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aulas do prof. Marcelo Moita Pierot

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PENAL I
I- INTRODUÇÃO
Fato social → ilícito jurídico → ilícito penal(matar alguém=reclusão),civil(sanção=multa civil), administrativo(sanção=advertência), eleitoral(sanção=perda do mandado), (…)
Obs.: *caráter fragmentário do dir. Penal.
Fragmentário: só fragmentos da realidade social. O direito penal não tem por objetivo tutelar todo tipo de bens jurídicos, somente os mais relevantes.
*significa dizer que quando um fato social afeta gravemente interesses da sociedade e os outros ramos do direito se mostram insuficientes para fazer a pacificação social, esta deve ser tutelada pelo direito penal, tendo em vista que possui o mais grave mecanismo de controle formal pelo Estado. Dessa forma, o direito penal deve tutelar somente os bens jurídicos mais relevantes, deixando para os outros ramos aquilo que a sociedade atualmente não considera como mais importante. 
II- CONCEITO: Direito Penal é a disciplina que tem por objetivo o estudo do crime, bem como das formas de sanção penal. Regulando o jus puniende estatal.
	
II.i - Características:
a) Público: relação entre o Estado e o indivíduo. Porque regula basicamente uma relação entre o Estado e o causador do delito.
b) Dever ser: O Direito Penal pertence a classe das ciências culturais. Deve-se ser feito um juízo de valor em contraposição ao juízo de realidade. 
	Normativo: Tem por objetivo o estudo da norma positivada 
	Valorativo: O D. P vai hierarquizar suas normas sempre no sentido de proteger bens jurídicos relevantes. Aquilo que não representar mais um valor fundamental deve ser retirado da esfera penal(Seletividade do direito penal).
Obs.: Quem diz o que é valor fundamental? r. Os legisladores, que são os representantes da sociedade. 
e) Finalista: possui um fim especial de atuar em defesa da sociedade. Protegendo os bens jurídicos relevantes.
f) Constitutivo: Por vezes possui conceitos próprios diferente dos outros ramos. Ex: o conceito de funcionário público(art. 327 CP), art. 150 § 4º CP. 
g) Sancionador: o D.P. não tem conceitos próprios, pega conceitos de outros ramos do direito. Na maioria das vezes aproveita conceitos dos outros ramos e cria um tipo penal(crime). O D.P é predominantemente Sancionador e excepcionalmente Constitutivo.
h) Dogmático: Porque se fundamenta no direito positivo, baseado no método técnico-jurídico.
→ Missão: 
*proteger bens jurídicos; 
*conter a violência do estado;
*Prevenção da vingança privada;
*Servir de garantia a todos
→ Função:
*Legítima: proteger bens jurídicos relevantes. 
*Ilegítima: - Promocional: usar o direito penal para promover determinadas leis, pois a população valorizam a ideia de repressão extrema. Ex: lei ambiental
						-Simbólica: falsa ideia de que aumentando a pena e criando novos tipos penais a criminalidade vai diminuir. Ex.: Lei dos crimes hediondos
→ Dir. Penal: Objetivo: é o conjunto das regras legisladas que disciplinam o crime e definem a pena.
Subjetivo: Direito de punir do Estado.
Comum: diz respeito ao órgãos da justiça comum.
Especial: diz respeito aos órgãos das justiças especializadas
Obs.: Dir. Pen. Comum: Justiça Estadual e Federal
Dir. Pen. Especial: - Militar estadual e federal
									-Eleitoral
Obs.: Justiça do trabalho? r- o juiz do trabalho não tem competência penal; a maior parte dos crimes é de competência da justiça federal.
obs.: - Legislação Penal comum(código penal) e especial(são leis específicas criminais fora do CP)
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO( Dec-lei 2848/40)
→ Parte Geral: * Aplicação da lei penal
*Causas extintivas de punibilidade
→ Parte Especial: * Crimes contra a vida
									*Crimes contra a administração pública.
→ Legislação penal especial: Lei dos Crimes Hediondos, Lei das Contravenções Penais, lei de combate as drogas, Lei maria da penha, Código de Trânsito Brasileiro, Código Eleitoral, Lei de Combate a Tortura, Lei de Execução Penal.
→ Relação do Dir. Penal com outros ramos do direito;
- constitucional: pelo princípio da supremacia da constituição as normas penais deve nela enquadrar-se, além do que vários temas penais foram constitucionalizados. Ex: a questão da menoridade penal.
- processo penal: realiza o direito penal. É a principal limitação ao direito de punir. O devido processo legal é a principal garantia em face da norma incriminadora.
- Dir. Penal internacional: diz respeito as normas que tratam dos interesses entre dois ou mais países em seu território. Ex.: regras sobre extradição
-Dir. Internacional penal: diz respeito ao combate as infrações universais que violam os direitos humanos e o direito internacional. Ex: os crimes de guerra, genocídio. 
- Dir. Civil: o crime pode ocasionar o direito a uma reparação civil, uma reparação indenizatória. 
-D. Empresarial(o direito penal tutela institutos como o cheque), Trabalho(quando tutela crimes contra a organização do trabalho), Tributário(quando tutela crimes contra a sonegação fiscal), Administrativo(crimes contra a administração pública), Execução penal(quando disciplina a vida do réu após a condenação), Medicina Legal(são conceitos médicos aplicados em matéria penal no intuito de elucidar crimes), Criminalística.
FONTES DO DIREITO PENAL
	Origem da lei penal
A) MATERIAL (produção)
órgão → Estado: União(22, I, CF/88)
Obs.: Lei complementar → autoriza → estados (competência suplementar – 22, p. Único, CF/88)
B) FORMAL : (de conhecimento)
I - F. Imediatas: Lei formal:(direta) norma geral, abstrata e impessoal emanada do poder legislativo. 1Obs.: Não é lei formal resolução, portaria, decretos.
2Obs.: F. imediatas: lei formal, as normas constitucionais e os tratados internacionais sobre os direitos humanos. 
3Obs.: medida provisória: art. 62, § 1º, b, CF/88
II – F. Mediata( Indireta): Costumes(são regras de conduta praticadas com constância e uniformidade, que dá ideia de obrigatoriedade. Servem na interpretação da lei penal. Jamais revoga lei.), princípios gerais(são premissas éticas extraídas do ordenamento jurídico. Ex: Princípio Bagatelar), jurisprudência, doutrina.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL
	Princípio da legalidade (art. 1º, CP/5º, XXXIX, CF/88) “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”
Obs.: P. Legalidade(gênero)
- P. Da Reserva Legal(espécie): exige-se lei formal para crime e para pena, exigência da lei.
