Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
R.E" brV,\'l Francisco ImbernónQuestões da Nossa ÉpocaVoturrle 14 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (ClP) (Câmara Brasileira do Livro, SB Brasil) índices para catálogo sistemático: 1. Docentes : Formação proÍissional : Educação 370.71 2. Professores: Formação profissional : Educação 370.71 roRMAÇAo DoCENTE E PROFISSIONAT formar-se para a mudança e a incerteza 8" edição Imbernón, Francisco Formação docente e proÍissional : formar-se para a mu- dança e airrletteza / Francisco Imbernón ; [tradução Silvana Cobucci Leite]. - 8. ed. - São Paulo : Corte2,2010. - (Coleção questões da nossa época; v.74) Título original: Formarse para e1 cambio y 1a incertidumbre. Bibliografia. ISBN 978-8s-249-1 630-4 1. Professores - Formação profissional - Brasil I. Títu1o. II. Série. cDD-370.71 @E8ffiffi 10-07669 FRANCTSCO IMBERNÓN acumulam o capital informativo em seu próprio beneÍicio e no de alguns poucos. Uma anâlise da educaçáo que jâ náo a considera patrimônio exclusivo dos docentes e sim de toda a comunidade e dos meios de que esta dispõe, estabe- lecendo novos modelos relacionais e participativos na prâtica da educaçã,o. Tlrdo isso torna inquestionâvelumanova forma de ver a instituição educativa, as novas funções do professort lr:ma nova cultura profissional e uma mudança nos posiciona- mentos de todos os que trabaTltam na edtcaçáo e, é, claro, uma maior participaçáo social do docente. O[8TJFá A necessária redefinição da docência como Profissão Emboraacondiçãodefuncionário(nosetorpúblico) e as estruturas de dependência do sistema assalariado no setor privado marquem de modo determinante as relações de trabalho, e estas não tenham tido variações signifrcativas no ú1timo quarto de sécu1o, o mesmo náo acontece com o âmbito estritamente proflssional, em que as mudanças se prodazemmais rapídamente' Nos últimos tempos' questio- naram-se muitos aspectos daedtcaçáo que, até o momento, eram considerados intocáveis' Vimos como se questionou o conhecimento nocional e imutável das ciências como substrato da edtcaçáo e houve uma abertura para outras concepçõ e s em qu e a r âpidaob sole scên cia e a incetteza têm um papel importante' Mas o mais importatte é que amplos setores demandaram que aeducaçáo se aproximasse m;tis dos aspectos éticos, coletivos, comunicativos' comportlt trtt I t I tais, emocionais"', todos eles necessários para se illt;ltttt'rltt uma edtcação democtattca dos futuros cidadaos Assirlt' t2 FRANCISCO IMBERNÓN comeÇou_se avalotizar a importância do sujeito, de sua par_ticipação e, portanto , também a relevància que ubug g"* sociocultural (por exemplo, a comunic açáo, otrabalho emgrupo, a tolerância, a elaboração conjunta de projetos, a ?:::: de decisões democrâtica etc..)assume na educação.r ctaro que convém estar alerta para impedir que se tratede uma redefinição dos sistemas econômicos e ae regulaçãodo mercado para introdtzir elementos que podem supor uma autonomia educacional vigiad.a, autotizad.a, ou uma colegialidade artificial. Ou, de qualquer modo, para evitarque se façam concessões em autonomia (decisões poríticas educativas, gestão autônoma, currículos contextuali zados...) e para continuar fortalecend o .úrnaverdadeira participação coletiva profissional. Essa necessária renovação da institui ção educativae esta nova forma de educar requerem uma red.efiniçãoimportante da profissão docente à q,r" se assumam novas competências profissionais no quadrode um conhecimen_to pedagógico, científico e cultural revistos. Em outraspalavras, a nova era requer um profiss ional da educaçãodiferente. No entanto, não podemos analisar as mudanças daprofissão docente sem observat que isso esteve presentedurante muitos anos ao redor do debate sobre a profissio_ nalização docente, e como dizLabaree(Iggg, p.2O): "Há luma série de tazões pata cter que o caminho pata a profission alização dos docentes encontra_se cheio d,e cra-teras e areias movediças: os problemas próprios que surgem ao tentar promoveÍ os critérios profissionais dentro de umaprofissão tão massifi cada, apossibilidade de desva lorizaçãodas habilitações como consequência do aumento dos requi_ r r rllM^(.^()l)(x I Nll I PItOf ISSIONAL silrrs r:ducativos, a herança niveladora dos sindicatos dos prrríi:ssores, a posição histórica da docência como forma de trrrlrrrlho própriade mulheres, a resistêncíaque oferecem os lriris, os cidadãos e os políticos à reivindicaçáo do controle profissional das escolas, o fato de a docência ter demorado a sr; incorporar aúrr, campo infestado de trabalhos profissio- rralizados, a prévta profissionaltzaçáo dos administradores das escolas e o excessivo poder daburocracia administrativa, a prolongad a tr adiçáo de r e altzar re formas e ducacio nais po r meios burocráticos (...) e a diversidade de entornos em que se dâ a formação dos professores". . Aqui, ante tantas dificuldades para assumir uma pro- fissionalização docente, cabe perguntar: Quais são as com- petências necessárias para que o professor assuma essa prof,ssionalizaçáo na instituiçáo educacional e tenha uma repercussão educativa e social de mudança e de transfor- rnaçáo? Historicamerrte, aprofissão docente, ou seja, a assunção de uma certa profissionalidade (uma vez que a docéncia é assumida como "profissão" genéúca e não como ofrcio, ját que no contexto social sempre foi considerada como uma semiprofi ssão) caract ertzay a-se pelo e stabelecimento de al- guns traços em que predominava o conhecimento objetivo, o conhecimento das disciplinas à imagem e semelhança de outras profissões. Saber, ou seja, possuir um certo conhr:- cimento formal, era assumir a capacidade de ensiná-lo. A parte essas características de um conhecimento formal estabelecido de antemão (segundo Abbot, 1988, p. B, aplir;ir- çáo de um conhecimento abstrato a casos concretos), plrr';r ser um profissional é preciso ter autonomia, ott sc.ja, porlr:r' tomar decisões sobre os problemas profissionais clir pr';rlit:;r. FRANCIsCO IMBERNÓN r\lrr;rlrrrcrrlc, l)irrA a edtcaçáo do futuro, essas características lrniloriclrs srlr consideradas insuficientes, embora não se r I isr ;rrllr rlrrc st:jam necessárias. A «:spr:cificidade dos contextos em que se educa adqui- lrr r:rrtl,ir vcz mais importância: a capacidade de se adequar ;r r:lr:s metodologicamente, a visão de um ensino náo táo lcr:rricr), como transmissão de um conhecimento acabado r: íirrma1, e sim como um conhecimento em construção e rrir«r imutável, que analisa aeducaçáo como um compromis- so político prenhe de valores éticos e morais (e, portanto, com a dificuldade de desenvolver uma formaçáo a partir clc um processo c1ínico) e o desenvolvimento da pessoa e a colaboraçáo enlre iguais como um fator importante no r;onhecimento profissiona1...; tudo isso nos leva avalortzat a grande importância qve têrn para a docência a aprendi- zagem dareTaçáo, a convivência, a cultura do contexto e o desenvolvimento da capacidade de interaçáo de cada pessoa oom o resto do grupo, com seus iguais e com a comunidade que envolve a educaçáo. O contexto em que trabaTlla o ma- gistério tornou-se complexo e diversificado. Hoje, a profissão jâ náo é a transmissão de um conhecimento acadêmico ou a transformaçáo do conhecimento comum do aluno em um conhecimento acadêmico. A profissão exerce outras fun- q;ões: motivação,luta contra a exclusão social, participaçáo, animação de grupos, relações com estruturas sociais, com tr comunidade... E é cTato que tudo isso requer uma nova fi;rmação: inicial e permanente. Esta análise ajuda-nos aentender um processo em que «r r;rrnhecimento profissional, para a7é,m de uma classificação rlr: traços unificadores de toda a profissão docente, ê fun- tlirrnt:ntal. E nela desponta como característicaprimordial [.ORMAÇÃO DOCENTE E PROFISSIONAL a capacidade reflexiva em grupo' mas náo apenas como urp""to de als'açáo têcníca, e sim como processo coletivo puru r"gulur as ações, os juízos e as decisões sobre o ensi- no, iâque o mundo que nos cercatornou-se cadavez mats "oãp1á*o, e as dúvidas, a falta de cerlezas e a divergência são aspectos consubstanciais com que o profissional da educaçáodeve conviver, como acontece com prof,ssionais de qualquer outro setor' Nesse contexto, a fotmaçáo assume um papel que transcende o ensino que pretende uma mera alualtzaçáo científi ca, p e dago gica e dtdâltca e se transfo rrrl.a na p o ssibi- lidade de crtar espaÇos de particip açáo ' reÍler'áo e formação para qúe as pessoas aptendam e se adaptern para poder conviver coÍn a mtdança e a incerte za' Enfattza-se mais a aprenüzagem das pessoas e as maneiras de torná-la possível qL" o ensino e o fato de algtém (supondo-se a ignorância áo outro; esclarecer e servir de formador ou formadora' A formaçáo também servirá de estímu1o crítico ao constatar as enolmes contladiÇões da profissão e ao tentar lrazer elementos pala superar as situações perpetuadoras que se artastamhâlanto tempo: a altenaçáo profissional por estar sujeitos a pessoas que não participam da açáo profissional -, as condições de trabalho' a estruturahterâr- qri"u etc. E isso implic a, mediante a tuplara de tradições' inércias e ideologias impostas ' forrnat o professor na mLl- dança e para u^udunçupor meio do desenvolvimento r.lrr capacidades reflexivas em grupo' e furir caminho paÍa tlmir v er dadeir a aúlofiomta pro fi s sional comp artilh ada "i á cl t I ( : ; I profissão docente deve comparltlltat o conhecimento trottt tr contexto. Isso implic a [Tna mudatça nos posir;it) n i I I t I t I I I I orr e nas relações com os proflssionais' já que is«rl;ttlos trlt*; str FRANCISCO IMBERNÓN tornam mais