia a oportunidade do condenado escolher uma pena alternativa à pena de morte, relata 
Sócrates que suas economias eram poucas e que seria possível apenas pagar como multa por sua conduta a quantia 
equivalente a uma mina de prata. Seus discípulos acodem das galerias e prometem ser fiadores de Sócrates, estimando ao 
todo a quantia de vinte minas de prata. Contudo, complementa o filósofo que por ter servido sempre que lhe foi chamado 
nas guerras de Atenas, ele merecia não ser condenado, como fatalmente seria, mas sim ser acolhido como hóspede no 
Pritaneu, o edifício público destinado a receber os heróis das guerras e dos Jogos Olímpicos. Tal presunção enfurece o 
júri que na segunda votação faz a diferença entre os votos negros e brancos muito maior. Pode-se interpretar tal episódio 
como a punição da sociedade ateniense para aquele que não ocupando um lugar entre os primeiros papéis na sociedade 
de todos queira figurar como uma personalidade destacada de todos aqueles que se submetiam ao exercício aviltante do 
trabalho. O Pritaneu era mantido pela Cidade-Estado ateniense, entendendo-a como um complexo de papéis, de funções 
a serem representadas dentro do enorme teatro social. Quem era aquele velho filósofo para pretender a tamanha glória; a 
glória de ser alguém? Tal fato era um assinto para as concepções da antiga Atenas. 
Os primeiros filósofos 
A filosofia grega divide-se em antes e depois de Sócrates, o maior dos filósofos. Os pré-socráticos de maior 
destaque foram: Tales de Mileto (fim do século VII, início do VI a.C.), Pitágoras (582 - 497 a.C.), Demócrito (460 - 370 
a.C.), Heráclito (535 - 475 a.C.) e Parmênides (540 -? a.C.). 
No tempo de Sócrates, predominava a escola dos sofistas, que se serviam da oratória e da persuasão para atingir fins 
imediatos, ainda que por falsos argumentos. O maior dos sofistas foi Pitágoras. A técnica sofista pode ser vista 
atualmente na propaganda e na política, áreas em que o discurso bem feito vale mais do que a verdade propriamente dita. 
Sócrates (470-399 A.C.) criou à maiêutica ("parto das idéias"), método de reflexão que consiste em multiplicar as 
perguntas para obter, a partir da indução de casos particulares, um conceito geral do objetivo. Para Sócrates, a virtude era 
uma ciência que se podia aprender. Uma voz interior indicaria o caminho do bem. Irônico, hábil em confundir o 
interlocutor, cercado de discípulos extravagantes, ele atraiu muitos inimigos. Sócrates morreu sem nunca ter publicado 
nenhuma obra. Sua filosofia tornou-se conhecida graças ao esforço e dedicação de seus discípulos. 
Sócrates, considerado o maior dos filósofos e o criador do logos grego, acabou sendo condenado à morte. Acusado 
de corromper a juventude, ele foi obrigado a beber cicuta (um tipo de veneno), o que fez com bravura e serenidade. 
Mas uma outra acusação que pesou contra o filósofo foi a de renegar os deuses gregos e desacreditá-los diante de 
seus seguidores. Esse pode ter sido o maior de seus erros, já que a sociedade grega daquela época ainda era muito fiel e 
dedicada às divindades. 
 2 
DISCÍPULO FIEL - Platão (427-347 a.C.) foi o principal discípulo de Sócrates e fundou a Academia de Atenas. 
Segundo sua teoria, o mundo real transcende o mundo das aparências, o qual nada mais é do que uma derivação das 
idéias matrizes. 
Em suas obras políticas, destaca como virtudes essenciais à bravura, a serenidade e a justiça. Algumas de suas obras 
mais importantes são: O Banquete, Fédon, Fedro e A República. 
Aristóteles (384-322 a.C.) foi considerado por muitos como o maior filósofo de todos os tempos. Abarcou todos os 
conhecimentos de seu tempo: Lógica, Física, Metafísica, Moral, Política, Retórica e Poética. Sua obra foi editada pela 
primeira vez no século I a.C. por Andrônico de Rodes. 
Partindo de Sócrates e Platão, Aristóteles sistematizou os princípios da Lógica, formando uma ciência que ele 
chamou de Analítica. Sua Metafísica estuda o "ser enquanto ser" e investiga os "primeiros princípios" e as "causas 
primeiras do ser". Em sua Teologia, Aristóteles procura demonstrar racionalmente a existência de Deus. 
Se Sócrates foi o primeiro grande educador da história, Platão foi o fundador da teoria da educação, da pedagogia, e 
seu pensamento foi baseado na reflexão pedagógica, associada à política. 
Platão nasceu em Atenas (428 -347 a.C.) de família nobre. Foi discípulo de Sócrates, que induziu ao estudo da 
filosofia. O vigor de seu pensamento nos faz questionar sempre o que de fato é socrático e que já é sua criação original. 
Para que possamos compreender a proposta de Platão, não podemos dissociá-la do projeto inicial que é, antes de 
tudo, político: vejamos algumas características do pensamento filosófico de Platão.Platão se preocupou a vida inteira com os problemas políticos. A situação de seu país, saído de uma tirania, o 
impede de participar ativamente da vida política, em compensação, de dica a esta, grande parte de seus escritos entre eles 
as obras mestras, A República e as leis. 
No livro VII de A República, Platão relata o mito da caverna. A análise deste mito pode ser feita pelo menos sob 
dois pontos de vista: 
1. Epistemológico (relativo ao conhecimento): compara o acorrentado ao homem comum que permanece dominado 
pelos sentidos e só atinge um conhecimento imperfeito da realidade. 
2. Político: quando o homem se liberta dos grilhões é o filósofo, ultrapassa o mundo sensível e atinge o mudo das 
idéias, passando da opinião à essência, deve se dirigir aos homens para orientá-los. Cabe ao sábio dirigir, sendo-lhe 
reservada a elevada função da ação política. 
 Platão propõe uma utopia, onde são eliminadas a propriedade e a família, e todas as crianças são criadas pelo 
estado, pois para Platão, as pessoas não são iguais, e por isso devem ocupar posições diferentes e serem educadas de 
acordo com essas diferenças. 
Até os 20 anos, todos merecem a mesma educação. Ocorre o primeiro corte e define-se quem tem "alma de bronze", 
são os grosseiros, devem se dedicar à agricultura, comércio e ao artesanato. 
Mais dez anos de estudo, se dá o segundo corte. Aqueles que tem "alma de prata". É a virtude da coragem. Serão 
guerreiros que cuidarão da defesa da cidade, e a guarda do rei. 
Os que sobrarem desses cortes por terem "alma de ouro" serão instruídos na arte de dialogar e preparados para 
governar. 
Os principais legisladores 
Os legisladores ou reformadores são juizes convocados pela aristocracia da pólis grega em meio a um contexto de 
tensão social encarregados de mediar essa tensão introduzindo inovações nas estruturas que compõem a pólis, ao mesmo 
tempo em que mantém os privilégios dessa aristocracia. 
São exemplos de reformadores Drácon, Sólon, Efialtes e. 
Drácon de Atenas era um legislador ateniense (século VII A.C.) 
Juiz de origem aristocrática, Drácon recebeu em 621 A.C. poderes extraordinários com a missão de publicar um 
código de leis idênticas para todos e igualmente acessíveis a todos. Este foi o primeiro código ateniense a ser escrito. 
Afirmava, essencialmente, a supremacia dos poderes públicos. Consagrou o direito de jurisdição do pai sobre o 
filho, mas suprimiu a vingança particular. Para os crimes graves, aqueles submetidos ao Areópago, as penas eram a 
morte ou o exílio. O código escrito por Drácon, contudo, não era uma constituição, pois não contemplava os problemas 
econômicos e sociais. Estes, somente seriam resolvidos por Sólon de Atenas. 
O código era tão rigoroso que o termo draconiano mantém até hoje o sentido de severidade e rigor. 
 
O DIREITO A MORAL E A RELIGIÃO 
O Direito é a ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na medida do Bem Comum (Miguel Reale). Todas as 
regras sociais ordenam a conduta, tanto as morais como as jurídicas. Ela é bilateral e atributiva, pois ordena a relação 
entre indivíduos para além de satisfação própria buscar uma convivência ordenada que traduza o bem comum. 
De uma maneira bem simplista, direito subjetivo é aquele onde o indivíduo pode dispor do que é seu (facultas agendi), 
que é inseparável do direito objetivo, que indica o poder que tem o indivíduo de invocar a aplicação da norma (norma 
agendi). 
