Buscar

Direito Processual Penal - Apostila LFG

Prévia do material em texto

Processo Penal 
89
Inquérito Policial
- Conceito: Trata-se de procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste em um conjunto de diligências objetivando a identificação das fontes de prova (tudo aquilo que está relacionado ao crime) e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da Ação Penal ingresse em juízo. 
Termo Circunstanciado: Usado em infrações de menos potencial ofensivo (abrange as contravenções e crimes com pena máxima não superior a 2 anos , cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial , ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher.) A lei prevê um procedimento mais simples para crimes mais simples .
- Natureza Jurídica: Procedimento de natureza administrativa (não é processo!), pois dele não resulta a imposição de sanções. 
OBS: Persecução Pena: O Estado desenvolve mecanismos para punir o criminoso, divide-se em duas fases: 1ª Investigações (mero procedimento administrativo, ocorre a colheita de provas, elementos de informação) 2ª Processo Penal ( já possui natureza processual).
	- Eventuais vícios constantes do Inquérito Policial não produzem qualquer nulidade (não contaminam o processo) no processo, salvo em se tratando de provas ilícitas. *STF HC 94034 
- Finalidade do Inquérito Policial: A colheita de elementos informativos (não se confunde com prova) quanto à autoria e materialidade da infração penal. 
Elementos de Informação X Provas: Ver art. 155 CPP
	Elementos Informativos
	Provas
	- Produzidos na fase investigatória
- Não há contraditório nem ampla defesa (trabalho da polícia deve ser rápido) 
- Papel do juiz: “Garante das regras do jogo”. O juiz quanto à produção dos elementos informativos, só deve intervir quando for provocado e desde que sua intervenção seja indispensável. 
- Finalidade: Auxiliar na formação da convicção do titular da Ação Penal (opinio delicti), assim como subsidiar a decretação de medidas cautelares. 
- “Exclusivamente”: Elementos informativos isoladamente considerados, não podem fundamentar uma decisão, todavia, podem se somar a prova produzida em juízo servindo como mais um elemento para a formação da convicção do juiz. Art. 155 CPP. *STF HC 83348 
	- Em regra é produzida na fase judicial
- Obrigatório a observância do Contraditório e da Ampla Defesa.
- Deve ser produzida na presença do juiz: Princípio da Identidade Física do Juiz (Art. 399, §2ª CPP).
- Presença: 
 Direta: presença física (fórum)
 Remota: Videoconferência (passou a ser admitida no Processo Penal com a Lei 11.900).
- Finalidade: Auxiliar na formação da convicção do juiz.
- Exceção: Provas produzidas na fase investigatória:
Provas Cautelares: São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido. Urgente. Contraditório postergado. Em regra, tais provas dependem de autorização judicial, podendo ser produzidas tanto na fase investigatória quanto na fase judicial. 
Provas não repetíveis: É aquela que, uma vez produzida, não tem como ser novamente coletada, em virtude do desaparecimento da fonte probatória. Em regra tais provas não dependem de autorização judicial, podendo ser produzidas tanto na fase investigatória quanto na fase judicial. O Contraditório será diferido. Ex: exame de corpo de delito nas infrações cujos vestígios podem desaparecer. 
Provas Antecipadas: São aquelas produzidas com a observância do Contraditório real (o contraditório será no momento da produção da prova, na presença do juiz), perante a autoridade judiciária, seja durante o inquérito, seja durante o processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Art. 225 CPP (depoimento = depoimento ad perpetuam rei memorium) 
- Características do Inquérito Policial: 
Procedimento escrito: Tudo deve ser documentado. Art. 9ª CPP. 
Gravação audiovisual de diligências: Art. 405 §1ª, CPP. É possível. Este termo somente “escrito” está ultrapassado. 
Procedimento dispensável: Se o titular da Ação Penal contar com elementos informativos fornecidos a partir de peça autônoma de investigação (ex: CPI), poderá dispensar o Inquérito Policial. Art. 39 §5ª CPP.
Procedimento sigiloso: O sigilo e consequentemente o elemento da surpresa são essenciais para assegurar a eficácia das investigações. Não se confunde com a CF Art. 93, IX (julgamentos do Poder Judiciário – fase processual). 
A quem não se opõe o sigiloso do Inquérito Policial: juiz, /MP, Advogado (CF, Art. 5ª, LXIII – Assistência de Advogado; Lei 8.906/94 Art. 7ª, XIV – Não há necessidade de procuração, salvo se houver informações sigilosas; Súm. Vinculante nº 14 – o advogado tem acesso aos elementos já documentados no procedimento investigatório, mas não quanto às diligências em andamento; negativa de acesso aos autos pelo advogado – Reclamação ao STF Art. 103 A §3º/ MS em nome do advogado/ HC em favor do investigado, mesmo que o investigado esteja solto, subsiste a possibilidade de impetração de HC caso haja risco potencial a liberdade de locomoção *STF Súm. 693).
Procedimento inquisitorial: 
	1ªC: No Inquérito Policial, não é obrigatória a observância do Contraditório e da Ampla Defesa. Corrente majoritária. 
2ªC: Admite o direito de defesa no Inquérito Policial. Pode ser exercido de duas formas: Exercício Exógeno (é aquele que é exercido fora dos autos do Inquérito. Ex: HC, requerimentos ao MP e ao juiz). Exercício Endógeno (é aquele exercido dentro dos autos do Inquérito. Ex: oitiva do investigado, requerimentos ao delegado).
OBS: Inquérito para expulsão do estrangeiro, neste caso é obrigatória a observância do Contraditório. 
Procedimento discricionário: A autoridade policial deve determinar as diligências a serem realizadas de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Art. 6ª, CPP e Art. 14, CPP.
Discricionariedade (liberdade de atuação dentro dos limites traçados pela lei) não se confunde com Arbitrariedade (atuação em desacordo com a lei).
OBS: Art 14, CPP: Diligências inúteis, desnecessárias, protelatórias devem ser indeferidas. Diligências obrigatórias devem ser obrigatoriamente realizadas. Ex: exame de corpo de delito das infrações que deixam vestígios. 
Procedimento indisponível: O delegado de polícia não pode arquivar autos de Inquérito Policial. Art. 17 CPP	
Procedimento temporário: Investigado solto: o prazo (30 dias) para conclusão do Inquérito pode ser prorrogado (razoável duração do processo, que também abrange a fase de investigação.) STJ HC 96.666. Art. 10 §3º CPP. 
- Formas de instauração do Inquérito Policial: 
Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça/ Ação Penal Privada: depende de requisição do Ministro da Justiça ou de requerimento do ofendido. O Inquérito não pode ser instaurado de ofício e não há necessidade de formalismo, o importante é que haja algum tipo de manifestação da vítima na persecução penal. 
Ação Penal Privada/Pública Condicionada: Depende de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
Ação Penal Pública Incondicionada: Representam a maioria dos crimes do CP, é a (regra). 
De ofício: Caso a autoridade policial tome conhecimento do fato delituoso, através de suas atividades rotineiras, deve instaurar o Inquérito Policial. O Princípio da Obrigatoriedade também se aplica à autoridade policial. O delegado deverá lavrar uma portaria (peça inaugural).
Requisição do juiz ou do MP: Art. 5ª, II CPP. Alguns doutrinadores acha que essa requisição do juiz viola a Imparcialidade e o próprio sistema acusatório, no qual devemos ter a distribuição das funções, então ele deve remeter em autos ou em papel para o MP. (art. 40 CPP). A peça inaugural do Inquérito é a própria requisição do MP. 
Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: Art. 5º, §1º, CPP.Também se materializa através de portaria. Esse requerimento pode ser indeferido, cabendo:
Recurso Inominado ao chefe de polícia (Secretário de Segurança Pública, ou o Delegado-Geral da Polícia Civil): Art. 5º, §2º CPP.
Requerimento ao MP: Se o MP concordar, ele mesmo pode requerer.
Notícia oferecida por qualquer do povo (Delatio Criminis): Art. 5º, §3º, CPP. A autoridade policial deve verificar a procedência da notícia, lavrando também uma portaria.
Auto de Prisão em flagrante: A peça inaugural é o próprio auto de prisão em flagrante (APF). Art. 27, CPPM – suficiência do APF. 
- Impetração de Habeas Corpus para fins de trancamento do inquérito: 
Portaria do delegado: O delegado será a autoridade coatora, o HC deverá ser julgado por um juiz de primeiro grau. 
Requisição do MP (estadual): O HC deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça. 
- Notitia Criminis: É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso. 
Notitia Criminis de Cognição Imediata: O delegado toma conhecimento do fato delituoso através de suas atividades rotineiras. A consequência é a instauração do Inquérito de ofício.
Notitia Criminis de Cognição Mediata ou de Cognição Provocada: A autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através de um expediente escrito. Alguém por escrito vai provocar o delegado de polícia. Pode ser através da requisição da vítima ou do MP.
Notitia Criminis de Cognição Coercitiva: A autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. É obrigatória, o delegado é obrigado a tomar conhecimento do fato delituoso. 
Notitia Criminis Inqualificada: É a conhecida denúncia anônima. Art. 5º, IV, CF. Por si só não serve para fundamentar a instauração de um Inquérito Policial, porém a partir dela, é possível que a polícia realize diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e então instaurar o procedimento investigatório propriamente dito. A denúncia anônima isoladamente considerada não deve fundamentar a instauração do Inquérito. *STF HC 95244 
- Incomunicabilidade do indiciado preso: Art. 21, CPP – Não foi recepcionado pela CF/88. Art. 136, §3º, IV, CF – É vedada a incomunicabilidade no Estado de Defesa, se não permitida em um Estado de crise, imagina em época comum. 
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): Art. 52 LEP. Não há incomunicabilidade, mas sim maior restrição à visitação. 