vulneráveis ao entorno político, econômico e social. Ao analisar esse contexto profissional, encontramos ceftas evidências que poderíamos considerar elementares, mas que não se apTrcam à formação do professor. Essas evidências nos permitem refletir sobre as mudanças que deveriam ser estimuladas em uma formaçáo que beneficie o conjunto de professores. c O professor possui conhecimentos objetiuos e subjetiuos Durante muito tempo, aformaçáobaseou-se em conhe- cimentos que poderíamos denominar "de conteúdo". A pers- pectiva técnicaeracional que controlou a formaçáo darante as últimas décadas (a preferência pelo metodológico) visava um professor com conhecimentos uniformes no campo do conteúdo científico e psicopedagógico, para que exercesse um ensino lambém nivelador. Atualmente considera-se o conhecimento tão importante quanto as atitudes, ou seja, tudo o que representa formar as atitudes. Um professor ou professora podem ter o mesmo conhecimento, sem que consigam compartilhar as decisões, a comunícaçáo, adinà- mica do grupo etc. por um problema de atitudes. Em suma, é necessário destacar a conveniência de desenvolver ürna formaçáo em que lrabaTltar as atitudes seja tão importante quanto o restante dos,conteúdos. o A aquisição de conhecimentos por parte do professor é um processo amplo e não linear A mudança nas pessoas, assim como na educaçáo, é muito lenta e nunca linear. Ninguém mada de um dtapara o I ( )t{MAq AO l)OCÉNTE E PROFISSIONAL «rutro. A pessoa precisa tntetiortzat, adaptat e experimentar «rs aspectos novos que viveu em sua formação' A aquisição cle conhecimentos deve ocorrer da forma mais interativa possível, refletindo sobre situações práticas reais' o A aquisiÇão de conhecimentos por parte do professor esta muito ligada à pratica profissional e condícionada pela organização dainsntuição educacional em que esta é exercidrt Por isso é tão importante desenvolver uma formaçáo na instituição educativa, uma formaçáo no interior da escola. Como aprâlicaeducativa é pessoal e contextual, precisa de uma forma çáo que parta de suas situações probiemáticas' Na formaçáo náo há problemas genéricos para todos nem, portanto, soluções para todos; há situações problemáticas em um determinado contexto prâtico. Assim, o currículo de formaçáo deve consistir no estudo de situações práticas reais que sejam Problemáticas. o A aquisiÇão de conhecimentos por parte do professor é um prccesso complexo, adaptatiuo e experíencial Cada pessoa tem um modo de aprender, 17rY7 estilo cognitivo de process ar a tnformaçáo que recebe' Assim, aprender parapõt ernprâttcauma inovação supõe um pro- cesso complexo, mas essa complexidade é superada quando a formaçáo se adapta à reaTtdade educativa da pessoa que aprende. Para que seja significativa e úti1, a fotmaçáo ptc- cisa ter um alto componente de adaptabilidade à realidacltr diferente do professor. E quanto maior a sua capaoidatltr de adaptação mais facilmente ela será posta em priititrrt em sala de aulaou na escola e será incorporada às pr;i tic;ts profissionais habituais. um dos objetivos de toda íirt'ttt;tr.:;to II FRANCISCO IMBERNÓN válida deve ser o de poder ser experimentada e tarnbérn pro po rcion ar a op or fiinidade p ara d e s e nvolver uma pr âtic a reflexiva competente. A formação do professor deve estar ligada a tarefas de de se nvolvime nto curriculaq, pTanej amento de pro gramas e, em gera7, melhoria da instituição educativa, e nelas impli- car-se, tratando de resolver situações probl,ernâttcas gerais ou específicas relacionadas ao ensino em seu contexto. Em decorrência disso, o professor precisa adquirir conhecimentos ou estratégias específicas (planejamento curricular, pesquisa sobre a docência, estratégias para formar grupos, resolução de problemas, relações com a comunidade, atividade sociocultural etc.). Tirdo isso supõe a combinação de diferentes estratégias de formação e uma nova concepçáo do papel do professor nesse contexto, o que obviamente não pode ser feito sem o envolvimento concreto dos docentes. ldeias-chave Aedacaçáo democrática precisa de outras instâncias de sociaTização que ampliem seus valores. Para tan- to, é nece ss âria :urna ree struturação das instituiçõe s educativas. Rejeitar a visão de um ensino técnico, como trans- missão de um conhecimento acabado e formal, propondo um conhecimento em construçáo e não imutáve1, que analisa aeducaçáo como um compro- misso político prenhe de valores éticos e morais. r ( )HMA( Áo DocENTE E pRoFtsstoNAL Os docentes precisam desenvolver capacidades de aprendizagern da r elaçáo, da convivê ncía, da cultu- ra do contexto e de interação de cada pessoa com o resto do grupo, com seus semelhantes e com a comunidade que envolve a educaçáo. A formação assume um papel que vai alé,m do ensino que pretende ama mera atualtzaçáo científica, pe- dagógicae didâttca e se transformana possibilidade de criar espaÇos de participaçáo, reflexáo e formação para qúe as pessoas aprendam e se adaptern para poder conviver com amudança e com atncerteza. Em uma sociedade democrática ê fundamental for- mar o professor na mudança e para a mudança por meio do desenvolvimento de capacidades reflexivas em grupo, e abtir caminho para uma verdadeira autonomia profissional compartiThada, jâ que a profissão docente precisa partilhar o conhecimento com o contexto. EEffiffi Inovação educativa e profissão docente E interessante analisar areTação entre inova çáo educa- tiva e profissão docente. Entendida como pesquisa educativa na prâtica, a inovaçào requer novas e velhas concepções pedagogic:as e uma nova cultura profissional forjada nos valores da colaboraÇáo e do progresso social, considerado como transftrrmação educativa e social. E verdade que as inovações introcTuzem-se lentamente no campo educacional, mas, a1ém dessa lentidão endêmica, não podemos ignoraroutros fatores: o ambiente de trabalho dos professores, o clima e o incentivo profissionaT, aforna- ção tão padronizada que eles recebem, a histórica vulnerabi- lidade política do magistério, o baixo prestígio profissional, a atomização e o isolamento forçado pela estrutura, a falta de controle inter e intraprofissional... A possibilidade de inovação nas instituições educativas nãcl pode ser proposta seriamente sem um novo conceito cf c profissic:nalizaçáo do professor, que deve rompeí com inr:rcias c práticas do passado assumidas passivamente como clr:rncntos intrínsecos à profissão. I ORMAÇAO DOCENTE E PROFISSIONAL Se acreditamos que a inovaçáo precisa ser intrínseca ao processo educativo e profissional, devemos estabelecer mecanismos profissionais e estruturais para facilitá-1a jun- tamente com a mudança cultural da proflssão. A meu ver, o professor e as condições de trabalho em que exerce sua profissão são o núcleo fundamental da ino- vaçáo nas instituições educativas; mas taluez o prolclema não esteja apenas nos sujeitos docentes, e sim nos processos Ttolíticcts, sociais e educatiuos. Não se tratou o bastante da função do profissional da educação no campo da inovação, taWez devi- do ao predomínio do enfoque que considera o prof'essor ou a profussora como um mero executor do currícu1o e como Llma pessoa dependente que adotaainovação criada por outros, e à qual, portanto, não se concede nem a capacidade nem a margem de liberdade para aplicar o processo de inovação em seu contexto específico. Talvez por isso os professores tenham visto a inovação como uma determinação exterioq artificial e separacla dos contextos pessoais e institucionais em que trabalham. Ttrdo isso adormeceu um coletivo que, com frequência, se sente incap az de tnovar, perdendo assim a capacidade de gerar novo conhecimento pedagógico. O professor ou a professora não deveria ser um técnico que desenvolve ou implementa inovações prescritas, mas deveria converter-se em um profissional que deve participar ativa e criticamente no verdadeiro processo de inovação it mudança, a partir de e em seu próprio contexto, em unt processo dinâmico e flexíve1. Se a mudanÇa em educaq;ào é necessária, ainda que simplesmente pela necessirlarlc de superar o tédio ou a frustração causados, entrc olllli ls coisas, pela transformaçáo das tarefas educativirs crrr ;rlrio rotineiro, em contraparlida, uma das fontes dc rrr;riol s;rlr; ,)o FRANCISCO IMBERNÓN l,rr,;; ro c lcvittrliz,ação profissional do professor é a geraçáo rlr: ptrrc«:ssos de aprimoramento profissional coletivo, ado- l;rrrrlo irrovaq;ões e dinâmicas de mudanÇa nas instituições r:r lrrcirt ivus. Mas esses processos precisam de uma mudança rr;rs r:struturas profissionais e sociais. Precisam contar com o rilulx) interno da instituição e com o apoio da comunidade (llro onvolve a instituição. Tirdo isso implica considerar o professor como um rrgcnte dinâmico cultura1, social e curriculart capazdetomar tkt:isões educattuas, éticas e morais, de desenuoluer o currículo (itn u.m contexto determinado e de elaborar projetos e materiais t:urriculares com a colaboração dos colegas, situando o pro- oosso em um contexto específico controlado pelo próprio «;«rletivo. Essa intervençáo do profissio na7 da educaçáo realiza-se Irr;.je em uma instituição educativa em que realmente se irrticula a cultura e a convivência profissional entre os clrrr;entes. Alguns autores falararn da instituiçáo educattva como unidade de análise que protagoniza a tnovaçáo. A iclr:ia da atuaÇáo do professor nos processos de inovação no quadro das instituições educativas náo e nova, emboÍa se rrranifeste claramente apartir das experiências de "formaçáo r;r:ntrada na escola e em seus processos práticos", ou através tlir neoessidade de elaborar projetos conjuntos, tendência tlc que nos