O Direito, a Moral e a Religião – a distinção desses sistemas só foi reconhecida com a evolução cultural, para os gregos, 
egípcios, babilônios e até mesmo para os jurisconsultos romanos não havia traços de distinção. É certo que há pontos 
semelhantes, porém é necessário diferenciá-los. 
Diferenças entre a Moral e o Direito. 
1. A Moral é mais ampla (abrange os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com seus 
semelhantes. O Direito é mais restrito (compreende apenas os deveres do homem para com seus semelhantes); 
 3 
 
2. O Direito coercível (o indivíduo só cumpri suas obrigações legais porque é coagido). A Moral é incoercível (a conduta 
do indivíduo é espontânea, pois implica na adesão de espírito). 
3. A Moral visa à abstenção do mal e a prática do bem, enquanto o Direito tem por objetivo evitar que se lese ou se 
prejudique outrem. 
4. A Moral é autônoma (surge dentro da alma humana, imposta apenas pela consciência, não necessita de justificação. A 
consciência diz “não mate” e pronto cada um age segundo seu próprio motivo). O Direito é heterônomo (porque surge e 
é imposto de fora para dentro, mesmo contra a vontade do indivíduo, estando ou não de acordo, podemos nos conflitar 
com a norma jurídica, mas somos obrigados a cumpri-la e “não matar”). 
5. O Direito é bilateral exige sempre a presença de dois sujeitos, conferindo-lhes direitos e obrigações, existe um vínculo 
entre eles, sem o qual não há o Direito. A Moral é unilateral só impõe deveres. 
TEORIA DO MÍNIMO ÉTICO (Círculos concêntricos) (Jeremias Bentlan e George Iellinek) 
O Direito é uma parte da Moral, pois nem todas as pessoas realizam espontaneamente suas obrigações morais. 
TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES (Claude Du Pasquer) 
O Direito e a moral possuem uma faixa de competência comum, ao mesmo tempo em que são independentes. 
TEORIA DOS CÍRCULOS INDEPENDENTES (Hans Kelsen) 
O Direito e a moral são sistemas totalmente independentes. 
Direito Positivo – é constituído pelo conjunto de Leis e Normas Jurídicas da Sociedade política, aplicado em tempo e 
território determinados. Normas Jurídicas são ordenações dentro de uma sociedade política que é o Estado. Ex. 
Princípios Gerais de Direito. 
O Direito Positivo tem o caráter: 
1. Temporal – quando tem sua eficácia em determinado momento histórico, perdendo a sua vigência quando revogado. 
2. Territorial – quando tem sua vigência em certo território, existindo a possibilidade de sua eficácia extraterritorial. Ex. 
Adesão de reciprocidade de diversas leis entre Estados diferentes. 
3. Formal – quando suas fontes são formais. (lei, tratado, decreto-lei, costumes regulamentos, etc). Existindo ainda seu 
autocontrole quanto às regras de modificações e revogações. 
Hierárquico – quando as normas superiores, por ex. a Lei Constitucional, subordinam todas as demais normas que 
regulamentam a superior. 
Direito Natural – é aquele que a própria natureza ensina aos homens e animais, correndo através do tempo, influenciando 
a todos. É o direito não escrito. Ex. Direito à vida, a liberdade, a procriação. 
Direito Romano é o conjunto de normas jurídicas que vigoraram em Roma e nos países regidos pelos romanos, desde a 
fundação de Roma (753 a.C.) até a Queda de Constantinopla (1453). É o Direito Privado Romano, com exclusão do 
Direito Público. É o Direito do Corpus Juris Civilis. 
INSTITUTOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS 
I – ESTADO – Nesse conceito insere-se a soberania que consiste no poder de governar e disciplinar um povo, em um 
território, sem interferência de outro poder. 
II – FAMÍLIA – Família primitiva difere do conceito atual, aquela muito mais abrangente que a atual. Enquanto hoje 
família é o conjunto de pessoas ligadas por vínculo de consangüinidade, aquela eram ligadas por parentescos místicos 
(espirituais), portanto muito mais numerosa. Ex. Uma sociedade religiosa. 
A família na Roma Antiga 
Confarreatio – casamento da elite, dos patrícios. Era religioso, solene e havia dez testemunhas, além do sacerdote. 
Coenptio – casamento dos plebeus. Realizado na presença de 05 testemunhas e admitia-se a Remancipatio que era a 
devolução. 
Usus –ato sem qualquer solenidade a posse da mulher pelo marido era reconhecida pelo ano de união, sem interrupção 
de três noites consecutivas juntos. 
III – PROPRIEDADE – Na sociedade primitiva tudo pertencia a todos, tudo era comum. Com o aparecimento do chefe, 
surge a ppdde privada. Pouco a pouco os bens de uso pessoal (arma, roupas, utensílios, etc) passam aos membros do 
grupo. 
A propriedade no Direito Romano 
Não existe uma definição – Os intérpretes da Idade Média usavam o brocardo: jus utendi, fruendi est abutendi”. 
Consistia num poder jurídico (domínio) coexistente ou não com o poder de fato (posse). Pois é concebível no Direito 
uma coisa dissociada da outra. 
Limitação de propriedade em nosso Direito 
Restrições constitucionais – desapropriação por utilidade ou necessidade pública 
Restrições Administrativas – tombamento (a propriedade não pode ser destruída, demolida ou reparada por particulares). 
Restrições penais – perda do instrumento e do produto do crime. 
IV – HERANÇA – O direito a sucessão apareceu com a individualização da propriedade, passando então aos indivíduos 
de uma sociedade. De início da sucessão era apenas de bens móveis que faziam parte da herança. Somente o homem 
podia herdar, excluindo a mulher, não havendo homem na família, passava-se aos parentes de linha paterna que tivessem 
homens, depois aos parentes de linha materna, somente mais tarde, na ausência de homem nessa linha sucessória a 
mulher começou a herdar, pois anteriormente até mesmo à comunidade recebia os bens, antes da mulher, sendo sua 
primeira conquista apenas o usufruto da propriedade. 
Quando foi que a mulher passou a ter direito na sucessão? Somente no advento da Lei das XII Tábuas. Qual a sucessão 
surgiu antes, a legal, partilhando os bens do “de cujus” ou a testamentária por vontade do falecido? 
 4 
 
V – RESPONSABILIDADE – Primitivamente não se aferia capacidade e culpabilidade, bastava ter causado o prejuízo 
para responder por ele (menor, louco, animal...), portanto a responsabilidade era objetiva. O nexo causal era material. Em 
surgindo à propriedade privada, vai desaparecendo a pena de Talião e surgindo o princípio da composição pecuniária, o 
causador do dano, ainda que involuntariamente, era responsável a pagar o dano ou a ofensa. Com o processo de 
civilização a responsabilidade individualizou-se, separando menores, pessoas com desenvolvimento mental retardado, 
surgindo à culpabilidade, Para que houvesse responsabilidade, exigia-se a culpabilidade, sendo ela, agora, a responsável 
pela composição do dano tanto civil como penal. 
VI – CONTRATO – É o acordo bilateral de vontades, com a intenção de adquirir, resguardar, transferir, extinguir e 
modificar direitos. Os primeiros contratos surgem entre grupos, depois chefes de família e somente mais tarde, também 
com a individualização da ppdde, surgem entre indivíduos. A insolvência levava ao sacrifício do devedor, somente a 
posteriori o devedor passa a responder com seus próprios bens. Somente a partir dos romanos é que as partes são livres 
para contratar, predominando a autonomia da vontade, isso até 1914. Hoje há limitações. Ex. convenções coletivas de 
trabalho, revisões judiciais de certos contratos, no direito moderno desaparece a teoria individualista dos contatos. 
VII – SANÇÃO – (diferente da homologação do poder executivo) – a sanção que nos interessa é a pena, a punição. 
Coerção é o ato de constranger alguém a fazer alguma coisa (moral e psicológica). Coação é a ação de obrigar alguém a 
fazer ou não fazer uma coisa (física). A coerção é a força que tem o Estado para fazer cumprir uma Lei (não é da 
essência do Direito). O Direito tem coercibilidade, trata-se de uma ppdde do direito, porém o Direito não é coercível, 
pois não é de sua essência. A multa constitui-se numa das sanções mais conhecidas. A todo direito corresponde uma ação 
que o assegura. Aquele que se vê lesado em seus direitos tem como prerrogativa buscar o judiciário (A CF nos assegura 
tal direito – art. 5º, inciso XXXV). 