- p. Da Anterioridade(esp.): A lei tem que ser prévia e a pena prévia, exigência que a lei seja feita antes.
I – Estado de Direito: dá uma ideia de submissão do Estado à lei formal. Tinha como objetivo dá segurança jurídica, no entanto não havia preocupação com o conteúdo social, ético dessa lei. Não se interpretava a lei. 
	Segurança Jurídica
			-Código Napoleão(1804)
-Escola de Kiel (Direito Penal Nazista)
II - Estado Democrático de Direito: há uma preocupação com o conteúdo da lei, devendo haver adequação social. Em matéria penal a lei deve tutelar apenas bens jurídicos relevantes, sob pena de ferir o princípio da dignidade da pessoa humana, dentre outros trazidos pela Constituição.
II- LIMITES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
	FORMAL: apenas lei do Congresso Nacional
	MATERIAL: Competência privativa da União.
	GARANTIAS IMPLÍCITAS:
LEX Scripta (escrita e publicada no Diário Oficial da União)
“ Populi (Deve ser efetivamente debatida pelo parlamento, nas suas respectivas comissões) 
“ Certa(lei penal deve ser taxativa, não pode ter um conteúdo vago e impreciso)
“ Clara(a lei tem que ser compreensível a maior parte da população)
“ Proporcionalis(tem que prever pena proporcional ao delito)
“ Determinata(lei penal deve descrever fatos possíveis de comprovação em juízo)
“ Stricta(deve ser interpretada restritivamente)
“ Praevia(é igual ao princípio da anterioridade)
Obs.: é proibida analogia in malam partem(para punir alguém).
	Abrangência: legalidade abrange crime, pena, processo(procedimento),execução. Sendo que na execução penal pode haver a chamada legalidade atenuada nas sanções leves e médias.
NORMA PENAL
	Teoria de Binding: afirmava-se que o delinquente não infringia a lei, pelo contrário, a sua conduta realizava exatamente o que diz a lei. E assim fazendo, violava a norma implícita.
Ex: Art. 121: “matar alguém”(lei)
“Não matar”(norma)
Lei: é uma regra feita pelo legislador que evidencia um comportamento que se quer proibir. A lei possui caráter descritivo.
Norma: é mandamento de um comportamento, sendo que a lei incriminadora possui um caráter proibitivo.
	CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS:
A) INCRIMINADORA: descreve o crime e comina a pena . Possui uma peculiaridade por serem compostas em preceito primário(descreve a conduta que se quer punir) e secundário(comina a sanção penal).
Art. 121 matar alguém(p. Primario)
pena: 06 – 20 anos (p. Secundário)
B) NÃO INCRIMINADORA:
1. PERMISSIVAS: são autorizativas. Tornam lícitas determinadas condutas tipificadas ou tornam impuníveis. Ex: menor de idade
2. EXPLICATIVAS: Esclarece o conteúdo de outras normas. Ex: Art. 33 do CP, arts. 5 e 6 do CP.
III. CARACTERÍSTICAS:
* Exclusividade: só a norma penal define crime e pena.
* Imperatividade: é imposta de forma coercitiva a todos, é de observância obrigatória.
* Generalidade: Possui efeito erga omnes 
* Anterioridade: aquele que definir o crime ou que ampliar o jus puniendi estatal deve estar em vigor antes do fato.
* Impessoalidade: o legislador não pode criar uma norma para punir uma pessoa determinada.
IV. NORMA PENAL EM BRANCO: são normas em que apenas o preceito secundário está descrito, sendo que o preceito primário exige complementação.
Finalidade: algumas matérias exigem atividade legislativa mais simples.
Ex: art. 33, lei nº 11343/01, art. 2º, VI, lei nº 15221/51
Obs.: Fere o princípio da legalidade? Majoritariamente não.
TIPOS:
a) Lei Penal em Branco Própria(em sentido estrito): o complemento não é dado pelo legislador. O complemento vem do Executivo(verdadeira LPBranco)
b) LPB imprópria(em sentido amplo): o complemento é dado pelo legislador. Ex: 327 CP.
b.1)Homovitelínia: complemento na mesma estrutura normativa, no mesmo código. Ex: 321.: 327 CP(norma penal explicativa)
b.2)Heterovitelínea: complemento em outra estrutura normativa. Ex.: 236 CP → 1521 CC
c) Lei Penal em Branco Invertida: o que precisa de complementação é o preceito secundário e o preceito primário está definido. Ex: lei n.º 2889/56 – genocídio
Obs.: quando não existe o complemento da norma penal em branco? O fato é atípico.
Obs1: Norma penal em branco é diferente de tipo penal aberto, pois o primeiro requer um complemento do executivo ou legislativo e o segundo, requer uma valoração(complemento) pelo aplicador do Direito. Ex: o que é ato obsceno? Depende dos costumes.
CONCURSO OU CONFLITO APARENTE DE NORMAS
I – Introdução: ocorre quando há dois ou mais artigos de lei vigentes aparentemente aplicáveis a mesma infração penal.
REQUISITOS: *Unidade de fato(fato único)
*Pluralidade de normas “aparente”(porque na prática, no caso concreto, o aplicador irá utilizar apenas uma norma)
II- PRINCÍPIOS(critérios)
a) Princípio da Especialidade: norma especial afasta a aplicação da norma geral. A norma especial possui todos os elementos da geral e mais as chamadas “especializadoras”.
Ex: art. 121 (tipo fundamental) e 123(infanticídio), este último possui especializantes.
Art. 121 (tipo fundamental) § 2º (tipo derivado).
Obs.: aplica-se esse princípio entre o tipo fundamental e o tipo derivado(ora diminuem a gravidade, ora aumentam)
Obs.: Verificação “in abstrato”: a verificação é da norma abstrata. Lembrando que esse delito “in abstrato” deve ter sido cometido no mesmo contexto fático, pois do contrário estaria caracterizado um concurso material de crimes.
B) P. Da Subsidiariedade: ocorre quando num caso concreto, uma das normas em conflito pode ser considerada subsidiária da outra. Não ocorre especializantes, mas graus diversos de ataque ao bem jurídico. 
