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Ciência Política é o estudo da política, das estruturas e dos processos de governo. O estudo da política surgiu na Grécia Antiga, quando Aristóteles se dedicou a compreender e a definir as diferentes formas de governo. Desde então, a política entrou em pauta e recebeu grande atenção de governantes e das respectivas sociedades, pois a política está presente em toda relação humana. Destacá-las fez com que ganhasse especial atenção para análises. Mas, embora a atenção tenha sido reforçada sobre a política, a Ciência Política propriamente dita só se constituiu muito mais tarde. Ela reuniu filosofia moral, filosofia política, política econômica e história, por exemplo, para compor análises sobre o Estado, sobre o governo e suas funções. A Ciência Política surgiu no decorrer do século XIX, reconhecido por ser o século de surgimento das Ciências Humanas, como Sociologia, Antropologia e História. Surgiria nessa época algo diferente da Filosofia Política praticada pelos gregos antigos. O termo Ciência Política foi cunhado por Herbert Baxter Adamn, Professor de História na Universidade Johns Hopkins (EUA), em 1880. O termo hoje se aplica à teoria e à prática da política, assim como envolve descrições e análises dos sistemas políticos e dos comportamentos políticos. Como ciência de estudo da política, dedica-se aos sistemas políticos, às organizações e aos processos políticos. Atenta-se também para o estudo das estruturas e das mudanças nas estruturas, assim como análises de governo. Entre os focos de atenção dos cientistas políticos podem estar empresas, sindicatos, igrejas e vários outros tipos de organização dotados de estruturas e processos que se aproximem de um governo. A Ciência Política abrange campos como a teoria e a filosofia políticas, os sistemas políticos, as ideologias, a economia política, a geopolítica, a geografia política, as políticas públicas, as relações internacionais, a administração pública e outros. Em sua prática há o emprego de diversos tipos de metodologia como o estruturalismo, o behaviorismo, o racionalismo, o realismo, o pluralismo e o institucionalismo. Assim, os métodos e as técnicas podem envolver fontes primárias e secundárias. Há, contudo, uma discussão interna na Ciência Política sobre seu objeto de estudo, pois alguns acreditam que o foco central é o Estado e outros acreditam que o poder. A maioria dos cientistas políticos defende o segundo, pois é mais abrangente que o primeiro. Embora a Ciência Política tenha raízes muito antigas e tenha se consolidado há muito tempo na Europa e nos Estados Unidos, constituindo departamentos próprios de estudos nas universidades, no Brasil ela é relativamente recente ainda. Fruto de um processo que começou a se desenvolver em meados da década de 1960. Filosofia Política A Filosofia Política investiga as relações humanas em sentido coletivo. A Filosofia é fruto da Antiguidade Clássica, foi criada pelos gregos, o primeiro povo a tentar solucionar seus próprios problemas. Os gregos refletiam sobre as inquietações de suas vidas e buscavam soluções que acreditavam ser eternas e aplicáveis a todas as sociedades. Inicialmente, a filosofia grega dedicou-se ao entendimento da natureza, seus eventos e fenômenos. Mais tarde, vieram os três grandes pilares da filosofia grega, Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles desencadearam uma série de mudanças nas reflexões filosóficas gregas e, principalmente, colocaram o homem como ponto central de abordagem. A partir da chamada filosofia socrática, tornar-se-ia central nas reflexões as questões sobre o homem e seus relacionamentos, abrindo espaço para avaliações políticas. Sócrates foi julgado e condenado à morte por ser considerado um subversor, mas deixou um grande legado reflexivo, ainda que fosse analfabeto. Seu discípulo e seguidor Platão encarregou-se de manter vivo o pensamento socrático, mas também ofereceu sua própria contribuição para a filosofia, especialmente com a obra A República, na qual discutiu as possibilidades de uma sociedade justa e ideal. No entanto, Aristóteles é que se tornaria célebre para a teoria política grega, estabelecendo o formato de democracia dos gregos. Na Grécia Antiga, o homem político era o cidadão, ou seja, aquele que podia participar das reuniões na ágora e opinar juto a seus pares por ser homem, grego e maior de 21 anos de idade. A ideia de República, criada com Platão, venceu o tempo, foi objeto de análise de Cícero, na Roma Antiga, de Maquiavel, na península itálica, e de outros filósofos e intelectuais antes e depois da Revolução Francesa. Ou seja, há mais de dois mil