VIII – PROCESSO – Entre os romanos o processo se revestia de formalismo excessivo. Surge primeiro o processo 
criminal, que se dividia em processo penal privado (iniciativa do ofendido). Ex. injúria. Decidido por árbitros. E o 
processo penal público (promovido pelo Estado) destinado a punir crimes mais graves (furto, roubo, homicídio...). 
Processo acusatório – No direito romano o juiz ao receber uma acusação, e sendo uma questão complexa, podia pedir 
parecer de um jurisconsulto. 
Processo inquisitório – Escrito, porém secreto, sem publicidade, destinado a limpar a cidade dos homens maus, Admitia 
a denúncia anônima, e a prática da tortura para obter a confissão. A sentença não era fundamentada, dependia única e 
exclusivamente da livre convicção do juiz. 
Corpus Juris Civilis - Código Antigo (529) Perdeu-se, não tendo chegado aos nossos dias. O Imperador JUSTINIANO 
recorreu à jurisprudência clássica e as leis dos imperadores anteriores. Com essa coletânea organizada, e além de seus 
códigos posteriores, o Imperador elaborou o denominado Corpus Juris Civilis, que só ele possuía força de lei. 
Vários sistemas jurídicos do ius civile, do ius gentium, do ius honorarium, fundiram-se num único corpo de Direito do 
Imperador JUSTINIANO. 
A essência e o fim do Direito é dar a cada um o que é seu sem lesar ninguém 
CONSTANTINO (322) reconheceu oficialmente a religião cristã (Édito de Milão). 
O Direito Romano primitivo (+/-400 AC) era essencialmente consuetudinário, conhecia pouco o uso da escrita. Não 
havia diferença entre o Direito e a Religião, pois os sacerdotes é que interpretavam as formas e os rituais. Tal assertiva 
confirma a fórmula clássica de Fustel de Coulanges que o Direito não era mais do que uma das fases da Religião. É 
exatamente nesta fase que surge a Lei das XII Tábuas, onde 12 placas de madeira foram afixadas no fórum de Roma, na 
tentativa de solucionar os conflitos entre plebeus e patrícios. Na realidade, no sentido técnico, a Lei das XII tábuas não 
chegou a formar um código. 
O Direito Romano Clássico (+/-100 AC) considerado o período de maior desenvolvimento da civilização, o direito passa 
da natureza consuetudinária para uma natureza mais legislativa. Nesse momento é que aparecem os Jurisconsultos, sendo 
seus pareceres e interpretações (juristas-consultores) reconhecidos pelo Imperador, exigindo apenas que o parecer dado 
por eles tivesse unanimidade. Nesse momento histórico surge o famoso Tribunal dos Mortos composto por Gaio, 
Ulpiano, Papiniano e Modestino. No entanto a propositura da Lei ainda era privativa do Imperador. 
PROCESSO CIVIL ROMANO 
O Processo civil romano era o conjunto de regras que o cidadão romano deveria seguir para realizar seu direito. 
Para os romanos o vocábulo Jus encerrava, também, o sentido que os modernos emprestam a direito subjetivo, ou seja, 
faculdade ou poder permitido e garantido pelo direito positivo. O direito subjetivo é tutelado pela ação que, no sentido 
restrito que ainda hoje lhe atribuem nada mais é do que atividade processual mediante a qual o particular procura 
concretizar a defesa dos direitos, pondo em movimento o aparelho judiciário do Estado. Para isso executa uma série de 
atos jurídicos ordenados, o processo. 
Direito e ação eram conceitos estritamente conexos no sistema jurídico romano. O romano concebia e enunciava o 
direito mais sob o aspecto processual que material. Durante toda a época clássica, o direito romano era mais um sistema 
de actiones e de meios processuais do que de direitos subjetivos. Hoje, temos um conceito genérico de ação; em Roma, a 
cada direito correspondia uma ação específica.PASSAGEM DA JUSTIÇA PRIVADA PARA JUSTIÇA PÚBLICA 
No início, os primitivos romanos, como inúmeros outros povos, faziam justiça com as próprias mãos, defendendo o 
direito pela força. Só muito mais tarde, e em decorrência de longa evolução, é que houve a passagem da justiça privada 
para a justiça pública. 
Conjectura-se que essa evolução se fez em quatro etapas: 
 5 
 
1ª. Fase da vingança privada, onde predominava a lei de Talião: "olho por olho dente por dente", estabelecida ainda na 
Lei das XII Tábuas; 
2ª. Fase do arbitramento facultativo que perdurou por toda a evolução do direito romano, pois sempre se admitiu que os 
conflitos individuais fossem resolvidos por árbitros escolhidos, sem a interferência do Estado, pelos litigantes; 
3ª. Fase do arbitramento obrigatório que compreendeu o sistema de ações da lei e o processo formulário, onde o Estado 
passou a obrigar o litigante a escolher árbitro que determinasse a indenização a ser paga pelo ofensor, e também, passou 
a assegurar a execução da sentença se, porventura, o réu não quisesse cumpri-la. 
4ª. Fase da justiça púbica que compreendeu o processo extraordinário, onde a instância se desenrolava inteiramente 
diante de um juiz que era o funcionário do Estado, como sucede em nossos dias. 
Permaneceram, ainda, no direito romano das épocas posteriores, vários resquícios da possibilidade de defesa dos direitos 
com as próprias mãos, como, por exemplo, a legítima defesa e a autodefesa privada ativa, na qual o proprietário poderia 
expulsar de seu imóvel animais alheios ou pessoas que nele tivessem ingressado oculta ou violentamente; ou, então, 
poderia retomar, à força, coisa sua que alguém, sem direito, detivesse. 
A Lei das XII Tábuas (séculoV aC.). Fruto de uma alteração social na recém-instalada república romana representa uma 
concessão dos patrícios (detentores do poder econômico e político na cidade e aristocratas descendentes dos etruscos) 
aos plebeus, que eram livres, mas não cidadãos, não participando das assembléias ou das festas religiosas, e aos clientes, 
agregados das famílias romanas tradicionais, que recebiam delas terras para cultivar e deviam fidelidade aos patrícios 
que os protegiam. 
A lei das XII Tábuas manteve a distinção entre patrícios e plebeus, mas passou a disciplinar e estabelecer qual a 
ordenação jurídica à qual a plebe estaria subordinada, e não a qual capricho deveria atender.Tal lei foi parcialmente 
reconstituída por citações de Cícero e Aulo Gélio, e comentários escritos de Labeo e Gaio, recolhidos no Digesto 
justinianeu. Trata-se de uma redução escrita de costumes, sob forma de fórmulas lapidares: mas sua interpretação 
permaneceu secreta e confiada aos pontífices (nítida influência grega). Extingue a solidariedade familiar, mas mantém a 
quase ilimitada autoridade do pater-familia; a igualdade jurídica é reconhecida teoricamente; são proibidas as guerras 
privadas e instituído um processo penal; a terra, inclusive dos gentios (gentes) se torna alienável e é permitido o 
testamento. Como exemplo de texto relatado tem a obra de Cícero, Filosofia, 2, 28, 69: “Segundo a lei das XII Tábuas 
(em caso de divórcio) que ele ordene a sua mulher que leve os seus trastes, e que ela entregue as chaves”. 
Acerca do direito civil e natural. 
Todos os povos que se regem por leis e costumes utilizam em parte um direito que lhes é próprio, em parte um que é 
comum a todos os homens; na verdade, aquele direito que o próprio povo institui para si mesmo é-lhe próprio e chama-se 
direito civil (direito dos cidadãos), como direito próprio da cidade; no entanto aquele que é instituído entre todos os 
homens pela razão natural, esse é observado em geral entre todos os povos e chama-se direito das gentes, como direito de 
todas as nações. E assim o povo romano usa um direito que em parte lhe é próprio e em parte comum a todos os homens. 
Esse sentido de preservação levou o Império Romano em sua decadência a ter em Justiniano, homem inculto, que não 
nascera em Roma, o sistematizador do direito romano. Exerceu o poder de forma plena, extinguindo o senado. São da 
sua responsabilidade a condensação e sistematização dos diversos códigos anteriores (gregoriano, hermogeniano e 
teodosiano) além de acrescer as constituições mais recentes: o Código de Justiniano ou Corpus Juris Civilis – esse 
trabalho foi realizado por dez juristas, presididos por Triboniano e foi concluído em três anos: 
Título I – Da Justiça e do Direito: A justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu. Parágrafo 
primeiro: Jurisprudência é o conhecimento das coisas divinas e humanas, a ciência do justo e do injusto. 
