Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo III - Noções de Administração Orçamentária Objetivos Conceituar Orçamento Público e seus principais componentes, bem como diferenciar Dotação Orçamentária de Recursos Financeiros; distinguir os diferentes estágios da Despesa Pública (empenho, liquidação e pagamento); compreender o que são Créditos Adicionais e em quais ocasiões são utilizados e entender o mecanismo dos Restos a Pagar e das Despesas de Exercícios Anteriores. Unidade 1 - O que é Orçamento Público? O Orçamento Público é, em resumo, parecido com qualquer outro orçamento: a previsão de um conjunto de despesas que serão pagas com um conjunto de receitas. O orçamento particular de cada um de vocês, por exemplo, elenca um conjunto de despesas (aluguel, gasolina, supermercado, lanches, passagens, empregada doméstica, luz, gás, etc.) que serão pagas com o respectivo salário. No âmbito governamental isso ocorre de uma maneira bem mais detalhada e com outro enfoque, pois no orçamento público se pretende mostrar o que o governo fará com o dinheiro arrecadado da sociedade em termos de plano de trabalho, e não propriamente o que ele vai comprar com aquele recurso. pág. 2 ORÇAMENTO = PROGRAMA DE TRABALHO DO GOVERNO Em outros termos, o orçamento público evidencia o plano de trabalho do governo para um determinado ano, apresentando objetivos e metas a serem atingidas com o gasto. Um exemplo de como um plano de trabalho aparece no orçamento público pode ser obtido do Orçamento da Câmara dos Deputados para 2010: Programa/Ação/Produto/Localização: Reforma dos Imóveis Funcionais destinados à moradia dos Deputados Federais em Brasília – DF. Meta: Imóvel reformado (unidade): 82. Valor R$ 24.157.260,00 Depois de apresentar a despesa dessa forma, o orçamento público a detalha ainda mais, agora já em termos de Grupos de Natureza de Despesa (GND), o que nos permite saber em qual classe de gasto será enquadrada a despesa. Os Grupos de Natureza da Despesa são: - GND 1 – Pessoal e Encargos Sociais - GND 2 – Juros e Encargos da Dívida - GND 3 – Outras Despesas Correntes - GND 4 – Investimentos - GND 5 – Inversões Financeiras - GND 6 – Amortização da Dívida pág. 3 Explicando cada um: GND 1 - Pessoal e Encargos Sociais Despesas com salários de pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis e militares. GND 2 - Juros e Encargos da Dívida Despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. GND 3 - Outras Despesas Correntes Despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, pagamento de serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício, etc. GND 4 - Investimentos Despesas com softwares e com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis e instalações, equipamentos e material permanente. GND 5 - Inversões Financeiras Despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de ações de empresas já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital. GND 6 - Amortização da Dívida Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. pág. 4 Observando os grupos de despesa, vemos que ao gestor de contratos administrativos interessam basicamente os itens “Outras Despesas Correntes” e “Investimentos”, pois ali estão concentradas as despesas cuja aquisição iremos gerir (material de consumo, softwares, execução de obras, compra de equipamentos e material permanente). Como exemplo da utilização de GND, tomemos o orçamento do Senado Federal para 2010, mais especificamente o do PRODASEN. O Programa de Trabalho “Gestão de Sistema de Informática”, tem previsão de gastos para este ano no montante de R$ 48.206.517,00, dos quais R$ 31.253.575,00 são gastos com GND 3 (Outras Despesas Correntes) e R$ 16.952.942,00 com GND 4 (Investimentos). No orçamento a despesa aparece dessa forma: Depois de desmembrado em Grupos de Natureza de Despesa, o gasto sofre mais um detalhamento, dessa vez chamado “Elemento da Despesa”, que tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para a consecução de seus fins. pág. 5 A título de ilustração, apresentamos a seguir alguns Elementos de Despesa utilizados pelo Orçamento da União: ELEMENTOS DE DESPESA 01 - Aposentadorias 03 - Pensões 04 - Contratação por Tempo Determinado 05 - Outros Benefícios Previdenciários 06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso 07 – Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência ... 