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Aula 10 Direito Penal p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 (com videoaulas) Professor: Renan Araujo 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 81 AULA 10: DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E AS RELAÇÕES DE CONSUMO. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Crimes contra a Ordem Tributária, econômica e as relações de consumo 02 Lista das Questões 36 Questões comentadas 50 Gabarito 81 Olá, meus amigos concurseiros! Hoje vamos estudar alguns tipos de delitos bem interessantes, que são os crimes contra a Ordem Tributária, bem como os crimes contra a ordem econômica e as relações de consumo. Temos posicionamentos jurisprudenciais MUITO importantes hoje! Bons estudos! Prof. Renan Araujo 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 81 I ± CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E AS RELAÇÕES DE CONSUMO 1. Crimes contra a ordem tributária Considerando a relevância da matéria tributária, eis que são os tributos pagos por todos nós que sustentam o país, nada mais natural que determinadas condutas atentatórias à ordem tributária sejam tuteladas penalmente, de forma a tentar garantir o respeito a estes bens jurídicos. Para tanto foram criados alguns tipos penais denominados de CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, previstos na Lei 8.137/90. Vejamos cada um dos delitos previstos. A) Art. 1° da Lei 8.137/90 Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 81 Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Os cinco incisos previstos são os cinco meios pelos quais o agente poderá praticar as condutas previstas no caput do artigo. Desta forma, pelo princípio da taxatividade, só haverá crime se o agente reduzir ou suprimir tributo MEDIANTE UMA DESTAS CONDUTAS. Os termos ³WULEXWRV´�� ³FRQWULEXLo}HV� VRFLDLV´� H� ³DFHVVyULRV´ são elementos normativos jurídicos, e a menção às ³FRQWULEXLo}HV� VRFLDLV´ é desnecessária, na medida em que é espécie de tributo. O acessório, para estes fins, deve ser entendido como o valor decorrente do descumprimento de alguma obrigação acessória (que não seja o pagamento do tributo), como a prestação de uma declaração, etc. Existem várias condutas possíveis, de forma que temos um crime de ação múltipla. Caso o agente pratique mais de uma conduta, mas relativamente ao MESMO TRIBUTO OU ACESSÓRIO, teremos um crime único. No entanto, ainda que o agente pratique apenas uma das modalidades de conduta, mas relativamente A DIVERSOS TRIBUTOS, teremos pluralidade de crimes, cometidos em concurso formal ou material, a depender do caso. O sujeito ativo aqui é o contribuinte ou o responsável tributário. O elemento subjetivo exigido É O DOLO, não se punindo criminalmente na forma culposa. No inciso IV permite-se tanto o dolo direto quanto o DOLO EVENTUAL. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 81 A consumação do crime se dá com A OCORRÊNCIA DO RESULTADO DANOSO, que consiste na SUPRESSÃO OU REDUÇÃO do tributo. A tentativa é admissível. No entanto, na conduta prevista no § único o delito se consuma com o mero descumprimento ou não atendimento da ordem legal da autoridade, sendo, portanto, INADMISSÍVEL a tentativa. ATENÇÃO! O STF entende que as condutas no art. 1º caracterizam o tipo penal como crime material, de forma que o lançamento definitivo do tributo é necessário para a consumação do crime. Vejamos: ³1mR�VH�WLSLILFD�FULPH�PDWHULDO�FRQWUD�D�RUGHP�WULEXWiULD��SUHYLVWR�QR�Drt. 1o, incisos I a ,9��GD�/HL�QR�����������DQWHV�GR�ODQoDPHQWR�GHILQLWLYR�GR�WULEXWR�´ B) Art. 2° da Lei 8.137/90 O art. 2° da Lei 8.137/90 prevê o seguinte: Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 81 III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. O crime previsto aqui possui a mesma natureza do anterior, sendo, entretanto, condutas menos gravosas e, até por isso, receberam sanção mais branda. Além disso, todas as condutas previstas neste artigo são DE MERA CONDUTA. Na verdade, não concordo com essa parcela da Doutrina que afirma serem de mera conduta, pois entendo que se tratam de CRIMES FORMAIS, na medida em que há possibilidade de que ocorra resultado naturalístico. De uma formaou de outra, o importante é que o resultado é IRRELEVANTE PARA A CONSUMAÇÃO DO DELITO. O sujeito ativo é o contribuinte ou o responsável, ou seja, aquela pessoa que possui uma relação direta ou de responsabilidade em relação à obrigação tributária. Temos, portanto, um crime PRÓPRIO. CUIDADO! Crime próprio não é sinônimo de crime praticado por funcionário público. Crime próprio é um crime não pode ser cometido por qualquer pessoa, mas somente por aquelas que se encontrem em determinada situação, como é o caso do artigo. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 81 O sujeito passivo será a administração fazendária prejudicada (se o tributo for federal, a Fazenda Nacional, se estadual, a Fazenda Estadual, etc.). O tipo subjetivo (elemento subjetivo) das condutas descritas no art. 2° é o DOLO. No inciso I, entretanto, exige-se, ainda, um ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO (especial fim de agir), consistente na intenção de se eximir do pagamento total ou parcial do tributo. A consumação do delito se dá com a mera prática de qualquer das condutas enumeradas, sendo IRRELEVANTE, para a consumação do delito, A OCORRÊNCIA DO EFETIVO PREJUÍZO (supressão ou redução do tributo). A tentativa só será admissível nas condutas que possam ser fracionáveis. Portanto, apenas a título de exemplo, nas modalidades omissivas �³RPLWLU´�� ³GHL[DU� GH� DSOLFDU´�� etc.), não cabe tentativa, pois não se pode fracionar a execução do delito, de forma que, ou o crime se consuma, ou sequer chega a ser tentado. Como a pena máxima prevista para este delito é de DOIS ANOS, temos aqui uma INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ± IMPO, de forma que a competência para o processo e julgamento deste crime é dos Juizados Especiais Criminais (art. 61 da Lei 9.099/95). Além disso, como a pena mínima é inferior a um ano, é cabível