ocuparemos mais adiante neste 1ivro. A formaçáo centrada nas situações problemáticas da i r r s I i t u iq;ão educativ a através de processos de pesquisa signi- lit,tr rc,aliz,ar :urna"inovaçáo apartfu de dentro'l É a interiori- '/,a(,',ito rlo processo de inovação, o que implica uma descentra- lizrrr,:rro c rrnr r;ontrole autônomo em condições adequadas. M r r s ; r " l i » r'r r r i rr,;i-i o baseada nas instituições educativas" supõe FoRMAÇÀo DoCENTE E PRoFISSIONAL rnanler uma constante pesquisa colaboratlva e obter um consenso patao desenvolvimento daorgantzaÇão, com uma confrontaçáo e uma tensão que não permitem relaxar ou baixar a guarda ante as condições socioprofissionais. Dai a importância de se manter o equilíbrio nas ins- tituições educativas e afuta entre a tendência centraltza- dora ou administralla, em que se tentam burocratizar os processos coletivos, e a tendência autônorna, em que o professorado exige exerceÍ seu direito à inovação (como rnudança deTiberada e crittca), à margem do estabelecido pela própria administraçáo educativa, ainda que esta não abandone seu processo de apoio à educaçáo da popula- çao. A instituiçao educatiua, como conjunto de elementos que interuêm na prática educatiua contextualizada, deue ser o motor da inouaçao e da profissionalização docente. Como processo de revisão e de formaçáo, a inovação perde uma boa porcentagem de incidência e de meihoria coletiva quando se produz isoladamente e se converte eÍr, Ífiera experiência pessoal. Esse protagonismo coletivo, e portanto institucional, implica'úÍna rtov a concepção da instituiçáo e da formaçáo : como uma organtzaçáo mais autônoma, entendida como autonomia compartilhada por todos que intervêm no pro- cesso educativo e não como descentraiizaçáo competitiva, a partir do desenvolvimento de uma determinada cuTtura de coTabotaçáo, imerso em um contexto profissional concretc-t, em relaçáo com outtas instituições, suscetíveis e capazcs de inovar a partir de processos de pesquisa e reflexão t:, portanto, com a intenção de melhorar globalmente oollro instituição, modificando os contextos sociais, profissiottit is e educativos. I )4 ldeias-chave FRANctsco TMBERNóN A possibilidade de inovação nas instituições educa- tivas não pode ser proposta sem um novo conceito de profissionalizaçáo do docente, que deve romper com inércias e práticas do passado assumidas passi- vamente como elementos intrínsecos à profissão. O professor ou a professora não deveria ser um técnico que desenvolve ou implementa inovações prescritas, mas deveria converter-se em um profis- sional que deve parttcipar ativa e criticamente no verdadeiro processo de inovação e mudança, apar- tir de e em seu próprio contexto, em um processo dinâmico e flexível. Tüdo isso implica considerar o profissional de edu- cação como um agente dinâmico cultural, social e curricular, que deve ter a permissão de tomar decisões educativas, éticas e morais, desenvolver o currículo em um contexto determinado e elaborar projetos e materiais curriculares em colaboração com os colegas, situando o processo em um contexto específico controlado pelo próprio coletivo. A instituição educativa, como conjunto de elementos qu e inte rvê m n a pr âtic a e duc atl a c o ntextual izada, deve ser o motor dainovaçáo e daprofissionalizaçáo docente. @E8Sffi 0 debate sobre a profissionalização docente É interessante anaiisar o que consideramos atualmen- te como profissionalismo e profissionalizaçáo àluz de um novo conceito de profissão e de desempenho prático desta (assim, profi-ssionalismo - alguns estudos dizem profls- sionalidade - características e capacidades específicas da profissão; profrssionaTização: processo socializador de aquisição de tais característlcas), que pretende passar de um conceito neoliberal de profissão (proveniente sobretudo da sociologia conservadora das profissões de determinado momento histórico) a um conceito mais social, complexo(descrição da atividade profissionaL evalortzaçáo no merca- do de trabalho) e multidimensional, em que o processo do profi ssional tzaçáo fu ndamenta-se nos valores da cooperaçã t r entÍe os indivíduos e do progresso social. Assim, hoje os termos profissão, profission:tlisttto r: profissionaltzaçáo revelam-se complexos e amhÍgttos r:rtr reTaçáo a seu significado e obviamente sua aplic;tt.,;r to tttti 3 FRANCISCO IMBERNÓN versal a todos os contextos é muito difici1 (Popkewtiz, 1990). lProfissão é um conceito que, no campo das ações sociais, alude a um modo parttutlar de exercê-1a -§-ão é um termo cujos limites de aplicaçáo encontram-se definidos. Ele com- porta as mais variadas ocupações. Popkewtiz (1990), por sua vez, arguÍnenta que o termo "profissão" possui significados diferentes segundo o país e que o uso do termo não supõe uma definição fixa de uma ideia universal e que, atualmente, se situa à margem de toda dimensão espaciai ou temporal. As argumentações anteriores levam apergantar: Existe um modo especial de exercer a docência? Em nosso contexto específico, espacial e temporal, é possível um conceito do professor como quem executa, toma decisões ou exerce uma profissão? Para dar aTguma resposta a essas questões, vamos analisar em que consiste o exercício profissional. Em termos gerais, o profissionalismo na docência implica uma referência à organizaçáo do trabalho dentro do sistema educativo e à dinâmica externa do mercado de trabalho. Ser um profissional, portanto, impTtca dominar uma série de capacidades e habilidades especiaTizadas que nos fazem ser competentes em um determinado trabalho, alê,m de nos ligar a ütn grupo profissional organizado e sujeito a controle (Schon, 1992, 1998). Ao falar do "profi.ssiona1", náo pretendo entrar no am- p1o debate sobre as profissões e suas características nem fazer referência aos autores que as abordaram. Thmpouco aprofundarei suas diversas derivações terminológicas: profi ssionaltdade, profi ssionalismo, profi ssionalizaçã,o, ofi- cio, ocupaçáo, carnpo profissional (Goodlad, 1985). Esses estudos sobre as proflssões ou sobre os processos de pro- fi ssionaliza çáo for am re aTtzados sobretudo pela sociologia, I oRMAÇÀO DOCENTE E PROFISSIONAL cmbora também haja estudos do ponto de vista psicológico, histórico, econômico, etnogtâfrco, ideológico etc' Pereyra (1988), por exemplo, analisa o proflssionalismo na educa- ção contrapondo um "modelo de traços", que segundo e1e predomina atualmente no discurso sobre as profi'ssões, e um "modelo da profissão como pÍocesso", em que estaria incluída a profissão docente. Nesta análise adotaremos esse conceito de profissão como processo. Deveríamos fugir da pretensáo de converter o ensino em uma profissão no sentido tradicional. Seria um crasso erro seguir alendência qt:;e argúmerrta"a sociologia critica das profissões quando revela qLle abusca do profissionalismo traz consigo formas de açáo política interessadas que são incompatíveis com os objetivos democráticos a que se encontram ligados os educadores de hoje" (Burbules e Densmore, 7992)' Ganhar espaÇos profissionais deve pressupor ganhar em democra- cia reaT e ajudar a evrtat a exclusão social dos educandos colabotando com a cornuntdade. Dependendo do autor, o profissionalismo e a profissão podem ser identificados como uma exigência de redefini- çáo da contribuição paÍa a produção, como um meio para adquirir maior identidade social, como um critério de re- distribuição de poder, como um processo para aÚmer.taÍ a qualidade produtiva, como um pressuposto para a proteção do coletivo, como um pÍocesso de constante mudança profissional, como obtenção daproteçáo da lei"' O debattr sobre o profissional frequentemente apresenta um excosso de regionalismo ou uma excessiva contextualizaçãct (1, olll muitas ocasiões, eludem as características po1íti«;as otl so realizam como um processo de legittmaçao sociltl tlt: tttrt poder e de uma determinadaautortdade. Porttttlto, pttrrrisrt j mos estaÍ alerta à linguagem atual e ao excesso de retórica do profissionalismo na educação. O conceito de proflssão náo é neutro nem científico, mas é produto de um determinado conteúdo ideológico e contextual; uma ideologia que infl uencia a pr âticaprofi ssio- nal, jáque as profissões são legitimadas pelo contexto e pelo conceito popuTar, uma parte do aparelTto da socied ad,e que analisamos e que deve ser estudado observan do autlTização que se faz dele e a função que desempenha nas atividades de tal sociedade. Atualmente,lnâumaretôrica sobre a proflssão e apro_ fissionalização (aumentada nesta épocade reforma, como ocorreu em outros países em períodos similares) desprovi_ da de reflexão critica. Se aceitarmos que a docência é urna profissão, náo serâ para assumir privilégios contra ou ,,à frente" dos outros, mas pata quet mediante seu exercício, o conhecimento específlco do professor e da professora se ponha a serviço da mudanç a e da dignifrcação da pessoa. Ser um profissional da educação signific arâ participar da emancipação das pessoas. O objetivo d,aeducação é ajudar a tornar as pessoas mais livres, menos dependentes do poder econômico, político e social. E a profissão d,e ensinar tem essa obrigação intrínseca. ldeias-chave o Ver o docente como um profissional implica domi_ nar uÍna série de capacidades e habilidades especia_ lizadas que o fazem ser competente em determina_ roRMAÇÂo DOCENTE E PROFI55IONAL do trabalhor e que aiém disso o ligam a um grupo profissional organizado e sujeito a controle. A conquista de espaços proflssionais deve supor o aumento de democracia reaT e a ajtda a evitar a exclusão social dos educandos, colaborando com a comunidade. O conceito de profissão náo ê neutro nem científico, mas