30 - Material de Consumo 31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras 32 - Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita 33 - Passagens e Despesas com Locomoção 34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização 35 - Serviços de Consultoria 36 – Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 37 - Locação de Mão-de-Obra 38 - Arrendamento Mercantil 39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica ... 51 - Obras e Instalações 52 - Equipamentos e Material Permanente 61 - Aquisição de Imóveis ... 91 - Sentenças Judiciais 92 - Despesas de Exercícios Anteriores 93 - Indenizações e Restituições 94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas 95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo 96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado 97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS Há ainda diversas outras modalidades de classificação das Despesas Públicas – tais como modalidade de aplicação, categoria econômica, identificador de uso, etc. – mas para o nosso objetivo, que é gestão de contratos, as aqui apresentadas são as mais relevantes. Bem, para um primeiro contato com orçamento público acreditamos que a exposição já está de bom tamanho. Lembrem-se de que não é necessário decorar nada disso, mas apenas entender a lógica do orçamento público e o significado dos termos aqui apresentados. pág. 6 Vimos, na lição que o Orçamento Público evidencia o plano de trabalho do governo para um determinado ano, apresentando objetivos e metas a serem atingidas com o gasto público. Os Grupos de Natureza da Despesa são detalhamentos dos gastos públicos segundo o seu destino, obedecendo à seguinte classificação: · GND 1 – Pessoal e Encargos Sociais (salários de pessoal ativo, inativo e pensionistas); · GND 2 – Juros e Encargos da Dívida (pagamento de juros, comissões e outros encargos de dívidas); · GND 3 – Outras Despesas Correntes (aquisição de material de consumo, pagamento de serviços prestados por pessoa jurídica ou física sem vínculo empregatício, etc.); · GND 4 – Investimentos (planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis e instalações, equipamentos e material permanente, softwares); · GND 5 – Inversões Financeiras (aquisição de imóveis ou bensde capital já em utilização; aquisição de ações de empresas já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital); · GND 6 – Amortização da Dívida (pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública). Os Elementos da Despesa são um desdobramento dos Grupos de Natureza de Despesa, e têm a finalidade de identificar os objetos de gasto, tais como material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para a consecução de seus fins. Unidade 2 - Dotação Orçamentária X Recursos Financeiros A partir dos conceitos apresentados na lição anterior, podemos definir despesa pública como o conjunto de gastos do Estado necessários para o funcionamento e aperfeiçoamento dos serviços públicos postos à disposição da sociedade. Após termos entendido o que é orçamento público e despesa pública, vamos distinguir agora dois conceitos que geram confusão em muitas pessoas não familiarizadas com a área: dotação orçamentária x recurso financeiro. DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA X RECURSO FINANCEIRO Uma grande diferença do orçamento público em relação ao orçamento pessoal de vocês ou ao orçamento de uma empresa é que o orçamento público é uma lei, proposta pelo Poder Executivo, votada e aprovada pelo Poder Legislativo correspondente. Vejamos o que diz o art. 165 da Constituição Federal: “Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais.” Se o orçamento que vocês estão estudando for o da União, ele deve ser discutido, votado e aprovado no Congresso Nacional; se for de um Estado, na respectiva Assembléia Legislativa; e se for de um Município, na Câmara Municipal. No caso do Distrito Federal, na Câmara Distrital. pág. 2 Vocês já devem ter percebido que cada Estado e cada Município têm o seu próprio orçamento, independente do da União, e que cada orçamento conterá o programa de trabalho daquele ente (União, Estado, DF ou Município) e as respectivas receitas. Isso vale para todo e qualquer município, não importa o seu tamanho. Até agora não falamos nada sobre a que período o orçamento público se refere. Você tem alguma idéia? No Brasil, ele vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ou seja, coincide com o ano civil. Portanto, há um orçamento (ou melhor, uma Lei Orçamentária Anual) para cada ano. Outra regra fundamental do orçamento público (e que vale tanto para a União, quanto para os Estados, DF ou Municípios) é a de que, se uma despesa não está prevista no orçamento, ela não poderá ser realizada. IMPORTANTE: NÃO PODE GASTAR SE NÃO ESTÁ PREVISTO NO ORÇAMENTO pág. 3 Essa regra consta tanto na nossa Carta Magna, a Constituição Federal, como na Lei n.