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Cap I - África Ocidental ou Atlântica.pdf

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A história da cultura afro-brasileira 
Capítulo I 
O berço africano. 
África Ocidental ou Atlântica, eis de onde vieram nossos ancestrais africanos. Terra muito 
rica natural e com rios imensos cortando alguns países seus habitantes viviam espalhados por 
cada canto deste imenso continente, mais especificamente na ilustração da figura abaixo. São 
eles: Benim, Costa do Marfim, Senegal, Cabo Verde, Mauritânia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, 
Guiné Bissau, Congo, Mali, Togo, Niger, Nigéria, Serra Leoa, Libéria, Camarões e mais abaixo, 
saindo da África Ocidental, mais ao Sul, na parte cinza, temos: Angola, Gabão, Namíbia, 
Zambia, Moçambique e Madagascar. 
 
 
Mas os povos mais citados estão nas áreas em destaque na imagem. 
Os povos desde há muito tempo são exímios agricultores e conhecedores do ferro. Estes 
se organizavam socialmente através de uma luta feroz contra a natureza hostil de cada região. 
Amplicar sociedades, humanizar a terra e lutar contra o clima e a natureza, levou colonos para 
as savanas em busca de melhores condições de vida. (Savana: floresta, vegetação, savana 
africana, fauna, vegetação da África, tropical). Alguns tentaram a África Equatorial, mais 
especificamente os povos nígero-congolês, mas não obtiveram sucesso. Caça escassa, pouco o 
que comer, terra infértil e ambiente hostil. Tiveram de migrar para regiões com condições mais 
favoráveis: fronteiras com savanas, manguezais, rios, terras férteis. 
Mas para outros povos, tais escolhas não eram aleatórias. Eram regiões estrategicamente 
boa para eles em busca de melhor condição de vida, vivendo longe dos ataques inimigos e 
animais ferozes. Desde o séc. X estas áreas de grande produção agrícola foram multiplicadas. 
Vales fluviais, terras altas, propícias para o plantio, se tornaram o foco de povos em busca de se 
melhor viver. Com isso a manifestação cultural e religiosa foram se intensificando. Já no séc. XV 
já houve uma mudança na cultura e meio de produção agrícola, surgindo grande plantação de 
arroz, milhete e paínço. 
Na Savana começaram a se auto—organizar e a formar organizações político-sociais. Essas 
reuniões de diversos grupos eram por necessidades de defesa. Com isso cada aldeia era dividida 
por zonas de povoamento, separando-se em anéis, bem distante uma das outras, tendo amplo 
pedaço de terra para cultivo, lavoura, até o próximo vilarejo. Como a população era desigual, 
cada grupo tomava suas fronteiras de acordo com a diversidade de situações: guerras, aumento 
de população, secas, rebeliões, doenças e etc... 
Essas migrações, invasões, deram-se determinados povos origens completamente 
diferentes, como tradições, línguas, culturas e religiões. Mas foi através desta diversidade que 
se permitiu a criação de uma sociedade extremamente móvel, nômades natos, em busca sempre 
de melhores recursos, como os cursos d’agua, ou terras férteis, ou adversamente, quando lhes 
acontecia uma ameaça. 
A colonização mais ao sul também foi dotada de grande sofisticação. O inhame era o seu 
principal produto. Fartamente produzido e extremamente útil para o consumo. Outros povos 
começaram com a plantação e cultivo de plantas medicinais; milho e mandioca também eram 
bem fartos. Foi necessário iniciar atividades comunitárias em praças públicas, como feiras, 
mercado, festas para se desenvolver o comércio. Algumas boas relações rendiam boas trocas de 
bens como gado e alimentos. Carne, leite e couro começaram a ser comercializados também. 
Inclusive utilizar o próprio gado para irrigar, adubar, arar a terra. Vestiam-se com tecidos de lã 
e algodão, produzidos por eles próprios. Eis um novo tempo. Livre do nomadismo que 
tradicionalmente obrigava a grupos viverem se deslocando de terra em terra. 
 