anos, reflexões sobre o relacionamento humano e sua forma de fazer política fazem parte de nossas vidas. O passar dos anos e o acúmulo de reflexões contribuíram para o enriquecimento do tema. No entanto, desde a Grécia Antiga os temas são praticamente os mesmos, o relacionamento humano, a participação política, a legitimação e a justificação do Estado e também do governo. Várias escolas de pensamento filosófico se seguiram, como, por exemplo, o Liberalismo e o Socialismo, que são perspectivas antagônicas e muito presentes nos debates e nos confrontos ideológicos a partir do século XIX. A Filosofia Política é indissociável de nossa condição social, através dela foram colocadas ideais e práticas sobre os limites e a organização do Estado, as relações entre sociedade e Estado, as relações entre economia e política, o poder do indivíduo, a liberdade, questões de justiça e Direito e questões sobre participação e deliberação, por exemplo. O que é Sociedade: Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. A palavra vem do Latim societas, que significa "associação amistosa com outros". As sociedades humanas são objeto de estudo da Sociologia e da Antropologia, enquanto as sociedades animais são estudadas pela Sociobiologia e pela Etologia. O conceito de sociedade pressupõe uma convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada conscientemente. Constitui o objeto geral do estudo das antigas ciências do estado, chamadas hoje de ciências sociais. O conceito de sociedade se contrapõe ao de comunidade ao considerar as relações sociais como vínculos de interesses conscientes e estabelecidos, enquanto as relações comunitárias se consideram como articulações orgânicas de formação natural. Uma sociedade humana é um coletivo de cidadãos de um país, sujeitos à mesma autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo. Os membros de uma sociedade podem ser de diferentes grupos étnicos. Também podem pertencer a diferentes níveis ou classes sociais. O que caracteriza a sociedade é a partilha de interesses entre os membros e as preocupações mútuas direcionadas a um objetivo comum. O termo sociedade também pode se referir a um sistema institucional formado por sócios que participam no capital de uma empresa, por exemplo, sociedade anônima, sociedade civil, sociedade por cotas, etc. Nesta vertente de negócios, uma sociedade é um contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade econômica, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa atividade. Um grupo de pessoas com interesses comuns, que se organizam em torno de uma atividade, obedecendo a determinadas normas e regulamentos, também se denomina sociedade, por exemplo: sociedade de física, sociedade de comerciantes, etc. ORIGEM DA SOCIEDADE: Muitos pensadores, filósofos, cientistas e outros sempre buscaram formasde explicar a ORIGEM DA SOCIEDADE, assim esbarramos em teorias das mais diversas, mas que sendo estudadas de perto, podemos ver que se aglutinam em dois grandes grupos, os naturalistas e os contratualistas. Estudando-se as teorias que tratam da sociedade e da sua origem, podemos observar que há no ser humano uma vontade ou necessidade que viver em grupo, por desejo, por necessidade, por segurança, etc. Assim passamos a entender que o Homem é um ser racional e político, que se une para viver em grupos, porém de forma organizada e somente em ajuntamentos de seres como alguns animais irracionais. Essa necessidade de convivência harmoniosa e organizada vem da característica do Homem possuir consciência e sentimentos e não somente instinto. Na evolução da linha do tempo, e não poderia ser diferente, as teorias para explicar a vida em sociedade e o nascimento desta, tem seu início no Naturalismo. NATURALISMO: Esta teoria vem da necessidade natural do Homem de viver em grupos, tendo como explicação básica a sua condição de ser sociável e da dependência natural de uns para com os outros. Mais remota explicação para isto vem do século IV a.C., na Grécia, com ARISTÓTELES: “ O homem é naturalmente um animal político.” Para ele somente um indivíduo vil ou superior ao próprio homem teria a vontade de viver em completo isolamento. ARISTÓTELES ainda acrescenta que os outros animais vivem em meros agrupamentos, mas o homem, por ter a noção do bem e do mal, do justo e do injusto, organiza seus agrupamentos, mas tudo está na necessidade natural do Homem. Caminhando um pouco, chegamos a Roma, século I a.C., onde CÍCERO, logicamente influenciado por ARISTÓTELES, afirma: “a primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum.” Explicando, portanto que não seriam as necessidades materiais que levam o Homem a viver em sociedade, mas sim a disposição natural para a vida associativa. Nos anos entre 1265 e 1273 d.C., SANTO TOMÁS DE AQUINO, certamente também influenciado por ARISTÓTELES, em sua obra “Summa Theologica” escreve: “o homem é, por sua natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade.”