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Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 86Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 10 – Elaboração de estratégias competitivas Objetivos desta aula Os objetivos desta aula são: • Explicar os princípios e fundamentos das estratégias bem-sucedidas. • Discutir a elaboração de estratégias competitivas. • Avaliar as estratégias competitivas básicas. • Descrever as estratégias focadas na concorrência. • Examinar as estratégias de ataque e defesa, do líder de mercado e de seus seguidores. Leia a passagem abaixo: “ O mundo é muito mais competitivo do que as pessoas pensam, particularmente na área de tecnologia. Se uma empresa se descuida de melhorar seus produtos e se concentra apenas no exercício do poder, será desbancada rapidinho.É essa a graça do capitalismo: mantém até as empresas bem-sucedidas no fio da navalha.” O parágrafo retrata o pensamento de ninguém menos que Bill Gates, o mago da informática e o poderoso dono da Microsoft, a maior empresa mundial de produção de softwares e sistemas operacionais para computadores. Segundo Ohmae (1985, p. 35), o que a estratégia empresarial procura – o que a distingue de todos os outros tipos de planejamento empresarial – é, em poucas palavras, a vantagem sobre a concorrência. Sem os concorrentes, seria desnecessária uma estratégia, já que a finalidade única do planejamento estratégico é permitir à empresa conseguir sobre os concorrentes, da maneira mais eficiente possível, alguma vantagem que, depois, ela possa sustentar. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 87Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb O objetivo da estratégia empresarial é produzir as condições mais favoráveis ao seu lado e procurar, com exatidão, o momento apropriado para atacar ou recuar, avaliando-se, sempre com correção, os limites do compromisso que assume. Além do hábito da análise, o que caracteriza a mente do estrategista é a elasticidade ou flexibilidade intelectual que o habilite a formular respostas genuínas a situações que mudam continuamente, e não simplesmente a distinguir com precisão diferentes tonalidades de cinzento. No raciocínio estratégico, procura-se, em primeiro lugar, compreender, com clareza, o caráter particular de cada elemento da situação, depois se utilizar, da maneira mais plena possível, o poder mental para reestruturar, de forma mais proveitosa, esses elementos. Nem sempre os fenômenos e acontecimentos da vida real caminham linearmente. Daí porque o modo mais seguro de decompor uma situação nas partes que a constituem e recompô-la no padrão desejado não é adotar qualquer metodologia que caminhe passo a passo, como análise dos sistemas. Chega-se a isso, sim, utilizando o menos linear instrumento de raciocínio: a mente humana. Deduzimos, então, desse pensamento de Ohmae, que é difícil ensinar o raciocínio estratégico, pois ele depende de inúmeros fatores de cada indivíduo, tais como o nível cognitivo, experiências, nível de inteligência, nível de percepção, nível de criatividade, formação etc. e, portanto, só se podem ensinar metodologias e técnicas que facilitem a utilização do raciocínio estratégico na determinação de estratégias corretas e vitoriosas. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 88Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DAS ESTRATÉGIAS BEM- SUCEDIDAS Para serem bem-sucedidas, as estratégias de marketing precisam ser estabelecidas de forma que atendam aos seguintes pontos básicos: - Assumir e praticar estratégias orientadas para os desejos e necessidades dos consumidores/clientes e não orientadas para o produto, produção, finanças ou vendas; - Definir as estratégias de forma que gerem vantagens competitivas do produto/serviço no mercado, quando comparado com os concorrentes; devido à limitação dos recursos, é impossível conseguir vantagens competitivas em todos os atributos do produto e em todas as variáveis de decisão de marketing; portanto, esteja certo de escolher e focar as estratégias sobre os fatores significativos, perceptíveis e valorizados pelos consumidores/ clientes que as pesquisas de marketing indicarem; - Assegurar a integração e o funcionamento eficaz de todas as atividades da empresa que tenham ou possam ter conseqüências sobre as atividades de marketing; - Reconhecer a importância da prática da análise, planejamento e controle de marketing e da utilização das técnicas de marketing como forma de solução de problemas na gestão dos