º 4.320/64, que “Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal”: Constituição Federal Lei n.º 4.320/64 “Art. 167. São vedados: “Art. 4.º: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;” A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.” Ou seja, o Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) só pode executar os gastos que estão previstos no seu orçamento. Se não está no Orçamento, não pode gastar. Com essa regra em mente, podemos dizer que o orçamento público fixa as despesas do governo para aquele ano. Tanto isso é verdade que a Lei do Orçamento da União para 2011 - Lei nº. 12.381, de 9 de fevereiro de 2011, traz a seguinte ementa: “Estima a receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 2011.” Nesse mesmo rumo, podemos dizer também que o orçamento público, mais do que fixar, autoriza o governo a executar os gastos nele previstos, e somente aqueles nele previstos. Esse é o termo que os estudiosos de orçamento público mais gostam de utilizar: “autoriza”. Para eles, o orçamento é um instrumento autorizativo, pois qualquer despesa que esteja fora dele é proibida de ser realizada, é dizer-se, não autorizada. Juntando os conceitos expostos até agora, podemos dizer que o orçamento público contém as autorizações de despesas que o governo realizará naquele ano, ou, de forma mais técnica, as dotações orçamentárias de um determinado exercício financeiro. pág. 4 Esse é o termo correto para se referir a um gasto autorizado pelo orçamento (ou seja, constante do orçamento): DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. Sempre lembrando que as Dotações Orçamentárias virão discriminadas no orçamento, como vimos na Lição 1, em Programas de Trabalho, que por sua vez serão desmembrados em Grupos de Natureza da Despesa, que por fim serão subdivididos em Elementos de Despesa. DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA = FIXAÇÃO DE GASTOS = AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE DETERMINADAS DESPESAS OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As dotações orçamentárias também são chamadas de créditos orçamentários. Para reafirmar a necessidade de haver dotação orçamentária para que uma despesa possa ser realizada, o art. 55 da Lei 8.666/93 determina que deve constar dos contratos firmados pela Administração o crédito orçamentário da despesa. Vejamos: “Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: I - o objeto e seus elementos característicos; II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; ...” Vocês podem reparar que até este momento não se falou em dinheiro propriamente dito, mas somente em dotação orçamentária, que como vimos vem a ser a autorização para a realização de determinado gasto que consta do orçamento na forma de um programa de trabalho. Os recursos financeiros são os dinheiros arrecadados pelo governo, em caixa, que serão utilizados para o pagamento das despesas públicas (dotações orçamentárias). Portanto, para que uma despesa pública seja realizada, é necessário ter a respectiva dotação orçamentária (constar do orçamento) e ter os recursos financeiros para o seu pagamento. Entenderam a diferença? pág. 5 Nesta lição vimos que cada ente federativo (União, Estado, Distrito Federal ou Município) tem o seu próprio orçamento, independente do da União, que deve ser votado e aprovado pelo respectivo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores). Os Orçamentos Públicos contém as dotações orçamentárias (ou créditos orçamentários) de um ente federativo para um determinado exercício financeiro, frente às receitas públicas. Os recursos financeiros são os valores em dinheiro arrecadadospelo governo, em caixa, que serão utilizados para o pagamento das despesas públicas, que aparecem nos orçamentos sob forma de dotações orçamentárias. O Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) só pode executar os gastos que estão previstos no seu orçamento - se não está no orçamento, não pode gastar. Unidade 3 - Estágios e execução das despesas orçamentárias Conforme estudamos na lição anterior, para que um gasto público seja realizado, é necessário ter a respectiva dotação orçamentária (constar do orçamento) e deter os recursos