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Etanol: Aspectos Laboratoriais e Clínicos

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ETANOL
Aspectos laboratoriais
1. Introdução
O Etanol é a droga de abuso mais 
comumente utilizada e freqüentemente responsável 
pela alteração do status mental de pacientes que 
dão entrada em um serviço de emergência (1,2). É 
responsável também por grande parcela das 
fatalidades por homicídios e suicídios (1,2,3).
O Etanol age como um sedativo hipnótico, 
depressor do Sistema Nervoso Central (1,4). Está 
presente em concentrações variadas (vide quadro 
1) nos vários tipos de bebidas, combustíveis, 
produtos de perfumaria, produtos farmacêuticos, 
anti-sépticos e outros (3).
Quadro 1
Produto Percetagem
Cerveja 4 a 6 %
Vinho 10 a 20 %
Rum 40 a 50 %
Vodca 40 a 50 %
Uísque 40 a 50 %
Cachaça 40 a 50 %
Perfumes 25 a 95 %
Colônias 40 a 60 %
Loção pós-barba 15 a 80 %
Colutórios 15 a 75 %
Produtos medicinais 0,3 a 70 %
2. Farmacologia
O Etanol é rapidamente absorvido pelo 
trato gastrintestinal, sendo 20% no estômago e 
80% no intestino delgado. O Álcool também pode 
ser absorvido pela aspiração do seu vapor. Possui 
um volume de distribuição aproximadamente igual 
à água corporal total e difundi-se livremente nos 
tecidos corporais. O tipo de bebida alcoólica, a 
concentração do etanol, o ritmo de ingestão e a 
presença de alimentos no trato gastrointestinal 
podem alterar a taxa de absorção. O pico do 
nível sangüíneo ocorre, geralmente, 30 a 60 
minutos após a ingestão com o estômago vazio. As 
mulheres, geralmente possuem níveis sangüíneos 
mais elevados quando ingerem uma mesma dose 
de etanol. A produção endógena fisiológica de 
álcool pode alcançar 0,005% (5 mg/dl) 
(1,2,3,4,5). O metabolismo do etanol é 
predominantemente hepático, através da oxidação, 
que se inicia 90 minutos após a ingestão, em uma 
taxa de 15 a 30mg/dl/h (3). Cerca de 2 a 15% do 
etanol ingerido é eliminado pela respiração, suor e 
urina. O sistema enzimático hepático álcool-
desidrogenase (ADH) oxida o etanol, formando 
acetaldeído que é convertido à ácido acético. A 
taxa de oxidação do álcool segue uma cinética de 
ordem zero, ou seja, é relativamente constante ao 
longo do tempo e independente de suas 
concentrações plasmáticas (4,5).
3. Aspectos clínicos
Toxicidade aguda
Na dependência da dose ingerida, 
velocidade de absorção, peso, sensibilidade 
individual e desenvolvimento de tolerância, o 
álcool poderá causar sedação, fala pastosa, ataxia, 
alteração da capacidade de julgamento e outras 
alterações no comportamento, funções cognitivas e 
motoras. Há uma relação entre os níveis 
plasmáticos e os efeitos clínicos observados, 
entretanto para um mesmo nível sangüíneo as 
reações individuais podem variar 
consideravelmente (4,5).
Toxicidade crônica
O quadro 2 resume as alterações nos 
diversos sistemas e órgãos (3,5):
Quadro 2
Sistema hematológico Aumento do volume corpuscular 
médio das hemácias (VCM),
plaquetopenia e leucopenia.
Sistema
gastrintestinal
Aumento da incidência de neoplasias 
principalmente esôfago e estômago, 
além de propensão a astrites, 
pancreatite, hepatites e cirrose 
hepática.
Sistema neurológico A deterioração dos nervos periféricos 
poderá provocar um quadro de 
neuropatia periférica (neuropatia em 
botão de luva); alterações cognitivas 
(memória, concentração e atenção). A 
depleção de tiamina pode levar ao 
quadro de Encefalopatia de Wernicke 
e/ou Síndrome de Korsakoff (confusão 
mental, ataxia, nistagmo, demência).
Sistema
cardiovascular
Miocardiopatia (Inflamação do 
músculo cardíaco) e hipertensão, além 
da maior freqüência de Infarto Agudo 
do Miocárdio e acidente vascular 
cerebral
Sistema endócrino e
reprodutivo
Diminuição da libido, impotência, 
esterilidade e hipoglicemia.
 