- Indiciamento: É atribuir a alguém a autoria (ou participação) de determinada infração penal. 
	Início das investigações
Elementos quanto à autoria
Durante o processo criminal
Após o trânsito em julgado da sentença condenatória
	Suspeito ou Investigado.
Indiciado
Denunciado ou Acusado
Réu ou Condenado
Pressupostos para o Indiciamento: 
Elementos Informativos quanto à autoria e participação
Deve ser fundamentada pela autoridade policial. *Instrução Normativa 11/2011 da Polícia Federal – impões ao delegado de polícia federal o dever de fundamentar.
Espécies de Indiciamento: 
Direto: Ocorre quando o indiciado está presente, e o indiciamento ocorre na sua presença. É a regra.
Indireto: Ocorre quando o indiciado está ausente, em local incerto e não sabido. 
Atribuição para o Indiciamento: É um ato privativo do delegado de polícia, da mesma forma que o delegado não pode impor que ele denuncie alguém, o promotor também não cabe forçar o delegado a indiciar. 
OBS:
1) Não é possível o indiciamento no Termo Circunstanciado. 
2) Desindiciamento: Ocorre quando anterior indiciamento é cassado em virtude da ausência de elementos quanto à autoria. Feito de maneira arbitrária e ilegal. *STJ HC 43599
Sujeito Passivo do Indiciamento: Em regra qualquer pessoa pode ser objeto de indiciamento. Excepcionalmente não podem ser indiciados membros do MP (Lei 8625/93, ART. 41, II e § único) e membros da Magistratura (LC 35/79, Art. 33 § único); pessoa titulares de foro por prerrogativa de função (STF Inq. 2411 QO – Senadores não podem ser investigados nem tampouco indiciados sem prévia autorização do STF)
Indiciamento e Afastamento do Servidor Público de suas funções: Lei 9613/98 Art. 17D, com redação dada pela Lei 12683/12. Diante do indiciamento o servidor será afastado (pelo delegado) de suas funções até que o juiz competente autorize o seu retorno. Devemos adotar a seguinte ideia: Não é possível o afastamento do servidor a partir do indiciamento (como o afastamento ou suspensão é uma medida cautelar, cabe somente ao poder jurisdicional determiná-lo). Art. 319, VI, CPP. 
- Identificação Criminal: Antes da CF/ 88 era obrigatória, mesmo que o acusado se identificasse civilmente (STF Súm. 568). Após a CF/88 (Art. 5º, LVIII), se o investigado se identificar civilmente (Lei 12037/09, Art. 2º.), não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. 
Identificação Datiloscópica: Colheita de impressões digitais. Não é um método 100%, infalível. 
Identificação Fotográfica: foto 3X4. Também não é um método infalível, pois as pessoas mudam.
- Leis relativas à identificação criminal: 	
Lei 8069/90 - ECA: Art. 109 (adolescente)
Lei 9034/95 – Lei das Organizações Criminosas: Art. 5º (Revogado tacitamente pela Lei 10054/00)
Lei 10054/00 – Lei das Identificações Criminais: Art. 3º não ressalvou o crime praticado por Org. Criminosas *STJ RHC 12965.
Lei 12037/09 – Atual Lei de Identificações Criminais: Art. 3º dispõe quando será possível a identificação criminosa. Revogou Expressamente a Lei 10054/00. Também revogou tacitamente os demais dispositivos referentes à identificação criminal.
- Conclusão do Inquérito Policial: 
Prazo: 
	
	Preso *não é possível a prorrogação, salvo as exceções
	Solto *é possível a prorrogação do prazo Art. 10 §3º. 
	CPP: Art. 10 
	10 dias
	30 dias
	Justiça Federal
	15 dias + 15 dias (prorrogado)
	30 dias
	CPPM
	20 dias
	40 dias
	Lei de Drogas 11. 343/96
	30 dias + 30 dias
	90 dias + 90 dias
	Crimes contra a Economia Popular
	10 dias
	10 dias
	Prisão Temporária em crimes Hediondos e equiparados
	30 dias + 30 dias
	Não se aplica a quem está solto, por se trata de prisão temporária.
Natureza Jurídica do prazo: Art. 10 CP. O dia do começo é levado em consideração. Art. 798 CPP. Não inclui o dia do começo. 
Investigado solto: prazo de natureza processual
Investigado preso: Há controvérsia. 1ªC: Natureza penal, Art. 10 CP.(Nucci)/ 2ªC: Natureza processual penal (Mirabete e Denílson Feitosa)
Relatório da Autoridade Policial: Art. 10, §1º, CPP. 
Peça de caráter descritivo: O delegado deve descrever as principais diligências que foram realizadas ao longo do inquérito. 
O delegado não deve fazer qualquer juízo de valor, pois não é o titular da Ação Penal, salvo na Lei de Drogas (11.343/96, Art. 52, I), o delegado deverá dizer se trata de trafico ou de uso para consumo próprio.
 O relatório não se trata de peça indispensável ao oferecimento da denúncia. 
Destinatário dos autos do Inquérito Policial: De acordo com o CPP Art. 10, §1ª, uma vez concluída as investigações, devem ser encaminhados ao juiz, após receber, abre vista ao MP.
Portarias (resoluções dos Tribunais): Ex: Resolução 63 do CJF. Estabelecem uma tramitação direta dos autos do Inquérito entre a polícia e o MP, salvo se houver a necessidade de intervenção do juiz (Ex: prisão em flagrante – seja para relaxar a pena, seja para converter em temporária). Neste caso de tramitação direta, o advogado tem acesso aos autos, Art. 5ª da mesma Resolução.
Providências a serem adotadas após a remessa dos autos do Inquérito:
 Ação Penal Privada: Deve requerer a permanência dos autos em Cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido. 
Ação Penal Pública: 
Oferecer denúncia
Arquivamento do Inquérito
Requisição de diligências: As indispensáveis à formação da Opinio Delicti (convicção do titular da Ação Penal). Devem ser requisitadas diretamente à autoridade policial, salvo se houver necessidade intervenção do juiz. O MP possui o chamado“Poder de Requisição”. Art. 129, VIII, CF. Caso o juiz indefira o retorno dos autos à polícia, caberá correição parcial. 
Fazer um pedido de declinação de competência (o primeiro a se manifestar acerca da competência): Deve ser feito quando o MP concluir que o juízo perante o qual atua não é dotado de competência para o julgamento do crime. *Súm 73 STJ
Suscitar um:
 Conflito de competência: já houve prévia manifestação de outra autoridade jurisdicional acerca da competência entre autoridades judiciais. Art. 114 CPP.
Dois ou mais juízes se considerem competentes: Conflito Positivo de competência
Dois ou mais juízes se consideram incompetentes: Conflito Negativo de competência
Exemplos: 
Juiz Estadual SP X Juiz Federal SP: STJ (órgão jurisdicional comum e superior)
Juiz do JECRIM Federal MG X Juiz Federal de MG: *Súm. 348 STJ (cancelada pelo próprio STJ em virtude da decisão do STF no RE 590409 e editou uma súmula nova sobre o assunto, Súm. 428). 
Juiz do JECRIM Federal MG X Juiz Federal de RJ: STJ
 Conflito de atribuições: divergência entre órgãos do MP quanto à responsabilidade ativa para a persecução penal. 
Exemplo:
MP/GO X MP/GO: Procurador – Geral de Justiça do Estado de GO
MPF/SC X MPF/RS: Câmara de Coordenação e Revisão - MPF
MPF/DF X MPM/DF: PGR 
MPU (o chefe do Ministério Público da União é o PGR): MPF, MPM, MPDFT, MPT 
 MP/BA (Estado) X MPF/BA (União): Conflito virtual de competência – possibilidade dos promotores virem a atuar perante seus respectivos juízos. É uma visão doutrinária. Art. 102, I “l” CF. A competência é do Supremo. *STF ACO 853 e ACO 889
MP/BA: juiz estadual e MPF/BA: Juiz federal BA (STJ). 
MP/MS (estado) X MP/GO (estado): STF
- Arquivamento do Inquérito Policial: 
É uma decisão judicial
É um ato complexo: O MP fará uma Promoção de Arquivamento, que será submetida à apreciação do juiz, chamada Decisão Judicial Homologatória.
É possível o arquivamento do Termo Circunstanciado e de outras peças de informação. Art. 28 CPP. 
Fundamentos do Arquivamento: O CPP não fala expressamente sobre isso. 
Ausência de Pressuposto Processual ou de Condição da Ação Penal: Ex: retratação da representação em um crime de estupro. Coisa Julgada Formal
Falta de lastro probatório para o inicio do processo (ausência de justa causa). Coisa Julgada Formal
Atipicidade formal/ material da conduta delituosa: Ex: atipicidade material – Princípio da Insignificância. Coisa Julgada Formal e Material *STF HC 84156
Causas excludentes da Ilicitude ou da Culpabilidade: Ex: crime praticado em legitima defesa, coação moral irresistível. Deve-se ter certeza, na dúvida deve oferecer denúncia, in dúbio pro societa. Coisa Julgada Formal e Material *STF HC 95211 – só faria coisa julgada formal nesta decisão! *STF HC 87395 – em tramitação no plenário. 
Causa extintiva da Punibilidade: Ex: prescrição, morte (certidão de óbito falsa – não faz coisa julgada, sendo possível a reabertura das investigações ou do processo *STF HC 84525), decadência, perdão, perempção. Coisa Julgada Formal e Material
Coisa Julgada na decisão de Arquivamento: 
Formal: Imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida, seus efeitos são endoprocessuais, estão limitados ao processo.