. Porém ele ressalta, dentre outros, mais três pontos importantes para o Naturalismo, sendo: excellentia naturae –para homens que vivem em comunhão com a própria divindade, como exemplo citando os santos eremitas; corruptio naturae – explicando as exceções de turbações mentais; mala fortuna – quando o isolamento ocorre por questões alheias à vontade do Homem. Com estas três hipóteses de vivência isolada, SANTO TOMÁS DE AQUINO reforça que o normal do Homem é a vida social, portanto sendo a necessidade de convivência uma característica da natureza humana. Há também autores mais modernos que defendem o Naturalismo, dentre os quais podemos destacar Oreste Ranelletti, que de acordo com DALLARI (2010, pág. 11), nos ensina que: “o homem é induzido fundamentalmente por uma necessidade natural, porque o associar-se com os outros seres humanos é para ele condição essencial de vida”. Só em tais uniões e com o concurso dos outros é que o homem pode conseguir todos os meios necessários para satisfazer as suas necessidades e, portanto, conservar e melhorar a si mesmo, conseguindo atingir o fim de sua existência. Em suma, só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar- se das energias, dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações... Falamos até aqui da necessidade natural do Homem viver em sociedade organizada, pois tem ele o conhecimento do bem e do mal, assim não podemos deixar de lado que tal associação e convivência também encontra suporte na vontade humana, e é a partir dessa consciência de vontade que nasce a teoria do CONTRATUALISMO, que no nosso entender não vem dissociada do NATURALISMO, mas sim a complementa. CONTRATUALISMO: Com o poder do raciocínio e da inteligência, o Homem sempre evoluiu ao longo do temo e essa evolução não tem parada. Assim em face da chegada de sociedades mais complexas, surge a necessidade de organização mais elaborada, do respeito entre os seres humanos, das limitações para a convivência harmoniosa. O mundo passou por várias formas de estruturas sociais, desde as mais primitivas tribos, navegando pela criação de cidades, cidades-estado, feudos, reinos, dentre várias, até chegarmos à estrutura social moderna. Notório e público que toda essa evolução foi desenvolvida por várias fases, por muitas guerras, porém temos a necessidade de estudarmos tal evolução para entendermos onde estamos. No Contratualismo, os autores, pensadores e filósofos conduzem a criação e a origem da sociedade para outro ponto, a vontade humana, a elaboração de um CONTRATO de convivência social.Comecemos então por PLATÃO: Grego, nascido entre os anos de 428/427 a.C., tendo como seu seguidor ARISTÓTELES, PLATÃO foi o primeiro a deixar registros sobre o que, futuramente, seria o Contratualismo. Em sua a obra A República, que na verdade tinha como tema principal a justiça, ele se direciona no sentido de uma organização social construída racionalmente, sem mencionar a necessidade natural, trazendo a proposição de um modelo ideal de sociedade, com justiça e igualdade. Tal obra, já no século XVI influencia os Utopistas. Thomas Moore, em “Utopia” e Tommaso Campanella, em “A Cidade do Sol”, procuram descrever uma organização social ideal, com isenção dos males e deficiências que viam nas sociedades daquela época. Em que pese não mencionarem a origem da sociedade, estes autores foram importantes na formação da consciência do que seria bom e viável para a constituição de uma sociedade, podendo classifica-los entre os contratualistas em razão de seus posicionamentos da vida social ser totalmente submissa à razão e à vontade. O Contratualismo nasce realmente em Thomas Hobbes, em 1.651, com a publicação da sua obra “O Leviatã”. Na visão de Hobbes, o Homem vive inicial em estado natural, referindo-se aos primórdios dos tempos, e também à condição de convivência em situação de desordem, quando não tem suas ações reprimidas pela voz da razão ou então por instituições políticas eficientes. Hobbes afirma que o homem é um ser perigoso se deixado em estado natural, pois é egoísta, luxurioso e inclinado a agredir seu próximo, assim ele necessita submeter suas paixões à razão ou ao controle de entes políticos ou então viveríamos “na guerra de todos contra todos”, pois cada um teria o temor de ser atacado pelo outro. É exatamente para não se viver nesta condição de total insegurança que Hobbes