LEI DAS XII TÁBUAS - Esta lei foi um dos resultados da luta por igualdade levada a cabo pelos plebeus em Roma. A 
escola tradicionalista atribui ao tribuno da plebe, Gaio Arsa a criação de uma magistratura no ano de 461 a. C. 
encarregada de fazer redigir uma forma de lei que diminuísse o arbítrio dos cônsules. Em contrapartida, a lei escrita 
traria uma menor variação nos julgamentos que envolvessem Patrícios e Plebeus, já que, sendo os juizes de origem 
patrícia, a tendenciosidade de seus julgamentos ficava óbvia. Teria sido enviada a Grécia uma comissão com a missão de 
estudar as leis de Sólon. Dois anos depois foi nomeada uma magistratura extraordinária composta por dez membros, os 
decênviros ( = dez varões ) que teria redigido a posteriormente nomeada Lei das XII Tábua. 
TÁBUA PRIMEIRA - Do chamamento a Juízo - 1. Se alguém for chamado a Juízo, compareça. 2. Se não comparecer, 
aquele que o citou tome testemunhas e o prenda. 
TÁBUA SEGUNDA - Dos julgamentos e dos furtos - 3. Se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, o 
que; matou não será punido. 5. Se ainda não atingiu a puberdade, que seja fustigado com varas a critério do pretor, e que 
indenize o dano. 
TÁBUA TERCEIRA - Dos direitos de crédito - 2. Se alguém colocar o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao 
ano, que seja condenado a devolver o quádruplo. 
TÁBUA QUARTA - Do pátrio poder e do casamento - 1. É permitido ao pai matar o filho que nasceu disforme, 
mediante o julgamento de cinco vizinhos. 
TÁBUA QUINTA - Das heranças e tutelas - 1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens, 
ou a tutela dos filhos, terão a força de lei. 
TÁBUA SEXTA - Do direito de propriedade e da posse - 1. Se alguém empenhar a sua coisa ou vender em presença de 
testemunhas, o que prometeu terá força de lei. 9. Se alguém quer repudiar a sua mulher, que apresente as razões desse 
repúdio. 
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TÁBUA SÉTIMA - Dos delitos - 2. Se alguém causar um dano premeditadamente, que o repare. 16. Se alguém proferir 
um falso testemunho, que seja precipitado da rocha Tarpéia. 18. Se alguém matar o pai ou a mãe, que se lhe envolva a 
cabeça e seja colocado em um saco costurado e lançado ao rio. 
TÁBUA OITAVA - Dos direitos prediais - 1. À distância entre as construções vizinhas deverá ser de dois pés e meio. 
TÁBUA NONA - Do direito público - 3. Se um juiz ou um arbitro indicado pelo magistrado receber dinheiro para julgar 
a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto. 
TÁBUA DÉClMA - Do direito sacro - 7. Que as mulheres não arranhem as faces nem soltem gritos imoderados. 9. Que 
os corpos dos escravos não sejam embalsamados e que seja abolido dos seus funerais o uso da bebida em torno do 
cadáver. 14. Não é permitido enterrar ouro com o cadáver; mas se seus dentes sãopresos com ouro, pode-se enterrar ou 
incinerar com esse ouro. 
TÁBUA DÉCIMA PRIMEIRA - 2. Não é permitido o casamento entre patrícios e plebeus. 
TÁBUA DÉCIMA SEGUNDA - 4. Se um escravo cometer um furto, ou causar algum dano, sabendo-o patrono, que seja 
obrigado esse patrono a entregar o escravo, como indenização, ao prejudicado. 
Direito Canônico é o nome dado ao Direito da Igreja Católica e é chamado de canônico por causa da palavra “cânon”, 
que, em grego, significa regra. Ele existe até hoje (e é atualizado de tempos em tempos). Este direito foi importantíssimo 
durante a Idade Média, muito por causa da própria importância da Igreja, muito por ser escrito. O fato de ser escrito dava 
a este direito de primazia em muitos locais da Europa, visto que a oralidade imperava em um período de analfabetos. 
As fontes do Direito Canônico são o ius divinum (conjunto de regras que podem ser extraídas da Bíblia, dos escritos dos 
doutores da Igreja e da doutrina patrística), a própria legislação canônica (formada pelas decisões dos Concílios e dos 
escritos dos papas – chamados decretais), os costumes e os princípios recebidos do direito romano. 
Para se obter justiça, na Idade Média, recorriam-se aos ordálios (baseado em um tipo de prova chamada “irracional”, que 
não podem ser explicados pela razão. Neste tipo de provas irracionais se recorre a uma divindade), que poderiam ser 
unilaterais ou bilaterais, dependendo se uma parte ou as duas partes do processo tomavam parte da consulta. Alguns 
exemplos são as provas do ferro em brasa ou da água fervente, que se cria que o inocente não se feriria. 
O direito canônico foi, durante a maior parte da Idade Média, o único direito escrito, foi redigido, comentado e analisado 
a partir da Alta Idade média e prossegui até os nossos dias; 
O direito canônico constitui objeto de trabalhos doutrinários, muito mais cedo que o direito laico; constitui-se assim uma 
ciência do direito canônico. 
A noção de direito é conhecida e reconhecida no Direito Canônico, enquanto que nos Muçulmanos e nos Hindus, o 
direito se confunde com um conjunto de regras do comportamento religioso, ritual e moral; 
A igreja admitiu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas jurídicos: o direito religioso e o direito laico; 
A influência do direito canônico sobre o direito laico será, de resto, função das relações entre Igreja e o Estado e da 
extensão da competência dos tribunais eclesiásticos; 
Em alguns países, certas matérias de direito privado, sobretudo o casamento e o divórcio, continuam submetidas ao 
direito canônico; esta é a situação vigente na Itália até há pouco tempo e na Irlanda até a atualidade; 
Na Bélgica, numerosos católicos continuam a considerar-se submetidos às regras canônicas em matéria de casamento e 
de divórcio; 
Patrística - Entende-se o período do pensamento cristão que se seguiu à época neotestamentária, e chega até ao começo 
da Escolástica. Este período da cultura cristã é designado com o nome de Patrística, porquanto representam o 
pensamento dos Padres da Igreja, que são os construtores da teologia católica, guias, mestres da doutrina cristã. A 
Patrística é contemporânea do último período do pensamento grego, o período religioso, com o qual tem fecundo 
contato, entretanto dele se diferenciado profundamente, sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo. E é 
também contemporâneo do império romano, com o qual também polemiza, e que terminará por se cristianizar depois de 
Constantino. Dada a culminante grandeza de Agostinho, a Patrística será dividida em três períodos: 
Antes de Agostinho, período em que, filosoficamente, nos interessam especialmente os chamados apologistas e os padres 
alexandrinos. Agostinho, que merece um desenvolvimento à parte, haja vista ser o maior dos Padres; depois de 
Agostinho vem o período que, logo após a sistematização, representa a decadência da Patrística. 
A Patrística do II século é caracterizada pela defesa que faz do cristianismo contra o paganismo, o hebraísmo e as 
heresias. Os padres deste período podem-se dividir em três grupos: os chamados padres apostólicos, os apologistas e os 
controversistas. Interessam-nos particularmente os segundos, pela defesa racional do cristianismo contra o paganismo; ao 
passo que os primeiros e os últimos têm uma importância religiosa, dogmática, no âmbito do próprio cristianismo. 
Chamam-se apostólicos os escritos não canônicos, que nos legaram as duas primeiras gerações cristãs, desde o fim do 
primeiro século até a metade do segundo. Seus autores, quando conhecidos, recebem o apelido de padres apostólicos, 
porquanto floresceram no templo dos Apóstolos, ou os conheceram diretamente, ou foram discípulos imediatos deles. 
Costuma-se designar como o nome de apologistas os escritores cristãos dos fins do segundo século, que procuram de um 
lado demonstrar a inocência dos cristãos para obter em favor deles a tolerância das autoridades públicas; e provar do 
outro lado o valor da religião cristã para lhe granjear discípulos. Seus escritos, portanto, são, por vezes, apologias 
propriamente ditas, por vezes, obras de controvérsia, às vezes, teses. E são dirigidas às vezes contra os pagãos, outras 
vezes contra os hebreus. 