Material: Imutabilidade da decisão projeta-se para fora do processo em que foi proferida. A decisão não poderá ser alterada em nenhum outro processo. Pressupõe Coisa Julgada Formal 
- Desarquivamento e ulterior oferecimento de denúncia: O desarquivamento nada mais é do que a abertura das investigações. Quando o arquivamento se dá em virtude da ausência de lastro probatório, esta decisão é baseada na cláusula Rebus sic Stantibus ( enquanto perdurar a situação fática, mantidos seus pressupostos, a decisão deve ser mantida, alterados seus pressupostos, a decisão pode ser modificada). Para apenas reabrir as investigações basta que se tenha a notícia de provas novas, não necessariamente irá oferecer denúncia. Art. 18 CPP.
Provas novas: são aquelas provas capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento.
Substancialmente nova: inédita, ou seja, aquela que era desconhecida.
Formalmente nova: Aquela que já era conhecida, mas ganhou nova versão. Ex: testemunha ameaçada *Súm. 524 STF 
- Procedimento do Arquivamento: 
Procedimento no âmbito da Justiça Estadual: Art. 28 do CPP
Promoção de Arquivamento: essa promoção é encaminhada a apreciação do juiz estadual, diante disso, o juiz pode: concordar ou discordar.
Concordar: Arquivamento dos autos do Inquérito. É uma decisão judicial. 
Discordar: Remete os autos ao Procurador Geral de Justiça (aplicação do Art. 28 do CPP), consagrando o Princípio da Devolução, ou seja, se o juiz não concorda com a promoção de arquivamento, deve remeter os autos à chefia do MP, a quem compete dar a decisão final. Súm. 696 do STF. Ao aplicar o Art. 28, o juiz está exercendo uma função anômala de fiscal no Princípio da Obrigatoriedade. 
OBS: O Art. 28 sempre será aplicado quando houver divergência entre o promotor e o juiz.
O Procurador Geral pode:
Oferecer denúncia:
Requisitar Diligências
Insistir no Arquivamento, hipótese em que o juiz é obrigado a arquivar o inquérito, na medida em que o MP é o titular da Ação Penal Pública. 
Designar outro órgão do MP atuar no caso concreto (promotor do 28). Esse “outro órgão” quer dizer que essa designação não pode recair sobre o mesmo promotor que pediu o arquivamento. Quanto a esse “outro órgão”, prevalece o entendimento de que ele age como longa manus do PGJ (por delegação), logo é obrigado a oferecer denúncia. 
Procedimento na Justiça Federal (procuradores da República) e na Justiça comum do DF (MPDFT): MPU – LC 75/93 (MPF, MPDTF, MPM e MPT). 
Promoção de Arquivamento: O procurador da REp. submete sua promoção de arquivamento à apreciação do juiz federal, tendo duas opções:
Concordar: Procede ao Arquivamento.
Discordar: deverá remeter os autos à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão, que tem caráter opinativo. Depois os autos são encaminhados ao Procurador Geral da República, na medida em que a decisão recai sobre o PGR. 
Na prática ocorre a delegação à 2ª CCR/MPF, ou seja, é a CCR é quem realmente decide. Ver enunciados 7 e 9 da 2ª CCR/MPF. 
Procedimento na Justiça Eleitoral: 
Promoção de arquivamento: relacionada ao crime eleitoral. Será o promotor de justiça estadual atuando como promotor eleitoral. Essa promoção é submetida ao juiz estadual (atuando como juiz eleitoral).
Discordar: fará remessa dos autos ao Procurador Regional Eleitoral (CE, Art. 357, §1º). Os autos deverão ser enviados à CCR (LC 75/95, Art. 62, IV). 
Procedimento nas hipóteses de atribuição originária do PGR ou do PGJ: 
Como não há um órgão superior ao PGR, ele mesmo profere essa decisão. Não devendo remeter à apreciação do STF. Não faz coisa julgada material nem formal, pois ele não é juiz. Nas hipóteses de atribuição originária do PJG ou do PGR, não há necessidade de se submeter à decisão administrativa do arquivamento ao tribunal competente, salvo nas hipóteses em que o arquivamento for capaz de fazer coisa julgada formal e material. (STF INQ 2.341, 1.443)
- Arquivamento Implícito: Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum dos investigados, sem expressa manifestação quanto ao pedido de arquivamento. Caso o juiz não aplique o Art. 28 do CPP, parte da doutrina entende que teria havido o arquivamento implícito do inquérito. Esse arquivamento implícito não é admitido pela maioria da doutrina e pelos tribunais superiores. Toda decisão do promotor deve ser fundamentada. *STH HC 95141
- Arquivamento Indireto: Ocorre quando o juiz, não concordando com o pedido de declinação de competência formulado pelo MP, recebe tal manifestação como se tratasse de um pedido de arquivamento, aplicando por analogia o Art. 28 do CPP. 
- Recorribilidade contra a decisão de arquivamento: Em regra essa decisão de arquivamento pelo MP trata-se de uma decisão irrecorrível, não sendo cabível ação penal privada subsidiáriada pública. Exceções: 
Crimes contra a economia popular ou contra saúde pública: Lei 1.521/51, Art. 7ª, prevê o cabimento do Recurso de Ofício.
Contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos (fora do hipódromo): Lei 5.508/51 prevê o RESE. 
Atribuições originárias do PGJ: A lei orgânica do MP prevê o pedido de revisão ao colégio de procuradores. 
- Arquivamento determinado por juízo absolutamente incompetente: Parte minoritária da doutrina sustenta que se essa decisão de arquivamento tiver sido proferida por juiz absolutamente incompetente não faz coisa julgada formal nem material. Para o STF, essa decisão mesmo que prolatada por um juiz incompetente faz coisa julgada formal e material. *STJ HC 1073397. 
- Trancamento do Inquérito Policial: É uma medida de força pleiteada pelo investigado junto ao Poder Judiciário. É uma medida de natureza excepcional, sendo cabível nas seguintes situações: 
Manifesta atipicidade: 
Causa extintiva da punibilidade: 
Ausência de manifestação do ofendido nos crimes de ação penal privada ou pública condicionada à representação. 
- Instrumento a ser utilizado: Habeas Corpus, desde que haja risco potencial à liberdade de locomoção. Algumas contravenções não possuem pena privativa de liberdade, neste caso não podendo se valer do HC. Caso não haja esse risco, utiliza-se o Mandado de Segurança (no caso da PJ). 
- Investigação criminal pelo MP: Há divergência.
	Argumentos Favoráveis à investigação pelo MP
	Argumentos Contrários à investigação pelo MP
	- Não há violação ao sistema acusatório, pois os elementos informativos colhidos pelo MP na fase investigatória devem ser ratificados em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. 
	- Atenta contra o sistema acusatório, pois cria um desequilíbrio na paridade armas (as partes precisam ter os mesmos instrumentos). 
	- Teoria dos Poderes Implícitos: ao conceder uma atividade fim a determinado órgão, CF implícita e simultaneamente também concede a ele todos os meios para atingir tal objetivo. *STF HC 91661
	- A CF/88 dotou o MP do poder de requisitar diligências e a instauração de inquéritos, mas não o presidir inquéritos policiais. (Min. Marco Aurélio). 
	- O MP pode sim realizar investigações mediante o procedimento investigatório criminal (PIC). Esse procedimento consiste no instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido por órgão do MP com atribuição criminal, cuja finalidade é a apuração de infrações de natureza pública. Resolução 13 do CNMP. 
	- Não há previsão legal de instrumento idôneo para as investigações do MP. 
	*STJ HC 43030, Súm. 234 STJ 
RE 593727
STF: Min. Gilmar Mendes, Celso de Melo, Ayres Brito e Joaquim Barbosa. 2ª Turma HC 89837 e HC 94173. 
	STF: Min. Marco Aurélio, Peluso e Lewandovisk
- Controle Externo da atividade policial: CF Art. 129, VII. Consiste no conjunto de normas que regulam a fiscalização exercida pelo MP em relação à polícia na investigação de fatos delituosos, na preservação dos direitos fundamentais dos presos sob custódia policial e na fiscalização cumprimento de determinações judiciais. Este controle externo não pressupõe subordinação dos organismos policiais, funcionando como desdobramento do sistema de freios e contrapesos inerente ao regime democrático. 
Controle Difuso: É aquele exercido por todos os órgãos do MP com atribuição criminal, sendo possível a adoção das seguintes medidas: 
Controle de ocorrências policiais
Verificação dos prazos de inquéritos policiais
Verificação da qualidade do inquérito policial
Verificação de bens apreendidos 
Propositura de medidas cautelares. Ex: suspensão das funções públicas
Controle Concentrado: É aquele exercido por órgãos do MP com atribuição específica para o controle externo da atividade policial, sendo possível a adoção das seguintes medidas:
Ações de improbidade administrativa
Ações civis públicas na defesa de interesses difusos 
Procedimentos investigatórios criminais 
Recomendações e termos de ajustamento de conduta. Lei da Ação Civil Pública.
Visitas às delegacias de polícia e às unidades prisionais. 
Verificação de comunicações de prisão em flagrante. 
OBS: Ver Resolução nª20 do CNMP, STF ADIN 4220 (não conhecida). Ver. LC 75/93, Art. 9ª e 10. 
- Investigação criminal defensiva: É o conjunto de atividades investigatórias desenvolvido pelo defensor em qualquer fase da persecução criminal, com ou sem a assistência de investigador particular, cujo objetivo é: 
Comprovação de eventual álibi do investigado
Exploração de fatos que revelam a ocorrência de causas excludentes de ilicitude e da culpabilidade. 
Demonstração de vícios existentes na investigação policial
Identificação e localização de possíveis testemunhas
OBS: Essa investigação criminal defensiva não tem previsão expressa no atual CPP. Porém a doutrina diz que apesar do silencio, essa investigação pode ser feita a título de investigação particular (Dec. 50532/61). Essa investigação particular é válida, desde que respeitados direitos e garantias individuais e não tem poder de polícia, ou seja, não há imperatividade. 