a suspensão condicional do processo. Portanto, aplicam-se a este crime os institutos despenalizadores da SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO E DA TRANSAÇÃO PENAL. C) Questões comuns aos arts. 1° e 2° da Lei 8.137/90 Em ambos os crimes, se das condutas praticadas resultar grave dano à sociedade, ou se forem praticadas por servidor público no 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 81 exercício das funções, ou ainda, se forem praticadas em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde, a pena é aumentada de 1/3 à metade. Vejamos o que diz o art. 12 da Lei: Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°: I - ocasionar grave dano à coletividade; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções; III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. O inciso III praticamente não possui aplicação aos crimes contra a ordem tributária, tendo mais sentido no que se refere aos crimes contra a ordem econômica. Se o crime for cometido em concurso de agentes, e um dos agentes confessar o crime, revelando à autoridade a trama delituosa, terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3. É o que se chama de confissão espontânea (ou delação premiada). Vejamos: Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) É necessário, portanto, que esta confissão seja ESPONTÂNEA. Não se exige, no entanto, VOLUNTARIEDADE, ou seja, não se exige que essa vontade parta do agente. Pode ser que ele espontaneamente se prontifique a confessar quando informado das vantagens dessa confissão. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 81 Trata-se de DIREITO SUBJETIVO DO RÉU, ou seja, ele tem o direito de realizar esta confissão e ter sua pena reduzida nos moldes legais. A ação penal nestes crimes É PÚBLICA INCONDICIONADA, por força do art. 15 da Lei: Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando- se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. Quando um delito é cometido surge para o Estado o poder-dever de punir o infrator. Esse poder é chamado de Ius Puniendi. Entretanto, esse poder pode desaparecer, em razão de diversos fatores (prescrição, abolitio criminis, etc.). A punibilidade não é elemento do crime. A Lei 8.137/90 trouxe uma hipótese especial de EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, prevista em seu art. 14. Vejamos: Art. 14. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos nos arts. 1° a 3° quando o agente promover o pagamento de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. (Artigo revogado pela Lei nº 8.383, de 30.12.1991) Como vocês podem ver, este artigo está riscado, pois fora revogado pela Lei 8.383/91. No entanto, essa modalidade de extinção da punibilidade foi novamente prevista, desta vez, no art. 34 da Lei 9.249/95: Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 81 Agora eu vos pergunto: Não dava pra incluir um artigo na Lei 8.137/90 pra dizer isso? 3UHFLVDYD�FRORFDU�HP�RXWUD�OHL��Vy�SUD�³I���´�D� vida do candidato? Bom, o importante é que a punibilidade estará extinta caso o agente promova o PAGAMENTO INTEGRAL do tributo, contribuição social ou acessórios ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. Como disse a vocês, o pagamento do tributo, antes do recebimento da denúncia, EXTINGUE A PUNIBILIDADE. Entretanto, existe uma possibilidade de SUSPENSÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO, que irá ocorrer quando o agente reconhecer o débito relativo ao crime e realizar o PARCELAMENTO DA DÍVIDA. Enquanto a dívida estiver sendo paga parceladamente, não há extinção da punibilidade, pois pode ser que o camarada deixe de pagar o parcelamento. Assim, a punibilidade só estará extinta quando o agente TERMINAR DE PAGAR O PARCELAMENTO. Essa previsão de suspensão da pretensão punitiva está prevista na Lei 8.137/90? NÃO... &DGD� YH]� PDLV� HX� PH� FRQYHQoR� TXH� R� /HJLVODWLYR� JRVWD� GH� ³I���´� D� vida dos operadores do Direito! Essa previsão está contida no art. 9° da Lei 10.684/03: Art. 9o É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ± Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 81 § 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. Percebam, ainda, meus caros alunos, que enquanto o camarada (inclusive Pessoa Jurídica, obviamente) estiver pagando o parcelamento, NÃO CORRE O PRAZO DE PRESCRIÇÃO. A jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que o pagamento do tributo (ou contribuição social) e seus acessórios, a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado, gera a extinção da punibilidade (contrariamente ao que prevê a Lei). Vejamos: AGRAVO REGIMENTAL. CRIME DE SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ART. 337-A DO CÓDIGO PENAL. PAGAMENTO PARCIAL DO DÉBITO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO NO JUS PUNIENDI ESTATAL. PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE. NECESSIDADE. DOLO ESPECÍFICO. DESNECESSIDADE. TESE DE ABSOLVIÇÃO. EXAME DA VIA DO RECURSO ESPECIAL. INVIABILIDADE. SÚMULA N.º 07/STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência consolidada deste Superior Tribunal Federal, apenas o pagamento integral do tributo devido tem repercussão na condenação imposta ao Réu. Assim, "Comprovado o pagamento integral dos débitos oriundos de sonegação fiscal, ainda que efetuado posteriormente ao recebimento da denúncia, mas anterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue-se a punibilidade, independentemente de ter se iniciado a execução penal, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei 10.684/03." (HC 123.969/CE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 81 TURMA, julgado em 04/02/2010, DJe 08/03/2010.) 