é produto de um determinado conteúdo ideo- 1ógico e contextual; úrna ideologia que influencia a prâtrca proflssional , jâ que as profissões são legiti- madas pelo contexto. Ser um profissional da educaçáo significarâ patti- cipar na ernancipação das pessoas. O objetivo da edtcaçáo é ajudar a tornar as pessoas mais livres, menos dependentes do poder econômico, político e social. FRANCISCO IMBERNÓN 29 effiffi 4 t ( )IMAÇÁO DOCENTE E PROFtSStONAL Diversos autoÍes procurararr, analisar o tipo de conhc- r;imentos profissionais que um professor ou uma professora dcveriam ter (cf. Shulman, 1989; Loucks-Hor1ey, 1987). Tb- clos eles concordam co:rrranecessidade de um conhecimento polivalente que compreenda diferentes âmbitos: o sistema (em suas estruturas próprias, sintáticas, ideológicas ou em súaorgantzaçáo), os problemas que dão origem à construção dos conhecimentos, o pedagógico gera7, o metodológico-cur- riatlar, o contextual e o dos próprios sujeitos da educaçáo. Em diversas publicações enfatizei a importânciade conheci- mentos sobre o ârnbito sociocultural e sociocientífico (imp1i- cações sociais das ciências), considerando que o contextual referia-se em geral ao âmbito estritamente profissional. Seja como for, vimos que a especificidade da profissão está no conhecimento pedagógico. Entendo esse conheci- mento como outilizado pelos proflssionais daedacaçáo, que se construiu e se reconstruiu constantemente durante avida profissional do professor em sua relação com a teoria e a prâtica. Mas esse conhecimento não é absoiuto, estrutura-se em úma gradaçáo que -va7 desde o conhecimento comum (tópicos, sentido comum, tradições etc., semelltante ao que se denomina "pensamento espontâneo") ao conhecimento especializado. O conhecimento pedagógico comum existe iogicamen- te na estrutura social, integra o patrimônio cultural de uma sociedade determínada e se transfere para as concepçõcs dos professores. Existe, é claro, um conhecimento pedagógico cspc- ciaTizado unido à açáo e, portanto,é, um conhecirrr:rrlo prâtico, que ê o que diferencia e estabeiece a pr«ríiss;ro c que precisa de um processo concreto de profissi«rn;rliz;rr.:; ro. 0 conhecimento profissional do docente A profissão docente comporta um conhecimento pedagógico específico, um compromisso ético e moral e a necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais, jâque exerce influência sobre outros seres humanos e, portanto , não podenem deve ser uma profissão meÍamente técnica de ,,especialistas infalíveis,, que trans_ mitem unicamente conhecimentos acadê,micos. Como diz Lanier (1984), ,,os professores possuem um amplo corpo de conhecimentos e habilidades especializadas que ad.quhem durante um prolongado (prolongado se aceitamos a forma- ção como desenvolvimento durante toda avida profissional) período de formação (...), emitem juízos e tomam decisões que aplicam a situações únicas e particulares com que se deparam na prâtica'i A profissão docente se moverá então em um delicado equilíbrio entre as tarefas profissionais(alguns autores as chamam d.e acad.êmicas) e a estruturâ de participação social. FRANCISCO IMBERNÓN l'lss. r ;r r r r I rr r.i r r rr: rr to pedagógico especiaTizado regitima-se n;r pr;rlic;r rr rcside, mais do que no conhecimento das rlisr:iplirrits, nos procedimentos de transmissão, reunindo r :;r 'r rr rl. r'istir;as específicas como a compiexi d,ade, a acessibi_ lirlrrrlr, a observabilidade e a utilirlade social que fazemitir " jrr Lz,s profissionais situacionais" baseados no conhecimento r:xprrrimental na prâtica. Na mesma linha, Schôn (1gg2) ;rrgumenta que esse conhecimento pedagógico profissional . tácito e intuitivo e Elliott (1990) diz que é elaborado nas " cle stilações retrospe ctivas da experiê ncia,r o conhecim entr,r proposicion al prévio, o contexto, a experiênc ia e a reflexão cm e sobre aprâticalevarão à precipitação do conhecimento proÍissional especializado. E interessante mencionat aqui, como elemento de re_ flexão, o informe norte-americano, de cunho conservador, "Anação em perigo,,, elaborado em 1g81 (Comissão Nacional da Exceiência na Educação, 1gB3), no qual se analisa a si_ tuação educacional dos Estados unidos, quarificando-a beli- camente (impregnado de metáfbras militaristas, dirá Appel e casey, 1992) como "desarmamento unilateral eclucativo,, provocado pela ,,femitttzação, passividade e pacifismo do profbssorado,,, propondo como um dos remédios para esse clesarmamento - que tem como consequência um grande aunrento de iletrados - o estabelecimento de uma carreira ckrcente mediante diversas etapas de fbrmaçào permanente: instrutor principiante, docente especializado, docente ca_ tcclrático. Concordemos ou não com tal grad,ação, é óbvio tlurr cla enfatiza a necessidade d.e um desenvolvimento lrroÍissional baseado na formação do coletivo. Mas o cstabeiecimento de carreiras docentes ou etapas 1r;rtlrrrnizaclas, méritos por formação etc., não pode levar r oRMAÇÂo DocENTE E PRoFtsstoNAL il esquecer uma das mais impoftantes funções ou tarr:fas clocentes: a de pessoa que "propõe va1ores", impregnada de r;onteúdo rnoraT, ético e ideológico. A dimensão educativa da profissão docente mostra-se mais concisa se se considera o processo de educaçáo em relação aos suieitos que carac- teizam uma sociedade determinada no sentido de analisar em todos os probiemas a referência à consciênr;ia ooletiva e confrontar os comportamentos próprios com esrja consoiôn- cia coletiva, a fim de transformâ-la segundo novos n'roclr:1os de vida àluz do sistema de valores qile se vai criando. A aTienaçã,o pro fi ssio nal o co rre qu ando se de sej a rnar ginalizar o professor dessa importante função fpropor valores), au- mentando o controie do trabalho e "construindo rliscursos estereotipados" (Appel e Casey, 1992, p. l0). A fi-rnção de "propor valores" é urrta tarefa educativa complexa e às vezes contraditórta, jâ que não se obterâ a formação dos indivíduos unicamente com a interação so- cia1, que apresenta aspectos muito problemáticos em uma sociedade pluralista. E1a será obtida tendo tarnbém como referência pontos de carâter ético, inerentes à natareza humana, nos quais coincidimos com outros agentes sociais que incidem nessa proposição de valores. A competência profissional, necessária em todo proces- so educativo, será formada em última instância na interação que se estabelece entre os próprios professores, interaginclo na prâttca de sua profissão. trrdas (1987) desenvolve o conteúdo do termo "coÍlr- petência docente", analisando que é significativo quo Iro s(l falar de "competência" docente se tenda a distingtri-l;r rl;r "efr.cácia" e da"atuaçáo". Aatuação englobará o cottittttlo rlc comportamentos manifestos que intervêm ttos clirilo:; tlo 33 FRANCISCO IMBERNÓN l)rr)Íi)ssor sobre o a1uno. A attora conclui, portanto, que é lrossívr:l dizer que melhorar a atuaçáo é a cLtave para rrre- llrrrrerr a"efrcâcia". Embora seja duvidoso aplicar a"efrcâcia" nos processos educativos (como dizia Combs, 1979, há muito tr:rrpo: "as pesquisas sobre a competência, atê agora, náo r;onseguiram identificar nenhuma caracteristica comum iros bons professores"), podemos destacar a importància da fbrmação naprâÍica no desenvolvimento de competências profissionais. Mais discutíve1 é a contribuição de Medley e Crook (1981) quando definem a competência como "características que o professor possui seja qual for a situação em que pra- tique a docência", a menos que estabeleçamos ú:ma compe- tência genérica da profissão e uma competência específica que se desenvolva no contexto e na práttca concteta da docência. Recordemos as categorias propostas por diversos estudiosos para investigar esse campo (personalidade, con- texto, processo e resultado) que representou um oportuno estímulo à investigação sobre a"efi.câcia", não se baseando apenas na personalidade ou no resultado. É necessário possuir diversas habilidades profissionais que se inteúorizem no pensamento teórico e prático do professor mediante diversos componentes, entre os quais a formação como desenvolvimento profissional a partir da propria experiência (o que implicaria, segundo Berliner ( 1 9Í\7 ), de senvolver habilidades metacognitivas). Ao situar a profissão no quadro dos condicionantes de tlrrr: falamos antes, contudo, percebemos que nas próximas rlcr:irclas e7a deverâ desenvolver-se em uma sociedade em rnrrrl;rnça, com um alto nível tecnológico e um vertiginoso irviur(,)o clrr r;onhecimento. Isso implicanão apenas aptepa- I oRMAÇÁO DOCENTE E PROFISSIONAL ração disciplinar, curricular, m t:d iitdtl ra, ética, institucional' ooletiva, mas também uma imp«rrtttntt:bagagem sociocul- tural (Imbernón, 1994) e de outros t:lt:tnr:ntos que até o momento não pertenciam à proÍissão, (lorllo «rs intt:rcâmbios internacionais, as relações com a cotnutricllttltl, ils rt:lações com aassistência social etc. Assim, serít rltlr;tlsslirio lirrmar o professor narn:udança e para a mudança' Contudo, não podemos esquecer as conclit;i.rt:s t:ttl tltttl atnda se move a profissão de ensinar, que não ÍLtvorct;t:ttl essa profissionalidade desenvolvida que precisa dt: nrr-t coletivo "mais equilibrado" profissionalmente, como os processos de instabilidade, a falta de grattfr'cações morais e o isolamento que repercute na prâtica profissional e no profi.ssionalismo coletivo: o arnbiente de trabalho do pro- fessor, a tendênci a à rotina formal pelo desenvolvimento deumnúmerolimitadodeesquemaspráticos,alimttaçáo das atribuições, seu incentivo profissional, a busca de in- dicadores de desempenho, a cultura pedagôgtca social' a solidão educativa, sua formação inicial muito padronizada' a