financeiros (dinheiro em caixa) para o seu pagamento. Porém, para que a despesa possa ser efetivamente paga, são necessários alguns procedimentos formais para se ter certeza: i) da existência de necessária dotação orçamentária; ii) do efetivo recebimento do objeto do gasto; e iii) da certeza quanto ao destinatário do pagamento. Nesse sentido, a despesa pública passa por três etapas (a doutrina chama de estágios): Vamos a cada um deles? pág. 2 Empenho Empenho: É o primeiro estágio da despesa e pode ser conceituado de acordo com o que estabelece o art. 58 da Lei nº. 4.320/64: “O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O empenho é obrigatório e fundamental, não sendo permitida a realização de despesa sem prévio empenho. O empenho é a garantia de que existe uma autorização no orçamento para aquele gasto, ou seja, de que existe dotação orçamentária para a despesa que se quer realizar. Em outras palavras, empenhar é reservar créditos orçamentários no valor da despesa que se quer executar. Quando o administrador faz o empenho de uma dotação orçamentária, ele está dizendo ao orçamento que aquela dotação está reservada para uma determinada empresa que, caso execute o contrato a contento da Administração, receberá o devido pagamento. Por isso o empenho também é visto como uma garantia para o fornecedor ou prestador de serviço contratado pela Administração Pública de que receberá o pagamento se cumprir o contrato. A empresa contratada recebe da Administração um documento chamado Nota de Empenho, que contém o número do empenho, o nome do contratado, o objeto e o valor do contrato. Aliás, nos casos de Licitação na modalidade Convite, a Administração pode substituir o respectivo contrato administrativo a ser firmado com o licitante vencedor pela própria nota de empenho, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93: Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço. pág. 3 Como já dissemos, o empenho é prévio, precede a realização da despesa e tem por objetivo respeitar o limite da dotação orçamentária, como, a propósito, prevê o art. 59 da Lei nº. 4.320/64: “O empenho da despesa não poderá exceder o limite de créditos concedidos”. A emissão de um empenho abate o seu valor da dotação orçamentária total do respectivo programa de trabalho a que pertence a despesa, tornando a quantia empenhada indisponível para novo empenho. Ou seja, o valor fica lá no orçamento reservado para aquele contratado. Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, são classificados em: empenho ordinário: utilizado para despesas com valor previa-mente conhecido e cujo pagamento deve ocorrer de uma só vez. Exemplo: uma compra simples – um móvel para a Assembléia Legislativa. É a modalidade mais comum. empenho global: destinado a atender às despesas com valor também previamente conhecido, tais como as contratuais, mas de pagamento parcelado (§ 3º do art. 60 da Lei nº. 4.320/64). Exemplos: aluguéis, prestação de serviços por terceiros, salários, pro-ventos e pensões, inclusive as obrigações patronais decorrentes, etc. empenho estimativa: para acolher despesas cujo valor não se possa determinar previamente. Exemplo: água, luz, telefone, gratificações, diárias, reprodução de documentos, etc. Nós dissemos há pouco que a emissão de um empenho abate o seu valor da dotação orçamentária total do respectivo programa de trabalho a que pertence a despesa, tornando a quantia empenhada indisponível para novo empenho. Mas e se o contratado não cumprir o contrato? Perde-se essa dotação orçamentária? Não, nesse caso podemos anular aquele empenho e o seu valor volta a se tornar disponível para outro novo empenho. A anulação de um empenho pode ocorrer: . no decorrer do ano: Parcialmente, quando seu valor exceder o montante da despesa realizada; Totalmente: • quando o serviço contratado não tiver sido prestado; • quando o material encomendado não tiver sido entregue; ou • quando o empenho tiver sido emitido incorretamente. . no final do ano, quando o empenho se referir a despesas não realizadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas condições previstas para inscrição em Restos a Pagar – nós veremos o que são Restos a Pagar mais à frente. pág. 4 Liquidação do Empenho: Esse é o segundo estágio da despesa. De acordo com o art. 63 da Lei nº. 4.320/64: “Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. § 1° Essa verificação tem por fim apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho; III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.” Vale