Norma primária: maior violação(mais grave)
Norma secundária(soldado de reserva): menor violação ao bem jurídico.
Obs.: o que é importante é o CASO CONCRETO.
B.1) Expressa: quando a própria lei ressalta seu caráter subsidiário. Ex: art. 132, 307.
B.2) Tácita: a lei nada diz, porém analisando o caso concreto verifica-se a subsidiariedade.
Ex.: na tentativa de homicídio desqualifica-se para lesão corporal.
	P. Da Consunção ou Absorção: Fato mais amplo(mais grave) absorve fato menos amplo(menos grave), sendo que este é uma etapa para a realização do fato mais grave.
Ex: invasão de domicílio + roubo da casa = responde pelo roubo.
HIPÓTESES:
- Crime Progressivo: Unidade do elemento subjetivo. O agente desde o início quer produzir um resultado mais grave, através de atos sucessivos numa crescente violação ao bem jurídico.
- Crime Complexo: é resultada da fusão de dois ou mais crimes autônomos. Ex: Roubo + homicídio = Latrocínio.
- Progressão Criminosa: Pluralidade no elemento subjetivo( Várias intenções).
- Antefato impunível: é o fato menos grave anterior ao fato mais grave punível.
- Pós-fato impunível: é quando o fato menos grave é posterior ao fato punível.
	P. Da Alternatividade(possui vários verbos): ocorre o conflito dentro da própria norma, é aplicado nos chamados tipos mistos alternativos.
Ex: tráfico de drogas(art. 33 da lei nº 11.343) – exportar, vender, fabricar, etc., sendo que a prática de várias dessas ações contra uma única última caracteriza crime único.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
→ Visa revelar o sentido da norma.
→ Hermenêutica – ciência da interpretação.
→ Exegese – atividade prática (caso concreto) de interpretar.
I – ESPÉCIE
A) Quanto as fontes: 
-AUTÊNTICA/LEGISLATIVA: feita pelo próprio legislador(editando uma lei). Art. 327
-DOUTRINÁRIA: feito pelos estudiosos do Direito. Influencia direitamente a elaboração de novas leis.
-JURISPRUDÊNCIA: feito pelos órgãos do poder judiciário(não possui força vinculante). Jurisprudência são decisões reiteradas no mesmo sentido. E Sumula Vinculante(art. 103-A, CF/88) é a interpretação de efeito obrigatório, vincula também os órgãos da administração (nepotismo), não é lei. Obs.: Súmula – é cancelada e não revogada, não é lei.
B) Quanto aos meios:
- GRAMATICAL: leva em conta apenas o sentido literal do texto. Deve ser evitada isoladamente.
- HISTÓRICA: leva em conta a origem dos institutos. 
- LÓGICA/SISTEMÁTICA: leva em conta a vontade da lei, atendendo a sua finalidade dentro do ordenamento jurídico.
C) Quanto ao resultado:
- DECLARATÓRIA: a perfeita correspondência entre a letra da lei e a vontade do legislador.
- RESTRITIVA: a lei disse mais e o aplicador vai reduzir o significado.
- EXTENSIVA: a lei disse menos e o aplicador aumenta(ampliar) o sentido. Ex: Art. 155 § 5º CP(furto); Bigamia.
INTEGRAÇÃO PENAL
→ Método de preencher lacunas na lei(colmatação).
ANALOGIA: cria norma penal onde não existia originariamente (situação semelhante). Quando não possui legislação a respeito, mas possui situação parecida.
-Analogia in bonan partem: em benefício do réu.
Obs.: Interpretação Analógica: quanto o legislador autoriza o aplicador ampliar após uma sequência casuística na lei. Ex: lei___ou,_____ou, ____ou.
- Costumes: conduta reiteradas com convicção que obrigatoriedade. Função Penal: interpretar tipos penais abertos. O costume não revoga lei.
- Princ. Gerais do Direito: São premissas éticas gerias que também auxiliam a interpretação.
- Princ. Constitucionais Penais: em sua maioria derivam do princípio-síntese(LFG) da dignidade da pessoa humana.
LEI PENAL NO TEMPO(Art. 2º, CP)
(âmbito de eficácia temporal da lei penal)
I- INTRODUÇÃO
“tempus regit actum” - é aplicável a lei vigente ao tempo da execução do crime.
	fim: Segurança jurídica
	Sanção → promulgação → vigência → vacatio legis → revogação
Obs.: Decisão judicial revoga lei? Não pode revogar lei, mas pode retirar sua eficácia. O judiciárioé legislador negativo e não positivo, pois pode retirar a eficácia da lei, porém não revoga lei.
II - CONCEITOS
A) Atividade: é um fenômeno jurídico onde a lei regula todas as situações ocorridas durante a sua vigência e isso é a regra.
B) Extra-atividade: lei regula situações fora do período de vigência.
	Retroatividade: regula situações passadas.
	Ultratividade: regula situações futuras, ou seja, ainda produz efeitos mesmo após sua revogação.
III- PRINCÍPIOS BÁSICOS
	Irretroatividade da lei penal mais severa
	Retroatividade da lei penal mais benigna
Obs.: E a lei processual penal? Art. 2º CPP → são de aplicação imediata
	Lei penal: é a que cria, reduz, extingue o “jus puniendi” estatal. Ex: lei que cria o tipo penal, aumenta e diminui a pena, cria qualificadora, agravantes ou atenuantes, que trata sobre prescrição . Obs.: leis híbridas permanece a natureza penal.
	Lei Processual Penal: disciplina procedimentos criminais. Ex: trata sobre prisão preventiva(prisão processual), regime RDD, uma lei que proíbe liberdade provisória.
Obs.: leis de execução penal(LEP) tem natureza penal, pois tratam da execução da pena. Ex: proibe progressão de regime, dificulta o livramento condicional, lei do Regime Disciplinar Diferenciado(RDD). Art. 52 da LEP (sanção disciplinar) não é de natureza penal e sim procedimental. Tem natureza processual o regime RDD, portanto de aplicação imediata, ou seja, leis de natureza processual tem aplicação imediata.
IV – HIPÓTESES DE CONFLITO NA SUCESSÃO DE LEI PENAL
A) Lei nova incrimina: só aplica a partir da publicação.