Nota: Grupos étnico-liguísticos da África Ocidental: Nagô, Yorubá, Bantus. 
Nas zonas equatoriais a agricultura exigia maior esforço físico, por exemplo, do que no 
restante da África Ocidental e da Savana. Mas desde 1400 a concentração populacional nos vales 
fluviais foi avançando para Congo; já o povo Banto vivia em grandes aldeias nas florestas e 
savanas, levando vantagem no quesito ambiente natural. 
Onde os grupos se adaptavam a diferentes ambientes, suas culturas também se 
alteravam, formando assim, novos grupos étnicos. Desde línguas, até religiões, tudo se 
habituava ao novo “lar”. Alguns grupos tiveram mais “sorte” e ficaram com um bom pedaço de 
terra, como o Banto por exemplo, mas nada impedia de ser infortunados por doenças. E isso 
levou muito tempo até populações se adaptarem. Muitas vidas foram ceifadas em razão, 
também, de doenças, como malária e a doença do sono, por volta do séc. XIV. Mais motivos 
para novas colonizações, migrações e etc. O povo Banto possuía competência na área médica, 
curandeira e trabalharam às primeiras práticas de cura, junto às plantas medicinais; faziam 
pomadas, unguentos, purgativos entre outros remédios. Parteiras, curandeiros, cirurgiões, 
feiticeiros foram até relatados por jesuítas portugueses em missões na Angola. Sem contar o 
consumo de água imprópria, baixa de vitaminas e proteínas, relatos da Costa do Ouro, Séc. XVII. 
A fome atingia todas as regiões. Salvo nas culturas mais irrigadas. Além da 
superpopulação, que também contribuía com a seca e a fome. Em alguns povos, como Angola, 
a fome se repetia a cada sessenta anos. Epidemias matou mais de um terço da população, 
erradicando toda uma geração. Alguns defendem que a situação piorou com a chegada dos 
europeus, carregando consigo uma espécie mais mortal da varíola. A fome fazia grupos trocar 
crianças por comida; homens e mulheres a se deixar ESCRAVIZAR para não morrer de inanição, 
ou fome em si. Ou seja, Fome = guerras, ventos, inundações, quando não as secas, dos principais 
vales e rios, abuso de poder, más colheitas... Com isso muitos, repito, se vendiam como escravos 
às colônias, ou povos mais fortes, como único objetivo de sobreviver. Essa escassez de alimentos 
e água, reduziu pela metade dezenas de populações. Isso já corria por entre 1680 – 1730. 
Naquela época, quem consumia grãos e ervas já era tido como afortunadas; outros povos 
chegaram ao ponto de comerem-se entre si. O que naquela época, na África, era crime 
gravíssimo. 
 