dizer que é a comprovação de que o contratado cumpriu todas as obrigações constantes do empenho, ou seja, forneceu o bem ou executou o serviço contratado. É nessa etapa que o gestor atua, verificando cuidadosamente se o contrato foi cumprido integralmente, fazendo constar do processo de compra toda e qualquer ocorrência que julgue importante ou que eventualmente possa resultar em glosas. O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde o recebimento (provisório ou definitivo) do material ou o atesto da prestação do serviço, observando se tudo está de acordo com as especificações do contrato. É tarefa básica do gestor de contratos. pág. 5 Pagamento: Por último, o pagamento é a etapa final da despesa. Este estágio consiste no pagamento das faturas do contratado. No caso do Governo Federal, todos os pagamentos são realizados por meio de ordem bancária, geralmente pelo Banco do Brasil. Recapitulando a lição vimos que para que a despesa pública possa ser realizada, deve passar por três estágios: Empenho, Liquidação e Pagamento. O Empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. O empenho é prévio, precede a realização da despesa e tem por objetivo respeitaro limite da dotação orçamentária. Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, são classi-ficados em: empenho ordinário; empenho estimativa; e empenho global. O segundo estágio da despesa – Liquidação do Empenho – consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. É nessa etapa que o gestor atua, verificando cuidadosamente se o contrato foi cumprido integralmente, fazendo constar do processo de compra toda e qualquer ocorrência que julgue importante ou que eventualmente possa resultar em glosas. O Pagamento é a etapa final da despesa, e consiste na entrega dos recursos financeiros ao contratado por meio de ordem bancária. Unidade 4 - Créditos adicionais, restos a pagar e despesas de exercícios anteriores Bem, sabemos o que é orçamento público, dotação orçamentária (ou crédito orçamentário), recursos financeiros e conhecemos as fases da despesa. Vamos agora ver o que são créditos adicionais. Vocês se lembram que dissemos que se uma despesa não está prevista no orçamento ela não poderá ser realizada? Pois é, essa é uma regra que não pode ser desrespeitada. Porém, imaginemos os seguintes acontecimentos: 1. Houve uma enchente no seu estado e o Governo Estadual tem que realizar, com urgência, obras de contenção de várias encostas e recuperação da estrutura de três pontes. Porém, estas obras não estavam previstas no orçamento, pois não se imaginava que fosse acontecer uma enchente dessas. Como então executar as obras? 2. A sua cidade foi eleita a sede da olimpíada estadual da criança e do adolescente. Para tanto, o governo estadual pediu que a Prefeitura construísse mais dez novas quadras poliesportivas ainda este ano. Porém, quando o orçamento foi aprovado na Câmara Municipal, não se fazia idéia de que a cidade seria eleita, portanto a construção dessas quadras não constou do orçamento. Como então construí-las? 3. Houve uma decisão judicial que concedeu aumento de remuneração dos funcionários públicos de sua cidade. Quando o orçamento foi feito, não se considerou esse aumento, assim as dotações orçamentárias existentes para pagamento de pessoal não serão suficientes para o ano todo. Sabe-se que não se pode descumprir uma ordem judicial. Como fazer então? Para essas três situações existem os chamados CRÉDITOS ADICIONAIS, que são uma maneira de alterar o orçamento vigente, acrescentando dotações que não existiam ou que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes. pág 2 Vejamos o que dizem os artigos 40 e 41 da Lei 4.320/64: “Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.” A regra é que todos esses créditos devem, da mesma forma que o orçamento, ser aprovados pelo Poder Legislativo correspondente (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa ou Câmara Municipal, conforme o caso), na forma de um projeto de lei. Mas há exceções. No exemplo 1, o crédito seria na modalidade extraordinário, pois o fato se enquadra no conceito de calamidade pública. Nesse caso, o Governo Estadual não pode esperar para agir sob risco de perdas de vidas. Portanto, ele cria o crédito extraordinário por meio de uma Medida Provisória, que altera o orçamento, acrescentando as dotações orçamentárias para as obras de contenção de encostas e recuperação de pontes. Já o exemplo 2 é considerado como crédito