Ação Penal
- Conceito: O direito de ação é o direito público subjetivo de pedir ao estado-juiz a aplicação do direito objetivo a determinado caso concreto. Art. 5ª, XXXV da CF. 
- Condições da Ação Penal: 
São necessárias para o exercício regular do direito de ação. Muitos doutrinadores também chamam de Condição de procedibilidade. 
Verificação da presença dos pressupostos: 
Ausência por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, nesta situação o magistrado rejeita a peça acusatória. CPP, Art. 395, II. 
Ausência durante o curso do processo, ou seja, após o recebimento da peça acusatória: 
O magistrado deve declarar a nulidade absoluta do processo. Possibilidade da utilização do Art. 564, II do CPP. Esse artigo se refere somente à legitimidade, mas a doutrina estende esse raciocínio para as demais condições. Majoritária
Também seria possível a extinção do processo sem a apreciação do mérito. Entende a aplicação subsidiária do Art. 267, do CPC Entendimento de Pacelli. 
Podem ser de duas espécies: 
Genéricas: É aquela que deve estar presente em toda e qualquer ação penal.
Específicas: Sua presença será necessária apenas em relação a determinadas infrações penais, determinados acusados, ou em situações especificas. Ex: representação do ofendido e a requisição do ministro da justiça. 
- Condições Genéricas da Ação Penal:
Possibilidade jurídica do pedido: o pedido deve se referir a uma providência admitida em tese pelo direito objetivo. Ex: cobrança em juízo de dívida de jogo. 
Não se dá muita importância ao pedido, o acusado irá se defender não do pedido, mas dos fatos. A peça acusatória deve imputar ao acusado a prática de fato aparentemente (a certeza só terá no final do processo) criminoso (conduta típica, ilícita e culpável) e punível. Ex: processo penal instaurado contra menor de 18 anos. Art. 228, CF. Falta aos menores de 18 anos a capacidade de culpabilidade. Neste caso está ausente a possibilidade jurídica do pedido. Pode-se alegar também a incompetência do juízo (vara da criança e do adolescente).
Legitimidade das partes: É a pertinência subjetiva da ação. Também chamada de Legitimatio ad causam. Quem é o titular do direito (legitimado ativo) e contra quem essa ação poderá ser ajuizada (legitimado passivo). 
Legitimidade Ativa: 
MP: ação penal pública
Ofendido ou representante legal: ação penal privada 
Ex. 1: Tício e Mévio trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. Tício ajuíza queixa-crime em face de Mévio pelo crime de difamação (Art. 139, CP). Temos aqui um crime eleitoral, pois as ofensas foram trocadas durante o período de propaganda. (Art. 325 CE). Quando se trata em crime eleitoral a ação penal é pública incondicionada. (Art. 355 do CE). Tício é parte ilegítima na ação, pois cabe ao MP oferecer a denúncia. Assim, como promotor, nessa situação deve opinar pela rejeição da peça acusatória (Art.395, II). 
Ex. 2: Tício foi vítima de injúria racial no dia 30/08/09. No dia 30/10/09, Tício procura um advogado para ajuizar uma queixa-crime. De quem é a legitimidade? Se um crime era de ação penal privada e uma lei nova o transforma em crime de ação penal pública condicionada à representação (exemplo, lei 12.033/09) trata-se de norma processual material, porquanto repercute no direito de punir do Estado, visto que quando o crime é de ação penal privada são 4 as possíveis causas extintivas da punibilidade (decadência, renúncia, perdão e perempção). Quando o crime passa a ser de ação penal pública condicionada à representação, subsiste apenas a decadência, logo, como se trata de norma mais gravosa, não pode retroagir. 
Legitimidade Passiva: o provável autor do fato delituoso com 18 anos completos ou mais. Ex: Homônimos (STF HC 72451). 	
- Legitimação Ativa da pessoa jurídica no processo penal: pode figurar como querelante em crimes contra a honra (ativa). 
Legitimação Passiva da pessoa jurídica no processo penal: Teoria da Dupla Imputação pode ocorre em crimes ambientais, somente se houver a imputação simultânea ao ente moral e à pessoa física que atua em seu nome ou benefício. *REsp 5643960 e STF RE 628582 AgR (entendeu que há a necessidade da dupla imputação, sendo possível a condenação apenas da pessoa jurídica, mesmo havendo a absolvição da pessoa física). 
- Legitimidade Ordinária e Extraordinária no processo penal: 
	Ordinária: Art. 6ª do CPC. Alguém age em nome próprio na defesa de interesse próprio. É a regra do processo. Ex: Ação penal pública (Art. 129, I, CF)
	Extraordinária: Art. 6ª do CPC. Alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio. Ocorre somente em casos autorizados por lei. Ex: ação penal privada (o querelante age em nome próprio, porém na defesa de interesse do Estado, que é o titular da pretensão punitiva. O Estado transfere ao indivíduo a possibilidade de entrar em juízo). Nomeação de curador especial (Art. 33 do CPP). Ação civil ex delicto (ação civil indenizatória em razão do delito) proposta pelo MP em favor de vítima pobre (Art. 68 do CPP – STF RE 135328, inconstitucionalidade progressiva). Neste julgado, o STF entendeu que, enquanto não houver defensoria pública na comarca, subsiste a validade do Art. 68. 
Interesse de agir: 
Necessidade: no processo penal, a necessidade é presumida, pois não há pena sem processo. 
Adequação: em se tratando de um processo penal condenatório, a adequação não tem relevância, pois não há diferentes espécies de ações penais condenatórias. Porém, em uma ação penal não condenatória, a adequação passa a ter relevância. Ex: Habeas Corpus, só pode ser utilizado para fins de tutela da liberdade de locomoção (não cabe em pena de multa). STF Súm. 693
Utilidade: eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. DE alguma forma é útil, necessário, eficaz para satisfazer o interesse do autor. 
- Prescrição em perspectiva: Pode ser chamada também de virtual ou hipotética. Consiste no reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a ser imposta ao acusado estará fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, tornando inútil a instauração do processo penal. A lei 12.234/10 alterou o Art. 109, VI e extinguiu a prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça acusatória. 
De acordo com os Tribunais Superiores não é possível o reconhecimento da prescrição virtual, pois não está prevista expressamente no texto da lei. STJ Súm. 438 e STF RE 602527, reconhecida a RG. Pela doutrina, deve o MP pedir o arquivamento diante da falta de interesse de agir. Afinal, qual a utilidade de se deflagrar processo penal fadado à prescrição? 
Justa Causa: Lastro probatório mínimo que deve estar presente para a instauração de um processo penal. Não se pode admitir acusações levianas, temerárias. Daí a grande relevância do Inquérito Policial, utilizado para colher esse lastro probatório mínimo. O depoimento exclusivo da vítima é suficiente para a instauração do processo, no caso, por exemplo, de crime sexual. Art. 395, III, CPP. 
Natureza: Condição genérica da ação penal. Porém as vezes a doutrina processual civil só admitem as três (legitimidade das partes, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir), funcionando como um requisito para o oferecimento da peça acusatória. 
Justa Causa Duplicada: É utilizada em relação aos crimes de lavagem de capital, pois o crime de lavagem é um crime acessório, dependendo de outra infração penal, somente se os valores ocultados forem provenientes de crimes antecedentes. Art. 2º, §1º da lei de lavagem. Há necessidade de lastro probatório quanto à lavagem e quanto à infração penal antecedente. 
- Condições específicas da Ação Penal: São necessárias apenas em certos crimes, ou em relação a alguns acusados. 
Representação do ofendido
Requisição do Ministro da justiça: crimes contra a honra do presidente ou chefe de governo estrangeiro. 
Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial
Qualidade de militar nos crimes de deserção. 
- Condição de Prosseguibilidade: Também chamada de Condição Superveniente da ação. Diferença com a Condição da Ação (Condição de Procedibilidade): 
A Condição de Procedibilidade funciona como uma condição que deve estar presente para que o processo penal possa ter início. Ex: estupro cometido hoje, a representação deste crime funciona como condição de procedibilidade, pois é um crime de ação penal pública condicionada a representação do ofendido. 
Condição de Prosseguibilidade o processo já está em andamento, e uma condição deve ser implementada para que o processo possa seguir o seu curso normal. Ex: representação em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão culposa. Antes da lei 9.099, esse crimes eram de ação penal pública incondicionada, com essa lei seu artigo 88 passou a dizer que esses crimes dependem de representação. Para os processos que ainda não estavam em andamento, a representação teve natureza jurídica de condição de procedibilidade, porém, para os processos que estavam em andamento a representação funcionou como condição de Prosseguibilidade. Art. 91 da lei 9.099/95. 
Ex: crime de estupro cometido com violência real (força física sobre o corpo da vítima). No dia 10/06/09 ocorreu o início do processo de estupro com violência real, sendo ainda crime de ação penal pública incondicionada. Em 10/08/09 entra em vigor a lei 12.015 que passou a exigir a representação a esse delito. Há necessidade de representação? 1ª Corrente restritiva – se à época do início do processo não havia necessidade de representação, o fato de ter havido mudança na espécie de ação penal, não repercute em relação aos processos que já estavam em andamento. 2ª Corrente ampliativa: ao transformar o crime de estupro com violência real em delito de ação penal pública condicionada à representação, a lei 12.015/09 assume nítida natureza penal, já que cria, em favor do acusado, nova causa extintiva da punibilidade, qual seja a decadência pelo não exercício do direito de representação. Portanto, se o processo já estava em andamento, a representação passa a funcionar como condição de Prosseguibilidade, sob pena de decadência. Quanto ao prazo para o oferecimento desta representação, há quem entenda que seria de 30 dias, por aplicação analógica do Art. 91 da lei 9.099/95. Há, no entanto, que entenda que a analogia deve ser feita com o CPP. Logo, o prazo seria de 6 meses. 