hierarqui zaçáo e burocrati zaçáo crescentes, o baixo auto- conceito profissional , a imatttrtdade do usuário,a faTta de controle inter e intraprofissional e a possíve1 desvalortzaçáo da açáo ped.agôgtcapor parte das famílias (e da sociedade' portanto) e do próprio grupo profrssional' Outro fator ê anáo deflnição explícita de suas funçõos profissionais. Já me referi ao excesso de responsabiliclacltr qúe aprofissão docente está assumindo, o que torna dif'ícil delimitar as funções profissionais e também comporta tttttrt sub stancial mudança da profi ssio naltzaçáo : novas ex i gir t t t I i ; t s em relaçáo à aptendtzagern (um conceito de h«rttt«rrlt:trr:i zaçáo cultural e ao mesmo tempo flexíve1), à orgrtttiz'; lr';'t,' FRANCIsCO IMBERNÓN l)rr)Íi)ssor sobre o aluno. A autora conclui, portanto, que e lrossívcl dizer que melhorar a atuação é a cltave puru *"_lltrrrar a"efi.cácia,,. Embora seja duvidoso aplicar a,,efi.câcia,, ,os processos educativos (como diziaCombs,lg7g,há muitotompo; "as pesquisas sobre a competê,ncia, até agora, náo r;o n s e guiram ide ntifi c ar nenhuma c at acteristica comum aos bons professores,,), podemos destacar a importància daformação na prática no desenvolvimento de competênciasprofissionais. Mais discutivel é a contribuição de Medley e Crook(1981) quando definem a competência como ,,características que o professor possui seja qual for a situaç áo em que pta_ tique a docência,, , a menos que estabeleÇamos ,_u "o_p"_tência genéficada profissão e uma competência específicaque se desenvolva no contexto e na prática concreta d.adocência. Recordemos as categorias propostas por diversos estudiosos para investigar esse campo(personalid ad,e, con_texto, processo e resultado) que representou um oportuno estímulo à investigação sobre a,,efi.câcia,,, não se baseando apenas na personalidade ou no resultado. É necessário possuir diversas habilidades profissionaisque se interiorizem no pensamento teórico e prático doprofessor mediante diversos componentes, entre os quais a formação como desenvolvimento profissional upurii, d,upróptia experiência (o que implicaria, segundo Berliner ( 1 987), desenvolver habilidades metacognitivas). Ao situar a profissão no quadro dos condicionantes de rlur: falamos antes, contudo, percebemos que nas próximas cl.«;zrcias e7a deverâ desenvolver_se em uma socied ade em nrtrdanç;a, com um alto nível tecnológico e um vertiginoso rvínrÇo do conhecimento. Isso implic anáoapenas aprepa_ r ( )r.tMAÇÃo DocENTE E pRoFtsstoNAL ração disciplinar, curricular, mcdi ador a, ética, institucional, r;oletiva, mas também uma importante bagagem sociocul- tural (Imbernón, 1994) e de out«rs cl«rmentos que até o momento não pertenciam àprofissão, r;orn«r os intercâmbios internacionais, as relações com a comunidadc, as rolações com a assistência social etc. Assim, será ncocssario Íbrmar cl professor na mudança e para a mudança. Contudo, não podemos esquecer as condições cm qu«: ainda se move a profissão de ensinar, que não favorcr;cm essa profissionalidade desenvolvida que precisa de um coletivo "mais equilibrado" profi.ssionalmente, como os processos de instabilidade, a falta de gratifrcações morais e o isolamento que repercute na prâtica proflssional e no profissionalismo coletivo: o ambiente de trabalho do pro- fessor, a tendência à rotina formal pelo desenvolvimento de um número limitado de esquemas práticos, alimttaçáo das atrlbuições, seu incentivo profissional, a busca de in- dicadores de desempenho, a cultura pedagôgica social, a solidão educatla, sua formação inicial muito padronizada, a hierarquização e burocratizaçáo crescentes, o baixo auto- conceito profissional, a imaturidade do usuário, a faTta de controle inter e intraprofissional e a possíve1 desvalorizaçáo da açáo pedagôgica por parte das famílias (e da sociedade, portanto) e do próprio grupo profissional. Outro fator é a não definição explícita de suas funções profissionais. Já me referi ao excesso de responsabilidade que a profissão docente está assumindo, o que torna dificil delimitar as funções profissionais e também comporta unrlr sub stancial m:udanç a da profi ssio naTização : novas exigê n r ; i i r s em relaçáo à aprendizagem (um conceito de homogcrrci zaçáo cultural e ao mesmo tempo flexíve1), à organiz;rr,:;ro, FRANCIsCO IMBERNÓN aos chamados temas transversais, uma pressão em favor de ul;na educaçáo para a produtivid ade etc. Em suma, os professores estão assumindo responsabilidades educativas que corresponderiam a outros agentes de socialização. A profissionaTizaçáo do professor está diretamente Tigada ao exercício de sua prâtica profissional, a qual estâ condicionada por uma rede de relações de poder. Se aprática é um processo constante de estudo, de reflexáo, de discussão, de experimentação, conjunta e dialeticamente com o grupo de professores, se aproximarâ da tendência emancipadora, critica, assumindo um determinado grau d,epoder que repercute no domínio de si mesmos. ldeias-chave o O conhecimento pedagógico é o atllizad,o pelos pro_ fissionais da educação, que se construiu e recons_ truiu constantemente durante a vidaprofissional do professor em sua relaçáo com ateoria e aprâtica. o O conhecimento pedagógico especializado se legi_ tima na prática e, mais do que no conhecimento das disciplinas, reside nos procedimentos de trans_ missão, reunindo características específicas como a complexidade, a acessibilidade, a observabilidade e a utilidade social. o A competência profissional, necessária em todo pro_ cesso educativo, será formada em última instância nainteração que se estabeiece entre os próprios pro_ fessores, interagindo na prâticade sua profissaà. DOCENTE E PROFISSIONAL Nas próximas décadas, a proíissão docente deverâ desenvolver-se em uma socitltlitclrt em mudança, com um alto nível tecnolírgit;«) o tttll vcrtiginoso avanÇo do conhecimento. ,êCORTCZ vr€DtToRn ê" t ( )nMAÇAO DOCENTE E pROFtSStONAL sional mais autônorno para aul'ltont,ítr «r prestígio e o status lrrofissional e social é possível? Flti p«rssihilidade de eTaborar vt:rdadeiros projetos de instituições r:cl tr r ;i r t i vr rs, r:xpli citando os interesses dos diferentes agentes quc pcr.rlititm uma v erdader a p articip açáo p ar a além da m e ra lti r r.l i r ; i pi r r,;;i o n or- mativa e legal que favorece uma colegialicl;rclc rrrtiÍir;irrli, o A segunda ideta questiona a legitimaçào oÍir:iirl rl;r transmissão do conhecimento escolar que antes «llr irtrrrlri- ve1, mas hoje deixou de ser. Consequentemente, qucsti«rnir tambérn a estrutura da profissão docente, que talvez flrssc adequada a urna época pré-industrial ou industrial, mas .hoje em dia precisa pôr a comunidade educativa em con- tato com os diversos campos e meios do conhecimento e da experiência. A instituição educativa deve dividir o co- nhecimento que transmite com outras instâncias sociais. Zeichner (1999, p. 85) nos diz que: "Outros trabalhos nessa linhalrefere-se à patticipação da contunidade,l demonstratam que uma das chaves para o suces- so acadêmico nas escolas, sobretudo para os alunos negros e para os debaixa posição socioeconôtnica, ê ainteraçáo posi- tiva entre os membros da comunidade e o pessoal da escola, urna inter ação qu e pode surgir da p articipação signifi cativa da comunidade na tomada de decisões escolares,l o A terceira ideia é que a profissão docente foi um campo repleto de misticismos, de conhecimento cheio rlr: contradições. Avançou-se mais no terreno das ideias c clrs palavras que no dasprâticas alternativas de organizar,;;ro. l,l pre ciso de senvolver novas pr âticas aTternativ as bas o l r rl r r s r r r r verdadeira autonomia e colegialidade como nrocir)isrrror; de participaçáo democrâtica da profissào qLt{) pr:rrrril,rrrr vislumbrar novas formas de entender a proíisslro, rlr:svr:l;rr A profissão docente diante dos desafios da chamada sociedade gtobatizada, ão conhecimentoou da informaçãÀ O debate e a análise dos aspectos anteriores, cadavez mais presentes no sistema social e educativo, devemdesenvolver-se tendo em conta o novo qaadrosocial: areaTidade da desregulamentação social e econômica, asideias e práticas neoliberais , a tão falada globalização oumundiaTização, os indicadores de desempenho para medira qualidade educativa, a falsa autonomia d.a educação e oavanÇo do gerencialismo educativo etc. Nesse sentido, é ne_cessário estabelecer um debate sobre a análisedas relaçõesde poder e sobre as alternativas de participaçao (autonomia,colegialida de...) na profi ssão do"errte. Em um primeiro momento, destacam_se três ideias }xf,l-""tais que devem ser analisadas no debateprofis_ o A existência ou não de um conhecimento profissio_nal autônomo do professorado. Esse conhecimento profis_ FRANCISCO IMBERNÓN o currícul. .culto das estruturas educativas e descobriroutras maneiras de ver a profissão docente, o conheci_mento profissional necessário, a escola e sua organ izaçãoeducativa. pata tanto, temos de compreender o que ocorreante as especificidades relativas às âreas do currícul0, àsestruturas espaço_temporais que imped"; ;; .;;.r.de organização, à patticipaçãà ativada comuni d,ade, à di_nàmica e comunicação dos grupos, à escolarização pública,àvelozimplantação de novàs tàcnologias d,ainformação, àintegração escolar de menino. " *"rrrrus com necessidadeseducativas especiais, ou ao fenômeno intercultural. Issocondiciona o conhecimento proflssional a ser assumido:que tipo de proflssionar e de instituição educativaqueremospara o futuro? que formação serânecessária? Devemos evitar a perspectiva denom inadagenerica_ mente ,,técnica,, otJ,,Íacional_técnica,, e basear o, piogrr*ade formação no desenvolvimento de um conceito determin ado d.eo-p"t*ffiil:1ffi,á:'# técnica) que consistem em deterlinados tipos de estraté_gias tendentes a rcalizar a mud.anÇa com procedimentossistemáticos que pretendem fazer frente à complexidadeeducativa com garantias de êxito. "vrrryrcÀl(lâo Como dizíamos Anfcrinr^o^r^ ^ .