esforços de marketing; - Definir as estratégias, objetivando gerar volumes crescentes de receitas lucrativas. (MATTAR ; SANTOS, 1999, p.137-138) Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 89Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS BÁSICAS Nenhuma estratégia é a melhor para todas as empresas. Cada empresa deve determinar qual estratégia é mais coerente com a sua posição no mercado, seus objetivos, oportunidades e recursos. Mesmo dentro de uma empresa, diferentes estratégias podem ser necessárias para diferentes tipos de negócios ou produtos. A Johnson & Johnson utiliza uma estratégia de marketing para suas marcas líderes em mercados consumidores estáveis e outra para seus negócios e produtos de alta tecnologia para a saúde. Há mais de duas décadas (1980), Michael Porter sugeriu três estratégias vencedoras de posicionamento competitivo básico que as empresas podem adotar. São: - Liderança de custos gerais. Neste caso, a empresa trabalha, arduamente, para atingir os mais baixos custos de produção e distribuição, de modo a poder oferecer preços mais baixos do que os de seus concorrentes e conquistar uma grande participação de mercado. A Texas Instruments, a Wal-Mart, a Intel são algumas das líderes desse tipo de estratégia. - Diferenciação. A empresa concentra-se na criação de uma linha de produtos e um programa de marketing altamente diferenciados, de forma a tornar-se líder de classe no setor. A maioria dos clientes prefere ter esse tipo de marca, se o preço não for muito alto. A IBM, a Caterpillar, a Sadia seguem essa estratégia no mercado em que atuam. - Foco. A empresa concentra seus esforços em atender bem a alguns poucos segmentos, em vez de perseguir todo o mercado. Como exemplo, podemos citar empresas que se concentraram na blindagem de veículos e pizzarias que se dedicaram ao sistema delivery. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 90Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb A estratégia competitiva mais adequada será definida de acordo com a atratividade do setor empresarial e da posição competitiva relativa da empresa no setor. Uma estratégia competitiva genérica só levará a um desempenho acima da média, se for sustentável diante dos concorrentes. Essa característica de ser sustentável só será conseguida se a empresa possuir barreiras que impeçam ou dificultema imitação pelos concorrentes ou a entrada de novos concorrentes. No entanto, segundo D’Aveni (1995), diante do crescimento da concorrência, em mercados que ele chama de hiper-competitivos, torna-se cada vez mais difícil manter vantagens competitivas estáticas que tendem a ser cada vez mais rapidamente neutralizadas pela concorrência. A solução é praticar vantagens competitivas dinâmicas, ou seja, antes que a concorrência consiga neutralizar uma determinada vantagem competitiva, a empresa já deverá ter desenvolvido outra, mantendo-se, dessa forma, dinamicamente competitiva. Michael Porter identificou cinco forças que determinam a atratividade intrínseca de lucro no longo prazo de um mercado ou segmento de mercado: concorrentes do setor, novos concorrentes potenciais, substitutos, compradores e fornecedores. Seu modelo é apresentado na Figura 10.1. Figura 10.1 – As cinco forças que determinam a atratividade estrutural dos Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 91Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb segmentos. Fonte: KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000. • Ameaça de rivalidade no segmento: um segmento não é atraente se já possui concorrentes poderosos, agressivos ou em grande número. É ainda menos atraente, se for estável ou estiver em declínio, se os acréscimos à capacidade produtiva ocorrerem em grandes incrementos, se os custos fixos forem altos, se as barreiras à saída forem grandes ou se os concorrentes possuírem grande interesse em permanecer nesse segmento. Essas condições levarão a freqüentes guerras de preço, batalhas no campo da propaganda e lançamentos de produtos – o que tornará a competição onerosa. • Ameaça de novos concorrentes: a atratividade de um segmento varia conforme se configuram as barreiras à entrada e à saída desse segmento. O segmento mais atraente é aquele em que as barreiras à entrada são grandes e as barreiras à saída são pequenas. Poucas empresas novas conseguem entrar no setor e as empresas de fraco desempenho saem dele facilmente. Quando tanto as barreiras à entrada quanto as barreiras à saída são grandes, o potencial de lucro é