Formas de organização familiar 
Devido às terríveis realidades citadas acima, os africanos ocidentais a terem mais 
importância à sua descendência. Tanto que eles começaram a presar a linhagem de cada pessoa. 
Era a virilidade uma virtude para o homem. No Congo, onde se houve mais relatos, dava-se 
muito valor à mulher fértil. As estéreis, eram desprezadas. Ter filhos era fundamental para o 
status social, garantiam bem-estar na velhice, asseguravam a sobrevivência de ancestrais e a 
grupos familiares em sociedades violentas. 
Um grupo menor, ou seja, uma família menor, estava sob forte ameaça de ser tomada por 
outra de parentela mais forte e mais ampla. Eis porque a captura de prisioneiros, seja adulto ou 
criança, era o principal objetivo da guerra. Proteger mulher e recém-nascidos era preocupação 
da medicina e da feitiçaria (pela sobrevivência e cura de doenças e não para fazer o mal a outras 
tribos). 
A mulher fecunda era valorizada, muito priorizada, ainda mais depois de se tornar mãe, 
devido ao seu leite materno, sendo o único alimento para as crianças. Apesar de tudo a taxa de 
mortalidade infantil era altíssima entre 1400 e 1800. Historiadores presumiam que a esperança 
de vida, em diversos povos, chegasse a 25 anos. Novamente a malária era uma das causas. 
Ausência de leite animal e práticas medicinais ineficientes. Na Costa do Marfim a mortalidade 
era tão elevada, que foram tomadas medidas para a taxa de crescimento populacional 
aumentar. 
Mulheres já se casavam tãologo pudessem parir e tinham em média seis filhos. 
Contracepção voluntária sob tabus, levando muitas vezes a mulher poder vir a ter outro filho 
três anos depois, pois era período de amamentação. Amentava-se até os quatro anos e nesse 
período o leite materno exposto poder-se-ia trazer doenças, devido às relações sexuais. Estes 
tabus visavam a proteção da mãe e da criança. Isso, então, levou o homem a prática da 
poligamia. Afim de se colonizar terras e ter grandes famílias duradouras. A terra era o maior 
bem coletivo na África. Era inútil ter muita terra e nenhuma família para lhe aproveitar os 
recursos. 
Por exemplo: cada chefe local passava a um novo pai de família um terreno para cultivo. 
Este passava a ser devedor do chefe, e lhe pagava tributos, em espécie ou com o trabalho. Então, 
quanto mais mulher e filhos, mais se produzia, mais terra se teria. Cultivo do solo era o que 
movia esse círculo vicioso: poligamia gerava economia. E o Status de um homem era a linhagem 
ampla de famílias. Com isso se gerou a competição, (que levou a enormes conflitos também). O 
“capitalismo polígamo-econômico”. Mulheres tinham o desejo de se ter muitos filhos, pois, 
mulher fértil era valorizada; homens lutavam pelas mulheres mais fecundas; as crianças eram 
adoradas; terras eram mais competidas e havia mais poder, mais posses e mais lucro. 
O casamento passou desde rapto, por homens mais audaciosos, ao pagamento de dotes, 
que se renovava de tempos em tempos – como forma de indenização à linhagem familiar da 
mulher. Tal sistema permitiu aos ricos e poderosos aumentar o número de esposas, fazendo da 
poligamia um privilégio. Na cultura Yorubá dois terços destas mulheres estavam neste tipo de 
união pelo séc. XIX. Assim os maridos respeitavam o tabu da abstinência de cada uma, livrando-
se da superstição da cultura ineficaz do leite materno. Mas algumas práticas ficaram vistas 
somente para os chefes de tribos, ou povos. 
O trabalho 
Todos participavam da colheita, mas o desmatamento, o trabalho mais “pesado”, ficavam 
com os homens, a plantação com as mulheres. Mas o trabalho feminino variava de cultura para 
cultura, de povo para povo. Algumas dominavam o comércio, por exemplo, na parte sul da 
Savana. Em Bornu, no Sudão, as mulheres dos monarcas, tinham voz ativa no reino; tinham 
posições elevadas e controlavam territórios. Diferente das escravas e jovens lavradoras 
desempenhavam atividades pesadas e eram submissas. 
Na maioria das regiões, a organização social, tinha por ideal uma casa grande dirigida por 
um “grande homem”, cercado de esposas (até quarenta) e filhos, seja casados ou solteiros, 
irmãos menores, parentes pobres, dependentes e um grande número de crianças. Unidades 
dessas eram grupos essenciais de colonização na África Ocidental. Isto abria portas para o 
comércio com outros grandes povos e parte da África Ocidental. 
Na Nigéria, os Huaçás, juntava às suas famílias a um grande número de escravos. A 
escravidão era fonte de comércio que os enriquecia. No séc. XVII um domicílio poderia ter até 
cento e cinquenta pessoas. No Congo, também. A agricultura farta e extensa garantia segurança 
econômica e proteção às famílias contra desafetos. Ainda no Congo, séc. XVII e XVIII permitem 
inferir que as famílias de agricultores pobres tinham em média cinco pessoas e elas se ligavam 
por laços de parentescos. Um ou outro caso a organização social era dominada pela família. 
Entre escravos os mais privilegiados, eram prisioneiros nobres, usados em atividades 
militares. Destaque para sua coragem e iniciativa. Lideravam exércitos para si próprios, 
participando da divisão do espólio.

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