- obter ,- p.on,.,:x, fiirT;J'l;í fJlxT"ri:fil: agente de mudança, individual e coletirramente, e emboraseja importante saber o que deve fazere como, também éimportante saber por que deve fazê-lo. E dific, generalizarsituações de docênci a já que a profissão não enfrenta pro_blemas e sim situações problemáticas context ualizad.as.Um fator importante na capacitação profissional é aatitude do professor ao planejar sua tarefa docente não FoRMAçÁo DocENTE E PRoFlssroNAL apenas como técnico infalível, mas como facilitador"de aprendizagem, um prático refloxivo, ct)paz de provocar a cooperaçáo e parttcipação dos alunos. Por isso, na formaçáo do profissionirl rlir cducação é mais importante centrar a atenção em conto os ltrofitssores elaboram a inforrnaçáo pedagógtca de quc disllõ«)Í]t o os dados que observam nas situações da docência, o ()n'r oorlto essa elaboração ou processamento de informaçã«l sr: pr«r jt:tu sobre os planos de açáo da docência e em seu descnvolvi- mento prático. A forrnação do professor se fundamentarii em estabelecer estratégias de pensamento, de percepção, de estímulos; estará centrada na tomada de decisões para processar, sistematizar e comunicar a informaçáo. Desse modo, assume importância areflexão sobre a prâticaem um contexto determinado, estabelecendo um novo conceito de investigação, em qüe a pesquisa qualitativa se sobrepõe à quantitativa. Finalmente insiste-se no estudo davtdaem sala de aula, no trabalho colaborativo como desenvolvimento da instituição educativa e na socialtzaçáo do professor. Thata-se de forrnar um professor como um profissional prático-reflexivo que se defronta com situações de incerte- za, contextualizadas e únicas, que recoffe à investigaçáo como uma forma de decidir e de intervir praticameÍtte em tais situações, que faz emergir novos discursos teóricos e concepções alternativas de formação. O processo de formaçáo deve dotar os professores dr: conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolvr:r profissionais reflexivos ou investigadores. Nesta 1inha, o eixo fundamental do currículo de formação do profcssol c o desenvolvimento dacapacidade de refletir sobro u prr)plirr prâtica docente, com o objetivo de aprendr:r a inlcr'plr rl;rr, 41 4) FRANCISCO IMBERNÓN rornpreender e refletir sobre a realidadesocial e adocência. "A tbrmaçã.o inicial e petmanente do profissionai de educa_ <;ão deve preocapar-se fundamentalmente com a gênese dopensamento prâtico pessoal do professo4, incluiido or,oos processos cognitivos como afetivos que de algummodose interpenetram, determinan d.o a atuação d,o professor,,(Gimeno, 1988, p. 61). Mas o professor não d,everefletir unicamente sobre suaprâtica, mas sua reflexão atravessa r, "r*i""]" ;r::l_para anatisar todo tipo de ,r.".".."rffi::":"'.T:Ht"1: ção' àtealidade social, com o objetivo concreto de obter aemancip ação das pessoas. Enfim, a formaçáo deveria d.otar oprofessor de instru_mentos intelectuais que sejam úteis ao conhecimento e àinterpretação das situações compl"*r. em que se situa et potoutro 1ado, envolver os professores "_ ," ,"1:;:::,^:'= comunitáriaparadaràeducanao"r"otL:::r?:::;Z;;:T: vínculo entre o saber intelectual e a realidade social, coma qual deve manter estreitas relações. Esse enfoque, de conotações críticas, exige uma novaproposta na formação do professor que consiste em levarem conta o meio, o grupor a instituiçã o, a comttnidade, asbases implícitas, as decisões e atitudàs do professorado. A formação do professor ou professora d.eve abando_nar o conceito de professor/a tradicional, acadêmico ouenciclopédico e o do especialista_técnico (bem anuli.ralpor Jackson, 7gg7, em sua edição ampliad,a d,e La uida enlas aulas, que serviu de estímul o parau^^nou^concepção da pesquisa sobre o professorado;, prOprio do enfoq ue detacionaTidade técnica, cuja função primoraial é transmitir r ( )ilM^( Ao DoCENTE E PROFTSSTONAL conhecimento mediante a apli«;irr,:ào mecânica de receitas c procedimentos de intervenção llrojr:tados e oferecidos a lrartir defora. Propugna-se um papcl nriris;rtivo do professor r r o planejamento, desenvolvimentr l, ;l v; r I i l r r,;i r l c rr l Iirrmula- r,;ão de estratégias e programas de pr:squis;r tlc irrtr:rv«rnr.;;-lo cducacional de forma conjunta e com a oonrurrirlirrlc tlrr«: cnvolve a escola. O tipo de formaçáo inicial que os professores cos t r n n i u r r receber náo oferece preparo suficiente para aplk:ilr unril nova metodologia, ne{n p ar a aplicar métodos dese nvcll v i cl os teoricamente naprâtica de sala de aula. Além disso, não sr: tomamenor informação sobre como desenvolver, implantar e avaltar processos de mudança. E essa formaçáo inicial e muito importante jâ que é o início da profissionaTização, um período em que as virtudes, os vícios, as rotinas etc. são assumidos como processos usuais da profissão. ldeias-chave o É preciso desenvolver novas práticas alternativas baseadas na verdadeira autonomia e colegialidade como mecanismos de participação democrática da profissão que permitam vislumbrar novas formas dc entender a profissão, revelar o currículo oculto clirs estruturas educativas e descobrir outras maneiras clc ver a profissão docente, o conhecimento profissiorlrl necessário, a escola e sua organizaçáo educirtivrr. o Um fatorimportanlenacapacitaçáo profissiorrrrl r: ;r atitude do professor ao p),anejar sua t:tr«:Íit rlor;r:rrlr: ,*o*a,rao ,*urr*u* não apenas como técnico infalível e sim como faci- litador de aprendizagern, como um prático reflexivo, capaz de provocat a cooperaçáo e parttcipação dos alunos. A formação do professor deveria basear-se em esta- belecer estratégias de pensamento, de percepção, de estímulos e centrar-se na tomada de decisões para processa4 sistematizar e comunicat a tnformaçáo. A formaçãodeveria dotar o professor de instrumen- tos intelectuais que possam auxiiiar o conhecimento e interpretação das situações complexas com que se depara. Por outro 1ado, deveria envolver os pro- fessores em tarefas de forrnaçáo comunitáÍta para dar à educação escolarizada a dimensão de víncu1o entre o saber intelectual e arealídade social, corn a qual deve manter estreitas relações. @Effiã 6 A formação como elemento essenciat' --mas não único, do desenvotvimento Profissionat do ProfessoÍ Atualmente fala-se muito de desenvolvimento profis- sional do professor' Já comentei em outro lugar (ImbernÓn' 1gg7)o perigo de confundir termos e conceitos em tudo o qr" ." ráf"r" à formaçáot: ry:i::: :"r?H:1ffi Xff; predominantemente norte-amerlcano' entre forma çáo permartente e desenvolvimento profi ssional' se aceitarmos essa similitude, veÍemos o desenvolvimento profissional como um aspecto muito restritivo' já que sig- ntf,cartaque a fotmaçáoé o único meio de que o professor dispõe para sedesenvolver profissionalmente' A partir de no ssa re alid ade, náopodemo s afrrmar que o de senvolvime n- to profissional do p'of""o' deve-se unicament" ":::::- volvimento pedagàgico, ao conhecimento e compreensao de si mesmo, ao desenvolvimento cognitivo ou teórico' Elt: é antes decorrência de tudo isso' delimitado' porem' «lut itr- crementado por uma situação profissional que permit«r ,rr impede o desenvolvimento de uma carÍe7Ía doccntrl' FRANCISCO IMBERNÓN A nosso vett a profissão docente desenvolve-se por diversos fatores: o sa1ário, a demanda do mercado de tra- ba1ho, o clima de trabalho nas escolas em que é exercida, a promoçáo na proflssão, as estruturas hierârquicas, a carreira docente etc. e, é claro, pelaformaçáo petmanente que essa pessoa rca7iza ao longo de sua vida profissional. Essa perspectiva é mais global e parte da hipótese de que o desenvolvimento profissional é um conjunto de fatores que possibilitam ou impedem que o professor progrida em sua vida profissional. A melhorta da formação ajudará esse desenvolvimento, mas a melhoria de outros fatores (sa1á- rio, estruturas, níveis de decisão, níveis de participaçã,o, carreira, clima de trabalho, legislação trabalhista etc.) tem papeT decisivo nesse desenvolvimento. Podemos reaTtzat uma excelente formação e nos depararrnos com o patado- xo de um desenvolvimento próximo da proTetarizaçáo no professorado porque amelhortados outros fatores não está sufi cie nte m ente gar anttda. Concluindo, aforrnaçáo êu:m elemento importante de desenvolvimento profissional, mas náo ê o único e taTvez não seja o decisivo. Tâmbém existe o risco de o termo desenvolvimento profrssional, do modo como vem sendo apTicado ultimamen- te, ter conotações funcionalistas, quando definido apenas como uma atividade ou um pÍocesso para a melhoria das habiiidades, atitudes, significados ou da reahzaçáo de uma funçáo atual ou futura. Não desejo considerá-lo desse modo em minha análise. A meu ver, hâ um processo dinâmico de desenvoivimento do professor, no qual os dilemas, as dúvidas, a falta de estabilidade e a divergência c1l,egam a constituir aspectos do desenvolvimento profissional. Schôn FoRMAçÂo DoCENTE E PRoFlssloNAL (1992), em outros teÍmos' apresenta-o como a existência de um conhecimento prof,ssional exteri'or às situações cam- biantes daPrânca' Pottanto, o desenvolvimento profissional do professor pode ser concebldo como qualquer intenção sistemática de melhora r aprârtcaprofissional, crenÇas e conhecimen- tos proflssionais, ** o objetivo de aument ar a qtaltdade docente, de pesquis a e de gestão' Esse conceito