B) Lei nova descrimina: retroage
Obs.: Será extinta a pena ou a ação penal, mais os efeitos civis permanecem. Art. 2º CP, parte final. Ex: Crime de sedução.
C) Lei nova agrava a situação: não retroage
D) Lei nova favorece: Retroage
	O que é “lei nova mais favorável”? É preciso analisar o caso concreto, ouvir o réu e seu defensor. 
	Quem aplica(qual juízo competente)? Se o processo está no 1º grau este juiz é competente; se em grau de recurso o tribunal respectivo; se na fase de execução(com sentença penal condenatória transitada em julgado) o juiz de execução.
	Há ofensa a coisa julgada? (clausula rebus sic stantibus) Não, pois a sentença condenatória possui implícita esta cláusula. A decisão permanece imutável até quando os fatos se mantiverem inalterados.
V) COMBINAÇÃO DE ASPECTOS FAVORÁVEIS DE LEIS PENAIS SUCESSIVAS
	É perfeitamente possível a conjunção de aspectos favoráveis de leis penais sucessivas, pois o aplicador deve interpretar sistematicamente ou teleologicamente o ordenamento jurídico. Isso é o que o STF chama de TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA.
→ PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA: quando há a revogação da lei, mas o seu conteúdo é disciplinado em outra lei.
	“ABOLITIO CRIMINIS TEMPORALIS” : quando a lei cria o crime ou tipo, porém suspende temporariamente sua eficácia aguardando uma regulamentação . Ex: Lei de armas.
→ Lei de Vigência Temporária(3º , CP): auto-revogáveis e ultrativas
	Lei Temporária: é uma lei que traz certo o dia da sua revogação.
	Lei Excepcional: tem vigência durante um período pré-determinado. Ex: Seca, epidemia de cólera.
Obs.: ambas são ultrativas, pois do contrário perderiam todo o seu poder intimidativo( questão de segurança jurídica).
	Crime Permanente: quando a consumação se prorroga no tempo por vontade do agente. Ex: sequestro de 10 anos.
	Crime Continuado (art. 71): quando vários crimes da mesma espécie são praticados mediante circunstâncias específicas, vou considerá-los como um só para efeito de aplicação de pena. Ex: assalto (com o mesmo modus operandi e circunstâncias) em vários postos de gasolina durante toda a semana. Súmula STF 711
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS EM BRANCO
→ Se a norma complementar à N.P.B estiver ligada a uma circunstância excepcional ou temporária. É ultrativa e não-retroage.
→ Do contrário- retroage: se a norma complementar não estiver ligada a uma circunstância temporária ou excepcional ela vai retroagir e portanto beneficiar.
TEMPO DO CRIME( 4º, CP)
I – Verificar a imputabilidade do agente no momento(data) do crime.
	Tempo da atividade: é o momento da ação ou omissão(conduta).
	Teoria do Resultado: é o momento da consumação.
	Teoria da Ubiquidade ou mista: momento da ação e consumação.
Ex: Praticou o crime antes da maioridade e a vítima faleceu na maioridade do agente.
Ex: Crime no dia do seu aniversário. Só no tempo (primeiro segundo do dia que nasceu).
Ex: “A” imputável desfere tiro em “B”, que morre após A se tornar inimputável por doença mental.
LEI PENAL NO ESPAÇO( 5º – 9º, CP)
I – INTRODUÇÃO
→ Soluciona casos em que um crime viola interesses de dois ou mais países. Podendo solucionar casos em que a conduta se dá num território e o resultado em outro.
II- PRINCÍPIOS BÁSICOS:
A) P. TERRITORIALIDADE(5º, CP):
→ é a regra. Aplico a lei do território onde o fato foi praticado. 
Obs.: Interior das embaixadas: sede de embaixadas é território brasileiro. Convenção de Viena. No entanto são invioláveis as embaixadas para efeito da percussão(processo) penal.
B) P. EXTRATERRITORIALIDADE(7º, CP): 
	Exceções:
→ Aplico lei penal Brasil em crimes fora do Brasil.
→ Dir. Internacional: pautado no princípio da reciprocidade. Tratados e acordos internacionais.
	Princ. Nacionalidade: art. 7º, II, b(nacionalidade ativa); Art. 7º, § 3º(nac. passiva)
→ Aplico a lei nacional ao crime cometido fora do país quando o autor for brasileiro(nacionalidade ativa) ou quando a vítima é um brasileiro(nacionalidade passiva).
	Princ. Da Defesa: Art. 7º, I, a,b,c
→ Leva em consideração a nacionalidade do bem jurídico lesionado.(muito usado nos EUA)
	Princ. Justiça Penal Universal: 7º, I, d e II, a
→ O autor de um crime deve ser punido onde quer que se encontre.
	Princ. Da Representação: 7º, II, c
→ aplico lei brasileira em crime praticados em navios ou aeronaves privadas fora do território nacional e lá não sejam punidos.
Qual adotado no BR? O CP adota o princípio da territorialidade mitigado ou temperado, pois em alguns casos é possível a aplicação da extraterritorialidade. Ocorre também a chamada INTRATERRITORIALIDADE, é a lei estrangeira ser aplicada ao fato cometido dentro do territorialidade nacional, o sujeito é processado por lei de países de fora. Ex: caso dos diplomatas.
b.1) Tipos de Extraterritorialidade:
	Incondicionada(7º, I, CP): Não se subordina a qualquer condição para a jurisdição brasileira atuar. Ex: crime contra a vida ou liberdade do presidente da república.
	Condicionada: (7º, II, § 3º e § 2º): Só aplico a lei brasileira quando satisfeitas algumas condições. Tudo que não está no rol das incondicionadas. Sempre de aplicação subsidiária, pois será usado em regra a territorialidade.
Obs.: Que é Território Nacional? 
Geográfico- composto pelos acidentes geográficos.
Jurídico- onde o Estado brasileiro exerce a sua jurisdição. Inclui o mar territorial que é uma faixa de 12 milhas marítimas, não inclui a zona marítima contígua e nem a chamada zona marítima econômica(área do pré-sal).
Obs.: Navios e aeronaves
		Públicos: é extensão do território onde quer que se encontre.
	Privados: é extensão do território nacional desde que no nosso mar territorial.
Obs.: Princ. Do Pavilhão/bandeira: considera território nacional navios e aeronaves do país em que estão matriculados.