	Antes da lei 12.015/09
	Depois da lei 12.015/09, entrou em vigor em 10/08/09
	- Ação Penal Pública Incondicionada 
Ex: início do processo de estupro com violência real
	- Ação Penal Pública Condicionada à Representação. 
- Classificação das Ações Penais Condenatórias: É feita a partir do legitimado ativo.
Ação Penal Pública: tem como titular o MP (Art. 129, I da CF). A peça acusatória é chamada de denúncia.
Ação Penal PúblicaIncondicionada: a atuação do MP não depende da manifestação da vítima, ou do implemento de qualquer condição. Cabe ao MP analisar se o fato é típico, ilícito e culpável. É a regra no CP e na Legislação Especial. Art. 100 do CP. 
Ação Penal Pública Condicionada: a atuação do MP depende de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. Ex: 182 do CP. 
Ação Penal Pública subsidiária da Pública: 
Dec. Lei 201/67 Art. 2ª, §2º: Se verificada a inércia do MP estadual, pode-se requisitar providências ao PGR. Há um entendimento de que esse §2º, não foi recepcionado pela CF/88. 
Código eleitoral, Art. 357, §§3º e 4º: solicitação do Procurador Regional, em caso de inércia. 
Ocorre no caso do Incidente de Deslocamento de Competência: o conhecido IDC. Art. 109, §5º. Foi cometido um crime com grave violação aos direitos humanos, na justiça estadual, atuando assim, o MP dos estados. Se ficar demonstrada a inércia da justiça estadual, a CF passou a prever que esse crime sairia da justiça estadual e iria para a justiça federal, atuando, o MP federal.
Ação Penal de iniciativa Privada: afetam interesses tão particulares da vítima que o Estado não tem interesse, então o ele outorga a legitimidade para a vítima para que possa proceder com a ação. O titular então será o ofendido ou seu representante legal. A peça acusatória é a queixa-crime. 
Ação Penal Privada Personalíssima: a queixa crime só pode ser oferecida pelo ofendido (com advogado). Razão de ser personalíssima. Havendo a morte do ofendido, não haverá sucessão processual. A morte da vítima extingue a punibilidade? Sim. Ex: adultério, hoje, somente o crime previsto no Art. 236 do CP, que é o crime de induzimento a erro essencial. 
Ação Penal Exclusivamente Privada: É possível a sucessão processual. Em crimes de ação penal privada, a exclusiva funciona como a regra. A maioria dos crimes contra a honra. 
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Só é cabível diante da inércia do MP. Serve como controle externo do MP. 
- Princípios da Ação Penal Pública e Privada: 
	Princípios aplicáveis à Ação Penal Pública
	Princípios aplicáveis à Ação Penal Privada
	- Ne Procedat Iudex ex Officio: É também conhecido como Princípio da Inércia da Jurisdição. O juiz não pode de ofício, dar início a um processo penal condenatório. Art. 129, I da CF - Adota um Sistema Acusatório.
*Processo Judicialiforme: era conhecido como um processo instaurado de ofício pelo juiz. Art. 26 do CPP. Não foi recepcionado pela CF. 
*De ofício o juiz pode conceder uma ordem em Habeas Corpus. Art. 654, §2º, CPP. 
	- Ne Procedat Iudex ex Officio: É também conhecido como Princípio da Inércia da Jurisdição. O juiz não pode de ofício, dar início a um processo penal condenatório. Art. 129, I da CF – Adota um Sistema Acusatório. 
*Processo Judicialiforme: era conhecido como um processo instaurado de ofício pelo juiz. Art. 26 do CPP. Não foi recepcionado pela CF. 
*De ofício o juiz pode conceder uma ordem em Habeas Corpus. Art. 654, §2º, CPP. 
	- Ne Bis in Idem Processual: Ninguém pode ser processado 2X pela mesma imputação (ligado à segurança jurídica). É tratado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Art. 8ª, §4ª. 
*Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade proferida por juízo absolutamente incompetente. É uma decisão nula, então ela vai surtir efeitos regulares, dentre eles, o de impedir nova acusação pelos mesmos fatos delituosos. (STF HC 86606)
	- Ne Bis in Idem Processual: Ninguém pode ser processado 2X pela mesma imputação (ligado à segurança jurídica). É tratado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Art. 8ª, §4ª. 
*Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade proferida por juízo absolutamente incompetente. É uma decisão nula, então ela vai surtir efeitos regulares, dentre eles, o de impedir nova acusação pelos mesmos fatos delituosos. (STF HC 86606)
	- Princípio da Intranscendência: A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor do fato delituoso. É um claro desdobramento do Princípio da Pessoalidade da Pena. Art. 5º, XLV. Eventuais efeitos extrapenais da sentença condenatória (Ex: obrigação de reparar o dano) podem ser exercidos contra os sucessores, de acordo com o patrimônio transferido.
	- Princípio da Intranscendência: A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor do fato delituoso. É um claro desdobramento do Princípio da Pessoalidade da Pena. Art. 5º, XLV. Eventuais efeitos extrapenais da sentença condenatória (Ex: obrigação de reparar o dano) podem ser exercidos contra os sucessores.
	- Princípio da Indisponibilidade/Indesistibilidade: Art. 42 e 576 do CP. O MP não pode desistir do processo em andamento. É um desdobramento do Princípio da Obrigatoriedade. 
- Exceção: suspensão condicional do processo. Art. 84 da lei dos juizados. 
	Não se aplica a Ação Penal Privada.
	- Princípio da Indivisibilidade: A queixa crime oferecida contra um dos coautores obriga ao processo de todos. Art. 48 CPP. 
- A renúncia cocedida a um dos coautores estende-se aos demais; da mesma forma o perdão concedido a um dos querelados se estende aos demais, desde que haja aceitação. Art. 49 e 51 do CPP. 
- Fiscal do princípio: O MP art. 48 in fine. 
O MP não pode aditar a queixa para incluir coautores em crimes de ação penal exclusivamente privada ou personalíssima. Pois não tem legitimidade ativa. 
Se o MP verificar que a omissão do querelante foi voluntária, ou seja, apesar de ter consciência do envolvimento de mais de um agente, o ofendido ofereceu queixa em relação a apenas um dele, deve ser reconhecido que houve renúncia tácita quanto àquele que não constou da queixa, renúncia esta que se estende a todos os demais acusados.
Se o MP verificar que a omissão foi involuntária, ou seja, que o querelante não tinha a consciência do envolvimento de outras pessoas, deve requer a intimação do querelante para que proceda ao aditamento da queixa crime, para fins de inclusão dos demais coautores e partícipe, com a advertência de que, não o fazendo, dar-se-ia renúncia tácita e consequente extinção da punibilidade.
ATT: No STF esse princípio é chamado de Princípio da Divisibilidade: o MP pode oferecer denúncia contra alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. A doutrina diz que o MP é obrigado a oferecer denúncia, se houver lastro probatório, contra todos os coautores e partícipes. 
	- Princípio da Oportunidade ou Conveniência: Mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, incumbe ao ofendido optar pelo exercício (ou não) do direito de queixa. Deve ser usado antes do oferecimento da queixa. 
Caso a vítima não queixa exercer o seu direito de queixa:
Decadência: perda do direito de queixa pelo seu não exercício no prazo de 6 meses. 
Renúncia: causa extintiva da punibilidade. Abre mão do direito de queixa. 
	
	- Princípio da Disponibilidade: É possível que o querelante desista do processo em andamento. Possibilidades:
Perdão: depende de aceitação
Perempção: causa extintiva da punibilidade, que o ocorre nos casos de negligência do querelante. Art. 60 do CPP
Conciliação e desistência do processo no procedimento dos crimes contra a honra de competência do juiz singular. Art. 522 CPP. 
- Representação do Ofendido: É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse na persecução penal. Não há necessidade de formalismo. STF HC 86122. Ex: exame de corpo de delito, boletim de ocorrência.
Natureza Jurídica: Se o processo já estiver em andamento e a lei passar a exigir a representação, assume a condição de Prosseguibilidade. Se o processo ainda não está em andamento e a lei exige a representação, assume a condição específica de procedibilidade. 
Titularidade para o oferecimento da representação e queixa crime: 
O ofendido com 18 anos completos ou mais. CC, o cidadão adquire sua capacidade plena aos 18. Não há necessidade de representante legal,nem tampouco de curador. Ver Súm. 594. 
O ofendido menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental: 
Representante legal: É qualquer pessoa que seja responsável pelo incapaz. Desnecessidade de formalismo. 
Inércia do representante legal e decadência de direito de queixa: 1ªC: se o incapaz tinha representante legal e este não exerceu o direito de queixa ou de representação, haverá decadência e consequente extinção da punibilidade. Eugênio Pacelli. 2ªC: não há falar em decadência de um direito que não pode ser exercido pelo incapaz. Nucci e Mirabete. Lei 12.650/12, Art. 111, V (trata de prescrição nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes – Lei Joana Maranhão). A prescrição começa a contar quando a vítima atinge 18 anos. 
Se o ofendido incapaz não tiver representante legal ou se houver colidência de interesses, deve ser nomeado pelo juiz um curador especial. Art. 33 do CPP. O curador especial não é obrigado a oferece representação ou queixa. Princípio da Oportunidade/Conveniência. 
Ofendido casado com idade entre 16 e 18 anos completos: a emancipação neste caso, não confere ao ofendido capacidade plena para exercer o direito de queixa ou de representação. Diante da ausência de representante legal para exercer o direito de queixa ou de representação, há duas possibilidades: 
Nomeação de curador especial. 
Aguardar até que o ofendido complete 18 anos. Neste caso não há decadência, pois o direito não podia ser exercido. 
Morte da vítima: Ocorrerá a chamada sucessão processual, o direito de queixa ou de representação será transmitido aos sucessores (CADI). Art. 31 do CP. 