inclui o diagnóstico técnico ou não de carências das necessidades atuais e futuras do professor como mernbro de um gÍupo profissional, " o dãt"nvolvimento de políticas' pÍogra- mas e atividades-pata a satisfação dessas necessidades profissionais' O professor precisa de novos sistemas de trabaiho e de novas aptendrzagens paÍa exercer sua profissáo' e concteta- mente daqueles "p"lto' profrssionais e de aprendtzagem associados às instituições educativas-como núcleos em que traballtao* "o"j""o d" n""ous' A formação será1egítima então quando contribuir pu'u o desenvolviTentl:ro1-t:t- nal do prof""o' "o âmbito de trabalho e de melhoria das aPt etdizagens Pro fi ssionais' Outro aspecto que deve ser introdu zido no:,"-l":l:: U" desenvolvimento piofrssional refere-se ao coletivo otl 111s- titucional, ou seja' o de desenvolvimento de todo o pessoal que trabalh a ern ÚrYrainstituição educativa' ". U:::^il:'"" mento profissional de todo o pessoal docente de uma insti- tuição edtcalivainlegratodos os processos que melhoranl a situação a" i'*ufi'o' o conhecimento profissional' as habilidades e atitudes dos trabalhadores etc' Portanto' nosso conceito seriarn incluídas as equipes de dteçáo' o pcss«ritl não docente e os Professores' I I =:==:i=a= FRANCISCO IMBERNÓN Considerar o desenvolvimento profissional mais a1ém rlas práticas da formação e vincul â-7o a fatores não formati- vos e sim profissionais supõe uma redefiniçáo importante, jâ que a formaçáo náo é analisada apenas como o domínio das disciplinas nem se baseia nas características pessoais do professor. Significa tarnbém analisar a formaçáo como elemento de estímulo e de luta pelas melhorias sociais e trabalhistas e como promotora do estabelecimento de novos modelos relacionais na prâttca da formaçáo e das relações de trabalho . Em reTaçáo a esse tema, Bolam (1980) em sua mensagem na conferência intergovernamental de Paris já argumentava que "as dificuldades encontradas nestes anos no que se refere a programas de formação (. .) reveTaram, poÍ um lado, apouca consideraçáo daexpertênciapessoal e profissional dos professores, de suas motivações, do meio de fiabaTho - em suma, de sua situação de trabalhadores - e, por outro, a pafiicipação insuficiente dos interessados na tomada de decisões que thes concernem diretamente. (...) Os professores devem poder benefi ciar-se de urna formação peÍÍnanente que seja adequada a suas necessidades profis- sionais em contextos educativos e sociais em evolução". Os modelos relacionais, tanto de trabalho como de formação, estabelecem um determinado conceito de desenvolvimento profissional. Falar de desenvolvimento profissionaT, para alérr' da formaçáo, significa reconhecer o carâter profissional espe- cífico do professor e a existência de um espaÇo onde este possa ser exercido. Também implica reconhecer que os professores podem ser verdadeiros agentes sociais, capazes de pTanejar e geúr o ensino-aprendizagem, a7êm de intervir nos complexos sistemas que constituem a estrutura social e profissional. FORMAçÃO DOCENTE E PROFISSIONAL ldeias-chave o O desenvolvimento profissional do prof'essor não é apenas o desenvolvimento pedagógico' tl conhe- cimento e compreensão de si mesmo' o desen- volvimento "ogrriti"o ou teÓrico' mas tudo isso ao mesmo t"*po delimitado ou incrementado por uma situaçaà profissional que permite ou impede o desenvolvimento de uma cartetra docente' o O desenvolvimento profissional do professor pode SeIum",ti*,,loparamelhol]ataprâttcaprofis- ' sional, convicçOes e conhecimentos profissionais' com o objetivo de aumentar a qualtdade docente' de Pesquisa e de gestão' o Considerar o desenvolvimento prof,ssional mais a1ém das fráticas da fotmaçáo e vinculá-lo-u'u:* res não formativos e sim profissionais supÕe uma rede fi nição importante' Signifi ca t amb ém analtsar a formaçáoto*á elemento de estímu1o e de luta pelas melhorias sociais e profrssionais e como promotora do estabelecimento de novos modelosrelacionais na ptÉr|rca da formaçáo e das relações de trabalho' ,êcoRr€z§r€DtToRn 7 FORMAçÂO DOCENTE E PROFISSIONAL prâtica. Possibilitar a passagem da experiência de inovirr"rrro (isolada e individual) à inovação institucional. Se considerarmos válidas as premissas anteriores, a capacidade profissional não se esgotará naformaçáo técni- ca, mas alcançarâ o terreno prático e as concepções pelas quais se estabelece a ação docente. A formação terâ como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prâtica docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo constante de autoavaltaçáo que oriente seu trabalho. Aorientaçã.o pata esse processo de reflexão exige uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da prâtica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes. Isso supõe qae a formaçáo permanente deve estender-se ao terreno das capacidades, habilidades e atitudes e que os valores e as concepções de cada professor e professora e da equipe como um todo de- vem seÍ questionados permanentemente. Abandona-se o conceito obsoleto de que a formaçáo e a atualização científica, didâtica e psicopedagogica do pro- fessor para adotar um conceito de forrnação que consiste em descobrt, otganizar, fundamenta4 revisar e construir a teoria. Se necessário, deve-se aludar a remover o sentido pedagógico comum, recompor o equilíbrio entre os esque- mas práticos predominantes e os esquemas teóricos que os sustentam. Esse conceito parte dabase de que o profission,;tl de edacaçáo é construtor de conhecimento pedagógico rlr: forma individual e coletiva. Stenhouse (1987) diz que "o poder de um proÍ.ossot' iso lado ê limitado. Sem o esforço deTe jarnais se p«rclct;r olrlct a rrrelltoria das escolas; mas os trabalhos inrlivirltt;tiii r;;to A formação permanente do professor Na formação permanente destacamos cinco grandes linhas ou eixos de atuação: 1. A reflexão prático_teôrica sobre a prôpria prâtica mediante a análise, a compreensão, a interpretaç ão e a intervenção sobre a rca7idad,e. A capacidad,e do professor de gerar conhecimento pedagógico por meio da prática educativa. 2. Atroca de experiências entre iguais paratornar pos_ sívela atualização em todos os campos de intervençao eau_ cativa e aumantar a comuni caçã,o entre os profbssores. 3. A união da formação a um projeto de trabalho. 4. Aformação como estímulo crítico ante prâticas pro_ fissionais como ahieratqttia, o sexismo, a proletarização, o individualismo, o pouco prestígio etc., e práticas sociais como a exclusão, a intolerân cia etc. 5. O desenvolvimento profissional da instituição edu_ cativa mediante o trabalho conjunto para transformar essa FRANCISCO IMBERNÓN 1l«rrsonalista e isolada pode originar experiências de inova- ção, mas dificilmenteTevarâ a:u:rria inovação da instituição e da prâlíca coletiva dos profissionais. Não devemos esquecet, potém, qlue a formaçáo do profissional de edtcaçáo está diretamente relacionada ao enfoque ou à perspectiva que se tem sobre suas funções. Por exemplo, se se privilegta avisão do professor que ensina de forma isolada, o desenvolvimento profissional será centrado nas atividades em sala de aula; se se concebe o professor como algtérn que aplica técnicas, uma racionalidade téc- nica, o desenvolvimento profissional será orientado para a disciplina e os métodos e técnicas de ensino; se se baseia em um profissional crítico-reflexivo, e1e será ofientado para o desenvolvimento de capacidades de processamento da informação, aná1ise e reflexão critrca, diagnóstico, decisão racional, avahaçáo de processos e reformuTaçáo de projetos, sejam eles profissionais, sociais ou educativos. Quando se analisava a docência como profissão apartir de uma perspectivaunicamente têcnica e funcionalista do conhecimento profissional, não se podia deixar de identifi- car as competências genéricas do professor para entrever os efeitos sobre os alunos (na êpoca, a parttr dos anos 70, muítas pesquisas foram dedicadas a isso. Umbom exemplo é o estudo de Oliva e Henson, 1980 (In: Schein, i9BB), F1ó- rida, EUA, em que identificam 23 competências genéricas divididas em básicas, técnicas, administrativas, de comu- nicaçáo e interpessoais). Nessa perspe ctiva, distinguem-se três componentes no conhecimento profissional prático (Schein, 19BB): FORMAçÂO DOCENTE E PROFISSIONAL . Um componente de ciência básica ou disciplina subjacente em que se apoia apraticaou srlbre o qual e1a se desenvolve' Foi denominado t;onhccimento profissional do conteúdo' o Um componente de ciência apTicada «ru ongonha- ria do qual derivam os procedimcntos ctltidianos de diagnóstico e solução de prohlemas oomo uma atividade instrumental' Poderia ser denominatlo conhecimento didático do conteúdo' o Um componente de competências e atitudes que se relacionacomsuaintervençãoeatuaçáoaserviçodo cliente, utilizando o conhecimentobásico e aplicado subjacente. Aqui podeúamos situar o conhecimento profi ssional PsicoPedagógico' 'Étmaperspectiva que atualmente tem sido questiona- da no que se tefere ao desenvolvimento do conhecimento profissional. O questionamento deve-se a diversos fatores: - A subordinaçáoda profissão à produção do conhecimento Por Parte de outros' - A desconfi anÇa no professor' considerado inc ap az de get ar conhecimen to pedagôgico e, portanto ' de gerar conhecimen- to PedagÓgico válido' - A separaçao entte teoria e ptâlica' em que a ptâtíca e considerada uma aplicaçáo da leoria' sem que haja uma rclação dialêtíca entre elas' - O isolamento profissional, pelo desenvolvimento de um modelo metodolÓgico de aula' _ O abandono dos problemas motais, éticos, sot;iais tl llrlli ticos da edtcaçáo, que são esquecidos e marginltlizittlos tttr