2(...) (AgRg no AREsp 292.390/ES, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 03/02/2014) A Jurisprudência entende, ainda, que em se tratando de prejuízo inferior a ao patamar estabelecido pela Fazenda Nacional como irrelevante para fins de execução fiscal, temos hipótese de aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, de forma a afastar a tipicidade do fato, ou seja, o fato seria atípico (por ausência de lesividade social apta a justificar a tutela penal, já que por esse valor a Fazenda sequer promove a execução fiscal, de modo que não faz sentido aplicar o Direito Penal se não se aplica nem o Direito Administrativo ao caso). Vejamos: EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL. DESCAMINHO. VALOR INFERIOR AO ESTIPULADO PELO ART. 20 DA LEI 10.522/2002. PORTARIAS 75 E 130/2012 DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 1. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando-se todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 2. Para crimes de descaminho, considera-se, na avaliação da insignificância, o patamar previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002, com a atualização das Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda. Precedentes. 3. Descaminho envolvendo elisão de tributos federais em quantia de R$ 15.748,38 (quinze mil, setecentos e quarenta e oito reais e trinta e oito centavos) enseja o reconhecimento da atipicidade material do delito dada a aplicação do princípio da insignificância. 4. Habeas corpus concedido para reconhecer a atipicidade da conduta imputada ao paciente, com o restabelecimento do juízo de absolvição sumária exarado na instância ordinária. (HC 123035, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 19/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-177 DIVULG 11-09-2014 PUBLIC 12-09-2014) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 81 CUIDADO! Isso só se aplica aos tributos federais, já que a Lei 10.522/02 foi editada dirigindo-se à Fazenda Nacional. CUIDADO II ± A Portaria MF nº 75 aumentou para R$ 20.000,00 o valor dos créditos tributários federais considerados irrelevantes para fins de execução fiscal, dispensando sua cobrança. Contudo, por se tratar de mera Portaria, o STJ entendia que ele não se aplicava para fins de caracterização do princípio da insignificância, que permaneceria no antigo patamar de R$ 10.000,00 (estabelecido pela Lei 10.522/02). O STF, porém (como vimos), passou a adotar o patamar de R$ 20.000,00 para caracterização da insignificância em crimes tributários. $VVLP��H�SDUD�QmR�JHUDU� ³GLYHUJrQFLD� MXULVSUXGHQFLDO´��o STJ passou a adotar a mesma tese (R$ 20.000,00): ³�������1. Não obstante a compreensão até então vigente nesta Corte, a Quinta Turma deste Sodalício, com a intenção de uniformizar a jurisprudência quanto ao tema, passou a adotar a orientação, firmada pela Corte Suprema, que admite o reconhecimento da atipicidade material da conduta sempre que o valor dos tributos sonegados não ultrapassar a vinte mil reais, parâmetro previsto na Portaria n. 75/2012 do Ministério da Fazenda. 2. Tendo a Corte a quo registrado que o valor sonegado somou R$ 11.295,48, não há como se afastar a aplicação do princípio da insignificância à hipótese dos autos. 3. O acórdão recorrido não fez qualquer referência à existência de outros registros que pudessem indicar a contumácia delitiva impeditiva do reconhecimento da atipicidade material. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AgRg no REsp 1447254/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 11/11/2014)´ Porém, existem decisões no âmbito da SEXTA TURMA do STJ ainda mantendo o entendimento antigo (de que o patamar seria de R$ 10.000,00). 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 81 Contudo, para fins de prova, sugiro a adotar o entendimento de que o patamar passou a ser de R$ 20.000,00. D) Art. 3° da Lei Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributoou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O art. 3° inaugura a seção II, que conta também com o art. 4°. Ambos os artigos preveem crimes FUNCIONAIS, ou seja, são praticados por funcionários públicos no exercício de suas funções. São, portanto, CRIMES PRÓPRIOS. O sujeito ativo é o funcionário público, mas nada impede que um particular pratique este crime, quando em concurso de agentes com um funcionário público, e desde que conheça esta condição do comparsa, nos moldes do art. 30 do CP. No inciso I o elemento subjetivo exigido é o DOLO, exigindo- se, ainda, UM ESPECIAL FIM DE AGIR, consistente na vontade de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 81 praticar a conduta com a finalidade de acarretar pagamento inexato ou indevido de tributo (esse ponto não é pacífico na Doutrina). A consumação da conduta do inciso I se dá com a prática de uma das condutas previstas no núcleo do tipo, SENDO NECESSÁRIA A OCORRÊNCIA DO RESULTADO (pagamento indevido ou inexato do tributo). A tentativa somente é admissível na modalidade de extravio e inutilização, pois são condutas PLURISSUBSISTENTES. Na PRGDOLGDGH�³VRQHJDU´, ou o agente sonega e o crime se consuma ou o agente não sonega e o crime não chega nem a ser tentado. As condutas previstas no INCISO II se assemelham aos crimes de concussão e corrupção passiva, previstos nos arts. 316 e 317 do CP. Entretanto, são crimes especiais, pois possuem todos os elementos daqueles e mais um adicional que lhe confere especialidade, que é o fato de serem praticados em detrimento da ordem tributária. O elemento subjetivo é o DOLO, exigindo-se o especial fim de DJLU� FRQVLVWHQWH� QD� H[SUHVVmR� ³SDUD� GHL[DU� GH� ODQoDU� RX� FREUDU� tributo ou contribuição social, ou cobrá-ORV�SDUFLDOPHQWH´�� $�FRQVXPDomR�QD�PRGDOLGDGH�³H[LJLU´� VH�Gi�FRP�D�PHUD�H[LJrQFLD�� sendo, portanto, CRIME FORMAL. Na modalidade de solicitação também temos crime FORMAL. Na conduta de ³DFHLWDU� SURPHVVD´� H� ³UHFHEHU� YDQWDJHP´� o crime se consuma com o ato de aceitação ou recebimento, sendo que, neste último, a efetiva entrega da vantagem é necessária para a consumação do delito. O inciso III, por fim, traz modalidade especial de ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (que também é crime previsto no art. 321 do CP). No entanto, aqui o crime é específico para a advocacia administrativa perante a administração fazendária. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 81 O elemento subjetivo exigido aqui também é o dolo, NÃO HAVENDO PREVISÃO DE ESPECIAL FIM DE AGIR. A consumação ocorre com a prática do ato de advocacia administrativa, ou seja, com o ato de intermediação junto à administração fazendária, sendo irrelevante que haja sucesso na conduta EXEMPLO: José, analista da Receita, intervém em favor de Pedro, seu amigo, junto à Paulo, Auditor-Fiscal, solicitando que este último analise rapidamente o processo administrativo-fiscal de seu amigo Pedro, para que possa receber logo sua restituição. Nesse caso, o crime estará caracterizado com a simples solicitação, sendo irrelevante se Paulo atende o pedido ou não. A tentativa é plenamente possível, embora seja muito difícil a sua caracterização no caso concreto. 2. Crimes contra a ordem econômica Os crimes contra ordem econômica estão previstos nos arts. 4°, 5° e 6° da Lei 8.137/90. É um erro, portanto, dizer que a Lei 8.137/90 trata somente dos crimes contra a ordem tributária. Ela trata, ainda, de alguns crimes contra a ordem econômica, bem como dos crimes contra as relações de consumo. A finalidade da criação de delitos contra a ordem econômica é tutelar o regular desenvolvimento das atividades econômicas do país, notadamente acerca de seu principal fundamento, que é a LIVRE CONCORRÊNCIA. Vejamos, agora, os tipos penais previstos. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 81 A) Art. 4° da Lei 8.137/90 Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). a) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). b) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). c) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). d) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). e) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). f) (revogada); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). III - (revogado); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). IV - (revogado); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). V - (revogado); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). VI - (revogado); (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 81 VII - (revogado). (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). Tutelam-se aqui a livre concorrência e a livre iniciativa, fundamentos da Ordem Econômica. O sujeito ativo é, em sua essência, o empresário ou quem atua nessa condição jurídica. Sujeito passivo serão os empresários concorrentes prejudicados e a coletividade, pois é direito de todos nós termos uma Ordem Econômica livre de monopólios, oligopólios, etc. O crime pode ser praticado mediante quaisquer das condutas previstas nos incisos do artigo e tem como ELEMENTO SUBJETIVO O DOLO. Exige-se, ainda, um especial fim de agir, consistente na INTENÇÃO DE DOMINAR O MERCADO, ELIMINANDO, TOTAL OU PARCIALMENTE, a concorrência. Todas as modalidades são delitos de resultado, de forma que a consumação se dá com a efetiva dominação do mercado ou eliminação, ainda que parcial, da concorrência através de uma das condutas previstas. A tentativa, portanto, é plenamente admissível. CUIDADO! Muitos incisos do art. 4º (e também os artigos 5º e 6º INTEIROS)foram revogados pela Lei 12.529/11 (que começou a vigorar em JUNHO DE 2012), que passou a tratar do assunto considerando a maioria destas condutas (antes crimes), como meras INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS. Uma destas condutas, talvez a mais famosa, era o crime de VENDA CASADA, que deixou de ser crime (abolitio criminis), passando a ser considerada MERA INFRAÇÃO CONTRA A ORDEM 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 81 ECONÔMICA, sujeitando os infratores a sanções administrativas, como pagamento de multas, proibição de contratar com o Poder Público, etc. Vejamos como era e como ficou a situação desta conduta, apenas a título exemplificativo: ANTES: Art. 5° Constitui crime da mesma natureza: (Revogado pela Lei nº 12.529, de 2011). (...) II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço; AGORA: § 3o As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: (...) XVIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e MUITO CUIDADO COM ISSO, GALERA! B) Disposições aplicáveis aos arts. 4°, 5° e 6° da Lei 8.137/90 Em todos os crimes a pena é aumentada de 1/3 à metade em alguns casos: x Se das condutas praticadas resultar grave dano à sociedade x Se forem praticadas por servidor público no exercício das funções 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 81 x Se forem praticadas em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. Se o crime for cometido em concurso de agentes, e um dos agentes confessar o crime, revelando à autoridade a trama delituosa, terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3. Vejamos: Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) Da mesma forma que ocorre em relação aos crimes contra a ordem tributária, é necessário, que esta confissão seja ESPONTÂNEA. Não se exige, no entanto, VOLUNTARIEDADE, ou seja, não se exige que essa vontade parta do agente. Pode ser que ele espontaneamente se prontifique a confessar quando informado das vantagens dessa confissão. Trata-se de DIREITO SUBJETIVO DO RÉU, ou seja, ele tem o direito de realizar esta confissão e ter sua pena reduzida nos moldes legais. A ação penal nestes crimes É PÚBLICA INCONDICIONADA, por força do art. 15 da Lei: Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando- se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. O que isso significa? Que o MP será o titular da ação penal, ou seja, ele é quem irá promover a denúncia em face dos acusados, não sendo necessária, ainda, qualquer espécie de representação por parte da vítima. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 81 C) Art. 1° da Lei 8.176/91 Art. 1° Constitui crime contra a ordem econômica: I - adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei; II - usar gás liqüefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei. Pena: detenção de um a cinco anos. O escopo primordial da Lei foi reprimir e prevenir as condutas atentatórias à ordem econômica, só que mais especificamente aquelas relacionadas ao mercado de combustíveis (fontes energéticas). O sujeito ativo aqui pode ser QUALQUER PESSOA, logo, temos um CRIME COMUM. O sujeito passivo será a UNIÃO e as EMPRESAS AUTORIZADAS A EXPLORAR OS BENS E MATÉRIAS- PRIMAS A ELA PERTENCENTES. Outra vez, só se pune a conduta dolosa. Não se exige nenhuma finalidade especial de agir. A consumação se dá, no inciso I, com a AQUISIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO OU REVENDA DOS PRODUTOS CITADOS. É admissível a tentativa. Já no inciso II a consumação ocorre com o ato de USAR, logo, a TENTATIVA É INADMISSÍVEL. A ação penal é PÚBLICA INCONDICIONADA, pois a lei é silente quanto a isso, e no caso de silencia da Lei aplica-se a regra geral, de que todo crime é de ação penal pública INCONDICIONADA. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 81 Como a pena mínima é IGUAL a um ano, é CABÍVEL A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89 da Lei 9.099/95). D) Art. 2° da Lei 8.176/91 Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpacão, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo. Pena: detenção, de um a cinco anos e multa. § 1° Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput deste artigo. § 2° No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada entre dez e trezentos e sessenta dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime. § 3° O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a quatorze nem superior a duzentos Bônus do Tesouro Nacional (BTN). Aqui não há menção expressa a se tratar de um crime contra a RUGHP�HFRQ{PLFD��PDV� FRPR� D� /HL� p� D� /HL� TXH� ³GHILQH� FULPHV� FRQWUD� D� ordem econômica e FULD�R�6LVWHPD�GH�(VWRTXH�GH�&RPEXVWtYHLV´��WRGRV�RV� delitos ali previstos devem ser considerados CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. Busca-se tutelar o patrimônio da União, referente aos bens e matérias-primas que lhe pertençam. Na primeira parte do caput do artigo e no seu §1° o CRIME É COMUM, podendo ser praticado por QUALQUER PESSOA. Já na segunda parte do caput o crime é PRÓPRIO, pois somente quem detenha o título autorizativo é que poderá praticar o delito. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 81 O elemento subjetivo exigido é o dolo. Não há previsão de especialfim de agir. O crime se consuma com a efetiva produção de bens ou exploração de matéria-prima da União SEM AUTORIZAÇÃO LEGAL ou em DESACORDO COM AS NORMAS DO TÍTULO AUTORIZATIVO (elemento normativo do tipo). A tentativa é plenamente admissível. A consumação do crime, na modalidade do §1°, se dá com a realL]DomR� GH� TXDOTXHU� GDV� FRQGXWDV� SUHYLVWDV�� H[FHWR� D� FRQGXWD� ³WHU� FRQVLJR´�� que configura um CRIME PERMANENTE. A tentativa é DGPLVVtYHO�� VDOYR� QD� PRGDOLGDGH� ³FRQVXPLU´� pois é CRIME INSTANTÂNEO. A ação penal é pública INCONDICIONADA. Como a pena mínima é IGUAL a um ano, é CABÍVEL A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89 da Lei 9.099/95). Há, ainda, previsão de PENA DE MULTA, que deverá ser fixada na forma dos §§ 2° e 3°. 3. Crimes contra as relações de consumo Os crimes contra as relações de consumo se encontram previstos na Lei 8.078/90 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor) e na Lei 8.137/90. Vejamos a regulamentação prevista na Lei 8.078/90, a partir do art. 61: Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 81 Primeiro precisamos definir quem é consumidor. Nos termos do art. 2º da Lei 8.078/90: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Vejam que o § único ainda faz menção à figura do consumidor por equiparação. Fornecedor, por sua vez: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Mas o que seria produto ou serviço? Qual o conceito? Isto fica claro na leitura dos §§ 1º e 2º do art. 3º da Lei 8.078/90: Art. 3° (...) § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Importante frisar a vocês que os crimes previstos nesta Lei (Crimes contra as relações de consumo) somente podem ter PESSOAS FÍSICAS como SUJEITOS ATIVOS, pois não há previsão de crimes de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 81 responsabilidade de pessoas jurídicas, embora a grande maioria dos fornecedores sejam pessoas jurídicas. Neste caso, respondem pelo crime aqueles que ordenaram a prática do ato criminoso (gerentes, sócios- administradores, etc.). A) Dos crimes em espécie Meus caros, são doze figuras típicas diferentes, mas cujos contornos são extremamente semelhantes, de forma que transcreveremos o texto da lei e, ao final, faremos os comentários pertinentes, de forma a otimizar nosso estudo: Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. § 2° Se o crime é culposo: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 81 Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. § 2º Se o crime é culposo; Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Parágrafo único. (Vetado). Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: Parágrafo único. (Vetado). Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 81 Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo; Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 9 Todos os sujeitos passivos são, NECESSARIAMENTE, PESSOAS FÍSICAS. Não há responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes contra as relações de consumo;9 Todos os crimes são COMUNS (Podem ser praticados por qualquer pessoa, desde que estejam na qualidade de fornecedor de produtos); 9 O SUJEITO PASSIVO é sempre a COLETIVIDADE. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 81 Secundariamente, algumas condutas apresentaram o consumidor também como sujeito passivo (as condutas dos arts. 70 a 74); 9 O objeto jurídico (bem jurídico tutelado) é a Ordem Consumerista, ou em outras palavras, o interesse coletivo das relações de consumo. Porém: a) Na conduta do art. 71 tutela-se a honra e a intimidade do consumidor; b) Na conduta do art. 72 tutela-se o direito que o consumidor possui de ter acesso aos seus dados constantes em quaisquer bancos de dados; c) Na conduta do art. 73 tutela-se o direito que o consumidor possui de ver retificados dados seus que estejam incorretos em quaisquer bancos de dados; d) Na conduta do art. 74 tutela-se, ainda, o direito que o consumidor possui de receber seu termo de garantia. 