A religião cristã impôs-se na Idade Média por toda parte adquirindo um caráter UNITÁRIO. Certos domínios do direito 
privado foram redigidos exclusivamente pelo direito canônico; os conflitos nessa área eram resolvidos pelos tribunais 
eclesiásticos, com exclusão dos tribunais laicos, como ex. A Bélgica utilizando essa doutrina até o séc. XVIII; 
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Escolástica representa o último período do pensamento cristão, que vai do começo do século IX até o fim do século 
XVI, isto é, da constituição do sacro romano império bárbaro, ao fim da Idade Média, que se assinala geralmente com a 
descoberta da América (1492). Este período do pensamento cristão se designa com o nome de escolástica, porquanto era 
a filosofia ensinada nas escolas da época, pelos mestres, chamados, por isso, escolásticos. As matérias ensinadas nas 
escolas medievais eram representadas pelas chamadas artes liberais, divididas em trívio - gramática, retórica, dialética - e 
quadrívio - aritmética, geometria, astronomia, música. A escolástica surge, historicamente, do especial desenvolvimento 
da dialética. A falta dessa distinção - específica do pensamento agostiniano - manifesta-se não apenas na corrente 
chamada mística, mas também na orientação denominada dialética do pensamento medieval pré-tomista. Misticismo e 
dialeticismo, todavia, se diferenciam profundamente entre si. O segundo, com efeito, embora parta da revelação e do 
sobrenatural, toma-os como dados e pretende penetrá-los mediante a filosofia, até procurar as razões necessárias dos 
mistérios, finalizando uma espécie de racionalismo. É, porém, um racionalismo inconsciente, proveniente da ignorância 
da verdadeira natureza e dos verdadeiros limites da razão. E, mesmo que os resultados lógicos pudessem ser os mesmos 
do racionalismo verdadeiro e próprio, o escopo não era reduzir a religião aos limites da razão humana, mas levantar esta 
à compreensão do supra-inteligível, a uma espécie de intuição mística. 
Coloca-se o período central da escolástica a figura soberana de Tomás de Aquino. Teremos, assim, um período pré-
tomista em que persiste a tendência teológico-agostiniana. Este primeiro período da escolástica vai do começo do século 
IX (Carlos Magno) até à metade do século XIII (Tomás de Aquino). 
O segundo período da escolástica é dominado pela figura soberana de Tomás de Aquino, o Aristóteles do pensamento 
filosófico cristão; este período coincidecom a Segunda metade do século XIII. Depois de Tomás de Aquino, a 
escolástica declina como metafísica (séculos XIV e XV), devido a um anacrônico e ilógico retorno ao agostinianismo. 
Direito Inglês - Apesar da grande influência do direito romano na idade média, este não se projeta com a mesma força 
sobre o direito inglês. Há, para este fato, duas explicações que dizem: 
Que, prevalecendo o princípio segundo o qual são de caráter público as questões submetidas aos tribunais ingleses, não 
poderiam o direito romano, por ser essencialmente um direito privado, ter aplicação na Inglaterra como no continente 
europeu. Também se explica pela predominância de um sentimento nacionalista dos ingleses, sempre atentos e contrários 
a presença do direito romano. 
COMMON LAW - Um Breve Apanhado Histórico 
Para uma introdução acerca do sistema jurídico desenvolvido na Inglaterra, e principalmente da sua organização 
judiciária, é imprescindível um estudo de sua história, uma vez que, além do caráter jurisprudencial e processualístico, o 
Common Law tem uma dimensão histórica que pode nos surpreender, já que não estamos afeitos a tal característica nos 
nossos estudos. 
A peculiaridade que confere ao Common Law uma continuidade histórica contrasta com as fases da família romanista, 
marcadas por profundas rupturas. Não que não tenha havido qualquer ruptura no sistema em análise, ao contrário do que 
afirmam certos doutrinadores. As rupturas, neste caso, apresentam-se mais como períodos de transição, sendo justamente 
o que ocorre quando a equity aparece para redefinir a atividade do Common Law, ou mesmo quando o papel legiferante 
do parlamento age de modo a reformular a organização judiciária inglesa. 
Convém deter-nos neste aspecto histórico do Direito Inglês, que é motivo de orgulho para os juristas e historiadores 
ingleses, e que capacita juizes, nos nossos dias, a evocarem precedentes que remontam ao período anglo-saxônico de seu 
Direito. 
O Direito na Inglaterra, vigente no período anterior à conquista normanda é conhecido pelo nome de Direito anglo-
saxônico, nome que também é dado ao período em que vige. 
Neste estágio, já é possível denotar a influência do Direito Canônico sobre o ordenamento das variadas tribos bárbaras, 
uma debilitada centralização em torno de um rei e de seu conselho, que desempenhavam funções legislativas, e, 
paralelamente uma descentralização em relação às funções executivas e judiciais. 
Atribui-se o nome de Common Law, de acordo com Maria Chaves de Mello, ao “Direito consuetudinário, não escrito ou 
costumeiro (em oposição ao direito legislado)”, sendo este, como acentua mais adiante, “o antigo direito nacional inglês 
que nasceu e se desenvolveu na Inglaterra, estendendo-se aos demais povos do tronco anglo-saxão e cuja eficácia deriva 
de usos e costumes imemoriais”. Reale o define como “a experiência jurídica da Inglaterra”, sendo caracterizado por 
“não ser um direito baseado na lei, mas antes nos usos e costumes consagrados pelos precedentes firmados através das 
decisões dos tribunais”. 
Embora corretas, as definições não abarcam o caráter histórico do Common Law, que pode ser definido como o sistema 
jurídico resultante da concentração do poder jurisdicional por intermédio da ação centralizadora levada adiante pelos 
tribunais reais, na Inglaterra medieval. 
O termo, hodiernamente, adquire uma conotação mais abrangente, constituindo todo um sistema jurídico que envolve 
diversas sociedades em vários recantos do globo. O sistema desenvolvido na Inglaterra fundamentou substancialmente o 
Direito elaborado nos Estados Unidos da América, na Índia, em Israel, na Austrália, enfim em todas as colônias 
britânicas, ou nações que voluntariamente absorveram o sistema inglês. 
O nome Common Law é derivado do francês commune ley, termo utilizado para defini-lo já que o idioma francês 
exerceu uma enorme influência na comunidade jurídica inglesa que tinha como seu jargão particular o Law french, 
resultante do fato de os normandos advirem da França e constituírem o establishment desde sua invasão e conquista. 
As origens do Common Law ligam-se ao desenrolar dos acontecimentos decorrentes da invasão normanda. 
A organização político-social que vigia na Inglaterra do período anglo-saxônico, ainda que trouxesse consigo lampejos 
de centralização político-administrativo era essencialmente tribal. 
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A centralização, portanto, ocorre quase que naturalmente. Entretanto por um longo período a justiça no novo reino ainda 
permanece fragmentária. Há uma diversidade quase infindável de jurisdições. Na Inglaterra daquele período vigem 
paralelamente jurisdições eclesiásticas, municipais, comerciais, reais, etc. 
A concentração da atividade jurisdicional deu-se através da expansão da competência dos Tribunais Reais que 
funcionavam na Curia Regis, cognominados, posteriormente, Tribunais de Westminster, criando, desde então, um 
Direito comum a toda Inglaterra através do soerguimento de um sistema jurídico estruturalmente formalista e 
essencialmente processual. 
É curioso perceber que, num dado momento histórico, o Common Law passa a seguir um caminho totalmente diverso 
daquele que se verifica no continente. Ocorre a centralização, que é estranha aos países onde vigora o civil Law, e que se 
edifica num sistema cujas bases são rigidamente formalistas, como condição para sua própria sobrevivência. Tal 
característica acaba conferindo ao Direito inglês um caráter público peculiar, já que a jurisdição real era posta em 
funcionamento com a concessão do writ, que, no entendimento de Maria Chaves de Mello, trata-se de “mandado judicial, 
ordem judicial, ação especial que se inicia com o próprio pedido e emissão do mandado.” O writ, na verdade era uma 
ordem real que acionava todo o mecanismo jurisdicional, e sua concessão era subordinada à rígida análise formal de 
adequação do caso concreto à forma processual. 
Tal fato acaba dando ensejo à expressão remedies precede right, que numa tradução livre significa que o processo e a 
observação de sua forma antecedem e são mais importantes do que a busca pelo justo. 
O Common Law desenvolve-se com um caráter essencialmente prático, com base no respeito à forma, que determinava a 
adequação do processo ao caso concreto, e, posteriormente, utilizando as decisões judiciais. 