conhecimento formal' = FRANCISCO IMBERNÓN - O impulso do corporativismo, emvezdo trabalho conjunto para a melhoria cok:tiva. - O fator da clescontextualização,.já que as soluções na prâ- tica podem ser aplicarlas a qualquer contexto educativo. Destacamos na crítica a essa formação o fator da con_ textualização, Ltrna vez qLte as ações educativas sempre ocorrem em um contexto social e histórico determinado, que influi em sua natureza. A título de exemplo, é interes_ sante a reTação que se estabelece entre os valores e crenÇas de uma sociedade como a norte_americana, centrados nclindividualismo e em uma cultura da compet ição, e o tipo de orientaç ão recebidapelo,esenvolvimento profi,rlorrrl "peTa formação do profissional de educação nesse país. Partindo do contexto, não podemos deixar de passar ao cenârio profissional. Este será fundamental na ge.rção de conhecimento ped,agogico e/ nesse cenário complexo, as situações problemáticas que nele aparecem são apenas instrumentais, já que obrigam o profissional da edtcação a elaborar e construir o senticlo d,e cad,a situação (Schon, 1992), muitas vezes única e irrepetível. Essa nova epistemolo gia da prâticaeducativa gera Ltma nova forma de ver aformação e o docente, e torna mais com_ plexa a formação do professor. Essa crescente complexidarle social e formativa faz cotrt cl)e a proflssão docente e suaformação tambémse tornem, ao mesmo tempo, mais com_plexas, superando o interesse estritamente técnico aplicado ao conhecimento profissional, no qual o profissionalismo está ausente, iâ que o professor se converte em instrumen_ to mecânico e isolado de apTicação e reprodução, dotado apenas de competências de aplicação técnica. Isso provoca FoRMAÇÁo DoCENTE E PRoFISSIoNAL uma alienação profi ssional, uma ckrspro I i ss io r r r I ização, que tem como consequências a espera do cy rrr: lrs solrrt.;Õcs ve- nham dos "especialistas", cadayc7, nritis ItttlIrcl()si()ri,o ulna inibição dos processos de mudanÇrl olrl t c o r;olcl ivo, « rtt s«r ja, ttmaperda de profissionalismo o r..llll l)loccsso rtctttir;o tlc planejarnento e desenvolvimento clc sctt tt'irhrtllr«r c, pot't;tn- to, do desenvolvimento proflssional. L.l rtur Íirlnrrrt,ri«r rlcvc propor um processo que dote o profbssor cit: 0rItt ltrtrtittl0Iltos, habilidades e atitudes para criar profissionais rcÍlcrivos ou investigadores. O eixo fundamentai do currít;ul«r rlc lor- mação do professor é o desenvolvimento de instrumcnlos intelectuais para facilitar as capacidades reflexivas sobrc ir propria prâtica docente, e cuja meta principal é aprender a interpretar, co7'rrpreender e refletir sobre a eduoação c a realidade sooial de forma comunitária. O caráter ético da atividade educativa tarnbern adquire reievância. Já dissemos que centrar o desenvolvimento profissio- nal nas práticas de sala de aula e da instituição supõe uma redeflnição importante, jâ que a fortnação náo é analisada apenas como o domínio das disciplinas nem se limita às características pessoais do professor. Signiflca estabelecer novos modelos relacionais na pratica da formaçáo (Imber- nón, 1989). Meirieu (1987) nos relata a experiência de for- mação da Academia de Lyon, estabelecendo dois modelos relacionais em formaçáo (jâ analisados em sua época por Fulkerson, 1954; Car1i1e, 1954 e Ryans, 1954, no fournul ol Eclucational Research; e posteriormente por Clark e Y ingr rr; 1979; Brofenbrenner, 1976; Tikunoff, 1979). Assim, cttt r,ct ;t l se estabelecem dois modelos: 7. Mocielo aplicacionistc,í ou normatiuo, <:stt',rttlirlo ,t pr;r tica formativa do desenvolvimento profissiorrlrl, t I t tl r;tt 1 ror: Escola Realce FRANCISCO IMBERNÓN ál cxistência de soluções elaboradas por especialistas forada classe. Thadicionalmente, trata_se de aulas_modelo ebaseia-se naimitação. ,Em sua versão tecnocrátic a, trata_se de ferramentas didáti cas deduzidas da anárise dos conteú-dos disciplinares. O princípio da ativid ade pedagôgica e, neste caso, a rcprodução centrad,a no ttatamento nocional,,(Meirieu, 7g87, p. 56). Supõe um progresso da solução com rc7açáo à situação prâtica. Esteve (lg\7, p. 110) atribui àutiTizaçãodesse modelo normativo, no desenvolvimento profissional na formaçãoinicial (predominantemente) e na formação permanente, uma das causas do mal_estar docente pelo conceito de pro- fessor a ele subjacente (e que gera um ,,sentimento de culpa,,por sua náo adequação ao modelo, sobretudo do profissional de educação novato), jâque são,,programas de formação doprofessor orientados por um modelo de profbsso t,eficaz, olt 'boml Thl modelo, quase sempre implícito, reúneo conjunto de qualidades atribuídas ao ,bom professor,em uma socieda_ de e em um momento histórico determinados. Sobre abase desse modelo de ,bom professor,transformado em norma,definem-se as atividades e os enfoques d,a formação doprofissional de educaçào, transmitindo ao futuro professor o que deue fazer, o que dnue pensar e o que deue euitar para adequar sua atuação educativa ao modelo proposto,,. E um modelo arraigado numa determinad a imagem social e profissional do professor: a existência de inúmeros denominadores comuns nos traços de personalidade dos "bons professores,l Esse modelo relacion al na formaçáo é questionado, entre outras coisas, pela hetero geneidade e pela idiossin_ crasia dos coletivos escolares, pela necessidad e d,e adaptar FoRMAçÁo DocENTE E PRoFrssroNAL a metodologia de forma flexível e pela impossibilidade da perfeição metodológica. 2. Modelo regulanuo ou descntruo. Cara«;tr:riza-st: por si- tuar o professor em situações de pesquisa-ar,;ão, sr-rsr;itarndo a criatividade didâtica e sua capacidade drr r«rsul;i-li,r sr:gunrlo seus efeitos. A capacidade de elabor:rr itincr;iri«rs tlili:rcn- ciados com diversas ferramentas com url cirrritr:r abcrto t: gerador de dinamismo e situações difbrcntr:s. A relatividade desta nova proposta pcrmit<: Ílcxibiliz,ar a profissão, que se mostra mais sensíve7 e permeável às mu- danças que ocoffem na sociedade e permite que perci:pções divergentes possam coexistir. Mas a socialização profissional do professor comeÇa naforrnaçã.o inicial. E preciso analisar a fundo aformaçáo inicial recebida pelo futuro professor ou professora, rtrnayezque a construção de esquemas, imagens e metáforas sobre a educação comeÇam no início dos estudos que os habrhtarão à profissão. A formação inicial é muito importante , jâ que o conjunto de atitudes, valores e funções que os alunos de formaçáo inicial conferem à profissão será submetido aloma série de mudanças e transformações em consonância com o processo socializador que ocorre nessa formaçáo inicial. É ali que se geram determinados hábitos que incidirão no exercício da profissão. ldeias-chave o A formação deve apoiar-se em uma reflr:xã«r «l«rs sujeitos sobre sua prâtica docente, de m«rrkr ;r llrr:s permitir examinar suas teorias implícil;rs, sctts I @88flÊã iiilfi FRANCISCO IMBERNÓN esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo constante de autoavaTiaçáo que oriente seu trabalho. Aformaçáo permanente deve estender-se ao teffeno das capacidades, habilidades e atitudes e questionar peÍrr,arentemente os valores e as concepções de cada professor e professora e da equipe como um todo. A formação consiste em descobrir, otganizar, funda- mentar, revisar e construir a teoria. Se necessário, deve-se ajudar a remover o sentido pedagógico comum, recompor o equilíbrio entre os esquemas práticos predominantes e os esquemas teóricos que os sustentam. Uma formaçáo deve propor um processo que confira ao docente conhecimentos, habilidades e atitudes para uiar profissionais reflexivos ou investigadores. O eixo fundamental do currículo defornaçáo do profes- sor é o desenvolvimento de instrumentos intelectuais parafaclTitar as capacidades reflexivas sobre apropria prâtica docente, cuja meta principal ê aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a educaçáo e a reaTidade social de forma comunttâria. A formação inicial Para a profissão docente O Sistema Educacional sempre situou a fotmaçáo do profissional da edacaçáo, ou seja' a profissionaltzaçáo do- ceÍlte, no contexto de um díscurso ambivalente' paradoxal ou simplesmente contraditório: de um lado' a retórica his- tórlca da tmporlància de ssa formaçáo ; de outro' a re aTidade da miséria social e acadê'mtca que the concedeu' Sabe-se, porém, que tratar do conhecimento profissio- nalou, o que é o mesmo, do conhecimento pedagôgtco do professor constitui um dilema e que esse é um tema que atndadeve contifiraÍ a ser definido' conceituado e analt' sado para além do debate funcionalista e administrativo da profissionaltzaçáo docente' olJpara a1êm do tópico drr pesquisa denominado ciclos vitais do professor (nos quilis o conhecimento proflssional ê' reTacionado à idade tl its «:il- racterísticas pessoais e profissionais' e que consiclrlrrt totkr profrssional rgual, independente de seu contcxto) a Escola Realce USER Highlight FRANCISCO IMBERNÓN Isso nos obriga a repensar a aquisição do conhecimento profissional básico (referimo-nos ao conhecimento profis- sional de iniciaçáo à profissão). Nas últimas décadas fi.zeram-se muitas pesquisas so- bre o conhecimento profissional dos professores. Sabemos que diflcilmente o conhecimento pedagógico básico tem um carâter muito especiahzado, jâ que o conhecimento pedagógico especializado está estreitamente ligado à açáo, fazendo com que umaparte de tal conhecimento seja prático (Elbaz,19B3; Connelly e Cladinin, 1985), adquirido apartt da experiência que proporciona informação constante pro- cessada na atividade profissional. A formação inicial deve fornecer as bases para poder construir
Compartilhar