OBS:
 Não se inclui o companheiro, pois seria analogia In malam partem. 
Há uma ordem preferencial caso todos os sucessores tenham interesse na persecução penal. Todavia, caso haja divergência, prevalece a vontade do sucessor que tem interesse na persecução penal. Art. 36 CPP. O prazo decadencial do sucessor é o que restou da vítima, sendo que seu prazo só começa a fluir a partir do conhecimento da autoria. 
Prazo decadencial para o exercício do direito de representação/queixa: 
Decadência: causa extintiva da punibilidade. É a perda do direito de queixa/representação em virtude do seu não exercício no prazo legal.
Art. 38 CPP, é de 6 meses. A natureza jurídica deste prazo é de natureza material, então o dia do início é computado (Art. 10, CPP). Nos crimes de ação privada, este prazo decadencial de 6 meses não é interrompido, nem suspenso em virtude da instauração do inquérito policial. Em regra, o prazo decadência começa a correr a partir do conhecimento da autoria, exceto no Art. 236, § único. A queixa crime oferecida antes do decurso do prazo de 6 meses obsta o reconhecimento da decadência, ainda que oferecida perante juízo incompetente. 
OBS: ADPF 130-7 – a Lei de Imprensa não tem mais valor.
Retratação da representação: Retratar-se significa volta atrás, está se arrependendo de um direito que foi exercido. Pode se dar até o oferecimento da denúncia. Art. 25 CPP. 
Lei Maria da Penha, Art. 16. 
Este dispositivo continua sendo aplicável a crimes que depende de representação (ameaça, estupro). 
Apesar de o Art. 16 usar a palavra renúncia, trata-se na verdade de retratação, pois não há falar em renúncia de um direito que já fora exercido. 
- Representação:
Requisição do Ministro da Justiça: Condição específica da Ação Penal.
Ex: Art. 7º, §3º, “b” e Art. 141, I c/c Art. 145, §único. 
Não é sinônimo de ordem, pois o titular da ação penal pública é o MP. 
Não está sujeita ao prazo decadencial de 6 meses. 
Prevalece o entendimento de que é possível a retratação da requisição. 
É dotada de eficácia objetiva. 
- Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Art. 5º, LIX da CF. Somente é cabível diante da inércia do MP. Funciona como importante instrumento de controle do Princípio da Obrigatoriedade. Somente é cabível se o delito possuir com um ofendido determinado. Restrição: Lei 8.078/90, Art. 80 c/c Art. 82, III e IV; Lei 11.101/05, Art. 184. 
Está submetida ao prazo decadencial de 6 meses (Art. 38 CPP), que começa a fluir a partir da inércia do MP. Como em sua origem, a ação penal é pública, esta decadência não irá acarretar a extinção da punibilidade. Esta decadência é chamada de Imprópria. 
Poderes do MP: 
Opinar pela rejeição da peça da queixa subsidiária. Art. 395 do CPP 
Aditar a queixa subsidiária, tanto para incluir circunstâncias de tempo ou de lugar, quanto para acrescentar novos fatos delituosos e outros coautores. 
Deve intervir em todos os termos do processo, a lei exige que nesta ação, obrigatoriamente, forneça os elementos de prova, interponha recurso etc. 
Ainda a queixa crime subsidiária esteja em perfeitas condições é possível que o MP repudie a peça acusatória (afastar, descartar). Porém, nesta hipótese é obrigado a oferecer denúncia substitutiva. Art. 29 do CPP. 
Verificada a negligência do querelante, como não é possível o reconhecimento da perempção, o MP deve retomar a ação como parte principal. Isso é chamado pela doutrina de Ação Penal Indireta. 
- Ação Penal Popular: É aquela que pode ser ajuizada por qualquer pessoa. 
Habeas Corpus (Art. 654 do CPP). Pode ser ajuizado por qualquer pessoa. A pesar de ser possível seu ajuizamento por qualquer pessoa, não se trata de espécie de ação penal condenatória. O que se busca aqui é o reconhecimento de um constrangimento ou uma ameaça à locomoção. 
Faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia (mera notícia criminis) contra certos agentes políticos por crime de responsabilidade (infração político-administrativa que não prevê pena privativa de liberdade). 
- Ação Penal Adesiva: 1ªC: ocorre no direito alemão, em crimes de ação penal privada, o MP pode oferecer denúncia, se visualizar a presença de interesse público, hipótese em que o ofendido pode se habilitar como parte acessória. 2ªC: ocorre quando a há litisconsórcio ativo entre o MP, que oferece denúncia em relação ao crime de ação penal pública, e o ofendido, que oferece queixa em relação ao crime de ação penal privada (um mesmo processo com dois crimes). 
- Ação de Prevenção Penal: É aquela ajuizada contra o inimputável do Art. 26, caput do CP, objetivando a aplicação de medida de segurança. (absolvição imprópria – sentença absolutória imprópria). 
- Ação Penal Secundária: Ocorre quando as circunstâncias do delito acarretam a mudança da espécie de ação penal. Um mesmo crime prevê mais de uma ação penal. Ex: crime de estupro. 
- Ação Penal nos crimes contra a honra: A regra, de acordo com o CP é que eles sejam se ação penal privada. As exceções são:
Injúria real (Art. 140, §2º): Se for praticado mediante vias de fato a ação será de iniciativa privada. Se resultar lesão corporal leve, a ação penal será pública condicionada à representação. Se resultar lesão corporal grave ou gravíssima será de ação penal pública incondicionada. 
Crimes contra a honra do Presidente ou Chefe de Governo estrangeiro: ação penal pública condicionada a requisição do Min. da Justiça.
Crimes eleitorais contra a honra (durante a propaganda eleitoral): Ação penal pública incondicionada (todos do Código Eleitoral).
Crimes militares contra a honra: Ação Penal Pública Incondicionada.
Injúria Racial (Art. 140, §3º do CP). Antes da lei 12.033/09 era ação privada e passou a ser de Ação Penal Pública Condicionada a Representação. Essa lei é exemplo de novatio legis in pejus, então essa mudança produzida pela lei aplica-se apenas aos crimes cometidos a partir do dia 30/09/09. Esse crime não se confunde com o delito de racismo (ocorre uma oposição indistinta a toda uma raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional). Vale acrescentar, que é um crime de ação penal pública incondicionada. *STF HC 90157 
Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções (propter officio). Súm. 714 do STF: No inquérito 1939, o STF decidiu que uma vez reconhecida a representação, autorizando o MP a agir, não é mais possível o oferecimento de queixa crime. Essa decisão do STFdemonstra que não se trata de uma legitimação concorrente, pois os dois não podem agir de maneira simultânea, sendo uma legitimação alternativa. 
Legitimidade do ofendido mediante o oferecimento da queixa 
Legitimidade do MP mediante ação penal pública condicionada a representação. 
- Ação Penal nos crimes de Lesão leve/culposa no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: Para os crimes de lesão leve/culposa, antes da lei 9.099/95 eram crimes de ação penal pública incondicionada, com a lei, em seu Art. 88 passa a ser de ação penal pública condicionada a representação. A Lei Maria da Penha (11.340/06 Art. 41).
	Art. 16
	Art. 41
	 - Ação Penal Pública Condicionada à Representação. 
 - STJ: ao apreciar o Resp 1097042 entendeu que o crime de lesão leve/culposa praticada no contexto familiar seria condicionada a representação. 
	- O crime de lesão leve/culposa praticado no contexto familiar é crime de ação penal pública incondicionada.
- STF: ao apreciar a ADI 4424 entendeu que seria de ação penal pública incondicionada. O próprio STJ passou a adotar esse posicionamento. 
OBS: O STF entendeu que outros crimes espalhados como, estupro e ameaça continuam sendo pública condicionada à representação, mesmo que praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher, sob o argumento de não poder mudar dispositivo legal. 
- Ação Penal nos Crimes Sexuais: 
	Antes da Lei 12.015/09
	Depois da Lei 12.015/09
	 - Regra: Ação Penal Privada. Aqui entra a violência presumida.
 - Exceções: 
Vítima pobre: A ação penal seria pública condicionada à representação, mesmo que houvesse defensoria pública na comarca. STF HC 88043
Abuso do poder familiar: A ação penal pública seria incondicionada. 
Crime qualificado pela morte ou pela lesão grave (preterdoloso): ação penal pública incondicionada. 
Emprego de violência real (emprego de força física sobre o corpo da vítima como forma para constrangê-la): ação pena pública incondicionada, mesmo que dele resultasse lesão leve. Súm. 608 do STF. O Supremo aplicava o Art. 101 do CP, que prevê a ação penal extensiva. Em crimes complexos (são aqueles crimes que resultam na fusão de duas ou mais figuras típicas), se um dos crimes for de ação penal pública, opera-se uma extensão da natureza pública, e o crime complexo passa a ser de ação penal pública. OBS: O estupro não é crime complexo. 
	Regra: Ação Penal Pública Condicionada à Representação (Art. 225 do CP). É uma novatio legis in pejus. 
- Exceções: 
Menor de 18 anos: ação penal pública incondicionada. 
Pessoa vulnerável: Art. 217-A: ação penal pública incondicionada (§único do Art. 225). Princípio da Proporcionalidade – vedação da proteção insuficiente. 
 
- Renúncia ao direito de queixa e perdão do ofendido: 
	Renúncia
	Perdão
	- É o ato unilateral e voluntário, por meio do qual a pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abre mão do seu direito de queixa, com a consequente extinção da punibilidade (natureza jurídica) em crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. 
Momento: Ocorre antes do início do processo. Está relaciona ao Princípio da Oportunidade ou Conveniência. 
Ato Unilateral: Não depende de aceitação. 
Princípio da Indivisibilidade: A renúncia de um implica à renúncia de todos os acusados (coautores e partícipes). 