Estas características, eventualmente traziam empecilhos à adequação do Direito às novas exigências sociais, uma vez que 
a lentidão para se introduzir um novo conceito que redefinisse uma noção anterior era desanimadora. O Common Law dá 
mostras de debilidade e passa a necessitar de um corretivo. Entra em cena o equity. 
Iluminismo - História do Iluminismo, o pensamento no Século das Luzes, critica ao absolutismo, pensadores 
iluministas, Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Locke, Diderot e D'Alembert, idéias dos principais filósofos, 
filosofia e política nos séculos XVII e XVIII. 
Jean Jacques Rousseau: um dos principais filósofos do iluminismo 
Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava 
a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar 
as trevas em que se encontrava a sociedade. . 
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante 
substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem 
deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. . 
A apogeu deste movimentofoi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O 
Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, 
igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias 
inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. . 
Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do 
tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade 
comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas 
mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero. . 
Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não tinham 
poder em questões políticas devido a sua forma participação limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava 
na França, e, nesta forma de governo, o rei detinha todos os poderes. Outra forma de impedimento aos burgueses eram as 
práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas. . 
No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, 
em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade 
comercial para ampliar significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não só 
os privilégios de poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam a expansão comercial 
para a classe burguesa. . 
Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria 
conhecimento com o passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de 
pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de 
um estado democrático que garanta igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder 
político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), 
juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época. 
Iluminismo - A Revolução Gloriosa marcou o fim do absolutismo na Inglaterra, criando assim, um país burguês = tudo 
que existe de recursos (tanto no campo material, quanto no campo humano) seria usado em favor da burguesia, gerando 
acumulo de capital, o que faz da Inglaterra o país mais rico da Europa. 
As burguesias dos outros países perceberam que os ingleses conseguiram abater o Antigo Regime = o rei é deposto, 
acaba o absolutismo, acaba a sociedade estamental e acaba o Mercantilismo. Então, eles tentam fazer a mesma coisa, 
sobretudo na França que é "grudada" na Inglaterra. Tudo que se faz na Inglaterra reflete na França e a burguesia 
percebeu que se não tomasse uma atitude quanto à destruição do A.R., eles seriam destruídos, pois os ingleses vão 
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acumular toda a riqueza existente na Europa e os outros países vão empobrecer, as burguesias vão à falência (se não há 
lucro, não há como viver dentro do sistema capitalista). 
Desse modo, torna-se necessário derrubar o A.R. e o processo mais traumático foi na França. Os principais filósofos 
iluministas estarão na França, os pensadores econômicos também. 
A burguesia surgiu no Mercantilismo e tinha espaço = criava cartas de monopólio, concessões, falta de concorrência; 
assim a burguesia surge e vai tomando os espaços, mas vai chegar um momento em que a burguesia está tão grande que 
ela precisa acabar com o Mercantilismo, precisa assumir o controle da sociedade que era tripartida (Absolutismo nada 
mais é que um feudalismo transformado): 
 
As 2 primeiras camadas não fazem nada e ainda acabam com a riqueza do Estado, enquanto isso todo o resto da 
população tem que trabalhar para sustentar as outras 2 camadas. Então se deve destruir essa sociedade e criar uma 
sociedade de classes. 
Maquiavel, Hobbes, Bodin e Bossuet diziam que o rei devia ser absoluto, agora a burguesia tem que pagar para filósofos 
para que estes combatam os ideais absolutistas, criando outras filosofias (deve-se negar os princípios mercantilistas e 
defender a igualdade entre os homens). 
O Iluminismo é o momento (corrente) filosófica que tem como base a Razão. E os dois filósofos que não são iluministas, 
mas serviram de fundamento para a racionalidade foram René Descartes e Isaac Newton, são eles que vão dar a base 
para que o movimento aconteça. 
René Descartes: Descartes dizia que o homem deve desconfiar de tudo para poder acreditar em alguma coisa. Criou o 
método cartesiano para explicar um assunto através de um ponto racional. O sobrenatural não existe. 
Isaac Newton: diz que tudo o que existe no mundo respeita as leis físicas = o sobrenatural não existe. 
Filósofos Iluministas 
No Iluminismo, os principais filósofos foram: Locke, Montesquieu, Voltaire e Rousseau. As idéias desses filósofos 
formam o lema que dirige a sociedade burguesa: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". É com estes filósofos que se 
forma toda a estrutura social que vivemos hoje = a sociedade burguesa. Houve também os economistas que vão gerar o 
sistema capitalista liberal que vivemos hoje = o neoliberalismo. 
John Locke: Locke foi um filósofo que atacou a concepção absolutista de Thomas Hobbes = o mundo vivia num caos, 
mas o homem criou o governo e formou-se a sociedade civil, essa sociedade foi feita em um acordo entre o governante e 
o governado e esse acordo jamais poderia ser rompido e essa impossibilidade de romper o contrato caracterizava o 
absolutismo. Locke concorda com a sociedade civil (o contrato), porém o contrato não só pode como deve ser rompido 
se o governante mostrar ser um mau governante = acaba o absolutismo. Se o rei é ruim, tira-o e põe outro. Isso existe até 
os dias de hoje. 
O primeiro país que trouxe na sua constituição o princípio de Locke foram os Estados Unidos. 
Locke também disse que os direitos individuais são dons, são nossos, ninguém pode mexer, as nossas habilidades e 
aquilo que conseguimos através delas também é nosso. Fala-se do individualismo das pessoas na sociedade e sobre a 
propriedade privada que pertence a uma determinada pessoa. 
A teoria de Locke serve corretamente para a burguesia: direitos individuais assegurados, propriedade privada inviolável e 
a possibilidade de tirar os governantes se não estiverem atendendo a seus interesses. 
Resumo: ataca Hobbes. Diz que podemos retirar o governante do poder se ele não estiver sendo bom; diz que a 
propriedade é um bem inviolável e defende o individualismo que cada pessoa tem. 
Montesquieu: Montesquieu também vai combater o absolutismo, principalmente as idéias de Maquiavel = o rei pode 
fazer o que quiser, porque está acima das nossas regras morais e éticas. Montesquieu falava que isso está errado, porque 
quando uma pessoa detém todos os poderes na sua mão, essa pessoa faz mau uso do poder. Então ele diz que só se 
combate o poder com o poder, para isso deve-se fracionar o poder que é uno em três, então Montesquieu cria a 
tripartição dos poderes: 1)Legislativo 2)Executivo e 3)Judiciário. 
Resumo: combate Maquiavel. Dizia que o rei não podia ter poderes totais, porque ele faria mau uso do poder. Então, 
"somente o poder detém o poder" = cria-se a tripartição do poder em:executivo, legislativo e judiciário. 
Voltaire: é o mais irreverente. Expõe sua filosofia em romances (mais fácil de ler). Ele diz que o Estado (monarquia) 
deve ser dirigido por um rei filósofo, ou então, um rei que tenha ministros filósofos, então ele defende a razão e os 
princípios iluministas para dirigir o Estado. 
Resumo: ele defende a razão e os princípios iluministas par dirigir o Estado. O rei deve ser filósofo ou ter ministros 
filósofos. 
Jean-Jaques Rousseau: Rousseau é o mais radical de todos, ao invés de ver os problemas da burguesia, ele vê os 
problemas do povo. Ele vai analisar as causas da pobreza e vai chegar à conclusão de que os problemas da sociedade na 
qual vivia eram causados pela propriedade privada (depois que ela veio, veio junto à pobreza) = isso vai contra os 
desejos da burguesia que defendia a propriedade privada, então Rousseau será um filósofo pobre (quem patrocinava os 
filósofos era a burguesia e como ele era contra os interesses desta, não receberá dinheiro). 
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Rousseau é um filósofo romântico, porque propõe a volta antes dos maus acontecerem. Por isso ele cria o mito do Bom 
Selvagem = o índio que vivia feliz e contente sem a propriedade privada. Esse mito pode ser comparado a uma criança 
que é pura, mas depois ela se torna ambiciosa (por causa da sociedade competitiva e da propriedade privada) e começam 
os problemas da sociedade. 
Ele propõe a democracia = o governo do povo. É o único que fala em República (coisa do povo). "Devemos obedecer à 
voz da maioria". Ele é tão radical que vão considerá-lo o 1. º socialista, mas não foi. Socialismo só no séc. XIX (ainda 
está no XVIII). 
Resumo: fala em igualdade social, democracia (o poder emanando da maioria), faz crítica à sociedade e à propriedade 
privada através do mito do Bom Selvagem. 