especial – não havia dotação específica para a construção das quadras, mas essa ausência não decorreu de calamidade pública ou de guerra. Nesse caso, deve-se seguir o rito ordinário do processo legislativo: o Prefeito propõe à Câmara Municipal da cidade um projeto de lei criando o crédito adicional, que será votado e aprovado pela Câmara. Por fim, o exemplo 3 enquadra-se na modalidade suplementar, pois já havia a dotação no orçamento para pagamento de pessoal, porém ela não vai ser suficiente. Nesses casos, pode-se fazer o reforço da dotação até um determinado percentual (geralmente 10% - depende da legislação de cada Estado e Município) por decreto do Prefeito, sem precisar da aprovação da Câmara Municipal. Acima desse percentual, o procedimento adequado deve ser também a via do projeto de lei. pág. 3 No caso da gestão de contratos, o gestor deve ficar atento para a necessidade de um eventual pedido de crédito suplementar, caso as dotações orçamentárias que suportam seu contrato se tornem insuficientes. Agora, passemos a outro assunto que está envolvido diretamente com a gestão de contratos: Restos a Pagar. Vejamos o que diz o art. 36 da Lei nº. 4.320/64: “Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.” De uma maneira mais simples, se uma despesa foi empenhada no final do ano, mas não deu tempo para a empresa contatada entregar o material ou prestar o serviço ainda naquele ano, deve-se inscrever esse empenho em “Restos a Pagar” para o próximo ano, de forma que não se misturem despesas relativas a um ano com as do ano seguinte. Essa exigência volta-se a atender à obrigação legal de adoção do regime de competência, que exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que foram gerados. Se uma despesa foi empenhada em um exercício e somente foi paga no seguinte, ela deve ser contabilizada como pertencente ao exercício em que foi empenhada. Os Restos a Pagar podem ser classificados em: a) São Restos a Pagar processados as despesas em que a empresa contratada já tenha cumprido sua obrigação (já tenha entregue o material, prestado o serviço ou executado a obra) até o final do ano, porém não houve tempo de pagá-la até 31 de dezembro. Ou seja, a despesa já foi liquidada, mas ainda não foi paga. b) São Restos a Pagar não-processados as despesas empenhadas que dependem, ainda, da prestação do serviço ou fornecimento do material. Ou seja, até o final do ano ainda não foram liquidadas. pág. 4 A inscrição de empenhos em Restos a Pagar terá validade até 31 de dezembro do ano subsequente. Após essa data, os saldos remanescentes serão automaticamente cancelados. Não se deve confundir Restos a Pagar com Despesas de Exercícios Anteriores. Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos, e que não estejam inscritos em Restos a Pagar, no caso de se referirem ao exercício imediatamente anterior. Por exemplo, o pagamento de um valor atrasado devido a um servidor público, referente ao exercício financeiro de 2007, que somente agora, em 2011, foi reconhecido pela Administração. Este valor não estava inscrito em Restos a Pagar nem tampouco se refere a 2011. Nesse caso, vai ser pago sob o título de “Despesas de Exercícios Anteriores”. pág. 5 Créditos Adicionais são entendidos como mecanismos para se alterar o orçamento vigente de modo a se acrescentar dotações que não existiam ou que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes. Sãoclassificados em: · Suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; · Especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; · Extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, tais como em caso de guerra ou calamidade pública. Restos a Pagar são despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro, cuja execução interessa ao Poder Público, mesmo que aconteça no exercício seguinte. São classificados em Processados (liquidados, mas não pagos) e Não Processados (ainda não liquidados e consequentemente não pagos). Já as Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos, e que não estejam inscritos em Restos a Pagar, no caso de se referirem ao exercício imediatamente anterior. Parabéns! Você chegou ao último módulo de estudo do curso Direito Administrativo para Gerentes no Setor Público. Sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas! Porém, não esqueça de realizar a Avaliação Final do curso, que encontra-se no Módulo de Conclusão. Lembramos que é por meio dela que você pode receber a sua certificação de conclusão do curso.
Compartilhar