elevado, mas as empresas enfrentam riscos maiores, uma vez que as de desempenho insatisfatório permanecem no setor e continuam na luta. Quando tanto as barreiras à entrada quanto as barreiras à saída são pequenas, as empresas entram e saem do setor facilmente e os retornos são estáveis e baixos. O pior caso é quando as barreiras à entrada são pequenas e as barreiras à saída são grandes. Nesse caso, as empresas entram nos períodos bons, mas acham difícil sair nos períodos difíceis. O resultado é capacidade excessiva e ganhos achatados para todos. • Ameaça de produtos substitutos: um segmento não é atraente quando há substitutos reais ou potenciais para o produto. Os substitutos limitam os preços e os lucros de um segmento. A empresa tem de monitorar as tendências de preços atentamente. Se houver avanços tecnológicos ou aumento de concorrentes nesses setores substitutos, os preços e os lucros no segmento tendem a cair. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 92Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb • Ameaça do poder de barganha dos compradores: um segmento não é atraente, se os compradores possuírem poder de barganha grande ou em crescimento. Os compradores tentarão forçar uma queda de preços, exigirão mais qualidade e opções de serviço e colocarão os concorrentes uns contra os outros – tudo isso à custa da lucratividade da empresa vendedora. O poder de barganha dos compradores cresce à medida que eles se organizam e se concentram mais, quando o produto representa uma parcela significativa dos custos do comprador, quando o produto não é diferenciado, quando os custos de mudança dos compradores são baixos, quando os compradores são sensíveis a preço devido a margens de lucro baixas ou quando os compradores podem integrar estágios anteriores da cadeia produtiva. • Ameaça do poder de barganha cada vez maior dos fornecedores: um segmento não é atraente, se os fornecedores da empresa puderem elevar os preços ou reduzir as quantidades fornecidas. Os fornecedores tendem a ser poderosos, se estiverem concentrados ou organizados, se houver poucos substitutos, se o produto fornecido for um material importante, se os custos para mudança de fornecedor forem altos e se os fornecedores puderem se integrar a estágios posteriores na cadeia produtiva. As melhores defesas são construir relações com os fornecedores em que todas as partes saem ganhando e usar várias fontes de fornecimento. ESTRATÉGIAS FOCADAS NA CONCORRÊNCIA As estratégias focadas na concorrência combinam movimentos de ataque e defesa, visando a atingir posições competitivas mais fortes no mercado em que se opera. São estratégias que nasceram como as teorias de guerra do general prussiano Karl Von Clausewitz, que foram transplantadas e adaptadas para utilização em marketing por diversos autores (Kotler; Ries & Trout; Hooley & Saunders). Essas estratégias são utilizadas em mercados estáveis, em que a procura de maior participação de mercado de uma empresa implicará, necessariamente, a perda de participação de outras. As estratégias competitivas podem ser ofensivas ou defensivas. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 93Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Anexo 01 ESTRATÉGIAS OFENSIVAS ESTRATÉGIAS DEFENSIVAS Síntese Para planejar uma estratégia de marketing eficiente, a empresa deve levar em conta tanto seus concorrentes quanto seus clientes atuais e em potencial. Deve dedicar-se, continuamente, à análise do concorrente e desenvolver estratégias competitivas de marketing que a posicionem, de fato, contra os concorrentes e lhe dêem a vantagem competitiva mais forte. Ge stã o M er ca do lóg ica de Pr od uto s e Se rv iço s Au la 10 - Ela bo ra çã o de e st ra té gia s c om pe tit iva s 94Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Porter definiu três estratégias de posicionamento competitivo básico, a saber: liderança de custos gerais, diferenciação e foco. As estratégias focadas na concorrência combinam movimentos de ataque e defesa, visando atingir posições competitivas mais fortes no mercado em que opera. Referências Bibliográficas MATTAR, F. ; SANTOS, D. Gerência de Produtos: Como Tornar seu Produto um Sucesso. São Paulo: Atlas, 1999. OHMAE, K. O Estrategista em Ação: A Arte Japonesa de Negociar. São Paulo: Pioneira, 1985. KOTLER, P. ; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo: Phb, 1998. ________. Administração de Marketing. Rio de Janeiro: Phb, 2000.
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