Pode ser expressa (feita por meio de uma declaração inequívoca) ou tácita (é a mais comum, que ocorre diante da prática de ato incompatível com a vontade de processar). Art. 57 do CPP.
OBS 1: No CPP o recebimento de indenização não acarreta a renúncia tácita. Art. 104, §único do CPP. 
OBS: 2 Nos juizados a composição civil dos danos acarreta renúncia ao direito de queixa ou de representação. Art. 74, §único da Lei 9.099/95. 
	- É o ato bilateral e voluntário, por meio do qual, durante o curso do processo, o querelante resolve perdoar o acusado, com a consequente extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. 
Momento: Durante o processo até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória. Art. 106, §2º do CP. Após a sentença cabe ao Estado executar a pena. Está relacionado ao Princípio da Disponibilidade. 
Ato Bilateral: Depende de aceitação. Se não aceitar o processo prossegue. Se aceitar extingue-se a punibilidade. O silencio do querelado importa a aceitação. (Art. 58 do CPP)
Princípio da Indivisibilidade: O perdão concedido a um dos querelados estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação. 
Pode ser expresso ou tácito também. 
O perdão do ofendido não se confunde com o perdão judicial. Porém, os dois são causas extintivas da punibilidade. Art. 107 do CP. 
 
- Perempção: É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima. Também tem natureza jurídica de extinção da punibilidade. Art. 60 do CPP. Funciona como a perda do direito de prosseguir, ou seja, o processo já estava em andamento. 
OBS: Não de confunde com a Decadência. A decadência é a perda do direito de dar início ao processo. 
- Hipóteses de Perempção: Art. 60 do CPP. 
Após 30 dias de abandono do processo. Prevalece o entendimento de que o querelante deve ser intimado para justificar o abandono do processo. 
Motivo de falecimento ou incapacidade do querelante e ninguém aparecer (sucessão) em 60 dias. 
Deixar de comparecer sem motivo quando deveria comparecer a um ato do processo. Se o querelante não comparecer à audiência de conciliação significa que ele não quer acordo e não está abandonando o processo (não é causa de perempção). Ou deixar de formular pedido de condenação (o ideal é que seja de maneira expressa) nas alegações final; não confundir com os crimes de ação penal pública que mesmo que o MP não peça a condenação o juiz pode condenar. 
Quando a pessoa jurídica se extinguir sem deixar sucessor. 
- Peça Acusatória: Recebe o nome de denúncia nos crimes de ação penal pública (MP), e quando se trata de ação penal prima é chamada de queixa crime (ofendido ou representante legal). Em regra é apresentada por escrito, mas pode ser apresentada verbalmente nos juizados e reduzidas a temo (Princípio da Oralidade). Deve ser apresentada em vernáculo (língua portuguesa). Em tese é possível um litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante. Requisitos: 
Exposição (narrativa, descrição com dados fáticos da realidade) do fato criminoso com todas as suas circunstâncias. “O que aconteceu? Como? Quando? Quem? Contra quem? Qual o motivo?”
Elementos Essenciais X Elementos Acidentais da peça acusatória: 
Essenciais: são aqueles necessários para identificar a conduta delituosa como fato típico. Devem constar da peça acusatória, visto que a falta de um deles significa descrição de fato não criminoso. Logo, sua ausência é causa de nulidade absoluta. Ex: denúncia por crime culposo sem que o MP descreva em que consistiu a imprudência, negligência ou imperícia. STJ HC 188023
Acidentais ou acessórios: são aqueles relacionados às circunstâncias de tempo, lugar e modus operandi, cuja ausência nem sempre prejudica o exercício do direito de defesa, por isso trata-se de mera nulidade relativa. Se o MP tem consciência desses elementos deve inseri-los na peça acusatória. Todavia, se forem desconhecidos, isso não inviabiliza o oferecimento da peça acusatória. 
Atenuantes e agravantes: Devem constar da peça acusatória. Art. 385 do CPP (agravantes podem ser reconhecidas de ofício). STF HC 93211 
Denúncia genérica em crimes societários: A denúncia genérica significa que neste caso não há a descrição individualizada da com “crimes de gabinete”, aqueles praticados sob o manto protetor da pessoa jurídica. Para os tribunais, a denúncia deve estabelecer, mesmo que minimamente, a ligação entre a empreitada criminosa e cada um dos denunciados, o simples fato de ser sócio, gerenteou administrador não permite a instauração de processo penal pelos crimes praticados no âmbito da sociedade, se não se comprovar a relação de causa e efeito entre as imputações e a função do denunciado na sociedade, sob pena de indevida responsabilidade penal objetiva. Não é admitida nos tribunais. Pacelli fez uma distinção, entre: 
Denúncia genérica: vários fatos delituosos são imputados, genericamente, a diversos acusados, sem qualquer individualização (nulidade absoluta por violação da ampla defesa).
Denúncia geral: um único fato delituoso é imputado a várias pessoas, sem qualquer individualização (não há violação à ampla defesa). 
Qualificação do acusado: o nome, prenome, endereço, RG, CPF, filiação etc. caso o indivíduo não se identifique civilmente, poderá proceder na identificação criminal e na decretação de sua prisão preventiva (Art. 313 do CPP). 
Oferecimento de denúncia sem a qualificação do acusado: é possível desde que haja esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo (Art. 41 do CPP). Na prática isso não é viável. 
Classificação do crime: deve indicar o CP ou legislação especial e indicar o dispositivo legal em que o acuso está incurso. Ex: Art. 121, caput c/c Art. 14, II do CP. No processo penal, prevalece o entendimento de que o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação formulada. (imendatio e mutatio libelli). Art. 383 e 384 do CPP. 
Rol de testemunhas: Apenas se necessário. Se houver, o rol deve constar da peça acusatória, sob pena de preclusão. Caso o rol não seja apresentado no momento oportuno, a solução é pedir que o juiz ouça as testemunhas como se fossem do juízo (Art. 156, II do CPP). Número máximo de testemunhas:
 Procedimento comum ordinário: 8 testemunhas
Procedimento comum sumário: 5 testemunhas 
Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas (simetria)/5 testemunhas
Tribunal do júri: 1ª fase – 8 e 2º fase -5 
Procedimento ordinário do CPPM: 6 testemunhas
Lei de drogas: 5 testemunhas (Lei 11.342/06)
OBS: o juiz poderá indeferir os meios de prova desde demonstradas irrelevantes, impertinentes e protelatórias. Art. 400 do CPP. Para a acusação o número de testemunhas varia de acordo com a quantidade de ações delituosas. Para a defesa o número varia de acordo com a quantidade de ações e de acordo com a quantidade de acusados. 
Deve ser subscrita pelo promotor ou pelo advogado do querelante: deve trazer uma procuração com poderes especiais que deve constar o nome do querelado e deve fazer menção ao fato delituoso. Eventuais vícios podem ser supridos se o querelante assinar a queixa em conjunto com seu advogado e podem ser supridos mesmo após o decurso do prazo decadencial. Art. 44 do CPP. 
Prazo para o oferecimento da peça acusatória: 
	
	Preso
	Solto
	 - CPP: 
 Denúncia (Art. 46 do CPP) / Queixa
	 
5 dias (denúncia)/5 dias (queixa)
	
15 dias (denúncia)/6 meses (queixa)
	 - Lei de drogas
	10 dias
	10 dias
	 - CPPM
	5 dias + 5 dias
	15 dias + 15 dias + 15 dias
	 - Crimes contra a economia popular
	2 dias 
	2 dias 
	 - Abuso de autoridade
	48 horas
	48 horas 
	 - Código eleitoral
	10 dias
	10 dias
- Consequências da inobservância do prazo pelo MP: cabimento de ação penal privada subsidiária da pública; perda do subsídio por dia de atraso (art. 801 do CPP) para muitos este artigo não foi recepcionado pela CF (Art. 128, §5º, I “c” da CF); em se tratando de investigado preso se o excesso for abusivo é cabível o relaxamento da prisão sem prejuízo da continuidade do processo.
Provas
 - Princípios:
Presunção de Inocência: Consiste no direito de não ser declarado culpado se não após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, ao término de um processo no qual tenham sido observadas todas as garantias fundamentais.
Terminologia: 
Convenção Americana de Direitos Humanos: Dec. 688/92 Art. 8º, 2. Toda pessoa tem direito a que se presuma sua inocência. Princípio da Presunção de inocência. Enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa (até o exercício do duplo grau de jurisdição);
Constituição Federal: Art. 5º, LVII da CF. “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Princípio da Presunção da Não Culpabilidade. Limite mais amplo que o CADH, por isso, deve prevalecer (Princípio Pro Homini). 
Duas regras fundamentais derivam desse princípio: 
Regra probatória:
Recai sobre a acusação o ônus de comprovar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, sob pena de sua pretensão ser julgada improcedente. 
In Dubio Pro Reo: regra de julgamento a ser usada pelo juiz caso tenha dúvida razoável ao final do processo.
Revisão Criminal: Só pode ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou absolutória imprópria. Na Revisão criminal, não se aplica o In Dubio Pro Reo. O Princípio que se aplica aqui é o In Dubio Contra Reum. No caso de empate, na votação de Revisão Criminal, prevalece a posição mais favorável ao acusado (Art. 615, §1º do CPP). 
Regra de tratamento: Em regra, o acusado deve permanecer em liberdade durante a persecução penal. Todavia, se houver necessidade, é possível a decretação de medidas cautelares de natureza pessoal, inclusive a própria prisão cautelar. Em situações excepcional, desde que comprovada sua necessidade em uma decisão judicial fundamentada. Art. 5º, LXI da CF. 