www.hermespardini.com.br 
1 
 
 
4. Dosagem do etanol
Amostra e coleta
A dosagem do etanol pode ser realizada 
em sangue total, soro, plasma e urina. O humor 
vítreo pode ser utilizado em casos de necropsia 
forense. As concentrações de etanol são 12% a 
18% mais alta no soro e no plasma do que em 
sangue total (5).
Previamente à punção venosa é 
recomendado a não utilização de substância 
alcoólica para anti-sepsia, devendo-se utilizar 
anti-sépticos que não contenham álcool ou usar 
sabão neutro (5,8).
Da mesma forma, o preenchimento de 
cadeia de custódia, que se constitui no registro 
por escrito de todas as pessoas que tiveram acesso 
à amostra desde o paciente até o armazenamento 
da amostra, bem como das condições desta é de 
fundamental importância (5).
Metodologia
A cromatografia gasosa é o método de 
escolha. Esta é mais específica, permitindo pois 
permite separar, identificar e quantificar cada tipo 
de álcool presente (5). Por outro lado, métodos 
enzimáticos podem apresentar interferência de 
outros álcoois (isopropanol, metanol e 
etilenoglicol), quando em altas concentrações, ou 
da acetona em pacientes diabéticos.
Alcoolemia e embriaguez
Devido à grande variação nas reações 
individuais para um mesmo nível sangüíneo de 
álcool, a dosagem bioquímica não responde a 
indagações de como o indivíduo se comportava 
numa ação ou omissão criminosa. Desta maneira a 
caracterização de um estado de embriaguez é 
sempre um critério clínico ou um critério de 
avaliação testemunhal (6). Para estimativa da taxa
de álcool no sangue em um determinado momento, 
Albenz propõe a seguinte fórmula (6):
A1 = A2 + E (t2 – t1)
A1: taxa estimada de álcool no momento do fato em g/l.
A2: taxa de álcool no momento da dosagem em g/l.
E: coeficiente de etil-oxidação
(0,22 no homem e 0,20 na mulher).
t2: hora da realização da coleta.
t1: hora do fato a ser considerado.
Código Nacional de Trânsito
 O Decreto Federal no. 6.488, de 19/06/2008 
regulamenta os arts. 276 e 306 da Lei no. 9.503, de 
23/09/1997 – Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 1º - Qualquer concentração de álcool por litro 
de sangue sujeita o condutor às penalidades 
administrativas do art. 165 da Lei no. 9.503, de 23 
de setembro de 1997 – Código de Trânsito 
Brasileiro, por dirigir sob a influência de álcool.
§ 1º - As margens de tolerância de álcool no sangue 
para casos específicos serão definidas em 
resolução do Conselho Nacional de Trânsito – 
CONTRAN, nos termos de proposta formulada 
pelo Ministro de Estado da Saúde.
§ 2º - Enquanto não editado o ato de que trata o § 1º 
a margem de tolerância será de duas decigramas 
por litro de sangue para todos os casos.
Art. 2º - Para fins criminais de que trata o art. 306 
da Lei no. 9.503, de 1997 – Código de Trânsito 
Brasileiro, a equivalência entre os distintos testes 
de alcoolemia é a seguinte:
I – exame de sangue: concentração igual ou 
superior a seis decigramas de álcool por litro de 
sangue.
Monitorização ocupacional
A legislação nacional, por meio da NR-7, 
não estabelece valores de referência ou índice 
biológico máximo permitido para o etanol.
O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini 
realiza a Dosagem de Etanol:
Método: Cromatografia Gasosa (headspace)
Amostra: plasma fluoretado/urina
Valores de referência: negativo: < 5 mg/dl
5. Bibliografia
1. Pincus M, Abraham Jr, Toxicology and therapeutic drug 
monitoring. In: Henry JB. Clinical Diagnosis and manegement 
by laboratory methods. Philadelphia. 20ed. W.B Saunders. 
2001:359-60.
2. Wu Alan H.B, McKay C, Broussard LA etal. National 
academy of clinical bioquemistry laboratory medicine Practice 
guidelines: Recommendations for the use of laboratory tests to 
support poisoned patients who present to the emergency 
Department. Clinical Chemistry. 2003; 49:357-79.
3. Santos Júnior E, Moura J. Álcoois e síndrome de abstinência 
alcoólica. In: Andrade Filho A, Campolina D, Borges Dias M. 
Toxicologia na Prática Clínica. Belo Horizonte. Folium. 2001: 
41- 3.
4. Garg U, Jacobs DS, Olsowka ES et al. Toxicology/Drugs of 
abuse. In: Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK. Laboratory Test 
Handbook. 5th. 2001: 789-90.
5. Scivoletto S, Malbergier A. Etanol. In: Oga S. Fundamentos 
de toxicologia. São Paulo. Atheneu. 2003:271- 5.
6. França GV. Embriaguez Alcólica. In: França GV. Medicina 
Legal. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 6th. 2001: 298 - 307.
7. Gerson B. Alcohol. In: Gerson B. Clinics in laboratory 
medicine. Philadelphia. W.B.Saunders. 1990: 355-74.
8. Rocha Michel O. Indicadores biológicos de exposição – 
Análises laboratoriais. In: Rocha Michel O. Toxicologia 
Ocupacional. Rio de Janeiro. Revinter. 2000: 194- 5.
Assessoria Científica 2008
 
www.hermespardini.com.br 
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