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Violência: estratégias de uma sociedade


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Violência: estratégias de uma sociedade por Fabiane Gomes Carlos.
LEME, Maria Isabel da Silva. Violência e educação: a percepção de pré-adolescentes sobre a autoridade da escola e da família no conflito interpessoal. Temas em Psicologia, São Paulo, vol. 17, nº 2, p. 359–370, 2009.
A violência está crescendo, no Brasil e no mundo, o que indica precisar de uma atenção maior para o inicio dela, que ocorre na infância e na adolescência. O contexto histórico social que vivemos é de um estado caótico, as relações de afeto estão escassas e é nesse meio que nascem e crescem todas as pessoas. Ao perceber que as crianças estão agressivas e violentas, os adultos tentam culpabilizar a escola ou mesmo a educação familiar, e dessa forma querem uma resolução imediata. Mas, nesse processo de culpa, o amor não está presente. 
No estudo de Maria I. S. Leme, professora da Universidade de São Paulo-USP, a autora procura analisar a violência, que para ela vem de um conflito interpessoal, e assim atribuindo esses conflitos à instituição escola e à família. Analisa também os tipos de violência, as reações sobre eles e o local onde ocorrem em uma escola. O artigo tem como título “Violência e educação: a percepção de pré-adolescentes sobre a autoridade da escola e da família no conflito interpessoal”, porém, o estudo ganha outro rumo, percebe-se uma tentativa de dizer o porquê dessa violência e colocar a responsabilidade em alguém, e pouco se preocupa sobre o que esses pré-adolescentes pensam a respeito.
Dividido em cinco seções, mais a conclusão, Leme apresenta na primeira seção, Conflito e Violência, definições de conflito e violência, assim como, destaca às formas de educação. Na segunda seção, denominada Conflito interpessoal na escola e violência, a autora enfatiza o que é o conflito interpessoal, “é uma situação de oposição entre pessoas envolvidas em uma interação social”, e a violência, que é apresentada como uma das estratégias de resolução de conflito. Também enfatiza que há alternativas e estratégias de enfrentamento pacíficas, como diálogo e conciliação, e faz referências à violência como sendo algo cultural e de diferenciação sexual, quando diz “culturas que valorizam a masculinidade são mais tolerantes com relação à violência como estratégia de resolução de conflitos”.
 	Na terceira seção, denominada Ambiente de convívio e violência na educação, à autora apresenta tabelas que mostram resultados de pesquisas, em relação à provocação mais frequente, tanto em escolas públicas e privadas, quanto de diferenciação de meninos e meninas. A provocação mais frequente são os insultos e apelidos, mas, de forma geral, não apresenta diferenças significativas entre esses grupos. Leme ainda enfatiza que esses resultados indicam que é preciso avaliar como os conflitos estão comprometendo o ambiente de convivência. Também apresentou dados de pesquisa em relação à reação aos conflitos, e o resultado foi que as principais reações são submissão e agressão, e poucos alunos relataram utilizar a conciliação. Na quarta seção, Família e gestão de conflito, Leme procura analisar a crítica feita pela escola, sobre a permissividade da família que induz os jovens aos conflitos. Porém, percebe-se apenas as influencias de cultura e nível socioeconômico.
Na quinta seção, A relação da criança e do jovem com a autoridade, Leme verificou que, a legitimação da autoridade diminui conforme a idade e sexo, meninas tendem a maior legitimação da disciplina escolar do que meninos, assim como alunos do ensino médio mostram compreensão sobre o problema e consideram que autoridade se conquista. Na conclusão, Leme aponta os aspectos mais importantes vistos na pesquisa, como as estratégias de resolução de conflitos, e aponta que por mais que as escolas tentam responsabilizar a família pelo aumento de conflito, estudos revelam que boa parcela dos pais se preocupa em disciplinar para educar seus filhos, mesmo com variações de estilos e níveis econômicos. 
O artigo de Maria Isabel da Silva Leme apresenta um assunto muito importante para ser discutido, principalmente entre escolas e pais, mas também é necessário abrir um espaço para ouvir os adolescentes, que passam por isso. Assim como Leme apresentou “a maioria das crianças e adolescentes reconhece que a escola é um espaço hierarquizado e considera legítima a autoridade docente quando concernente a lições”, os alunos estão capacitados cognitivamente para aprender e legitimam o professor com seu papel educador. 
A leitura desse artigo, por mais que se tenha mudado o objetivo, pode ser muito benéfica para professores, diretores e demais da área escolar, assim como pais e psicólogos e estudantes de psicologia. Pode ainda ser destinada aos alunos, crianças e adolescentes, para que possam cobrar resultados de autoridades responsáveis. Utiliza-se aqui a frase de John Locke para descrever o meu pensamento sobre o artigo, “O homem nasce como se fosse uma ‘folha em branco’”, então é preciso ensiná-lo a viver.