9 O OBJETO MATERIAL será, em qualquer caso, o produto ou serviço prestado de maneira defeituosa ou incompleta; 9 As CONDUTAS são sempre DOLOSAS, embora haja previsão de condutas CULPOSAS nos arts. 63, §2º e 66, §2º (e somente NESTAS!); 9 Os crimes contra as relações de consumo são considerados crimes FORMAIS, de forma que a efetiva ocorrência de um dano individual é prescindível à consumação do crime, que se consuma com a mera realização da conduta incriminada; 9 Os crimes contra as relações de consumo representam condutas que, na verdade, são infrações GRAVES a DEVERES do fornecedor, como, por exemplo, o crime do art. 63, que é uma infração grave (e, por isso, transformada em CRIME) ao dever de informação, previsto no art. 9º do CPC; 9 A maioria das condutas é COMISSIVA (AÇÃO), embora alguns crimes possam ser praticados na forma OMISSIVA. A tentativa somente será admitida no primeiro caso; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 81 9 O crime do art. 67 merece destaque, pois não deve ser confundido com o crime do art. 7º, II da Lei 8.137/90. O crime do art. 67 é um crime de perigo abstrato (perigo presumido) e não trata de uma relação de consumo específica, mas tutela a boa-fé nas relações de consumo abstratamente considerada. Já o crime do art. 7º, II da Lei 8.137/90 pune o fornecedor que VENDER produto em desacordo com as especificações contidas na embalagem, ou seja, pune uma conduta específica na qual houve DANO DIRETO a um consumidor. Vejamos: Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: (...) II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; B) Disposições Gerais O art. 75 do CDC trata do concurso de agentes nos crimes contra as relações de consumo. Vejamos: Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições por ele proibidas. No entanto, a Doutrina entende que este artigo fora revogado pelo art. 11 da Lei 8.137/90, que também prevê crimes contra as relações de consumo. Vejamos: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 81 Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade. Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor. O caput do artigo é simples, e possui redação semelhante à do art. 29 do CP. No entanto, o § único é importante, pois estabelece a responsabilidade apenas do fabricante e não do distribuidor quando a venda for feita mediante sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro sistema em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente. EXEMPLO: Imagine que uma empresa que fabrica rolos de papel higiênico esteja produzindo rolos de papel higiênico com apenas 25 metros de comprimento, e colocando na embalagem que o produto possui 30 metros de comprimento. Nesse caso, o Supermercado no qual o produto foi vendido não tem responsabilidade criminal sobre o fato, já que não possui qualquer influência sobre o mesmo, sendo responsável apenas o fabricante. O art. 76 da Lei traz algumas circunstâncias agravantes especiais (pois não previstas na parte geral do CP, mas em legislação especial e somente aplicáveis a estes delitos). Vejamos: Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código: I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade; II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 81 III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; IV - quando cometidos: a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima; b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou não; V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais . É de ressaltar que provavelmente alguma delas sempre estará presente, pois quase sempre a condição econômico-social do infrator é manifestamente superior à da vítima ou as vendas envolvem alimentos ou produtos essenciais, ou então a vítima é maior de 60 anos ou menor de 18, etc. Em resumo: Dificilmente o Juiz não irá aplicar uma destas circunstâncias agravantes. O art. 77 trata da aplicação da pena de multa: Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal. Com relação à pena de multa, ela é calculada com base no produto de dois valores: a) o número de dias-multa; b) o valor de cada dia-multa. O número de dias-multa, segundo o CP, será de 10 a 360 dias- multa, de acordo com a culpabilidade do agente. Já o valor de cada 2252860103422528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 81 dia multa varia entre 1/30 e cinco vezes o valor do maior salário mínimo vigente. O que esse artigo 77 nos traz de novidade é uma regra específica para a aplicação do NÚMERO DE DIAS-MULTA, que não será de 10 a 360, mas será aplicado de acordo com a pena mínima e máxima cominada ao crime. EXEMPLO: se o crime tem pena que varia de dois meses a seis meses de detenção, o número de dias-multa irá variar entre 60 e 180 dias- multa. Entenderam? O valor de cada dia-multa continua sendo fixado conforme a regra prevista no CP, que é a constante no art. 49, §1º: Art. 49 (...) § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O art. 78 prevê as seguintes penas restritivas de direitos a serem aplicadas nos casos de crimes contra as relações de consumo: Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: I - a interdição temporária de direitos; II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; III - a prestação de serviços à comunidade. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 81 Lembro a vocês que estas são as penas a serem aplicadas (restritivas de direitos, é claro), não sendo possível a aplicação das penas restritivas de direitos previstas no CP, por ser, o CDC, norma especial. No entanto, a forma de aplicação é a mesma prevista no CP (arts. 44 a 47 do CP). Os arts. 79 e 80 tratam de normas de DIREITO PROCESSUAL PENAL, que são relativas à fiança (valor) e ao assistente de acusação. Vejamos: Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; b) aumentada pelo juiz até vinte vezes. Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal. Assim, o que o art. 80 determina é que nos crimes contra as relações de consumo há uma hipótese especial de legitimação para atuação como assistente de acusação, sendo esta condição conferida às entidades previstas nos incisos III e IV do art. 82. Vejamos quem são estas entidades: Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 81 (...) III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. Portanto, nas ações penais públicas relativas a crimes contra as relações de consumo, temos duas outras hipóteses de legitimação para atuação como assistente de acusação e para ajuizamento de ação penal privada subsidiária da pública (que ocorre quando o MP deixa transcorrer o prazo legal para ajuizamento da ação penal sem nada fazer). Frise-se que estas legitimações conferidas pelo CDC não excluem aquelas já previstas pela norma geral (CPP). C) Crimes contra as relações de consumo na Lei 8.137/90 A Lei 8.137/90 também prevê condutas que ofendem as relações de consumo, também sendo tipificadas como crimes. Vejamos o art. 7º da Lei: Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 81 IV - fraudar preços por meio de: a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço; b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto; c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços; V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais; VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária; VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros; IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo; Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. Vejam que o § único prevê expressamente a modalidade CULPOSA para ALGUMAS das condutas (não todas). No caso de se tratar de conduta culposa (nas hipóteses admitidas), a penaprivativa de liberdade será reduzida em 1/3 e a de multa em 1/5. Isso é importante, pois vocês devem saber que há possibilidade de crime culposo contra as relações de consumo e que não se aplica a regra geral da punibilidade dos crimes culposos, que geralmente se dá com o estabelecimento de um novo tipo penal com penas mínimas e 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 81 máximas em patamares diferentes, sendo, neste caso, uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. Por fim, temos o art. 11 da Lei 8.137/90. Vejamos: Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade. Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor. O caput do artigo é simples, e possui redação semelhante à do art. 29 do CP. No entanto, o § único é importante, pois estabelece a responsabilidade apenas do fabricante e não do distribuidor quando a venda for feita mediante sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro sistema em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 81 01 - (FCC - 2009 - TCE-GO - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - DIREITO) Constitui crime funcional contra a ordem tributária, dentre outros, A) negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativo à venda de mercadoria ou à prestação de serviço efetivamente realizada, ou fornecer a nota em desacordo com a legislação. B) fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal. C) exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. D) falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. E) omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias. 02 - (FCC - 2010 - TCE-AP - PROCURADOR) Nos crimes contra a ordem tributária, EXERCÍCIOS PARA PRATICAR 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 81 A) não tipifica delito funcional o ato de utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. B) é admissível o concurso de pessoas apenas na forma de coautoria. C) a pena pode ser aumentada até a metade, se praticado o delito por funcionário público e ocasionar grave dano à coletividade. D) é punível apenas a supressão de tributo ou contribuição social. E) é admissível a forma culposa. 03 - (FCC - 2006 - BACEN - PROCURADOR - PROVA 2) Nos crimes contra a ordem tributária, A) não cabe a chamada delação premiada. B) o sujeito ativo não pode ser funcionário público. C) a pena pecuniária deve ser fixada em dias-multa. D) a ação penal é pública ou privada. E) a pena de multa pode ser elevada até o triplo. 04 - (FCC - 2009 - SEFAZ-SP - AGENTE FISCAL DE RENDAS - PROVA 2) Nos crimes contra a ordem tributária, A) é inadmissível a forma culposa. B) o sujeito ativo é sempre o contribuinte ou funcionário público. C) é inadmissível o concurso de pessoas. D) é cabível a tentativa, se formais. E) são puníveis apenas condutas comissivas. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 81 05 - (FCC - 2010 - TRE-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) De acordo com a Lei nº 8.137/90, são circunstâncias que podem agravar as penas previstas para os crimes contra a Ordem Tributária, a Economia e as Relações de Consu- mo, praticados por particulares, dentre outras, A) valer-se de posição dominante no mercado para elevar, sem justa causa, o preço de bem ou serviço. B) estabelecer monopólio com a finalidade de eliminar a concorrência. C) praticar o crime em relação à prestação de serviços essenciais à vida ou à saúde. D) cometer o crime em detrimento de pessoa maior de 70 (setenta) anos. E) ocasionar prejuízo à sociedade controlada pelo Poder Público. 