Diderot e D'Alembert: eles vão juntar todo o saber burguês existente naquela época (fazem um convite a vários 
filósofos iluministas) em um Enciclopédia. Demoram 30 anos para fazê-la. Estando em livros, as pessoas que não 
podiam ver os filósofos poderiam saber sobre suas idéias. Com isso, as idéias se espalharam com maior facilidade, 
ajudando a derrubar o Antigo Regime. 
Resumo: vão juntar todo o saber burguês em uma Enciclopédia e fazendo assim, mais pessoas poderiam saber sobre as 
idéias dos filósofos e assim espalham os ideais para derrubar o Antigo Regime. 
A sociedade (burguesa) na qual vivemos hoje é fruto das idéias feitas pelos filósofos do iluminismo que fazem uma série 
de idéias compostas na frase: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". 
História do Iluminismo, revolução intelectual, ideologia burguesa, pensadores iluministas, Montesquieu, Voltaire, 
Rousseau e Diderot e suas ideologias. Iluminismo. 
A revolução intelectual que se efetivou na Europa, especialmente na França, no século XVIII, ficou conhecida como 
Iluminismo. Esse movimento representou o auge das transformações culturais iniciadas no século XIV pelo movimento 
renascentista. 
O antropocentrismo (teoria que considera o Homem o centro do Universo) e o individualismo renascentistas, ao 
incentivarem a investigação científica, levaram à gradativa separação entre o campo da fé (religião) e o da razão 
(ciência), determinando profundas transformações no modo de pensar, sentir e agir do homem. 
Colocando em destaque os valores da burguesia, o Iluminismo favoreceu ao aumento dessa camada social. Procurava 
uma explicação através da razão (ciência) para todas as coisas, rompendo com todas as formas de pensar até então 
consagradas pela tradição. Rejeitava a submissão cega à autoridade e a crença na visão medieval teocêntrica. 
Para os iluministas só através da razão (ciência) o homem poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa 
em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão (ciência) era, portanto, o único guia da sabedoria capaz de 
esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da natureza. 
As novas idéias conquistaram numerosos seguidores, a quem pareciam trazer luz e conhecimento. Por isto, os filósofos 
que as divulgaram foram chamados iluministas; sua maneira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração. 
As tendências que marcaram o Iluminismo foram: a valorização do culto da razão e predominância da ciência; crença no 
aperfeiçoamento do homem e a liberdade política, econômica e religiosa. 
A ideologia burguesa 
O Iluminismo expressou o aumento da burguesia e de sua ideologia. Foi à culminância de um processo que começou no 
Renascimento, quando se usou a razão para se descobrir o mundo, e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século 
XVIII, quando os homens passaram a usar a razão (ciência) para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal 
espírito generalizou-se nos clubes, cafés e salões literários. A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de 
fenômenos naturais e sociais. Até a crença devia ser racionalizada. Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que 
Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, 
bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, 
ambição política e inutilidade das ordens monásticas (vinda de monges, autoridades religiosas). 
Os iluministas diziam que leis naturais regulavam as relações entre os homens, tal como regulavam os fenômenos da 
natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as desigualdades seriam provocadas pelos próprios 
homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de 
expressão e culto, e proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras. 
 O princípio organizador da sociedade deveria ser à busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a 
liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para a expressão de idéias; igualdade perante a lei; justiça com 
base na punição dos delitos, conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma política ideal variava: seria a 
monarquia inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a virtude cívica, 
segundo Rousseau. 
Principais pensadores 
Nome Período de vida Titulo de uma obra 
John Locke 1632-1704 Ensaio sobre o entendimento humano 
Charles de Secondat Montesquieu 1689-1755 O espírito das leis 
FrançoiseMarie Arouet Volta ire 1694-1778 As criticas ao clero católico 
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Denis Diderot 1713-1784 A Enciclopédia 
Jan-Jacques Rousseau 1712-1778 O contrato social 
Podemos dividir os pensadores iluministas em dois grupos: os filósofos, que se preocupavam com os problemas 
políticos; e os economistas, que procuravam uma maneira de aumentar a riqueza das nações. Os principais filósofos 
franceses foram Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot. 
Montesquieu-Publicou em 1721 as cartas Persas, em que ridicularizava costumes e instituições. Em 1748, publicou o 
Espírito das leis, nela estudou as diversas formas de governo – despotismo, monarquia e República - destacava a 
monarquia inglesa e recomendava, como única maneira de garantir a liberdade, a independência dos três poderes: 
Executivo, Legislativo, Judiciário. Defendia o princípio de que as diferentes formas de governo seriam o resultado da 
situação socioeconômico de cada país, na seguinte ordem:países de grande extensão territorial adotariam O Despotismo: 
países de tamanho médio, a Monarquia Limitada e países de dimensões pequenas adotariam a República. 
Voltaire - Foi o mais importante dos iluministas franceses. Por fazer duras críticas aos privilégios da nobreza e da igreja 
e defender as liberdades individuais, Voltaire foi obrigado a se exilar (sair) da Inglaterra. Ajudou a difundir as idéias 
liberais do filósofo iluminista inglês LOCKE e atacou a igreja com a maior fonte de ignorância e fanatismo que existia. 
Defensor da tolerância respeita às opiniões contrárias, Voltaire detestava a arrogância do estado e da igreja. Suas ironias 
lhe proporcionaram inúmeros inimigos poderosos, ao que ele respondia. “Que Deus me livre dos meus amigos, que dos 
meus inimigos me livro eu”. No seu célebre cândido, um livro pequeno leve e muito divertido, ele resumiu suas 
principais idéias. Também colaborou na elaboração da enciclopédia. Criticava o absolutismo de direito divino, propondo 
a participação da burguesia esclarecida no governo, como forma de garantir a paz e a liberdade, tanto política quanto 
religiosa. Discípulos se espalharam pela Europa e divulgaram suas idéias, especialmente o anticlericalismo (anti – a 
classe de sacerdotes e ministros cristãos). 
Rousseau - Teve origem modesta e vida aventureira. Nascido em Genebra era contrário ao luxo e a vida mundana. Em 
Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens, defendeu a tese da bondade natural dos homens, 
pervertidos pela civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida. Propunha 
uma vida familiar simples; no plano político uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo. Como 
mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria da vontade geral, referida ao povo foi fundamental na 
Revolução Francesa e inspirou Rodespierre e outros líderes. Suas principais idéias estão nas obras: Discurso sobre a 
Origem da Desigualdade entre os Homens (que acusava a propriedade privada de destruir a liberdade social promovendo 
o despotismo (sistema de governo absolutista), a fraqueza e a corrupção da sociedade. Para ele, “a propriedade introduzia 
a desigualdade entre os homens, a diferenciação entre o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo, até a 
predominância da lei do mais forte. O homem era corrompido pelo poder e esmagado pela violência) e Contrato Social 
(afirmava que, para combater a desigualdade introduzida com o aparecimento da propriedade privada, os homens 
deveriam consentir em fazer um contrato social, pelo qual cada indivíduo concordava em se submeter inteiramente à 
vontade geral, ou seja, à vontade do “soberano”, que era o próprio povo. Portanto, o que prevalecia era à vontade da 
comunidade e não a vontade individual de cada membro dessa comunidade. Como cada indivíduo se unia a todos e 
ninguém se unia em particular, o homem continuaria livre, uma vez que todos tinham direitos iguais na comunidade). 
Para Rousseau o governo era apenas “o ministro do soberano”, o agente encarregado de executar a lei. Seu poder poderia 
ser modificado limitado ou retomado sempre que o povo desejasse. Rousseau destacou-se dos demais filósofos 
iluministas por valorizar não somente a razão, mas também os sentimentos e as emoções, pregando a volta à natureza e a 
simplicidade da vida. Sua teoria da “vontade geral” inspirou os líderes da Revolução Francesa e do movimento socialista 
do século XIX. 
 
A Independência dos Estados Unidos 
Introdução - Antes da Independência, os EUA eram formados por treze colônias controladas pela metrópole: a 
Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos 
minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos 
impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos. 
Colonização dos Estados Unidos - Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano é 
importante conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses começaram a colonizar a região no 
século XVII. A colônia recebeu dois tipos de colonização com diferenças acentuadas: 
Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições 
religiosas. Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação 
de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as 
seguintes características: mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o 
consumo do mercado interno. 
Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de 
exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Era baseada no latifúndio, mão-de-
obra escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura. 