Obs.: Tripulação do público fora da embarcação a título particular. Desceu no Brasil, jurisdição brasileira, pois no território brasileiro. TERRITORIALIDADE.
Obs.: Crime em avião francês(privado) no espaço aéreo Brasileiro. TERRITORIALIDADE.
→ Princ. Da Passagem Inocente: Se não ofendeu nenhum bem jurídico brasileiro, será processado no primeiro local que ele aportar.
Obs.: crimes cometido abordo de navios e aeronaves são de competência da justiça federal e direito penal comum.
2ª avaliação
NÃO INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
I – Imunidades diplomáticas→ Conv. De Viena(1961)
→ Princ. Da Reciprocidade
→ Significa que o diplomata não pode ser preso nem submetido a qualquer procedimento ou processo sem autorização do seu país.
	A natureza jurídica da imunidade diplomática: causa exclusão da jurisdição.
	Será processado no seu país de origem.
	Abrange a jurisdição penal, civil, tributária, etc, ressalvado acordos internacionais.
	Abrange a família desde que não sejam nacionais.
	Abrange funcionários da ONU.
	Abrange as comitivas dos chefes de Estado e governo.
	Exceto: funcionários particulares.
	Cônsul possui prerrogativa de função(ele não teria imunidade, mas prerrogativa).
	O Estado pode renunciar a imunidade, a pessoa do diplomata não.
II- Imunidades Parlamentares:
→ exceção constitucional ao princípio da territorialidade: tem por objetivo garantir a atividade, o fim parlamentar.
- a natureza jurídica: causa de atipicidade da conduta.
a) Substantiva(material): EC 35/01
→ Art. 53 – 56, CF/88
→ tem natureza penal, assegura palavra, opinião e voto desde a expedição do diploma, não pode ser renunciada pelo parlamentar; abrange a área civil. Tudo em exercício de sua função . Ministros suplentes não.
- Obs.: a imunidade não abrange a área disciplinar, podendo o congressista ser processado por quebra do decoro parlamentar. Art. 55, II da CF.
b) Processual(formal):
→ tem natureza processual, protege o parlamentar de prisão e processos arbitrários. Exceto, em caso de crimes inafiançáveis. Art. 343 CPP.
	possui foro privilegiado: STF.
	Antes da diplomação não tem imunidade. Acabou o mandato, foi cassado, renunciou... não tem.
	Deputado Estadual: possui as mesmas prerrogativas do federal, só que do Estado.
	Vereadores: só possui imunidade material e somente na circunscrição do seu município, não possuem prerrogativa de foro. Exceto no Piauí e no Rio de Janeiro.
c) Inviolabilidade do advogado: possui imunidade nos termos do art. 142, I, CP.
*Inviolabilidade territorial
Obs.: Algumas autoridades apesar de não possui imunidade material possuem foro por prerrogativa de função. Ex: magistrados e membros do ministério público, sendo que as Constituições Estaduais podem conferir tal prerrogativa para outras autoridades 
LUGAR DO CRIME(Art. 6º, CP) 
→ visa definir qual a comarca dentro do território será competente. 
03 Teorias:
	Atividade: lugar do crime é onde ocorreu a conduta
	Resultado: onde ocorreu a consumação
	Mista(ubiquidade): é tanto no local da conduta como no local do resultado. – qualquer momento do inter criminis.
Qual adotar? - vai depender de um dos conceitos abaixo.
a) Crime à distância: conduta no Brasil, resultado no exterior. Teoria mista da ubiquidade. 
b) Delito Plurilocal: crime dentro do território nacional, mas em comarcas distintas. Teoria do resultado, conforme art. 70, CPP(competência- natureza processual). Em crimes dolosos contra vida é utilizado a teoria da atividade, devido a dificuldade de ouvir testemunhas, etc. 
c) Crime de menor potencial ofensivo(Lei nº 9099/95): Estão definidos nesta lei de juizados especiais e cria o rito sumaríssimos. Aqueles com pena máxima até dois anos e todas as contravenções penais.
Obs.: é preciso atentar que a jurisprudência pátria traz uma série de exceções. Ex: Crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados, utiliza-se a teoria da atividade, por questões processuais. Participação em suicídio- teoria da atividade.
Obs.: CASOS ESPECIAIS
- Crime na divisa das comarcas: é resolvido pela chamada prevenção; prevenção, o juiz que primeiro despachar algum ato relacionado ao crime se torna competente(prevento). 
			- Perpetuatio jurisdictionis: quando há alteração no território da comarca o juiz da vara onde este processo tramitava continua competente.
	crime continuado, crime permanente também a competência vai se dar por prevenção.
- Desclassificação de crime: a competência é definida pelo distribuidor de acordo com a lei de organização judiciária(LOJ)
	Súmula 521 do STF- estelionato- cheque sem fundo, é competente o local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Art. 8º: Pena cumprida no estrangeiro: tem por objetivo evitar a dupla punição, se as penas são da mesma natureza, ex.: prisão lá e prisão aqui, a pena cumprida no estrangeiro será descontada no Brasil somente se a daqui(Brasil) for maior, se a de lá for maior no Brasil não pagará mais nada. Se tiver naturezas diversas, p.ex. Multa lá prisão aqui, a pena estrangeira serve como uma atenuante no Brasil.
Art. 9º: eficácia da sentença penal: A execução de uma sentença é uma ato de soberania, sendo o direito penal territorial para que se possa utilizar sentença estrangeira é necessário que o STJ espeça uma autorização(art. 105, inciso I, letra i da CF/88). O STJ não faz um novo julgamento apenas analisa aspectos formais.
Obs.: a jurisprudência reconhece a reincidência de crime cometido em país estrangeiro(primário). Reincidente aqui no Brasil.
Art. 10 : Contagem de prazo
	Penal(é contabilizado finais de semana e feriados): inclui o primeiro dia.
	Processual Penal(não é contabilizado finais de semana e feriado): não inclui o primeiro dia. No caso de alguma faculdade processual(ex: recursos) Na prisão preventiva é contabilizado finais de semana, feriados e primeiro dia.
Art. 11: Frações não computáveis da pena: não é contabilizado. Se dá o termino da pena somente às zero horas.
Art. 12: Princípio da especialidade.
