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A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Situa a contribuição da psicologia social na compreensão do processo de adoecimento e a prevenção deste adoecer. A autora adota uma postura construcionista para suas análises A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial A perspectiva construtivista privilegia a relação dialética individual/social e pensamento/atividade. Estabelece um diálogo com a Teoria das Representações sociais. As representações sociais são formas de conhecimento prático - o saber do senso comum. A análise das representações sociais reflete sobre como os indivíduos, os grupos, os sujeitos sociais, constroem seu conhecimento. R. S. São estruturas de conhecimento cognitivas, afetivas e avaliativas, oriundas da relação de reciprocidade entre o indivíduo e a sociedade, que facilitam e orientam o processo da informação social. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial A aquisição do conhecimento, nesta perspectiva, é um processo ativo de construção em dois sentidos complementares: O sujeito é ativo porque ele dá sentido (constrói representações) aos objetos sociais, materiais ou ideacionais que o cercam; Cria, efetivamente, o mundo social através de sua atividade. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Três fases teóricas pelas quais passou a psicologia da saúde na progressiva incorporação da dimensão social na explicação dos processos da saúde e doença. Primeira fase - privilegiava a dimensão intra- individual - voltada à explicação do aparecimento da doença como organismo individual. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Duas vertentes: 1ª A psicogênese dos problemas de saúde (influenciada pela abordagem psicanalítica) - Os conflitos inconscientes não resolvidos entre os desejos e as forças antagonísticas do ego e do superego geravam tensões emocionais crônicas (psicanalista Franz Alexander). A psicogênese foi a teoria predominante na medicina psicossomática entre 1930e 1968. 2ª Teorias da personalidade - pressuposto central - existe uma relação entre certos tipos de personalidade e certas doenças. - Ex: o câncer - resultado da repressão das emoções ou introversão como característica de personalidade. - Doenças cardíacas - personalidade tipo “A”: competitividade, hostilidade, impaciência, etc. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Segunda fase - ênfase nos aspectos psicossociais do adoecimento - Situam-se aqui os estudos sobre os "eventos da vida" e sobre o stress - conexão entre experiências de vida e o adoecer. Terceira fase - Saúde/doença na perspectiva construcionista, enfatiza, as representações do processo saúde/doença Esta vertente difere das demais em vários sentidos: - Privilegia a perspectiva do paciente - não mais do médico ou do sistema de saúde - pertence à esfera da conscientização. - Não tem por objetivo formular leis causais – não privilegia a explicação da doença a partir da explicitação da rede de causalidade. - A doença é vista como um fenômeno psicossocial, historicamente construído. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Terceira fase - Saúde/doença na perspectiva construcionista, enfatiza, as representações do processo saúde/doença Tal postura implica em dois saltos qualitativos: 1ª Aborda a doença não apenas como uma experiência individual, mas também como um fenômeno coletivo sujeito às forças ideológicas da sociedade; 2ª Inverte a perspectiva: deixa de privilegiar a ótica médica e passa a legitimar também a ótica do paciente - o paciente tem direitos de opinar sobre seu atendimento - possibilita confronto entre o significado (social) da experiência e o sentido (pessoal) que lhe é dado pelo indivíduo. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Terceira fase - Saúde/doença na perspectiva construcionista, enfatiza, as representações do processo saúde/doença As correntes de pensamentos: 1ª Centra os estudos nas teorias do senso comum - nas representações da saúde/doença na interface entre os fatores sociais e psicobiológicos. Ex: a saúde representava a integração na sociedade, através da atividade produtiva enquanto a doença representava a exclusão da sociedade pela inatividade. 2ª Explora as interfaces entre a representação da doença e o comportamento. Ex: a origem da doença - se doença do corpo ou da alma - orienta a escolha da terapêutica adequada - por exemplo, se é doença de médico ou de umbanda. 3ª Explora a interface entre o saber popular e o saber oficial. Incluiríamos nesta Ex: tensões resultantes do confronto entre os dois tipos de saber, nas interações entre médicos (ou outros profissionais da equipe de saúde) e pacientes. A construção social do saber sobre a saúde e a doença: uma perspectiva psicossocial Implicações - compatíveis com a perspectiva construtivista Três as possíveis contribuições: As representações – como forma de conhecimento prático que orientam a ação. O que está em pauta é o sentido pessoal dado à experiência. Sentido este que está intimamente imbricado com as representações que se tem dos eventos em pauta. A questão da psicologia como prática - as mudanças que vêm ocorrendo na inserção dos psicólogos nos serviços de saúde, serviços ambulatoriais e em unidades básicas. - Estas novas formas de inserção pervertem a relação clínica tradicional e força os psicólogos a adotarem uma postura mais compatível com a psicologia comunitária. - Colocam a formação tradicional do psicólogo na berlinda, deixando transparecer as lacunas no que se refere aos conhecimentos necessários para embasar esta nova forma de atuação. A perspectiva da construção social do conhecimento sobre saúde e doença pode trazer contribuições efetivas, diminuindo a distância social.
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