Guerra dos Sete Anos - Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma guerra 
pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar 
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os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e 
impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra. 
Metrópole aumenta taxas e impostos – A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis 
que tiravam à liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do 
comércio de chá para uma companhia comercial inglesa), Lei do Selo (todo produto que circulava na colônia deveria ter 
um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas). 
Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a 
Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party). Vários colonos invadiram, à noite, um navio inglês carregado de chá e, 
vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu 
dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade. 
Primeiro Congresso da Filadélfia – 1774: Os colonos do norte resolveram promover um congresso para tomarem 
medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas 
retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida 
política da colônia. 
Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais medidas 
controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis Intoleráveis. Uma destas leis conhecidas como Lei do 
Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os 
soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no processo de 
independência. 
Segundo Congresso da Filadélfia - Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de 
conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados 
Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de 
Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos como apoio da França e da Espanha. 
Constituição dos Estados Unidos - Em 1787 ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características 
iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de 
república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do cidadão. 
 
III - A TOMADA DA BASTILHA. GRANDE MEDO. A CRISE DO REGIME ABSOLUTISTA 
Na primeira metade do século XVIII, a França conheceu um período de desenvolvimento econômico. A agricultura e a 
produção manufatureira aumentaram significativamente. Surgiram as primeiras indústrias de ferro e de carvão. O 
comércio internacional quadruplicou o seu volume. A burguesia cresceu e diversificou suas atividades e seus lucros, mas 
permaneceu às margens das decisões políticas do Estado absolutista, dominado pela aristocracia (alto clero e alta 
nobreza). 
A expansão econômica foi acompanhada da alta dos preços, afetando principalmente a nobreza, que vivia de 
rendimentos fixos, e a população rural. Para se defender, a aristocracia aumentou o nível de exploração sobre os 
camponeses, criando novos tributos e obrigações e passou a ocupar todos os cargos e postos administrativos do Estado, 
da Igreja e do Exército, impedindo a ascensão social e política até mesmo da alta burguesia financeira. 
Em conseqüência da reação aristocrática, cresceram as críticas aos fundamentos do Antigo Regime, levando a burguesia 
a aderir às idéias de filósofos iluministas como Montesquieu, Diderot e Rousseau que defendiam a igualdade de todos 
perante a lei, a tolerância religiosa e a livre expressão do pensamento. Contra a sociedade de ordens e de privilégios do 
Antigo Regime, os iluministas sugeriam um governo (monarquia ou república) constitucional e parlamentar. 
Os economistas, como François Quesnay e Adam Smith, propunham o fim do Mercantilismo e a adoção de uma política 
econômica liberal, sem a intervenção do Estado na produção e na circulação das mercadorias. Influenciada pelo 
Iluminismo, a burguesia reclamava igualdade jurídica com a aristocracia e liberdade individual de empreendimento e de 
lucro. 
Em 1756, no reinado de Luís XV (1715/1774), a França enfrentou uma guerra desastrosa contra a Inglaterra - a Guerra 
dos Sete Anos (1756/1763) - iniciada na América, entre colonos franceses e ingleses, Derrotada, a França perdeu suas 
colônias americanas (o Canadá, a região do Rio Mississipi, a Luisiana, algumas ilhas das Antilhas), prejudicando a 
burguesia mercantil e enfraquecendo o Tesouro Real. 
A insatisfação da burguesia aumentou porque, mesmo sendo numerosa, instruída e abastada, achava-se impossibilitada 
de conseguir ascensão social e participação política, devido à reação aristocrática. O historiador M. Florenzano assim 
descreve o que se passava: "De 1714 a 1789, todos os ministros, à exceção de três, foram aristocratas; os plebeus foram 
excluídos dos Parlamentos e das Intendências reais; na Igreja, todos os bispos e arcebispos eram nobres, assim como os 
diretores de conventos, abadias, etc; no Exército, desde 1760, os oficiais não mais podiam ser plebeus". 
(FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo, Brasiliense, 1988, p. 23.). 
Ao subir ao trono em 1774, Luís XVI encontrou o Tesouro Real arruinado, o comércio colonial enfraquecido e grande 
descontentamento entre a burguesia, os "sans-culottes" (1) e os camponeses. Através de seu ministro Turgot, propôs 
mudanças no sentido de reduzir os gastos das 11 corte, libertar o comércio de taxas e de aduanas internas cobradas pelo 
Estado e por particulares, aumentar os impostos sobre a terra incluindo a aristocracia e aliviar a carga fiscal dos 
camponeses. 
As tentativas de reforma fracassaram porque iam contra os interesses do alto clero e da nobreza e Turgot foi demitido. 
Ficou claro que, enquanto a aristocracia mantivesse seus poderes através dos Parlamentos do reino e dos cargos 
administrativos, nenhuma decisão que contrariasse seus interesses poderia ser tomada. 
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A situação do Tesouro Real agravou-se após 1778, ano em que a França entrou na guerra de independência norte-
americana fornecendo aos colonos substanciais ajuda em navios, armas, munições e soldados. Os sucessivos ministros 
nomeados por Luis XVI (Necker, Calonne e Brienne) nada conseguiram fazer para solucionar os problemas financeiros 
do país. 
Em março de 1788, as despesas do Estado francês com a Corte, a administração, a justiça, o exército e a diplomacia 
estavam calculados em 629 milhões de libras, enquanto que as receitas eram de 503 milhões, configurando um déficit de 
126 milhões, ou seja, 20% do orçamento. Em setembro, fracassou a tentativa do ministro Brienne em fazer uma reforma 
fiscal com a colaboração da monarquia. Em conseqüência o governo entrou numa crise sem precedentes, envolvendo o 
rei, a nobreza, a burguesia e as classes populares. 
 
DA ASSEMBLEIA DOS ESTADOS GERAIS À ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE - A bancarrota do 
Estado obrigou LUÍS XVI a demitir o ministro Brienne e a nomear novamente Necker. Para obter sugestões, Necker 
sugeriu ao rei a convocação dos "Estados Gerais", assembléia dos representantes dos 121 22 e 32 Estados, que não se 
reunia desde 1614. (1) "sans-culottes" (tradução: "sem-calças): população pobre de Paris, formada pela massa de 
artesãos, aprendizes, lojistas, biscateiros e desempregados; teve importante participação nos acontecimentos 
revolucionários de 1789 a 1794". 
Decidiu-se que os Estados Gerais se reuniriam em 12 de maio de 1789, constituídos em "ordens" independentes cada 
uma com o mesmo número de representantes e votando separadamente, como em 1614. Com isso, a aristocracia 
calculava contar com os votos do 1o. Estado (o Clero) e do 2o. Estado (a Nobreza), contra um voto do 3o. Estado (a 
burguesia e o povo em geral), assumindo o controle de todas as decisões e és vaziando o poder do monarca. Seria a 
vitória da aristocracia sobre o Rei e sobre a burguesia. 
A convocação para a eleição dos membros dos Estados Gerais trouxe grandes expectativas ao Terceiro Estado. Panfletos 
e jornais circulavam pelas praças, esquinas e cafés difundindo as palavras de ordem criadas pelos iluministas como: 
"cidadão", "nação", "contrato social", "vontade geral", "direito do homem", As discussões e os debates ocorriam nos 
clubes patrióticos, nas sociedades literárias e nas lojas maçônicas existentes nas cidades francesas, colaborando para a 
politização de seus membros e para a formação de opiniões. 
Representando cerca de 97% da população do país, o Terceiro Estado conseguiu aumentar sua participação nos Estados 
Gerais, elegendo 1 610 deputados (a metade da Assembléia), oriundos das fileiras da burguesia (advogados, 
comerciantes, proprietários rurais, banqueiros), a elas se social que tinha um projeto político para substituir o 
absolutismo, baseado nos princípios iluministas da igualdade perante a lei e do liberalismo político e econômico. 
A massa da população, formada por artesão, diaristas pequenos comerciantes, músicos, aprendizes, etc., não participou 
das eleições, pois só podiam - votar aqueles que tivessem o ofício ou emprego público, grau universitário ou de mestre 
de corporação e que pagassem pelos menos seis libras de imposto de capitação. 
Para expor seus desejos e suas queixas, os eleitores de cada uma das três "ordens" redigiram seus "Cadernos de 
Reclamações". De sua leitura depreende-se que o clero, a nobreza e a burguesia eram unânimes em reclamar a liberdade 
individual e o direito à propriedade, bem como a elaboração de uma constituição que definisse claramente os

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