TEORIA DO DELITO
I- CONCEITO – CRIME: 
a) Material: é um conceito que pode ser pré-jurídico sendo que para ser crime determinado fato deve ter conteúdo de crime(seletividade do Direito-bens jurídicos relevantes). Ex: Adultério, Sedução. Nem tudo que o legislador diz que é crime, pode não ser.
b) Formal: crime é aquilo que o legislador diz que é. 
c) Analítico(mais importante): estuda os elementos essenciais que estruturam o crime: crime é um fato típico, antijurídico ou ilícito, culpável, punível.
Obs.: do conceito analítico temos as seguintes correntes: 
BIPARTIDO: Fato Típico e antijurídico
TRIPARTIDO: Fato Típico, antijurídico, culpável
QUADRIPARTIDO: Fato Típico, antijurídico, culpável e punível.(doutrinadores mais antigos) 
Obs.: Luis Flávio Gomes: F.T., ilícito e punível.
Ex: Doente mental mata alguém 
-há fato típico? Sim
-há ilicitude? Sim 
-há culpabilidade? Não 
-há punibilidade? Sim
II – CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL
→ atualmente, não prisão por contravenção penal.
→ lei 9.099/95 → penas alternativas
→ não existe diferença ontológica na essência entre crime e contravenção penal. Apesar da lei de introdução ao código penal dec-lei 3914/41 no seu artigo 1º afirmar que crime é apenado com reclusão ou detenção. E contravenção penal, é apenado com prisão simples(cumprida em cadeia pública). É o preceito secundário da norma incriminadora que vai dizer qual o tipo de pena. 
FATO TÍPICO
→ é o fato que se amolda perfeitamente aos elementos descritos na norma penal incriminadora.
Elementos:
	Conduta; Resultado; Nexo Causal; Tipicidade
I – CONDUTA → é a ação ou omissão humana, consciente, voluntária, dirigida a uma finalidade.
CONDUTA DOLOSA: consciência e vontade dirigida a um resultado desejado.
CONDUTA CULPOSA: a conduta é voluntária, mas o resultado não é desejado. O resultado sobrevêm de um descuido ou falta de dever, de cuidado.
II – TEORIAS DA CONDUTA
a) Causal(naturalista): XIX(Von Liszt)
Método Positivista: relação de causa e efeito.
→ Conduta é simples movimento corpóreo capaz de produzir alguma alteração no mundo exterior. Dolo e culpa não estavam na Conduta, eram analisadas na culpabilidade.
b) Neoclássica (neokantista): Mezger (1915)
→ ocorre um início de reação ao causalismo, sendo que Mezger chamou a atenção que em alguns crimes é fundamental a análise da finalidade do agente. Ex: furto “para si”, rapto consensual para fim libidinoso. 
c) Finalista (Welzel, 1930)
→ é comportamento humano consciente dirigido a uma finalidade .Ex: CPB só conhece conduta dolosa ou culposa, art. 18, I e II.
d) Da Adequação Social: 
→ é uma teoria finalista, mas que agrega o discurso do socialmente aceito. Crítica: é um conceito muito aberto, incompatível como o princípio da segurança jurídica, além do que, é disciplinado pelo CP como uma excludente de ilicitude: exercício regular de direito, estrito cumprimento do dever legal. Fato atípico → fato típico.
e) Constitucionalismo do delito: 
→ princípio da ultima ratio. A conduta delituosa necessita de conteúdo de crime, pois o estado democrático de direito não admite punição que venha a ofender o princípio da dignidade da pessoa humana e os princípios dela decorrente. Ex: Princípio da insignificância ou bagatelar, o princípio da intervenção mínima, princípio da subsidiariedade, princípio da ofensividade ou lesividade(necessita-se fazer uma análise do caso concreto para saber se houve ofensa ao bem jurídico), princípio da alteridade(a ofensa tem que ser a bem jurídico de outrem).
Obs.: Funcionalismo: analisa as funções do Direito Penal.
- Sociológica(Klaus Roxin) → realizar a política criminal do Estado. Teoria Constitucionalista do delito, Garantismo penal. 
- Legalista(Jakobs- direito penal do inimigo) → função do direito penal é reafirmar a autoridade da lei. Criou-se o direito penal do inimigo(ex, lei dos crimes hediondos) onde existe a possibilidade de desconsiderar os direitos e garantias fundamentais após identificar os inimigos do Estado. 
Obs1.: não são teorias da conduta, mas têm a importância de trazer a política criminal para dentro do discurso jurídico penal.
Ob2.: Nosso CP adota o finalismo, no entanto, o STF reconhece e aplica a teoria constitucionalista na maioria de suas decisões. 
III – ELEMENTOS: vontade, finalidade, exteriorização e consciência.
Ato → é apenas uma parte da conduta. Ex: furtar dez relógios no mesmo contexto fático, somente um furto. Existem crimes unisubsistentes(uma facada) e plurisubsistentes(várias facadas). 
→ não caracteriza uma conduta: ato reflexo, os praticados em estado de inconsciência, coação física absoluta(falta voluntariedade), caso fortuito, força maior.
IV- Formas:
Ação: é um fazer que produz alteração no mundo exterior.
Omissão: é um não fazer que é percebido externamente.
Teorias da Omissão:
	Naturalista: tem natureza causal onde o agente responde diretamente pelo seu não fazer. Ex: Omissão de socorro, a pessoa responde pela omissão.
	Normativista: a omissão é irrelevante para o Direito Penal e só tem importância quando existe um dever jurídico de agir.
a) Crime Omissivo Próprio: se concretiza pela simples abstenção independente de um resultado posterior. Ex: abandono de incapaz, omissão de notificação de doença, omissão de socorro no trânsito.
*b) Crime Omissivo Impróprio ou Comissivo por omissão: o agente por uma omissão inicial dá causa a um resultado posterior que tinha o dever jurídico de evitar. Ex: art. 13, § 2º, a :“dever legal”, ex., pai, mãe. b- “garante”: quem assumiu a responsabilidade para impedir o resultado, ex., babá, salva-vidas. c- “ingerência da norma”, ex., exímio nadador que chama alguém para atravessar o rio Parnaíba. 
c) C. Omissivo por Comissão: quando de uma ação original cria-se uma omissão que causa um resultado. Ex: chefe da repartição que impede que outra pessoa venha socorrer a vítima.
SUJEITOS DA CONDUTA TÍPICA
Suj. Ativo: pessoa humana que pratica a figura típica descrita na lei. Pode ser autor, coautor e partícipe. 