06 - (ESAF ± 2003 ± ANALISTA TRIBUTÁRIO DA RECEITA FEDERAL) A Lei Federal nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, acresceu o seguinte tipo penal aos crimes funcionais contra a ordem tributária, além dos previstos no Código Penal: a) extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha guarda em razão da função; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, ainda que não acarrete pagamento indevido ou inexato do tributo. b) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da condição de funcionário público. c) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. d) facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 81 e) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 07 - (ESAF ± 2001 ± PROCURADOR DO BANCO CENTRAL DO BRASIL) De acordo com a Lei no 8.137/90, que define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, é possível afirmar que: a) apenas a redução ou supressão de imposto constitui crime. b) só condutas comissivas são tipificadas. c) há previsão de crimes formais. d) o sujeito ativo é somente o contribuinte. e) admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica. 08 - (ESAF ± 2002 ± AUDITOR FISCAL DE RENDAS ESTADUAIS ± SEFA/PA) Os crimes cometidos por agentes públicos contra a ordem tributária, previstos na Seção II do Capítulo I da Lei nº 8.137/90, são apenados com: a) detençãob) multa c) detenção e multa d) reclusão e multa e) reclusão 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 81 09 - (FCC ± 2007 ± ISS/SP ± AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) Nos crimes contra a ordem tributária, a) a pena deve ser aumentada se praticados em relação ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. b) a pena de multa deve ser fixada entre 10 (dez) e 180 (cento e oitenta) dias-multa. c) o sujeito ativo só pode ser funcionário público. d) a pena de multa não pode ser diminuída, mesmo que de excessiva onerosidade para o agente. e) a ação penal é privada. 10 - (ESAF ± 2002 ± SEFAZ/PA - AUDITOR FISCAL DE RECEITAS ESTADUAIS) Os crimes cometidos por agentes públicos contra a ordem tributária, previstos na Seção II do Capítulo I da Lei nº 8.137/90, são apenados com: a) detenção b) multa c) detenção e multa d) reclusão e multa e) reclusão 11 - (FCC ± 2012 ± ISS/SP ± AUTIDOR FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) Quanto aos crimes contra a Ordem Tributária, previstos na Lei no 8.137/90, considere: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 81 I. A omissão de informação às autoridades fazendárias só constitui crime contra a ordem tributária se tiver a finalidade de suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório. II. Todos os crimes contra a Ordem Tributária, previsto na Lei no 8.137/90 são de ação penal pública. III. Não constitui crime contra a ordem econômica divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. c) II. d) II e III. e) III. 12 - (FUNDAÇÃO DOM CINTRA ± 2012 ± ISS/BH ± AUTIDOR TÉCNICO DE TRIBUTOS MUNICIPAIS) O pagamento integral do tributo devido, antes de ocorrer o oferecimento da denúncia acarretará o seguinte efeito: a) exclusão de antijuridicidade b) suspensão da punibilidade c) exclusão da culpabilidade d) extinção da punibilidade e) atipicidade do fato 13 - (FUNIVERSA ± 2011 ± SEPLAG/DF ± AUDITOR FISCAL DE ATIVIDADES URBANAS) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 81 Funcionário público da área de fiscalização e cobrança de tributos extraviou, propositadamente, livro oficial sob sua guarda em razão da função, com geração de pagamento indevido de tributo. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa correta. a) O funcionário não cometeu crime, pois extraviar não é conduta prevista na Lei n.º 8.137/1990 como ilícito penal. b) O funcionário pode responder administrativamente por sua conduta, mas não por crime. c) A conduta está prevista na Lei n.º 8.137/1990 como crime culposo. d) A conduta está prevista na Lei n.º 8.137/1990 como crime doloso. e) O fato não pode ser comunicado por qualquer do povo ao Ministério Público. 14 - (FCC - 2009 - PGE-RJ - TÉCNICO SUPERIOR DE ANÁLISE CONTÁBIL) NÃO constitui crime funcional contra a ordem tributária A) deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento. B) extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social. C) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. D) aceitar promessa de vantagem indevida, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 81 E) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. 15 - (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Ana falsificou nota fiscal para reduzir o valor da operação a ela correspondente e reduzir o tributo devido. Maria prestou declaração falsa às autoridades fazendárias, para suprimir o tributo devido em operação comercial. Ana e Maria responderão por crimes A) de falsificação de documento particular e falsidade ideológica, respectivamente. B) de falsificação de documento público e falsidade ideológica, respectivamente. C) contra a ordem tributária. D) contra a ordem econômica. E) de falsificação de documento particular e contra a ordem tributária, respectivamente. 16 - (ESAF ± 2007 ± PGFN ± PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL) Com a promulgação da Lei n. 8.137, de 27.12.90, que define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, o legislador, de forma consciente, buscou distinguir esses delitos dos existentes no direito penal comum. Analise as assertivas abaixo, a respeito das características da referida legislação, assinalando a opção incorreta. a) Há expressa previsão de que a supressão de contribuições sociais caracteriza crime contra a ordem tributária. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 10 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 81 b) As hipóteses de extinção de punibilidade dessa lei extravagante são as mesmas do Código Penal. c) Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação financeira é crime contra a ordem tributária. d) É possível ocorrer a extinção de punibilidade com o pagamento integral do tributo e seus acessórios. e) A supressão de uma multa devida pelo atraso no pagamento de tributo caracteriza delito tributário. 17 - (ESAF ± 2007 ± PGFN ± PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL) Abelardo presta declaração falsa às autoridades fazendárias com o fim de sonegar tributo devido. Antes do recebimento da denúncia, paga o tributo devido e seus acréscimos. Com base nessa informação e na legislação especial penal, é correto afirmar que houve: a) arrependimento eficaz. b) causa de extinção de punibilidade. c) circunstância atenuante. d) estado de necessidade. e) arrependimento posterior. 18 - (ESAF ± 2009 ± RFB ± AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL) Temístocles, advogado e funcionário público com poder de gestão no fisco, patrocina cliente que deve valor ao fisco, solicitando
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