Ausência de efeito suspensivo do RE e do Resp: A prisão era efeito automático de acórdão condenatório do TJ ou do TRF, justamente pelo fato desses dois recursos não serem dotados de efeito suspensivo (Art. 637 do CPP e Lei 8.038, Art. 27, §2º). 
Execução provisória da pena: a pena era executada apesar de não ter havido o trânsito em julgado a sentença condenatória. 
STF HC 84078: entendeu que essa execução provisória não é mais possível. Como o conhecimento do RE e do Resp obsta (efeito obstativo) o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não é possível a execução provisória da pena, sob pena de violação ao Princípio da Presunção de Inocência. Gerou a Lei 11.403/11 que alterou o Art. 283 do CPP. Todavia, não impede a decretação de prisão preventiva, desde que presentes seus pressupostos.
OBS: Apesar e não mais se admitir s execução provisória da pena, isso não impede a concessão antecipada de benefícios prisionais ao preso cautelar. Súm 716 e 717 do STF. 
Recursos manifestamente protelatórios usados apenas para impedir o trânsito em julgado, neste caso é possível o início do cumprimento da pena. Exercício abusivo de direito (STF AO 1046).
	
Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere: o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Art. 5º, LXIII da CF e CADH Art. 8º, §2º, “g”. 
Titular do direito à não auto incriminação: “o preso” (Art. 5º, LXII). Na verdade é qualquer pessoa que possa se incriminar. Mero suspeito, pessoa figurando na condição de investigado, indiciado, denunciado também podem. Enquanto testemunha, tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder por falso testemunho (Art. 342 do CP), no entanto, se das respostas puder resultar auto incriminação, o depoente poderá permanecer em silêncio. 
Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo: Art. LXIII da CF. STF e STJ defendem que o indivíduo deve ser informado quanto ao direito a não auto incriminação, sob pena de ilicitude da prova. STF HC 80949 (gravação clandestina de conversa informa entre delegado e preso, sem prévia advertência quanto ao direito ao silêncio). 
Assemelha-se ao “Aviso de Miranda” no direito norte americano, nenhuma validade será conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido informada que: tem direito de não responder; tudo o que disser pode ser usado contra ela e; tem direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
A imprensa também tem que informar? Esse dever de informação também se aplica aos particulares. Eficácia Horizontal dos Direitos Humanos. É uma corrente doutrinária. 
STF HC 99558 o STFentendeu que o dever e informação aplica-se apenas ao Poder Público.
Desdobramentos do princípio: 
Direito ao silêncio ou de permanecer calado. Art. 186 do CPP e Art. 198 (in fine não foi recepcionado pela CF/88, pois o exercício do direito ao silêncio não pode ser interpretado em desfavor do acusado). 
Tribunal do júri: Antes da Lei 11.689/08, se o crime era inafiançável, a presença do acusado no júri era indispensável. Com o advento da Lei 11.689/08, o júri pode ser realizado sem a presença do acusado, regularmente intimado, pouco importando a natureza do delito (afiançável/inafiançável). Se o acusado pretende permanecer em silêncio, talvez seja melhor não comparecer à sessão de julgamento. O exercício do direito ao silêncio não pode ser usado como argumento de autoridade para se convencer os jurados. Art. 172 do CPP. 
OBS: Direito à mentira - No Brasil há uma inexigibilidade da verdade, pois no Brasil, o crime de Perjúrio não é tipificado. Se a mentira do acusado incriminar terceiro inocente, deverá responder por denunciação caluniosa. RE 640139 – O STF entendeu que o Nemo Tenetur não abrange o crime de falsa identidade. STJ HC 151866
Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incrimina-lo. 
Provas que demandam participação ativa: Reconstituição do crime, fornecimento de material para exame grafotécnico, fornecimento do padrão vocal (espectograma da voz). Se a prova não demandar qualquer comportamento ativo, ou seja, uma prova que exija cooperação meramente passiva, não está protegida pelo Nemo Tenetur. Ex: reconhecimento pessoal, fotográfico, bafômetro passivo. 
Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. 
- Princípios:
Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere: o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Art. 5º, LXIII da CF e CADH Art. 8º, §2º, “g”. 
Desdobramentos do princípio: 
Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano. Ex: exame de sangue. Essas provas estão protegidas pelo Nemo Tenetur. 
Prova não invasiva: mera inspeção ou verificação corporal, produzida sem qualquer penetração no organismo humano. Ex: guimba de cigarro, exame de raio X, lixo, exame de DNA. Não está protegida pelo Nemo Tenetur. *STJ HC 149146 e STF Rcl 2040. Súm. 301 do STJ. 
OBS: Lei 12.654/12, essa lei passou a prever a coleta do material biológico para fins de identificação do perfil genético, desde que esse material seja coletado a partir de um material descartado (não invasivo). 
Bafômetro e nova redação do Art. 306 do CTB: 
	Antes da Lei Seca – Art. 306 do CTB
	Depois da Lei Seca – Art. 306 do CTB
	- “Expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”.
- Crime de perigo concreto (a situação se perigo está inserida no próprio tipo penal, deve ser comprovado). 
- “Sob a influência de álcool”. Deve ser comprovado a través de um exame de corpo de delito direto. Pode ser feito por um exame de sangue, ou pelo bafômetro. 
- Caso o condutor se recursasse a fazer o exame direto, era possível que a prova testemunhal ou um exame clínico suprisse a ausência do exame direto (corpo de delito indireto). 
	- Crime de perigo abstrato. 
- Esse crime de perigo abstrato, segundo o STF, está de acordo com a CF. 
- “estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas” (é uma elementar).
- Exame de corpo de delito direito, podendo ser de duas formas: sangue e bafômetro. 
- Caso o condutor se recuse a fazer o exame direto, não será possível a comprovação do crime do Art. 306. *STJ Resp 1111566
- Pode caracterizar infração administrativa.
Princípio da Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: Art. 5º, LVI da CF.
 Fundamentos:
Proteção aos Direitos e Garantias Fundamentais. 
Fator de inibição e dissuasão à adoção de práticas probatórias ilegais. 
 Distinção entre provas ilícitas e provas ilegítimas:
	Provas ilícitas
	Provas ilegítimas
	 - Produzida mediante violação à regra de direito material. 
 - Ex: confissão mediante tortura, invasão de domicílio. 
 - Momento da produção: em regra, ocorre em momento anterior ou concomitante ao processo, mas sempre externamente a este. 
 - Consequência: reconhecida a ilicitude da prova, esta será desentranhada dos autos do processo. É o chamado “direito de exclusão”.
 - Art. 157, §3º do CPP. Deve haver uma decisão judicial reconhecendo a ilicitude desta prova, devendo ser proferida o quanto antes possível, para se evitar a contaminação de outras provas. Poderá ocorrer através de uma decisão interlocutória (caberá RESE Art. 581, XIII do CPP), ou de uma sentença (apelação criminal). Não é de se desprezar o HC nem o MS. 
 - Quando não couber mais recurso contra essa decisão, a prova que já havia sido desentranhada deve ser inutilizada (destruída), salvo em duas hipóteses: quando a prova consistir em objeto lícito pertencente a terceiro e quando a prova consistir no corpo de delito de crime praticado por ocasião de sua produção. 
	- Produzida mediante violação à regra de direito processual. 
- Ex: Art. 479 do CPP. 
- Momento da produção: em regra, ocorre durante o curso do processo. Endoprocessual. 
- Consequência: deve ser declarada a nulidade do ato processual. Podendo ser absoluta ou relativa, a depender do caso concreto.
OBS: Nova redação do Art. 157, caput do CPP dada pela Lei 11.690/08. 
1ªC: Como o Art. 157, caput, não faz qualquer ressalva quanto à espécie de norma legal violada, entende-se que, doravante, a violação de normas constitucionais ou legais, de natureza material ou processual, dará ensejo à prova ilícita. (LFG) 
2ªC: o Art. 157, caput, deve ser objeto de interpretação restritiva. Na verdade quando o dispositivo faz menção à violação de normas legais, refere-se apenas às normas de direito material. (Ada Pellegrini) 
Descontaminação do julgado: o juiz que tiver contato com a prova ilícita, não poderá julgar o caso concreto. Art. 157, §4º do CPP (revogado). 
Prova ilícita por derivação: São os meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que acaba por causar sua contaminação, por efeito de repercussão causal. Precedente norte Americano “Silverthorng Lumber Co Vs. US”. Teoria dos frutos da árvore envenenada. *STF HC 73351
Teoria da Fonte Independente: Se órgão da persecução penal demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a partir de fontes autônomas de prova, que não guardem qualquer relação com a prova ilícita originária, esses elementos probatórios são plenamente válidos. Tem precedente no direito norte americano no caso “Bynum Vs. US”. *STF HC 83921 (Lei 11.690/08, Art. 157, §1º do CPP) 
Teoria da Descoberta Inevitável: Também é chamada de Teoria da Fonte Hipotética Independente. Esta teoria deve ser aplicada quando se demonstrar que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer maneira, independentemente da prova ilícita originária. Esta teoria só pode ser aplicada com base em dados concretos que confirmem que a descoberta seria inevitável e não em dados meramente especulativos. Precedente no direito norte americano “Nix Vs. Williams-Williams II”. *não há precedentes no STF. A lei 11.690 no seu Art. 157, §2º teria introduzido essa teoria (onde se lê “fonte independente”, leia-se “descoberta inevitável”). *STJ HC 52995 
Teoria do Encontro Fortuito de Provas: Essa teoria deve ser utilizada quando no curso de determinada investigação relacionada a um delito, forem encontrados elementos probatórios relacionados a outros crimes e/ou a outras pessoas além do investigado. Se esses elementos probatórios foram encontrados de maneira fortuita ou casual, são considerados válidos. Porém, se restar demonstrado que houve desvio de finalidade por ocasião da diligência inicial, esses novos elementos probatórios são ilícitos. Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. 
Ex 1: interceptação

Continue navegando