Obs.: autor e coautor realizam a atividade principal, realizam o verbo-núcleo do tipo. O autor pratica sozinho e coautor pratica junto com outros. O Partícipe desempenha atividade secundária, induz, instiga e auxilia.
Obs.: dependendo da situação processual esse autor recebe várias denominações. Suspeito: na fase inicial do Inq. Pol. Indiciado: após concluído o relatório do delegado. Denunciado: após ofertado a denúncia pelo MP. Réu: na fase judicial, de instrução probatória. Sentenciado: após decisão judicial. Condenado: após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Recluso: se estiver cumprindo pena de reclusão. Detento: pena de detenção. Egresso: quem está na condicional e aquele após a condicional por ano. 
Suj. Passivo: quem sofre a ação criminosa do agente.
Obs.: Pessoa Jurídica? Pode ser responsabilizada criminalmente, porém não é autora de crime.
Art. 225, § 3º CF/88 → crime ambiental(execução penal própria) e contra ordem financeira econômica .
Lei 9.605/98 art. 3º, parágrafo único.
	Princípio da dupla imputação: em crime ambiental: a empresa junto com os gestores.
PESSOA JURÍDICA
- FALTA: capacidade de ação 
culpabilidade
* CF/88: 225, § 3º.: 9.605/98 (art. 3º, p. Único) → pena: 21- 24 : princípio da dupla imputação, significa que em casos específicos de crimes ambientais será responsabilizado criminalmente a pessoa física juntamente com a pessoa jurídica. 
* Art. 173, § 5º CF/88 → em casos de crimes contra a ordem financeira e econômica apesar de previsão constitucional não há lei que regulamente. Não há responsabilidade penal em crime de ordem financeira e econômica. 
	Suj. Passivo: titular do bem jurídico tutelado para norma.
- Suj. Passivo Genérico: é o Estado, quando há uma violação na ordem jurídica. 
	Objeto Jurídico: bem/interesse protegido para norma.
	Objeto Material: pessoa/coisa que recai a conduta do suj. ativo. 
	Corpo de delito: é um conceito de processo penal, significa o conjunto de todos os elementos sensíveis do fato criminoso que servem como prova do crime. Incluem os instrumentos, objetos, vestígios etc. 
b) RESULTADO: (T. Naturalística): é a consequência da conduta.
Crime Material: é aquele em que a consumação só ocorre quando há a produção de um resultado naturalístico. Ex: homicídio(só se consume com a morte), roubo(só consuma quando o objeto da subtração sai totalmente da esfera de vigilância do sujeito passivo). 
Crime Formal: a consumação se dá antes e independente da produção do resultado naturalístico. Ex: extorsão mediante sequestro(para consumar basta a exigência da vantagem indevida), formação de quadrilha(basta que os quadrilheiros se reúnam e planejam dois ou mais crimes, não é necessário que executem os crimes) 
Crime de Mera Conduta: não admite a produção de resultado naturalístico. Ex: ato obsceno 
T. Normativa: todo crime tem resultado jurídico. 
Crime de dano: exige a ocorrência efetiva de uma lesão. 
Crime de perigo: são crimes que bastam a probabilidade de um dano. Ex: cavalo-de-pau, art. 130 do CP(perigo de contágio de doença venérea, de molesta grave).
	NEXO CAUSAL
→ é um elo físico entre conduta do agente e o resultado naturalístico. É mera constatação física, relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado sem qualquer análise jurídica. 
Nexo Normativo: é nexo causal valorado juridicamente analisando o dolo e culpa. Ex: motorista que passou por cima da cabeça do suicida. 
Teorias:
a) T. Da equivalência dos antecedentes causais (“conditio sine qua non”)
→ art. 13, CP(caput)
- toda conduta que de qualquer modo contribuir para produção de resultado é considerado causa. Nessa situação para evitar o regresso ao infinito deve-se analisar se houve dolo ou culpa. 
b) T. Da causalidade Adequada(não trabalhamos com esse conceito):
→ a ação deve ser minimamente eficaz para produzir o resultado. É um conceito aberto demais para Direito Penal.
Obs.: nexo causal nos crimes omissivos: é normativo, jurídico. Existe uma ligação entre omitente e resultado naturalístico, sempre que estiver presente esse poder-dever jurídico de agir. Art. 13, § 2º CP.
CAUSA: todo condição que interfere no nexo causal.
a) Dependente: está na linha de desdobramento causal. Uma vem em decorrência da outra.
Ex: uma bala que atravessa o coração da vítima; perfuração, hemorragia, choque anafilático, morte.
b) Independente: é desdobramento imprevisível da conduta.
Ex: matar a sogra com veneno.
b.1) CAUSA ABOLUTAMENTE INDEPENDENTE: origem totalmentediversa da conduta.
	Preexistente: sujeito que antes de aplicar o veneno na velha o vizinho atira e mata; antes de injetar o veneno alguém atira na velha.
	Concomitante: o sujeito no momento que inocula o veneno a sogra é alvejada fatalmente na cabeça; .
	Superveniente: inocula o veneno porém antes de fazer efeito a velha é alvejada e morre em decorrência do tiro.
Obs.: O indivíduo do veneno pode responder por crimes subsidiários.
CONSEQUENCIA JURÍDICA: exclui o nexo causal.
b.2) CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE: encontra sua origem na conduta, mas em si são diferentes.
	Preexistente: sujeito desfere facada em hemofílico(a doença já estava com a vítima). O agente responde pelo resultado morte porque há o nexo causal na literalidade do art. 13, caput do CP. 
	Concomitante: “A” atira em “B” que assustada morre de infarto. Existe nexo causal então responde pelo homicídio, pois há o nexo causal.
	Superveniente(13, §1º CP): “A”, vítima de tiro, é levada para o hospital e a ambulância é abalroada, matando a vítima. O autor só responde pelos atos anteriores: lesão corporal ou tentativa de homicídio, porque o código manda romper o nexo causal. 
Obs.: se houver desdobramento causal obrigatório, o sujeito responderá. Ex: “A” deu um tiro no pé de “B”, que morre em decorrência de complicação cirúrgicas para amputar o pé, feito pelo médico psiquiatra de plantão . Responde porque é uma causa dependente. 
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	teoria em construção
	Larenz, Honing, Welzel; Roxin; Jakobs.