propõe então o contrato social. No contrato social há o fortalecimento da razão, pois apesar de sua natureza má, o homem tem consciência dos princípios que o levariam a uma vida harmoniosa, assim para se superar o estado natural, Hobbes formula duas leis, que somente seriam viáveis dentro da firmação de um contrato: a) Cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver a esperança de alcança-la; e quando não puder obtê-la, deve buscar e utilizar todas as ajudas e vantagens da guerra; b) Cada um deve consentir, se os demais também concordarem, e enquanto se considere necessário para a paz e a defesa de si mesmo, em renunciar ao seu direito a todas as coisas, e a se satisfazer, em relaçãoaso demais homens, com a mesma liberdade que lhe for concedido com respeito a si próprio. Com a devida consciência dessas leis, os homens celebram um contrato de mútua transferência de direitos. Essa transferência não se faz de homem a homem, mas sim de homem ao Estado (homem artificial e robusto, constituído pelo homem natural para sua proteção e defesa). Na transferência dos direitos, os homens naturais deixam seu estado primitivo (total liberdade e direitos), e por força do contrato passam a se impor compromisso, observância às leis, temor aos castigos, pois agora surge quem vai cuidar para que os direitos restantes sejam efetivamente garantidos e protegidos. Assim Hobbes também afirmava que é mais válido um mau governo do que o estado de natureza. Em O Leviatã, Hobbes também defende a posição dogovernante e da soberania deste, pois mesmo que faça uma má lei, esta é sua vontade e seu descumprimento é injusto. A vontade do soberano representa a vontade do todo e portanto seu cumprimento leva à paz, pois não há conflitos. Fica evidente que Hobbes sugeria o absolutismo. As ideias de Hobbes permanecem intocáveis até o século XVII, quando, na própria Inglaterra, começam a surgir novos ideais, inicialmente conduzidos por John Locke, que combate a noção da “guerra de todos contra todos” e passa a fortalecer os sinais de que a natureza humana não é de caráter maléfico, em que pese ser defensor do escravagismo perpétuo. A obra de Locke influencia a Revolução Inglesa (1688), a Revolução Norte Americana (1776) e os atos iniciais que levariam à Revolução Francesa. Surge, na França, Charles de Montesquieu, com sua obra “Do Espírito das Leis” (1748), contestando os ideais de Hobbes, mormente do ponto de vista da natureza humana, pois para ele o próprio instinto de sobrevivência não levaria o homem a se atacar mutuamente, mas sim a obedecer leis, tais como: o desejo da paz, o sentimento das necessidade, experimentado principalmente na procura por alimentos, a atração natural entre sexos opostos, o desejo de viver em sociedade. Para Montesquieu, depois do respeito às leis naturais, o homem se organiza em sociedade para se fortalecer e a partir de então surgem as guerras. Ele ainda sustentava a afirmação de que nenhuma sociedade poderia subsistir sem governo. Apesar de não falar diretamente sobre pacto ou contrato social, sempre defendeu a existência do Estado para gerir e garantir a vida das pessoas. Pouco tempo depois, aparece Jean-Jacques Rousseau, com sua obra “O Contrato Social” (1762), defendendo a bondade humana, assim como Montesquieu, porém Rousseau retorna à linha de Hobbes, dizendo que a sociedade existe a partir de um contrato social. Só que Rousseau não apostava no absolutismo e sua obra foi importante influência na Revolução Francesa (1789 - 1799), sendo seu livro chamado de “A Bíblia da Revolução Francesa”. Sua obra não influenciou somente a Revolução Francesa, mas todos os movimentos sociais e políticos em defesa dos direitos naturais da pessoa humana, mormente nas seguintes afirmações: povo como soberano, reconhecimento da igualdade como um dos objetivos fundamentais da sociedade e consciência de que existem interesses coletivos distintos dos interesses de cada indivíduo.Rousseau fecha seu pensamento no fortalecimento do homem natural, que não pode ser feito a cada homem, mas sim na união destes, então o “Contrato Social” vem a estabelecer as regras para esse fortalecimento, devidamente organizado e harmônico, tendo um governo (Estado) para cuidar das pessoas, porém a soberania não é do governo ou do governante, mas sim do povo, que transfere seus direitos para que o governo cuide, buscando a primazia do interesse coletivo, sempre com respeito aos princípios da liberdade e da igualdade. Defendendo também que tais princípios não são plenos, pois no pacto social, cada indivíduo abre mão de parte de seus direitos em prol do coletivo (cuidado pelo Estado). Entra-se então no Iluminismo.