	VISA → limitar nexo causal, sob um prisma puramente objetivo(sem dolo/culpa).
	Só atribuo um resultado a alguém se ele der causa criando um risco proibido e se esse resultado era previsível e dirigível pelo agente.
	Pergunto: deu causa objetivamente ao resultado?
Ex: pessoa manda o tio para um vale que a incidência de raios é muito grande com a intenção de que o tio leve um raio e morra, o tio morre eletrocutado, mas o crime não é imputado objetivamente o resultado ao sobrinho, pois o sobrinho não criou o risco proibido tampouco esse resultado era previsível e dirigível.
Ex: O vendedor de armas: se a arma era legal mesmo que tenha dolo ou culpa ele não responde. Se é uma arma de uso proibido ele cria o risco e responde. 
TIPICIDADE
I – INTRODUÇÃO: 
FATO TÍPICO → fato(matéria de mérito-aquilo que aconteceu no mundo fenomênico) que se amolda na lei.
Elementos: conduta, Resultado, N. Causal, tipicidade.
II – TIPO → é modelo descritivo de conduta humana criado pela lei penal. Existe pra dar segurança jurídica.
é composto de: verbos, referências ao sujeito passivo e ativo, referências ao local, à duração do crime. Ex: “matar”, “subtrair”...
III – ESPÉCIE:
a) Permissivo: é o tipo que autoriza uma determinada conduta. Ex: aquele que mata em legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito.
b) Incriminador: descrevem as condutas proibidas. Ex: o ilícito penal tem uma técnica legislativa própria, pois descrevem o tipo penal em preceito primário(aspectos objetivos) e preceito secundário(definem a pena). 
Obs.: o Brasil não adota uma pena restritiva de direito bem definida no preceito secundário.
b.1) Elementar: é todo componente essencial da figura típica, sem a qual esta desaparece(atipicidade absoluta – matar um mosquito) ou ocorre a desclassificação(atipicidade relativa – matar uma arara azul, mico leão-dourado).
Ex: todo dado, tudo que lê-se no preceito primário é uma elementar.
b.2) Circunstâncias: são dados acessórios que agregados ao tipo pode ora aumentar, ora diminuir o preceito secundário(pena).
		Subjetivas: diz respeito a pessoa do agente. Ex: a reincidência que aumento, maioridade penal relativa(18 a 21 anos) que diminuem. 
	Objetivas: diz respeito ao fato criminoso, aos modos de execução. Ex: a arma de fogo no roubo, furto noturno. 
	Qualificadoras(art. 61 CP- agravantes, 65 do CP- atenuantes): é uma espécie de tipo derivado especial que possui circunstâncias e elementares que alteram a quantidade da pena bem como a qualidade do injusto penal(mais grave). Aumenta o preceito secundário. 
Obs.: no atenuante e agravante quem dá o quantum é o juiz, Enquanto que as causa de aumento e diminuição que diz é o legislador.
IV – Tipicidade: é o amoldamento perfeito da conduta humana ao modelo descrito na lei penal.
→ Caráter indiciário da ilicitude: toda vez que ocorre um fato típico, há indícios que este fato também é antijurídico.
→ Teoria dos elementos negativos do tipo: quis trazer os elementos da excludente de antijuridicidade ao fato típico. Afirma que as causa excludentes de ilicitude devem ser agregadas ao tipo como requisitos negativos desse tipo. Ex: “matar alguém desde que não esteja em legítima defesa.” Não aceita.
V- ADEQUAÇÃO TÍPICA: é enquadramento da conduta no tipo.
a) De Subordinação Imediata: há correspondência direta entre a conduta e o tipo. Ex: “A” desfere três tiros em B que vem a óbito. O que aconteceu no mundo dos fatos tem ligação direita ao tipo 121 do CP.
b) De Subordinação Mediata: não ocorre correspondência direta entre conduta e o tipo, necessita-se de outra norma para ligar a conduta ao tipo. Ex: “A” empresta faca para “B” lesionar “C”, a tentativa. 
Obs.: norma de extensão: é a norma que liga a conduta praticada ao tipo incriminador evitando que o fato ficasse impune. Ex: art. 29, art. 14, II do CP.
VI – CONCEITOS IMPORTANTES:
A) Tipo Normal → só possui elementos objetivos(refere-se a aspectos materiais do fato). Ex: o verbo-núcleo do tipo, objeto do crime. Ex: 121(homicídio), 157(roubo), 129(lesão corporal) do CP.
B) Tipo Anormal → elementos objetivos + subjetivos(refere-se ao psicológico do autor. Ex: a intenção de se apropriar da coisa do crime de furto, Art. 155, a intenção de enriquecimento do estelionatário, art. 171)
Elementos normativos: exige que o aplicador faça uma valoração jurídica(tipo penal aberto), social, econômica etc. Ex: ato obsceno(233 do CP) tipo penal aberto e não norma penal em branco, crimes culposos – tipo penal aberto. 
Obs.: a regra é ser doloso, a exceção é a culposo. 
	Tipo Fundamental: é o que se localiza no caput de um artigo e contém componentes essenciais, fundamentais do crime sem os quais ocorre atipicidade absoluta ou relativa(quando se transforma- matar o tatu bola, muriçoca).
	Tipo Derivado: Se forma a partir do fundamental. Ex: qualificadoras(tipo penal derivado autônomo – preceito secundário próprio), privilegiadoras.
Obs.: a figura qualificada o próprio preceito secundário é alterado
TIPICIDADE CONGLOBANTE: idealizada por Zaffarone, diz que o fato típico pressupõe que a conduta seja proibida pelo ordenamento jurídico globalmente considerado(antinormatividade), pois se algum ramo do direito permitir o fato será atípico. Nessa situação o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal deixam de ser excludentes de ilicitude e passam a ser excludente da tipicidade, tendo em vista que algo não pode ser ao mesmo tempo permitido e proibido. 
→ Considera-se uma análise do ordenamento jurídico de forma global, pois se for permitido em outro diploma legal não pode ser considerado típico.
FATO TÍPICO = TIPICIDADE FORMAL(o que está na lei) + TIPICIDADE CONGLOBANTE(=TIPICIDADE MATERIAL(tem conteúdo de crime) + ANTINORMATIVIDADE) 
Ex: a exclusão do aborto quando esse é originário de estupro.

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